Atividades Experimentais de Fisica

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Física

Atividades experimentais
e investigativas
Ca
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do
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fe
s
so
r

ensino médio
Distribuição gratuita,
venda proibida
governo do estado de são paulo
secretaria da educação

MATERIAL DE APOIO
AO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL
DO ESTADO DE SÃO PAULO

física
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E
INVESTIGATIVAS
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR

Primeira edição

2014

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Raquel Volpato Serbi Serbino
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação, Monitoramento e
Avaliação Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Dione Whitehurst Di Pietro
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Prezado(a) professor(a),

Em dezembro de 2011, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo instituiu o Programa Educa-
ção – Compromisso de São Paulo, que tem como um de seus pilares expandir e aperfeiçoar a política de
Educação Integral, como estratégia para a melhoria da qualidade do ensino e, portanto, para o avanço
na aprendizagem dos alunos.
Nesse contexto, foi criado, em 2012, o Programa Ensino Integral, com o objetivo de assegurar a formação
de jovens autônomos, solidários e competentes por meio de um novo modelo de escola. Esse novo modelo,
entre outras características, prevê jornada integral aos alunos, currículo integrado, matriz curricular diver-
sificada, Regime de Dedicação Plena e Integral dos educadores e infraestrutura que atenda às necessidades
pedagógicas do Programa Ensino Integral. Essa estrutura visa proporcionar aos alunos as condições neces-
sárias para que planejem e desenvolvam o seu Projeto de Vida e se tornem protagonistas de sua formação.
O Programa, inicialmente direcionado a escolas de Ensino Médio, teve sua primeira expansão em 2013,
quando passou a atender também os anos finais do Ensino Fundamental. O Programa deverá continuar sua
expansão nos segmentos que já atende e ampliar sua atuação na Educação Básica, compreendendo também
escolas dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Esta série de cadernos contempla um conjunto de publicações que se destina à formação continuada
dos profissionais que atuam no Programa Ensino Integral e também ao apoio dos adolescentes e jovens
em busca de uma aprendizagem bem-sucedida. Os cadernos ora apresentados têm um duplo objetivo: por
um lado, oferecer subsídios para otimizar o uso dos laboratórios, com base nas diretrizes que fundamentam
este Programa; por outro, destacar estratégias metodológicas que, em todos os componentes curriculares,
concorrem para que os estudantes possam ampliar suas competências na área de investigação e compre-
ensão – para observar, descrever, analisar criticamente os diferentes fenômenos de cada área, levantar
hipóteses que os expliquem e propor iniciativas para mudar a realidade observada. A série é composta pelas
seguintes publicações:
• Biologia: atividades experimentais e investigativas
• Ciências Físicas e Biológicas: atividades experimentais e investigativas
• Física: atividades experimentais e investigativas
• Manejo e gestão de laboratório: guia de laboratório e de descarte
• Matemática – Ensino Fundamental – Anos Finais: atividades experimentais e investigativas
• Matemática – Ensino Médio: atividades experimentais e investigativas
• Química: atividades experimentais e investigativas
• Pré-iniciação Científica: desenvolvimento de projeto de pesquisa
• Robótica – Ensino Fundamental – Anos Finais
• Robótica – Ensino Médio
Pretende-se, dessa maneira, contribuir para que as escolas desenvolvam atividades experimentais e
investigativas nos laboratórios, nos segmentos a seguir:
• Ensino Fundamental – Anos Finais: nas aulas de Ciências Físicas e Biológicas e de Matemática;
nas aulas de Práticas Experimentais; e nas aulas de disciplinas eletivas, dependendo da especificidade dos
temas e conteúdos selecionados.
• Ensino Médio: nas aulas de Biologia, Física e Química, da 1a a 3a séries; nas aulas de Prática de Ciên-
cias, na 1a e 2a séries; nas aulas de disciplinas eletivas, da 1a a 3a séries, dependendo da especificidade dos
temas e conteúdos selecionados; e em atividades para o desenvolvimento de Projetos de Pré-iniciação Cien-
tífica dos alunos.
Bom trabalho!
Equipe do Programa Ensino Integral
SUMÁRIO
Orientações sobre os conteúdos do Caderno.................................................................6
Tema 1: Tempo de reação humana...............................................................................9
Considerações iniciais ......................................................................................... 9
Como investigar o problema?................................................................................ 9
Para saber mais................................................................................................ 12
Tema 2: O tempo e sua medida................................................................................. 13
Considerações iniciais....................................................................................... 13
Como investigar o problema?.............................................................................. 14
Para saber mais ............................................................................................... 17
Tema 3: Galileu Galilei e o plano inclinado.................................................................. 18
Considerações iniciais....................................................................................... 18
Como investigar o problema?.............................................................................. 19
Para saber mais................................................................................................ 22
Tema 4: Desequilíbrios e equilíbrios.......................................................................... 23
Considerações iniciais....................................................................................... 23
Como investigar o problema?.............................................................................. 24
Para saber mais................................................................................................ 29
Tema 5: Fenômeno da ressonância ............................................................................ 29
Considerações iniciais....................................................................................... 29
Como investigar o problema?.............................................................................. 30
Para saber mais................................................................................................ 33
Tema 6: Propagação de ondas na água....................................................................... 34
Considerações iniciais ....................................................................................... 34
Como investigar o problema?.............................................................................. 35
Para saber mais................................................................................................ 38
Tema 7: Sons e o osciloscópio – um estudo sobre cordas vibrantes................................ 39
Considerações iniciais ....................................................................................... 39
Como investigar o problema?.............................................................................. 40
Para saber mais ............................................................................................... 45
Tema 8: Eletricidade e cargas elétricas....................................................................... 46
Considerações iniciais....................................................................................... 46
Como investigar o problema?.............................................................................. 47
Para saber mais ............................................................................................... 51
Tema 9: Simulando um circuito residencial................................................................. 52
Considerações iniciais....................................................................................... 52
Como investigar o problema?.............................................................................. 53
Para saber mais................................................................................................ 56
Tema 10: Caminhos da energia – processos de geração e sua transformação.................... 56
Considerações iniciais....................................................................................... 56
Como investigar o problema?.............................................................................. 57
Para saber mais................................................................................................ 61
Orientações sobre os conteúdos do Caderno
Este Caderno apresenta exemplos de atividades experimentais, em complementação às presen-
tes nas Situações de Aprendizagem dos Cadernos do Professor e do Aluno de apoio ao Currículo do
Estado de São Paulo (São Paulo faz escola), referenciados neste material como Caderno do Pro-
fessor e Caderno do Aluno. Essas atividades contribuem para a efetivação de uma das premissas
do Currículo do Estado de São Paulo, segundo a qual a educação científica não pode se resumir a
informar ou transmitir conhecimento, mas precisa estimular a investigação científica, a participa-
ção social, a reflexão e a atuação na resolução de problemas.

Uma atividade experimental pode atender a vários objetivos, que dependem de escolhas quanto
ao conteúdo, aos procedimentos e à articulação entre eles, na prática em sala de aula. O para quê,
o quê e o como são os três elementos indissociáveis de uma proposta de ensino, e a escolha de um
deles define a natureza dos outros dois.

Dessa forma, um arranjo experimental pode ser utilizado para demonstrar um fenômeno, como
o aparelho de Van de Graaff, que pode proporcionar um belo espetáculo com suas descargas lumi-
nosas, ou o pêndulo de Newton, que pode intrigar os estudantes e incentivá-los a compreender a
natureza dos movimentos das esferas. Nesse tipo de experimentação, embora não se tenha partici-
pação direta dos estudantes, pode-se chamar a atenção para aspectos específicos, mostrando que a
Física é bela, mágica e intrigante, o que é importante no processo de educação científica.

Os mesmos arranjos, o aparelho de Van de Graaff e o pêndulo de Newton, podem ser utilizados
segundo outra abordagem didática experimental, para aprofundar a compreensão de várias gran-
dezas elétricas e mecânicas, por meio de procedimentos experimentais bem estruturados em um
protocolo de realização. Essas são as chamadas atividades experimentais tradicionais, nas quais os
estudantes executam etapas determinadas por você, professor, para obter resultados já definidos ou
esperados. Nessas atividades, o foco está no aprofundamento de conceitos da Física – elas normal-
mente terminam com a determinação de um valor ou de uma relação quantitativa entre grandezas
mensuráveis –, proporcionando uma melhor compreensão dos conceitos estudados teoricamente.
Embora não se recomende o uso constante e exclusivo desse tipo de procedimento didático, pois
não são oferecidas oportunidades para o desenvolvimento de habilidades mais amplas da investi-
gação experimental, essa abordagem permite desenvolver habilidades importantes da investigação
científica, como a de ler e executar um protocolo em um determinado tempo, realizar medidas com
o cuidado exigido pelo equipamento, apresentar resultados de forma organizada, comunicar resul-
tados de forma objetiva ou reconhecer a importância do trabalho em grupo.

Um terceiro procedimento possível no uso desses mesmos aparelhos seria sua utilização em
projetos de investigação experimental de estudantes. Nesse tipo de abordagem mais complexa,
eles são os autores da escolha e do processo investigativo. Para que uma atividade experimental
desse tipo se torne realizável, é necessário que os estudantes já tenham desenvolvido habilidades
básicas como a de avaliar a importância do tema a ser investigado, contrapondo-se ao “fazer pelo
fazer”; a capacidade de fazer previsões ou formular hipóteses que direcionarão os procedimentos

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FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

experimentais, reconhecendo que não se fazem previsões significativas sem conhecimentos cien-
tíficos prévios; o uso adequado dos materiais disponíveis ou necessários para minimizar o custo
do experimento; a execução cuidadosa da obtenção de dados, com a compreensão da necessidade
de alterar cada variável por vez e de medir uma variável diversas vezes para diminuir o erro expe-
rimental associado, contrapondo-se assim à atitude do ensaio e erro; a sistematização de dados
em tabelas ou outras maneiras de possibilitar análises comparativas; a redação de resultados e sua
comunicação oral ou escrita; a análise da consistência interna do experimento confrontando os
resultados com as hipóteses efetuadas, e, quando possível, a verificação da consistência externa
comparando os resultados do experimento com aqueles das bibliografias científicas.

As habilidades mencionadas nas diferentes abordagens analisadas não são naturais e precisam
ser construídas pelos estudantes, com o apoio, por exemplo, de atividades didáticas práticas. As
atividades experimentais e investigativas propostas neste Caderno objetivam auxiliar os estudan-
tes na construção dessas habilidades básicas e na ampliação de conhecimentos, que possibilitarão,
como continuidade, a elaboração de projetos individuais ou em grupos.

Cada atividade está estruturada apresentando como ponto de partida uma situação experimen-
tal inserida em um contexto de natureza histórica e/ou social; em seguida, propõem-se alguns
questionamentos que podem instigar e apoiar os alunos no levantamento de hipóteses que expli-
quem o problema. Após uma sugestão de protocolo de procedimento de execução, com espaços
para a participação dos estudantes, há sugestões de continuidade, utilizando equipamentos dis-
poníveis nas escolas ou materiais de baixo custo. Complementarmente, são indicadas algumas lei-
turas para aprofundamento, relativas ao tema do experimento e sua ampliação.

São dez as atividades experimentais, sendo quatro para a 1a série, três para a 2a série e três para
a 3 série, e todas elas relacionadas aos temas dos Cadernos do Professor e do Aluno, complemen-
a

tando-os no sentido da ampliação e/ou aprofundamento.

Para a 1a série, a primeira atividade trata da medida do tempo de reação a um estímulo, parâ-
metro importante para a qualidade dos dados experimentais com o uso de cronômetro e em muitas
situações que envolvem reações a estímulos oriundos do trânsito, do esporte e de competições. A
segunda atividade está relacionada com a necessidade da medida do tempo diário e a caracteriza-
ção do pêndulo como marcador de tempo. A terceira atividade, contextualizada historicamente,
trata da medição da aceleração da gravidade simulando o procedimento utilizado por Galileu. A
quarta e última atividade, no contexto do cotidiano da construção civil, foca a atenção no equilí-
brio mecânico, estudando situações dinâmicas de desequilíbrio e equilíbrio.

Para a 2a série, a primeira atividade propõe a análise de ondas em águas rasas, contextualizando
o experimento com o fenômeno das ondas que destroem cais e regiões costeiras. A segunda ativi-
dade trata da análise da ressonância, fenômeno presente nos meios de transmissão e sintonização
de sinais, na Medicina e na Astronomia, entre outras áreas. A terceira atividade estuda os sons de
flauta e violão utilizando um osciloscópio (simulado por software), importante equipamento para
observações em Física, mas não usual em laboratório didático do Ensino Médio.

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Para a 3a série, está reservado, inicialmente, no contexto de fenômenos naturais com raios e
faíscas, o estudo de condutividade das cargas elétricas estáticas. Como segunda atividade, vem
a elaboração de um projeto e execução de uma planta de instalação elétrica residencial, com
simulação em baixa voltagem. E, para finalizar, a última atividade aborda a conservação de energia
na transformação da luz em energia, na qual estão presentes conceitos da Física moderna.

As atividades estão estruturadas em função da apresentação dos conteúdos nos Cadernos do


Professor e do Aluno – e não em termos de complexidade das habilidades experimentais e inves-
tigativas. Todas elas são essenciais e cabe a você, professor, verificar as aproximações que estão
ocorrendo em direção às habilidades básicas, na execução de cada experimento, no sentido de uma
aprendizagem em espiral ascendente. A avaliação sistemática do processo de construção dessas
habilidades deve ser o eixo norteador de mudanças e avanços das proposições de atividades expe-
rimentais e investigativas nos laboratórios das escolas do Ensino Médio.

No dia a dia da sala de aula, é sua prerrogativa selecionar atividades que favoreçam a construção
de conhecimento e o desenvolvimento das habilidades que deseja para seus estudantes. As ativida-
des práticas apresentadas neste Caderno representam contribuições para sua atuação como media-
dor da construção do estudante-sujeito: um estudante com curiosidade sobre o mundo que nos
cerca; com capacidade para identificar um problema que gostaria de ver resolvido e a metodologia
mais adequada para a solução do problema proposto; com capacidade de analisar resultados e tirar
conclusões. Assim, é importante que um dos aspectos da educação seja o de ampliar o aprendizado
com situações que exijam capacidades como as de imaginar, prever, decidir, fazer, experimentar,
medir, construir, avaliar e aprimorar a realidade a que são ou serão submetidos em situações da
vida, seja no ambiente escolar ou no mundo que os rodeia.

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FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Tema 1: tempo de reação humana

Considerações iniciais
O tempo que decorre entre o instante em que uma pessoa recebe um estímulo e responde a
ele é uma das causas da imprudência no trânsito, da incapacidade do goleiro de saber a direção
da bola numa cobrança de pênalti ou do insucesso de um corredor por uma saída com atraso.
Também em atividades experimentais e investigativas esse tempo de reação pode inviabilizar
experimentos envolvendo medidas de tempo pequenas, realizadas com uso de cronômetro, como
na medida da aceleração da gravidade pela queda de objeto próximo da superfície da Terra ou na
aferição do período de oscilação de um pêndulo de 1 m de comprimento. No primeiro exemplo,
o erro pode chegar próximo a 70% e, no segundo, a 20%. Em função da qualidade das medidas
desejadas, a determinação da reação a um estímulo exige outros instrumentos de medida de
tempo mais adequados.

Problema a ser investigado


Qual é a duração do tempo de reação de uma pessoa a um estímulo?

Habilidades
Reconhecer a importância do tempo de reação a um estímulo nas atividades do cotidiano; ela-
borar hipóteses sobre possíveis resultados, baseados em justificativas consistentes; coletar dados
e sistematizá-los em tabelas; compreender que toda medição tem, associado a ela, um erro, que
depende do equipamento utilizado e do procedimento de medição adotado; compreender que a
média de várias tomadas de dados é o melhor valor da medida; compreender a necessidade de con-
frontar os resultados com as estimativas/hipóteses iniciais; desenvolver trabalho em grupo, ou em
dupla, de forma harmoniosa, respeitosa e adequada; construir tabelas adequadas para apresentação
de dados experimentais.

Número de aulas
3 aulas.

Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Um bom início é perguntar aos estudantes sobre outros eventos do cotidiano em que eles iden-
tificam o envolvimento do tempo de reação. Alguns exemplos são os tempos entre: tocar o telefone
celular e atendê-lo; soar a campainha da porta e abri-la; acender e apagar uma lâmpada; ver um

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objeto cair e pegá-lo ainda no ar; pegar um objeto lançado ao ar por outra pessoa; ouvir e responder
a um chamado de seu nome; desviar a trajetória de um carro para evitar uma batida etc.

Em seguida, você pode perguntar aos estudantes qual seria um valor razoável do tempo de
reação, em segundos, para uma reação que deveria ser repentina. Solicite que justifiquem as
suas estimativas. Alguns podem dizer que é muitíssimo pequeno, quase zero, pois um estímulo é
decodificado instantaneamente; outros podem ainda dizer que não é zero, mas é menor que um
estalar de dedos, da ordem de 0,5 s; e outros podem ainda propor um valor maior que 1 s, pois
a transmissão de informação no cérebro demora um tempo significativo. Documente os valores
estimados para que, no final da atividade, eles sejam confrontados com os resultados obtidos
experimentalmente. Tais estimativas são as hipóteses definidas pelos estudantes diante do pro-
blema apresentado.

Esta Atividade está estruturada em duas partes. A primeira trata da medida direta do tempo de
reação entre sentir e agir, e a segunda, da medida indireta do tempo entre ver e agir.

Execução da atividade experimental


Material necessário

Cronômetro e régua milimetrada de 30 cm para cada dupla.

Procedimentos a ser adotados

Parte 1 – Tempo de reação: sentir e agir


Quanto tempo uma pessoa leva para perceber um aperto na mão esquerda e responder aper-
tando a mão direita estendida pelo colega? Esse tempo de reação é igual para todas as pessoas?

Os estudantes fazem uma roda de mãos dadas. Um deles, com um cronômetro em uma das mãos,
o aciona e, simultaneamente, aperta a mão de seu colega à direita. Este, ao receber o aperto na mão
esquerda, aperta a mão do colega à direita e assim sucessivamente. Desse modo, a propagação da
ação do aperto de mão volta ao estudante que está com o cronômetro, que o desliga quando seu
colega da esquerda aperta sua mão esquerda.

É conveniente fazer aproximadamente 10 medições dessa propagação de apertos de mão, ano-


tando-as em uma tabela do tipo: número do ensaio × valor da medida.

Em cada um dos ensaios, os estudantes podem obter valores discrepantes ou repetidos. Nor-
malmente, observam-se valores maiores nos primeiros ensaios. Sugira-lhes que descartem valores
muito discrepantes e considerem a média aritmética como o melhor valor da medida. Dividindo o
valor do tempo de reação do grupo de estudantes pelo número de estudantes participantes da roda,
determina-se o tempo de reação. Esse valor deverá ser de aproximadamente 0,2 s.

Parte 2 – Tempo de reação: ver e agir

10
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

O objetivo é medir o tempo que uma pessoa leva para perceber que um objeto está caindo e rea-
gir a isso, fechando a mão para interromper a sua queda.

