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ESTRATÉGICO
A interpretação de Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel acerca do tema
As diferentes “escolas” do pensamento estratégico serão apresentada a seguir baseadas na
interpretação de Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel ([1]).
1) Escola do Design: É uma das escolas mais influentes na formulação das estratégias empresariais,
a qual é baseada nos trabalhos de Chandler ([2]) e Selznick ([3]). Ela apresenta a elaboração da
estratégia como um processo de concepção, pela análise e combinação do ambiente interno com o
ambiente externo. A estratégia da organização é desenhada ( design) em busca do melhor ajuste
entre o ambiente interno e o externo; ou seja, entre as capacidades e competências da empresa e as
oportunidades e ameaças presentes no ambiente de negócios.
A Matriz SWOT é a principal ferramenta dessa escola. Além disso, outros dois (2) fatores
importantes para a construção das estratégias são os valores gerenciais, as crenças e preferências
daqueles que lideram a organização e a responsabilidade social – especificamente a ética da
sociedade, na qual a empresa está inserida. As principais críticas à essa escola são:
A avaliação de pontos fortes e fracos passa longe do aprendizado, pois a formação da estratégia é
um processo de concepção, em vez de aprendizado.
Uma crítica a essa escola é que os planos elaborados apresentam pouca conexão com a realidade,
promovendo a visão de que planejamento e execução não estão relacionados. Mintzberg aponta o
seguinte problema nessa escola: a falácia de que a análise pode produzir a síntese; ou seja, de um
processo analítico formal pode-se extrair uma recomendação que sintetize um curso de ação a ser
seguido e prever descontinuidades.
3) Escola do Posicionamento: Essa escola é fortemente influenciada pelos trabalhos de Michel
Porter e, a elaboração de sua estratégia, é fruto de uma análise da organização considerando-se o
contexto da indústria na qual ela se encontra. A Escola do Posicionamento se tornou uma das
escolas de planejamento mais influentes do mundo, quando Porter publicou “Estratégias
Competitivas”. A premissa dessa escola é a escolha de uma posição no mercado e, ao contrário das
escolas de Design e do Planejamento, que não colocam limites à geração de estratégias numa dada
situação, essa argumenta que poucas estratégias são desejáveis em qualquer indústria onde a
organização atue.
Segundo Mintzberg, as principais críticas à essa escola estão relacionadas ao foco, contexto,
processos e nas estratégias em si. O foco é estreito, sendo orientado para o econômico em oposição
ao social e ao político. O contexto é direcionado para grandes empresas tradicionais. O processo
com excesso de formalização pode impedir não só o aprendizado e a criatividade, mas também o
envolvimento emocional.
Trata-se da estratégia como perspectiva, associada com o senso de direção, imagem e foco presentes
na construção da visão de futuro da empresa. Logo, o conceito central dessa escola é a visão; ou
seja, uma representação mental da estratégia, criada e comunicada pelo líder. Daí o papel do
empreendedor no desenvolvimento dessa escola remonta aos trabalhos de Schumpeter ([4]) e sua
noção de “destruição criativa”, a qual é o motor do Capitalismo ao mesmo tempo que o
empreendedor seria o guia desse motor. Na interpretação de Mintzberg, as principais características
do processo de geração das estratégias na organização empreendedora seriam:
A elaboração da estratégia é marcada por saltos para a frente num terreno dominado por
incertezas.
As principais críticas a essa escola são a dependência excessiva da figura do líder visionário e as
limitações que isso pode gerar para o processo de geração de estratégias. O culto à personalidade
gera uma sobrecarga com relação ao desempenho do líder e, uma questão que deve ser tratada com
rigor, é a falta de embasamento científico da associação do sucesso empresarial à personalidade
empreendedora do líder.
5) Escola Cognitiva: Essa escola entende a formulação da estratégia como um processo mental e
analisa como as pessoas percebem padrões e informações. Usando a Psicologia Cognitiva, busca-se
entender os processos mentais dos gerentes. Ela surgiu em 1990, inspirada na teoria
comportamentalista de Simon ([5]) e estuda como as crenças produzidas pelo senso comum são
contempladas no pensamento estratégico, associando processos individuais aos coletivos, do
indivíduo à organização.
Nota-se que essa escola faz uma ponte entre as escolas que possuem alto grau de objetividade; ou
seja, as escolas do Design, Planejamento, Empreendedorismo e as escolas mais subjetivas. A
principal crítica à essa escola é que ela é caracterizada mais por seu potencial do que por sua
contribuição. Apesar da importância da cognição para o processo de formação da estratégia, a
Psicologia Cognitiva ainda precisa resolver como se formam os conceitos na mente de um
estrategista.
