Apontamentos Recursos
Apontamentos Recursos
Apontamentos Recursos
APONTAMENTOS1
DOS RECURSOS
I
Em Geral
1. Noções Gerais
1
O presente texto tem na sua origem a gravação e posterior transcrição das aulas teóricas dadas no ano
lectivo 2012/2013. Aos alunos que procederem à gravação e transcrição aqui ficam os agradecimentos.
Devidos. Importa ter bem presente que estes apontamentos não dispensam, de forma alguma, a
leitura e estudo da bibliografia indicada, designadamente as lições do Conselheiro J.O Cardona
Ferreira (Guia dos Recursos em Processo Civil, 5º Edição, Coimbra Editora, 2010), do Conselheiro
Fernando Amâncio Ferreira ( Manual dos Recursos em Processo Civil, 8º Edição), do Conselheiro
António Santos Abrantes Geraldes, Recursos no Novo Código de Processo Civil, Almedina, 2013.
1
autoridade ( arts. 202.º e 205.º CRP). Como sublinha CARDONA FERREIRA, “ o
direito a uma segunda opinião é, hoje, um dado adquirido de carácter
jurídico-cultural, no mundo em que nos inserimos.”2.
2
Incontroverso é o entendimento de não ser “constitucionalmente
tolerável que o legislador ordinário elimine pura e simplesmente a
faculdade de recorrer em todo e qualquer caso“.4
4
Idem
5
Como sublinham GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, na sua Constituição Anotada, 4ª Edição, Vol I,
Coimbra Editora, pág. 418, “Não existe, porém, um preceito constitucional a consagrar a “ dupla
instância” ou o duplo grau de jurisdição em termos gerais...Todavia, o recurso das decisões judiciáis que
afectem direitos fundamentais, designadamente direitos, liberdades e garantias, mesmo fora do âmbito
penal, pode apresentar-se como garantia imprescindível desses direitos. Em todo caso, embora o
legislador disponha de liberdade de conformação quanto à regulação dos requisitos e graus de recurso, ele
não pode regulá-lo de forma discriminatória, nem limitá-lo de forma excessiva.”. Em sentido semelhante,
JORGE MIRANDA e RUI MEDEIROS, escrevem, em anotação ao art.º 20.º da CRP o seguinte: As limitações
ou restrições ao direito de recurso, estão, por isso, sujeitas aos limites constitucionais gerais e, de modo
especial, aos princípios da igualdade e da proporcionalidade, pelo que as diferenciações legais não podem
ser arbitrárias e as medidas restritivas do direito de recorrer não devem ser excessivas.”. Constituição
Portuguesa Anotada, Tomo I, Coimbra Editora, 2005, pág. 202.
3
Nem sempre é fácil concluir qual o meio de impugnação a adoptar.
Certo é que, a reclamação só pode ser utilizada quando a lei o preveja
especialmente. A reclamação é um meio de impugnação especial
relativamente ao meio geral ou comum que é o recurso ordinário.6
6
MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, Estudos Sobre o Novo Provesso Civil, 2º Edição, Lex, Lisboa, 1997,
pág.372
7
Idem págs 372-373
4
(i) O recurso ordinário consiste num pedido de reapreciação de
uma decisão ainda não transitada em julgado (art. 628.º)
dirigido ao tribunal de hierarquia superior.
5
teve como consequência (e certamente por motivação) a inadmissibilidade
de recurso autónomo de um grande número de decisões, denominadas
decisões interlocutórias ou intercalares, que assim ganharam
invulnerabilidade, pelo menos até à prolação da sentença final. Como a
eliminação do recurso de decisões intermédias não podia ser absoluta, o
legislador afastou o regime recursório dualista, mas teve de aceitar uma
espécie de disciplina dualista para a apelação. Conforme artigo 644.º,
importa distinguir as “apelações autónomas” previstas nos nºs 1. e 2., da
impugnação não autónoma prevista no nº 3 da mesma disposição.
Relativamente aos recursos extraordinários, a Reforma de 2007
eliminou o recurso de oposição de terceiro como categoria autónoma
(passando a integrar o recurso de revisão – art.º 696.º, al. g ) e recuperou o
recurso para uniformização de jurisprudência ( art.º 688.º).
6
chamado a apreciar e a julgar novamente a acção. A lei
permite, verdadeiramente, um novo julgamento da causa.
(ii) Recursos de reponderação: O objecto do recurso, ou seja a
matéria a decidir pelo tribunal superior não coincide com o
objecto do processo como ele se apresenta ao decisor em 1º
instância (atento o pedido a causa de pedir e a contestação por
excepção), é essencialmente constituído pela decisão
impugnada. O tribunal superior é chamado a apreciar se face à
prova produzida na primeira instância, a decisão foi
correctamente proferida. Têm por finalidade essencial
controlar a lógica decisória, a aplicação do direito à realidade
demonstrada Não é concedida às partes, como regra, a
faculdade de alegar novos factos, apresentar novos meios de
prova ou modificar as suas pretensões
Exemplo: “A” propõe uma acção contra “B” pedindo que este seja
condenado a entregar-lhe o automóvel x. “B” sem qualquer reserva
entrega, após a sentença, o automóvel a A – não pode deixar de se
entender que renunciou ao recurso.
7
c) Circunstâncias supervenientes que influenciam a regularidade da
instância. Admita-se, por exemplo que um dos mandatários renuncia
ao mandato.
(ii)
Os recursos mistos são aqueles em que tal como ocorre acontece nas
reclamações, o juiz pode alterar a decisão recorrida.
8
1.2.2.3 Recursos de cassação e recursos de substituição10
(i) Art.º 662.º, n.º 2, al. c). A Relação pode anular, mesmo
oficiosamente, a decisão proferida em 1ª instância, quando,
não constando do processo todos os elementos que permitam a
alteração do julgamento da matéria de facto, considere
deficiente, obscura ou contraditória a decisão sobre pontos
determinados da matéria de facto, ou quando considere
indispensável a sua ampliação.
(ii) Art.º 662.º, n.º 2, al. d) . O tribunal de recurso (ad quem) pode
mandar baixar os autos, para que o tribunal de 1ª instância
fundamente a decisão proferida sobre algum facto essencial
para o julgamento da causa.
10
Sobre esta classificação, vide com muito interesse o texto do Desembargador António Abrantes
Geraldes, “ Cassação ou Substituição? Livre Escolha ou Determinismo Legislativo” in As recentes
Reformas na Acção Executiva …, ob. cit. págs. 163 e segs
9
determinar a baixa dos autos quando entender que a decisão de
facto pode e deve ser ampliada de modo a constituir base
suficiente para a decisão, ou quando se verifiquem
contradições na decisão da matéria de facto que inviabilizam a
decisão jurídica do pleito.
2.1 Generalidades:
10
o pedido e a causa de pedir”.12 Como bem recorda este autor, neste recurso
visa-se “apenas” a “anulação da decisão proferida em processo
anterior…”13 e já não a obtenção de um juízo rescisório.
