Surto Psicotico
Surto Psicotico
Surto Psicotico
Paciente masculino, 22 anos, foi trazido através SAMU e policiais militares até a UPA de
Juazeiro-BA. Ao colher informações dos policiais, primeiros ao chegar no local, relatam que
paciente estava confuso, agitado, seminu (usava uma cueca verde limão) e com discurso de
que o “O planeta é sideral, a virtude é homogênea e certos macacos vieram de júpiter” algo do
tipo. Samu passou os sinais vitais: PA: 150 x 85 mmHg, FC: 110, HGT: 97, SAO2: 98. Foi
necessário contenção física e aplicação de Haloperidol + Prometazina durante o trajeto. Como
uma boa equipe, assistente social é acionado de imediato para localizar familiares. A família
logo é identificada e quase de imediato chegam ao serviço. Genitora relata que o filho não tem
transtorno mental ou doença física, porém foi para uma festa no final, uma tal de “Rave”. E até
então não tinha chegado em casa. Alega que não chegar em casa no outro é normal, pois
geralmente dorme na casa dos amigos pós festa. Durante o exame psíquico é observado
desorientação, agitação, discurso desconexo “Romero Brito, Katrina, Samu, seu **, minha arte,
PC Gusmão, Jarbas, meu pai?, Bruno debaixo da ponte?”.
Manejo comportamental:
- A fala deve ser pausada, objetiva e clara, tomando-se o cuidado para evitar
entonações ou frases hostis ou demasiadamente autoritárias;
- O paciente deve ser estimulado a expressar seus sentimentos em palavras e a equipe
deve reforçar a capacidade do paciente de autocontrole
- Estabelecer vínculo de confiança e respeito em que o paciente se sinta acolhido e
com seu sofrimento reconhecido
- Evitar movimentos bruscos e olhar diretamente para o paciente;
Manter alguma distância e evitar fazer anotações;
Assegurar ao paciente que você pretende ajudá-lo a controlar seus impulsos.
Manejo farmacológico:
- Para justificar o uso mínimo de cinco profissionais na contenção física, deve-se pela
distribuição deles nas partes do corpo a serem seguras: uma para cada membro
superior, uma para cada membro inferior, um para o tórax e cabeça.
- Cada equipe deve ter um coordenador, embora todos os participantes devam ser
preparados para assumir esse papel a qualquer momento
Ao dialogar com paciente, utilize uma linguagem simples, clara e concreta, evite elevar
o tom de voz; estabeleça limites de maneira respeitosa; estimule a expressão verbal de
sentimentos; assegure o paciente que você pretende ajudá-lo a controlar os próprios
impulsos; evite ceder a testes, desafios e manipulações e explique para ele as
condutas terapêuticas.
Tratamento Sintomático
O tratamento medicamentoso sintomático do delirium é feito na maioria das vezes com o
uso de antipsicóticos. O médico deve sempre iniciar o tratamento com doses pequenas, com
aumento lento e progressivo conforme a resposta ao tratamento.
O uso de benzodiazepínicos deve ser restrito ao tratamento de delirium secundário à
abstinência de álcool ou benzodiazepínicos, ou associado à síndrome neuroléptica maligna.
Nessas situações recomenda-se o uso de lorazepam, em dose de 0,5 a 1 mg a cada 4 horas.
Em relação ao uso de antipsicóticos, os estudos que comparam o uso de
haloperidol em dose baixa e de antipsicóticos atípicos (olanzapina, risperidona e quetiapina) não
mostram maior eficácia para o controle dos sintomas ou menor ocorrência de efeitos colaterais
entre os diferentes grupos. Recomenda-se que o tratamento seja iniciado com haloperidol e que
o uso de antipsicóticos atípicos seja alternativa terapêutica quando há necessidade de altas doses
de haloperidol para o controle dos sintomas.
O uso de inibidores da acetilcolinesterase tem sido estudado atualmente, e apenas relatos
anedóticos corroboram seu uso na prática clínica. Como o principal mecanismo fisiopatológico
do delirium é a deficiência colinérgica, é razoável supor que essas medicações poderão ser
importante recurso terapêutico.