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GUIA

2024/25
VERSÃO 11/03/2024
GUIA DE IMUNIZAÇÃO SBIm/SBPT – PNEUMOLOGIA 2024-2025
Coordenação
Mônica Levi – Presidente da SBIm
Rosemeri Maurici da Silva – Membro da Comissão de Imunizações da SBPT

Revisão e atualização
SBIm
Juarez Cunha, Mônica Levi, Renato Kfouri e Tânia Petraglia
SBPT
Clystenes Odyr Soares Silva, Margareth Maria Pretti Dalcolmo e Rosemeri Maurici da Silva

EDITORAÇÃO Magic | RM www.magic-rm.com


COORDENAÇÃO EDITORIAL Ricardo Machado
DIREÇÃO DE ARTE Silvia Fittipaldi
DESIGN GRÁFICO Lucas Moraes
REVISÃO Sonia Cardoso

Diretoria SBPT (Biênio 2023/24) Diretoria SBIm (Biênio 2023/24)


Presidente: Margareth Maria Pretti Dalcolmo (RJ) Presidente: Mônica Levi (SP)
Secretário-geral: Ricardo Luiz de Melo Martins (DF) Vice-Presidente: Renato de Ávila Kfouri (SP)
Diretor de Defesa Profissional: Octavio Henrique C. Messeder (BA) 1ª Secretária: Flávia Bravo (RJ)
Diretora Financeira: Maria Enedina C. A. Scuarcialupi (PB) 2ª Secretária: Isabella Ballalai (RJ)
Diretora de Assuntos Científicos: Valeria Maria Augusto (MG) 1ª Tesoureira: Mayra Moura (SP)
Diretor de Ensino: Clystenes Odyr Soares Silva (SP) 2o Tesoureiro: Juarez Cunha (RS)
Diretor de Comunicação: Waldo Luís Leite Dias de Mattos (RS)
Presidente eleito Biênio 2025/26: Ricardo Amorim Corrêa (MG) Rua Luís Coelho, 308 – 5º andar, Cj 54
São Paulo – SP – CEP: 01309-902
Editora-Chefe do Jornal Brasileiro de Pneumologia: Tel: (11) 3255-5674
Márcia Margaret Menezes Pizzichini (SC) Fax: (11) 3255-9659
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www.sbim.org.br
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Brasília – DF – CEP: 70398-900
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v. 11-03-2024 - calendários em atualização
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APRESENTAÇÃO

Na assistência, os pacientes que vivem com doenças crônicas neces-


sitam um olhar diferenciado, que vá além das recomendações de va-
cinação dos calendários básicos. A imunização possibilita reduzir o
risco de descompensação da doença de base, e sua indicação deve
ser norteada pela fisiopatologia da doença e pela predisposição para
infecções imunopreveníveis.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), por meio dos Centros


de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), oferece a esses
pacientes e a seus contactantes próximos o acesso à imunização, obe-
decendo às normas publicadas em manual específico.

Porém, a vacinação desses pacientes com condições especiais é assun-


to complexo, com diferentes recomendações entre os diversos proto-
colos, o que requer atualização e incorporação constante de novos
conhecimentos.

2 A SBIm, em conjunto com a SBPT, publicou, em 2018, a primeira edi-


MANUAL DOS CRIE ção deste Guia de Imunização SBIm/SBPT – Pneumologia, que orienta
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

sobre a importância da vacinação para prevenir as doenças infeccio-


sas, entendendo que esta medida é ferramenta imprescindível no ma-
nejo de pacientes com pneumopatias crônicas, e deve fazer parte da
rotina das consultas médicas.

Nesta nova edição do Guia, foram atualizados os dados sobre epide-


miologia das doenças, bem como as recomendações de imunização,
de modo a contribuir com o pneumologista na prescrição de vacinas,
com o objetivo de:

▶ reduzir a suscetibilidade e o risco de quadros infecciosos graves


na presença de comorbidades;
▶ prevenir as exacerbações das pneumopatias crônicas, causadas
por infecções;
▶ melhorar a qualidade e a expectativa de vida desses pacientes;
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▶ inserir na rotina da consulta do


pneumologista as recomendações
particularizadas de vacinação, tanto
para o paciente como para seus con-
tactantes.

Nesta publicação, disponível para acesso e


download nos sites sbim.org.br e sbpt.org.br,
estão sistematizadas as vacinas indicadas para
pacientes com doenças pulmonares crônicas, bem
como os esquemas preconizados, além de contrain-
dicações e precauções quando necessárias.

Além de guias como este, que abordam diferentes es-


pecialidades e situações especiais, a SBIm publica calen-
dários de vacinação para: Prematuros, Crianças, Adoles-
centes, Adultos, Gestantes, Idosos e Ocupacional. Eles são
revisados periodicamente e estão disponíveis para
acesso em seu site.

Boa leitura!
INTRODUÇÃO

A IMPORTÂNCIA DAS INFECÇÕES


RESPIRATÓRIAS
As exacerbações infecciosas das doenças respiratórias crônicas são
responsáveis por enorme morbidade e mortalidade. Os pacientes
portadores de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), por
exemplo, apresentam a cada exacerbação uma diminuição nos valo-
res alcançados em provas de função pulmonar e também uma pio-
ra na sua funcionalidade, ou seja, passam a ter mais dificuldade em
realizar atividades de vida diária, na comparação com os períodos
anteriores. Sabe-se também que, nesses pacientes, a mortalidade ao
longo de três anos é da ordem de 39% após admissão no Serviço
de Emergência Médica, sendo que, naqueles que necessitam de
internação em Unidade de Terapia Intensiva, o percentual pode
alcançar 69%.

As infecções que acometem o trato respiratório inferior


ocorrem de forma significativa em todo o mundo. Em 2015,
elas foram a terceira causa de mortalidade geral no Brasil.
Análise do Datasus mostra que, no período de janeiro a
novembro de 2023, foram registradas aproximadamen-
te 347 mil internações por PAC (Pneumonia Adqui-
rida na Comunidade) em pessoas acima de 30 anos.
Entre os pacientes internados em enfermaria, a PAC
apresenta elevada taxa de mortalidade (10-12%), po-
dendo chegar a 50% nos quadros graves. Trata-se de uma
das principais causas de morte em pacientes com mais de 60 anos
de idade, especialmente naqueles que apresentam comorbidades
significativas como DPOC, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca.
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4
5

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


A prevenção da PAC pode ser feita combatendo os fatores de risco
evitáveis – tabagismo, etilismo, saúde oral precária e desnutrição –
e principalmente por meio da vacinação contra influenza, covid-19,
vírus sincicial respiratório (VSR) e os pneumococos.

Sabemos que o pneumococo é um dos principais agentes bacterianos


das infecções respiratórias, em especial na PAC. Já os vírus, especial-
mente influenza (gripe), SARS-Cov-2 (covid-19) e o VSR favorecem
infecções bacterianas secundárias, dentre elas a pneumocócica, e são
agentes de impacto mundial, não relacionados apenas a grandes epi-
demias (H1N1, em 2009, pandemia da covid-19, por exemplo), mas
também a doença locorregional, sobretudo nos indivíduos mais ido-
sos e naqueles que apresentam comorbidades.

Outro agente bacteriano de importância é a Bordetella pertussis, cau-


sadora da coqueluche, doença reemergente em nível global e cuja in-
cidência tem crescido nos últimos anos, em especial nos pacientes
com pneumopatias crônicas, o que amplia o risco de morbidade e
mortalidade.
INFECÇÕES IMUNOPREVENÍVEIS
DE ESPECIAL IMPORTÂNCIA
PARA O PNEUMOPATA

DOENÇA PNEUMOCÓCICA
Um exemplo de enfermidade bacteriana frequente nos pneumopatas
é a doença causada pelo Streptococcus pneumoniae, a bactéria mais
frequente neste grupo e causa comum de óbito. Segundo estudo con-
duzido por Active Bacterial Core Surveillance (ABCs) e National
Health Interview Survey (NHIS), as taxas de incidência da doença
pneumocócica invasiva (DPI) em pessoas sem comorbidades são
muito diferentes, quando comparadas com aquelas em indivíduos
que apresentam comorbidades de alto risco.

O S. pneumoniae está envolvido em múltiplas infecções, desde do-


enças do trato respiratório superior, como otite média aguda (OMA)
6 e sinusite, e pneumonias comuns, chamadas de Doença Pneumocó-
cia não invasiva, até doenças de gravidade maior, denominadas DPI,
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

como pneumonia bacterêmica, meningite e septicemia.

O pico de incidência acontece nos extremos etários: em lactentes


(menores de 2 anos) e em indivíduos acima de 60 anos, sendo a ida-
de o principal fator de risco para a DPI. Porém, pessoas que vivem
com doenças crônicas – cardiopulmonares, asplenia anatômica ou
funcional, diabetes, doença renal ou hepática; imunocomprometidas,
como as PVHA, transplantadas e aquelas em uso de terapia com dro-
gas imunossupressoras, também constituem grupo de risco elevado.
A Tabela 1 resume o risco de DPI em diferentes condições clínicas;
outros fatores de risco são: alcoolismo, tabagismo e asma brônquica.