2.2. O Tribunal
11
(iii) Às secções, segundo a sua especialidade, compete julgar os
recursos que não sejam da competência do pleno das secções (
art. 55.º al. a) da LOSJ, assim como por intermédio do relator,
os termos dos recursos a este cometidos ( al.g). Recorda-se que
o Supremo Tribunal de Justiça integra secções em matéria
cível, penal e social (art.º 47.º, n.º 1, LOSJ), assim como uma
secção para julgar os recursos das deliberações do Conselho
Superior da Magistratura ( n.º 2 art.º 47.º).
- Tribunais da Relação
- Tribunais de 1ª instância
12
Ao Supremo Tribunal de Justiça compete conhecer dos recursos
interpostos de decisões proferidas pelas Relações, assim como, nos casos
especialmente previstos na lei (recurso per saltum), de decisões proferidas
pelo tribunais de 1ª instância ( art.º 69.º).
Quid iuris se, por exemplo, for interposto um recurso de uma decisão
de um tribunal da comarca de Lisboa, dirigindo-se o mesmo para o
Supremo Tribunal de Justiça, ou para a Relação de Coimbra.
2.3 As Partes
13
O art.º. 631.º estatui como regra geral que a legitimidade para
recorrer pertence às partes principais que tenham ficado vencidas (total ou
parcialmente).
Por parte vencida deve entender-se a parte que podia obter uma
decisão mais favorável face às pretensões formuladas. Não basta atentar
na sucumbência (diferença entre a pretensão formulada pelo próprio e a
decisão), importa considerar ambas pretensões.
O réu ainda que julgado à revelia (i.e sem deduzir qualquer pretensão
de absolvição) pode recorrer se a decisão proferida lhe podia ser mais
favorável face à pretensão formulada (pelo autor).
14
prejudicado com a sentença. Caso o sujeito prejudicado pela simulação seja
um incapaz, representado por “ representante legal”, o mesmo (apesar de
parte) tem legitimidade recursória ( nº3, art.º 3.º).
15
2.4 Objecto do recurso
2.4.1 Admissibilidade
Valor da acção
14
A Lei De Organização do Sistema Judiciário, mantém o valor das alçadas € 30.000,00 ( art. º 44).
16
Exemplo:
“ A intenta contra “B” acção declarativa pedindo a condenação do
réu no pagamento de € 10.000,00. “ B” é condenado a pagar € 8.000,00.
17
por exemplo, o julgador julga procedente a excepção do caso julgado e
absolve o réu da instância. 15
15
Assim, entre outros, Abrantes Geraldes, Recursos No Novo Código de Processo Civil, Almedina, 2013,
pág. 40.
18
entre as decisões não se verifique “qualquer modificação legislativa com
relevância para a resolução da questão de direito neles apreciada”.16
16
Estudos sobre o Novo Processo Civil, 2º Edição, pág. 557. No mesmo sentido Abrantes Geraldes,
Recursos…, ob. cit. pág. 44
19
-Nas ações em que esteja em causa a validade, a subsistência ou a
cessação de contratos de arrendamento, a menos que o arrendamento seja
para habitação não permanente ou para fins especiais transitórios.
Natureza da decisão
20
data de julgamento ou o despacho a notificar a parte para juntar o original
de um documento cuja cópia foi junta aos autos
21
(ii) A renúncia posterior é eficaz ainda que unilateral e pode ser
expressa ou tácita.
22
disposição, conjuntamente (no mesmo recurso) com uma decisão anterior (
interlocutória) que autonomamente não podia ter sido impugnada ( por não
caber no elenco do nº 2).
23
2.4.2.2 Delimitação do objecto do recurso pelo recorrente
Delimitação objectiva
A regra geral está prevista no art. 635.º, n.º 2, onde se estatui que se a
parte dispositiva, contiver decisões distintas é lícito restringir o recurso a
qualquer delas desde que o recorrente assim o especifique no requerimento
de interposição.
Na falta de especificação, o recurso abrange tudo o que na parte
dispositiva for desfavorável ao recorrente, a menos que o contrário resulte
das conclusões apresentadas pelo recorrente no fim das suas alegações (
art.ºs 635.º nº 4 e 639.º). A restrição do objecto do recurso pode ocorrer
tacitamente, como consequência da falta de correspondência entre o
requerimento de interposição ou a motivação do recurso expressa nas
alegações e as conclusões finais apresentadas. Se do conteúdo das
conclusões resultar que o recorrente não inclui questões anunciadas no
requerimento ou tratadas na motivação (alegações), pode entender-se que o
recorrente não pretende que as mesmas sejam apreciadas. Vezes sem conta
se sublinha, nos arestos proferidos nos tribunais superiores, que são as
conclusões que definem o objecto do recurso17
17
Cfr, entre outros os Acs STJ de
24
Com a interposição do recurso, as decisões por ele abrangidas não
constituem caso julgado, mas o mesmo não sucede com as demais
questões, pelo que importa atentar no nº 5 do art.º 635.º, segundo o qual os
efeitos do julgado, na parte não recorrida, não podem ser prejudicados pela
decisão do recurso nem pela anulação do processo.
Importa ainda ter em boa conta que o recurso ordinário não pode ter
por objecto matéria sob a qual, na própria acção, se tenha formado caso
julgado. Admita-se, por exemplo, que o juiz rejeita um meio de prova. Se o
réu não apelar deste decisão (artigo 644.º n.º 2 alínea d), no recurso que
vier a interpor da decisão final, não poderá requerer a apreciação daquele
despacho
Delimitação subjectiva
25
Se o recorrido requerer a ampliação do objecto do recurso, o
recorrente pode responder à matéria da ampliação, no prazo de 15
posteriores à notificação do requerimento ( nº 8 art. 638.º):
3. Interposição do recurso
E,
conter, obrigatoriamente, a alegação do recorrente, em cujas
conclusões deve ser indicado, o fundamento específico de
recorribilidade, isto é a razão da especial admissibilidade do recurso
( situações previstas nos nºs 2 e 3 do art.º629.º, nº 2 do art.º 671.º,
672.º, 688.º Sempre que este fundamento consista na invocação de
um conflito jurisprudencial, o recorrente deve juntar, sob pena de
rejeição, cópia do acórdão fundamento.
Não vemos razão para que a indicação do fundamento específico de
recorribilidade não seja efectuada de preferência no início do
requerimento de interposição, que é dirigido ao juiz que proferiu a
decisão, ao passo que as conclusões do recurso têm, essencialmente,
como destinatário o tribunal ad quem.
26
Nos processos urgentes, nas situações previstas no nº 2 do art.º 644.º
(apelação de decisões interlocutórias), e art.º 673.º (revista de decisões
interlocutórias), o prazo é reduzido para 15 dias ( art.º 638.º nº1).
(685.º, n.º1)
Se o recurso tiver por objecto a reapreciação da prova gravada, ao
prazo de interposição do recurso e de resposta acrescem 10 dias (n.º 7 art.
638.º).
27
O requerimento de interposição é dirigido ao tribunal a quo, as
alegações nele contidas têm como destinatários os julgadores do Tribunal
ad quem.