Um estudante (A) segura uma régua na vertical,


(A)
pela extremidade superior (por exemplo, no número

©Hudson Calasans
30 da régua). Outro estudante (B), cujo tempo de rea-
ção será medido, coloca os dedos da mão, semiaber-
tos, na extremidade inferior da régua (por exemplo,
no número 5 da régua), sem tocá-la.

Em determinado instante, sem avisar, o estu-


dante (A) solta a régua e o estudante (B) deve fechar
os dedos para segurá-la. Medindo quanto a régua se (B)
deslocou (ΔS) entre os dedos do estudante (B), pode-
-se determinar o tempo de reação (tR). Isso é feito
facilmente, pois a régua executa um movimento de
aceleração constante g. É uma experiência em que o tempo
é obtido indiretamente, pela medida do deslocamento. Figura 1 – Posições das mãos em relação à régua.

Peça aos estudantes que façam 10 ensaios e anotem as medidas dos deslocamentos em uma tabela
do tipo: número do ensaio × valor da medida. Sugira-lhes novamente que descartem os valores muito
discrepantes e considerem a média aritmética como o melhor valor da medida.

O tempo de reação é dado por t = (2·ΔS/g)1/2. Por exemplo, no caso do deslocamento de valor 25 cm,
tem-se, aproximadamente: t = [(2 × 0,25)/10]1/2 = 0,22 s.

Discussão dos resultados


Observe que os dois experimentos resultam em valores próximos de 0,2 s. Esse é um valor bastante
aproximado das medidas encontradas em outros trabalhos científicos, com outros procedimentos de
medida. Se os estudantes estiverem atentos, esse tempo chega a cair pela metade – certamente foi
possível ver isso de maneira clara na experiência com a régua. A cada tentativa, o tempo de reação
pode diminuir em virtude do aumento da atenção e depois começar variar em torno de um valor.

Compare os resultados das experiências com as estimativas que os estudantes fizeram no início
da atividade. Discuta as diferenças e as semelhanças, utilizando as justificativas deles.

Traga para essa discussão a questão dos Riscos da alta velocidade em veículos, desenvolvida no
Caderno do Professor de Física, 1a série, Volume 1, Situação de Aprendizagem 13, p. 82-89.

Pode ser bastante interessante fazer uma discussão sobre os erros de medida observados em
cada uma das experiências. Uma sugestão é estimar, como erro associado ao valor médio, o erro
absoluto igual à metade da diferença entre o maior e o menor valor medido (maior valor – menor
valor)/2. Há outros tipos de erros que podem ser causados pelos instrumentos, pelo método de

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medida ou pelo experimentador, denominados de sistemáticos por serem constantes e ocorrerem
sempre no mesmo sentido.

Ampliação do estudo experimental


a) Existem várias pesquisas que mostram a importância do tempo de reação na vida de um espor-
tista. Estudar, para vários tipos de esporte, o tempo de reação de seus grandes atletas seria uma
proposta de pesquisa interessante, com a participação do professor de Educação Física.

b) Outra proposta de pesquisa é verificar se o tempo de reação visual, ou auditiva, está relacionado
com as atividades práticas esportivas realizadas pelos estudantes, com participação de profes-
sores de Educação Física, Biologia e do técnico de informática.

c) Um projeto de construção de um programa para computador, ou um aparelho, que meça o


tempo de reação a um evento visual ou auditivo, como o disponível na Rede Interativa Virtual
de Educação (Rived), é outra proposta de pesquisa interessante que necessita da participação
do técnico de informática.

Para saber mais


BRASIL. MEC. RIVED, Tempo de reação. Disponível em: <http://rived.mec.gov.br/atividades/
fisica/ondas/atividade2/fis4_ativ2_anexo.swf>. Acesso em: 26 nov. 2014. Após conceituação de
tempo de reação, é apresentado um programa para medir o tempo de reação a um estímulo lumi-
noso. Vale a pena conferir.

CARREIRO, L. R. R.; FERREIRA, I. R.; WALTER MACHADO-PINHEIRO, W. Comparação de desempenho


de jogadores de voleibol e não esportistas em tarefas de orientação automática e voluntária da aten-
ção visual: um estudo exploratório. Psicologia: Teoria e Prática, v. 11, n. 2, dez. 2009.

OLIVEIRA, J.; PANZERA, A. C.; GOMES, A. E. Q. Medição de tempo de reação como fator de moti-
vação e de aprendizagem significativa no laboratório de Física. Caderno Catarinense de Ensino de
Física, Florianópolis, v. 15, n. 3, dez. 1998, p. 301-307.

RUSCHEL, C. et al. Tempo de reação simples de jogadores de futebol de diferentes categorias e posi-
ções. Motricidade, v. 7, n. 4, out. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.
php?pid=S1646-107X2011000400008&script=sci_arttext>. Acesso em: 26 nov. 2014.

SANT’ANA, M. M. Tempos de reação e atenção visuoespacial mobilizada voluntariamente em atletas


e não atletas. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Humana) - Instituto de Ciências Biomédicas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/42/42137/tde-20092013-102224/pt-br.php>. Acesso em: 26 nov. 2014.

12
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Tema 2: o tempo e sua medida

Considerações iniciais
O que é o tempo? O tema nos remete a uma das questões fundamentais da humanidade. Como
identificar e perceber sua existência? Como fazer seu registro? Sendo uma das grandezas fun-
damentais da Física, a formalização do tempo é algo que surpreendentemente gera embaraços.
De forma geral, quando questionadas sobre o significado de tempo, as pessoas se ocupam de um
tempo pensando na resposta. Embora tão cotidiano, não é algo muito simples de definir.

A necessidade de dimensionar o tempo aparece com a necessidade humana de saber situar eventos
no “quando” de seu momento (início, meio ou fim), em situações como a duração de uma estação do
ano, uma época de plantio ou colheita, a caracterização de um movimento ou até na dimensão da própria
existência. Na Física, sua determinação é uma questão que acompanha de forma intrínseca a percepção
das demais grandezas observáveis (espaço, temperatura, decaimento etc.) e como estas são relacionadas.

O relógio mecânico, surgido no século XIV, foi um marco da civilização industrial, moldado na
ideia de desempenho e produtividade na atividade humana, que provocou mudanças profundas
nos valores culturais, na organização social e política e nas técnicas. A invenção do relógio de
pêndulo, no século XVII, reduziu a margem de erro dos relógios de cerca de 15 minutos por dia para
menos de 15 segundos, tornando o relógio mais confiável para fazer a medida do tempo.

Uma reflexão sobre o tempo e sua medida pelo movimento do pêndulo, objetivos desta Ativi-
dade, podem ser realizadas após o estudo dos movimentos presente nos Cadernos do Aluno e do
Professor da 1a série.

Problema a ser investigado


Como se percebe o tempo? Como se mede tal percepção e se torna mensurável algo que aparenta
ser abstrato?

Habilidades
Identificar, a partir da observação, o tempo como uma grandeza física; compreender algumas relações
entre outras grandezas associadas que permitam mensurar o tempo; construir, ou elaborar, métodos e dispo-
sitivos que possam fazer sua medição e permitir seu registro; reconhecer o pêndulo simples com um marcador
de tempo; compreender que, para pequenas oscilações, o período de um pêndulo independe de sua amplitude.

Número de aulas
Para o desenvolvimento das discussões, construções e investigação, sugerem-se três aulas.

13
Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Você pode apresentar as questões a seguir para os estudantes na problematização inicial:

Parte 1 – De que forma o tempo altera as coisas ou o espaço ao seu redor, ou ele não faz essas
alterações? Inverta a pergunta e indague se o espaço ou as coisas podem alterar o tempo. Como se
pode perceber o tempo? Como se pode medi-lo? Em outras palavras: que acontecimentos do coti-
diano indicam a passagem do tempo? O amadurecimento de uma fruta? As mudanças de posição de
um caderno? As diferentes fases da Lua? As diferentes posições do Sol no céu?

Parte 2 – Como se pode medir o tempo utilizando um pêndulo? Quais são as variáveis físicas do
pêndulo que podem ser úteis a esse tipo de medida?

Execução da atividade experimental


Material necessário

Parte 1 – máquina fotográfica digital (pode ser a que existe no celular dos estudantes); uma
folha de papel para registro, lápis ou caneta; e um relógio que registre horas, minutos e segundos.

Parte 2 – uma trena, um cronômetro com precisão mínima de 1 décimo de segundo (pode ser um
cronômetro de aparelho celular), três esferas metálicas (chumbada de pesca) de diferentes diâme-
tros (entre 15 e 30 mm), 2 m de fio de náilon, transferidor e suporte para pêndulo.

Procedimentos a ser adotados

Parte 1 – Percebendo o tempo


Pergunte aos estudantes: O que é o tempo? Ao levantar as hipóteses, anote as respostas para
posterior confronto entre os resultados finais e estes aqui registrados.

Os estudantes devem ser divididos em grupos e executar a seguinte tarefa:

1) Para registrar os dados, o grupo deve fazer uma tabela com as colunas (a) Foto e (b) Hora
(hh:mm:ss) e nela anotar o instante em que a foto foi tirada.

Medida 1:
a) Coloque um objeto sobre uma mesa (um vaso ou estojo, por exemplo) e tire uma foto. Regis-
tre na tabela a foto e o instante em que ela foi tirada.
b) Repita, após 15 segundos, o procedimento anterior, sem retirar o objeto ou a câmera do
lugar (não pode ocorrer variação da posição entre uma foto e outra). Registre na tabela a foto
e o instante (hh:mm:ss).

14
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

É desejável que as fotos possam ser impressas para ser comparadas lado a lado. Se não for
possível, os estudantes devem ter como compará-las associando cada uma ao tempo em que
foi tirada.

Medida 2:
a) Eleja um dos estudantes do grupo. Ele será fotografado nas mesmas condições anteriores,
mas sendo ele o objeto fotografado.
b) Tire a primeira foto. Registre na tabela a foto e o instante (hh:mm:ss).
c) O estudante deve mudar sua pose ou posição antes de tirar a segunda foto. Tire a foto e regis-
tre-a na tabela, assim como o instante (hh:mm:ss) em que foi tirada.

2) Coloque os resultados impressos lado a lado, agrupados de acordo com as situações das medidas
1 e 2. Coloque também os registros feitos com o relógio junto a cada foto tirada. Pergunte aos
estudantes como foi possível identificar se:
a) Houve passagem de tempo para cada situação e como isso pode ser verificado.
b) Caso tenha havido passagem de tempo, como saber o que ocorreu antes e o que ocorreu
depois?
c) No primeiro caso (registro do objeto inanimado), como saber se não se trata de registros
simultâneos que foram redimensionados no espaço?

3) Agora, mantendo os fotogramas no lugar, retire as informações de tempo registradas com o


relógio. Refaça as perguntas.

S aliente o fato de a percepção temporal ter-se dado apenas na situação em que houve mudança
de posição. Inverta as impressões dos fotogramas e questione se não poderiam ser interpretadas
como tendo sido tiradas na ordem inversa

Parte 2 – O “movimento” constante do pêndulo


Você pode iniciar essa parte do encaminhamento fazendo perguntas aos estudantes: Como se
media o tempo antes da invenção do relógio? Quando foi inventado o relógio mecânico? Por que a
humanidade precisou medir tempo? O que significa a expressão muito comum atualmente: “somos
escravos do tempo”? Que tipos de medidor de tempo vocês conhecem?
©Hudson Calasans

Conhecem relógio de pêndulo? Como ele funciona? É interessante mostrar


fotos de diversos relógios de pêndulo.

Registre as respostas dos estudantes a respeito do funcionamento do


relógio de pêndulo, as quais serão analisadas diante dos resultados do
L g
experimento.

Sugestão de procedimento para estudo do período do pêndulo:

1) Construa um pêndulo utilizando fio de náilon de 1 m de comprimento


m
e esfera de maior massa (Fig. 2). O comprimento do pêndulo é a medida
Figura 2 – Esquema do
entre o centro da esfera e o ponto de oscilação dele. pêndulo.

15
a) Desloque a massa 30o em relação à direção vertical e solte-a. Meça 10 oscilações completas e
determine o valor médio de um período completo do pêndulo. Repita a medida por 5 vezes e
determine o melhor valor do período do pêndulo.
b) Desloque a massa 20o em relação à direção vertical e solte-a. Execute o mesmo procedimento
do item a.
c) Desloque a massa 10o em relação à direção vertical e execute o procedimento do item a.
d) Desloque a massa 5o em relação à direção vertical e execute o procedimento do item a.
e) Compare os resultados das medidas de grau dos quatro itens e observe a relação entre ampli-
tude máxima e período de oscilação.

2) Mude a massa da esfera e determine o período do pêndulo para mais duas massas. Compare os
valores dos períodos dos três pêndulos de mesmo comprimento e massas diferentes.

3) Utilizando o pêndulo de maior massa, diminua seu comprimento para 80 cm.


a) Para determinar o período do pêndulo, qual é o ângulo em que a massa deve ser solta?
b) Determine o período do pêndulo para esse comprimento.

4) Determine o período do pêndulo de 60 cm de comprimento.

5) Determine o período do pêndulo de 40 cm de comprimento.

6) Faça uma tabela que evidencie a relação entre o comprimento (L) e o período (T) do pêndulo.
a) Verifique se é possível estabelecer uma relação entre as duas variáveis.
b) Faça um gráfico de T2 × L e determine a relação entre as variáveis.

Resultados observáveis
Parte 1 – Os estudantes podem observar facilmente a mudança (ou não) do espaço entre as
duas situações. Saliente que, no primeiro caso, a percepção temporal só foi possível pelo registro
feito com o relógio.

Parte 2 – Quanto aos resultados do item 1, é possível observar que, para pequenos ângulos (bem
menores do que 45o), o período do pêndulo não varia. Os resultados do item 2 indicam a invariância do
período com a massa do pêndulo. Do item 3 em diante, os resultados indicam a dependência do período
com o comprimento do pêndulo e evidenciam a não linearidade. Do gráfico, é possível determinar que
a relação T é proporcional à raiz quadrada do comprimento.

Discussão dos resultados


Parte 1 – A ideia é fazê-los relacionar percepção temporal e percepção da mudança do espaço,
levando-os a enxergar, como proposto por Einstein, uma relação espaço-tempo associados, e não
dissociados, como propunha Newton. A simplicidade do experimento não tem pretensões de intro-
duzir as deformações provocadas em situações que envolvam velocidades relativas, mas apenas
estabelecer a relação entre evento, espaço e simultaneidade.

16
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Parte 2 – O “movimento” constante do pêndulo: a independência do período do pêndulo, em


relação à sua amplitude máxima, que teoricamente ocorre para ângulos menores que 15o, é uma
constatação surpreendente para os estudantes. Intuitivamente, esperam-se períodos menores para
ângulos menores. Também o resultado da independência com relação à massa não é natural, pois
espera-se um período maior para massa maior. Sua dependência apenas com a raiz quadrada de seu
comprimento foi uma das características desse equipamento para a medida do tempo com precisão
não imaginável para a época. A análise dos resultados do experimento pode ser ampliada com a
discussão sobre a dependência do período do pêndulo com a aceleração da gravidade e sua relação
completa: T = 2π (L/g)1/2.

Ampliação do estudo experimental


Diferentes estudos podem ser seguidos por você, professor, a partir da atividade realizada:

1) Uma atividade conjunta com os componentes curriculares Geografia, História, Filosofia ou


Sociologia pode abrir perspectivas diferentes e interessantes da análise da evolução humana,
levantando questões profundas sobre como se utiliza o tempo hoje, discutindo inclusive o que
é qualidade de vida, o que é aproveitar o tempo.

2) Em atividades experimentais, é possível aproveitar o trabalho com o pêndulo e determinar a


aceleração da gravidade na superfície da Terra. Essa é uma atividade que pode ser realizada com
um pêndulo simples, conhecendo a relação entre período (T), comprimento (L) e aceleração da
gravidade (g): T = 2π (L/g)1/2.

3) Com o componente curricular Geografia, poderia ser realizada uma investigação sobre os prin-
cípios dos relógios existentes atualmente e quem comercializa tais aparatos. Esse é um trabalho
interessante que pode abranger desde os relógios mais comuns, de quartzo, até relógios atômi-
cos e suas aplicações.

4) Com o componente curricular Biologia, poderiam ser aprofundadas as questões do dia e da noite
e seus efeitos biológicos, particularmente com o estudo dos ciclos cicardianos, indicando como
os organismos vivos “controlam” o tempo, sem aparentemente usar relógios.

Para saber mais


DUNCAN, D. E. Calendário: a epopeia da humanidade para determinar um ano verdadeiro e exato.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

LIMA, F. R. R.; PIACENTINI, J. J. Pêndulo simples – um método simples e eficiente para deter-
minar g: uma solução para o Ensino Médio. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 1, n. 1,
1984, p. 26-29. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/viewFile/
5786/14080>. Acesso em: 26 nov. 2014.

17
MARTINS, A. F. P.; ZANETIC, J. O tempo na mecânica: de coadjuvante a protagonista. Caderno Cata-
rinense de Ensino de Física, v. 19, n. 2, 2002, p. 149-175. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.
br/index.php/fisica/article/view/6618/6117>. Acesso em: 26 nov. 2014.

SZAMOSI, G. Tempo & espaço: as dimensões gêmeas. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. A Introdução do
livro está disponível em: <http://www.pucsp.br/~diamantino/introgeza.pdf>. Acesso em: 26 nov.
2014.

UNICAMP. Experimento 1 – Pêndulo simples. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/


~lhlima/Experimentos_F_229.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2014.

Tema 3: Galileu Galilei e o plano inclinado

Considerações iniciais
Os trabalhos de Galileu Galilei, na primeira metade do século XVII, revolucionaram o estudo
matemático do movimento de objetos sob a ação da gravidade. Embora as teorias sobre a gravidade
e as metodologias de medida de sua aceleração na superfície da Terra tenham mudado muito desde
então, os métodos de trabalho empregados por Galileu continuam bastante atuais e seus resultados
experimentais são surpreendentemente válidos, se forem levados em conta os recursos que possuía
para executar medidas.

O fato de Galileu ter utilizado um plano inclinado em suas medições foi de grande elegân-
cia e permitiu maior precisão nas medidas de tempo do movimento dos objetos sob a ação da
gravidade, reduzindo sua velocidade. Na sua época, medidas de tempo eram efetuadas utili-
zando-se de pulsações, pêndulos ou relógios de água. Atualmente, dispõe-se de equipamentos
de medição de tempo bem mais acurados, como cronômetros digitais e fotossensores, o que
permite, mesmo na educação básica, reproduzir facilmente as experiências desse grande cien-
tista e também realizar medidas que seriam impossíveis para Galileu.

A determinação experimental de grandezas como velocidade e aceleração está relacionada


aos temas presentes no Caderno do Professor da 1a série (Volumes 1 e 2). Mais especificamente
no Volume 2, há relação com os temas Interação gravitacional (p. 53-62) e Análise de pontos de
uma trajetória (p. 85).

Problema a ser investigado


Como obter, com o auxílio de um plano inclinado, a regra matemática da proporção dos quadrados
dos tempos proposta por Galileu?