Atentar para o fato de que indivíduos em uso de corticoterapia ina-


latória também podem apresentar maior incidência de pneumonia,
embora isso não implique maior mortalidade.
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Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


TABELA 1 – Influência de doenças crônicas na incidência de doença pneumocócica
invasiva em adultos
Casos /100 mil Aumento do
Doença
pessoas risco (vezes)
Adulto saudável 8,8 0
Diabetes 51,4 5,8
Doença pulmonar crônica 62,9 7,1
Cardiopatia crônica 93,7 10,6
Alcoolismo 100,4 11,3
Câncer de órgão sólido 300,4 34,1
HIV/Aids 422,9 48,1
Câncer hematológico 503,1 57,1
Fonte: Kyaw MH, Rose CE Jr, Fry AM, Singleton JA, Moore Z et al. The influence of chronic illnesses on the incidence of invasive
pneumococcal disease in adults. J infect dis. 2005;192(3):377-386.

Figura 1 – Incidência de pneumonia em adultos com comorbidades


nos EUA, 2007-2010
600 18 - 49 anos Risco relativo vs saudável x 7,7
Incidência por 100.000

516
50 - 64 anos
500 x 5,9
≥ 65 anos
398
400 x 4,5
x 3,8 x 3,9
305 398
300 254 264
x 2,8 248
187
200
116 124 126
106 111
100 67 76 72
44 42 51 52
14 25
0
Nenhuma Diabetes Cardiopatia Tabagismo
Fumantes Alcoolismo Asma Pneumonia
crônica crônica
Condição de base

Fonte: Froes F, Roche N, Blasi F. Pneumococcal vaccination and chronic respiratory diseases. Int J Chron Obstruct
Pulmon Dis. 2017 Dec 5;12:3457-3468. doi: 10.2147/COPD.S140378. eCollection 2017.

Os dados da Figura 1 evidenciam a importância da vacinação contra


o pneumococo e de sua recomendação para pacientes com comorbi-
dades.
Já a Figura 2 mostra que o risco de DPI em cardiopatas, diabéticos,
etilistas e pneumopatas crônicos está diretamente relacionado com o
aumento da idade.

Figura 2 – Incidência específica para a idade da doença pneumocócica invasiva


em adultos saudáveis e com comorbidades

Indivíduo
saudável
250
Casos/100.000 pessoas

Cardiopatia
crônica
200

Diabetes
150
Alcoolismo

100
Pneumopatia
crônica
50

0
18-34 35-49 50-64 65-79 >80

Idade, anos

Fonte: Kyaw MH, Rose CE Jr, Fry AM, Singleton JA, Moore Z et al. The influence of chronic illnesses on the incidence of invasive
pneumococcal disease in adults. J infectdis. 2005;192(3):377-386.

Klemets e colaboradores estudaram o risco de DPI em adultos de


8 18 a 49 anos de idade com asma. Foram incluídos 1.282 pacientes
com DPI e 12.785 controles. Do total de casos com DPI, 7,1% tinham
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

asma, contra 2,5% dos controles (sem DPI). Após análise por modelo
de regressão logística pareada, chegou-se a um risco (OR) indepen-
dente de DPI de 2,8 (95% IC 2,1 a 3,6) associado à asma sem neces-
sidade de internação hospitalar nos últimos 12 meses, porém, com
suporte medicamentoso, e de 12,3 (95% IC 5,4 a 28,0) para indivíduos
asmáticos que apresentaram uma ou mais de uma internação hospita-
lar nos últimos 12 meses.

Os autores concluem que é importante que a população adulta por-


tadora de asma seja protegida por meio da vacinação contra o pneu-
mococo. Além disso, as vacinas pneumocócicas, influenza, VSR e co-
vid-19 podem prevenir PAC e exacerbação aguda de DPOC.

Apesar da necessidade de prevenir essas doenças infecciosas e das


evidências da eficácia vacinal, as coberturas são, em geral, muito bai-
xas e necessitam ser incentivadas, em especial pelos médicos.
Vacinas para a prevenção
de infecções pneumocócicas
9
▶ Vacina Pneumocócica Polissacarídica 23-Valente (VPP23) –
Contém polissacarídeos da cápsula de 23 sorotipos do Strepto-
coccus pneumoniae: 1, 2, 3, 4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9V, 10A, 11A, 12F,
14, 15B, 17F, 18C, 19A, 19F, 20, 22F, 23F e 33F. Esses sorotipos
são responsáveis por cerca de 70% dos casos de infecções pneu-
mocócicas invasivas, tanto em países da Europa e nos Estados
Unidos, como no Brasil.

Em relação à efetividade, uma metanálise (Cochrane) avaliou


estudos randomizados e observacionais envolvendo várias
vacinas pneumocócicas polissacarídicas. As principais con-

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clusões dos autores foram que as vacinas pneumocócicas
multivalentes fornecem proteção significativa
contra pneumonia adquirida na comu-
nidade, embora nenhuma evi-
dência indique que a vacinação
reduziu o risco de pneumonia
pneumocócica confirmada, o
que foi um evento relativamente
raro. Evidências de qualidade mo-
derada sugerem os benefícios da
vacinação contra o pneumococo em
pessoas com DPOC, com redução da
probabilidade de exacerbação. Um es-
tudo em indivíduos institucionalizados
mostrou efetividade de 64% para a preven-
ção de pneumonia pneumocócica.

A duração da proteção obtida com o uso da


VPP23 não é longa e doses de reforço parecem
estar relacionadas com respostas imunes subóti-
mas, fenômeno conhecido como tolerância imu-
nológica.

▶ Vacinas pneumocócicas conjungadas VPC10, VPC13


e VPC15 – As três estão licenciadas no Brasil para uso
em crianças. As vacinas pneumocócicas conjugadas 13
e 15-valente (VPC13 e VPC15) também estão licencia-
das para adolescentes, adultos e idosos. A conjugação dos
polissacarídeos do pneumococo a uma proteína transportado-
ra (vacina conjugada) resulta em antígeno indutor de resposta
imune T-dependente, portanto, mais robusta, sendo eficaz tam-
bém para lactentes e capaz de reduzir o estado de portador são
e de gerar proteção mesmo de pessoas não vacinadas, além de
resposta booster, inclusive em pacientes imunocomprometidos.
A VPC10 foi introduzida no calendário infantil brasileiro em
2010 para menores de 2 anos. Hoje, a recomendação do PNI é
para crianças menores de 5 anos. Após a introdução, houve um
declínio significativo nos casos de DPI causadas por sorotipos
vacinais, inclusive nas taxas de hospitalização por pneumonias
confirmadas radiologicamente, por todas as causas, em crian-
ças vacinadas.

Apesar do indiscutível êxito da estratégia, com o passar do


tempo, foi verificado um aumento gradativo da circulação de
sorotipos não contidos na VPC10 (fenômeno conhecido como
replacement), com destaque para os sorotipos 19A, 3 e 6C. Essa
“lacuna” pode ser preenchida com as vacinas conjugadas 13V
e 15V, pois elas oferecem proteção contra os três tipos que, no
Brasil, são atualmente os principais causadores de DPI.

Dos casos de DPI registrados em 2022, 27,2% foram provoca-


dos pelo sorotipo 19A e 11,5% pelo sorotipo 3. Ambos vêm
apresentando resistência crescente aos antibióticos (penicilina
e ceftriaxona), particularmente o 19A, além do 6C.

Na avaliação realizada pelo Instituto Adolfo Lutz em 2022, em


As VPP23, VPC10, pacientes de até 5 anos de idade, cerca de 50% não apresenta-
VPC13 e VPC15 são vam suscetibilidade à penicilina, o que dificulta o tratamento,
inativadas, portanto, aumenta o tempo de hospitalização e o custo do tratamento
podem ser utilizadas antimicrobiano. O clone CC320 (ST320), associado ao sorotipo
19A, é o mais frequente na resistência bacteriana.
com segurança em
imunodeprimidos. Composição
▶ VPC10: sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23 F.
▶ VPC13: sorotipos 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 23F.
▶ VPC15: sorotipos 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F,
22F, 23F e 33F.
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Considerações
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

1. Existem três vacinas seguras e eficazes para proteger adultos da do-


ença pneumocócica: VPC13, VPC15 e VPP23. A vacinação é eficaz
na prevenção das formas invasivas da infecção pneumocócica e há
evidências de proteção também para a pneumonia adquirida na
comunidade.

2. Embora persistam algumas controvérsias, a VPP23 fornece prote-


ção contra a infecção pneumocócica invasiva de 50% a 80% em
adultos, e sua indicação se mantém para pessoas com alguma con-
dição de risco para a infecção.