18
Vide a propósito o Acórdão do STJ de 18-06-2013, processo nº 483/08.0TBLNH.L1.S1 (GARCIA
CALEJO), assim sumariado: “ I - O recorrente deve terminar as suas alegações de recurso com conclusões
sintéticas (onde indicará os fundamentos por que pede a alteração ou anulação da decisão recorrida).II -
Essas conclusões devem ser idóneas para delimitar de forma clara, inteligível e concludente o objecto do
recurso, permitindo apreender as questões de facto ou de direito que o recorrente pretende suscitar na
impugnação que deduz e que o tribunal superior cumpre solucionar. III - Não devem valer como
conclusões arrazoadas longas e confusas em que se não discriminam com facilidade as questões
invocadas. IV - No caso, o recorrente não reduziu a complexidade nem a inteligibilidade das alegações.
Além disso, em grande parte das chamadas conclusões, introduz matéria não referenciada no corpo das
alegações, o que significa que essas apeladas conclusões extravasam a matéria do alegado.V - Porque o
recorrente não cumpriu o ónus que lhe é imposto pelo dito art. 685.º-A, n.º 1, do CPC (apresentar
conclusões sintéticas), o douto acórdão recorrido merece confirmação.”
28
3.4 Notificação ao recorrido e alegações do recorrido.
De rejeição
29
Trata-se de uma reclamação sui generis pois, como sabemos, o que
caracteriza por regara a reclamação
De admissão
Convite ao aperfeiçoamento.
Para além do efeito devolutivo o recurso pode ter (ou não) efeito
suspensivo, pode suspender quer a marcha do processo, quer a eficácia da
decisão recorrida.
Se ao efeito devolutivo não acrescer o suspensivo – diz-se que o
recurso tem efeito meramente devolutivo.
30
Na apelação, a interposição de recurso tem, por regra, efeito
meramente devolutivo ou seja não suspende os efeitos da sentença ( nº 1,
647.º).
31
A natureza urgente dos procedimentos cautelares, justificada
pelo escopo de se afastarem danos de difícil ou impossível
reparação ou o seu agravamento, resultantes da demora natural
das acções, explica que o recurso das decisões referidas tenha
sempre efeito suspensivo
32
(iii) Subida nos próprios autos - Quando todo o processo é
remetido ao tribunal ad quem.
(iv) Subida em separado - Quando se elaboram autos autónomos
remetendo-se para o tribunal superior “apenas” parte do
processo.
II
Dos recursos em especial
33
do mérito da causa, ao passo que o agravo, por regra, cabia das decisões
em que o tribunal decidia “apenas” sobre a relação processual.
Exemplos:
Exemplos
19
A propósito dos sistemas dualistas e monista, da eliminação dos recursos de agravo na reforma de 2007,
vide A. Ribeiro Mendes in As Recentes Reformas …, ob. cit. págs. 273 e segs
20
Idem pág. 326
21
Reflexões sobre a reforma dos recursos em processo civil in Cadernos de Direito Privado, n.º 20 (2007)
págs. 13
34
- Despacho que julga improcedente a excepção de
caducidade ou prescrição invocada pelo réu;
- Saneador sentença que absolve o réu do pedido principal,
mantendo-se a instância para apreciação do pedido
subsidiário;
- Despacho que julga procedente a excepção de
ilegitimidade invocada por um dos réus e o absolve da
instância.
Exemplo:
Exemplos:
Exemplos:
22
A propósito, vide a decisão da Relação de Lisboa de 16.10.2009 (Relator Luís Correia Mendonça),
assim sumariada “1.O novo regime dos recursos, aprovado pelo DL n.º 303/2007, de 24 de Agosto,
apenas admite, como regra, a impugnação diferida e concentrada das decisões interlocutórias, com o
recurso interposto da decisão final ou em recurso único, interposto depois do trânsito daquela decisão
final. 2. Casos há, porém, em que se continua a admitir o recurso autónomo dessas decisões, como
acontece com o recurso das decisões cuja impugnação com o recurso da decisão final seria absolutamente
inútil (art. 691.º nº 2, alínea m), CPC). 3. Perante o disposto na alínea f) do n.º 2, do artigo 691.º, CPC,
passa a ser residual a possibilidade de haver absoluta inutilidade com a impugnação apenas no recurso da
decisão final. 4. O requisito da absoluta inutilidade deve continuar a significar que a falta de autonomia
do recurso interlocutório deverá traduzir-se num resultado irreversível quanto a esse recurso, não
bastando uma mera inutilização de actos processuais, ainda que contrária ao princípio da economia
processual. (Sumário do Relator)”
35
- Despacho que julga improcedente excepções dilatórias
(com exclusão da matéria da competência absoluta,
abrangida no 2.º grupo);
36
(ii) Erróneo julgamento da matéria de facto
37
No recurso de apelação, ao contrário do que sucede com o recurso de
revista, o recorrente tem uma grande margem de impugnação do
julgamento da matéria de facto. Sendo certo que quanto a este julgamento
não há propriamente uma segunda instância, não deixa de ser verdade que
no actual sistema recursório, as reais possibilidade de o recorrente lograr
obter uma censura daquele julgamento têm vindo a alargar-se.
38
de facto, nas bastando, referir, por exemplo que “da prova
apresentada pelo recorrente, não pode deixar de se concluir que os
factos invocados deviam ter sido dados como provados”.
39
Esta censura, porém, justificar-se-á sempre que da fundamentação do
julgamento e da concreta apreciação dos meios de prova a efectuar pela
os elementos de prova que serviram de base à decisão sobre a matéria de facto, nomeadamente contém a
gravação dos depoimentos prestados em audiência. Encontram-se, assim, verificados os pressupostos
processuais legais para a reapreciação da prova (artºs 712º, n.º 1, alínea a) e b), e 690º-A, ambos do
Código de Processo Civil).
A impugnação da decisão sobre a matéria de facto é efectuada com fundamento nos depoimentos de
testemunha e no relatório pericial. Nos termos do artigo 655º, n.º 1, do Código de Processo Civil, o
tribunal aprecia livremente as provas produzidas, decidindo o Juiz segundo a sua prudente convicção
acerca de cada facto. Tal preceito consagra o princípio da prova livre, o que significa que a prova
produzida em audiência (seja a prova testemunhal ou outra) é apreciada pelo julgador segundo a sua
experiência, tendo em consideração a sua vivência da vida e do mundo que o rodeia. De acordo com
Alberto dos Reis prova livre “quer dizer prova apreciada pelo julgador segundo a sua experiência, sem
subordinação a regras ou critérios formais preestabelecidos, isto é, ditados pela lei” (Código de Processo
Civil, Anotado, vol. IV, pág. 570).Também temos de ter em linha de conta que o julgador deve “tomar em
consideração todas as provas produzidas” (art.º 515º do Código de Processo Civil), ou seja, a prova deve
ser apreciada na sua globalidade. “A prova testemunhal, atenta a sua falibilidade, impõe cuidados
acrescidos na sua avaliação afim de poder ser devidamente valorada. Ponderando este princípio da prova
livre deve o julgador motivar os fundamentos da sua convicção, por forma a permitir o controlo externo
das suas decisões.” (Acórdão da Relação do Porto no processo 5592/04, 5ª secção – Relator:
Desembargador Sousa Lameira). A partir destes princípios passaremos a analisar a situação concreta.
