6° Edição
6° Edição
6° Edição
28
Impactos
Psicológicos
PAULO RICARDO
36
Habilidades
Comportamentais
FABIO GOMES
Q
uem é leitor da nossa revista sabe o que Tenha certeza que você não está sozinho
significa essa frase. Esse é o momento de nesta batalha.
nos agruparmos, fortalecermos nosso setor
Resistiremos e será grandiosa nossa vitória.
e manter nossa posição.
Parafraseando um grande ícone da nossa história:
Momento de demonstrarmos nossa união.
“Não tenho nada a oferecer senão sangue,
Marcas, operadores de segurança pública, clubes,
trabalho, lágrimas e suor”.
operadores de segurança nacional, atiradores, lojas,
influenciadores, fabricantes e claro os amantes E é isso que nos faz tão honrados.
desse setor apaixonante.
4
10 RODNEY LISBOA
Sistema de classificação TIER
16 LEONE BORGES
As Tropas de Choque
22 ANDERSON SILVA
Tiro Esportivo e Artes Marciais
28 PAULO RICARDO
Impactos Psicológicos
36 FABIO GOMES
Habilidades Comportamentais
40 RENAN ALMEIDA
Cursos Operacionais
46 HONNEY CORDEIRO
Pedaço de Borracha (Galeria de Honra)
5
6
7
editorial
Revista Mahrte Ope-S Articulistas
Editora Griffo’s Anderson Silva, Fabio Gomes,
Honney Cordeiro, Leone Borges, Paulo Ricardo,
Editor Chefe/Jornalista responsável Renan Almeida e Rodney Lisboa.
Gustavo Griffo MTB 41272/RJ
Fotos Capa e Artigo Anderson Silva:
Diretora Executiva Rodrigo Terassan
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Canais de comunicação
Diretor Comercial @revistamahrteopes
Anderson Lourenço @editoragriffos
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Direção de Arte, Diagramação, [email protected]
Arte Final e Revisão (21) 31701009
adambrands.com.br
Mídias associadas
Conselho Editorial @mahrte
Luciana Frutuoso, Anderson Lourenço,
Ivy Siebert, Gustavo Griffo
SISTE MA DE
CLASSI FICACAO
TI E R
AS UNIDADES MILITARES DE ELITE
DIFERENCIADAS POR NÍVEIS
10
O CENÁRIO INTERNACIONAL
CONTEMPORÂNEO CARACTERIZA- Introduzido pelo Comando Conjunto de
SE, PRINCIPALMENTE, PELA Operações Especiais JSOC (Joint Special
IMPREVISIBILIDADE E COMPLEXIDADE Operations Command) dos EUA como
uma forma não oficial de classificação
DOS INÚMEROS DESAFIOS COM OS para diferenciar os níveis de treinamento,
QUAIS OS ESTADOS NACIONAIS TÊM QUE empregabilidade, segurança operacional
LIDAR NO ESFORÇO PARA DEFENDER SUA e investimento de suas tropas especiais,
SEGURANÇA E LUTAR PARA GARANTIR SUA o Sistema de Classificação por Níveis das
SOBERANIA. FOpEsp (Sistema TIER) é dividido em três
grupos distintos de unidades militares de elite
As crises e conflitos típicos do século XXI, travados
(TIER 1, TIER 2 e TIER 3) sendo cada um deles
predominantemente em um ambiente operacional
estabelecido conforme um conjunto de oito
assimétrico, atribuíram um protagonismo até então
critérios específicos (QUADRO 1):
inédito às Operações Especiais (OpEsp), sendo
elas responsáveis por desempenhar um papel
central, quando não principal, no enfrentamento
às forças adversas que ameaçam o poder
e a autoridade dos Estados.
11
TIER 1 Exército: Grupos de Forças Especiais
As Unidades TIER 1, também conhecidas como Aerotransportados (SFG-A [Special Forces Group-
Unidades de Missões Especiais (SMUs [Special Airborne]); o 75° Regimento Ranger (75th Ranger
Mission Units]), congregam um grupo de quatro Regiment); 160° Regimento de Aviação de Operações
FOpEsp, consideradas de primeiro escalão no âmbito Especiais Aerotransportado (160 SOAR [160th Special
da comunidade de OpEsp dos EUA, sendo elas Operations Aviation Regiment-Airborne]), também
subordinadas ao JSOC. Tais unidades são designadas conhecido pelo termo Nightstalkers.
e organizadas com o propósito de executar Marinha: Equipes SEAL (STs [SEAL Teams]);
operações secretas, cujo nível de sensibilidade/ Equipes de Embarcações Especiais
criticidade interfere diretamente nos interesses (SBTs [Special Boat Teams]).
político-estratégicos do Estado norte-americano.
São componentes desse nível de classificação: Corpo de Fuzileiros Navais: Equipes de Operações
Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (MSOTs
Exército: 1° Destacamento Operacional de Forças [Marine Special Operations Teams]).
Especiais-Delta (1st SFOD-D [1st Special Forces
Força Aérea: Equipes de Controladores de Combate
Operational Detachment-Delta]), também conhecido
(CCTs [Combat Controller Teams]); Aviadores de Para-
pelo termo Força Delta (Delta Force);
Resgate (PJs [Pararescue Jumpers]).
Atividade de Apoio à Inteligência
(ISA [Intelligence Support Agency]).
