Transtorno Borderline - N2

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Universidade do Grande Rio - Prof.

José de Souza Herdy

CLÁUDIA VALESCA DOS SANTOS FONTES - 3703189


JULIANA DE LIMA SOARES GOUVÊA - 3703234
LUÍS CLAUDIO FERREIRA DE MORAIS – 3703316
MÔNICA CRISTINA DA SILVA BENICIO - 3703329
PRISCILA SANTIAGO CURI – 3703175
ROBERTA DOS SANTOS VAZ DE SOUSA – 3702696

Trabalho apresentado para a


Disciplina: Teorias da
Personalidades, Pelo curso de
Psicologia da Universidade
Unigranrio
Ministrado pela profª: Fernanda
Semestre: 2023.2

Nova Iguaçu
2023 / 2
TRANSTORNO BORDERLINE: SINTOMAS, TRATAMENTO E COMO
LIDAR COM PESSOAS QUE O POSSUEM

A expressão ‘nervos à flor da pele’ é uma das que mais combina com
pessoas que sofrem do Transtorno de Personalidade Borderline. Esse
transtorno de saúde mental tão falado, mas pouco conhecido em relação aos
seus reais sintomas, pode prejudicar severamente a vida de quem o
desenvolve, trazendo sofrimento em sua vida pessoal, profissional e afetos.

O QUE É O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE?


Transtorno de Personalidade Borderline é o nome do transtorno de
saúde mental dado a pessoas que possuam um padrão de comportamento
permeado pela impulsividade, instabilidade emocional, medo da rejeição e
tendências autodepreciativas. Pessoas com esse transtorno tendem a ter
uma visão distorcida de si mesmos e de seus afetos. Como consequência
disso, vivem nas bordas ou nos limites da neurose (sentimentos mais
relacionados à ansiedade e obsessão) e da psicose (sintomas de distorção da
realidade) daí o sentido da palavra inglesa ‘borderline’.
O Transtorno de Borderline faz com que a pessoa sinta tudo de forma
muito intensa e instável, tanto os sentimentos positivos quanto negativos e é
mais comum nas mulheres, mas também pode atingir homens. Possui um
diagnóstico delicado, sendo necessária bastante atenção aos sintomas para
orientação do tratamento correto.

OS SINTOMAS DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE


As pessoas com o Transtorno de Borderline operam sempre nos
extremos das emoções, sendo capazes de demonstrar o maior amor do mundo
quando estão bem ou de agir de forma bastante impulsiva prejudicando alguém
quando se sentem rejeitados ou menosprezados. Para exemplificar melhor,
podemos apresentar o Transtorno de Borderline em 4 pilares:

 Instabilidade: a pessoa pode ter grandes variações de humor no mesmo dia,

por coisas aparentemente simples e de forma muito intensa.


 Medo de rejeição: A rejeição ou ameaça de rejeição é experienciada como

insuportável, a pessoa vive em função do outro para preencher um vazio

constante, que costuma sentir, portanto, faz de tudo para evitar ser rejeitada.

 Impulsividade: as atitudes podem ser de um amor exacerbado quando estão

bem, podendo estar muito dispostas e até gastar demais para agradar alguém.

Por outro lado, podem armar situações, brigas e verdadeiras tragédias quando

se sentem rejeitadas.

 Autodepreciação: a visão de si mesmo é distorcida, fazendo com que a

pessoa nunca enxergue suas reais qualidades e pense que não é merecedora

de nada. Esse comportamento pode, por vezes, levar à automutilação.

Geralmente, essas características podem aparecer no fim da


adolescência e acompanhar o indivíduo durante a fase adulta, prejudicando
sua vida em vários aspectos, principalmente suas relações afetivas e
profissionais. Pode ser muito difícil conviver com um borderline no trabalho, por
exemplo, pois ao mesmo tempo em que ele pode se empenhar muito na
realização de algumas tarefas, pode criar intrigas ou situações desconfortáveis
para toda a equipe.

Em relação aos relacionamentos afetivos, hora o parceiro do borderline


se sentirá nas nuvens, como o ser mais amado, hora poderá sentir-se acuado
por brigas, chantagens e reações exageradas. Ou seja, a pessoa tende a ter
um padrão de relacionamentos intensos e bastante instáveis, indo da
idealização e amor a desvalorização e ódio facilmente. Estes são alguns dos
sintomas que uma pessoa com o Transtorno de Borderline pode enfrentar
diariamente:
 Sentimento de vazio

 Angústia de abandono

 Mudança frequente e repentina de humor (instabilidade emocional)

 Instabilidade afetiva (hora ama, hora odeia)


 Sentimentos polarizados

 Impaciência

 Raiva

 Instabilidade da percepção de si mesmo

 Autolesão

 Pensamentos suicidas

QUAIS AS CAUSAS DO TRANSTORNO BORDERLINE?