3. Estudo CAPITA, com a vacina VPC13, prospectivo, envolvendo


84.496 indivíduos (>65 anos sem exposição prévia a vacinas pneu-
mocócicas), avaliou a eficácia da vacina na prevenção da infecção
pneumocócica. Foi demonstrada eficácia na prevenção do primei-
ro episódio de PAC por sorotipo vacinal (ST) de 45,6% e na preven-
ção do primeiro episódio de PAC não bacterêmica por ST vacinal
de 45%. A eficácia na prevenção do primeiro episódio de DPI por
sorotipo vacinal foi de 75%.
11
4. Com base em evidências, a VPC13 e a VPC15 proporcionam ní-

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


veis de anticorpos melhores e, possivelmente, persistência mais
prolongada em adultos. Considerando a sugestão de que o uso
de vacina conjugada permite uma resposta de reforço quando
seguida da aplicação de vacina polissacarídica, o Centers for Di-
sease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos (EUA)
recomenda que indivíduos com mais de 19 anos pertencentes aos
grupos de risco recebam VPC13 ou VPC15, seguida por VPP23
oito semanas após (imunodeprimidos) ou 12 meses (imunocom-
petentes) mais tarde.

5. Nos EUA, já está disponível uma vacina conjugada 20-valente. Ela


é mais abrangente por acrescentar à composição da VPC15 mais
cinco sorotipos: 8, 10A, 11A, 12F e 15B. A VPC20 é utilizada iso-
ladamente, em substituição ao esquema sequencial de VPC13 ou
VPV15 e, posteriormente, de VPP23.

6. O Comitê Assessor de Práticas de Imunizações (Acip), nos EUA,


recomenda como rotina, para todas as pessoas com mais de 65
anos de idade, independente da situação de saúde, uma dose de
VPC15, seguida de uma dose de VPP23, com intervalo de um ano
da vacina conjugada. Se disponível, a vacina VPC20 deve ser utili-
zada isoladamente, não sendo necessário o esquema sequencial de
vacina conjugada e polissacarídica.

7. A SBIm e a SBPT recomendam a vacinação rotineira de maiores


de 60 anos com VPC13 ou VPC15, seguida, após seis a 12 meses,
da VPP23. Para aqueles que antes receberam uma dose de VPP23,
respeitar o intervalo de um ano para aplicar a VPC13 ou VPC15
e agendar uma segunda dose de VPP23 para cinco anos após a
primeira VPP23. Para aqueles previamente vacinados com duas
doses de VPP23, deve-se respeitar o intervalo de um ano entre
a última dose de VPP23 para a aplicação da dose de VPC13 ou
VPC15. Se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes dos 65
anos, está recomendada uma terceira com intervalo mínimo de
cinco anos. Confira este esquema na Figura 3.

8. Para grupos de risco, independentemente da idade, a SBIm e a


SBPT recomendam o uso sequencial de VPC13 ou VPC15 e VPP23
(para maiores de 2 anos de idade) com intervalo de dois meses en-
tre elas (Figura 3).

9. A VPC13 e a VPP23 estão disponíveis nos Centros de Referências


para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para diversos grupos, de
acordo com o Manual dos CRIE atualizado em 2023. As VPC13,
VPC15 e VPP23 estão disponíveis em serviços privados, para crian-
ças, adolescentes, adultos e idosos com recomendação das vacinas.
10. Para as crianças com risco aumentado e que recebam a VPC10, está
indicado o esquema de três doses no primeiro ano de vida e reforço
no segundo ano. A terceira dose deve ser realizada nos CRIE, como
recomendação especial.

Figura 3 – Esquema sequencial de VPC13 ou VPC15 e VPP23


recomendado para pneumopatas acima de 2 anos de idade

INTERVALO DE
2 MESES

VPC13
VPP23 5 ANOS VPP23
ou VPC15

5 ANOS
INTERVALO DE
2 A 6 MESES

≥1 ANO VPC13
VPP23 VPP23
ou VPC15

Fonte: sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-idoso.pdf (Acesso em 10/09/2023)

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Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

RECOMENDAÇÕES DOS CRIE PARA AS VACINAS


PNEUMOCÓCICAS*
VPC13 seguida da VPP23 nas seguintes condições:
▶ pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA);
▶ pacientes oncológicos com doença em atividade ou até alta mé-
dica;
▶ transplantados de órgãos sólidos (TOS);
▶ transplantados de células-tronco hematopoiéticas (TCTH);
▶ asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas;
▶ imunodeficiências primárias ou erro inato da imunidade;
▶ fibrose cística (mucoviscidose);
▶ fístula liquórica e derivação ventrículo peritoneal (DVP).
*Fonte: Manual dos Centros de
Referência para Imunobiológicos
Especiais – 6 ed. (2023).
VPC10 para crianças até 59 meses de idade; VPP 23 para crianças
a partir de 2 anos de idade, adolescentes, adultos e idosos. Ambas,
nas seguintes situações: 13
▶ imunodeficiência devido à imunodepressão terapêutica;

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


▶ implante coclear;
▶ nefropatias crônicas/hemodiálise/síndrome nefrótica;
▶ pneumopatias crônicas, exceto asma intermitente ou persisten-
te leve;
▶ asma persistente moderada ou grave;
▶ cardiopatias crônicas;
▶ hepatopatias crônicas;
▶ doenças neurológicas crônicas incapacitantes;
▶ trissomias;
▶ diabetes;
▶ doenças de depósito.

ATENÇÃO
▶ A VPP23 não está disponível nos CRIE para investigação diag-
nóstica de imunodeficiências.
▶ A VPC15 não está disponível na rede pública.

RECOMENDAÇÕES DE USO DAS VACINAS CONJUGADAS


(VPC13 E VPC15)
As sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm), Pediatria (SBP) e
Infectologia (SBI), tendo por base dados epidemiológicos do Sistema
de Vigilância Nacional (SVE) e internacionais, a carga da doença em
diferentes faixas etárias e em pessoas com risco aumentado para do-
ença pneumocócica invasiva, recomendam:
▶ uso preferencial das duas vacinas de maior valência (VPC13 ou
VPC15) em relação à VPC10, única disponível para crianças
menores de 5 anos no calendário do PNI;
▶ VPC13 ou VPC15 no calendário de rotina infantil, para crian-
ças menores de 5 anos, sendo o número de doses variável con-
forme a idade de início do esquema de vacinação:
▶ início ao nascimento: três doses (2-4-6 meses) com reforço en-
tre 12 e 15 meses (esquema 3+1);
• início entre 7 e 11 meses: duas doses com intervalo de dois
meses e reforço entre 12 e 15 meses, com intervalo mí-
nimo de dois meses após a segunda dose (esquema 2+1);
• início entre 12 e 23 meses: duas doses com intervalo de
dois meses;
• início a partir de 24 meses: dose única.

ATENÇÃO:
▶ para crianças que iniciaram ou completaram esquema com
VPC10, recomenda-se, sempre que possível, ampliar a prote-
ção com dose(s) adicional(is) de vacinas que contemplem os
sorotipos 19A, 3 e 6A;
▶ as VPC13 e VPC15 podem ser intercambiadas em qualquer mo-
mento do esquema vacinal.
RECOMENDAÇÕES PARA A VACINAÇÃO DE ADULTOS
▶ VPC13 ou VPC15 para pessoas com 60 ou mais anos de vida (entre
50 e 59 anos a indicação fica a critério médico). Esquema: dose única
a partir de 60 anos de idade, complementando a prevenção com a va-
cina VPP23, em esquema sequencial (intervalo de dois a seis meses).

RECOMENDAÇÕES PARA PACIENTES ESPECIAIS


▶ VPC13 ou VPC15 para todos os grupos com risco aumentado de
DPI, complementando a prevenção com esquema sequencial com a
VPP23, para maiores de 2 anos de idade. O número de doses depen-
derá da idade e situação imune do paciente.

INFLUENZA
A influenza ou gripe é uma doença infecciosa aguda do trato res-
piratório, altamente contagiosa, causada por vírus da família
Orthomyxoviridae, classicamente dividido em três tipos imunológicos:
Mixovirus influenza A, B e C, sendo que apenas os tipos A e B têm
relevância clínica em humanos.

Sua transmissibilidade é alta, sobretudo pela via direta, por meio das
secreções respiratórias da pessoa contaminada expelidas durante a fala,
tosse ou espirros. A via indireta se caracteriza pelo contato das mãos
em superfícies recém-contaminadas por secreções respiratórias, o que
possibilita levar o agente infeccioso direto à boca, aos olhos ou ao nariz.

A síndrome gripal clássica é caracterizada por início abrupto dos sin-


tomas, com febre alta, calafrios, cefaleia, tosse seca, mialgia, fadiga e
anorexia. Em geral, tem evolução benigna e autolimitada, de poucos
dias. Porém, é possível a ocorrência de complicações, que são mais co-
14 muns em extremos de idade e em indivíduos com algumas condições
clínicas, como doença pulmonar crônica, cardiopatias, doença meta-
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

bólica crônica, câncer, imunodeficiência ou imunodepressão, gravidez,


doença renal crônica e hemoglobinopatias. As complicações pulmona-
res mais comuns são as pneumonias virais primárias e a pneumonias
bacterianas secundárias, além de quadros de exacerbação de doenças
de base como DPOC e asma brônquica.