12
Redutor de trauma balístico
Segurança
Integridade
Proteção Laudado no laboratório NTS
Pontos de venda:
WWW.LODYNA.COM.BR
(11) 95308-0001 LOJAS MAHRTE
@LODYNA_OFICIAL WWW.INVICTUS.COM.BR
Representante São Paulo
Milton Cruz: (11) 94759-2672
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em que pese o fato do Sistema de Classificação TIER
ter sido introduzido no cenário internacional pelo É necessário considerar que os países
USSOCOM, tal sistematização vem sendo adotada que adotam o sistema de classificação
como referência para categorizar as unidades de suas tropas de elite por níveis
de elite de outras nações (Reino Unido; Alemanha; tiveram que passar por um gradativo e
França; Canadá; Polônia; Austrália; entre outros)
profundo processo de desenvolvimento
que compuseram, junto com os norte-americanos,
a coalisão que levou adiante a Guerra Global contra
de mentalidade, cuja transformação de
o Terrorismo desencadeada após os atentados concepções e julgamentos oportunizou
de 11 de Setembro de 2001 contra o território um novo discernimento, que preconiza
estadunidense. Assim sendo, são classificadas como o emprego das unidades Nível 1 e 2
unidades de Nível 1 (TIER 1), podendo ser empregadas como forma de mitigar os riscos em
mundialmente, as FOpEsp que têm destacada
experiência e elevado grau de profissionalismo, além
situações de elevada criticidade,
de empregarem o máximo de suas capacidades de modo a gerar efeitos positivos e
operativas atuando de modo a buscar a consecução substanciais para os Estados em favor
de objetivos de alto valor (político-estratégicos) para dos quais essas unidades atuam.
os Estados que as patrocinam.
RODNEY LISBOA
Mestre no Programa de Pós-Graduação em Estudos
Marítimos da Escola de Guerra Naval (Marinha do Brasil)
Pós-graduado em História Militar
Autor do livro “Guardiões de Netuno: Origem e Evolução do
Grupamento de Mergulhadores de Combate da Marinha do
Brasil” (2018);
Autor do livro “Operações Especiais: Abordagens sobre as
Ações Militares Não Convencionais” (2022).
@rodneylisboa27
14
#VEMPROBULLDOG
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16
Guerra; unidades de Commandos e dos Rangers A título de exemplo de constituição de uma
norte-americanos, além de outras Tropas de dessas unidades, tem-se o BPChq do Rio
Choque de destaque pelo mundo ao longo da de Janeiro, que teve como origem o Pelotão
história que cita em sua obra. Daí surgiram as Motorizado, criado em 13 de fevereiro de
primeiras operações de choque pelo mundo. 1941. Em 13 de setembro de 1941, se tornou
a Companhia de Metralhadora Motorizada.
TROPAS DE CHOQUE NA Em 16 de julho de 1963, foi denominado
ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES Batalhão Motorizado. Em 24 de Julho de
DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS 1968, passou a se denominar Batalhão de
Choque.
Cabe inicialmente salientar que operações de
controle de distúrbios, sigla OCD (em algumas Em 05 de outubro de 1971, foi criado
forças é chamado de controle de distúrbios civis, o Regimento de Choque, resultante
sigla CDC), não se confunde com o conceito de da fusão do 1º Regimento de Cavalaria
Operações de Choque (Op Chq), que são ações com o Batalhão de Choque. Em 15 de março
militares que estão inseridas em um contexto de 1975 os estados do Rio de Janeiro
de Operações Especiais (Op Esp), cuja finalidade e da Guanabara se fundem e passam
na segurança pública é restabelecer a ordem a formar o Estado do Rio de Janeiro.
severamente comprometida, atuando em Com esta fusão a PMRJ e PMEG
missões complexas, de alto valor operacional ou se unificaram formando a PMERJ,
que superem a capacidade técnica da tropa e a unidade passou a ser designada
de polícia convencional. como Batalhão de Polícia de Choque.
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18
19
Nos anos de 1982 até o final da década equivocado, pois uma Tropa de Choque não atua
de 1980, o BPChq sediou e teve subordinado somente em distúrbios civis, e sim em distúrbios
administrativamente o Núcleo da Companhia de qualquer natureza, que inclusive podem ser militares
de Operações Especiais (NuCOE), fazendo parte (crimes relacionados a motim).
orgânica da Unidade. O NuCOE recebeu
a partir de então a designação de Companhia Atualmente muitos desses embates
de Operações Especiais (COE), que se tornaria em com as forças policiais são
1991 uma unidade independente (BOPE) orquestrados por grupos organizados
e instalada fora das dependências do BPChq.
O Batalhão de Polícia de Choque da PMERJ fica
para esse tipo de confronto,
sediado no Regimento Marechal Caetano empregando uma tática que ficou
de Faria, no Centro do Estado. conhecida como “Black Bloc”.
No âmbito da segurança pública no Brasil, bem como
em vários países no mundo, a tropa de elite designada
Os exércitos e as forças estaduais de para atuar nesse tipo de evento foi a Tropa de Choque,
segurança pública passaram a dotar seus que eram forças militares especiais orgânicas dos
agentes de treinamento e equipamento para BPChq ou CP Choque, e que diante desse novo tipo
atuar em situações de grave perturbação de conflito, se valendo de toda doutrina e legado
da ordem pública geradas por movimentos de sua origem como infantaria, que remonta às legiões
populares violentos formados por turbas. romanas e às falanges gregas, bem como de outros
exércitos da era medieval, fez surgir um conjunto
de táticas militares chamado de operações de controle
Essas turbas eram em grande parte compostas
de distúrbios. Nele prevalece a característica
por agitadores, radicais políticos e até por
de infantaria pesada em razão do equipamento
guerrilheiros, que em campo aberto, infligiam
de proteção, quantidade de armamento empregado
o embate civil com as forças do Estado, e por
e veículos pesados especiais, sendo atualmente
essa razão, alguns chamavam esses eventos
a maioria deles blindados.
de distúrbios civis, hoje o termo CDC (controle
de distúrbios civis) é considerado tecnicamente
20
O emprego das novas táticas de controle de distúrbios Mesmo no Brasil, a exemplo do BPChq do Rio
pelas Tropas de Choque se mostrou tão eficaz, que de Janeiro, que foi criado como Pelotão Motorizado
essa função se tornou a essência das unidades em 1941, e sua designação atual datada de 1975,
de choque no Brasil e no mundo, e as forças militares no contexto do regime militar, não foi concebido para
do país, em sua maioria, incluindo as Forças Armadas, operações de controle de distúrbios, e sim para atuar
adotam a simbologia (heráldica militar) do elmo como missão precípua na contraguerrilha urbana
coríntio e elmo medieval dos cavaleiros de exércitos e rural. Apenas com o decorrer dos anos,
das antigas legiões para identificar o “guerreiro provavelmente com o fim do regime militar, é que
choqueano”. a Unidade assumiu o protagonismo, outrora das Forças
Armadas, em operações de controle de distúrbios na
Atualmente as OCD são consideradas uma função
segurança pública.