18
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Habilidades
Reconhecer a importância dos cuidados experimentais e da repetição de tomada de dados; reco-
nhecer a importância da previsão na atividade experimental e sua verificação ou não com os dados
coletados; compreender a importância da construção de tabelas e gráficos como ferramentas de análise
de dados; desenvolver um olhar para a história antiga e compreender que observações cuidadosas e
sistemáticas muitas vezes podem levar a hipóteses corretas.

Número de aulas
Duas ou três aulas, dependendo do aprofundamento no assunto desejado tanto por você quanto
pelos estudantes.

Como investigar o problema?


Você pode iniciar os trabalhos realizando com os estudantes a leitura e a discussão de um texto
sobre as descobertas de Galileu Galilei e seu estudo do plano inclinado. Sugere-se a leitura do final
do Tema 2 [mais especificamente o item 2.1 – Galileu e a queda dos corpos] do livro de H. Moysés
Nussenzveig, Curso de Física Básica 1 – Mecânica.

Faça a seguir a leitura da introdução do artigo Galileu fez o experimento do plano inclinado?,
que apresenta a questão proposta por Alexandre Koyré, segundo a qual Galileu não teria realmente
realizado o experimento do plano inclinado. Esse segundo texto serve para aguçar a curiosidade
dos estudantes com relação ao tema e instigá-los a realizar o experimento do plano inclinado. Uma
discussão posterior a essa leitura seria muito importante para garantir que eles tenham entendido
as objeções de Koyré, que se dão pelo fato de Galileu não ter equipamentos adequados, à época,
para executar as medidas com a precisão necessária para obter os resultados experimentais que ele
apresenta.

Proponha, então, aos estudantes que façam uma reprodução do experimento do plano incli-
nado de Galileu.

Levantamento de hipóteses
Antes de iniciar as atividades experimentais, você pode perguntar aos estudantes se eles acredi-
tam ser possível obter os resultados experimentais propostos por Galileu e por quê. Registre suas res-
postas e justificativas, para que elas possam ser avaliadas na análise dos resultados dos experimentos.

Execução da atividade experimental


Esta Atividade se baseia na sugestão experimental indicada no já citado artigo Galileu fez o
experimento do plano inclinado?, pois acredita-se que, entre as diversas propostas que podem

19
ser realizadas, esta seja a mais fácil de ser executada na escola (vide outras propostas na seção
Para saber mais).

Material necessário

Uma trena; um cronômetro com precisão mínima de 1 décimo de segundo (pode ser um
cronômetro de aparelho celular); uma esfera metálica de aproximadamente 15 mm de diâme-
tro; um tubo de PVC de 2 polegadas de diâmetro e 120 cm de comprimento ou, como alterna-
tiva, um tubo fluorescente de 120 cm (lâmpada de 40 W), por ser material de fácil aquisição
e com um nível de imperfeição de superfície muito pequeno (neste caso, devem ser tomadas
todas as precauções de segurança necessárias, pois os estudantes vão lidar com uma estru-
tura de vidro); dois calços com altura aproximada de 90 mm cada; fitas adesivas; caneta;
caderno e calculadora.

Procedimentos a ser adotados


Tubo de PVC
Imagens: © Hudson Calasans

Comprimento
total = 120 cm
Furos

100 cm
75 cm
50 cm
25 cm
0

Figura 3 – Preparação do experimento, com as marcações de onde devem ser feitos os furos, e o experimento pronto,
com o tubo inclinado.

1) A montagem do experimento deve ser feita conforme mostra a Figura 3 (plano inclinado).

2) Marque no tubo quatro traços espaçados a cada 25 cm (no caso do tubo de PVC, é necessário
fazer furos laterais nos locais das medidas, com o auxílio de uma furadeira, para que se possa
ver a passagem da bolinha) e coloque um pequeno calço numa das extremidades do tubo, de tal
modo que a esfera deixada em liberdade adquira um movimento uniformemente acelerado não
muito rápido.

3) Abandone a esfera metálica da origem (0 cm) e meça o tempo que ela gasta para chegar a uma
das marcas determinadas.

Atenção: sugere-se que, para a primeira marca (25 cm), sejam realizadas, ao menos, 20 medi-
ções do tempo e, nas demais, apenas 10. A primeira marca é a mais problemática porque será ela a
determinar a unidade padrão de tempo para a primeira unidade de distância (= 25 cm).

4) Os resultados das medidas de tempo podem ser registrados numa tabela como a que é mos-
trada a seguir.

20
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Resultados das medidas e análise de dados

Percentual
L T L T T2 T2 entre T2
(cm) (s) (normalizado) (normalizado) (normalizado) (teórico) experimental e
teórico (%)

25 1 1

50 2 4

75 3 9

100 4 16
Tabela 1.

Preenchimento da tabela: na segunda coluna, devem ser colocados os valores médios dos tempos
obtidos para a queda da bolinha em cada comprimento (L). A terceira coluna, L (normalizado), corres-
ponde à divisão do valor da primeira coluna por 25 cm (unidade padrão de distância). A quarta coluna,
T (normalizado), deve ser preenchida seguindo o mesmo procedimento da coluna anterior, mas agora
usando o tempo obtido nas medidas (segunda coluna) dividido pela unidade padrão de tempo: o valor
médio do tempo correspondente ao comprimento de 25 cm (unidade padrão de distância). Os valores
da quinta coluna são preenchidos com os valores da quarta coluna ao quadrado. Os valores da sexta
coluna correspondem aos valores da terceira coluna ao quadrado. A sétima coluna é o resultado da
divisão do valor da quinta coluna pelo da sexta coluna, cujo resultado é multiplicado por 100.

5) Acrescente um novo calço sob o tubo (que ficará agora com 120 mm de altura). Repita as medi-
das citadas nos itens 3 e 4. Construa, então, outra tabela de dados, para a nova inclinação.

Resultados observáveis
Os resultados obtidos nas medições de tempo com o plano inclinado para o comprimento inicial
de 25 cm (unidade padrão de distância) devem ficar por volta de 1,5 s (para um calço de aproxima-
damente 90 mm). Os demais resultados devem ser, respectivamente, algo próximo de 2,2 s, 2,7 s e
3,1 s. Obviamente, se a inclinação dos tubos for maior, os tempos serão menores do que esses, e,
por outro lado, se a inclinação for menor, os tempos serão ligeiramente maiores do que os apresen-
tados anteriormente.

Discussão dos resultados


Resultados como os citados anteriormente são bastante compatíveis com a lei do quadrado dos
tempos de Galileu, ou seja, o tempo ao quadrado é proporcional ao deslocamento de um objeto
sujeito à força da gravidade: algebricamente, escreve-se essa relação como s = (½)a ∙ t2, onde a é
aceleração do objeto.

21
A comparação entre os resultados de duas inclinações diferentes deve deixar evidente que, mesmo
com o movimento das bolinhas sendo mais rápido com a inclinação maior, a regra do quadrado dos
tempos de Galileu se mantém válida. Aqui devem ser resgatadas as respostas dos estudantes, feitas
ao iniciar as atividades experimentais, questionando se acreditavam ser possível obter os resultados
experimentais propostos por Galileu.

É importante lembrar que, no plano inclinado, a aceleração é proporcional à inclinação do


plano, ou seja, a = g ∙ sen Ɵ (sendo Ɵ o ângulo de inclinação do plano com a horizontal e g a acele-
ração da gravidade); no entanto, esse resultado não pode ser obtido neste experimento por causa
da energia transferida para o movimento de rolamento da esfera, bem como pela dissipação da
energia causada pelo atrito.

Você pode discutir com os estudantes os índices de erros associados às medidas experimentais
e propor alternativas/alterações que minimizem tais erros no experimento.

Ampliação do estudo experimental


Uma sugestão para ampliar o estudo é refazer o experimento do plano inclinado:
a) com outras inclinações, observando se a regra dos quadrados se mantém válida.
b) com marcadores de tempo “galileanos”: relógio de água, pêndulo e/ou pulsação.
c) usando o plano inclinado do kit experimental do laboratório de Física das escolas do Programa
Ensino Integral, que dispõe de medidores de tempo com sensores fotoelétricos (isso deve trazer
uma precisão muito maior às medidas).

Para saber mais


BRITO, A. A. S. O plano inclinado: um problema desde Galileu. Caderno Catarinense de Ensino de
Física, Florianópolis, v. 2, ago. 1985, n. 2, p. 57-63. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/
index.php/fisica/article/download/7968/7351>. Acesso em: 26 nov. 2014.

NEVES, M. C. D. et al. Galileu fez o experimento do plano inclinado? Revista Electrónica de Enseñanza
de las Ciencias, v. 7, n. 1, 2008. Disponível em: <http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen7/
ART11_Vol7_N1.pdf >. Acesso em: 26 nov. 2014.

PESSATO JR., G. Experimento do plano inclinado de Galileu. Relatório final da disciplina Tópicos de
Ensino de Física I. IFGW/Unicamp, 2008. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/
F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem1_2008/GilbertoP-Assis_RF2.pdf>. Acesso em:
26 nov. 2014.

SOARES, R. R.; BORGES, P. F. O plano inclinado de Galileu: uma medida manual e uma medida com
aquisição automática de dados. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 32, n. 2, jun. 2010. Dispo-
nível em: <http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/322501.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

22
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Tema 4: desequilíbrios e equilíbrios

Considerações iniciais
A ideia de equilíbrio é utilizada com sucesso em várias áreas da Física, como no caso do equi-
líbrio mecânico (em construções), do equilíbrio térmico (termodinâmico) ou do equilíbrio de car-
gas elétricas, com características e peculiaridades de cada um desses contextos teóricos. Nesta
proposta de atividade, será focado o equilíbrio mecânico, com o estudo de situações dinâmicas
de desequilíbrio e equilíbrio. Este estudo pode ser articulado com o que foi visto no Caderno do
Professor de 1a série, Volume 2 (Equilíbrio estático e dinâmico, particularmente na avaliação de
situações de equilíbrio, nas considerações físicas sobre o momento de uma força em corpos exten-
sos e na inércia).

O tema permite discussões posteriores sobre equilíbrio e posição do centro de massa em orga-
nismos vivos, bem como em máquinas, carros e construções. Há histórias de alguns animais, como
o gato sempre cair de pé, por conseguir controlar seu equilíbrio. Embora não se venha a lidar com
animais vivos, essa ponte permite introduzir o trabalho, que pode ser iniciado instigando a curio-
sidade dos estudantes ao mostrar a Joaninha Cambalhota em funcionamento, um dispositivo
artesanal que pode ser confeccionado por você para demonstração e depois, durante a atividade,
construído e alterado pelos estudantes. A investigação proposta permite explorar conceitos de
equilíbrio estático e dinâmico em corpos extensos, bem como realizar algumas medidas, anali-
sando características da colocação do peso para deslocar o centro de massa (CM).

Problema a ser investigado


Quais são as condições físicas que afetam o equilíbrio mecânico quando se considera a distribuição
de massa em um corpo? Como é possível variar essas condições para fazer funcionar um brinquedo que
parece se mover por vontade própria?

Habilidades
Identificar estratégias para resolver uma situação-problema de equilíbrio e desequilíbrio; identifi-
car variáveis relevantes, elaborar hipóteses, estabelecer relações e interpretar observações ou resulta-
dos de um experimento; reconhecer que a situação de equilíbrio de um corpo extenso é definida pela
relação entre o centro de massa e o seu ponto de apoio; utilizar esquemas gráficos para representar
grandezas vetoriais; elaborar comunicação escrita ou oral para relatar experimentos.

Número de aulas
Para o desenvolvimento das discussões, construções e investigação, sugerem-se três aulas.

23
Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Propõe-se o desenvolvimento do experimento em etapas: (i) explorar o conhecimento dos estu-
dantes com a visualização do brinquedo; (ii) construir o brinquedo a partir das suas características
visíveis (não permitindo que os estudantes desmontem o dispositivo) e (iii) analisar as caracterís-
ticas da posição do centro de massa. Sugere-se que o trabalho com os estudantes seja apresentado
por etapas, abordando a seguinte apenas após a conclusão da anterior.

As análises e o levantamento de hipóteses devem ocorrer em diferentes etapas das discussões.


Sugere-se evitar a apresentação antecipada das etapas, o que poderia atrapalhar a fase exploratória
da construção.

Parte 1 – Observando a cambalhota da joaninha


Mostre aos estudantes o movimento da Joaninha Cambalhota. Nessa situação, eles oferecerão
explicações pessoais sobre o funcionamento do brinquedo, que lhe servirão de parâmetro para
entender se eles enxergam tratar-se de um equilíbrio mecânico sob a ação da força da gravidade.
Caso percebam, por exemplo, outros efeitos (como os magnéticos), essa linha de análise deve ser
resolvida durante a etapa seguinte, quando você mostrar a eles que, no material, não há ímãs.

Parte 2 – Quais são as condições iniciais para o funcionamento do dispositivo?


Com materiais de baixo custo, ofereça aos estudantes a oportunidade de construir seus próprios
dispositivos, a partir da observação do funcionamento de um dispositivo e da utilização dos mate-
riais colocados à disposição para a construção. Pergunte aos estudantes: Como fazer sua própria
Joaninha Cambalhota? Existe apenas uma forma de fazê-la?

Parte 3 – Como se pode variar o conjunto do ponto de vista físico?


Desvendadas as características físicas na Parte 2 da montagem do dispositivo, pergunte aos
estudantes: Como se pode variar o conjunto do ponto de vista físico, da posição de seu centro de
massa em relação ao ponto de apoio, para acentuar ou atenuar sua movimentação?

Execução da atividade experimental


Material necessário

Você necessita de uma Joaninha Cambalhota pronta. O dispositivo é construído com meia bola
de isopor e uma chumbada de pesca colocada de tal maneira que a joaninha, ao ser colocada de
“pernas para o alto”, execute uma cambalhota, colocando-se novamente de “pernas para baixo”
por movimento próprio. Veja as Figuras 4 a 9.

24
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

4 5 6

Fotos: © Renato Viotti/Latinstock


Figuras 4, 5 e 6 – Construindo a Joaninha Cambalhota.

7 8 9

Fotos: © Renato Viotti/Latinstock


Figuras 7, 8 e 9 – A Joaninha Cambalhota “em ação”.

Para as atividades investigativas com os estudantes, serão necessárias as seguintes ferramentas,


por grupo: régua plástica de pelo menos 15 cm; balança; canetas coloridas; tesoura; cola branca.
Materiais de consumo: esfera maciça de poliestireno expandido (EPS ou isopor) com cerca de 10 cm
de diâmetro (10 g); bolas de gude ou chumbada para pesca (20 g pelo menos); papel sulfite. Caso você
corte as esferas de EPS com os estudantes, são necessários ainda: lixa-d’água; arco de serra; máscara
de proteção de olhos e nariz.

Procedimentos a ser adotados

Parte 1 – Analisando o funcionamento a partir da visualização dos efeitos


Numa primeira conversa coletiva com a turma, antes que os estudantes mexam no brinquedo,
registre, numa tabela coletiva traçada na lousa, as justificativas que eles atribuem ao movimento
de cambalhota da joaninha ao ser colocada invertida. Os movimentos devem ser repetidos com cla-
reza por você, com o cuidado de evitar posições iniciais em que a joaninha não complete a camba-
lhota. Se alguns estudantes mencionarem que o movimento se dá por “algo magnético”, essa ideia
precisará ser trabalhada até o final da atividade.

Nessa oportunidade, você pode introduzir a ideia de equilíbrio estável e instável, uma vez que o
funcionamento do dispositivo está relacionado a essa característica física.

Parte 2 – Reproduzindo os brinquedos com materiais de baixo custo


Nesta etapa, os estudantes poderão manusear diretamente a Joaninha Cambalhota (o dispositivo
experimental), com a atenta restrição de NÃO desmontá-la. A intenção é que possam experimentar

25
o funcionamento do dispositivo a partir de seus efeitos e imaginar como reproduzi-lo com materiais
disponíveis para sua construção.

Em seguida, os estudantes podem ser divididos em grupos, tendo à disposição materiais para
que possam tentar reproduzir a Joaninha Cambalhota. Se você se sentir seguro, poderá colocar
materiais adicionais à disposição (borrachas escolares, esferas de outros materiais com pouca
massa e baixa densidade, ímã), de forma que os estudantes sejam obrigados, nessa etapa, a tomar
decisões adicionais quanto à confecção e testar hipóteses quanto à construção da joaninha.

O funcionamento dos protótipos dos grupos lhes permitirá evoluir a ideia da forma de constru-
ção sem que haja a necessidade de desmontar o dispositivo de demonstração.

Parte 3 – Variando as condições de funcionamento


Após a construção do dispositivo, estará claro que:

1) Trata-se de um fenômeno essencialmente mecânico, descartando outras hipóteses indicadas


nas opiniões dos estudantes e registradas na tabela coletiva mencionada na Parte 1;

2) No caso da joaninha: uma massa com peso suficiente para desequilibrar o conjunto deve ser
alojada na periferia da base reta da semiesfera. Esconder tal peso é o que torna o funcionamento
do brinquedo instigante (por isso, não permita que os estudantes desmontem-na!).

Estudo da variação da posição da chumbada

Após todos os grupos terem pelo menos uma Joaninha Cambalhota em adequado funciona-
mento, proponha as seguintes tarefas/questões aos estudantes:

1) Com o auxílio de uma balança, obtenha a massa do dispositivo e, separadamente, a massa da


semiesfera de isopor e da chumbada utilizadas para desequilibrar a Joaninha Cambalhota.

2) Estudo da variação da posição da chumbada: em quais situações a joaninha funciona melhor? Como
essas situações são caracterizadas? Sugere-se variar a posição da chumbada no plano da base, da
periferia para o centro da semiesfera (o “corpo” da joaninha). Aconselha-se deslocar a chumbada
num dos raios do plano da base da semiesfera, fazendo variações, por exemplo, de 1 cm na posição.
Como a esfera tem diâmetro de 10 cm, há cerca de cinco posições possíveis, desde o limite da borda
periférica até o limite mais interior, quando o peso ficará sobre o centro do disco de sua base.

3) Coleta de dados e organização das informações:


a) Para cada uma das posições da chumbada, indicadas nos itens 1 e 2, peça aos estudantes que
verifiquem qualitativamente o efeito no funcionamento do brinquedo. Como a mudança na
posição do peso afeta o efeito da cambalhota? Se possível, filme, com uma câmera digital ou
celular, o movimento da joaninha para cada uma das posições, o que facilitará a comparação
entre as características das situações, procurando partir sempre da mesma posição inicial.

4) Elaboração de uma tabela, indicando para cada uma das posições da chumbada:

26
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

a) O cálculo do momento da força peso da chumbada em relação ao ponto de apoio quando a


joaninha se encontra de “pernas para o ar”;
b) Se, nas diferentes posições da chumbada, o dispositivo realiza a cambalhota.

Resultados observáveis
Os estudantes poderão observar que o equilíbrio em corpos extensos está relacionado à distribui-
ção de peso de suas partes, de forma que a alteração da posição do centro de massa do conjunto, em
relação ao ponto de apoio, pode implicar situações de rotação, equilíbrio e desequilíbrio. Particular-
mente, para o funcionamento da joaninha, outro fator a ser considerado é a esfericidade do “casco”,
que permite a inércia de rotação do movimento, crucial para a realização da cambalhota completa.

