05 Estratégias de Estimulação Da Linguagem Oral e Escrita

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ESTRATÉGIAS DE ESTIMULAÇÃO DA

LINGUAGEM ORAL E ESCRITA

Estratégias De Estimulação Da Linguagem Oral E Escrita

Quando uma criança apresenta certos sinais que sugerem dificuldades na comunicação oral é possí-
vel fazer alguma coisa para ajudá-la, além de buscar um tratamento especializado? Neste artigo,
mostrarei que sim e apontarei algumas das principais formas de estimulação que os pais podem pro-
mover nos primeiros anos de vida dos filhos para auxiliá-los no desenvolvimento da comunicação
oral. Porém, é preciso permanecer alerta. Se mesmo com a realização sistemática de estímulos e ati-
vidades, as dificuldades permanecerem, um profissional capacitado deverá ser consultado.

Desde o nascimento, a criança passa por etapas do desenvolvimento da linguagem, etapas prepara-
tórias para adquirir de forma elaborada e eficiente a fala, uma das formas que temos de nos comuni-
car. O desenvolvimento da comunicação oral envolve os sentidos, os músculos orofaciais e as experi-
ências da criança com as coisas e as pessoas. Para que ocorra de forma plena, os pais precisam, até
certo momento, servir como mediadores entre a criança e o mundo que a cerca.

Estimulação sensorial

Como os sentidos (visão, audição, olfato, gustação e tato) servem de “porta de entrada” para experi-
mentar e conhecer o mundo a nossa volta, a cada etapa de desenvolvimento dos filhos, vale a pena
oferecer estímulos sensoriais. Seguem abaixo algumas sugestões de estimulação sensorial que po-
dem ser realizadas com crianças de 0 a 5 anos.

Estimulação visual:

Apresentar e oferecer objetos simples, coloridos, com formas diferentes e com estímulos luminosos;

Movimentar cada parte do corpo da criança para que ela possa percebê-las e identificá-las;

Oferecer um espelho para a criança observar sua imagem, as de outras pessoas e objetos;

Apresentar imagens de rostos com diferentes tipos de emoção (alegria, tristeza, raiva, cansaço, etc.);

Apresentar à criança diferentes ambientes.

Estimulação auditiva:

Proporcionar experiências com sons, vozes em diferentes alturas (grave/aguda), intensidades


(alto/baixo) e entonações;

Cantar e conversar durante os cuidados com a criança;

Oferecer diferentes objetos e brinquedos sonoros para alertar a criança quanto aos diferentes tipos
de som;

Falar e/ou movimentar objetos sonoros fora do campo visual para que ela possa localizar e identificar
o som.

Estimulação gustativa e olfativa:

Deixar que a criança cheire os produtos utilizados no cuidado da higiene;

Levá-la a diferentes ambientes com odores diversificados (na cozinha durante o preparo de uma re-
feição, em um bosque, pomar, açougue, etc.);

Oferecer alimentos variados para que experimente diferentes sabores (doce, amargo, salgado,
azedo), desenvolvendo assim o paladar.

Estimulação tátil:

Proporcionar durante as rotinas, de higiene principalmente, o contato da criança com diferentes textu-
ras (esponjas, creme, talco, tecido, óleo), sempre nomeando-os;

Oferecer objetos com texturas, tamanhos, temperaturas, formas, materiais e pesos diferentes;

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Incentivar a criança a conhecer seu próprio corpo e o do outro para que ela perceba o seu limite e o
espaço que a cerca.

Estimulação Oromotora

Outra estimulação importante a ser realizada é a oromotora, que engloba a parte muscular e motora
envolvida na comunicação oral (lábios, língua e palato). Como os órgãos que utilizamos para comer
(lábios, língua, bochechas, dentes) são praticamente os mesmos que utilizamos para falar, a alimen-
tação tem papel importante no desenvolvimento da fala. É por meio dela que estimulamos e exercita-
mos os músculos da boca e da face (por meio da mastigação, sucção e deglutição), os quais também
participam da produção dos sons que, juntos, formarão as palavras. Para a estimulação oromotora
destaco:

Realizar o aleitamento materno, que estimula de forma eficiente a musculatura envolvida na sucção,
além de proporcionar uma deglutição adequada;

Oferecer alimentos de consistência sólida dura, demandando um esforço maior para a mastigação;

Servir de modelo para a criança, demonstrando a mobilidade do aparelho fonador, deixando que ela
observe e imite os movimentos faciais realizados na produção dos sons, treinando assim a habilidade
para a vocalização.