específica dos Batalhões de Choque ou dos Comandos
de Policiamento de Choque, mas nesse caso, por ser Assim como ocorreu no Rio de Janeiro na década
o aparato mais caro do Estado para esse tipo de de 1980, em vários estados pelo Brasil as unidades
conflito, dentre outras questões de cunho técnico de polícia de choque (BPChq ou CP Choque) foram
e legal, atua somente como “ultima ratio regis”, embrionárias de unidades de operações especiais,
havendo sempre uma primeira resposta ao conflito ou que em alguns casos se tornaram batalhões
possibilidade de conflito por parte de unidades policiais independentes, como PMDF, PMSE, PMSC, PMES.
convencionais.
Na PMCE, na década de 1980, sua Tropa de Choque
Por fim, semelhante ao que ocorreu na história possuía companhias operacionais responsáveis pelas
das Operações de Choque pelo mundo, em que seguintes áreas de especialização: patrulhamento
cada exército concebeu sua Tropa de Choque para urbano, patrulhamento rural, gestão de multidões e
determinada finalidade, a polícias militares criaram operações especiais. Apenas em 2019, quando se
suas Tropas de Choque para missões especiais tornou uma grande unidade (comando intermediário):
a depender do contexto histórico na segurança pública, o CP Choque, é que passou a possuir quatro batalhões
da criminalidade enfrentada, bem como da própria oriundos das subunidades do antigo BPChq, sendo:
geografia do estado. É comum no imaginário popular, e Comando Tático Motorizado – COTAM; Batalhão
até de militares, associar uma Tropa de Polícia de Choque – BPChq; Batalhão de Operações
de Choque exclusivamente a controle de distúrbios. Especiais (BOPE) e Batalhão Especializado em
Policiamento no Interior – BEPI.
Nem toda unidade de choque foi criada
para atuar em OCD, muito pelo contrário,
as Operações de Choque pelo mundo são
muito mais antigas que as operações
de controle de distúrbios.
LEONE BORGES
Oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro (CFO-PMERJ)
Oficial da Reserva do Exército Brasileiro (CFOR-EB)
Especialista em Operações de Choque (COPC-PMERJ)
@leone_borges_1467
21
ANDERSON SILVA
Olá meu nome é Anderson Silva. Nascido em SP Fui considerado um dos maiores lutadores de todos
em 14/04/1975 com 4 anos mudei para a casa os tempos na categoria peso médio. Meu primeiro título
mundial foi no Japão, no Shooto em 2001. Em 2004
dos meus padrinhos a quem chamo de pais. conquistei meu segundo título mundial e em 2006 tive
Curitiba foi meu início nas artes marciais onde minha estreia no UFC onde estabeleci minha carreira.
me tornei atleta de artes marciais até virar um No dia 1 de março de 2008, em uma disputa
de unificação de títulos do UFC e Pride contra
profissional lutador de (MMA). Dan Henderson, venci meu adversário, sendo o único
atleta de MMA no mundo a ter 4 títulos mundiais
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Anhemb
23
“Tiro Esportivo
e artes
marciais têm
uma conexão
incrível“
24
COMO UM COMPLEMENTA O OUTRO
Ao praticar luta, aprendi a estar ciente do meu
corpo, dos meus limites e do espaço ao meu redor.
Esse mesmo senso de consciência e espaço é
fundamental no tiro esportivo. Por outro lado, a
paciência e a precisão, que o tiro me ensinou foram
extremamente valiosas durante os sparrings e
competições de luta.
CONCLUSÃO
Enquanto à primeira vista, tiro esportivo e luta
podem parecer mundos à parte, a verdade é que
eles compartilham muitos princípios fundamentais.
A intersecção entre
esses dois esportes
oferece uma rica
tapeçaria de habilidades
e ensinamentos que,
A CONEXÃO MENTAL E FÍSICA quando combinados,
Lutar não é apenas sobre força bruta; é sobre podem levar um atleta
técnica, estratégia e compreensão do oponente.
Da mesma forma, o tiro esportivo vai além de a novos patamares em
simplesmente puxar um gatilho. Ambos os
esportes cultivam uma conexão mente-corpo que
ambas as disciplinas.
é difícil de encontrar em outras disciplinas.
ANDERSON SILVA
Anderson Silva é um notável lutador
brasileiro de Artes Marciais Mistas (MMA).
Amplamente conhecido por suas
impressionantes vitórias no Ultimate
Fighting Championship (UFC), onde ganhou
o título de melhor peso-médio do mundo.
@spiderandersonsilva
25
26
27
PAULO RICARDO
OS IMPACTOS
PSICOLÓGICOS
DURANTE O CURSO DE
MERGULHO DE COMBATE (MEC)
28
forma a preparar e testar a habilidade dos alunos “Shell Schock” (FIGURAS 2 e 3) é uma reação
em suportar situações operacionais de extremo à intensidade do bombardeio e da luta que produziu
desconforto, em condições psicológicas adversas, um desamparo que aparece de forma variada como
bem como avaliá-los quanto à exposição ao frio, pânico e medo, fuga ou incapacidade de raciocinar,
ao sono escasso, ao cansaço e ao racionamento dormir, andar ou falar.
de comida e água, assim como sua motivação, sua
confiança na própria capacidade de resistência e Na Segunda Guerra Mundial e posteriormente,
seu espírito de equipe, circunstâncias por vezes o diagnóstico de “choque de guerra” foi substituído
encontradas quando da execução das tarefas afeta pelo de reação de estresse de combate, uma resposta
ao mergulho de combate. semelhante, mas não idêntica, ao trauma da guerra
e do bombardeio. Embora o termo “shell shock” seja
Entretanto, muitas pessoas tentam mensurar normalmente usado na discussão da Primeira Guerra
o que é necessário para efetivamente formar Mundial, sua natureza relacionada a explosivos
um Mergulhador de Combate da Marinha do Brasil, de alto impacto também fornece aplicações modernas.
