Resumo Texto LUCIO COSTA 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

BRUNO RIBEIRO JANUÁRIO

(RESUMO TEXTO LÚCIO COSTA)

São João del-Rei, março de 2024


CONCEITUAÇÃO

A arte, especialmente a arquitetura, é um reflexo essencial da


humanidade, sendo como um álbum de família que conta a história da
nossa jornada através das gerações. Ela nos permite reconstruir os
caminhos que percorremos, não para recuperar o tempo perdido, mas para
encontrar o tempo que permanece vivo através da arte. O que define uma
obra de arte é a presença eterna da paixão e do conhecimento que a
moldaram.
É crucial distinguir entre a essência e a ordem, pois nessa
diferenciação reside a compreensão verdadeira da arte. Embora a origem da
arte possa ser influenciada por fatores externos como o ambiente físico,
socioeconômico, a época, as técnicas disponíveis e o programa
estabelecido, sua essência reside na escolha incessante e única que acontece
durante o processo criativo. Essa escolha é a própria arte se manifestando,
optando entre diferentes cores, tonalidades, formas e abordagens para
alcançar o propósito final.
A arte, como expressão natural da vida, é parte intrínseca e
significativa da criação artística, sendo moldada pela sociedade em que
surge. Esse caráter único da criação dificulta sua categorização em sistemas
filosóficos preestabelecidos, tornando-a às vezes resistente às tentativas de
enquadrá-la em paradigmas filosóficos.
Enquanto a ciência busca compreender uma totalidade sempre maior,
a criação artística é revelada através de uma expressão singular e pessoal,
tornando o artista o legítimo criador desse mundo único.
Não importa se o artista trabalha por uma causa, ideal ou interesse
pessoal, pois no fundo ele está sempre trabalhando para si mesmo,
alimentando-se da própria criação. A arquitetura, muitas vezes
subestimada, é primordialmente a arte da construção concebida com um
propósito específico, expressando-se através de inúmeros problemas
práticos e estéticos enfrentados pelo arquiteto desde o projeto até a
conclusão da obra.
Nesse processo, o arquiteto faz escolhas dentro dos limites impostos
pela técnica, função e programa, sendo o responsável por encontrar um
equilíbrio entre essas exigências, expressando sua individualidade e
sensibilidade artística em cada detalhe da obra.
A arquitetura é uma arte de escolha intricada, onde a criação de
espaços e volumes é moldada pela época, meio físico e social, técnica
utilizada e objetivos do projeto. Ela envolve a organização e ordenação do
espaço de acordo com um propósito específico, refletindo as características
e recursos disponíveis da época e da sociedade em questão.
A verdadeira arquitetura não é apenas uma questão técnica, mas sim
a expressão de uma intenção mais profunda e significativa. Além de
satisfazer requisitos técnicos e funcionais, a arquitetura requer uma
intenção que permeia cada detalhe do processo criativo, desde a seleção
inicial até a solução final.
É essa intenção que eleva uma obra de simples precisão técnica para
uma expressão completa e significativa. Quando a arquitetura se perde em
meras intenções decorativas, torna-se apenas cenografia.
Por outro lado, quando o arquiteto se dedica à busca de uma
verdadeira expressão, considerando a relação entre espaços, materiais e
formas, a arquitetura se torna genuinamente expressiva e completa.

A TRADIÇÃO

A tradição na arquitetura ocidental tem suas raízes no mito e no


poder, que têm sido forças motrizes por trás das grandes realizações
arquitetônicas. Esses elementos se manifestam como uma ideia-força que
guia e determina a expressão arquitetônica, resultando em uma
materialização tangível do conteúdo ideológico em sua amplitude. Na
materialização das ideias na arquitetura, há uma influência telúrica que
condiciona uma preferência instintiva por determinados tipos de
configurações formais. Na bacia do Mediterrâneo e no Oriente Próximo,
prevalece uma coesão plástica e formas geométricas sólidas, tanto na
arquitetura erudita quanto na popular. Já no norte da Europa e em regiões
montanhosas, há uma inclinação para formas mais dispersas, perfil místico
e elaborado.
O texto explora dois eixos culturais distintos na concepção plástica
da forma: o eixo mesopotâmico-mediterrâneo, com uma abordagem
estática, e o eixo nórdico-oriental, com diferentes manifestações da
concepção dinâmica. Esses eixos, aliados a fatores culturais, raciais e
históricos, contribuem para que cada civilização desenvolva sua arte de
forma única e autônoma, sem necessidade de comparações ou julgamentos
baseados em padrões de outras culturas.
O autor busca destacar a surpreendente integridade e constância na
evolução da arte da civilização grega, apesar dos aspectos complexos e
controversos de sua história e mitologia. Por mais de quatrocentos anos, a
arte grega refinou os mesmos temas, mantendo uma simplicidade
arquitetônica em seus templos, com ênfase em estruturas de mármore
seguindo esquemas primitivos de construção.
Discute como os gregos, apesar de terem acesso ao melhor calcário e
mármore, deliberadamente ignoraram o uso do arco na arquitetura. Esta
escolha é destacada como crucial. O período helenístico, por sua vez,
quebrou essa tradição e permitiu o uso do mito como uma ferramenta de
poder. A arquitetura romana, influenciada pelo helenismo, passou a
privilegiar estruturas com arcos e abóbadas para expressar a obsessão
romana por espaços grandiosos e monumentais. Mesmo assim, a inspiração
cultural continuou derivando da Grécia, levando os arquitetos romanos a
incorporarem elementos gregos, como as ordens arquitetônicas dórica,
iônica e coríntia, concebidas pelos gregos.

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