Estimulação da linguagem

Não podemos deixar de fora a estimulação da linguagem propriamente dita:

Narrar para o bebê, desde os primeiros dias de vida, o que você está fazendo ou o que está aconte-
cendo ao redor;

Praticar diariamente a leitura em voz alta;

Brincar de faz-de-conta (representando rotinas do cotidiano ou contos de fadas);

Ensiná-lo a utilizar a comunicação gestual (gestos indicativos e representativos), que serve de apoio
para a oral;

Estimular a fala com conversas, explorando ao máximo a modelagem da linguagem, nos mais varia-
dos ambientes possíveis;

Incentivar, participar e brincar de jogos que contenham regras (ordem de jogada, modo de interação e
tipo de linguagem).

É importante, portanto, que os pais promovam uma estimulação não só da musculatura envolvida na
fala, mas também dos sentidos da criança e de sua linguagem. Todas elas podem ser feitas de ma-
neira simples, no dia-a-dia da família, e não devem ser um aborrecimento para a criança, mas antes
algo atraente e motivador. E é recomendável que se inicie quanto antes, já que os primeiros anos de
vida são críticos para o desenvolvimento das habilidades sensoriais, motoras, cognitivas e lingüísti-
cas.

Atividades e recursos para atender às crianças com dificuldades acentuadas de aprendizagem

Alunos que não acompanham as expectativas de aprendizagem de seu ano de escolarização são
motivo de muita preocupação por parte das escolas, dos professores e das famílias. Este fato gera
muitos questionamentos sobre que encaminhamentos fazer, o que é possível cobrar da família, o que
se pode exigir do próprio aluno, quais as causas dos problemas apresentados. É importante, também,
refletir sobre as estratégias que escola deve desenvolver para favorecer o processo de aprendizagem
deste estudante. Independente do diagnóstico realizado por profissionais especializados, o que certa-
mente contribui em muito para uma melhor compreensão das dificuldades apresentadas, a escola
deve avaliar o aluno e identificar seus pontos fortes e áreas que precisam ser mais trabalhadas. Além
disso, é importante que este trabalho seja feito de forma diferenciada, e não consista em mera repeti-
ção ou exercitação dos conteúdos não aprendidos.

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Crianças com dificuldade de aprendizagem não apresentam distúrbios neurobiológicos, isto quer di-
zer que os problemas apresentados têm caráter provisório e suas causas podem ser localizadas em
diferentes dimensões do processo de aprendizagem do indivíduo. Consideramos que estas dimen-
sões são: a)social; b)pedagógica; c) psico-afetiva; d) psico-cognitiva; e) orgânica. A dimensão social
perpassa todas as demais, que, por sua vez, apresentam pontos de interseção (WEISS & CRUZ,
2011). Sendo assim, a dificuldade de aprendizagem deve ser vista sempre na perspectiva da pluri-
causalidade (WEISS, 2009), ainda que, em uma avaliação psicopedagógica realizada pelo profissio-
nal competente, seja possível identificar algumas causas principais dentre uma série de fatores que
consistem em obstáculos ao processo de aprendizagem. Esta avaliação nem sempre é acessível
para todos. Entretanto, cabe à escola avaliar o aluno, compreender pedagogicamente suas dificulda-
des e desenvolver estratégias para favorecer seu processo de aprendizagem. Deve-se observar, por-
tanto:

O interesse do aluno

[...] o pensamento é como uma trama na qual a inteligência seria o fio horizontal e o desejo o vertical.
Ao mesmo tempo acontecem a significação simbólica e a capacidade de organização simbólica (p.
67)

Assim como transtornos de atenção (que não são o nosso tema, nesta oficina) podem ser confundi-
dos com desinteresse, a recíproca também ocorre: o aluno pode estar desatento por falta de inte-
resse nas atividades escolares. Esta pode ser motivada por causas externas ao ambiente escolar
(problemas familiares, por exemplo), como também por uma falta de sintonia entre a metodologia utili-
zada na escola e a forma de a criança aprender. Este fator é muito comum em nossa época, quando
jogos eletrônicos condicionam as crianças a obter respostas imediatas e à satisfação gerada pela
competitividade. Por outro lado, principalmente na rede privada de ensino, o sistema de avaliação em
vigor tem gerado a falsa premissa de que a educação básica tem por objetivo preparar o aluno para a
aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Há uma tendência a negar a infância e tor-
nar o ambiente escolar, desde a alfabetização, em um lugar de realizar exercícios descontextualiza-
dos, às vezes até mesmo exaustivos;

O processo de desenvolvimento da escrita: alguns “erros” consistem, na verdade, em características


da evolução da escrita. É importante analisar como ocorrem, há quanto tempo, em que contextos. A
linguagem escrita, em seus primeiros estágios de desenvolvimento, apoia-se na linguagem oral. Isto
não significa que a escrita seja a transcrição da fala, são sistemas diferentes, no entanto a escrita,
inicialmente, é marcada por traços da oralidade.