Discussão dos resultados


Os grupos podem ser organizados para apresentar suas versões de Joaninha Cambalhota aos
colegas numa sessão única.

Além do funcionamento do brinquedo, essa será a oportunidade de cada grupo expor os dados
tabelados, as observações de funcionamento registradas e seus cálculos para o momento da força,
considerando as diferentes posições do peso.

Nesta situação, proponha aos grupos as seguintes questões para análise e discussão conjunta:

1) Quais são as posições de equilíbrio estável do dispositivo quando apenas a força peso do dispo-
sitivo atua? No caso da joaninha, há duas.

2) Considere as duas posições de equilíbrio do dispositivo e a situação inicial de lançamento (a


joaninha de “pernas para cima”). Para cada uma delas, os estudantes deverão desenhar esque-
maticamente as forças que agem no conjunto (força peso do dispositivo, reação normal e força
da pessoa para manter a joaninha de “pernas para cima”). Para isso, sugira aos estudantes que
o peso pode ser representado verticalmente, a partir do centro de massa da joaninha, e que tal
centro de massa pode ser considerado praticamente na posição da chumbada.

3) Como se caracteriza o equilíbrio mecânico nas situações representadas? São estáveis ou ins-
táveis? Nesta oportunidade, você deverá discutir o que caracteriza, do ponto de vista físico, o
que se considera um equilíbrio estável, para o caso do dispositivo estudado, em que o centro de
massa se encontra acima do apoio.

4) Qual das posições da chumbada proporciona maior velocidade de rotação ao conjunto? Qual é a
menor? Num mesmo conjunto, o aumento do braço da força implicará maior velocidade angular
e, com isso, uma cambalhota mais rápida.

5) Qual é a posição limite do peso em relação ao centro da semiesfera para que a joaninha deixe de
dar cambalhota? Conforme a chumbada vai sendo deslocada em direção ao centro do disco, deve-se

27
observar uma diminuição da velocidade angular do conjunto, se lançado da mesma posição, de forma
que, quando o momento da força peso for pequeno, não haverá cambalhota.

6) O formato do “casco” da joaninha é arredondado. Isso tem alguma interferência em seu funcio-
namento? Como? O formato do casco é crucial para o bom funcionamento do dispositivo e normal-
mente é um detalhe obscurecido pela questão do peso. Para salientar tal situação, deve-se mostrar
que a joaninha poderia ficar em equilíbrio se for apoiada de tal forma que seu centro de massa
fique muito próximo do ponto de apoio, com sua base formando quase 90o com a superfície.

Aspectos lúdicos devem ser destacados por sua capacidade de despertar a curiosidade inves-
tigativa e, portanto, preservados na montagem final. Para isso, peça aos estudantes que decorem
suas joaninhas, de forma a esconder o peso deslocado. Dessa forma, o encantamento com o brin-
quedo não será perdido ao mostrá-lo aos colegas que ainda não fizeram o estudo investigativo.

Ampliação do estudo experimental


Diferentes linhas de estudo adicionais podem ser adotadas por você, professor, a partir da ativi-
dade investigativa realizada. Veja algumas delas a seguir.

a) O equilíbrio para o ser humano: no caso dos seres humanos, para uma simples caminhada ou
para a prática de esportes, é necessária a mudança da posição do centro de massa em relação
à projeção sobre sua base (região entre os pés), uma vez que andar ou correr implica necessa-
riamente sair da posição de equilíbrio. Pode-se discutir onde se encontra aproximadamente o
centro de massa e, a partir disso, analisar o repouso e o movimento de uma pessoa. Há também
as dificuldades decorrentes da falta de equilíbrio que podem ser estudadas, como no caso de
bebês, que demoram cerca de um a dois anos para aprender a se equilibrar nas próprias pernas,
ou de pessoas em idade muito avançada.
b) Outra linha possível é pesquisar os problemas decorrentes da falta de equilíbrio em pessoas com
doenças (labirintite). Nessa linha, podem-se desenvolver trabalhos com o componente curricu-
lar Biologia ou com o componente curricular Educação Física.
c) O equilíbrio para animais e insetos: há animais, como besouros ou tartarugas, que podem mor-
rer caso sejam colocados na posição inicial da joaninha, uma vez que seu centro de massa se
encontra em posição que os impede de fazer a cambalhota. Pode-se analisar como aves se equi-
libram em poleiros ou árvores com a posição de suas caudas. Trabalhos com o componente cur-
ricular Biologia poderiam ser estudados nesta linha.
d) No caso de veículos, há restrições quanto ao ângulo de inclinação em relação ao solo, para que
não capotem ao fazer curvas ou subir em ladeiras. De forma semelhante, a variação de massa
em caminhões (cargas) e ônibus (pessoas e cargas) pode ser crucial para a estabilidade de tais
veículos em curvas. Podem-se pesquisar sites de fabricantes de veículos para obter tais caracte-
rísticas e discutir que veículos são mais ou menos estáveis.
e) Outra linha de investigação possível é estudar como construções, tal qual a famosa Torre incli-
nada de Pisa, se mantêm estáveis, mesmo apresentando um tombamento lateral. Um eventual
trabalho com o componente curricular Arte poderia explorar a arquitetura de construções e obras
de arte que se baseiam em equilíbrio dinâmico e estável, mostrando que artistas também se

28
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

utilizam de conhecimentos físicos na execução de suas obras. Nessa linha, você pode propor aos
estudantes a construção de maquetes de ponte de treliça, utilizando macarrão do tipo espaguete.
f) Por fim, numa linha mais lúdica, é possível pesquisar outros brinquedos cujo funcionamento se
baseia em equilíbrio, analisando-os sob esse aspecto estudado. Para isso, você pode visitar com os
estudantes uma loja de brinquedos populares e comerciais, pesquisando quais dos brinquedos uti-
lizam o equilíbrio como forma de acionar seu funcionamento. Numa etapa posterior, vocês podem
estudar brinquedos de parque de diversões que utilizam o equilíbrio como fonte de sua atração.

Para saber mais


HEWITT, P. G. Física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2002.

RIBEIRO, V. L. O sapo equilibrista. Revista de Ensino de Ciências, n. 14, 1985, p. 20-26. Disponível
em: <http://www.cienciamao.usp.br/dados/rec/_osapoequilibristaverenic.arquivo.pdf>. Acesso
em: 26 nov. 2014.

SILVEIRA, F. L.; AXT, R.; ASSIS, A. K. T. A balança de Roberval e o segredo do seu mecanismo. Caderno
Brasileiro de Ensino de Física, v. 26, n. 3, 2009, p. 441-459. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.
br/index.php/fisica/article/view/2175-7941.2009v26n3p441>. Acesso em: 26 nov. 2014.

TERUYA, T. et al. Pulseiras de equilíbrio melhoram o equilíbrio estático? ConScientiae Saúde, v. 11,
n. 4, 2012, p. 559-565. Disponível em: <http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/article/
view/3119>. Acesso em: 26 nov. 2014.

Tema 5: fenômeno da ressonância

Considerações iniciais
O fenômeno da ressonância está na base dos sistemas de comunicação, possibilitando sintoni-
zar uma estação de rádio entre cerca de 10 mil emissoras, um canal de televisão entre quase uma
centena de transmissões em VHF e UHF (analógicos ou digitais) e enviar mensagens para determi-
nado número, entre os aproximadamente 300 milhões de celulares, apenas no Brasil. Tal fenômeno
é responsável pela qualidade e variedade de instrumentos musicais, que dependem das variações
de suas caixas de ressonância, definidas, entre outros fatores, pela forma, tipo de material, tempe-
ratura e umidade (na fabricação e no ambiente local). Está presente ainda na Medicina, com o diag-
nóstico por imagem de ressonância magnética, utilizado na identificação de lesões em ligamentos,
tendões e músculos, na avaliação dos órgãos e estruturas abdominais ou no estudo do crânio para
diagnóstico de tumores, derrames e outras doenças que comprometem essa região. O estudo da
ressonância na Astronomia (ressonância orbital) também foi importante para a descoberta do pla-
neta-anão Plutão, para a previsão da existência de Netuno, para explicar por que o movimento da

29
lua Io está cada vez mais perto de Júpiter, para explicar o período de rotação e translação da Lua
em torno da Terra e as marés na Terra e em outros planetas.

O fenômeno da ressonância está presente no Caderno do Professor da 2a série, no estudo da


ampliação do som em caixa de ressonância de instrumento musical e na explicação da sintonização
das estações de rádio e canais de TV. Um estudo experimental da ressonância mecânica com obser-
vação e análise desse fenômeno favorece um aprofundamento desse conceito.

Problema a ser investigado


Quais são as variáveis relevantes para a ocorrência do fenômeno da ressonância em sistemas
mecânicos?

Habilidades
Reconhecer a importância dos cuidados experimentais e da repetição de tomada de dados para a credi-
bilidade dos resultados; reconhecer a importância da previsão na atividade experimental e sua verificação
ou não com os dados coletados; compreender a importância do controle de variáveis na experimenta-
ção, variando comprimento e massa do pêndulo independentemente; compreender que o fenômeno da
ressonância está relacionado com a igualdade das frequências de oscilação do agente externo e o corpo
ressonante; reconhecer a presença do fenômeno da ressonância em diferentes situações do cotidiano.

Número de aulas
3 aulas.

Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Como a vibração de um corpo pode interferir em outro? Quais são as características físicas que
permitem a ocorrência da ressonância?

Execução da atividade experimental


Material necessário

4 m de cordonete ou fio fino e resistente; 4 chumbinhos de pesca (de preferência esféricos e


iguais, de 30 a 40 g); 4 contas iguais de plástico e 2 suportes para esticar o fio.

30
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Procedimentos a ser adotados

Você pode iniciar a atividade perguntando aos estudantes o significado de ressonância. Algu-
mas possíveis respostas: captar energia de uma onda, vibrar na mesma frequência, entrar em
harmonia, sintonizar. Também pode haver respostas relacionadas a situações em que ocorre o
fenômeno, como em caixa acústica, antena de rádio e TV, e até a queda da Ponte de Tacoma pode
ser uma resposta (na internet, existem vídeos dessa queda). Caso os estudantes não conheçam esse
vídeo, você pode apresentá-lo antes do início das atividades experimentais. Registre as respostas
dos estudantes, para que elas possam ser avaliadas na análise dos resultados dos experimentos.

Em seguida, proponha a experiência, que deve ser realizada em grupo e pode receber um roteiro
conforme modelo a seguir.

1) Utilizando um pedaço de cordonete, faça um varal bem esticado de aproximadamente 40 cm de


comprimento e 50 cm de altura. Para isso, poderá utilizar os suportes que encontrar no labora-
tório, desde que sejam bem estáveis.

2) Construa 8 pêndulos simples: 4 de cada material (chumbinho e conta) de comprimentos de


15 cm, 30 cm, 30 cm e 45 cm. Corte os fios 10 cm mais compridos para fazer um acabamento
(pois em uma ponta será preciso fazer um nó para que ele não escape pelo furo do chumbinho
ou da conta e a outra ponta será amarrada no varal). para conferência das proporções: as ilustrações estão com as medidas reduzidas para 25% (escala

3) Pendure no varal os 3 pêndulos de chumbinho, em ordem

©Hudson Calasans
crescente de comprimento, deixando espaço de aproxima-
Fio de
damente 7 cm entre eles (Fig. 10). cordonete

Cuidado: toda e qualquer oscilação a ser executada deve


iniciar com todos os pêndulos restantes parados (sem movi-
mento). Fazer oscilar significa: deslocar o chumbinho ou
a conta na direção perpendicular ao plano do varal, até o
ângulo de aproximadamente 20o, e soltar com cuidado.
Suporte
4) Faça o pêndulo mais curto oscilar. Observe o que acon-
tece com os outros pêndulos que estavam inicialmente
em repouso. Pare novamente o conjunto e agora oscile o
segundo pêndulo, observando o que acontece com os pên-
Figura 10 – Três pêndulos de chumbinho
dulos. Pare novamente o conjunto e oscile o terceiro, obser- de comprimentos diferentes.
vando o que acontece. Registre as suas observações.

5) Pendure o pêndulo de conta de 45 cm entre os pêndulos de chumbinho de 15 cm e 30 cm. Oscile o


pêndulo de chumbinho de 15 cm e observe por um tempo o que acontece. Depois faça oscilar o pên-
dulo de chumbinho de 30 cm e observe por um tempo o que acontece. E, depois, oscile o pêndulo
de chumbinho de 45 cm e observe por um tempo o que acontece. Registre as suas observações.

31
6) Pendure o pêndulo de conta de 15 cm ao lado do pêndulo de chumbinho de 15 cm. Oscile
primeiro o pêndulo de chumbinho de 45 cm e observe por um tempo o que acontece. Depois
faça oscilar o pêndulo de chumbinho de 30 cm e observe por um tempo o que acontece. Em
seguida, oscile o pêndulo
parade chumbinho
conferência das proporções: as de 15estão
ilustrações cmcomeasobserve por
medidas reduzidas um(escala
para 25% tempo1:4, 7cm =o que acontece.
1,75cm)

Registre as suas observações.

©Hudson Calasans
7) Faça uma previsão: em função das observações feitas
até agora, o que ocorrerá se o pêndulo de contas de
Fio de Fio de
30 cm for pendurado e o pêndulo de chumbinho cordonete cordonete
de 30 cm for oscilado? Registre sua hipótese.

8) Verifique experimentalmente sua hipótese,


pendurando o pêndulo de conta de 30 cm entre
os pêndulos de chumbinho de 45 cm e 30 cm e
fazendo o pêndulo de chumbinho de 30 cm osci-
lar. Sua hipótese estava correta?
Suporte Suporte

Na Figura 11, está desenhada a situação final


desse arranjo experimental.

9) Pendure os 2 pêndulos restantes (um de chumbi-


Figura 11 – Conjunto de seis pêndulos.
nho e outro de conta, ambos de 30 cm) em qual-
quer posição no fio do varal. Faça previsões do que ocorrerá se você fizer oscilar um dos outros
pêndulos de chumbinho de cada vez. Registre suas previsões.

10) F aça outra previsão: se oscilar o pêndulo de conta de 15 cm, o que vai ocorrer? Será que há
diferença se comparada com a situação em que o pêndulo de chumbinho de mesmo compri-
mento é oscilado? Registre suas hipóteses.

11)   Verifique experimentalmente se suas hipóteses estavam corretas. Se houver discrepâncias,


tente explicar o que ocorreu.

Resultados observáveis
No Procedimento 4, serão observadas pequenas oscilações dos outros dois pêndulos, tendo
maior amplitude aquele de comprimento mais próximo do pêndulo oscilante.

Nos Procedimentos de 5 a 8, será constatado que, nos pêndulos de comprimentos semelhan-


tes, ocorre o fenômeno da ressonância de forma mais aguda, com os pêndulos oscilando em maior
amplitude.

No Procedimento 9, observa-se que a ressonância ocorre independentemente da massa. Se um


pêndulo de chumbinho de 30 cm for oscilado, outros pêndulos de 30 cm de chumbinho e de conta
irão oscilar com grandes amplitudes.

32
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

No Procedimento 10, verifica-se que, ao fazer oscilar o pêndulo de conta, o fenômeno da resso-
nância atingirá amplitude menor do que quando iniciada com o pêndulo de chumbinho.

Discussão dos resultados


Os estudantes poderão concluir que a ressonância em pêndulos pode ocorrer quando existe
igualdade ou proximidade nos comprimentos dos pêndulos.

Se os estudantes ainda não estudaram período ou frequência de oscilação de pêndulo, faça


uma breve exposição sobre esse conteúdo. Explique que o comprimento de um pêndulo define o
seu período de oscilação na superfície da Terra e que também depende da aceleração da gravidade.

Das observações experimentais, discussão e complementação, deve-se chegar à compreensão


de que ocorre ressonância quando as frequências são iguais ou muito próximas. Além disso, a
amplitude de ressonância depende da fonte excitadora (no caso em que o pêndulo de conta é a
fonte excitadora, a ressonância tem amplitude menor do que no caso do pêndulo de chumbinho).
Você pode retomar o contexto inicial e complementar com análise da ressonância em outros cam-
pos do conhecimento: eletricidade, acústica e equipamentos aplicados à saúde, entre outros.

Ampliação do estudo experimental


a) Utilizando o kit para estudo de lâminas ressonantes, disponível nos laboratórios de Física das
escolas do Programa Ensino Integral, pode-se ampliar o estudo do fenômeno da ressonância, utili-
zando procedimento semelhante ao realizado nesta atividade. São quatro lâminas verticais e quatro
massas que podem ser deslocadas ao longo das lâminas, variando as suas frequências de vibração.
b) Durante a realização dos experimentos, foi observado que as amplitudes de oscilação do pên-
dulo excitante e do ressonante variavam com o tempo, ocorrendo transferência de energia de uma
para outra e vice-versa. O estudo de sistema ressonante acoplado pode ser pesquisado utilizando
apenas dois pêndulos de chumbinho, de mesmo comprimento, e uma massa pendurada entre eles.
A velocidade de troca de energia de um pêndulo para outro, em função da variação do peso da
massa, pode ser estudada experimentalmente.
c) Pode-se, com o componente curricular Biologia, estudar os equipamentos de diagnósticos
por imagem, baseados na ressonância e em sua aplicação em diagnósticos médicos.

Para saber mais


PICAZZIO, E. Terra e Lua. In: Astronomia do Sistema Solar. Iagusp, AGA 292, 2008. Disponível
em: <http://www.astro.iag.usp.br/~picazzio/aga292/Notasdeaula/terra-lua.pdf>. Acesso em:
26 nov. 2014.

SEARA DA CIÊNCIA. A ressonância. Ceará: UFCE. Disponível em: <http://www.seara.ufc.br/tintim/


fisica/ressonancia/ressonancia5.htm>. Acesso em: 26 nov. 2014.

33
SEREJO, M.; COSTA, I. L.; COSTA, J. B. Ressonância orbital: a sincronização ou destruição dos corpos
celestes. In: VI Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação
Tecnológica, 6., 2011, Aracaju. Disponível em: <http://files.grupodefisicaifpa.webnode.com.
br/200000020-d528ad622e/Ressonancia_Orbital_Connepi_2011.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

Tema 6: Propagação de ondas na água

Considerações iniciais
O estudo da propagação de ondas na água contribui para a “materialização” das propriedades ondu-
latórias do som ou da luz, como reflexão, refração, difração e interferência. Utilizando o equipamento
denominado de cuba de ondas, é possível visualizar esses fenômenos e determinar grandezas como velo-
cidade de propagação, frequência e comprimento de onda. Esse estudo das ondas na água vem comple-
mentar e aprofundar os conteúdos desenvolvidos no Caderno do Professor da 2a série, Volume 2, que trata
a óptica mais da perspectiva geométrica e a propriedade eletromagnética da luz com o estudo das cores.

