Trabalho de Campo - Direito Administrativo

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LICENCIATURA EM 2˚ ANO DO CURSO DE DIREITO- I˚ BLOCO

O Regime Jurídico do exercício dos Direitos colectivos na função pública Moçambicana

Trabalho individual de campo

Módulo: Direito Administrativo

Discente:

Yasser Ibraimo Givrage

E-mail electrónico:
[email protected]
LICENCIATURA EM 2˚ ANO DO CURSO DE DIREITO- I˚ BLOCO

O Regime Jurídico do exercício dos direitos colectivos na função pública Moçambicana

Trabalho individual de campo

Módulo: Direito Administrativo

Discente:

Yasser Ibraimo Givrage- Turma

Coordenação do
curso de Direito!

Tutor:

Inhambane, Abril de 2023


Índice
Introdução

O artigo 50 do Estatuto da Cidade criou para os municípios uma obrigação de elaborarem uma
lei que cuide da política urbana municipal, denominada Plano Diretor. O dispositivo legal
estabelece que caso os municipíos obrigados a editarem o Plano Diretor, na data da entrada em
vigor do Estatuto da Cidade, 10 de Outubro de 2001, não tiverem esse instrumento, poderão
editar esse diploma legal até a data de 10 de Outubro de 2006. Caso os municípios não respeitem
esse comando legal, os prefeitos e os vereadores poderão ser condenados por atos de
improbidade administrativa, nos termos do artigo 52, VII da Lei Federal 10257/01.

Desse modo, a necessidade criada por Lei gerou aos municípios uma grande preocupação em
elaborar esse instrumento normativo. Nesse processo, haverá por consequência revisão de toda a
legislação municipal que regula o espaço urbano, de modo a adequar o planejamento urbano nos
municípios ao novo marco legal de regulação do espaço urbano, introduzido pelo Estatuto da
Cidade.

No entanto, embora os municípios estejam compelidos a cumprirem uma obrigação legal, devido
às graves consequências jurídicas que os seus prefeitos e vereadores poderão vivenciar, não
poderão deixar de realizar este processo dentro das regras da gestão democrática das Cidades.

Não será possível um administrador público, ou o Presidente da câmera dos Vereadores


argumentar ser desnecessário ou ineficaz a utilização dos instrumentos de gestão democrática das
Cidades, considerados diretriz da política urbana pelo artigo 02, II do Estatuto da Cidade. O
planejamento urbano, sobretudo a edição do plano diretor, não poderá mais ser realizado de
forma tecnocrática, em gabinetes, pois a noção de planejamento participativo pressupõe a
atuação e oitava de todos os menbros da Cidade na escolha do espaço urbano, que efetivamente
desejam viver.

Até porque tanto a jurisprudência quanto o Estatuto da Cidade previram sanções para os agentes
públicos violadores de regras de planejamento urbano democrático.

Desse modo, surge a necessidade de estudar o regime jurídico da Audiência Pública, considerada
um dos instrumentos da gestão democrática das Cidades, como forma de orientar os
administradores públicos a utilizarem o instrumento da melhor forma possível, cumprindo as
exigências democráticas do planejamento urbano, previstas pelo Estatuto da Cidade e mais
recentemente pelas Resoluções 25 e 34 do Conselho das Cidades.

Para muitos administradores públicos ou até Cidadãos habitantes dos municípios, essa sessão
pública de debates junto aos órgãos públicos é considerada perda de tempo, algo ineficaz
justamente por ser impossível conciliar opniões conflitantes em uma reunião aberta a todos os
membros da Cidade.
Conceito- Regime Especial de Actividade

Entende-se por Regime especial de actividade o exercício por período determinado de funções
que o funcionário desempenha para além das que efectivamente correspondem à sua categoria
profissional (art. 82 do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado).

O exercício dessas funções é decidido pela Administração e determinado pelas necessidades de


serviço, independentemente da vontade ou consentimento do funcionário. Trata-se pois dum acto
unilateral da Administração, mas que na prática, essa vontade ou consentimento não poderá ser
alheia. Tecnicamente quer a designação para o exercício dessas funções, quer a sua cessação são
decisões unilaterais da Administração.

Essa designação para que seja executada e cumprida, carece de despacho com publicação no
Boletim da República (vide n˚ 03 do art 82).