De acordo com a fundamentação da decisão, o tribunal formou a sua convicção para responder aos artigos
em causa e objecto da presente impugnação nos depoimentos das testemunhas e no depoimento do réu.
Depois de analisados todos os depoimentos prestados em audiência de discussão e julgamento e que se
encontram gravados em suporte digital, consideramos não existirem razões para alterar a decisão sobre a
matéria de facto. O depoimento da testemunha “E”, casada com o autor, com um interesse, ainda que não
do ponto de vista processual, semelhante ao dos réus, não pode ser valorado de forma isolada, pelo que o
mesmo perante os demais depoimentos e perante os documentos (cheques a que se referem os autor) não
justifica a alteração da decisão de facto. Com efeito, os depoimentos juntamente com os cheques juntos
aos autos valorados no seu conjunto revelam que a decisão quanto às respostas dadas aos artigos e
questionadas nos autos foi a adequada. O depoimento do réu, ainda que não contendo matéria confessória,
revela-se em consonância com o depoimento produzido pela testemunha “F” e com os documentos dos
autos. No que respeita ao relatório pericial o mesmo não justifica qualquer alteração à decisão sobre a
matéria de facto, porquanto se trata de um relatório inconclusivo, na medida em que as conclusões de
“pode não ter sido”, “pode ter sido” e “provável”, não permitem extrair com segurança se as assinaturas
em causa foram ou não escrita pela pessoa a quem são imputadas. Tal significa que o relatório
isoladamente não permite concluir por uma ou outra versão dos factos, sem recurso aos demais meios de
prova produzidos nos autos. Consideramos, assim, que a decisão da matéria de facto valorizou
devidamente os depoimentos prestados em audiência de julgamento, juntamente com os documentos em
que fundamentou tal decisão. Por tal razão, a decisão sobre a matéria de facto não merece censura. Cabe
referir, por último, que os depoimentos não têm que ser produzidos de forma mecânica e automática e não
têm que descrever o conteúdo exacto dos factos alegados, apenas têm que permitir dos mesmos extrair a
factualidade dada como provada, ainda que se utilizando expressões diversas.Importa recordar que a
gravação sonora não permite captar todos os elementos que influenciaram a decisão do julgador.
Na verdade, as testemunhas por vezes têm reacções e comportamentos que apenas podem ser
percepcionados e valorados por quem os presencia, não sendo possível ao Tribunal da Relação através da
gravação (ou transcrição) reapreciar o processo como o julgador formulou a sua convicção.
“Há, na verdade, uma profunda diferença entre a posição do Juiz que, dirigindo a audiência, assiste à
prestação dos depoimentos, ouvindo o que as testemunhas dizem e vendo como se comportam enquanto
ouvem as perguntas que lhes são feitas e a elas respondem, e a outra, bem diversa, daquele que apenas
tem perante si a transcrição, nas alegações, do teor dos depoimentos e a possibilidade de ouvir as
respectivas gravações sonoras” (cfr. Miguel Teixeira de Sousa, “Estudos dobre o Novo Código de
Processo Civil”, LEX, 1997, págs. 399-400; António Abrantes Geraldes, “Temas da Reforma do Processo
Civil”, vol. II, 2ª ed., págs. 270-271; Acórdão do STJ de 19-04-2001, procº. n.º 435/01; e Acórdão do STJ
de 12-03-2002, procº. n.º 697/01). O Juiz da 1ª instância é quem se encontra na melhor situação para
avaliar e decidir quanto ao valor a atribuir a determinado depoimento. Essencial é o modo e a forma como
os factos provados ou não provados se encontram fundamentados. Os depoimentos das testemunhas
foram acompanhados de elementos visuais que a gravação não consegue transmitir.”
40
Relação, se possa concluir pela existência de erros no julgamento,
incompreensão da decisão proferida, ou ainda quando ao tribunal ad quem
seja possível formar uma diferente convicção. Esta última possibilidade,
que dispensa a existência de erros manifestos, tem vindo a ser admitida
nos tribunais superiores, com base na ampliação dos poderes da Relação
que tem vindo a caracterizar as mais recentes reformas processuais e que
culminou na actual redação do art.º 662.º.
41
convicção que serviu de base à decisão impugnada, em função do princípio
da imediação da prova.”26
26
Neste acórdão pode ler-se “3. 5. - Resta, respondendo mais concretamente à objecção da Recorrente no
sentido de que “os princípios da imediação e da oralidade devem prevalecer no julgamento da matéria de
facto”, dizer, como no recente acórdão de 10-01-2011 (proc. n.º 1452/04.5TVPRT.P1.S1), em que o ora
relator interveio como 1º adjunto, que “é fácil verificar que foi intenção do legislador, aliás
expressamente confessada no relatório do DL. 39/95 e reafirmada no preâmbulo do DL 329-A/95, criar
um verdadeiro duplo grau de jurisdição em sede de matéria de facto … desiderato (que) só pode ser
completamente conseguido se a Relação, perante o exame e análise crítica das prova produzida a respeito
dos pontos de facto impugnados, puder formar a sua própria convicção (coincidente ou não com a
formada pelo julgador da 1ª instância), no gozo pleno do princípio da livre apreciação da prova, sem
estar, de modo algum, limitada pela convicção que serviu de base à decisão recorrida.
(…) O que a Relação não deve é limitar-se a procurar determinar se a convicção (alheia) formada pelo
julgador da 1ª instância tem suporte na gravação, ou limitar-se a apreciar, genericamente, à
fundamentação da decisão de facto, para concluir, sem base suficiente, não existir erro grosseiro ou
evidente, na apreciação da prova, tudo em homenagem ao princípio da imediação das provas, erigido em
princípio absoluto (…). Uma tal prática impede o real controlo da prova pela 2ª instância, transformando
a garantia do duplo grau de jurisdição em sede de matéria de facto numa garantia puramente virtual,
praticamente inútil”.
42
oportunidade de se pronunciar - antes de decidir, no prazo de
cinco dias (art. 654.º).
43
Com a revisão de 2007, a vista do processo aos juízes-adjuntos passou a ser
antecedida da elaboração do projecto de acórdão. Ganhou-se celeridade
com risco de prejuízo da qualidade das decisões.
Decorrido o prazo para elaboração do projecto de acórdão o processo
é inscrito (automaticamente i.e. sem necessidade de despacho nesse
sentido) em tabela para julgamento (659.º, nº 1).
44
(i) Alterar a decisão
(ii) Ordenar a renovação dos meios de prova
(iii) Ordenar a produção de novos meios de prova
(iii) Anular a decisão e determinar a ampliação da matéria de facto
(iv) Ordenar a fundamentação da decisão
45
O erro na apreciação das provas e na fixação dos factos materiais da
causa não pode ser objecto de recurso de revista, salvo havendo ofensa de
uma disposição expressa na lei que exija certa espécie de prova para a
existência do facto ou que fixe a força de determinado meio de prova.
7. Recurso de Revista
46
tribunais da Relação para o Supremo Tribunal de Justiça. A disciplina
processual deste recurso está estatuída nos arts. 671.º a 687.º.