a tese mais aceita de todas as análises Durante sua implantação no Iraque e no Afeganistão,
é que são 40% condicionamento físico e 60% estima-se que aproximadamente 380.000 soldados
condicionamento psicológico (FIGURA 1). dos EUA, cerca de 19% dos mobilizados, sofreram
lesões cerebrais causadas por armas e dispositivos
explosivos. Isso levou a Agência de Projetos
FIGURA 1 (imagem de capa) – Instrutor MEC gerando estresse de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA),
Físico e Psicológico nos alunos. Diante deste paradoxo e por a abrir um estudo de US$ 10 milhões sobre os efeitos
iniciativa própria, um grupo de MEC do CDDGN (Centro de da explosão no cérebro humano.
Desenvolvimento Doutrinário de Guerra Naval), psicólogos de
medicina submarina e médicos do CMOpM (Centro de Medicina A Marinha e o Corpo de Fuzileiros dos Estados Unidos,
Operativa da Marinha) e do CIAMA (Centro de Instrução Átilla
possuem uma publicação oficial sobre este assunto,
Monteiro Achê), resolveram aprofundar-se no tema baseados
em referências e dados técnicos, a fim de comprovar se um dos a ¹ NTTP 1-15M “Combat and Operational Stress
cursos com maior taxa de atrição da MB (o Curso de MEC), o Control” ou “Combate e Controle de Estresse
sucesso do aluno é realmente: 40% a condição física e 60% Operacional”, devido a relevância deste tema. De
a condição psicológica. acordo com estudos da ¹ NTTP 1-15M “Combat and
Operational Stress Control” da U.S. Navy, revelam-se
que, embora o cérebro permaneça inicialmente intacto
HISTÓRICO DO INÍCIO DO ESTUDO imediatamente após os efeitos da explosão de baixo
nível, a inflamação crônica posterior é o que acaba
DA PSICOLOGIA APLICADA À GUERRA levando a muitos casos de choque de guerra.
Ao se falar de estresse em combate, o primeiro termo
usado foi o “Shell Shock”, que se originou durante
a Primeira Guerra Mundial para descrever o tipo
de transtorno de estresse pós-traumático com o
qual muitos soldados britânicos e franceses foram
afligidos durante a guerra.
29
esta pressão psicológica, e executar o oposto do
PSICOLOGIA APLICADA que lhe foi sugerido.
ÀS OPERAÇÕES ESPECIAIS Um exemplo disso seria quando o instrutor
diz o tempo inteiro para o aluno, em uma prova
O Propósito do Curso de MEC é: habilitar, por meio
de corrida longa equipada com mochila e
de atualização e ampliação, os Oficiais do Corpo
armamento, que ele não é capaz de cumprir a
da Armada e do Quadro Complementar do Corpo
tarefa no tempo desejado.
da Armada e Praças do Corpo da Armada, para operar
Esse método depende da reação e/ou
equipamentos de mergulho, armamentos, explosivos,
consentimento de causas negativas emocionais
utilizar técnicas e táticas para guerra não convencional,
a serem persuadidas, e assim “o aluno deveria”
conflitos de baixa intensidade e realizar as tarefas
escolher a opção oposta a que foi proposta pelo
previstas no ComOpNaV-359 - Manual de Operações
promotor da técnica.
Especiais (RES).
Outro exemplo do método vertical, é quando
Diversas são as características (de acordo com o instrutor dirige-se aos alunos por número, e não
o Currículo do Curso de MEC) que devem ser posto ou graduação. A FIGURA 4 – Exemplifica
desenvolvidas pelo aluno durante um curso de o instrutor utilizando o método vertical.
Operações Especiais, dentre elas:
a) Agressividade controlada;
b) Pensamento rápido
e sob pressão;
c) Tomadas de decisão em
situação de risco elevado;
FIGURA 4 - Exemplifica o instrutor utilizando o método
d) Frieza controlada no vertical² “Psicologia Reversa’’ (criada por Jack Brehm, em
1928 onde servia na Marinha Americana e após frequentou
engajamento de alvos. a faculdade de Harvard, onde se tornou PhD em Psicologia).
30
31
este método de desenvolvimento horizontal, com grandes habilidades.
relação à teoria de Vygotsky, durante as instruções
técnicas no Curso de MEC. Um exemplo típico é ³ Lev Vygotsky, psicólogo Russo, 1896-1934 - Zona
quando o instrutor quer ensinar o aluno a atirar de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito
com eficiência em alvos em movimento, ou até elaborado por Vygotsky, e define a distância entre
mesmo, realizar uma navegação submersa com o nível de desenvolvimento real, determinado pela
equipamento de circuito fechado, para colocar capacidade de resolver um problema sem ajuda
minas de casco em um navio alvo a 5 milhas e o Nível de desenvolvimento potencial determinado
náuticas de distância. Nesta fase da instrução, através de resolução de um problema sob
a relação aluno e instrutor passa a ser uma “via a orientação de um adulto ou em colaboração com
de mão dupla”, onde o nível de desenvolvimento outro companheiro (uma criança mais velha).
do conhecimento a ser transmitido, depende de
esforços na mesma proporção de quem passa e
de quem recebe. Neste modelo do QUADRO 1, o A AMPLIFICAÇÃO DAS
instrutor passa a usar o método horizontal da Zona
de Desenvolvimento Proximal, seguindo estas
COGNIÇÕES EM ATIVIDADES
quatro etapas descritas abaixo: ESPECIAIS SUBAQUÁTICAS.
Tecnologia e Segundo a psicóloga 4Emma Young, formada pela
Outros aprendizados ferramentas Universidade de Durham, o ser humano não deve
possuir somente os cinco sentidos básicos (tato, visão,
O que posso audição, paladar e odor), segundo ela existem pelo
aprender menos, trinta e dois (32) sentidos. Diante do estudo de
sozinho alguns destes sentidos abordados por Emma Young, os
militares MEC arriscam dizer que, pelo menos seis (06)
O que posso aprender destes sentidos extras, um Elemento de Operações
com a ajuda (ZDP) Especiais possui quando operando no meio “aquoso”,
seu habitat em grande parte das missões.