O vírus caracteriza-se por elevada taxa de mutação e as epidemias


anuais são causadas por novos subtipos que surgem em consequência
de pequenas alterações antigênicas (antigenic drifts), resultantes de
mutações pontuais durante a replicação viral. Essas alterações im-
plicam a necessidade de modificação a cada ano da composição da
vacina, definida a partir das informações do sistema de monitora-
mento do vírus, ação essencial para identificar os novos tipos (clados)
de influenza e o risco de uma ameaça global causada pela doença.
Esse monitoramento é realizado por Global Influenza Surveillance
Network (GISN) desde 1947, e conta com 130 centros nacionais de
Influenza em 101 países.
A infecção por influenza favorece infecções respiratórias bacterianas
secundárias, e o pneumococo e o estafilococo são os agentes infeccio-
sos mais frequentemente implicados. A vacinação é a medida mais efi- 15
caz para prevenir a gripe e principalmente reduzir a morbimortalidade
associada à doença e, nas últimas décadas tal medida tem sido utilizada
com sucesso.

No Brasil, três tipos de vacinas estão disponíveis e são constituídas de


vírus inativados e fragmentados (portanto, sem risco de infectar o pa-
ciente): a trivalente (com três subtipos virais: dois A[H1N1eH3N2] e um
B) e dois tipos de vacinas tetravalentes que diferem na quantidade
de antígeno, mas apresentam a mesma composição (qua-
tro subtipos virais: dois A [H1N1 e H3N2] e dois
B), conforme orientação anual da Organização
Mundial de Saúde (OMS).

Em 2023, foi licenciada e disponibilizada no Bra-


sil a vacina influenza tetravalente com alta con-
centração de antígenos (high dose) – quantidade
quatro vezes maior de cada um dos componentes
antigênicos por subtipo (60 microgramas). Está
licenciada e recomendada a partir de 60 anos de
idade, com o objetivo de estimular de forma mais
robusta o sistema imune de pessoas com idade mais
avançada, por responderem de forma menos efetiva à
vacinação, devido à imunossenescência. Está disponível
apenas no setor privado, assim como a vacina tetrava-
lente com dose padrão (15 microgramas de antígeno para
cada um dos quatro subtipos).

Em adultos jovens saudáveis, a eficácia da vacina influenza


é de cerca de 70 a 90%. A detecção de anticorpos protetores
ocorre, em geral, cerca de duas semanas após a vacinação, e o
pico máximo do título de anticorpos é atingido quatro a seis se-
manas após a imunização. A duração da proteção conferida pela
vacinação varia após seis meses, a depender da idade e do estado Milk
os
to |
pho
imunológico de cada paciente. can
sto
ck

Em idosos, estima-se que a eficácia protetora da vacina na prevenção


de doença respiratória aguda seja de cerca de 60%. No entanto, os reais
benefícios da vacina estão na capacidade de prevenir a pneumonia vi-
ral primária ou bacteriana secundária, a hospitalização e a morte.

A vacina trivalente está disponível nas UBS, durante as campanhas de


vacinação anuais do MS, para pessoas a partir de 60 anos, crianças de
6 meses a menores de 5 anos, trabalhadores de saúde, professores das
redes pública e privada, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45
dias após o parto), pessoas privadas de liberdade – o que inclui adoles-
centes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas – além dos
funcionários do sistema prisional, imunocomprometidos e portadores
de comorbidades.
As vacinas influenza tri e tetravalentes, assim como a High dose, são
inativadas e devem ser especialmente recomendadas para populações
de risco.

VSR
O vírus sincicial respiratório (VSR) é causa de infecções respiratórias
em pessoas de qualquer idade, mas atinge principalmente crianças pe-
quenas. Porém, as pessoas com idade mais avançada apresentam maior
risco de desfechos graves, podendo o VSR ser inclusive mais fatal do
que o vírus influenza em indivíduos acima de 60 anos.

De acordo com o informe de Vigilância de Síndromes Gripais (BE 157


do MS, até SE 48 de 2023), a taxa de mortalidade ligada à síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) por VSR, em pessoas acima de 60
anos, foi em torno de 21% (605 casos/128 óbitos). Além da idade, a
imunossenescência e a presença de comorbidades aumentam os riscos
de evolução mais grave após infecção por esse vírus, que costuma ser
causa de exacerbações em pneumopatas crônicos.

O VSR foi reponsável por 11,4% das hospitalizações dos pacientes com
DPOC e por 7,2% dos pacientes com asma, configurando um impor-
tante agente etiológico causador de descompensação destas doenças.
Dentre as comorbidades mais frequentes entre pessoas com mais de 60
anos hospitalizadas por VSR nos Estados Unidos, destacam-se a insufi-
ciência cardíaca, o diabetes, a doença pulmonar obstrutiva crônica e a
asma brônquica. É cada vez maior a frequência com que o diagnóstico
tem sido feito, o que se deve, principalmente, à maior disponibilidade de
métodos moleculares.

Duas vacinas que utilizam a proteína F de fusão no vírus, em sua


16 conformação pré-fusional, foram desenvolvidas para uso em idosos.
A indução de anticorpos protetores e imunidade celular contra o VSR
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

é conferida após a administração das vacinas, com dados mostrando


persistência da proteção por pelo menos duas temporadas do vírus.
Trata-se dos primeiros imunizantes contra as enfermidades associa-
das a esse vírus em adultos, como, por exemplo, a pneumonia, abrin-
do uma importante possibilidade de prevenção para os pacientes com
pneumopatias crônicas. Recomenda-se neste momento o seu uso para
indivíduos com 60 anos ou mais assim que disponível.

VACINA
A vacina Arexvy© (GSK) é a primeira a ser disponibilizada no Brasil.
Indicada para pessoas a partir dos 60 anos, tem como objetivo princi-
pal a proteção desse grupo etário contra infecção do trato respiratório
inferior (ITRI) pelo VSR, principalmente as pessoas com comorbida-
des e fragilidades que representam risco aumentado de complicações
da infecção, internação e óbito.
É uma vacina recombinante proteica adjuvantada, composta pela pro-
teína F em sua forma pré-fusão, associada a um potente sistema adju-
vante: o ASO1e. A vacina é muito imunogênica em adultos com idade
mais avançada e demonstrou capacidade de induzir forte resposta hu- 17
moral com alta produção de anticorpos neutralizantes em pessoas com

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


mais de 60 anos de idade. O potente adjuvante utilizado na composição
conseguiu elevar os níveis de células TCD4+ específicas para proteína F
a níveis semelhantes aos observados em populações jovens.

A eficácia clínica para prevenção de ITRI pelo VSR, confirmada labo-


ratorialmente por RT-PCR, foi demonstrada em estudo de fase III e em
análise combinada de estudos de fase I/II. Os pesquisadores avaliaram
a eficácia vacinal (EV) durante duas temporadas de VSR. Para a pri-
meira temporada, a EV foi de 82,6% para ITRI; para formas graves,
alcançou 94,1%, com proteção elevada também em grupos de maior
suscetibilidade – de pessoas com comorbidades e fragilidades.

Na segunda temporada, houve redução em relação à proteção obtida


na primeira, mas os dados acumulados de EV para as duas temporadas
demonstraram ainda alta proteção – 78,8% para ITRI grave nos parti-
cipantes que receberam apenas uma dose no início do estudo. Portanto,
houve proteção sustentada durante as duas temporadas de circulação
do VSR.

A segurança dessa vacina foi avaliada em dois estudos e o principal


evento adverso foi dor no local de aplicação, observado em 60,9% dos
participantes. Edema e eritema locais também foram identificados,
mas em menor proporção. A maioria dos ESAVI foram de intensidade
leve a moderada, com resolução espontânea em poucos dias. Dentre os
eventos adversos sistêmicos observados, a fadiga foi o principal, segui-
do de mialgia e cefaleia. Febre foi incomum. Eventos adversos graves
foram raros.

RECOMENDAÇÕES
A vacina está recomendada em dose única de 0,5 mL (via intramuscu-
lar) para todas as pessoas a partir de 60 anos de idade, com o objetivo
de prevenir ITRI. A recomendação é enfatizada para aquelas perten-
centes a grupos de risco aumentado para formas graves, hospitalização
e óbito decorrentes de infecção pelo VSR.

A única contraindicação é para pessoas com história de reação alérgica


grave a qualquer componente da vacina.

Sua coadministração foi avaliada apenas com a vacina influenza sazo-


nal. Para as demais vacinas, os dados de aplicação simultânea estão em
avaliação, sem resultados no momento.
COVID-19
Desde o primeiro caso de covid-19, identificado no início de 2020, e
ao longo dos mais de três anos de pandemia, o Brasil registrou mais de
38 milhões de casos e 700 mil óbitos pela doença, conforme notificado
pelas secretarias estaduais de saúde ao Ministério da Saúde, disponível
no painel Coronavírus/Brasil (www.covid.saude.gov.br).

No Brasil, entre 2020 e 2023, até a semana epidemiológica (SE) 43, fo-
ram notificadas 3.598.936 hospitalizações e 870.778 óbitos por SRAG.
Desses, 61% (2.178.608) dos casos ocorreram em decorrência da co-
vid-19 e 79% dos óbitos (686.625) se deveram à SRAG pela mesma
causa. O ano com o maior registro de casos hospitalizados e óbitos por
covid-19 foi 2021. Ressalta-se que, após o alcance de boas coberturas
vacinais, observou-se redução na hospitalização e na evolução a óbito,
fato observado, principalmente, a partir de 2022.