Para além das situações previstas no art.º 671.º, a Revista pode ter
por objecto acórdãos interlocutórios da Relação, ou seja acórdãos
proferidos na pendência do recurso de apelação, mas quanto a estes importa
distinguir, os acórdãos que por regra, só podem ser impugnados
conjuntamente com a revista das decisões finais ( da apelação), nos termos
daquela disposição, das situações previstas nas duas alíneas do art.º 673.º,
ou seja:
47
Note-se que à luz do art.º 673.º, por regra os acórdãos interlocutórios
não são impugnáveis autonomamente, mas apenas no recurso de revista que
venha a ser interposto da decisão final, com a ressalva de que não havendo
recurso da decisão final, será aplicável o disposto no n.º 4 do art.º 671.º, ou
seja aqueles acórdãos poderão então ser impugnados no prazo de 15 dias,
após o trânsito das decisões finais.
Atenta esta regra, sem prejuízo dos casos em que o recurso é sempre
admissível, não é admitida revista do acórdão da Relação que confirme,
sem voto de vencido e sem fundamentação essencialmente diferente,27 a
decisão proferida na 1ª instância.
48
se a Relação tivesse condenado exactamente nos mesmos € 80.000 a que o
réu foi condenado em 1º instância, nem o réu, nem o autor poderia interpor
recurso de revista, porque se trata de duas decisões “ conformes”; sendo
assim, tendo a Relação condenado o réu em menos de € 5 000 ou em mais
de € 5 000, não é coerente admitir a interposição de revista,
respectivamente, pelo réu ou pelo autor, porque afinal a sentença tem para
eles um conteúdo mais favorável do que aquele da qual eles não poderiam
recorrer”29.
29
Idem pág. 24
30
Ibidem pág. 26
49
Salvo se tiver sido proferido acórdão de uniformização de de
jurisprudência em conformidade com a decisão que se
pretende impugnar.
50
a) A projecção dos efeitos da questão para além da esfera jurídica
do recorrente.
b) A possibilidade de repetição da questão
c) A existência de “ interesses comunitários de grande relevo ou
de largo alcance.
d) A importância mediática da questão.
e) A existência de situações novas decorrentes de uma nova
legislação A repercussão social da questão, com a insolvência
de uma empresa com muitos trabalhadores.
51
direito a núcleos de facto essencialmente idênticos. V - A questão
de ter sido, também, atendida, no Acórdão da Relação, anterior
sanção disciplinar aplicada à ora recorrente cuja licitude estava
pendente de apreciação em acção judicial, não envolve, clara ou
manifestamente, a necessidade ou importância da sua apreciação
por este Supremo Tribunal, quer na sua projecção na solução do
caso concreto em apreço, quer no quadro de futura aplicação a
situações fácticas essencialmente idênticas. VI - A simples natureza
laboral das questões, abrangendo as que se prendem com a extinção
unilateral dos contratos e dos créditos dela emergentes, não dita,
sem mais, que se esteja perante “interesses de particular relevância
social”, para efeitos do pressuposto a que alude
a al. b), do n.º 1, do art. 721.º-A, do CPC. VII - O simples facto de
estar em causa um despedimento individual, com os inerentes
efeitos desfavoráveis para o trabalhador, não pode, sem mais, ditar,
no domínio laboral, o entendimento de que estão em causa
interesses de particular relevância social, sob pena de se frustrar o
objectivo ínsito à dupla conforme, consistente na limitação das
revistas para o STJ, racionalizando o acesso a este e acentuando as
suas funções de orientação e uniformização de jurisprudência.
52
por se tratar de uma questão que diz respeito às retribuições
salariais mínimas. 4. Apesar disso, a revista excepcional não
deve ser admitida com aquele fundamento, uma vez que o
Supremo Tribunal de Justiça tem afirmado, repetida e
uniformemente, que a diferenciação salarial assente no
princípio da filiação não constitui violação do princípio da
igualdade, na vertente de para trabalho igual salário igual,
salvo se a razão dessa diferenciação residir apenas no facto de
o trabalhador, não beneficiado pelos aumentos em condições
idênticas às desfrutadas por outros, não ser associado da
organização sindical ou das organizações sindicais que
outorgaram o acordo de empresa, ou no facto de ele não ser
sindicalizado, cabendo, neste caso, ao trabalhador que se julga
alvo de discriminação alegar e provar que o trabalho por si
prestado é igual, em natureza, quantidade e qualidade, ao
prestado pelos trabalhadores pertencentes à organização ou
organizações sindicais que subscreveram a convenção
colectiva cujas tabelas salariais pretende que lhe sejam
aplicadas.
53
I - Cabe recurso de revista para o STJ do acórdão da Relação
proferido ao abrigo do n.º 1 e da al. h) do n.º 2 do art. 691.º do
CPC (art. 721.º, n.º 1, do mesmo diploma), ou seja, do acórdão
da Relação proferido em recurso da decisão do tribunal de 1.ª
instância que ponha termo ao processo e do acórdão da
Relação proferido sobre despacho saneador que, sem pôr
termo ao processo, decida do mérito da causa.
II - Havendo conformidade entre o decidido na 1.ª instância e
o decidido na Relação, por unanimi-dade, passa a revista, se
sem essa conformidade era admissível, a ser inadmissível, com
as ex-cepções consagradas no art. 721.º-A do CPC (art. 721.º,
n.º 3, do CPC).
III - Excepcionalmente, cabe recurso de revista do acórdão da
Relação referido no n.º 3 do art. 721.º do CPC quando esteja
em causa uma questão cuja apreciação, pela sua relevância
jurídi-ca, seja claramente necessária para uma melhor
aplicação do direito (art. 721.º-A, n.º 1, al. a), do CPC).
IV - O conceito genérico da referida al. a) do n.º 1 do art.
721.º-A do CPC implica que a questão sub judice surja como
especialmente complexa e difícil, seja em razão de inovações
no quadro legal, do uso de conceitos indeterminados, de
remissões condicionadas à adaptabilidade a ou-tra matéria das
soluções da norma que funciona como supletiva e, em geral,
quando o quadro legal suscite dúvidas profundas na doutrina e
na jurisprudência, a ponto de ser de presumir que gere com
probabilidade decisões divergentes.
V - O acórdão recorrido baseou-se essencialmente na
caracterização do instituto do caso julgado, do efeito
preclusivo do caso julgado e da autoridade do caso julgado
(nomeadamente sobre se incide apenas sobre a parte decisória
propriamente dita ou também sobre a decisão de questões
preliminares integradas na respectiva fundamentação,
estendendo-se a situações de ausência formal de identidade de
sujeitos, de pedido ou de causa de pedir), matérias que
revestem grande dificuldade e cuja análise, espelhada no
acórdão recorrido, implica profundo estudo, inclusive
doutrinário, que revela também a existência de dúvidas e da
probabilidade de sobre a mesma questão poderem ser
produzidas decisões divergentes.
54
anualmente pelo presidente de entre os mais antigos das secções cíveis), diz
“apenas” respeito a verificação dos pressupostos da Revista Excecional, e
entre estes o próprio requisito da “ dupla conforme” pelo que, concluindo
esta formação pela inexistência da dupla conforme,31 o processo deve ser
remetido ao juiz relator do acórdão da relação para que este se pronuncie
sobre a Revista ( “normal”).