Destacamento

A inciativa desta situação pode ser interna ou externa com todos os pressupostos que isso
implica, mas sempre por inciativa do serviço e no interesse do Estado. É por regra por período
não superior a 02 anos, podendo esse período ser prolongado por razões ponderosas de serviço.

É uma situação da competência dos dirigentes dos órgãos centrais do aparelho do Estado e dos
Governadores Provinciais, mas quanto a estes limita aos funcionários sobre os quais tem
competência para nomear.

O funcionário destacado mantém a sua situação no quadro a que pertence, mas o seu lugar nesse
quadro pode ser provido interinamente. Caso o destacamento se prolongue por período superior a
dois anos, o funcionário será colocado em situação se supranumerário e é aberta vaga no quadro.

A sua remuneração será a que corresponder ao cargo que exerce em destacamento que por via de
regra será de valor superior ao que vinha recebendo.

Comissão de Serviço

O artigo 84 do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado indica que este regime especial é
destinado ao exercício de funções classificadas como de "direcção e chefia" inspecção ou
lugares de confiança (sejam elas da área comum do aparelho de Estado, sejam da área específica
do sector respectivo, devendo também estas constar do quadro de pessoal).

O sistema de carreiras e remuneração, aprovado pelo Decreto n° 64/98, de 03 de Dezembro,


prevê a actividade de inspecção, também como uma carreira de regime especial.
Nota-se que o regime de comissão de serviço é o único que obriga a provimento e posse com as
respectivas formalidades idênticas às da nomeação. Para efeitos de remuneração as funções são
agrupadas em 09 grupos e respectivos subgrupos, de acordo com o anexo II do Decreto n° 64/98.

A comissão de serviço pode além disso ter como base o contrato (n° 04 do artigo 84 do EGFE).
Esta situação já foi analisada no respectivo capítulo. Nos termos do artigo 18 do Decreto n°
64/98, de 3 de Dezembro, fim da comissão de serviço e desde que a cessação de funções não
tenha sido determinada por motivo disciplinar, os funcionários nomeados para funções de
direcção e chefia de nível igual ou superior a Chefe de Departamento Provincial ou equiparado
tem direito ao provimento em classe superior à que possuíam à data da nomeação.

O referido provimento obedece aos seguintes critérios:

 cada período de 05 anos completos de exercício contínuo da função, contado da data da


última promoção atribui o direito à promoção à classe ou categoria imediatamente
superior no primeiro escalão da faixa salarial;
 cada 03 anos excedentes ao período anterior do direito a progressão na respectiva faixa
salarial.

Interinidade

Este regime especial, previsto do artigo 85 do EGFE, só pode ser utilizado para o caso de lugar
vago por motivo de destacamento, comissão de serviço ou de qualquer das situações de
actividade fora do quadro ou de inactividade, previstas nos artigos 91 e 93 do EGFE que
impliquem suspensão de vencimentos.

O funcionário neste regime tem direito, a durante o período de interinidade usar das regalias
inerentes à categoria ou carreira que exerce.

A lei fixa que este regime (interinidade) só pode ser utilizado para o preenchimento de uma
categoria ou carreira cujo titular se encontra destacado, em comissão de serviço ou na situação de
actividade fora do quadro ou de inactividade, isto é, estamos no âmbito das categorias ou carreira
e não de funções.

Daqui que este regime especial não deve ser utilizado para o preenchimento de funções de
direcção e chefia ou de lugar de confiança.

O n° 04 do artigo 85 do EGFE prevê a possibilidade da interinidade ser exercida por cidadão não
funcionário, desde que reúna as condições estabelecidas na lei para o seu provimento normal
com excepção dos concursos.
De qualquer forma o cidadão nomeado nestas condições, a nomeação fica sujeita a visto do
Tribunal Administrativo não adquire a qualidade de funcionário nem portanto estará sujeito a
posse, devendo no entanto ser lavrado termo de início de funções.

A remuneração do interior está indicada no artigo 115 do EGFE.

Substituição

Nota-se logo à partida, que este regime só pode ser utilizado para preencher lugar de função de
direcção e chefia ou lugar de confiança, vago por não provimento do lugar de confiança, vago
por não provimento do lugar ou impedimento do respectivo titular por período não superior a 1
ano.