Utilizando uma cuba de ondas, que pode ser encontrada nas escolas do Programa Ensino Inte-
gral, é possível produzir ondas planas ou circulares e analisar seu comportamento quando passam
de um meio para outro, caracterizado, por exemplo, pela diferença de profundidade da água. As
ondas da água se movem na superfície e não se estendem em profundidade de modo considerável,
como pode ser observado quando um barco se move sobre a água, formando cristas e depressões,
respectivamente porções mais altas e baixas das ondas. O fato de a onda da água ser superficial e
mudar de velocidade ao passar de uma profundidade para outra é uma das variáveis que favorecem
o caráter muitas vezes destruidor das ondas que atingem as praias.

Problema a ser investigado


O que acontece com a onda ao passar de uma profundidade para outra da água?

Habilidades
Entender que o comprimento de onda é a distância entre duas cristas ou duas depressões da onda;
medir comprimento de onda de uma onda na água e relacioná-lo com a velocidade de propagação e
sua frequência; reconhecer a importância de medidas cuidadosas para a obtenção de dados confiáveis;
compreender a necessidade de fazer previsões ou hipóteses antes da realização de experimentos; apre-
sentar os resultados do experimento de maneira consistente; elaborar comunicação escrita ou oral para
relatar experimentos.

Número de aulas
3 aulas.

34
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Como investigar o problema?


Você pode iniciar a atividade relembrando com os estudantes situações em que ocorrem ondas na água.
Por exemplo, quando a chumbada de uma linha de pesca de um pescador atinge a superfície da água, for-
mando ondas circulares, ou quando um barco se desloca formando ondas quase retas. Chame a atenção
para a principal natureza da onda, que é a propagação de energia sem transporte de matéria. Outro exem-
plo de propagação de ondas na água com características bastante particulares são os tsunamis. Você pode
mostrar aos estudantes algumas fotos ou vídeos de tsunamis ou de arrebentações em orlas marítimas.

Levantamento de hipóteses
O levantamento de hipóteses sobre a velocidade de propagação das ondas na água pode ser enca-
minhado com perguntas do tipo: O que são tsunamis? Por que eles são destruidores? O que acontece
com a velocidade da onda em um tsunami quando se aproxima da costa? O que acontece com sua altura?
O que acontece com a energia da água durante o movimento de aproximação do tsunami?

Execução da atividade experimental


Esta atividade será desenvolvida em duas partes: na Parte 1, serão realizados a medição do com-
primento de onda, o cálculo da velocidade de deslocamento da onda, a determinação do período
e da frequência da onda; na Parte 2, será observada a determinação da mudança de velocidade da
onda ao passar de um meio para outro.

Material necessário

Cuba de ondas completa com excitador plano; placa de vidro ou de plástico transparente e retan-
gular, de mesmo comprimento e metade da largura da cuba – a ser inserida por dentro da cuba a fim
de possibilitar a mudança de altura da água (Fig. 12).
© Fernando Genaro/Fotoarena

Figura 12 – Conjunto de cuba de ondas.

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Procedimentos a ser adotados

Parte 1 – Cálculo das grandezas que caracterizam uma onda


Em grupos, os estudantes podem receber um roteiro conforme modelo a seguir.

1) Faça a montagem da cuba de ondas. Coloque água na cuba até uma altura de aproximadamente
1 cm e nivele. Coloque o excitador plano e faça sua extremidade inferior tocar na superfície da água.

2) Ligue a fonte de frequência. Observe a produção de pulsos retos e sua imagem projetada. As fai-
xas brilhantes que aparecem no anteparo de projeção correspondem às cristas ou depressões?
Justifique.

3) Use demarcadores na cuba para identificar o tamanho que, na projeção, corresponde ao tama-
nho real medido entre as cristas, ou entre os vales, pois a projeção amplia a imagem da distância
percorrida pela onda.

4) Produza um pulso e meça com o cronômetro o tempo (t) que ele leva para percorrer uma distân-
cia x. Qual é a velocidade do pulso?

5) Faça o excitador produzir ondas periódicas (pulsos sucessivos em intervalos de tempo iguais).
Fixe um ponto qualquer na cuba. Se em um intervalo de tempo são produzidos 10 pulsos, nesse
mesmo tempo, quantos pulsos passarão pelo ponto escolhido? A frequência da onda varia
durante a sua propagação?

6) Determine a frequência do excitador medindo o tempo da passagem dos 10 pulsos. Compare


esse valor com o marcado no frequencímetro. Analise o resultado.

7) Identifique, na figura projetada, cristas ou depressões e determine o comprimento de onda.


Quantas cristas ou depressões foram utilizadas para o cálculo do comprimento de onda? Por
quê?

8) Calcule a velocidade da onda utilizando o comprimento de onda e a frequência da onda. Com-


pare o resultado com o valor determinado no item 3. Qual das duas medidas apresenta menor
erro de medida? Justifique.

Parte 2 – Mudança de velocidade da onda ao passar de uma profundidade para outra


1) Coloque a placa espessa de vidro (ou plástico rígido transparente) no fundo da parte posterior
da cuba, dividindo-a em duas regiões de profundidades diferentes, com a linha de separação
paralela às ondas.

2) Antes de ligar o excitador, faça previsões sobre as mudanças que podem ocorrer em função da
variação de profundidade. Por exemplo: O comprimento de onda vai variar? Como um todo ou cada
profundidade terá um valor? A velocidade da onda vai variar? A frequência vai variar? Há alguma
grandeza relacionada à onda que vai permanecer a mesma da experiência realizada na Parte 1?

36
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

3) Ligue o excitador e analise a projeção das ondas: o que ocorreu com o comprimento de onda?
Qual é a relação entre comprimento de onda e profundidade da água?

4) O que ocorre com a frequência? Verifique se ela varia com a profundidade.

5) Calcule as velocidades de propagação em cada uma das regiões.

6) Suas hipóteses foram confirmadas? Justifique.

7) Utilizando os resultados da experiência, explique alguns aspectos dos tsunamis, como altura e
energia.

Resultados observáveis
No item 1 da Parte 1, ao ligarem o excitador, os estudantes observarão faixas claras e escuras.
As faixas claras correspondem às cristas, porque elas atuam como lentes convergentes e tendem a
focalizar a luz da lâmpada, enquanto as depressões atuam como lentes divergentes, dispersando-a.
Para o cálculo do comprimento de onda, é importante medir vários comprimentos de onda (cinco,
por exemplo) e dividir pelo número de ondas, determinando o seu valor médio. Dessa forma, o erro
associado à medida é menor.

Pode-se introduzir uma estimativa do erro associado ao valor médio de uma medida. Para isso,
sugere-se utilizar o desvio médio, calculado pela média aritmética dos afastamentos (ou desvios),
tomados em valor absoluto, entre cada valor e o valor médio das medidas.

Outras questões tratam da determinação das características das ondas em água e do estudo da
relação λ = v/f (comprimento de onda = velocidade ÷ frequência) ou λ = vT (comprimento de onda =
velocidade × período).

Na Parte 2, a mudança na velocidade da onda é bastante visível pela diminuição do compri-


mento de onda. Também pode-se verificar que a frequência da onda não varia quando ela passa de
uma profundidade para outra.

Discussão dos resultados


Retome as hipóteses apresentadas pelos estudantes e compare-as com as medidas ou cálculos
realizados. Para a profundidade de cerca de 1 cm de água, com frequência da onda perto de 10 Hz,
a velocidade resulta em torno de 25 cm/s. Podem-se fazer outras observações com mudança de fre-
quência e se notará que, para essa mesma profundidade da água, a velocidade da onda se mantém
constante com aumento da frequência apenas para aquelas acima de 10 Hz. Para valores menores
do que esse, poderá se observar a variação da velocidade de propagação da onda com a variação da
frequência da fonte.

37
Também foi observado que, para uma dada frequência, a velocidade da onda diminui com a
diminuição da profundidade, resultado coerente com a observação anterior.

Chame a atenção dos estudantes para a validade das observações apropriadas para ondas em
águas rasas, como é o caso da cuba onde foi realizada a experiência. Em águas profundas, outras
variáveis são importantes, e elas compõem a análise do fenômeno. Entretanto, a diminuição da
velocidade das ondas que se aproximam da costa, pela diminuição da profundidade da água,
é bastante visível. Com a diminuição da velocidade, a energia cinética da onda diminui com o
quadrado da velocidade (v2) e se transforma em energia potencial do sistema, aumentando a
amplitude da onda.

Ampliação do estudo experimental


1) O kit cuba de ondas possibilita experiências extremamente interessantes como o estudo da
reflexão, refração, difração e interferência. Podem-se encontrar seis experimentos que utilizam
esse material no site <http://educar.sc.usp.br/> (acesso em: 21 jul. 2014). Escolha ÓTICA e
veja o item 12: cuba de ondas.

2) Pode ser feita uma pesquisa sobre formação dos tsunamis e estudo das ondas P e S dos terre-
motos, utilizadas na construção de modelos explicativos da estrutura interna da Terra, com
participação do professor de Geografia.

Para saber mais


MEIRELLES, S.; VIOLANTE-CARVALHO, N. Modelagem computacional da propagação de ondas
superficiais no oceano: um subsídio para a compreensão dos fenômenos ópticos. Revista Brasi-
leira de Ensino de Física, São Paulo, v. 29, n. 4, 2007. Disponível em: <http://goo.gl/ylN9a1>.
Acesso em: 26 nov. 2014.

PHYSICAL SCIENCE STUDY COMMITTEE (PSSC). Física – parte II. São Paulo: Edart, 1966. Disponível
em: <http://www.cienciamao.usp.br/tudo/indice.php?midia=pssc>. Acesso em: 26 nov. 2014.

SILVEIRA, F. L.; VARRIALE, M. C. Propagação das ondas marítimas e dos tsunamis. Caderno Bra-
sileiro de Ensino de Física, v. 22, n. 2, 2005, p. 190-215. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.
br/~lang/Textos/Ondas_tsunami.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

38
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Tema 7: sons e o osciloscópio – um estudo sobre cordas


vibrantes

Considerações iniciais
A abordagem da produção do som é particularmente prazerosa, visto sua tamanha presença no
cotidiano: na fala, no vento, na chuva e, em especial, na música em geral. A descoberta dos harmô-
nicos por Pitágoras (VI a.C.) é o ponto de partida para o estudo dos fenômenos de interferência e
formação das ondas estacionárias em cordas ou tubos.

A partir da experimentação de um som agradável aos ouvidos (som harmonioso, daí harmônico), é
evidenciada a vibração de uma corda (de um instrumento musical ou mesmo de um barbante que tem
afixadas suas extremidades), com determinado comprimento, em seu harmônico mais simples, dito fun-
damental. Essa mesma corda, agora com metade de seu comprimento, posta a oscilar gera também seu har-
mônico fundamental; embora, com uma nota cuja frequência é duas vezes maior, denominada uma oitava
acima do primeiro som. Quando a escolha recair em um instrumento de sopro (flauta doce, por exemplo),
há também uma percepção dos sons de oitavas diferentes em função do tamanho do tubo, quer seja ele
com duas extremidades abertas ou apenas uma. De qualquer maneira, seja um violão ou uma flauta doce,
o uso de simples instrumentos permitirá um estudo de ondas estacionárias e o fenômeno de ressonância.

A partir da abordagem com o instrumento musical, parte-se para o estudo prático do comportamento
de interferência em ondas em cordas, que culminam com a obtenção de sucessivos modos de vibração para
uma mesma corda ou tubo, estabelecendo-se relações entre as frequências emitidas e o respectivo tama-
nho de corda ou tubo. A atividade também proporciona o contato com um instrumento de medida capaz de
determinar a frequência de um som, no caso o osciloscópio, que será muito útil por permitir verificar, numa
linguagem gráfica, o perfil da onda associada e interpretar os conceitos de período, frequência e ampli-
tude. Essa atividade completa o estudo da onda sonora, tema presente no Caderno do Professor da 2a série.

Problema a ser investigado


Como é possível fazer variar a frequência do som em uma corda de violão ou tubo de uma flauta?
Como se mede tal percepção em termos físicos e sensoriais (audição)?

Habilidades
Reconhecer os modos de vibração de uma corda ou tubo a partir de seu harmônico fundamental;
identificar a altura de um som e poder relacioná-la à frequência emitida por este e, por consequência,
dissociar a altura de um som da sua respectiva sonoridade (nível de intensidade sonora); aprender a
identificar a linguagem simbólica de ondas (através dos gráficos exibidos na tela do osciloscópio) com as
grandezas físicas associadas às ondas, tais como comprimento de onda, frequência e amplitude de onda.

Número de aulas
Para o desenvolvimento do experimento, sugerem-se quatro aulas.

39
Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Como é possível variar o som emitido por uma corda do violão? E pelo tubo de uma flauta? Que
características (grandezas) estão relacionadas com tais alterações sonoras? Como é possível medi-las?

Execução da atividade experimental


Material necessário

Um violão afinado ou flauta doce; um computador com entrada de áudio para microfone e um micro-
fone (no caso de notebook, pode se usar o da própria webcam), software que simule um osciloscópio
no computador (sugere-se, por exemplo, o software Soundcard Oscilloscope, que está disponível para
download em: <http://www.zeitnitz.eu/scope_en>. Acesso em: 21 jul. 2014) e fita métrica ou régua.

Procedimentos a ser adotados

Primeiro, os estudantes devem entender e praticar o uso do osciloscópio; daí a necessidade de


realizar uma atividade sobre o que é, como funciona e como utilizar o osciloscópio.

Roteiro inicial para o uso do osciloscópio

Uma vez iniciado o programa do osciloscópio, a figura que aparece na tela é semelhante à apre-
sentada a seguir. A onda ilustrada é um exemplo do osciloscópio em funcionamento, já registrando
um som por meio de um microfone plugado.
© Christian Zeitnitz

Figura 13 – Tela do osciloscópio do software Soundcard Oscilloscope.

40
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Identifique os ajustes assinalados pelas letras e suas funções, que devem ser alterados con-
forme o andamento da investigação aqui proposta:

A: Ativa/desativa o registro na tela principal do osciloscópio.

B: Ajuste da escala de tempo (eixo horizontal).

C: Ajuste da escala de tensão (ddp) – que, nesse caso, faz o registro da amplitude de onda, corres-
pondendo à intensidade sonora (eixo vertical).

D: TRIGGER (Gatilho) – este ajuste permite a seleção entre opções “auto”, “single”, “normal” e
“off”. Nas opções “auto”, “normal” e “off” aparece na tela a onda e uma indicação da frequência
instantânea. A configuração “single” (disparo automático e registro na tela do osciloscópio)
se revela extremamente útil para fazer o registro da onda emitida pelo violão, pois mantém a
imagem de modo permanente na tela. Nessa configuração, ao obter a imagem, podem-se alterar
os ajustes [B] e [C], melhorando possíveis medidas na tela, e ainda exibe a opção de gravar o
registro para posterior análise, como um arquivo de imagem. O seu nível de ajuste para disparo é
a cruz de cor amarela no centro da tela, que pode ocupar qualquer posição dentro do visor preto.
Quanto mais distante, na vertical, do eixo central horizontal, é preciso um sinal mais intenso
para fazê-lo disparar e fazer o registro deste – sua alteração permite “filtrar” o som de parte do
ruído do ambiente e somente analisar o som desejado (com maior intensidade). Nessa situação,
a cada novo disparo, deve-se acionar o botão [A] novamente (e manter silêncio no ambiente, no
caso de novas medidas).

E: Seleção de grandezas a ser mensuradas. Há três opções, “status”, “Hz and volts”, “cursors”, que
indicam os seguintes aspectos:
aa [status]: indica a condição do osciloscópio, se parado ou em modo de registro;
aa [Hz and volts]: indica o período e a frequência do evento periódico que o osciloscópio regis-
tra. Habilite-o quando se tratar de harmônicos puros e será obtida a informação imediata
da frequência emitida (sugestão: teste na nota LÁ do telefone e serão verificados os 440 Hz
indicados na base do visor preto; verifique o volume de gravação para conseguir captar a
intensidade do sinal);
aa [cursors]: seleção que delega ao usuário o ato de medir as grandezas tempo (período) e volts
(amplitude) arrastando o cursor desejado segundo interesse próprio. Na base do visor preto,
os valores registrados serão indicados, eximindo-o da leitura tradicional em um osciloscópio
de raios catódicos convencional.

F: Alterna entre abas que apresentam outras opções do osciloscópio. Na opção “settings”, a alter-
nativa “input” deve ser microfone. Certifique-se de que seu microfone esteja ativo e plugado.
Outra aba de interesse para se explorar é “signal generator”, que permite a geração de sinais de
áudio em dois canais de 0 a 10 kHz, com diversos tipos de onda (o interesse aqui é pela senoi-
dal), em que o osciloscópio passa a gerar som.

G: Habilita o registro em até dois canais de áudio distintos. Nesta atividade, basta um canal ativo,
preferencialmente o canal indicado na cor verde.

41
A precisão deste instrumento pode ser estimada porque sua captação (amostragem) é de 1 em
cada 44.100, podendo chegar a mais, dependendo da placa de som utilizada. Isso significa que,
para o intervalo de frequências com que se trabalhará, o erro de medida é no máximo de 3,5%, para
as frequências até 3.000 Hz.

A imagem anteriormente exposta na tela (Fig. 13) mostra um exemplo da onda emitida pelo
violão, registrada na tela do computador.

Note que o osciloscópio, nessa situação, tinha seu gatilho (D) selecionado na opção “single”.
Quando o osciloscópio recebeu o sinal provindo do microfone, tal que sua intensidade atingiu o
valor de disparo (posição controlada pelo usuário da cruz amarela no visor), o registro da onda no
visor ficou permanente, permitindo ao usuário obter as medidas diretamente da tela. Para isso, as
linhas verticais e horizontais podem ser movidas com o auxílio do mouse, posicionando os cursores
(J e K). No caso da figura anterior, os cursores selecionam dois vales consecutivos, simultaneamente
ao seu movimento, obtendo-se medidas (“leituras” do osciloscópio), mostradas na figura pela letra
H, indicando o período dessa onda e sua respectiva frequência (mostrada na figura pela letra I).

Apenas após o estudo desses ajustes e indicações é que será viável realizar medidas com o
osciloscópio.

Medindo grandezas ondulatórias

O experimento requer uma abordagem auditiva, por isso recomenda-se que seja feito com um
só instrumento musical e que o grupo de estudantes presente na atividade seja conscientizado da
necessidade de se fazer silêncio. Cada grupo pode aguardar sua vez de mensurar ou, numa perspec-
tiva mais coletiva, pode-se tomar uma medida em comum e cada grupo trabalhar individualmente
os resultados obtidos.

Professor, construa um roteiro próprio baseado na atividade sugerida a seguir, permitindo que
os estudantes se sintam mais seguros no desenvolvimento e registros das observações.

Uma vez de posse do violão, tomam-se as medidas de frequência utilizando o procedimento que
se segue, apresentado como exemplo:

1) Construa uma tabela para registrar dados sobre o comprimento da corda e a respectiva frequên-
cia em hertz.