31
Cfr nesse sentido o Ac. STJ, de 09.04.2013, processo nº 433682/09.2YIPRT.L1.S1 (SEBASTIÃO
PÓVOAS) assim sumariado a) A revista excepcional não é um recurso extraordinário mas apenas, e tão-
somente, uma revista ordinária que só difere da revista - regra por esta ser desde logo admissível uma vez
que o Acórdão recorrido julgou nos precisos termos em que o fez a 1.ª Instância. b) Perfila-se, então, uma
situação de dupla conformidade caracterizada pela coincidência do segmento decisório perante o mesmo
pedido e causa de pedir, sobreposição alcançada por unanimidade embora sem que se exija concordância
quanto à fundamentação. c) Se a Relação não confirmou, tal qual, o julgado pela 1.ª Instância, antes o
alterando/revogando, inexiste a dupla conformidade. d) Esta é o pressuposto atributivo da competência
do Colectivo a que se refere o n.º 3 do artigo 721-A do Código de Processo Civil, já que sem dupla
conformidade não há que buscar qualquer dos requisitos do n.º 1 do mesmo preceito pois que o recurso, a
ser admitido não o será como revista excepcional mas sim como revista regra. e) E a verificação dessa
admissibilidade compete ao Conselheiro Relator a quem o recurso venha a ser distribuído.
32
O mesmo se estatui no art.º 26º da LOFTJ, em vigor, ou seja da Lei 3/99, de 13 de janeiro
55
Quanto à matéria de facto, estatui o nº 3 do art.º 674.º, que:
33
Cfr. A titulo de exemplo, o recente Ac STJ de 24.03.2013, processo nº 362333/10. 7YIPRT.L1.S1 (
MARIA DOS PRAZERES BELEZA), em cujo sumário se pode ler “4. A apreciação de depoimentos de
testemunhas, sujeitos à regra da livre apreciação da prova (artigo 396º do Código Civil), está fora do
âmbito possível do recurso de revista”
56
“II. O Supremo pode apreciar o modo como a Relação usou dos
poderes que lhe são conferidos pelo art.º 712º do CPC, quanto à
modificabilidade da matéria de facto, em termos de verificar se
esses poderes foram utilizados em conformidade com os critérios
legais, definidos no preceito. Não pode contudo fiscalizar o não uso
desses mesmos poderes”.34
34
Ac. STJ-4ªde 4.12.1997 in S.ASTJ, 15º, 16º pág. 250
35
Ac. STJ 27.09.2009, BMJ, 494º-192
36
57
um conceito de matéria de facto ou de matéria de direito, totalmente
esclarecedor.37
37
Assim, entre outros, Antunes Varela, Manual..., cit.pág 406 nota 2
38
Direito Processual Civil Declaratório, Vol III, Almedina, 1982, pág. 270
39
Vide Antunes Varela, Manual De Processo Civil, págs. 406 e segs
58
jurídicas aos factos e o resultado dessa actividade pode ser avaliado
segundo um critério de correcção ou de justificação...”40
40
Estudos Sobre o Novo Processo Civil, Lex, Lisboa, 1997, pág. 422
59
para discussão do objecto de recurso. Trata-se de procedimento
pouco habitual.
Requisitos:
a) Necessidade ou conveniência de assegurar a uniformidade da
jurisprudência.
b) Determinação do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça
nesse sentido.
O acórdão pode:
60
Os acórdãos de uniformização de jurisprudência terminam com a
formulação de uma regra interpretativa. Estes acórdãos note-se não são
vinculativos, como sucedia com os assentos. Não são obrigatório, mas tem
uma especial força persuasiva, sendo que o seu não acatamento em outros
processos abre a possibilidade de recurso, independentemente do valor da
acção alçadas (628.º, n.º 2 alínea c).
São, pois, precedente judiciais qualificados com natureza
persuasória, que devem ser publicados ma 1º série do Diário da Républica
Requisitos:
- Valor da causa superior à alçada da Relação;
- Valor da sucumbência superior a metade da alçada da Relação
- O objecto do recurso diga apenas respeito a questões de direito.
-As partes não impugnem quaisquer decisões interlocutórias.
61
10 Recursos extraordinários
Requisitos de admissibilidade:
a) Trânsito em julgado da decisão recorrida.
b) Trânsito em julgado do acórdão fundamento. Este trânsito
presume-se, podendo o recorrido ilidir a presunção ( 350-2 do
Código Civil)
c) Oposição ou contradição entre os julgados.
d) Inexistência de jurisprudência uniformizada no sentido do
acórdão recorrido
62
Na instrução do requerimento importa observar o disposto no artigo
690.º. O requerimento deve contar a alegação onde se demonstre a
existência da oposição dos acórdãos e a violação da lei imputada ao
acórdão impugnado, devendo juntar-se cópia do acórdão fundamento
63
O preceito impõe, claramente, a necessidade de existir um nexo
de causalidade entre o vício e o conteúdo da decisão
impugnada, bem que a matéria em causa não tenha sido objecto
de decisão. Sempre que a parte tenha conhecimento do vício na
pendência dos autos terá de suscitar de imediato a questão sob
pena de posteriormente não o poder fazer em sede de recurso.
64
“g) O litígio assente sobre acto simulado das partes e o tribunal não
tenha feito uso do poder que lhe confere o artigo 612.º, por não
se ter apercebido da fraude.”
65
A posição que adoptamos na nossa tese de mestrado é a que agora
aqui reproduzimos.
A actuação simulada das partes faz com que o processo se desvie da
sua finalidade instrumental. A sentença então proferida, ao declarar uma
determinada situação não estará a prosseguir a finalidade com que foi
decretada, ou seja tutelar interesses reconhecidos pelo direito substantivo
aplicável. E se assim ocorre, justifica-se atribuir a quem é prejudicado pela
sentença, mesmo que o conteúdo da situação jurídica de que é sujeito não
seja afectado, o poder de destruir a declaração jurisdicional. O desvio à
finalidade instrumental do processo não explica apenas porque razão quem
não podendo intervir numa determinada acção como parte principal pode
impugnar a sentença mesmo depois do seu trânsito em julgado. Explica
igualmente a atribuição daquela faculdade a quem, podendo dispor do
processo, se manteve na qualidade de terceiro.
As dificuldades de harmonização do princípio da eficácia relativa do
caso julgado, com o recurso de revisão interposto por terceiros,
nomeadamente, com a determinação dos sujeitos legitimados a, por esta
via, impugnar decisões já transitadas, podem superar-se tendo em conta as
conclusões a que fomos chegando ao longo deste nosso estudo.
Traduzindo-se a eficácia do caso julgado, na preclusão do poder de obter a
declaração de uma situação jurídica incompatível com uma definição
anterior, não poderá deixar de se incluir no conceito de terceiros
prejudicados, todos aqueles que, precisamente, suportam tal efeito, ou seja,
e desde logo, quem, podendo intervir no processo, que conduziu a esta
definição, o não fez, mantendo-se na posição de terceiro.
