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SOCIEDADES PERSONIFICADAS

SOCIEDADE SIMPLES (ARTS. 997 A 1.038, CC)

O novo Código Civil deu forma a uma nova modalidade de contrato social no
direito Positivo brasileiro, a sociedade simples. A sociedade simples é uma
sociedade de pessoas, não de capital;

Foi concebida com dupla finalidade:

- a) primeira de se distinguir das sociedades empresárias, adotando objeto diverso


da atividade empresarial;

- b) segunda de servir de modelo ou fonte supletiva dos demais tipos societários.

OBJETO DA SOCIEDADE SIMPLES

A sociedade simples, como o próprio nome indica desenvolve o seu objeto de


forma não empresária e é uma sociedade contratual. Apesar de não empresária, a
sociedade simples faz jus à proteção de seu nome, pois é através deste que é
identificada perante a sociedade. Por este motivo, para efeitos de proteção legal,
deverá usar denominação.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS:

A responsabilidade dos sócios poderá ser limitada ou ilimitada, dependendo do


que prever o contrato social. Mesmo no caso de responsabilidade ilimitada e
solidária, os bens particulares dos sócios só podem ser alcançados depois da
execução dos bens da sociedade. A este fenômeno dá-se o nome de benefício de
ordem.

CESSÃO DE COTAS

No caso de cessão de cotas, o cedente responderá solidariamente com o


cessionário pelas obrigações que tinha como sócio, perante a sociedade e perante
terceiros. Essa responsabilidade solidária não poderá ultrapassar o prazo de 2
anos.

SÓCIO REMISSO

O art. 1.004, CC trata da figura do sócio remisso. Remisso é o sócio que não
cumpre com a sua obrigação de integralizar o capital social subscrito, mesmo 30 dias
depois de regularmente notificado. Diante desta situação (mora do sócio remisso),
a maioria dos demais sócios, podem adotar as seguintes posturas.

a) Requerer indenização pelo dano causado;


b) Excluir o sócio remisso da sociedade;
c) Reduzir a participação do sócio remisso no capital social ao montante já
realizado.

DO ADMINISTRADOR

No caso da sociedade simples, o administrador pode ser nomeado no contrato social


ou em ato em separado, desde que este seja averbado.

Caso o administrador pratique atos de gestão antes de proceder à averbação,


responderá pessoal e solidariamente com a sociedade.

Trata-se da teoria do ato ultra vires societatis. Responsabilidade pessoal e direta do


administrador pelos excesso praticados. Os casos previstos em lei são os seguintes:

a) Se a limitação de poderes do administrador estiver inscrita ou


averbada no registro próprio da sociedade: Aqui há valorização do sistema
registral que, conforme visto alhures confere publicidade aos atos praticados,
sendo assim possível seu conhecimento por qualquer pessoa.

b) Ainda que a limitação não estivesse devidamente arquivada,


provando-se que era conhecida do terceiro: Aqui temos a hipótese de terceiro
de má fé, que não merece tutela do ordenamento jurídico.

c) Quando tratar-se de operação evidentemente estranha ao objeto da


Atos do administrador estranhos ao objeto social não obrigam a sociedade.

DA ADMINISTRAÇÃO

Salvo consentimento dos demais sócios, portanto, unânime, e com modificação


do contrato social, estas não podem ser delegadas a outro sócio, tampouco a terceiros
(art. 1002).

A nomeação do administrador da sociedade deve ser indicada no contrato


social levado a registro no órgão competente, e, se não for, no silêncio a respeito
de quem a exerce, a administração competirá separadamente a cada um dos sócios.
QUALIDADE PESSOAL DO ADMINISTRADOR

Na sociedade simples, o administrador é sempre uma pessoa natural (art.


997, VI), vedando-se seu exercício às pessoas jurídicas.

A lei não proíbe expressamente que a administração da sociedade simples


seja encarregada a não sócios, como o faz para outras sociedades de cunho pessoal,
definidas no Código Civil (Como por exemplo: sociedade em nome coletivo, sociedade
em comandita simples e em conta de participação). Tampouco o legislador se
encarregou de remeter a matéria para o contrato social, como fez em relação às
sociedades limitadas.

IMPEDIMENTOS DO ADMINISTRADOR

Estão impedidas de administrar qualquer sociedade, no período de duração dos


efeitos da pena, as pessoas condenadas definitivamente pela prática:

a) de fato que impeça o acesso a cargos públicos. São dessa natureza as hipóteses
previstas na Lei 8429 de 02/06/1992, que incluem enriquecimento ilícito e atos que
causam prejuízo ao erário público ou que atentem contra os princípios da
Administração Pública;

b) de crimes falimentares, a quem forem impostos esses efeitos na sentença criminal;

c) de prevaricação, peita ou suborno, concussão: São as modalidades criminosas


encontradas no Código Penal.