Assim como outros transtornos mentais, os fatores genéticos podem ser


preponderantes para o desenvolvimento do Transtorno Borderline, ao mesmo
tempo que as marcas de situações traumáticas vivenciadas precocemente ou
abusos físicos e emocionais e ainda vivenciar ambiente de grande instabilidade
emocional, podem contribuir. Ou seja, fatores congênitos e de criação podem
contribuir, mas não são sozinhos determinantes.

COMO É O DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO BORDERLINE?


Há muito tempo, o Transtorno de Borderline era encarado como sem
tratamento possível, portanto, seu diagnóstico era ainda mais
complicado. Hoje, o paciente passa por uma avaliação junto ao psiquiatra, que
a faz de forma criteriosa, ao perceber padrões de comportamento e o conjunto
de sintomas característicos deste transtorno. Como o Borderline é um
transtorno de personalidade, seu diagnóstico deve ser ainda mais minucioso,
através da observação do psiquiatra e dos relatos do paciente, para que haja a
diferenciação correta de outros, como o transtorno bipolar, que pode ser
facilmente confundido por leigos.

Entenda o que é o Transtorno Afetivo Bipolar


O critério utilizado pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) para diagnosticar o Transtorno Borderline é o seguinte:
“Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem
e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e
está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos
seguintes:

 Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado; Nota: Não

incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.

 Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado

pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização;

 Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da

autoimagem ou da percepção de si mesmo;

 Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (ex.:

gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão

alimentar). Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação

coberto pelo Critério 5.

 Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de

comportamento automutilante;

 Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade de humor (ex.:

disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente

de poucas horas e, apenas raramente, de mais de alguns dias);

 Sentimentos crônicos de vazio;

 Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (ex.: mostras

frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes);

 Ideação paranóide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos

intensos”.

Se achar necessário, o psiquiatra pode recomendar a realização de


alguns exames para eliminação de outras doenças possíveis. Quanto mais
cedo o diagnóstico for realizado, melhor o paciente conseguirá lidar com o
transtorno.

O TRATAMENTO DO TRANSTORNO BORDERLINE


O Transtorno Borderline deve ser tratado pelo profissional da saúde
mental, em geral a melhor opção é um trabalho conjunto do psiquiatra e
do psicólogo. Ambos são capazes de realizar o diagnóstico do transtorno e
fornecer a orientação adequada ao tratamento.
Os medicamentos utilizados para tratar o Transtorno de Borderline servem
para amenizar os sintomas de forma isolada, podendo ser uma combinação
de antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos. Eles podem
contribuir para fins específicos, como ajudar em uma possível depressão,
auxiliar no controle da raiva e atuar na diminuição da impulsividade. Junto a
isso, a psicoterapia é indicada, pois ela ajuda o paciente a ter noção do seu
comportamento e a buscar métodos de encará-lo de forma a domá-lo e mitigar
os prejuízos pessoais e sociais que tal comportamento possa causar.

Também ajuda no tratamento dos sintomas emocionais, no


enfrentamento à tristeza e situações de estresse. Esse acompanhamento é
muito importante para servir de apoio, principalmente evitando comportamentos
autodestrutivos, como a mutilação ou pensamentos suicidas.

O Transtorno Borderline não tem cura, mas o paciente que for


diagnosticado e realizar o tratamento da forma correta, tem condições de viver
plenamente a sua vida, manter relações saudáveis e não amargar prejuízos à
vida pessoal, profissional e afetiva. Além do mais, os sintomas costumam se
amenizar com o passar dos anos controlando o borderline no dia a dia.

Quem tem o Transtorno Borderline, além de realizar o tratamento


psiquiátrico e o acompanhamento psicoterápico, precisa implementar
alguns hábitos à rotina para conviver melhor consigo mesmo e com as pessoas
a sua volta.

O primeiro passo é aceitar o transtorno e conviver com ele de forma


pacífica, ciente do seu problema e buscando ferramentas para enfrentá-lo. É
recomendado que o paciente não faça uso de álcool e de outras substâncias
psicoativas, tanto para não atrapalhar o tratamento quanto para não
desencadear outros transtornos ou comportamentos indesejados. Sono,
alimentação e exercícios devem ser feitos de forma disciplinada a fim de que o
paciente consiga manter uma rotina saudável, o que além de fazer bem para a
saúde física, tem um impacto direto na saúde mental e ajuda no controle,
principalmente, da raiva e da ansiedade.