Entre os 5.666 óbitos por SRAG causados pela covid-19 notificados em


2023 até a SE 39, 83% (5.070) apresentavam uma ou mais comorbi-
dades e/ou fatores de risco, com destaque para cardiopatias, diabetes,
pneumopatias e imunocomprometimento.

Vacinas covid-19
A recomendação de vacinação contra a covid-19 para 2024 pelo MS/
PNI está direcionada às populações de maior risco, com o objetivo
de oferecer melhor proteção contra doença grave e morte. Dentre os
grupos prioritários estão os imunocomprometidos e as pessoas com
comorbidades. É fundamental que esses pacientes mantenham seus
reforços atualizados, seguindo as orientações e logísticas operacionais
dos órgãos governamentais competentes.
18
No grupo dos pneumopatas crônicos graves, são incluídas as pessoas
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

com doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pul-


monares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave
(uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise
asmática ou uso de doses altas de corticoide inalatório e de um segundo
medicamento de controle no ano anterior).

Esquemas vacinais
É importante destacar que tanto para a doença (novas possibilidades
terapêuticas e/ou profiláticas, covid longa etc.), assim como para as
vacinas (recomendações e composições das vacinas), com frequência
temos novidades e alterações. É fundamental consultar sites de refe-
rência como os da OMS, do MS e das sociedades científicas.
TABELA 2 – Esquema de vacinação para os grupos prioritários em 2024

Registro no
Recomendação Intervalo 19
Vacina Esquema prévio sistema de
em 2024 mínimo
informação

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


D1

D1 + D2
Pfizer
Reforço
bivalente D1 + D2 + REF1 Uma dose 6 meses
(REF)
(RNAm)
D1 + D2 + REF1 + REF2

D1 + D2 + REF1 + REF2 + Bivalente

Fonte: DPNIS/SVSA/MS.
Nota: pessoas imunocomprometidas que receberam esquemas prévios com a dose adicional ou D3, com ou sem doses de reforços
subsequentes, também deverão receber uma dose da vacina covid-19 no ano de 2024.

HERPES-ZÓSTER
O herpes-zóster (HZ) é a uma doença causada pela reativação do
vírus Varicela-zóster, latente no organismo após o primeiro contato,
quando causa a varicela, popularmente conhecida como catapora.
É caracterizado por erupção cutânea localizada, em geral dolorosa,
envolvendo um ou poucos dermátomos adjacentes.

A principal complicação da doença é a neuralgia pós-herpética, dor


que pode se estender por um período prolongado depois da resolução
do rash cutâneo. A depender da intensidade dos sintomas, o quadro
pode ter grande impacto na qualidade de vida e levar à incapacidade
física, perda de autonomia e/ou depressão.

Em indivíduos com doenças pulmonares, principalmente aquelas ca-


racterizadas por diminuição da função pulmonar, com redução de
capacidade vital, qualquer obstáculo à realização das incursões res-
piratórias ou dos movimentos de tosse, como por exemplo a dor, po-
dem causar acúmulo de secreção e infecções secundárias, piorando o
quadro de base.

A incidência do HZ tem crescido em todo o mundo e registros de di-


versos países mostram um aumento durante a pandemia de covid-19,
inclusive no Brasil. Apesar de poder atingir indivíduos de qualquer
idade, a probabilidade de HZ cresce com o avançar da idade, especial-
mente a partir dos 50 anos.

Os riscos de ocorrência, bem como as complicações são mais eleva-


dos em pessoas imunocomprometidas, como por exemplo, aquelas
que vivem com HIV/Aids, transplantadas, pacientes com câncer e em
uso de drogas imunossupressoras.
Vacinas
VACINA HERPES-ZÓSTER ATENUADA
Até meados de 2022, a única vacina disponível no Brasil para preve-
nir o HZ e suas complicações era a Zostavax© (Merck), constituída
de vírus vivos atenuados, administrada em dose única por via subcu-
tânea e licenciada para adultos imunocompetentes acima de 50 anos
de idade.

É contraindicada para imunocomprometidos, salvo algumas exceções


que constam em bula e devem ser avaliadas pelo médico. A eficácia
varia com a faixa etária, sendo menor nos mais idosos. A proteção ofe-
recida é curta, declinando de maneira significativa após o terceiro ano
da vacinação. Sua comercialização foi interrompida no Brasil em 2022.

VACINA HERPES-ZÓSTER RECOMBINANTE (VZR)


Em 2017, foi aprovada nos Estados Unidos uma nova vacina para
HZ, a Shingrix© (GSK). Trata-se de uma vacina inativada, constituí-
da pela glicoproteína E recombinante – um antígeno importante do
vírus varicela-zóster –, em combinação com o adjuvante AS01. Esta
vacina demonstrou nos estudos pivotais uma alta eficácia, acima de
90% na prevenção do episódio agudo, mesmo entre idosos acima de
70 anos de idade.

Por ser inativada e, portanto, sem riscos para pessoas com prejuízo
do sistema imune, está indicada para indivíduos maiores de 50 anos
e para imunocomprometidos a partir de 18 anos de idade. A vacina
foi registrada no Brasil em junho de 2022, por enquanto apenas em
serviços privados de imunização.

RECOMENDAÇÕES SBIm
20 A VZR é recomendada de rotina a partir de 50 anos, no esquema
de duas doses (0-2 meses), mesmo para pacientes que já tiveram a
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

doença ou que foram vacinados previamente com a vacina atenuada


(intervalo mínimo de dois meses).

Esta vacina é particularmente recomendada para pneumopatas, uma


vez que diversos estudos demonstram um risco maior de HZ nesses
pacientes. Neste caso, a aplicação pode ser considerada pelo médico
para pneumopatas a partir dos 18 anos de idade, em decisão compar-
tilhada com o paciente.

O uso da VZR em imunocomprometidos requer a observação de


orientações específicas que podem ser consultadas na nota “Vacina
herpes-zóster inativada recombinante (Shingrix®)” na seção "Anexos"
deste Guia.
COQUELUCHE 21

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


A cobertura vacinal para vacinas contendo o componente pertussis
vinha aumentando substancialmente na pediatria nas últimas déca-
das, superando 95% em 2009. Infelizmente, não é o que temos ob-
servado nos últimos anos, quando desde 2015 há uma redução para
índices que têm ficado abaixo de 80%.

A coqueluche persiste como importante problema de saúde pública,


ocorrendo na forma endêmica e epidêmica, mesmo nos países em
que as coberturas vacinais no primeiro ano de vida são elevadas.

A infecção e a vacinação não levam à imunidade permanente. A au-


sência de reforços ao longo da vida (naturais ou com vacinas) leva a
um aumento de casos em adolescentes e adultos jovens que, em geral,
apresentam a doença com poucos sintomas e passam a ser responsá-
veis pela sua disseminação para a população mais suscetível que são
os lactentes jovens. Pacientes com comorbidades, entre eles os pneu-
mopatas, têm risco maior de quadros mais graves e complicações se
infectados pela Bordetella pertussis.

O ser humano é o único hospedeiro e reservatório da bactéria. O con-


tágio se dá por meio de contato com gotículas respiratórias geradas
por tosse ou espirro de pessoas doentes nas primeiras três semanas
do quadro, especialmente na fase catarral e início da fase paroxística,
quando dificilmente se faz a suspeita diagnóstica. Até 80% dos con-
tactantes domiciliares não imunes podem adquirir a doença.

Pacientes com doença pulmonar com comprometimento de função


respiratória podem apresentar elevada morbimortalidade associada
às intensas crises de tosse característica da coqueluche, como fratu-
ra de costela, pneumotórax e até crise convulsiva. Embora este seja
o quadro clínico clássico, naqueles com pneumopatias crônicas as
manifestações podem ser diferentes, apresentando-se apenas por
mudança na característica da tosse preexistente ou por uma piora
da dispneia basal. A DPOC mais que dobra o risco de pertussis (RR
2.53/95% CI: 2.40–2.68).

A coqueluche é uma doença frequentemente subdiagnosticada em


adultos, por inúmeros motivos, sendo um deles o fato de o profissio-
nal de saúde acreditar que é uma doença apenas de crianças.

Não existe vacina isolada para a prevenção da coqueluche. Adolescen-


tes, adultos e idosos podem ser vacinados com a dTpa (vacina tríplice
bacteriana acelular do tipo adulto) que contém ainda os toxoides te-
tânico e diftérico, ou com a dTpa-VIP (vacina quádrupla acelular do
tipo adulto), que agrega antígenos inativados da poliomielite, além
dos já citados.
Para pacientes menores de 7 anos estão disponíveis dois tipos de va-
cinas como parte da rotina do calendário da criança: na rede pública,
o imunizante de células inteiras; na rede privada, vacinas acelulares
em diversas combinações. Para o reforço em crianças maiores de 4
anos, adolescentes, adultos e idosos, as vacinas dTpa e dTpa-VIP es-
tão disponíveis apenas na rede privada. A vacinação de profissionais
da saúde, gestantes e puérperas com a dTpa, considerada prioridade
para a proteção de lactentes, é oferecida pelo PNI desde 2014.