Art. 316 (concussão): exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

Art. 317 (corrupção): solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Art. 319 (prevaricação): retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,


ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.

d) De crimes contra a economia popular (Lei 1521 de 26/12/1951);

e) De crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7492 de 16/06/1986);


f) De crimes contra as normas de defesa da concorrência (art. 195 da Lei nº 9279/96)

g) De crimes contra as relações de consumo, especialmente os indicados no Código de


Defesa do Consumidor, (Lei nº 8078 de 11/09/1990);

h) De crimes contra a fé pública, definidos no Código Penal abrangendo as seguintes


hipóteses:

- moeda falsa e similares (art. 289 a 292 do C.P.)

- falsidade de títulos e outros papéis públicos (art. 292 a 295)

- falsidade documental (art. 296 a 305)

i) De crimes contra a propriedade , abrangendo:

- os crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, etc);

- os crimes de violação de direito autoral;

- a propriedade intelectual em geral

- os crimes contra a propriedade industrial.

FORMAS DE EXERCÍCIO DA ADMNISTRAÇÃO

Do confronto dos arts. 1013 e 1014 do Código Civil, é possível identificar algumas
possibilidades legais e contratuais de formas de administração na sociedade simples:

a) administração disjuntiva: cada um dos sócios exercerá os atos de administração


separadamente, cabendo-lhes reciprocamente o direito de impugnar a operação
pretendida pelo outro;

b) administração conjunta atribuída a todos os sócios: as decisões são tomadas


por consenso entre todos, salvo nos casos urgentes, que poderão ser objeto de
decisão de um ou de alguns deles;

c) administração conjunta facultada a alguns sócios, tão-somente: nesse caso, os


atos de execução não podem desobedecer às deliberações dos sócios, que decidem
por maioria.
LIVROS SOCIAIS

Em relação aos livros sociais, é importante destacar que, salvo estipulação expressa
em contrário, o sócio pode, a qualquer tempo examinar os livros, documentos e o
caixa da sociedade da qual participa.

LIQUIDAÇÃO DE COTA

No que se refere à liquidação da cota de sócio, a lei impõe regime diferenciados


para credores, cônjuge separado judicialmente e herdeiros, senão vejamos:

Herdeiros de cônjuge de sócio


Credor particular do sócio ou cônjuge separado
judicialmente
Pode executar os lucros percebidos
pelo devedor ou a parte que lhe couber Não podem exigir desde logo a parte
na liquidação da sociedade. que lhes couber na quota social.
Mesmo que a sociedade não esteja
dis- solvida, o credor pode requerer a Concorrem à divisão periódica de lu-
liqui- dação da cota do devedor.88 cros até que a sociedade seja liquidada.

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A UM SÓCIO

A resolução ocorre quando um sócio sai da sociedade, mas ela continua existindo,
permanece em funcionamento. Há 3 hipóteses, a saber:

• Morte de sócio (art. 1.028, CC)


• Exercício do direito de recesso/ retirada (art. 1.029, CC)
• Exclusão de sócio (art. 1.030, CC)

Em regra, quando um sócio falece, sua quota é liquidada. Porém, de acor- do com o
art. 1.028, CC, ao invés da liquidação, é possível:

a) Dissolver a sociedade ou
b) Combinar com os herdeiros a substituição do sócio falecido.

É importante lembrar que ninguém é obrigado a ficar associado eternamente. Por


isso, qualquer um pode se retirar de uma sociedade (direito de recesso/ retirada),
devendo apenas observar o seguinte:
Sociedade por prazo determinado Sociedade por prazo indeterminado

Notificação dos demais sócios com ante-


Provando justa causa judicialmente.
cedência mínima de 60 dias.

Além da exclusão do sócio remisso, é possível excluir um sócio por falta grave no
cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade superveniente.

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE

A dissolução é o procedimento de extinção da sociedade, que pode dissover-se pelas


razões previstas nos arts. 1.033 e 1.034 (abaixo listadas), embora esse rol não seja
taxativo, pois é possível que o contrato social preveja outras hipóteses de dissolução.

a) Vencimento do prazo de duração;


b) Consenso unânime dos sócios;
c) Deliberação dos sócios por maioria absoluta, na
sociedade por prazo indeterminado;
d) Falta de pluralidade de sócios;
e) Extinção da autorização para funcionar.

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