Na fase inicial da aprendizagem da leitura e da escrita, a linguagem oral funciona como apoio, um elo
intermediário. É impossível a leitura silenciosa, da mesma forma que é preciso dizer, simultanea-
mente, silabando, o que se está escrevendo: a fala orienta a escrita da mesma forma que a fala ego-
cêntrica orienta as ações da criança pequena (CRUZ, 2013, p. 73).

O processo de aprendizagem da matemática, que possui complexidade crescente - o conceito de


conjunto é fundamental, por exemplo, para futuras operações que envolvem agrupamento. É possí-
vel, portanto, que uma dificuldade na matemática signifique a falta de um conhecimento prévio. Há,
também, casos de dificuldades que envolvem outras áreas de conhecimento. É o que acontece, por
exemplo, quando a criança não consegue resolver problemas matemáticos porque tem dificuldade na
interpretação de textos. Algumas estratégias pedagógicas para favorecer o processo de aprendiza-
gem de alunos com dificuldades são:

Desenvolver pequenos projetos: despertar a curiosidade dos alunos por algum tema, ou assunto. So-
licitar que pesquisem sobre ele. Elaborar algum produto com as pesquisas, como painel, exposição,
ou dramatização (exemplo: dramatizar um telejornal e cada aluno apresenta uma notícia).

Tornar o material didático mais acessível: algumas pequenas modificações no material didático po-
dem tornar os textos mais atraentes e também mais fáceis de serem compreendidos pelos alunos
com dificuldades, como, por exemplo, usar fonte 14 sem serifas nos impressos, usar ilustrações para
reforçar o sentido dos textos, separar as informações dos problemas de matemática, apresentando-
as uma em cada linha, ensinar a criança a localizar e sublinhar as palavras que indicam as ações pe-
didas nas atividades (como “descreva”, “envolva”, “marque com um X”);

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Utilizar material concreto: recursos como material dourado, blocos lógicos, material contável, cédulas
e moedas de brinquedo tornam os conceitos matemáticos mais concretos, facilitando o processo de
aprendizagem.

Diversificar: apresentar o mesmo conteúdo de formas diferentes favorece que alunos com dificuldade
possam compreender melhor o conteúdo.

Jogos ou atividades lúdicas: “o saber se constrói fazendo próprio o conhecimento do outro, e a opera-
ção de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer jogando.” (FERNÁNDEZ, 1991, p.
165) Através do jogo é possível, ao mesmo tempo despertar o interesse do aluno e favorecer que
construa conhecimentos. As atividades lúdicas podem desenvolver a criatividade e favorecer que o
aluno estabeleça vínculos positivos com o ambiente e os conteúdos escolares. É possível desenvol-
ver jogos que envolvam conhecimentos de diversas áreas. Podemos citar alguns exemplos: a) Jogo
da conquista (objetivo: compreender a multiplicação): cada jogador utilizará uma folha de papel qua-
driculado, onde taçou o limite de 10 por 10 quadrados, lápis de cor e dois dados. Cada jogador, na
sua vez, lançará os dois dados. Ele deve observar os números ou quantidades das faces dos dados e
realizar os cálculos de multiplicação, anotando a conta correspondente. Em seguida, deve pintar a
quantidade de quadrinhos correspondentes ao produto. b) Stop ortográfico: montar uma tabela com 5
colunas, combinando um tema para cada coluna. Em cada linha define-se uma dificuldade ortográfica
comum para todos. A um sinal, os alunos em grupos ou duplas, devem preencher uma linha por vez.
Quem preencher corretarmente primeiro, fala stop. A correção ocorre durante a contagem dos pon-
tos. c) Fábrica de contos (PICCOLI & CAMINI, 2012): o professor elabora cartões com personagens
mágicos, lugares, ações (elementos que podem compor uma narrativa) e os coloca em uma caixinha.
Os alunos sorteiam os cartões e devem escrever a história. Ao invés de caixas, também pode ser ela-
borado um mural com envelopes ou bolsinhos para conter os cartões. Os alunos podem elaborar fan-
toches ou caracterizarem a si mesmos para apresentar o conto que elaboraram, dramatizando.

Em síntese, para favorecer a aprendizagem de alunos com dificuldade, é importante avaliar, contextu-
alizar, diversificar. A aprendizagem é, via de regra, um processo singular. Cada aluno tem sua própria
forma de aprender, ainda que possa ser beneficiado pelo trabalho em grupo. O ensino-aprendizagem,
por sua vez, deve ser um processo dialógico. É através do diálogo que o professor conhece o aluno,
identifica como ele pensa e, somente assim, pode refletir sobre as modificações necessárias no pro-
cesso para favorecer seu desenvolvimento. É preciso ajudar o aluno a estabelecer relações entre o
conhecimento novo e o que já domina. É importante, também, valorizar o que ele sabe fazer bem,
para que desenvolva o sentimento de autovalorização e sinta-se encorajado a enfrentar os desafios.

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