Ter um círculo de apoio com pessoas com as quais possa contar


também e importante e isso pode ser buscado, em adição, em grupos de
apoio ou terapia em grupo, com outras pessoas que também enfrentam o
transtorno. Desse modo, há uma maior identificação e o grupo pode colaborar
com estratégias que ajudem o paciente na sua jornada.

COMO LIDAR COM UMA PESSOA COM BORDERLINE?


Conviver com uma pessoa com Transtorno de Borderline requer uma
dose extra de paciência, afeto e sabedoria. O borderline vive em medo
constante do abandono e da rejeição e qualquer sinal pode ser motivo para
uma tristeza profunda ou episódios de impulsividade e fúria. Eles podem ser
amantes maravilhosos, amigos superdivertidos e pessoas com as quais você
pode contar, mas também podem apresentar suas sombras dependendo as
situações.

VEJA ALGUMAS DICAS SOBRE COMO LIDAR COM UMA PESSOA COM
TRANSTORNO BORDERLINE:

Demonstre que você se importa:


A pessoa com borderline tem verdadeiro pânico da rejeição. Por isso,
para ela é importante que as pessoas que estão a sua volta se importem com
ela. Perguntar como foi o dia, se precisa de ajuda ou simplesmente mandar
uma mensagem para saber como ela está já é algo benéfico para esse tipo de
personalidade.

Tenha clareza na comunicação


Você precisa ser cuidadoso na escolha das palavras, para que elas não
sejam interpretadas de forma equivocada. Lembre-se que o borderline possui
uma visão distorcida de si mesmo, portanto palavras que podem soar
tranquilas para uma pessoa, podem ter um peso diferente para quem possui o
transtorno. Por isso, ao se comunicar com ela, busque as palavras com
atenção e amorosidade, inspirando sempre a forma mais cálida de falar,
mesmo que a comunicação tenha de ser direta e negativa.

Não utilize palavras de acusação


Quando usamos palavras de acusação para qualquer pessoa, já se
instala um mal-estar muito grande. No caso do borderline, isso pode ser
um gatilho para um ataque de fúria. Ao se referir a ele sobre algo que você não
gostou ou não acha certo, utilize a demonstração dos seus sentimentos ao
invés de dizer que ela se comporta de jeito que lhe desagrada.

Sempre pense com empatia


Pense que o borderline está sempre à flor da pele e costuma interpretar
as palavras e atitudes com maior intensidade. Portanto, coloque-se no lugar
dele e lembre que o que você sentiria pode ser sentido de uma intensidade
ainda maior por ele.

Preste atenção aos gatilhos


Ao conviver com um borderline, você consegue perceber certos gatilhos
que podem desencadear reações exageradas. Fique atento a essas situações
para evitá-las, a fim de não gerar mal-estar entre as relações.

Não contribua nos ataques de fúria


Quando um borderline está em um ataque de fúria, tome cuidado para
não entrar no jogo e se deixar levar pela raiva do momento. Deixe que ele fale
o que quiser e precisar, mesmo que isso possa lhe ferir muito. Quando as
coisas acalmarem, converse com ele de forma calma e objetiva, com cuidado e
atenção. Lembre-se de protegê-lo caso haja uma situação de risco à vida e
também se proteja em relação aos seus sentimentos.

Reconheça sempre que possível


É importante sempre elogiar e reconhecer quando você puder. Isso não
é ficar bajulando, mas é fazer com que o borderline sinta-se importante e
amado, mitigando as possibilidades de que ele se sinta abandonado.

Borderline: uma personalidade que precisa de atenção


Os borderlines podem viver uma vida com uma montanha-russa de
sentimentos, mas quando tratados e sob controle, são pessoas maravilhosas.
Por se tratar de transtorno de personalidade, a atenção deve ser constante e a
busca por ajuda deve ser sempre considerada. Também é importante salientar
que se você gosta ou ama alguém com este transtorno, tutelá-lo e colocar-se
como a solução de seus problemas não é saudável para você. A sua
contribuição é importante, mas a pessoa também precisa buscar e aceitar
ajuda. Caso você suspeite que alguns desses sintomas estão presentes na sua
vida ou reconhece alguém assim, busque ou ofereça ajuda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

American Psychiatry Association (APA) - www.psych.org


Vídeos de entrevistas da escritora Ana Beatriz Barbosa Silva –
youtube.com/anabeatrizbsilva
SILVA, Ana Beatriz Barbosa - Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. 3ª
ed. – SP, 2018.

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