Além do meu alcance
Dessa forma, serão detalhados abaixo alguns
sentidos “extras” aplicados a atividade MEC, provando
empiricamente que a vida submersa amplifica as
cognições. Seguem abaixo as definições destes
QUADRO 1 – Conceito de Zona de sentidos:
Desenvolvimento Proximal
I) Nocicepção: é o sentido que permite avaliar
1º O instrutor verifica o que o aluno pode fazer o limiar da dor entre o aceitável e insuportável.
sozinho e assim identifica o perímetro geográfico
de segurança do aluno. II) Sensores de Tensão: são encontrados nos
músculos e tendões e permitem ao cérebro
2º O instrutor conduz o aluno até a zona de perigo monitorar a tensão muscular.
ou aquilo que o “aluno não pode fazer sozinho”
ou “aquilo que está além do alcance do aluno” III) Propriocepção: capacidade de saber onde meu
e volta, com total segurança e controle de tudo. corpo está no espaço e em relação a ele.
3º Dessa forma, gradativamente, o aluno aumenta IV) Equilibriocepção: permite saber além de onde
seu perímetro geográfico de segurança no gesto nosso corpo está no espaço, nos permite mantê-
mecânico, e a parte cognitiva de exposição ao lo na posição desejada. O sistema vestibular
perigo amplifica-se. ou aparelho vestibular é responsável por este
sentido e se localiza no ouvido interno, sendo
4º Ao final da instrução o aluno cumpre
a tarefa exigida pelo instrutor, adquirindo
32
popularmente conhecido como labirinto. Permite de extremo stress físico e mental, aumentando de fato
também perceber a força da gravidade e a altura. a resiliência do indivíduo.
3) FIXAÇÃO DE METAS
TÉCNICAS EFICAZES Pequenas mudanças vão gerar grandes resultados,
PARA MELHORAR A PARTE portanto focar por períodos de instrução é uma ótima
ferramenta, por exemplo vou aguentar até pela manhã,
PSICOLÓGICA DOS ALUNOS MEC agora vou aguentar até de tarde e de repente a semana
terminou e o aluno não percebe.
Fica bem claro que estas técnicas que serão
passadas, não fazem “milagres” e sem um eficaz 4) RESPIRAÇÃO
programa de treinamento, usando o princípio da
especificidade a probabilidade de sucesso do aluno Diversas respirações são desenvolvidas para o controle
será bem baixa. emocional, por exemplo a respiração diafragmática, ou
em ciclo quadrático/triangulares.
Um oficial MEC da Marinha do Brasil, destacou que
durante o Curso de Basic Underwater Demolitian/ CONCLUSÃO
SEAL (BUDS/SEAL), quatro (04) grandes princípios No Curso de Operações Especiais, esta fobia universal
foram apresentados por neurocientistas humana é trabalhada ao levar o aluno à exposição
da U.S. Navy, a fim de melhorar o desempenho dos de “caos absoluto” diariamente. Dessa forma,
alunos do Curso de SEAL durante situações gradativamente, o aluno saberá controlar seu medo
33
em doses lógicas. treinado de acordo com as exigências físicas
do curso, pode alimentar um psicológico fraco.
Para a Marinha do Brasil, o quanto mais se
realizarem adestramentos, simulações de situações, REFERÊNCIAS:
atividades físicas e psicológicas o mais próximo da 1. U.S. NAVY. NTTP 1-15M -
realidade, o condicionamento dos centros instintivo, “ Combat and Operational Stress Control”.
motor, emocional e intelectual do combatente U.S. MARINE CORPS. MCRP 6-11C
estarão harmonizados, e o tal do “pânico” em
combate será reprimido e superado. 2. “ Psicologia Reversa’’ (criada por Jack Brehm,
em 1928 onde servia na Marinha Americana e após
Ao avaliar os elementos expostos acima, conclui-se frequentou a faculdade de Harvard, onde se tornou
de fato que o curso de MEC é 40% a parte física PhD em Psicologia).
e 60% a parte mental. Porém um físico forte
3. Lev Vygotsky, psicólogo Russo, 1896-1934 - Zona
de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito
elaborado por Vygotsky, e define a distância entre
FORTUNA o nível de desenvolvimento real, determinado pela
capacidade de resolver um problema sem ajuda
AUDACES e o Nível de desenvolvimento potencial determinado
através de resolução de um problema sob
SEQUITUR a orientação de um adulto ou em colaboração
com outro companheiro (uma criança mais velha).
A SORTE ACOMPANHA
OS AUDAZES 4. Emma Young – Psicóloga formada pela
Universidade de Durham, autora do livro:
Os 32 Sentidos Humanos.
PAULO RICARDO
Mergulhador de combate n° 183
Capitão de Fragata da Marinha do Brasil
Instrutor da equipe Leblonfins aquacidade extrema
Pioneiro do Underwater Rugby no Brasil
@183_ricardosantos
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DIMENSÕES : PESO:
FECHADO: 25 CM | EXTENDIDO: 61 CM 220g
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É A EVOLUÇÃO DO BASTÃO POLICIAL, CLASSIFICADO COMO
IMPOO INSTRUMENTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, FOI
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PÚBLICA, SEGURANÇA PRIVADA E PARA DEFESA PESSOAL
URBANA, PROMOVENDO ALTA EFICIÊNCIA NOS ATAQUES,
BLOQUEIOS, DEFESAS, IMOBILIZAÇÕES E CONDUÇÕES.