A vacinação com dTpa contra a coqueluche está recomendada para


mulheres grávidas, a cada gestação, a partir da 20ª semana, pois este
é o período em que há maior transferência de anticorpos maternos
para o feto, entretanto, a vacina pode ser aplicada até o momento do
parto. Mulheres não vacinadas na gestação devem receber a vacina no
puerpério, o mais precocemente possível. Para mulheres que preten-
dem viajar para países nos quais a poliomielite é endêmica, ou na falta
de dTpa, recomenda-se a vacina dTpa-VIP.

Nos CRIE, as vacinas acelulares DTPa, penta acelular (DTPa/Hib/


VIP) e hexa acelular (DTPa/Hib/HB/VIP) estão disponíveis e indica-
das para crianças menores de 7 anos com pneumopatias crônicas, que
apresentem risco aumentado de desenvolvimento de eventos graves à
vacina DTP ou à vacina penta de células inteiras.

As vacinas pertussis são muito eficazes na prevenção de formas graves


da doença, mas menos eficazes para prevenir formas atenuadas. En-
tretanto, a duração da proteção induzida por essas vacinas (em espe-
cial as com componente acelular) é relativamente curta – em muitos
22 casos, inferior a dez anos. Acredita-se ser essa uma das causas do
ressurgimento da doença. É importante salientar que a doença co-
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

queluche (ao contrário do sarampo e varicela, por exemplo) não con-


fere proteção vitalícia, o que explica novos episódios em indivíduos
previamente acometidos, inclusive adultos e idosos.

As vacinas coqueluche, nas diferentes apresentações, são inativadas,


portanto, podem ser utilizadas em imunodeprimidos.
23

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


RECOMENDAÇÕES SBIm
▶ Atualizar dTpa independente de intervalo prévio com dT ou
TT.
▶ Com esquema de vacinação básico completo: reforço com
dTpa a cada dez anos.
▶ Com esquema de vacinação básico incompleto: uma dose de
dTpa a qualquer momento e completar a vacinação básica com
dT (dupla bacteriana do tipo adulto) de forma a totalizar três
doses de vacina contendo o componente tetânico. Não vacina-
dos e/ou histórico vacinal desconhecido: uma dose de dTpa e
duas doses de dT no esquema 0-2-4 a 8 meses.
▶ Para indivíduos que pretendem viajar para países nos quais a
poliomielite é endêmica: recomenda-se a vacina dTpa combi-
nada à pólio inativada (dTpa-VIP). A dTpa-VIP pode substi-
tuir a dTpa.

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can
OUTRAS INFECÇÕES
IMUNOPREVENÍVEIS

A SBIm e a SBPT entendem que todas as pessoas devem estar em


dia com as vacinas recomendadas nos calendários vacinais para cada
faixa etária. Por essa razão, relacionamos aquelas que estão indica-
das nos calendários básicos, mesmo que não representem risco au-
mentado de complicações ou óbito nos pacientes com pneumopatias
crônicas.

VARICELA (CATAPORA)
Causada pelo vírus da varicela-zóster (VVZ), a varicela é uma doen-
ça altamente contagiosa, com uma taxa de ataque que varia de 61%
a 100% para os contactantes domiciliares. Caracteriza-se por um
período prodrômico de um a dois dias, com febre e mal-estar geral,
seguido pelo surgimento das lesões de pele com características pro-
gressivas: mácula, pápula, vesícula e crosta.
24
Na maioria dos casos, a doença é autolimitada, com duração de dez a
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

14 dias. Mas o VVZ pode levar a manifestações extracutâneas, como


pneumonia, encefalite, ataxia cerebelar, artrite, hepatite, glomerulo-
nefrite e pericardite. A complicação mais frequente é a infecção se-
cundária das lesões de pele, podendo levar a formas sistêmicas graves.
Na gestação, pode causar lesão no sistema nervoso central do feto,
levando a manifestações no recém-nascido como: catarata, cegueira
e retardo mental, conhecida como síndrome da varicela congênita.
A doença nos imunocomprometidos é mais grave e evolui de forma
disseminada e com maior risco de complicações.

Após a fase aguda, o VVZ permanece latente nos gânglios linfáticos


da cadeia dorsal. Nos idosos, ou durante um período de imunode-
pressão, o vírus pode se reativar e causar o herpes-zóster, caracte-
rizado por um rash vesicular unilateral e geralmente doloroso (ver
"Herpes-zóster", p. 19).
25

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


A vacina varicela é composta de vírus vivos atenuados e está dispo-
nível na rede pública para crianças de 15 meses de idade na apresen-
tação tetraviral, com uma segunda dose, na forma monovalente, aos
4 anos de idade. Na rede privada é recomendada também em duas
doses, a partir dos 12 meses de idade para crianças, adolescentes e
adultos. A vacina varicela pode ser usada para controle de surtos em
ambientes hospitalares ou em escolas, em comunicantes suscetíveis
imunocompetentes acima de 9 meses de idade.

A imunoglobulina hiperimune para varicela (IGHVAZ ou VZIG) está


disponível nos CRIE e pode ser usada até 96 horas (até dez dias, se-
gundo o CDC) após o contato com a doença – imunoprofilaxia pós-
-exposição, com o intuito de evitar o desenvolvimento de sua forma
grave nos seguintes casos:

1. Quando o comunicante for suscetível, isto é:


a) pessoas imunocompetentes e imunodeprimidos sem história
bem definida da doença e/ou de vacinação anterior;
b) pessoas com imunodepressão celular grave, independentemen-
te de história anterior de varicela.

2. Quando houver contato significativo com o vírus varicela-zóster,


isto é:
a) contato domiciliar contínuo: permanência com o doente du-
rante pelo menos uma hora em ambiente fechado;
b) contato hospitalar: pessoas internadas no mesmo quarto do
doente ou que tenham mantido com ele contato direto prolon-
gado, de pelo menos uma hora.

3. Quando o suscetível for pessoa com risco especial de desenvolver


varicela grave, isto é:
a) crianças ou adultos imunodeprimidos;
b) menores de 1 ano em contato hospitalar com VVZ;
c) gestantes;
d) recém-nascidos de mães nas quais o início da varicela ocorreu
nos cinco últimos dias de gestação ou até 48 horas depois do
parto;
e) recém-nascidos prematuros, com 28 ou mais semanas de gesta-
ção, cuja mãe nunca teve varicela;
f) recém-nascidos prematuros, com menos de 28 semanas de ges-
tação (ou com menos de 1.000 g ao nascimento), independen-
temente de história materna de varicela.
SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA
Sarampo – Doença infecciosa aguda, causada por um vírus RNA
chamado Morbillivirus, da família Paramyxoviridae. É grave, trans-
missível e extremamente contagiosa. A OMS estima que antes da in-
trodução da vacina contra o sarampo, em 1963, e da vacinação gene-
ralizada, grandes epidemias ocorriam aproximadamente a cada dois
ou três anos e causavam cerca de 2,6 milhões de mortes por ano.

Estima-se que, em todo o mundo, 128.000 pessoas morreram de sa-


rampo em 2021 – a maioria crianças com menos de 5 anos de idade,
apesar da disponibilidade de uma vacina segura e eficaz.

Em 2016 o Brasil recebeu o certificado de eliminação da doença, po-


rém, em 2018 o sarampo retornou ao país pela região Norte. Como
consequência, nos anos seguintes foram registrados surtos em prati-
camente todos os estados, devido às baixas coberturas vacinais. Os
últimos casos notificados foram em 2022, porém precisamos melho-
rar outros indicadores para recuperar a certificado de eliminação no-
vamente.

Caxumba – É causada por um vírus específico pertencente à cate-


goria do parainfluenza, subgrupo do paramixovirus. A parotidite in-
fecciosa costuma apresentar-se sob a forma de surtos, que acometem
mais as crianças. Estima-se que, na ausência de imunização, 85% dos
adultos poderão ter a doença, sendo que 1/3 dos infectados não apre-
sentará sintomas. A doença é mais severa em adultos. As estações
com maior ocorrência de casos são o inverno e a primavera.

Rubéola – É uma doença exantemática aguda, causada por um vírus


pertencente ao gênero Rubivírus, da família Togaviridae. Apresenta
alta contagiosidade, acometendo sobretudo crianças em idade es-
26 colar. Tem curso benigno, com manifestações clínicas leves, muitas
vezes subclínico ou assintomático e raras complicações. Sua impor-
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

tância epidemiológica está relacionada à síndrome da rubéola congê-


nita (SRC), quando a infecção ocorre durante a gestação, causando
complicações importantes, com abortos, natimortos e malformações
congênitas. O Brasil no dia 23 de abril de 2015 recebeu do Comitê
Internacional de Experts o documento que atesta a eliminação da Ru-
béola e da Síndrome da Rubéola Congênita.