2) A tomada de dados ocorrerá segundo as indicações a seguir:


a) Ligue o osciloscópio para a obtenção de dados. Esteja atento ao momento em que o ajuste de
disparo [D] indicar a opção para registro automático permanente e selecione o botão [E] com
as seguintes opções [cursors]/“time” ativado/“zoom” ativado, para que possa ter a liberdade
de fazer medidas na tela do osciloscópio por meio do arraste dos cursores;
b) Acione o instrumento musical: deve-se percutir a corda do violão (sugere-se utilizar a
corda LÁ, 5a corda de baixo para cima, com o violão afinado) na situação em que suas
extremidades estejam fixas apenas no cavalete e no traste (Fig. 14). O microfone deve estar

42
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

próximo ao bocal da caixa acústica. No caso de haver necessidade de repetir a medida,


acione novamente o botão [A];
c) Utilizando a imagem obtida, determine com o auxílio das ferramentas (cursores do osciloscó-
pio) a frequência do som emitido pelo instrumento e registre esse valor na tabela. A seguir, meça
o comprimento da corda que foi percutida, anotando o valor correspondente em uma tabela.

3) Divida a corda em 2, 3, 4 e 5 partes iguais, respectivamente, e anote os valores corresponden-


tes na sequência da tabela. Alguns violões trazem pequenos pontos marcando tais posições. A
partir da pestana, pressione o local onde indica a corda para os valores correspondentes a 1/2,
1/ , 1/ e 1/ . Nestes casos, a medida da corda percutida será 1/ , 2/ , 3/ e 4/ do valor da corda
3 4 5 2 3 4 5
inteira registrada anteriormente no item 2.

4) Para cada um dos locais pressionados, faça percutir a corda e determine, em cada caso, com o auxílio
do osciloscópio, a sua frequência. Coloque valores na tabela, nas linhas correspondentes aos respec-
tivos comprimentos.

5) Verifique se os dados da tabela indicam alguma relação entre comprimento da corda e frequên-
cia. Faça um gráfico e tente estabelecer uma relação. A frequência aumenta ou diminui com a
diminuição da corda percutida?

6) Com a imagem fornecida pelo osciloscópio, também é possível identificar:


a) Intensidade sonora: pode ser identificada pela amplitude da onda (eixo vertical), que se
relaciona com a sonoridade (volume que o ouvido pode ouvir);
b) Medida do período e comprimento de onda: o valor do período pode ser obtido a partir do eixo
horizontal. Quanto ao comprimento de onda, conhecendo-se a velocidade do som no ar, em
média 340 m/s, pode-se calcular a ordem de grandeza do comprimento de onda da nota emi-
tida, em metros;
c) Timbre: cordas distintas do violão ou diferentes instrumentos podem emitir a mesma nota
musical; entretanto, é possível identificá-las, pois possuem timbres diferentes. Isso se mani-
festa pelo perfil da onda que aparece no osciloscópio.

S e você se sentir seguro em mostrar, ou pedir, aos estudantes essas medidas, seria uma ótima
oportunidade de explorar outras possibilidades do osciloscópio para o estudo investigativo
sobre o som. Nesse caso, escolha a nota LÁ obtida no item (2b), por exemplo.

7) Peça aos estudantes que descrevam, num pequeno relatório, a experiência realizada.

Resultados observáveis
Será possível perceber a alteração da altura do som (se grave ou agudo) conforme o compri-
mento da corda se alterna, no caso do violão. Os dados obtidos com o osciloscópio, uma nova forma
de observar o som, indicarão uma maneira diferente de trabalhar com as grandezas associadas a
este fenômeno físico. Pode-se perceber também que o som mais agudo é mais audível, para um
mesmo volume de som.

43
Discussão dos resultados
Para o bom andamento da atividade, você deve ter domínio do uso das medidas que são regis-
tradas pelo osciloscópio.

Você também deve estar atento ao fato de que o conhecimento do osciloscópio pelos estudantes
é um dos objetivos desta atividade, permitindo a eles explorar tal aparelho, entendendo suas pos-
sibilidades e o funcionamento necessário ao estudo investigativo aqui proposto.

Quanto aos dados obtidos, uma análise da tabela pode não levar conclusivamente (equa-
cionamento matemático) ao comportamento das vibrações harmônicas e suas respectivas fre-
quências. É distante o uso da linguagem matemática e as respectivas relações entre grandezas.
Nesse ponto, a construção do gráfico permite uma interpretação mais profunda dessas relações.
Sugere-se que se faça então tal gráfico, em que se propõe relacionar a frequência em função do
comprimento da corda. Ainda que as medidas não sejam precisas, a relação inversa pode ser
observada pelo gráfico.

Outras questões podem ser levantadas. Por exemplo: qual é o comportamento de uma única
nota sendo emitida a distâncias cada vez maiores do microfone? O intuito é abrir o questionamento
da medida da intensidade sonora, e, se você for hábil em medir tal distância, poderá verificar a lei
do inverso quadrado para a medida da amplitude versus distância.

O resultado das observações permite que você intervenha e questione o modo como a corda, ou
uma fração dela, vibra. Independentemente da frequência emitida, todas as frações vibram em seu
estado fundamental, e esse é o momento para fazer uma ilustração daquilo que se vê com os olhos e se
mede com os ouvidos. Você também pode fazer um desenho que ilustre as frações das cordas que foram
percutidas e como vibraram. Veja o modelo na Figura 14. A partir deste desenho, cabe a você questio-
nar a relação peculiar que existe entre o caso em que a corda ressoa em toda a sua extensão e quando
ressoa apenas em sua
metade. O que acontece Corda L percutida em toda a sua extensão
© Hudson Calasans

com a outra metade? Corda L percutida em


2/3 de sua extensão
Para uma corda Corda L percutida em 1/2
de comprimento L, as de sua extensão
medidas são tomadas a
partir do cavalete até o
traste correspondente
à medida do local em
que a corda será pres-
sionada. (Violões têm
tamanhos diferentes –
é necessário medir o
comprimento total da
Cavalete Traste Traste Pestana
corda para aquele que
será usado.) Figura 14 – Esquema com a estrutura de um violão e indicações dos comprimentos de
corda.

44
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Caso deseje uma precisão maior na medida da velocidade do som no ar (abordado no item 6), obte-
nha uma tabela da velocidade do som em função da temperatura do ar, o que pode alterar seus cálculos.

Como estudo suplementar, você pode explorar outro instrumento musical, como a flauta doce
(ver indicação nas sugestões suplementares). Para estudar a diferença do timbre de uma mesma
nota, outros instrumentos podem ser pedidos aos estudantes.

Ampliação do estudo experimental


1) Você pode propor um estudo com o componente curricular Arte sobre instrumentos musicais
que utilizam cordas e suas características. Uma questão pode ser levada ao grupo experimentador:
Por que o baixo acústico se chama baixo e o cavaquinho emite um som agudo? Outros instrumentos de
corda devem ser questionados quanto ao seu formato, como uma lira ou harpa, o porquê daquele seu
formato com cordas maiores ou menores. Outra questão a ser levantada é por que um violão tem todas
as cordas do mesmo tamanho e, ainda assim, consegue produzir sons com características diversas.

2) Também com o componente curricular Arte, pode-se aprofundar a questão do afinamento


dos instrumentos. Do ponto de vista físico, questões interessantes de ser feitas neste momento do
procedimento são: Já se ouviu falar dos aparelhos afinadores de instrumentos? Por que há afinadores
que são presos ao corpo do instrumento e outros não? Por que não são presos à corda diretamente?
Com essas perguntas, abre-se outra perspectiva sobre a análise da refração de ondas.

3) Com as mesmas questões propostas para o violão, neste estudo investigativo, pode-se explo-
rar o estudo das notas musicais da flauta doce. Neste caso, as medidas devem considerar a distância
entre a rolha do bocal até o centro do orifício aberto para a nota escolhida. No site disponível em:
<http://flautadocebr.quintaessentia.com.br/tag/flauta-doce/> (acesso em: 21 jul. 2014), é pos-
sível identificar as notas musicais que podem ser obtidas com a flauta, conforme o posicionamento
da mão. Com tal estudo, pode-se observar que soprar a flauta corretamente não é tão simples como
parece, pois velocidades de sopro diferentes acusarão distorções nas notas obtidas.

4) Com o componente curricular Biologia, pode-se discutir a produção do som nas cordas
vocais, aprofundando outros aspectos do corpo humano relacionados à temática som (como o fun-
cionamento do ouvido humano, ou ainda como os surdos percebem o som a partir de vibrações).
Há também um caso muito especial de pessoas que possuem “ouvido absoluto”, uma habilidade em
identificar notas musicais, que poderia ser explorado nesse estudo.

Para saber mais


GOMES, C. A.; LÜDKE, E. Uso de ressonância em cordas para ensino de Física. Revista Brasileira de
Ensino de Física, v. 33, n. 3, 2011. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/333501.
pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica. v. 2. São Paulo: Edgard Blücher: 1987.

45
ROCHA, J. F. Origens e evolução das ideias da Física. Salvador: Edufba, 2002.

SANTOS, E. M.; MOLINA, C.; TUFAILE, A. P. B. Violão e guitarra como ferramentas para o ensino
de Física. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 35, n. 2, 2013. Disponível em: <http://www.
sbfisica.org.br/rbef/pdf/352507.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

Tema 8: eletricidade e cargas elétricas

Considerações iniciais
Faíscas e raios são algumas das manifestações de descargas elétricas que podem ser observadas com
facilidade. No caso das descargas elétricas atmosféricas (raios), observam-se linhas luminosas (raios)
e, associadas a elas, barulho (trovões), cuja intensidade depende da proximidade do fenômeno. A
maioria dos raios ocorre entre as nuvens; entretanto, uma pequena parcela atinge o solo e as cidades
e, para evitar que tais descargas atinjam edificações, procura-se direcionar tal energia e neutralizá-la
com a instalação de dispositivos chamados para-raios, cuja parte visível – hastes pontiagudas – é ins-
talada nos tetos de edificações. Assim como lida-se com essa manifestação natural de energia, também
lida-se com a energia elétrica nas residências, utilizando fios e tomadas. Analisando particularmente
as tomadas, percebe-se que fios se encontram lado a lado, mas nunca se vê uma faísca sair de um
“buraquinho” para o outro, caso não se coloque algo que ligue diretamente um “buraquinho” (fio) ao
outro. A investigação aqui proposta complementa a discussão sobre a rigidez dielétrica do ar, no tópico
que discute sobre raios, disponível no Caderno do Professor da 3a série do Ensino Médio.

Problemas a ser investigados


Como é possível estimar a voltagem de uma descarga elétrica no ar, com base na observação do
eletróforo ou de um gerador eletrostático de Van de Graaff? Por que nas tomadas elétricas residenciais
não há descargas espontâneas, embora os fios estejam lado a lado com suas pontas acessíveis?

Habilidades
Identificar variáveis relevantes e elaborar hipóteses em situações em que ocorrem fenômenos que
envolvam eletricidade estática; reconhecer a importância de repetir procedimentos para a obtenção de
observações confiáveis; compreender a necessidade de verificar os materiais de prova no início de qual-
quer experimentação envolvendo identificação de cargas estáticas; estabelecer relações e interpretar
observações ou resultados de um experimento sobre descargas elétricas; elaborar comunicação escrita
ou oral para relatar experimentos.

Número de aulas
Para o desenvolvimento das discussões e da investigação, sugerem-se três aulas. Se a atividade
incluir a construção de um eletróforo, sugere-se acrescentar uma aula.

46
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Como corpos com eletricidade estática se comportam ao interagir com outros?

Execução da atividade experimental


Material necessário

Para as atividades demonstrativas: eletróforo de pizza. Para as atividades investigativas: (a) ele-
tróforo: pedaço de PVC utilizado para forrar tetos (suficiente para acomodar a forma de pizza, pode
ser de 50 cm × 50 cm, pode ser montada com retalhos de forro); uma forma de pizza de alumínio; um
pedaço de cano de PVC (cerca de 40 cm); cola quente e pistola aplicadora; papel higiênico; (b) ele-
troscópio de folha: tesoura, fita-crepe, canudinho plástico de refrigerante; papel higiênico, papel de
seda de bala de coco, massa de modelar lisa, para-raios (clipe metálico) e “prédio” de papel-cartão.

Procedimentos a ser adotados

©Hudson Calasans
Haste de PVC
(40 cm)
Parte 1 – Explorando as descargas elétri-
cas do eletróforo de pizza Disco de alumínio
Converse com os estudantes, pergun- para pizza
tando como eles explicam os fenômenos Fixada com
do raio e das faíscas entre fios elétricos. O cola quente
resultado da conversa pode ser registrado
na lousa para ser retomado ao final.

O passo seguinte é mostrar-lhes o eletró- Placa de PVC


foro de pizza, uma montagem como indicada (utilizada para
forro de teto)
na Figura 15.

Para seu funcionamento, sugere-se:

1) Eletrizar por atrito, com papel higiênico,


a superfície superior da placa plástica, Figura 15 – Conjunto do eletróforo de pizza.
sobre a qual será colocado o eletróforo
(forma de pizza com haste de PVC). O
conjunto é mostrado na Figura 15. A base plástica eletrizada servirá apenas para polarizar as
cargas elétricas no disco de alumínio.

2) Com o eletróforo apoiado diretamente sobre a placa de PVC, deve-se tocar com a mão a super-
fície do disco de pizza, carregando-o eletricamente pelo aterramento. O eletróforo será, nesse
caso, carregado devido à indução da base plástica.

47
3) Segurando o eletróforo pela haste isolante de PVC, pode-se aproximar o disco de pizza de obje-
tos metálicos para ver a produção de uma pequena descarga elétrica.

4) Como há pouca carga elétrica envolvida na observação, pode-se também experimentar a des-
carga elétrica, aproximando o eletróforo carregado da mão e observando faísca semelhante à
indicada no item 3.

Parte 2 – Estimando a voltagem


O problema a ser investigado é estimar a energia elétrica envolvida na descarga elétrica do ele-
tróforo de pizza, particularmente a voltagem. Sugere-se perguntar aos estudantes, inicialmente,
se, comparada à voltagem disponível nas residências (110 V e 220 V), a voltagem das observações
do eletróforo é maior ou menor, anotando as opiniões para discutir no final.

Para a realização de medições, sugerem-se os seguintes passos:

1) Dividir os estudantes em grupos de investigação.

2) Cada grupo deve escolher o objeto que sofrerá a descarga elétrica (vamos chamá-la de “ponta de
prova”), repetindo os procedimentos da Parte 1, com o cuidado de estabelecer alguma distância
entre o eletróforo e a ponta de prova.

3) Há, entretanto, um problema: colocar uma régua ou qualquer objeto entre o eletróforo (disco
de pizza) e a ponta de prova alteraria a condição que se quer medir. Assim: como realizar uma
medida precisa e confiável, sem interferir na descarga do eletróforo? Sugere-se inicialmente
colocar o problema aos estudantes: Como medir a distância sem que isso interfira no dispositivo?
As propostas podem ser descritas e, em seguida, realizadas medições a partir delas, compa-
rando-se os resultados obtidos pelos diferentes grupos.

4) Duas soluções a ser sugeridas após essa fase de propostas (se ela não surgir no trabalho do item
anterior) serão: (a) fotografar a situação na distância em que se observa a descarga elétrica. Não
é fácil obter uma foto da faísca em si ou conseguir uma boa imagem filmando-a (pois a intensi-
dade da faísca é pequena). O grupo pode fazer essa tentativa e, depois, imprimindo a fotografia,
podem-se fazer as medidas proporcionais do tamanho do disco de pizza e da distância entre o
disco e a ponta de prova. Sabendo a medida real do disco de pizza, pode-se calcular por propor-
ção a medida da distância. Deve-se estar atento para que a fotografia seja tirada de maneira a
não distorcer a distância, com a câmera sendo posicionada frontalmente à descarga elétrica;
(b) se não puder ser obtida a imagem da faísca, sugere-se que o experimento seja conduzido
com o cuidado de aproximar o eletróforo horizontalmente da ponta de prova e, ao se constatar
a faísca, deixá-lo naquela posição, para realizar a medida diretamente.

5) Com a distância em centímetros, pode-se estimar a voltagem envolvida no eletróforo de pizza.


Você deverá mencionar a rigidez dielétrica do ar como parâmetro para a estimativa.

6) A medida desse estudo até o momento considerou a observação da faísca. Mas será que ela
é confiável? Sugere-se pedir aos estudantes outro procedimento. As medidas devem ser

48
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

© Hudson Calasans
Haste metálica
comparadas agora com outra situação, subs- (clipe desdobrado)
tituindo a ponta de prova por um eletroscópio
com um pequeno “para-raios”. O eletroscópio
“Prédio” de
indica com mais precisão quando há descar- papel-cartão
gas elétricas, uma vez que o indicador de
carga se movimenta. Para diferenciar esse
processo da indução, deve-se observar aten- Fita-crepe

tamente quando houver um pequeno salto do


indicador (fita de papel de seda), mostrando
que a carga elétrica foi transferida do ele-
Fio de papel de seda
tróforo para o eletroscópio. Uma sugestão (de bala de coco)
de eletroscópio de baixo custo se encontra
na Figura 16 e também pode ser incluída na
atividade a sua construção. Sugere-se repetir
os procedimentos de eletrização e descarga,
medindo a distância em que o eletroscópio
indica descarga elétrica.
Canudinho
7) No material de laboratório das escolas do Pro- plástico Base de material isolante
(massa de modelar)
grama Ensino Integral, encontra-se um gera-
dor eletrostático de Van de Graaff. Pode-se
completar a atividade substituindo o eletróforo
pelo gerador de carga eletrostática e medindo Figura 16 – Montagem possível para um eletroscópio
a voltagem com o auxílio do eletroscópio, por de folha.
meio do cálculo da distância onde se obtém a
faísca.

Resultados observáveis
Serão observadas descargas elétricas de intensidade suficiente para ser percebidas pelos estu-
dantes (vistas e talvez ouvidas). As estimativas de distância permitirão perceber que as atividades
de eletricidade estática envolvem uma voltagem muito maior que aquelas mais comuns disponíveis
nas instalações elétricas residenciais (127 e 220 V).

Os procedimentos utilizados ou criados para observação lhes permitirão discutir como a ativi-
dade científica se desenvolve.

Discussão dos resultados


Parte 1 – Explorando as descargas elétricas do eletróforo de pizza
Nesta Parte, espera-se que você possa aproveitar uma exploração lúdica da eletrização por indu-
ção do eletróforo. Sugere-se deixar que os estudantes interajam diretamente com o dispositivo,
realizando tanto a eletrização por atrito da base como a eletrização por indução do disco de pizza
e, finalmente, a descarga do conjunto.

49
Deve-se ficar atento para não descarregar o eletróforo ao transportá-lo, após ser carregado ele-
tricamente por indução. Quando o eletróforo estiver eletricamente carregado, deve-se evitar apro-
ximar o corpo ou o braço do disco de pizza, pegando o conjunto apenas com a haste isolante, com
o braço estendido.

Além das pequenas descargas elétricas entre o disco de pizza e os corpos que se aproximam, se
a sala estiver suficientemente silenciosa, será possível ouvir o barulho da descarga. Têm-se assim,
em pequena escala, um raio e seu trovão.

Uma possibilidade interessante é oferecer a oportunidade para que os estudantes construam


seus próprios eletróforos de pizza.