*EQUIPAMENTO PATENTEADO
COMPOSIÇÃO! POLÍMERO E COMPÓSITOS DE REFORÇO
DE EXTREMA RESISTÊNCIA
MEDIDA: 58 cm PESO: 606g
Segundo texto publicado no site do Hospital Ainda, segundo o site do Hospital Israelita
Israelita Albert Einstein, a Organização Mundial Albert Einstein, alguns dos mais comuns
de Saúde (OMS) esclarece que saúde mental está transtornos mentais associados ao trabalho
relacionada à forma como uma pessoa reage às são: a síndrome de burnout, o transtorno de
exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo estresse pós-traumático, a síndrome da fadiga
como harmoniza suas ideias e emoções. Não é crônica, a neurose profissional e a síndrome
novidade para ninguém que em diversas cidades do esgotamento profissional. Isso pode
do Brasil e do mundo, a saúde mental de muitos causar um prejuízo direto à performanse de
profissionais de segurança está comprometida. trabalho destes operadores, pondo em risco
A rotina diária enfrentada por estas pessoas é a vida deles e a de terceiros. Isso porque as
desafiadora. Estresse no ambiente de trabalho, emoções são responsáveis em fazer a interface
atuação em áreas conflagradas dominadas por entre o conhecimento técnico e as situações
criminosos, insegurança por não saber se voltará vivenciadas. Caso esta conexão emocional seja
vivo para o ambiente familiar, doenças que podem comprometida, a avaliação de cenário,
afetar algum ente querido, falta de recurso adaptabilidade e tomada de decisão podem
financeiro, processo judicial que esteja enfrentando, não ser feitas apropriadamente.
são apenas alguns exemplos de fatores que podem
influenciar negativamente a saúde mental.
36
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS O PAPEL DAS ARTES MARCIAIS
OU SOFT SKILLS PARA A SEGURANÇA NA ATUALIDADE
Em todas as artes marciais, ou pelo menos
Soft skills são habilidades comportamentais na maioria delas, existe um enorme potencial
relacionadas à forma como os profissionais lidam de transformação e desenvolvimento humano.
com os outros e consigo mesmos em diferentes Infelizmente, muitas pessoas ainda mantêm
situações, no meio militar são conhecidas como estereótipos sobre elas e não entendem a amplitude
atributos da área afetiva. De acordo com reportagem de seu papel na sociedade contemporânea.
da Revista Você S/A, o psicólogo e autor do bestseller
Inteligência Emocional, Daniel Goleman, afirma que
habilidades como resiliência, empatia, colaboração
e comunicação são todas competências baseadas na
inteligência emocional e que distinguem profissionais
Confundir defesa
incríveis da média. pessoal, esporte de
Tão importante quanto identificar os melhores
operadores para o cumprimento de uma missão,
combate e luta com
é saber o nível de relacionamento entre eles.
Operar utilizando somente a experiência
Artes Marciais
e o conhecimento técnico não são o suficiente,
é necessário o refinamento de habilidades
é algo comum.
comportamentais, objetivando aumentar
o potencial de sucesso da operação. DEFESA PESSOAL é explorar as artes marciais
como fonte para elaboração de estratégias
EXPERIÊNCIA MARCIAL com a finalidade de prevenção e defesa contra
A experiência marcial é o estudo vivencial do possíveis ameaças.
combate, de forma sistematizada e com progressiva
imprevisibilidade, através das artes marciais. O ESPORTE DE COMBATE é a utilização das artes
Tem a finalidade de cultivar a inteligência estratégica marciais para fins competitivos, como o Vale-Tudo,
do indivíduo. também conhecido como No Holds Barred (NHB) nos
Estados Unidos ou o Ultimate Fighting Championship
O aprimoramento da inteligência estratégica a (UFC), onde existem regras bem definidas, tempo de
partir da experiência marcial, chama-se inteligência duração, juiz, número de adversários, entre outras
marcial. Inteligência marcial é um termo cunhado por condições para realização dos eventos.
Leo Imamura, grãomestre em Ving Tsun, tradicional
sistema marcial chinês de inteligência estratégica com A LUTA está diretamente ligada ao atrito, onde
base no desenvolvimento humano. a tendência é a de que o mais forte prevaleça.
Inteligência estratégica, segundo o pensamento AS ARTES MARCIAIS, por outro lado, aprofundam
estratégico clássico chinês, é a capacidade de o estudo da luta, visando a, entre outras coisas,
antecipar e explorar com sabedoria o potencial dar condições estratégicas de vitória mesmo àquele
existente em uma determinada situação, a partir da considerado mais fraco fisicamente, inclusive,
interação com o adversário. O pensamento estratégico sem haver necessariamente a necessidade
clássico chinês foi muito propagado por sábios e de um confronto físico com o adversário.
estrategistas da antiguidade, como Sun Tzu em seu
livro “A Arte da Guerra”.
37
Por isso, é importante estudar a luta através das
artes marciais tendo como base o desenvolvimento
Portanto, mais humano. O adversário não é um inimigo, é apenas
perceber o outro. Ainda Por isso, outro nível de relação deverá ser constituída
entre os oponentes. O desenvolvimento humano não
mais importante do é apenas uma questão moral, mas estratégica, pois
quando se conhece o outro a relação torna-se mais
que lutar é identificar construtiva, permitindo uma maior percepção
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REFINANDO HABILIDADES colocando em movimento o pensamento,
desenvolvendo um significado que é estendido para
COMPORTAMENTAIS (SOFT SKILLS) a vida da própria pessoa, utilizando os movimentos
ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA MARCIAL do corpo humano no sentido de frustrar a divisão
mental entre o agir e o não agir, que petrifica a fluidez
A matéria publicada na revista Você RH, com o título de uma tendência e impede que se identifiquem
“Carreiras líquidas: adaptabilidade é o novo mantra os sinais ínfimos da transformação que está por vir.
da gestão de pessoas”, inspirada na frase do ator Bruce
Assim, fica quase impossível a pessoa não ser ela
Lee em Longstreet, série de 1971, que dizia “Be water,
mesma durante a experiência marcial, proporcionando
my friend” ou em português “Seja água, meu amigo”,
um ambiente favorável para o estímulo da mudança
apresenta a importância do refinamento da inteligência
de comportamento, mesmo porque, os movimentos
emocional, seja para enfrentar crises, lidar com o
não são baseados em “técnicas de luta”, visto que
inesperado ou encarar transformações. Ainda, segundo
“técnica” está relacionada a um procedimento
a matéria, a metáfora de ser como água mostra que é
operacional padrão para a realização de uma tarefa e,
fundamental desenvolver e/ou refinar competências de
assim como no combate real (onde não há regras, juiz,
acordo com o contexto.