A vacina sarampo, rubéola e caxumba (tríplice viral) é composta por


vírus vivos atenuados, portanto, contraindicada em imunodeprimi-
dos e gestantes. Está disponível na rede pública para crianças de 12
meses de idade com uma segunda dose, na apresentação tetraviral
(combinada à varicela) aos 15 meses de idade; adolescentes e adultos
até os 29 anos em duas doses e, em dose única até os 59 anos. Já para
os profissionais da saúde, em duas doses, independente da idade. Na
rede privada é recomendada sempre em duas doses, com intervalo
mínimo de um mês entre elas.
HEPATITE A
É a mais comum dentre as hepatites virais e sua distribuição é mun- 27
dial, com incidência superior a 1.500.000 casos/ano. No entanto, sua

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


frequência é muito mais elevada nos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento e, mesmo nesses, tem grande variabilidade regional.
Em Manaus, por exemplo, foi encontrada positividade sorológica de
93% na população em geral, porém no Rio de Janeiro e Porto Alegre,
esse índice foi de 55%. Com o passar dos anos, tem caído a prevalên-
cia e a incidência dessa doença, em particular nas regiões com melho-
res condições sanitárias, o que significa um aumento da suscetibilida-
de da população adulta no país, justamente na idade em que a doença
costuma se manifestar clinicamente de forma mais importante.

A vacina hepatite A é inativada e, portanto, segura, mesmo em pacien-


tes imunodeprimidos. Está disponível na rede pública, em dose única
para menores de 5 anos de idade, nos CRIE em situações especiais e nas
clínicas privadas para qualquer idade a partir de 1 ano, sendo o esque-
ma recomendado de duas doses com seis meses de intervalo.

HEPATITE B
A OMS estima que 296 milhões de pessoas viviam com infecção crô-
nica por hepatite B em 2019, ano em que foram registradas 1,5 milhão
de novas infecções. No mesmo período, a doença resultou em cerca
de 820.000 mortes, principalmente por cirrose e carcinoma hepato-
celular. Apesar dos avanços na terapia antiviral, apenas uma minoria
dos pacientes com hepatite crônica apresentará resposta sustentada
ao tratamento.

A vacina hepatite B é inativada e, portanto, segura, mesmo em pa-


cientes imunodeprimidos, que devem ser vacinados seguindo esque-
ma especial de quatro doses, com o dobro da dosagem para a faixa
etária. Na rede pública e nas clínicas privadas está disponível para
todas as idades, em três doses, no esquema 0-1-6 meses.

FEBRE AMARELA
Em suas formas mais graves, a febre amarela tem alta letalidade, che-
gando a 50%, sendo mais grave em crianças de baixa idade e idosos.
Em 2023, 34 países da África e 13 países da América Central e do Sul
eram considerados endêmicos ou com regiões endêmicas para a febre
amarela, segundo a OMS.

Um estudo de modelagem, baseado em fontes africanas de dados, es-


timou que a carga da doença durante 2013 foi de 84.000 a 170.000
casos graves e de 29.000 a 60.000 mortes.
Existem dois ciclos de transmissão: o urbano e o silvestre. Na Améri-
ca do Sul, o ciclo predominante é o segundo, com esporádicos relatos
de forma urbana na Bolívia e no Paraguai. No Brasil, há mais de 70
anos não há registro de febre amarela urbana (erradicada em 1942),
mas existe o risco potencial de retorno em regiões em que o mosqui-
to Aedes aegypti, também transmissor de febre amarela, bem como
o Aedes albopictus, outro mosquito de crescente importância, estão
presentes. Na atualidade, a doença em nosso país só ocorre por meio
de seu ciclo silvestre, com transmissão pelos mosquitos dos gêneros
Haemagogus e Sabethes.

A vacina febre amarela é composta de vírus vivo atenuado, de alta


imunogenicidade (ao redor de 97%) e oferece proteção prolongada e,
em geral, segura. No entanto, desde 2001 têm ocorrido raros relatos
de eventos adversos fatais, resultantes da visceralização do vírus va-
cinal. Nos Estados Unidos observou-se maior risco em idosos (risco
de 0,1 caso/100.000 doses aplicadas nos menores de 60 anos e 1,8
caso/100.000 doses aplicadas nos maiores de 60 anos) – fato esse não
verificado no Brasil. Todos os casos relatados ocorreram após a pri-
meira dose da vacina.

Em 2018, a vacinação passou a ser recomendada para todos os brasi-


leiros, uma vez que as cinco regiões do país foram consideradas en-
dêmicas para a febre amarela. A orientação de dose única é feita pela
OMS desde 2013 e pelo Ministério da Saúde do Brasil desde 2017,
para quem recebe a primeira dose a partir dos 5 anos. Contudo, como
há possibilidade de falha vacinal, a SBIm recomenda, neste caso, uma
segunda dose dez anos após a primeira. Para crianças abaixo de 5
anos, estão recomendadas duas doses no calendário infantil: aos 9
meses e aos 4 anos.
28
A indicação da vacina em situações especiais de saúde deve ser indi-
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

vidualizada, levando em conta o risco-benefício, considerando a epi-


demiologia do local de residência ou de destino (no caso de viajantes)
e nível de imunossupressão. A decisão de vacinar deve ser tomada em
conjunto com o paciente.

Um exemplo é o de mulheres grávidas sem dose anterior desse imu-


nizante e que residam em áreas de grande risco de febre amarela e
aquelas que vão se deslocar para região de risco da doença, na impos-
sibilidade total de se evitar a viagem durante a gestação. A vacinação
só poderá ocorrer após criteriosa avaliação do risco/benefício. No
caso de gestantes que viajam para países que exigem o Certificado
Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), mas que não seja de
alto risco para a doença, elas devem ser isentadas da vacinação.
A vacina febre amarela está contraindicada durante a lactação até que 29
o bebê complete 6 meses de idade. Se a vacinação por imprescindível,

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deve-se suspender o aleitamento materno por pelo menos dez dias
após a imunização.

A vacina febre amarela está disponível nas UBS e clínicas privadas de


vacinação.

DOENÇA MENINGOCÓCICA
Causada pela bactéria Neisseria meningitidis, resulta em doenças in-
vasivas graves, como a meningite e a meningococcemia. As infecções,
em geral, têm início abrupto e evoluem de forma rápida, alcançando
no Brasil uma taxa de letalidade de 15% a 20%. A doença pode aco-
meter pessoas de todas as faixas etárias, porém, no Brasil, a maior
incidência ocorre em crianças menores de 5 anos de idade, sobretudo
nos menores de 1 ano. Em situações de surtos observa-se uma distri-
buição aumentada da doença entre os adolescentes e adultos jovens.
Sabe-se que indivíduos assintomáticos podem ser portadores desta
bactéria na nasofaringe, propiciando a transmissão para indivíduos
suscetíveis.

A Neisseria meningitidis é classificada de acordo com a composição


antigênica de sua cápsula polissacarídica em 12 diferentes sorogru-
pos, sendo os sorogrupos A, B, C, Y, X e W responsáveis por pratica-
mente todos os casos da doença em humanos. Historicamente, veri-
fica-se alteração na predominância dos sorogrupos de meningococos
no Brasil e no mundo. Nos anos 1970, época de uma das maiores epi-
demias da doença no país, duas ondas epidêmicas se sobrepuseram,
a primeira em 1971, com predomínio do sorogrupo C; a segunda,
em 1974, com predomínio do sorogrupo A, sem que a incidência de
casos relacionados ao meningococo C tivesse retornado aos valores
endêmicos.

Na década de 1980, o sorogrupo A praticamente havia desaparecido


e o B tornava-se prevalente em relação ao C. Nos anos 1990, com
ápice em 1996, uma grande epidemia ocorreu à custa do sorogrupo B,
atingindo um coeficiente de incidência de 4,5 casos/100.000 habitan-
tes. A partir de 2002 registrou-se um aumento na proporção de casos
atribuídos ao sorogrupo C, mostrando uma tendência de crescimento
percentual deste sorogrupo em algumas regiões do país, como, por
exemplo, nos estados de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, onde
foi responsável, em 2007, por 76% dos casos identificados de doença
meningocócica, com o sorogrupo B respondendo por 17% dos casos
e os demais sorogrupos por 7%.
Hoje, segundo dados do Ministério da Saúde, predominam no Bra-
sil os sorogrupo B e C. Os números da doença meningocócica em
crianças têm caído expressivamente no Brasil desde 2010, quando a
vacina meningocócica C foi incluída no calendário infantil do PNI.
Durante a pandemia de covid-19, esses números caíram mais ainda,
mas voltaram a crescer a partir de 2022. O sorogrupo W apresenta
maior letalidade e também tem sido relatado.

A vacina meningocócica conjugada C é inativada, portanto segura


para uso em imunodeprimidos. É aplicada pelo PNI de rotina aos 3
e 5 meses, com reforço aos 12 meses de idade. Para adolescentes está
disponível a vacina ACWY, indicada entre 11-14 anos. Nos CRIE é
oferecida para condições especiais.