6) Escola do Aprendizado: Essa escola trata a estratégia como um processo emergente, no qual os
gerentes prestam atenção ao que funciona ou não ao longo do tempo e incorporam esse aprendizado
ao seu plano de ação gerencial. A Escola do Aprendizado desafiou todas as outras, pois ela é um
modelo de formação estratégica desenvolvida pela aprendizagem e define que a estratégia pode ser
encontrada e produzida por toda a organização. Uma empresa que aprende buscar transferir
internamente conhecimento, despende energia olhando para fora de seus limites em busca do
conhecimento. Por outro lado, as críticas a essa escola estão relacionadas com os seguintes
problemas:
Estratégia Errada: A aprendizagem tende a incluir pequenas tentativas que podem estimular o
surgimento de estratégias indesejáveis. A organização que aprende deve se preocupar com o
custo e a necessidade de aprendizagem.
7) Escola do Poder: Para essa escola a formulação da estratégia é um processo de negociação entre
indivíduos, grupos de interesse (stakeholders) e coalizões. Sendo assim, enfatiza-se a utilização do
poder, da influência e da política para negociar estratégias ao alcance de interesses particulares. A
concepção do poder como eixo central no desenvolvimento das estratégias pode ser abordada em
dois (2) ramos dessa escola:
Poder Micro: Quando consideramos o lado político dentro da organização e sua influência da
administração das organizações e, nesse caso, o foco recai nos conflitos entre
os stakeholders internos na organização.
Um exemplo para o sentido “micro” refere-se às negociações dos departamentos de uma empresa
para o lançamento de novos produtos ou a venda de uma unidade de negócios. Um exemplo para o
sentido “macro” relaciona-se às negociações e pressões de uma empresa numa situação pré-
falimentar por empréstimos subvencionados pelo governo. Mas, a principal crítica à essa escola
refere-se ao exagero de suas colocações, pois a formação da estratégia envolve poder, mas não
apenas isso. Falta atenção nos padrões de se formam, mesmo em situações de conflito.
8) Escola Cultural: Essa escola entende a formação de estratégia como um processo enraizado na
força social da cultura, envolvendo vários grupos e setores dentro da empresa. É o contraponto da
Escola de Poder, onde o interesse é individual e o sistema é fragmentador. Na escola Cultural o
interesse é comum e o sistema é integrador. As principais premissas dessa escola são:
A principal crítica a essa escola é que ela está centrada na possibilidade de estagnação da empresa,
pois essa escola pode desencorajar mudanças necessárias. A Escola Cultural está focada em explicar
as estratégias e não em recomendar o que se pode fazer, ou qual curso de ação deve ser seguido.
9) Escola Ambiental: A formação da estratégia é um processo reativo; ou seja, uma resposta aos
desafios impostos pelo ambiente de negócios no qual a empresa está inserida. Logo, o foco no
ambiente é fundamental porque as estratégias são reativas, focadas nas respostas às mudanças no
ambiente. Nessa escola, quanto mais estável o ambiente externo, mais formalizada a estrutura
interna. Já a dinâmica e a complexidade do ambiente levam a uma série de contingências que
precisam ser monitoradas dinamicamente.
As principais críticas a essa escola se referem a uma visão restrita de opção estratégica, diante do
fator ambiental. Nessa escola, as organizações devem considerar não a existência de opções, mas as
condições que aumentam (ou restringem) a amplitude das opções. Além disso, existe a necessidade
de o ambiente ser sondado com precisão para que se tenha uma rica descrição de como ele se
apresenta.
10) Escola da Configuração: Essa escola oferece a possibilidade de integração das ideias
apresentadas das outras escolas estudadas. A formação da estratégia é um processo de
transformação da organização, descrevendo a empresa e o contexto que a cerca como
configurações. Essa escola determina que, ao estabelecer o equilíbrio numa fase de existência da
empresa, é chegado o momento de criar uma estratégia para saltar para um estado superior.
A principal crítica a essa escola foi feita por Donaldson ([6]), quando ressaltou que as configurações
representam uma abordagem falha à teorização, pois simplificam demasiadamente o entendimento
das organizações e não consideram as muitas singularidades apresentadas na complexa realidade do
mundo organizacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
([1]) MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce, LAMPEL, Joseph. “Safari de Estratégia”. Porto
Alegre: Bookman, 2000
([2]) CHANDLER, Jr. A. “Strategy and Structure: chapters in the history of the industrial
enterprise”. Cambridge, MA: MIT Press, 1962
([4]) SCHUMPETER, J.A. “Capitalism, Socialism and Democracy”. New York: Harper & Row,
1950
([6]) DONALDSON, L. “For Cartesianism: Against Organization Types and Quantum Jumps. In for
Positivist Theory: Proving the Hard Cores”