tempo de início e término, quantidade de adversários
Como muitos sabem, além de ator, Bruce Lee foi um ou um ringue), a vida é dinâmica, está em constante
profundo estudioso das artes marciais, em especial transformação, dificilmente ocorrerá algo exatamente
o sistema Ving Tsun. Na China antiga, entre outras igual ao que foi estudado a nível “técnico”.
finalidades, o sistema Ving Tsun era utilizado por
Os movimentos utilizados na experiência marcial
famílias abastadas com o objetivo de preparar os
são fundamentados em “dispositivos corporais
descendentes para administrar seus negócios no futuro.
de combate”, que possibilitam preparar o indivíduo
Com isso, eles tinham acesso a experiência marcial,
para ampliar seu nível de percepção da situação em
para aprimorar a inteligência estratégica de cada um.
que está vivenciando, de forma a ter mais condições
de se adaptar e tomar decisões apropriadas em seu
A experiência marcial tem dia a dia. Desta forma, saber administrar o emocional
ou as habilidades comportamentais é fundamental
o potencial de fazer-nos para o êxito no trabalho e na vida.
FABIO GOMES
É graduado em Gestão de Segurança
e mestre em Ving Tsun (MYVT Martial
Intelligence - São Paulo e International MYVT
Federation - Nova York).
@fabiogomes.insta
www.fabiogomes.com
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RENAN ALMEIDA
O QUE SÃO
CURSOS
OPERACIONAIS
E QUAIS SEUS REQUISITOS
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41
executadas nas missões reais. Geralmente os alunos
NÍVEL ESTRATÉGICO são submetidos a uma extensa grade curricular que
IRÁ ANALISAR E DEFINIR OS RUMOS
posteriormente será avaliada por meio de atividades
A SEREM SEGUIDOS;
teóricas e práticas.
NÍVEL TÁTICO Não existe uma regra sobre a sequência em que
ESTABELECE OS MEIOS GERENCIAIS, as fases de seleção e capacitação devem ocorrer.
E DITA OS CAMINHOS A SEREM PERCORRIDOS Alguns cursos primam por executar a fase
PARA SE CHEGAR AO OBJETIVO PROPOSTO de seleção logo nos primeiros dias, nas chamadas
PELO ESCALÃO; Hell Week (semana do inferno), e apenas aqueles
que suportarem o processo chegarão à fase
NÍVEL OPERACIONAL de ensinamento que será iniciada na semana
SETOR RESPONSÁVEL POR COLOCAR EM PRÁTICA
seguinte. Existem também outros cursos que optam
TUDO O QUE FOI PLANEJADO, CONCRETIZANDO O
por conduzir ambas as fases concomitantemente
OBJETIVO DEFINIDO NO NÍVEL ESTRATÉGICO.
do começo ao fim. Para se formar em um Curso
Operacional é necessário que o aluno tenha certos
requisitos, alguns deles como capacidade física,
Cada um desses níveis possui um método psicológica e intelectual, estarão previstos em edital,
de ensino próprio e, como já é de se imaginar, outros não. Vou discorrer a respeito de 3 desses
a atuação em ocorrências de grande magnitude requisitos implícitos logo abaixo:
exige grupos de intervenção com homens aptos,
constantemente treinados e munidos
de equipamento adequados, formando-se
a tríade homem-equipamento-treinamento. O primeiro atributo é o
voluntariado, não existe chance de
Os Cursos Operacionais surgem
como solução na formação desses 1 formação para uma pessoa que
não seja voluntária a passar pelo
grupos de intervenção e trazem processo de formação.
consigo dois objetivos principais:
O segundo atributo é a
selecionar e capacitar. proatividade, característica
A seleção é representada pela forma com que
os cursos são conduzidos. Geralmente o aluno é
2 de uma pessoa que não possui
preguiça e não espera ordens para
colocado em situações extremas, que são próprias fazer o que deve ser feito.
das atividades que serão executadas, para isso
inúmeras atividades e teatros são realizados com Por fim, mas não menos
o intuito de avaliar a capacidade psicológica e a
resiliência do aluno.
3 importante, é necessário que
o aluno possua uma honestidade
Uma outra vertente da seleção é a colocação inabalável, e neste ponto reforço
do aluno no ambiente em que ele irá atuar que tal atributo é de caráter
de forma que apenas aqueles que possuírem
intimamente pessoal, pois não
a maior capacidade de adaptação fisiológica
ao frio, calor, fome, sede e sono irão suportar.
pode ser considerado honesto
o sujeito que apenas faz o certo
Já a capacitação é representada pelas instruções
quando há alguém lhe observando.
que lhe serão ministradas durante o curso que
terão relação direta com as atividades que serão
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Atualmente tem se percebido uma forte queda
43
Embora os Cursos Operacionais tenham
essa característica de possuir uma
“Se prepare o máximo
grande taxa de desligamentos, o seu possível, tema a Deus,
intuito principal é o bem formar os novos
operadores, o que poucos candidatos
seja um exemplar chefe de
entendem é que jamais a coordenação irá família e jamais se esqueça:
baixar o nível do curso, apenas pelo luxo
de aumentar a quantidade de formados. O
brevê está lá, mas você precisar ir buscar tocar o sino,
o que é seu por direito. Então, se você está
pretendendo fazer um Curso Operacional nunca será
vou deixar alguns conselhos:
uma opção!”