Nas clínicas privadas de vacinação estão disponíveis as vacinas me-


ningocócicas conjugadas monovalentes (C), quadrivalentes (ACWY)
e as monovalentes para o sorogrupo B.

As vacinas meningocócicas são inativadas, portanto, podem ser apli-


cadas em imunodeprimidos.

HPV
O HPV é um vírus que infecta homens e mulheres. Os tipos oncogê-
nicos estão presentes em mais de 99% dos casos de câncer do colo do
útero; 90% dos casos de câncer de ânus; cerca de 64% dos casos de
câncer de boca; e cerca de 40% dos casos de câncer de pênis. Os tipos
16 e 18 são os mais comumente relacionados aos cânceres citados. Já
90% das verrugas genitais são causadas pelos tipos 6 e 11, classifica-
30 dos como não oncogênicos.
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

A transmissão do vírus é essencialmente sexual, através do contato


com a pele ou mucosa de uma pessoa infectada. Por isso, apesar de
o uso de preservativos reduzir o risco, ele não é considerado uma
forma segura de prevenção, visto que o HPV pode estar alojado em
qualquer área da região anogenital.

Estudos mostram que a infecção por HPV é precoce, acometendo de 25 a


30% dos adolescentes no primeiro ano após o início da atividade sexual.

Para que a vacinação seja mais efetiva, o ideal é que ocorra antes do
contato com o vírus, ou seja, o mais precocemente para meninas e
meninos a partir dos 9 anos de idade. No entanto, pessoas mais ve-
lhas, mesmo aquelas previamente infectadas, também podem se be-
neficiar da vacinação.
Duas vacinas estão disponíveis no Brasil (todas inativadas): vacina
HPV4 – contendo os tipos 6, 11, 16, 18 e a vacina HPV9 – contendo 31
os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 5, com esquema de duas doses

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para meninas e meninos de até 14 anos (0 e 6 meses) e de três doses
acima dessa idade (0, 1 a 2 e 6 meses). Estão licenciadas para mulhe-
res e homens de 9 a 45 anos.

Na rede pública, a vacina HPV4 está disponível na rotina para meni-


nas e meninos de 9 a 14 anos. Para pessoas imunocomprometidas está
disponível até os 45 anos, sempre no esquema de três doses (0-1 a 2 e 6
meses), para qualquer idade e em ambos os sexos.

No setor privado está disponível somente a vacina HPV9.

As vacinas HPV são inativadas, portanto, seguras em imunodepri-


midos. Estão contraindicadas para gestantes por falta de estudos de
segurança nesse grupo.

POLIOMIELITE
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa e potencialmente
fatal causada pelo poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3). São considerados
fatores de risco para complicações, como as formas paralíticas: as
imunodeficiências primárias e secundárias; gravidez, pacientes amig-
dalectomizados, dentre outros. O último caso da doença no Brasil
ocorreu em 1989.

Existem dois tipos de vacina poliomielite no Brasil, sendo uma oral


de poliovírus vivos atenuados (VOP) e outra injetável de poliovírus
inativados (VIP). Atualmente, a oral é bivalente (contendo os soro-
tipos 1 e 3) e a inativada trivalente (contendo os sorotipos 1, 2 e 3).
Altamente imunogênicas e efetivas na prevenção, são seguras, porém
a VOP, por conter vírus vivos atenuados, pode raramente ocasionar
a poliomielite paralítica associada à vacina ou levar a casos de para-
lisia asociada ao vírus circulante no ambiente, que sofre reversão de
sua virulência, e que tem a mesma apresentação clínica, severidade
e letalidade da doença causada pelo vírus selvagem – estes casos são
extremamente raros e ocorrem um populações subvacinadas. A VIP
não apresenta risco de disseminação do poliovírus vacinal.

Nos postos públicos de saúde estão disponíveis a VIP (para as três


primeiras doses no primeiro ano de vida), e a VOP (para crianças
com mais de 12 meses previamente vacinadas com a VIP), ambas
na forma isolada. Os CRIE também disponibilizam a VIP (isolada
e combinada) para situações especiais, como imunossuprimidos e
seus contatos (Manual dos CRIE). Nas clínicas privadas de vacinação
a VIP está disponível na forma combinada a diversas outras vacinas
para crianças e adultos.
DENGUE
Doença infecciosa de grande impacto na saúde coletiva, a dengue é
registrada na maioria dos países das regiões tropicais e subtropicais.
Estima-se que ocorram anualmente cerca de 100 milhões de episódios
da doença em todo o mundo, levando a internações e óbitos. Os sur-
tos, que muitas vezes surgem de forma imprevisível, têm o potencial de
sobrecarregar os sistemas público e privado de saúde. Existem quatro
sorotipos do vírus da dengue (DENV): DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4.

A dengue apresenta período de incubação de quatro a dez dias (mé-


dia de cinco a seis dias). A infecção pode ser assintomática ou causar
um amplo espectro de quadros clínicos, desde formas pouco sinto-
máticas até quadros graves, com ou sem hemorragia. Normalmente,
o primeiro sintoma é a febre alta (39° a 40°C) de início súbito, du-
rando de dois a sete dias, podendo ser acompanhada de dor de cabe-
ça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos
olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos
são comuns. Nessa fase inicial, pode ser difícil diferenciá-la de outras
doenças febris.

Geralmente, entre o terceiro e o sétimo dia da doença, ocorre uma di-


minuição ou desaparecimento da febre e a maioria dos casos evoluem
para a recuperação e cura. Algumas pessoas, porém, podem apresen-
tar sinais de alarme, evoluindo para as formas graves da doença. Os
principais são: dor abdominal intensa e contínua, vômito persistente,
sangramento de mucosas (nariz, gengivas), hipotensão, letargia, so-
nolência ou irritabilidade e tontura.

Não existem medicamentos específicos para combater o vírus. O tra-


32 tamento visa ao controle dos sintomas, hidratação vigorosa e estabi-
lização do paciente.
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

Transmissão
O DENV é transmitido ao homem por um vetor, através da picada de
fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo urbano humano–vetor–
humano. Os relatos de transmissão por via vertical (de mãe para filho
durante a gestação) e transfusional são raros.

Dengue no Brasil
Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério
da Saúde, até o dia 1 de março de 2024 foram registrados:
▶ casos prováveis - 1.658.816
▶ óbitos em investigação - 218
▶ óbitos confirmados - 1.094
▶ coefiente de incidência - 777,6

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-
-aegypti/monitoramento-das-arboviroses - Acesso em 01/03/2024.
Vacinas disponíveis 33
Temos duas vacinas dengue licenciadas no Brasil, ambas atenuadas.

Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25


Dengvaxia® e Qdenga®. A vacina QDenga® é considerada preferencial
pelo esquema posológico e pela possibilidade de uso em pessoas pre-
viamente infectadas e não infectadas. Foi desenvolvida a partir de um
robusto estudo, seguindo protocolo recomendado pela OMS (segun-
da geração de vacinas Dengue) e demonstrou:
▶ eficácia vacinal contra a doença (80,2%) após 12 meses da se-
gunda dose;
▶ eficácia vacinal contra hospitalização (90,4%) após 18 meses da
segunda dose;
▶ sustendada proteção de até 45 meses contra hospitalização
(84,1%) e doença dengue (61,2%), independente de exposição
prévia;
▶ sem evidência de riscos nesse período de acompanhamento
(ADE);
▶ >20.000 participantes receberam ~39.000 doses da vacina;
▶ não foram identificados riscos importantes.

RECOMENDAÇÕES
A QDenga® é indicada para a prevenção da dengue causada por qual-
quer sorotipo do vírus em indivíduos dos 4 aos 60 anos de idade,
tanto soronegativos como soropositivos para dengue.

Deve ser administrada por via subcutânea, na dosagem de 0,5 mL, em


regime de duas doses (0 e 3 meses).

Por ser uma vacina atenuada, é contraindicada em imunodeprimidos,


gestantes e nutrizes.

Está disponível na rede privada, para todas as pessoas conforme re-


comendação de bula.

O PNI incorporou a vacina Qdenga® e iniciou a vacinação em feverei-


ro de 2024, exclusivamente para a população de 10 a 14 anos, de re-
giões endêmicas, em 521 municípios, devido a pouca disponibilidade
desse imunobiológico.
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36 Sites consultados
Pneumologia – Guia de Imunização SBIm/SBPT 2024/25

Estratégia de vacinação contra a covid-19 (2024)


https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/publicacoes/estrategia-de-vacinacao-
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Ministério da Saúde – Manual dos CRIE 6 ed. (2023) https://sbim.org.br/ima-


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Ministério da Saúde – Boletins epidemiológicos covid-19


https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de- conteudo/publicacoes/boletins/epide-
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rus/view

Organização Mundial de Saúde (OMS)


https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/hepatitis-b

Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)


www.sbim.org.br
Esta publicação foi composta com a família das tipografias Futura e Minion.

Versão digital, 11 de março de 2024.


Calendários de vacinação em atualização.
Consulte em breve neste Guia.
Magic RM 11-03-2024
Conteúdo de responsabilidade exclusiva da SBIm.
Versão digital, março de 2024 - calendários em atualização
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