Vimos que, configurando o chamamento a dedução de uma
pretensão contra o terceiro, a sua não intervenção (efectiva) no processo
não obsta à sua qualificação como parte. Cabe nesta sede ter presente, que
a não intervenção não basta para se poder considerar que o mesmo poderá,
posteriormente, intentar o recurso que ora nos ocupa. A não intervenção do
chamado não faz apenas precludir o poder de determinar a decisão de
mérito que irá ser proferida, uma vez transitada esta última, o chamado vê,
igualmente, precludir o poder de obter a declaração de uma situação
jurídica incompatível com aquela definição anterior.
Entre os sujeitos não intervenientes no processo, importa pois
distinguir aqueles que, ainda assim, ficam vinculados ao caso julgado, na
medida em que adquiriram a qualidade de parte, e os que tendo
legitimidade ou o poder de condução do processo, não chegam a adquirir
aquela qualidade. Os primeiros, não se podem socorrer do recurso de
revisão, os segundos, independentemente de serem ou não atingidos pelo
caso julgado, têm legitimidade para o fazer. Neste último caso, sempre que
(os terceiros) não se encontrem vinculados ao efeito do caso julgado, o
66
recurso surge como o instrumento processual que lhes permitirá afastar a
oponibilidade da sentença, os seus efeitos declarativos ou constitutivos, em
alternativa à faculdade de se socorrem dos meios comuns.42 Verificando-se
aquela vinculação, a impugnação surge, então, como meio adequado a
afastar aquele efeito preclusivo.
Quanto aos terceiros juridicamente indiferentes, como os credores
não legitimados a intervir, por não serem os sujeitos com interesse directo
em demandar, não restam dúvidas de que a lei lhes permite o recurso
aquele meio de impugnação, mas não para afastar um efeito que, em rigor,
os não atinge. Ao impugnar uma sentença43 alheia, os terceiros que vêem
atingida a consistência prática ou económica dos seus direitos, mas já não o
seu conteúdo, pretendem afastar os efeitos constitutivos ou declarativos da
sentença que, de outro modo, lhes seriam oponíveis, ou seja, afastar a
prevalência da situação jurídica declarada pela sentença.” 44
Estando em causa um revisão interposta com base nas alíneas a), c),
e), f) e g) do art. 696.º, o Tribunal após a resposta do recorrido ou ao
termo do prazo para o efeito, deverá conhecer do fundamento da
revisão.
No caso de o fundamento ser o constante nas demais alíneas, seguir-
se-ão os termos do processo sumário.
42
Admitindo esta alternativa, mas relativamente aos terceiros titulares de direitos afectados na sua
consistência jurídica, JOSÉ JOÃO BAPTISTA, Dos Recursos, Lisboa, 1997, pág. 145-146.
43
Bem andou, pois, o legislador quando no artigo 778.º, agora revogado, se referia à sentença e não ao
caso julgado prejudicial .
44
Limites subjectivos do caso julgado e intervenção de terceiros.
67
Fase rescisória
Se o fundamento da revisão for julgado procedente:
Nos casos previstos nas alíneas a) a f) do art.º 696.º, é revogada a
decisão e deverá observar-se o regime previsto no n.º 1 do art.696.º.
Na situação prevista na alínea g) anula-se a decisão recorrida. (n.º 2)
68
TEXTOS DE APOIO
69
Hipóteses de trabalho
I
António intentou, em 2008, contra Bento e Carlos, uma acção declarativa,
pedindo a condenação de ambos réus na obrigação solidária de € 40.000,00.
Bento contestou por impugnação e excepção (invocando a caducidade do direito
invocado) e concluiu o seu articulado requerendo a sua absolvição do pedido. Carlos
contestou invocando a sua ilegitimidade.
No despacho saneador, o juiz julgou (i) procedente a excepção de ilegitimidade
absolvendo Carlos da instância e (ii) improcedente a excepção de caducidade, invocada
por Bento.
Perguntas:
1. Bento podia recorrer das decisões proferidas? Admitindo que sim qual
o recurso adequado. Justifique.
2. Após ter conhecimento da sentença final, Carlos pretende interpor
recurso. Pode fazê-lo? Justifique.
3. Admitindo que na sequencia do recurso interposto por Carlos, a
Relação confirmava a decisão sobre a sua ilegitimidade, poderia ser
interposto recurso para o Supremo Tribunal de Justiça? Justifique.
4. Caso fosse aplicável o antigo regime recursório, as resposta dadas à
questões anteriores seria diferente? Em que medida?
II
António intentou contra Bento uma acção declarativa pedindo:
Questões:
1. Bento pretende impugnar a decisão proferida. Elabore o requerimento
de interposição de recurso.
2. Admita que Bento era absolvido da instância na sentença final?
Poderia, ainda assim, interpor recurso
3. Admita que em sede de recurso de apelação, o tribunal da relação,
julgava a mesma procedente e absolvia Bento da instância. Esta decisão
poderia ser impugnada?
70
III
Daniel intentou, em 2009, contra Ernesto e Fernando uma acção declarativa,
pedindo a condenação de ambos réus na obrigação solidária de € 15.000,00
Ernesto contestou sustentando a sua absolvição do pedido. Fernando contestou
invocando a sua ilegitimidade.
Na sentença, proferida em 2010, o réu Ernesto foi condenado a pagar ao Autor €
14.000,00. Fernando foi absolvido da instância.
Questões
Admita que na sequência dos recursos interpostos por Ernesto e Fernando, o Tribunal
da relação mantinha as decisões proferidas.
IV
71
V
António, casado, intentou contra Bernardo e Carla acção declarativa pedindo:
(i) a anulação do contrato de compra e venda outorgado com Bernardo, com
fundamento em dolo de terceiro (Carla) (ii) a condenação de Carla em indemnização no
valor € 5.500,00, pelos prejuízos causados pelo dolo. Na petição inicial António
invocava que só adquiriu o bem em causa pelo preço de €50.000,00, por ter sido
enganada por Carla.
Em despacho saneador o juiz julgou improcedente toda a defesa por excepção do réu
Bernardo.
Na sentença final foi julgado procedente o pedido de anulação e Carla foi condenada
no pagamento ao Autor no montante de €4.000.00.
VI
Questões:
72
Exemplo de Requerimento de interposição de Recurso com
alegações
em que é Requerente
.......................... LDA;
Não se conformando (i) com a decisão que decretou o procedimento cautelar de restituição provisória da
posse, (ii) com a decisão relativa à prova produzida em sede de inquirição de testemunhas no âmbito da
oposição deduzida, (iii) nem tão pouco com o douto despacho proferido em sede de julgamento da
oposição, que faz parte integrante daquela, vem interpor recurso de Apelação (art. 691.º) com efeito
meramente devolutivo ( 692.º) e subida imediata nos próprios autos ( 691.ºA) .
O ADVOGADO
73
TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA
1. Vem o presente recurso interposto do despacho proferido em sede de julgamento da oposição que,
mantendo a providencia cautelar de restituição provisória da posse do imóvel objecto dos autos, constitui
complemento e parte integrante da decisão inicialmente proferida e que por essa via integra, igualmente, o
thema decidendum da presente impugnação
2. O Tribunal a quo decretou a providência cautelar de restituição provisória da posse à ora Recorrida, do
imóvel sito na Rua ……………em Lisboa, fundando a sua decisão nas seguintes premissas de facto:
3. Face àquela factualidade o Tribunal a quo concluiu pela existência de um esbulho violento da posse da
Recorrida.