RENAN ALMEIDA
@renanoalmeida
44
45
galeria de hon ra
Para reverenciar os autores e artigos que fazem
parte da história da revista Marte Opes
PEDAÇO DE
BORRACHA HONNEY CORDEIRO
Em minha trajetória como Policial Civil do Distrito Por vezes alguns deles assumiam o
Federal, tive a oportunidade e a honra de participar protagonismo da minha mente. Às vezes, era
de vários cursos operacionais, sendo alguns visitado pelo ânimo, às vezes pelo desânimo.
realizados em minha própria cidade, outros em Em algumas ocasiões era dominado pela
cidades espalhadas pelo Brasil e alguns fora do País. vontade, em outras pelo medo.
Em todos eles, cursei na condição de “estrangeiro”,
que é o termo utilizado para referir-se a alunos que Não há como ser diferente,
não pertencem à unidade que realiza o curso. pois essas batalhas eram repletas de
dificuldades, que envolviam grandes
Em cada partida, eu levava na mochila minhas
períodos longe da família, altos
esperanças e preocupações, meus sonhos e meus
medos e, embora tivesse o cuidado de me preparar
investimentos de dinheiro em enxoval, e,
mentalmente para que cada um desses sentimentos claro, inevitavelmente, as dificuldades
ocupasse tão somente o espaço que lhe era devido oferecidas pelo curso em si, com
ou o máximo de espaço que lhe era permitido. suas etapas de resistência (física e
psicológica) e de técnica.
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“POR QUE VOCÊ QUER FAZER ESSE
CURSO? POR QUE VOCE QUER SER
FALCÃO? POR QUE VOCÊ QUER SER
GRIFO? OU, POR ÚLTIMO, POR QUE
VOCÊ QUER SER CAVEIRA?”
Diante da quantidade de questões e fantasmas Por que você quer fazer esse curso? Por que
que assombram qualquer aluno – e aqui me voce quer ser falcão? Por que você quer ser
incluo, a desistência por tantas vezes se traveste grifo? Ou, por último, por que voce quer ser
de oportunidade. caveira? Muitas vezes, a pergunta nem fazia
uso do “por que?”, e sim do “para que?”
Oportunidade de permanecer na zona de
conforto, usufruindo o que já foi conquistado, No início da minha trajetória, essas
sem ter de provar nada a ninguém e perguntas me incomodavam, pois
especialmente a si mesmo.
simplesmente eu não sabia o que falar.
Talvez por isso tantos desistam. E, certamente, é Perdi algumas noites de sono procurando
por isso que muitos nem tentam. Das frases que a melhor resposta, aquela que suplantaria
mais ouvi ao longo dessa jornada, talvez as que qualquer dúvida, ou a possibilidade
tenham se tornado mais comuns, especialmente de novas perguntas.
nos últimos anos, tenham sido as indagações.
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Somente o tempo, sempre ele, o senhor de
todos os ensinamentos e amadurecimentos,
Mas não encontrava a resposta, e foi me trazendo essa resposta.
continuava sem saber o que dizer. Minha
primeira estratégia era tentar conhecer Ou melhor, foi fazendo com que emergisse
o instrutor, a unidade onde o curso seria a resposta que sempre havia habitado no
realizado, e dar a resposta que eu achava meu coração, na minha mente, e que não
que estavam querendo ouvir. Mas, na conseguia verbalizar.
grande maioria das vezes, deu errado. Foi então que, no último curso operacional
que fiz, lá estava novamente ela, a pergunta:
O curioso é que, quanto mais “56 por que você quer ser Caveira?”
eu tinha convicção de que
queria fazer um curso, menos
eu conseguia expressar
Minha resposta foi:
aos “interessados” e Não sei, Senhor
questionadores o porquê Pronto, após 13 anos fazendo cursos
ou o para quê. operacionais, eu acertei, pela primeira
Não encontrava as palavras certas, vez, a resposta. Talvez você, que está
aquelas que convenceriam o meu a ler agora este relato, pense, ou
interlocutor de que aqueles motivos até mesmo diga em voz alta, quase
legitimavam o meu desejo. indignado: “desde quando ‘não sei,
senhor’ é resposta?”
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Sem muitas delongas e demoras, eu explico:
Quando desejamos fazer um curso, a imagem
que nos vem à mente e as palavras pelas quais Isso, por si só, não é o motivo
nos referimos ao curso remetem ao “brevê”. de você querer passar por
Penso em me tornar um Falcão, um Grifo, um tantas dificuldades. isso é a
Caveira - citando apenas alguns de tantos
existentes - e o “título”, o brevê, é o que
materialidade de um brevê.
possuo, naquele momento, para verbalizar o Mas na conquista de um
meu desejo. Por isso, pode parecer que o brevê brevê, é a forja trazida pelo
é, em si, o meu objetivo.
sofrimento, pela dor, pelas
Mas não é. Por isso nunca respondi que queria
o brevê de um curso. Um brevê é um símbolo,
lágrimas e pelos risos, pelas
um adereço, um adorno, a ser incorporado – ou vitórias e pelas derrotas, que
não – ao seu uniforme ou farda de trabalho, vão tatuando na alma cada
que tão somente vai mostrar àqueles que
conhecem o curso, que você possui formação experiência ali vivida.
naquela Unidade.
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A verdadeira brevetação
acontece no âmago do seu ser, Portanto, embora eu não
na ruptura com o antigo homem
para o nascimento do novo. possa verbalizar o porquê,
Essas experiências mudam a impressão ou o para quê desejo fazer
digital do seu caráter, do seu espírito.
Essa é a SUBJETIVIDADE de um brevê. E é um curso, o certo é que,
esta última que importa, que permanece.
Ainda que você perca o brevê físico, o que
sem a verdadeira essência
realmente tem valor permanece: quem você
se transformou no processo.
do brevê, ele é tão somente
Dizer “não sei, senhor” é a melhor resposta
um pedaço de borracha.
para algo tão subjetivo e pessoal, tão
particular e individualmente íntimo, que não
há palavra que defina, não há expressão que
explique. Qualquer tentativa de fazê-lo será
fracassada e incompreendida.
HONNEY CORDEIRO
Policial Civil do DF
Caveira
Falcão
Autor de: Nunca Toque o Sino
@honney_oe
50
Luminox
MIL-SPEC
3350 Series 51
G25
Compacta | 380 Auto
br.glock.com
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