Nota-se mais que a substituição deve recair prioritariamente no substituto legal a ser definido no
respectivo estatuto orgânico podendo no caso de inexistência deste, ser designado substituto
funcionário que reúna os requisitos do qualificador profissional da função a substituir ou exerça
função imediatamente inferior. Nota-se também que, como qualquer outro regime especial de
actividade, carece de despacho publicado em Boletim da República, n° 03 do artigo 82 do EGFE.

Excepcionalmente, não existindo no serviço funcionário satisfazendo os requisitos referidos pode


a designação recair em funcionário doutro quadro de pessoal do aparelho de Estado, por
determinação do dirigente com competência para nomear o seu delegado expressamente
autorizado.

A remuneração desta situação está prevista no artigo 116 do EGFE, desde que a substituição seja
por período igual ou superior a 30 dias. O comando do artigo 86 do EGFE funcionava portanto
num período de 30 dias a 01 ano e deve ser utilizado na linha hierárquica ascendente.

Acumulação

Este regime significa o exercício simultâneo de duas funções pelo mesmo funcionário, por
motivo de ausência ou não provimento de uma dessa função. A acumulação não deve exceder o
período máximo de 01 ano e deve aplicar-se para funções de nível idêntico. A remuneração deste
regime está contida no artigo 117 do EGFE, correspondente a 25% da função acumulada.

Chama-se a atenção para os seguintes factos anotados na análise do regime especial de


actividade:

 O artigo 75 ( interinidade) refere-se a categorias;


 O artigo 86 ( substituição) refere-se a funções;
 O artigo 87 ( acumalação) refere-se, igualmente, a funções.
O conteúdo de política urbana, objeto do Direito Urbanístico, pelo que se depreende da leitura da
Constituição Federal, em última análise traduz-se no Direito da política especial da cidade. Basta
realizarmos a leitura, conjugado o caput do artigo 182, e seus parágrafos 2 e 4, com o artigo 183
e artigo 30, VIII.

Por sua vez, o Estatuto da Cidade (Lei 10257/01), ao dispor sobre as diretrizes gerais no artigo
02, preve para o Poder Público a existência de deveres de ordenar e controlar o emprego
(consiste no uso, parcelamento, ocupação e edificação) do solo ( incisos VI, XIII, XIV e XV) e
de proteger o patrimônio coletivo (inciso XII)

Na verdade, a Lei Federal definiu que a política urbana não pode ser um amontoado de
intervenções sem rumo, pois pela leitura do caput do artigo 2 e inciosos, I, V, VIII e deverá
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana de modo
a garantir o direito a cidades sustentáveis.

Nelson Saule Junior explica que a política urbana definida pelo artigo 182 da Constituição
Federal, cujo objectivo é ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem estar de seus habitantes, conta com o plano director, instrumento jurídico
destinado a consubstanciar suas orientações, implementar suas metas, directrizes e órgãos de
gestão.

Diante do conceito exposto, fica fácil perceber que a actividade urbanística envolve um conceito
importante: Intervenção na propriedade privada, especialmente pela ordenação do espaço urbano.

É preciso assinalar, conforme menciona o professor José Afonso da Silva, que a actividade
urbanística, desempenhada pelo Poder Público, por envolver intervenções na vida privada,
costuma gerar conflitos entre os interesses colectivos e individuais. De um lado, encontra-se o
Poder Público ordenando os espaços urbanos para alcançar as funções sociais da cidade e da
propriedade, de outro existem os interesses individuais dos proprietários que pretendem retirar
deste bem todo o seu proveito económico, construindo o máximo volume e edificando todo o seu
terreno.

A composição desses conflitos é a própria tarefa do Direito Urbanístico, que procurará ordenar
os espaços habitáveis das cidades com vistas a promover um equilíbrio nesse espaço,
promovendo a harmonia entre as funções de moradia, trabalho, lazer e circulação.

Desse modo, percebe-se nitidamente que a actividade urbanística envolve o sentido amplo de
Administração Pública, pois abrange actividades de Governo e administração, isto é
planejamento e execução. No primeiro caso, encontra-se a vertente da elaboração da política
urbana, através da edição de leis de zoneamento, uso e ocupação do solo, planos directores, leis
orçamentárias e no segundo caso das actividades de intervenção urbanística, que compreendem
actos de expedição de licenças de construção, autorizações, concessão de outorga onerosa.

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