Parte 2 – Estimando a voltagem


Sabe-se, como indicado no Caderno do Professor, que a rigidez dielétrica do ar é de 3 × 106 volts
por metro (V/m). Se se conseguir medir a distância (em metros ou em centímetros) em que se observa
a descarga elétrica visível, será possível estimar a voltagem envolvida no dispositivo por simples
proporcionalidade. Espera-se que a medida obtida na Parte 2, dependendo da umidade do ar, esteja
acima de 5.000 V, ou seja, que seja muito maior do que as observadas nas tomadas residenciais.

O trabalho investigativo proposto no item 3 da Parte 2 é um momento bastante rico, em que os


grupos podem escolher caminhos diferentes para essa tarefa, depois fazer medições e discutir sua
confiabilidade. Você pode explorar essa situação, que, guardadas as devidas proporções, muito se
assemelha à produção de conhecimento na atividade científica, quando grupos diferentes procu-
ram solução para um mesmo problema, reunindo-se posteriormente em simpósios ou congressos
para discutir a consistência de suas soluções. No caso das atividades científicas, os grupos de pes-
quisa disputam a primazia da descoberta e as verbas de financiamento disponíveis para sua área,
situação que você também poderia discutir, refletindo sobre a atividade científica e colocando os
cientistas como pessoas sujeitas a emoções humanas como alegria, ciúmes, desavenças, colabora-
ções etc.

Na Parte 2, item 6, a introdução do eletroscópio de folha permitirá observar que, antes da faísca
visível, já há descargas elétricas imperceptíveis ao olho humano. Fenômeno semelhante se observa
com os raios em nuvens (ver, por exemplo, o fenômeno chamado de líder escalonado ou de carga
líder, disponível no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): <http://www.inpe.
br/webelat/rindat/menu/desc.atm/>; acesso em: 21 jul. 2014), indicando que a movimentação
de cargas elétricas ocorre antes da parte visível do fenômeno. Com esse procedimento, pode-se
rever o valor da voltagem, a partir da obtenção de uma nova medição da distância de descarga,
sendo a ponta de prova a ponta do para-raios. Podem-se também explorar as questões da observa-
ção científica com uso de instrumentos.

Ampliação do estudo experimental


1) O entendimento do funcionamento de para-raios poderia ser aprofundado, com você e os
estudantes pesquisando o assunto nas firmas que trabalham com a instalação desses dispositivos,

50
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

considerando diferentes configurações, modelos e suas aplicações. Esse estudo também poderia
ser realizado com os estudantes, obtendo-se fotografias de instalações em que se poderá ver que
muitas edificações possuem diversos pequenos para-raios interligados (formando uma extensão
maior de pontas sobre a instalação). A parte de neutralização do raio envolve alguns sais de cobre,
que ficam enterrados, propiciando um aprofundamento com o componente curricular Química.
Com o componente curricular Geografia podem ser pesquisados, junto a grupos de estudos científi-
cos do Inpe, que locais do Brasil têm maior incidência de raios, tentando caracterizá-los. Obter um
mapa de queda de raios no Brasil seria um dos objetivos de tal trabalho.

2) Embora não seja um fenômeno enquadrado como eletrostática, podem-se pesquisar junto às
empresas de fornecimento de energia elétrica as diversas voltagens que utilizam. Na transmissão
de energia elétrica, ocorrem diversas fases de elevação e rebaixamento de tensão, havendo nas
cidades instalações residenciais com 127 V (monofásica) e 220 V (bifásicas). Há também insta-
lações comerciais com essas tensões e outras maiores (como redes trifásicas). Na rede aérea de
transmissão – fios nos postes das ruas –, encontram-se tensões de 127 V, 220 V e outras maiores,
antes dos transformadores, com tensões maiores (acima de 10.000 V, por exemplo). Nas grandes
linhas de transmissão, tensões maiores que esses valores estão disponíveis. Todas essas modali-
dades poderiam ser identificadas na pesquisa, observando-se os riscos de descargas elétricas em
redes de alta-tensão, quando o simples fio de uma pipa pode ser condutor elétrico, dada a tensão
ali presente. Pode-se, com o componente curricular Geografia, tratar sobre as usinas que fornecem
energia elétrica no chamado sistema interligado, mostrando quão longe as fontes geradoras se
encontram de sua cidade, explorando a necessidade da alta-tensão em tais transmissões, decor-
rente do problema físico de dissipação térmica. Com o componente curricular Biologia, poderiam
ser explorados os efeitos biológicos da eletricidade e como os trabalhadores das empresas de ener-
gia elétrica se protegem para trabalhar com os fios ligados.

Para saber mais


HEWITT, P. G. Física conceitual. Bookman: Porto Alegre, 2011.

LABURÚ, C. E.; SILVA, O. H. M. da; BARROS, M. A. Laboratório caseiro para-raios: um expe-


rimento simples e de baixo custo para a eletrostática. Caderno Brasileiro de Ensino de Física,
v. 25, n. 1, 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/
2175-7941.2008v25n1p168>. Acesso em: 26 nov. 2014.

LIBRANTZ, H.; LIBRANTZ, A. F. L. Descargas elétricas atmosféricas e suas interações com aerona-
ves. Exacta, São Paulo, v. 4, n. 2, jul./dez. 2006, p. 247-258. Disponível em: <http://www.redalyc.
org/articulo.oa?id=81040204>. Acesso em: 26 nov. 2014.

SÃO PAULO, EDUCAÇÃO (FDE). Manual de orientação para manutenção de sistemas de proteção con-
tra descargas atmosféricas nas escolas – para-raios. Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 2009.
Disponível em: <http://catalogotecnico.fde.sp.gov.br/meu_site/AP%20Download/manual_
SPDA.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

51
Tema 9: simulando um circuito residencial

Considerações iniciais
Circuitos elétricos são temas de estudo das aulas de Física do Ensino Médio; neles, as associa-
ções em série e em paralelo são trabalhadas por meio de diagramas e esquemas representativos, e os
parâmetros físicos relevantes para o circuito todo são expostos no nível teórico, quase sempre sem
nenhuma relação entre o que existe no livro e na vida real. No circuito de uma residência, existem
equipamentos elétricos (lâmpadas, televisor, geladeira, liquidificador, computador, entre muitos
outros), todos eles com diferentes níveis de consumo de energia. Muitas vezes, estão conectados
ao circuito elétrico outros equipamentos e elementos não visíveis, sem os quais o circuito não fun-
cionaria, tais como fios de ligação, disjuntores, tomadas e outros vários dispositivos elétricos que
interligam os elementos do sistema elétrico.

Uma instalação elétrica funcional, segura e de bom rendimento necessita de um planejamento


e, para isso, são necessários conhecimentos teóricos de circuitos elétricos, como associações em
paralelo e em série, intensidade de correntes, potência de aparelhos, voltagem de entrada e resis-
tividade de fios.

Planejar uma pequena rede elétrica colabora para a materialização das representações teóricas
de circuitos por meio de diagramas e esquemas para melhor compreensão dos sistemas elétricos
com que os estudantes convivam diariamente. Essa atividade complementa o tema Eletricidade
desenvolvido no Caderno do Professor da 3a série.

Problema a ser investigado


Qual é o maior número de equipamentos elétricos que podem funcionar simultaneamente, de forma
independente e segura, na rede elétrica de uma casa?

Habilidades
Reconhecer a relação independente dos elementos de uma associação elétrica em paralelo e a
dependência numa associação em série; reconhecer ligações em série e em paralelo em circuitos elétri-
cos reais e identificar as relações entre elas e as representações esquemáticas teóricas; compreender
que em uma associação em paralelo a corrente elétrica necessária para o funcionamento adequado dos
elementos do circuito elétrico corresponde à soma das correntes elétricas em cada um dos dispositivos;
identificar o uso e a inserção no circuito dos principais dispositivos elétricos de uma residência; elabo-
rar planta baixa e fazer instalação de um circuito residencial com elementos elétricos básicos.

Número de aulas
4 aulas.

52
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Como investigar o problema?


Parte 1 – Inicia-se com a atividade de montagem de circuitos elétricos, começando com circuito
simples (como acender uma lâmpada utilizando uma fonte e fios), passando para associações de
dispositivos em paralelo e depois em série, retomando os conhecimentos desenvolvidos na ativi-
dade Analisando um circuito elétrico, do Caderno do Professor da 3a série.

Parte 2 – Em seguida, em grupo, os estudantes desenham uma planta baixa do circuito elétrico
de uma casa de três cômodos (sala, quarto e cozinha) e um longo corredor de entrada, indicando
os pontos da entrada da rede elétrica externa, da chave geral, dos pontos de luz e das tomadas. Em
seguida, eles escolhem os equipamentos elétricos básicos essenciais de uma casa, relacionando-os
em uma tabela, dimensionando seus valores de potência (Watt) e tensão (Volt) e desenhando-os num
croqui para compor uma planta baixa.

Parte 3 – Dando continuidade, seguindo a planta, constrói-se a rede elétrica de uma maquete
de casa. Ao contrário da rede de distribuição pública, em que a tensão é oferecida em corrente
alternada (AC), a maquete deverá utilizar uma fonte de baixa voltagem, em corrente contínua (CC).

Execução da atividade experimental


Material necessário

Parte 1 – Fonte de eletricidade de baixa tensão, 5 lâmpadas de lanterna com soquete, fios de
ligação, interruptores de tensão, amperímetro; Parte 2 – Cartolina, lápis, giz de cera colorido,
régua; Parte 3 – Fonte de eletricidade de baixa tensão (procure no material de laboratório de sua
escola), lâmpadas de lanterna com soquete, fios de ligação, interruptor, tomadas, alicate, alicate
de corte, tesoura, cola quente, colas, fita isolante.

Procedimentos a ser adotados

Parte 1 – Associações dos diferentes elementos da rede elétrica residencial


1) Apresente inicialmente aos grupos o seguinte roteiro de investigação, tendo como foco a iden-
tificação da associação, em série ou em paralelo, nas diferentes malhas elétricas:

a) Como devem estar associados os diferentes dispositivos elétricos de uma casa, para que fun-
cionem independentemente?
b) Como se deve associar um dispositivo de segurança (chave geral ou parcial), se ele deve
interromper simultaneamente o funcionamento de todos os dispositivos que protege?
c) Como deve estar associado o interruptor (botão que comanda o acender ou apagar) de uma
lâmpada? Qual deve ser a associação de um interruptor para funcionamento simultâneo de
três lâmpadas?

53
2) Experimento:
a) Esteja atento a regular a fonte de corrente contínua em baixa tensão para o valor adequado
ao funcionamento da lâmpada disponibilizada para execução da experiência.
b) Construa um circuito simples que funcione com uma fonte, com fios de ligação, uma lâm-
pada e um interruptor.
c) Acrescente mais duas lâmpadas no circuito anterior, de modo que elas funcionem indepen-
dentemente, com sua potência máxima, acionadas por um único interruptor. O que ocorreria
se a forma de associação das lâmpadas fosse outra?
d) Insira um amperímetro no circuito e meça a corrente elétrica que passa pelo interruptor
quando as três lâmpadas estão acesas. Em seguida, retire uma das lâmpadas, simulando que
ela tenha queimado, e meça a corrente. Retire mais uma lâmpada, deixando apenas uma em
operação, e meça a corrente. O que essas medidas da corrente elétrica possibilitam concluir?
e) Coloque novamente as duas lâmpadas e faça o interruptor comandar que elas permaneçam
apagadas. Qual é a corrente indicada no amperímetro, nesse caso?

Parte 2 – Planta baixa de uma pequena residência


Em grupos, os estudantes podem receber um roteiro conforme modelo a seguir:

1) Desenhe um esboço em planta baixa de uma pequena casa de três ambientes (sala, quarto e
cozinha) com um longo corredor de entrada. No desenho da planta baixa:
a) Faça marcações dos pontos das lâmpadas, de seus interruptores e das tomadas para ligar os
aparelhos elétricos.
b) Indique o local de entrada de energia elétrica fornecida pela distribuidora e o local da casa
aonde chegam os fios na chave geral, que desliga toda a eletricidade da residência. Nessa
caixa, deve ser desenhado o ponto de instalação do dispositivo de segurança (disjuntor ou
fusível de proteção).
c) Defina o número de lâmpadas, de interruptores, de tomadas, de fios e outros dispositivos
que julgar necessários. A iluminação do corredor de entrada deve ser planejada para acendi-
mento simultâneo de 2 lâmpadas.
d) Identifique a potência e a tensão de operação das lâmpadas e estime qual é o valor da cor-
rente elétrica quando todas as lâmpadas da casa estiverem acesas. Torne compatíveis as ten-
sões do circuito com a da fonte de baixa tensão disponível no laboratório.

Parte 3 – Instalando a rede elétrica planejada


Em grupos, os estudantes podem receber um roteiro conforme modelo a seguir:

1) Cole ou fixe na cartolina os soquetes com lâmpadas, os interruptores e tomadas indicados na planta
baixa. Na caixa de distribuição da chave geral, coloque um interruptor simulando o dispositivo de
segurança. Faça a montagem dos fios de ligação para o funcionamento previsto aos pontos de luz
e às tomadas da residência. Use a fita isolante para proteger as uniões feitas entre os fios elétricos
utilizados. Cuidado ao utilizar a tesoura para descascar as pontas dos fios para conexões necessárias.

2) Ligue a fonte de eletricidade e verifique o funcionamento correto de todos os pontos de luz da


residência. Teste as tomadas utilizando as lâmpadas. Ligue e desligue a chave geral (simulada
pelo interruptor), identificando seu funcionamento adequado. Avalie seu projeto.

54
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Resultados observáveis
Na Parte 1 – item 1, as questões (a), (b) e (c) retomam os conhecimentos sobre circuitos elétricos
e as formas de associação de dispositivos elétricos, permitindo observar a aplicação dessas associa-
ções para garantir a dependência ou a independência do funcionamento dos dispositivos. No item
2, as questões de (a) a (d) permitem observar a prática de montagem de circuitos elétricos, como a
necessidade de fonte, fios e dispositivos, e explorar as características das associações em série e em
paralelo, medindo correntes em diversas associações. Os valores das correntes dependem dos dispo-
sitivos elétricos disponíveis no laboratório.

Na Parte 2, a elaboração de uma planta elétrica de uma residência evidencia a necessidade de plane-
jamento da distribuição de energia elétrica pela casa. A Questão 4 estima o consumo de energia elétrica
e investiga a corrente elétrica necessária, entre outras variáveis, para dimensionar os circuitos.

Na Parte 3, o item 1 propõe a construção da rede de distribuição planejada na Parte 2, dando


materialidade ao tema e permitindo avaliar o projeto elaborado. O não funcionamento do circuito
ou de partes dele deve ser estudado para identificar falhas na planta baixa e/ou na instalação.

Discussão dos resultados


Retome as hipóteses apresentadas pelos estudantes e compare-as com as medidas ou os cálcu-
los realizados.

As medidas de corrente elétrica devem evidenciar o caráter quantitativo vinculado a cada dis-
positivo e explicitar que o uso simultâneo de diversos dispositivos elétricos corresponde a um
aumento na corrente elétrica da residência, expressa pela soma das correntes elétricas individuais.

Discuta com os estudantes que os dispositivos de segurança ou proteção da rede elétrica (dis-
juntores, fusíveis etc.) devem ser escolhidos considerando o dimensionamento adequado da cor-
rente elétrica total e das tensões utilizadas, garantindo de fato a proteção dos circuitos elétricos da
casa. Alerte que a substituição por outro material ou por um disjuntor não adequado colocará em
risco a proteção da rede e dos moradores da residência. Por isso, deve-se evitar sua supressão ou
substituição sem considerar a demanda de energia elétrica.

Ampliação do estudo experimental


1) Uma continuidade do experimento pode ser o planejamento e a instalação elétrica em uma
casa mais complexa que a maquete construída, por exemplo, uma casa de brinquedo, na qual fos-
sem inseridos no circuito outros equipamentos e sistemas. A espacialidade dessa instalação e o
aumento de elementos elétricos no projeto trazem novos desafios.

2) Outra possibilidade é o estudo da instalação elétrica da própria escola ou do laboratório de


Física, discutindo se ela é adequada e em que poderia ser melhorada, levando em consideração

55
padrões arquitetônicos e de engenharia e a iluminação por m2. Essa possibilidade poderia ser com-
plementada com entrevistas com profissionais dessas áreas.

3) Proponha a realização da Atividade 4 de caráter experimental, disponível no Grupo de


Reelaboração de Ensino de Física, Física 3: Eletromagnetismo, 4. ed. São Paulo: Edusp, 2000,
p. 102-108. Com a elaboração da tábua de eletricidade proposta, podem-se investigar o efeito
Joule, sua relação com a espessura do fio e a implicação disso no funcionamento de um fusível,
explorando o dimensionamento adequado dos fios de ligação e do dispositivo de segurança.

Para saber mais


FERREIRA, R. A. F. Instalações elétricas I. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2010.
Disponível em: <http://goo.gl/N5aQsD>. Acesso em: 26 nov. 2014.

SILVA, M. C. Quais lâmpadas acendem? Entendendo o funcionamento dos circuitos elétricos.


Revista Física na Escola, v. 12, n. 1, 2011, p. 16-19. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/
fne/Vol12/Num1/circuitos.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2014.

Tema 10: caminhos da energia – processos de geração e sua


transformação

Considerações iniciais
A capacidade de a energia se transformar em diferentes modalidades e o importante princípio da
conservação da energia são questões de relevante importância para a humanidade. Das descobertas
do século XIX (com trabalhos de Faraday sobre a indução eletromagnética) às perspectivas de uma
nova transformação (no início do século XX, com as ideias de Einstein sobre o efeito fotoelétrico),
chegamos ao século XXI com renovado interesse pela obtenção e transformações possíveis da energia.

A produção de energia e seu uso social têm sido parâmetro de medida da qualidade de vida de
um país. A demanda por energia é cada vez maior, o que exige a investigação tecnológica de outras
formas de produção de energia, e, entre elas, estão as células fotoelétricas, que transformam ener-
gia solar em eletricidade.

O experimento propõe duas etapas de análise: a conversão mecânico-elétrica pelo princípio da


indução eletromagnética e a conversão luz-eletricidade por intermédio do efeito fotoelétrico, com-
plementando o estudo das fontes de energia elétrica do Caderno do Professor da 3a série.

56
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

A partir de um sistema de indução eletromagnética (quer seja ímã-espira, dínamo de bicicleta


ou motor de corrente contínua), faz-se a relação da energia como a grandeza capaz de produzir
trabalho. A partir daí, pretende-se ampliar a discussão do processo de transformação, investigando
as diferentes modalidades de energia envolvidas.

Num segundo processo, a partir de uma célula fotovoltaica, tem-se como objetivo transformar a
energia luminosa em energia elétrica.

Um questionamento de como a energia luminosa é também convertida em eletricidade pode tra-


zer a discussão do processo quântico envolvido no efeito fotoelétrico e levar os estudantes a fazer
projeções no século XXI e além. Os questionamentos poderão permear as descobertas e correlações
estabelecidas nas medidas tomadas nos dois processos abordados.

Problema a ser investigado


Eletricidade: Como obtê-la? Como transformá-la? Qual é a importância para a humanidade da des-
coberta de processos que possam implicar mais qualidade e menos danos à sustentabilidade?