4. Notificada daquela decisão, a ora Recorrente deduziu oposição, alegando, em síntese, que:
74
a) A Recorrida…………… não tem a detenção do imóvel e muito menos a posse do mesmo;
b) A Recorrida não sendo possuidora não podia ser esbulhada;
c) A Recorrente não praticou qualquer acto de violência para “desapossar”, “retomar a detenção”
ou para evitar que a Recorrida “tomasse posse” do imóvel…………….;
d) A Recorrente não é devedora da Recorrida;
e) Conforme resulta de prova documental, não corresponde à verdade que a Recorrente e a
Recorrida tenham celebrado, entre si, um contrato de empreitada pelo qual a primeira adjudicou
à segunda trabalhos de remodelação e reconstrução da referida ……..
5. Além disso, a Recorrente impugnou os art.º 3º a 5º, 8º a 16º, 18º, 20º a 22º, 24º, 28º a 32º e 35º a 38º, todos
do Requerimento Inicial, que o Tribunal a quo deu como provados.
6. Realizada a audiência de inquirição das testemunhas arroladas pela Recorrente, decidiu o Tribunal a quo não
ter ficado demonstrado para o que ora releva que:
7. Por outro lado, o Tribunal considerou provado (em sede de oposição), entre outros factos, os seguintes:
• …………….
9. A Meritíssima Juiz a quo considerou como provado que o representante da Requerida tinha as chaves do
imóvel…. …”.
10. Esta convicção foi determinante para que o Tribunal a quo não tivesse considerado como provado que:
11. No entanto, a Requerida não entende nem aceita como o Tribunal a quo pode ter formado tal convicção,
porquanto a mesma não podi ter resultado da prova produzida em juízo. Senão vejamos.
12. A decisão da Meritíssima Juiz a quo foi tomada, essencialmente, com base em depoimentos prestados
pelas testemunhas arroladas e, relativamente a estes factos, no depoimento da testemunha ……….
75
14. Que assim foi resulta do depoimento que se reproduz:
De 7:58 e 8:51
“Mandatário da Requerida: Sr. …., o Sr. já tinha mostrado o imóvel a outras pessoas?
Testemunha: Já.
Testemunha: As pessoas, …
Testemunha: Não…”
……
15. Atento o depoimento desta testemunha, maxime os excertos transcritos, o Tribunal não podia
considerar demonstrado que “a requerida, mesmo durante as obras, sempre continuou a ter uma
chave do imóvel”.
16. Podia e devia ter considerado provado que após o termo das obras a Requerida passou a ter uma
chave.
17. ….
18. Por esse motivo, os factos referidos nas alíneas A) a C) da matéria dada como indiciariamente não
provada devem constar da factualidade provada.
19. Como foi já referido, a Requerida não tinha quaisquer chaves do imóvel enquanto a obra decorria, nem
precisava de ter, uma vez que quando necessitava de se deslocar ao local tinha livre acesso porque
estavam sempre trabalhadores da Recorrida no local.
20. As chaves do imóvel foram-lhe entregues, pela Recorrida, após a obra terminar, i.e., em Outubro de 2009.
Assim, nos termos do disposto nos nºs 2 e 3 do art.º 264º, conjugados com a alínea d), in fine, do n.º 1
do art.º 668º, ambos do CPC, estamos perante uma nulidade que expressamente se invoca para todos
os efeitos legais, devendo as passagens referidas ser retiradas da fundamentação de Direito e, em
consequência, serem tidas por não escritas.
76
A Recorrente não vislumbra como pôde o Tribunal a quo dar por “não provada” a entrega do imóvel pela
Recorrida e, como tal, a inexistência da posse ou detenção à data do pretenso esbulho.
Ou seja:
Importa questionar:
21. Se o imóvel não tivesse (já) sido entregue à Requerida se a Recorrida tivesse a sua posse ou
detenção, qual a necessidade de substituir as fechaduras?
22. A entrega ocorreu imediatamente após a conclusão das obras, ou seja, em Outubro de 2009, data em que
entregou as chaves do imóvel tanto à Recorrente como à agência imobiliária, por indicação daquela.
23. O facto de terem mediado oito (!!!) meses entre a data em que se concluíram as obras e a data da
apresentação do requerimento que originou o decretamento da providência indicia claramente a perda da
“posse” do imóvel por parte da Recorrida.
24. Não obstante, a Recorrida pretendeu fazer o tribunal crer, até agora com êxito, que manteve a posse do
imóvel durante 8 meses (??).
25. Mas o certo é que a Requerida, não invocou sequer factos susceptíveis de fazer prova, ainda que
sumária da posse, pretensamente esbulhada.
26. A verdade é que a Recorrida entregou o imóvel logo após a conclusão das obras, pelo que o direito de
retenção caso existisse, ter-se-ia extinto, atento o disposto nos termos do art.º 761º do Código Civil.
27. …….
28. Atento o disposto no art.º 342º do Código Civil àquele que invoca um direito a prova dos factos
constitutivos desse mesmo direito. Assim, incumbia à Requerente a prova dos factos constitutivos do
direito à restituição provisória da posse. Ou seja, a existência de posse, o esbulho e a violência do
esbulho.
29. A Requerente não logrou fazer prova, ainda que sumária, daqueles factos, pelo que não podia ter sido
decretada a presente providência.
30. Mas ainda que assim não se entendesse, o que não se concebe nem concede, sempre importaria ter em
conta a lição do Prof. Antunes Varela (in, Código Civil Anotado, Vol II, 3ª edição revista e actualizada,
Coimbra, pág. 799), segundo a qual o empreiteiro não tem direito de retenção e por isso não tinha o
direito a recorrer à providência em causa.
77
CONCLUSÕES
F. Sem prescindir sempre se dirá que não era a Recorrente quem tinha que demonstrar que
a Recorrida entregou o imóvel – prova que, apesar de tudo, consegui fazer – mas sim a
Recorrida quem tinha que alegar e demonstrar os elementos constitutivos da posse, o que por
seu lado não logrou fazer.
H. Entre ……
I. O Tribunal a quo não podia pois dar dado aquele facto …………...
78
J. Violou pois o Tribunal a quo o princípio dispositivo, conhecendo de uma questão/facto de
que não podia ter tomado conhecimento por a mesma não ter sido alegada pelas partes, o que
determina a nulidade parcial da decisão, nos termos da alínea d) do n.º 1 do art.º 668º do CPC.
L. Mal andou o Tribunal a quo ao não dar como indiciariamente provado que ocorreu a
entrega do imóvel, porquanto a Requerida logrou provar que, em Setembro de 2009, a
totalidade das obras acordadas estavam concluídas e que em Outubro as chaves do imóvel
foram entregues à Recorrente.
M. …….
N. Mas ainda que assim não se entendesse, o que não se concebe nem concede, sempre
importaria ter em conta a lição do Prof. Antunes Varela (in, Código Civil Anotado, Vol II, 3ª
edição revista e actualizada, Coimbra, pág. 799), segundo a qual o empreiteiro não tem direito
de retenção e por isso não tinha o direito a recorrer à providência em causa.
O ADVOGADO
79