Habilidades
Reconhecer que as distintas formas de energia estão associadas às diferentes naturezas de intera-
ção (como a nuclear, a eletromagnética, a gravitacional); compreender que umas são transformadas
em outras, mas que se trata apenas de um único ente físico – a energia; identificar a grandeza física
que caracteriza e permite quantificar a energia em cada caso (forma), como a velocidade e a energia
cinética, a carga elétrica e a energia elétrica, a quantidade e a frequência dos fótons e a energia ele-
tromagnética do feixe de luz; identificar processos que promovam a transformação de uma forma de
energia em outra.

Número de aulas
Para o desenvolvimento das discussões, construções e investigação, sugerem-se quatro aulas.

Como investigar o problema?

Levantamento de hipóteses
Questões que podem auxiliar o levantamento dos conhecimentos dos estudantes: Onde não está
a eletricidade? O que permite perceber a sua presença? De que forma se manifesta no dia a dia e como
se pode medi-la? Como é possível transformar outras energias em energia elétrica? Com uma lâm-
pada, obtém-se luz a partir de eletricidade; e o inverso, é possível? Existe algum aparelho, dispositivo
que consegue transformar luz em eletricidade?

57
Execução da atividade experimental
Material necessário

a) Conjunto de conversão da energia com bateria solar 5 W – que deve estar disponível no
laboratório da escola. Verifique se nesse conjunto estão os multímetros, a célula fotovoltaica,
conexões para o instrumental; b) dínamo de bicicleta, fonte de tensão ou algo similar (pode ser
um motor de corrente contínua retirado de sucata de computador ou impressora e, nesse caso, é
desejável que o eixo do motor tenha uma pequena roda presa à sua extremidade para que possa
ser girado); c) um ímã potente; sugere-se o de neodímio (se não estiver disponível no material do
laboratório da escola, pode ser retirado de um disco rígido de computador quebrado); lâmpada
de voltagem igual à disponível na célula fotoelétrica do conjunto (qualquer potência) e fios para
sua ligação.

Procedimentos a ser adotados

Divida a turma em tantos grupos quanto o número de equipamentos permitir e faça o encami-
nhamento seguinte.

Parte 1 – Transformação mecânica → elétrica → mecânica


1) Você poderá problematizar o assunto fazendo perguntas do tipo: Vocês sabem de onde vem
a eletricidade que ilumina a sala de aula (laboratório)? Como funciona a usina, ou o gerador, que
fornece essa energia elétrica para nós?

2) Montagem 1: tendo em mãos o voltímetro, monte uma espira com algumas voltas de fio encapado
e conecte seus terminais no aparelho, tendo a menor escala – em volts CC (corrente contínua) – selecio-
nada (caso haja um multímetro analógico disponível, é preferível).

a) Faça o movimento relativo ímã-espira, passando o ímã perpendicularmente por entre as


espiras e indicando a variação de leitura do voltímetro, demonstrando a Lei de Lenz. Faça
também o ímã girar bem próximo à espira. Pergunte aos estudantes: É possível girar o ímã de
alguma forma que também produza variação na leitura do voltímetro?

3) Montagem 2: conjunto de conversão da energia com bateria solar 5 W. Existente no labora-


tório, possui um carrinho com motor elétrico (ou um disco de Newton acoplado a um motor) que
permite a conexão de uma fonte diretamente nele.

a) Utilize um dínamo de bicicleta que forneça corrente contínua ou outra fonte de tensão (CC)
existente no material de laboratório, ligando-o ao carrinho ou ao disco de Newton. Movi-
mente o dínamo cada vez mais rápido ou aumente a intensidade da tensão na fonte até
que seja possível identificar o movimento do carrinho ou do disco. Peça aos estudantes que
investiguem quais são as transformações de energia envolvidas. Questione-os sobre a ori-
gem da energia elétrica disponível na tomada da sala de aula: Onde está o “dínamo” que gera
essa eletricidade? Onde está a mão que gira o dínamo?

58
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

b) Repita o procedimento com o conjunto espira/ímã, em vez da fonte de tensão. Observe se há movi-
mento no carrinho ou no disco de Newton. Questione o que poderia ser feito para que passasse a
ocorrer o movimento do carrinho ou do disco de Newton, comparando com a situação anterior.

Parte 2 – Transformação luminosa > elétrica > mecânica e luminosa > elétrica > luminosa
Está disponível na escola do Programa Ensino Integral uma célula fotovoltaica cuja potência é
de 5 W. Conecte os terminais ao voltímetro e à célula fotovoltaica e ilumine-a. Identifique na célula
qual é sua tensão nominal e ajuste a escala do voltímetro antes de medi-la.

© Fernando Genaro/Fotoarena
Figura 17 – Conjunto para estudo de transformação de energia.

1) Faça os seguintes questionamentos aos estudantes: O que você observa com as medidas do vol-
tímetro ao ligar e desligar a luz que ilumina a célula fotovoltaica? O que acontece se a fonte for
deixada mais próxima ou mais distante? E se a fonte de luz for inclinada, muda alguma coisa?
Comparando a célula fotovoltaica com o dínamo, que analogias podem ser estabelecidas? A luz fez
o que era antes feito pela água na hidrelétrica ou pelo seu braço no dínamo?

2) Substitua, no circuito elétrico, o motor (do carrinho ou o disco de Newton) por uma lâmpada (cer-
tifique-se de que o valor nominal da tensão da lâmpada seja o mesmo da célula fotovoltaica). Ques-
tione: O que se pode aprender ao observar que se usa energia para produzir o movimento (no gerador
ou no dínamo), energia essa que foi transformada em energia elétrica e depois foi novamente trans-
formada em movimento pelo motor do carrinho? Pode-se dizer que o mesmo aconteceu com a luz?
Ela foi transformada em energia elétrica pela célula fotovoltaica e depois a lâmpada novamente fez a
transformação da energia elétrica em luz? É possível também transformar a energia da luz em energia
de movimento? Isso aconteceu quando se utilizou a célula fotovoltaica para acionar o motor?

Resultados observáveis
Com a observação de movimento e luz das atividades sugeridas, será possível perceber a trans-
formação de energia, por exemplo, nos processos de transformação mecânica/eletromagnética/
mecânica e luminosa/elétrica/luminosa, tornando visível a correlação das naturezas mecânica,
eletromagnética clássica e fotoelétrica em processos de interação.

59
Discussão dos resultados
Uma vez que as montagens são mais complexas, recomenda-se que o diálogo sobre as observa-
ções saliente principalmente as transformações de energia nas diversas modalidades observadas.
As indicações a seguir podem auxiliar nas discussões em cada ponto:

1) Parte 1 – item 1. Recomende aos estudantes a realização de uma pesquisa sobre a geração de
energia elétrica, as diferentes formas e as transformações utilizadas para obter a energia elé-
trica. Deve-se dar destaque às células fotovoltaicas e ao efeito fotoelétrico.

2) Parte 1 – item 2. É o momento de questionar: Onde está a energia elétrica? e De onde surgiu?
Depois da discussão, explicite a importância da indução eletromagnética nos geradores que
utilizam a energia mecânica como fonte primária para a transformação em energia elétrica. Per-
mita aos estudantes que experimentem diretamente os dispositivos das montagens, se houver
tempo ou material para todos os grupos.

3) Parte 1 – item 3. É pouco provável que o processo de indução eletromagnético feito com as espi-
ras e o ímã, com a mão, dê conta de fazer um motor funcionar, daí a necessidade de se utilizar
um dínamo de bicicleta ou de uma fonte de tensão disponível no material de laboratório. Tam-
bém pode-se substituir o motor por uma lâmpada de led, que fará um pequeno lampejo se o ímã
for movimentado na direção correta.

4) Parte 1 – item 3. Faça uso do dínamo para mostrar o mais evidente: que o motor do carrinho (ou do
disco de Newton) gira. É a grande oportunidade para mostrar que a origem da eletricidade, lá no
movimento do ímã, voltou a ser movimento. As transformações de energia podem ser quaisquer e
o tipo que era um pode voltar a sê-lo, o que nos leva a questionar primeiro sua transformação entre
naturezas diferentes e, em seguida, se pode ocorrer a conservação. Há espaço aqui para propor
interessantes discussões aos grupos: A energia se conserva ou não? Que evidências? Que processo
poderia mostrar isso? Você pode propor uma pesquisa mais ampla que busque elementos científicos
favoráveis à conservação da energia e outros contrários (moto-perpétuo, por exemplo).

5) Parte 2 – item 1. Questione também: A produção de energia elétrica por uma célula fotovoltaica
funciona da mesma maneira que o ímã e a espira? É necessário que haja movimento? De onde veio
a energia? Como a luz interage com a matéria?

6) Parte 2 – item 1. Recomenda-se, para essa discussão com os estudantes, o uso de um recurso
adicional. Se possível, faça uma demonstração do aspecto quântico da luz através de uma ani-
mação em Java da Universidade do Colorado, disponível em: <http://phet.colorado.edu/pt_
BR/simulation/photoelectric> (acesso em: 21 jul. 2014). Essa animação é uma oportunidade
de conceber a luz como fótons e modelar o que ocorre na célula fotoelétrica (um experimento
para isso requer um instrumental muito mais específico, mas não impede essa abordagem aqui).

7) Parte 2 – item 2. Siga o roteiro das discussões já feitas com o movimento-eletricidade-movi-


mento, para que os estudantes possam comparar as duas situações.

60
FÍSICA: ATIVIDADES EXPERIMENTAIS E INVESTIGATIVAS

Ampliação do estudo experimental


1) Pode-se propor um estudo/pesquisa focando como ambientes especiais – como o da Estação
Espacial Internacional – mantêm suas reservas de energia para atender tantas missões.

2) Na Astronomia, o efeito fotoelétrico é usado na forma de tubos fotomultiplicadores e dispositi-


vos acoplados de carga (CCD). O tubo fotomultiplicador de elétrons faz uso do efeito fotoelétrico
para converter pequenas intensidades de luz em correntes elétricas que podem ser analisadas.
Os elétrons deslocados pelo efeito fotoelétrico caminham por um tubo especial reunindo mais
elétrons. Quando chegam ao fim do tubo, milhões de elétrons foram carregados por este único
inicial. Uma pesquisa focando como funcionam os CCDs pode ajudar a entender por que as ima-
gens do Telescópio Hubble são sempre muito belas (nesse caso, há algo a mais além de um
espelho grande fora da atmosfera).

3) Outra discussão bastante interessante é aprofundar questões experimentais. Daí uma possível
relação a ser investigada é a alteração da distância da célula fotovoltaica da janela ou de uma
lanterna acesa. Sendo habilidoso, você pode conduzir o seguinte experimento: mantenha uma
fonte luminosa constante e única. Marque distâncias sucessivas de metro a metro desta fonte e
garanta que seja a única no recinto. Coloque a célula nas distâncias marcadas e registre a ddp
em seus terminais. Monte um gráfico da ddp em função da distância. Verifique se é possível
determinar a lei do quadrado do inverso da distância, o que somente ocorrerá para células foto-
voltaicas que tenham resposta linear com a variação da intensidade luminosa.

O resultado geral das observações permitirá ao grupo pesquisar aplicações do processo de indu-
ção eletromagnética e o comportamento quântico da luz.

Para saber mais


BARTHEM, R. A luz. São Paulo: Livraria da Física Editora, 2005. (Coleção Temas Atuais da Física.)

GREF – IFUSP. Leituras de Física – Eletromagnetismo. Disponível em: <http://www.if.usp.br/gref/


pagina01.html>. Acesso em: 26 nov. 2014.

GOLDSMITH, M. Albert Einstein e seu universo inflável. São Paulo: Cia das Letras, 2004. (Especial-
mente indicado aos estudantes – paradidático.)

HEWITT, P. G. Física conceitual. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011, parte 6, p. 553. (Traz uma boa
discussão sobre o efeito fotoelétrico.)

SALVETTI, A. R. A história da luz. São Paulo: Livraria da Física Editora, 2008.

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CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Letícia Maria Delamare Cardoso, Marina Murphy e Física: atividades experimentais e investigativas
PRIMEIRA EDIÇÃO 2014 Natália Pereira Leal Eugênio Maria de França Ramos, Marcelo Eduardo Fonseca
COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Direitos autorais e iconografia: Denise Blanes Teixeira, Ricardo Rechi Aguiar e Yassuko Hosoume
(CGEB) (coordenação), Beatriz Fonseca Micsik, Érica Marques,
José Carlos Augusto, Marcus Ecclissi e Vanessa Leite Rios Manejo e gestão de laboratório: guia de laboratório
Coordenadora e de descarte
Maria Elizabete da Costa Produção editorial: Adesign (projeto gráfico) e Jairo Solange Wagner Locatelli
Souza Design Gráfico (diagramação e ilustrações não
Diretor do Departamento de Desenvolvimento creditadas)
Curricular de Gestão da Educação Básica Matemática: atividades experimentais e
João Freitas da Silva ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS investigativas – Ensino Fundamental – Anos Finais
Maria Silvia Brumatti Sentelhas
Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Coordenação do desenvolvimento dos conteúdos dos
Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF volumes de apoio ao Programa Ensino Integral Matemática: atividades experimentais e
Valéria Tarantello de Georgel Ghisleine Trigo Silveira investigativas – Ensino Médio
Coordenação Técnica Cadernos do Gestor Ruy César Pietropaolo
Roberto Canossa
Roberto Liberato Avaliação da aprendizagem e nivelamento Pré-iniciação Científica: desenvolvimento de projeto
Suely Cristina de Albuquerque Bomfim Zuleika de Felice Murrie de pesquisa
PROGRAMA ENSINO INTEGRAL Diretrizes do Programa Ensino Integral Dayse Pereira da Silva e Sandra M. Rudella Tonidandel
Valéria de Souza (coord.), Carlos Sidiomar Menoli,
Coordenação da elaboração dos materiais de apoio Dayse Pereira da Silva, Elaine Aparecida Barbiero, Preparação Acadêmica
ao Programa Ensino Integral Helena Cláudia Soares Achilles, João Torquato Marcelo Camargo Nonato
Valéria de Souza Junior, Kátia Vitorian Gellers, Maria Camila Mourão
Mendonça de Barros, Maria Cecília Travain Camargo, Projeto de Vida – Ensino Fundamental – Anos Finais
Apoio técnico e pedagógico Maria do Carmo Rodrigues Lurial Gomes, Maria Isa Maria Ferreira da Rosa Guará e Maria Elizabeth Seidl
Marilena Rissutto Malvezzi Silvia Sanchez Bortolozzo, Maúna Soares de Baldini Machado
Equipe Técnica Rocha, Pepita de Souza Figueredo, Sandra Maria
Maria Silvia Sanchez Bortolozzo (coordenação), Fodra, Tomás Gustavo Pedro, Vera Lucia Martins Projeto de Vida – Ensino Médio
Carlos Sidiomar Menoli, Dayse Pereira da Silva, Elaine Sette, Cleuza Silva Pulice (colabor.) e Wilma Delboni Isa Maria Ferreira da Rosa Guará e Maria Elizabeth Seidl
Aparecida Barbiero, Helena Cláudia Soares Achilles, (colabor.)
Machado
João Torquato Junior, Kátia Vitorian Gellers, Maria Formação das equipes do Programa Ensino
Camila Mourão Mendonça de Barros, Maria Cecília Integral – Vol. 1 Protagonismo Juvenil
Travain Camargo, Maria do Carmo Rodrigues Lurial Beatriz Garcia Sanchez, Cecília Dodorico Raposo Daniele Próspero e Rayssa Winnie da Silva Aguiar
Gomes, Maúna Soares de Baldini Rocha, Pepita de Batista, Maristela Gallo Romanini e Thais Lanza
Souza Figueredo, Sandra Maria Fodra, Tomás Gustavo Brandão Pinto Química: atividades experimentais e investigativas
Pedro, Vera Lucia Martins Sette, Cleuza Silva Pulice
Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto e Maria Fernanda
(colabor.) e Wilma Delboni (colabor.) Formação das equipes do Programa Ensino
Integral – Vol. 2 Penteado Lamas
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014 Beatriz Garcia Sanchez, Cecília Dodorico Raposo
Robótica – Ensino Fundamental – Anos Finais
FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Batista, Maristela Gallo Romanini e Thais Lanza
Brandão Pinto Alex de Lima Barros
Presidente da Diretoria Executiva
Mauro de Mesquita Spínola Modelo de gestão do Programa Ensino Integral Robótica – Ensino Médio
Vice-Presidente da Diretoria Executiva Maria Camila Mourão Mendonça de Barros Manoel José dos Santos Sena
José Joaquim do Amaral Ferreira Modelo de gestão de desempenho das equipes Tutoria e Orientação de estudos
GESTÃO DE TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO escolares
Ana Carolina Messias Shinoda e Maúna Soares de Cristiane Cagnoto Mori, Jacqueline Peixoto Barbosa e
Direção da Área Baldini Rocha Sandra Maria Fodra
Guilherme Ary Plonski
Cadernos do Professor Cadernos do Aluno
Coordenação Executiva do Projeto
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Biologia: atividades experimentais e investigativas Projeto de Vida – Ensino Fundamental – Anos Finais
Maria Augusta Querubim e Tatiana Nahas
Pepita de Souza Figueredo e Tomás Gustavo Pedro
Gestão da Produção Editorial
Luis Marcio Barbosa e Renata Simões Ciências Físicas e Biológicas: atividades
experimentais e investigativas Projeto de Vida – Ensino Médio
Equipe de Produção Eugênio Maria de França Ramos, João Carlos Miguel Pepita de Souza Figueredo e Tomás Gustavo Pedro
Tomaz Micheletti Neto, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Editorial: Guiomar Milan (coordenação), Bruno Reis, Augusta Querubim, Maria Fernanda Penteado Lamas e Apoio
Carina Carvalho, Karina Kempter, Karinna A. C. Taddeo, Yassuko Hosoume Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE

Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

• Nos cadernos de apoio ao Programa Ensino Integral S239f São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
são indicados sites para o aprofundamento de Física: atividades experimentais e investigativas; Ensino Médio - Caderno do Professor /Secretaria
conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos
da Educação; coordenação, Valéria de Souza; textos, Eugênio Maria de França Ramos, Marcelo Eduardo
apresentados e como referências bibliográficas.
Todos esses endereços eletrônicos foram checados. Fonseca Teixeira, Ricardo Rechi Aguiar, Yassuko Hosoume. - São Paulo : SE, 2014.
No entanto, como a internet é um meio dinâmico 64 p.
e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo não garante que os sites indicados Material de apoio ao Programa Ensino Integral do Estado de São Paulo.
permaneçam acessíveis ou inalterados. ISBN 978-85-7849-699-9
• Os mapas reproduzidos no material são de autoria 1. Física 2. Atividade prática 3. Ensino Médio 4. Programa Ensino Integral 5. São Paulo I. Souza,
de terceiros e mantêm as características dos originais Valéria de. II. Ramos, Eugênio Maria de França. III. Teixeira, Marcelo Eduardo Fonseca. IV. Aguiar,
no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e
Ricardo Rechi. V. Hosoume, Yassuko. VI. Título.
composição dos elementos cartográficos (escala,
legenda e rosa dos ventos). CDU: 371.314:373.5:53(815.6)

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país, desde que mantida a integri-
dade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei no 9.610/98.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
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