Ebook Jovens

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 149

J.

F ROZZA
Autor de #CLUBE DOS HOMENS

PHILLIP SOUZA
Educador Financeiro
J.F Rozza

Phillip Souza
J.F Rozza

A ESTRADA
INVESTIMENTOS
para os

RENTÁVEIS

i9
editora
®
Jovens Investidores
Propriedade intelectual registrada de J.F Rozza
Todos os direitos reservados.
Publicado mediante acordo com i9 Editora

Titulo Original
Jovens Investidores - A estrada para os investimento rentáveis

Capa e projeto gráfico


J.F Rozza
Diagramação
i9 Editora
Tiragem inicial
1.000 exemplares

2014
Todos os direitos desta edição reservados à

i9 EDITORA
Rua Icaro 253 - Novo Hamburgo-RS

[email protected]
Os dois dias mais importantes da sua vida são:
O dia em que você nasceu,
e o dia em que você descobre o porquê.

Mark Twain.
Indice
INTRODUÇÃO

PARTE I
FINANÇAS PESSOAIS
DÍVIDAS RUINS VS INVESTIMENTO
VOCÊ: O SENHOR DAS SUAS FINANÇAS
O SEGREDO FUNDAMENTAL DAS FINANÇAS PARA O SUCESSO NOS NEGÓCIOS
DO INFERNO AO PARAÍSO: O INFERNO DAS DÍVIDAS
COMO SAIR DAS DÍVIDAS
O LIMBO FINANCEIRO
O PARAÍSO DOS INVESTIMENTOS
OS DIFERENTES MERCADOS
OS TRÊS PILARES DOS INVESTIMENTOS
ENTRANDO NA BOLSA PELA PORTA DOS FUTUROS
MENSAGEM FINAL

PARTE II
PROFISSÃO INVENTO-EMPREENDEDOR
COMO FAZER UM MILHÃO EM DEZOITO MESES
ERROS BÁSICOS DO INVESTIDOR INICIANTE
ERRO N° 1 - PROCRASTINAÇÃO
ERRO N° 2 - EMPREGAR AMIGOS E FAMILIARES
ERRO N° 3 - SAQUES INDEVIDOS DO PROPRIETÁRIO
ERRO N° 4 - POSTERGAR OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS
ERRON °5 - FUGIR DOS PROBLEMAS
ERRO N° 6 - EMPRESTAR DINHEIRO
ERRO N° 7 - O BOI ENGORDA COM OS OLHOS DO DONO
ERRO N° 8 - NÃO TER UM DIFERENCIAL
ERRO N° 9 - ILUSÕES FORA DA REALIDADE
ERRO N° 10 - NÃO REINVESTIR O QUE GANHA
ERRO N° 11 - EXCESSO DE PASSIVOS INICIAIS
Indice
PARTE III
BEM VINDO A BOLSA DE VALORES
O QUE SÃO AÇÕES NA BOLSA DE VALORES
COMO OPERAR NO MERCADO DE AÇÕES
ANÁLISE GRÁFICA
CANDLESTICK
FIGURAS BÁSICAS
PADRÕES GRÁFICOS DE REVERSÃO DE ALTA
PADRÕES GRÁFICOS DE REVERSÃO DE BAIXA
ESTRATÉGIA BASEADA EM GRÁFICOS
MERCADO INTEGRAL X FRACIONÁRIO

CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO

T enho notado em todas as introduções que escrevo. Tornou-se uma


constante meus cumprimentos toda vez que você começa a ler um de meus livros,
isso se deve a um único fator: Evolução.

Sempre fico admirado com meus leitores, a maioria tão jovem e já em busca
do sucesso, começando cedo no mundo dos negócios. Assim como eu enfrentei
muitas armadilhas e dificuldades em minha jornada, sei que a provação pode ser
dura; o desânimo, constante. Às vezes, temos vontade de desistir e jogar tudo para o
alto. Mas não o fazemos. Nunca. Sempre encontramos um novo jeito, uma nova
maneira, um novo negócio.

Vejo em cada um de vocês a determinação que eu tinha quando comecei.


É bonito e reconfortante olhar a sua busca por conhecimento e sua constante
evolução.

Neste livro, passarei um pouco do conhecimento que tenho sobre o mundo


dos negócios, os conhecimentos adquiridos até o momento, porque, afinal de
contas, também continuarei aprendendo até o fim dos meus dias.

Tomei uma decisão ao começar este livro: não adianta apenas explicar
como funcionam os investimentos em ações se você não tem capital para investir.
Tudo que ler será apenas mais um punhado de conteúdo sem utilidade na sua
mente.

Então, na primeira parte deste livro, passarei a vocês o meu legado, como o
criei, como o administrei, como o recriei quando foi preciso. Você saberá o que pode
e o que não pode fazer para ganhar dinheiro e acumular um pequeno capital para
começar a investir. Algumas ideias de negócio que podem ser feitas facilmente e já
trazer lucros de vários dígitos.

Eu me perguntei antes de escrever esta parte:

- Qual a diferença entre eu, JF, quando comecei e estes jovens que estão
começando agora? Eles serão capazes?

JOVENS INVESTIDORES 11
Quando comecei, tinha um sapato e um computador. Mas nada disso é
necessário para começar um negócio. Também tinha o que era necessário: é algo
que você tem.

FORÇA DE VONTADE! Esse é o único fator necessário para criar uma grande
fortuna – sem isso, até a melhor das ideias se desfaz. Com isso, até a mais simples ideia
torna-se grandiosa. O negócio não se faz por si só. Você o faz! O que difere os
grandes negócios dos pequenos, o grande empresário do pequeno, o rico do pobre
é a capacidade individual que cada um tem de se comprometer com algo, uma
ideia, um negócio, com um projeto e batalhar até torná-lo um sucesso.

A diferença entre o fracasso e o sucesso reside na força de vontade. Porque


os grandes empresários, cedo ou tarde, acabam palestrando ou escrevendo livros?
Porque o caminho não foi fácil! Se fosse fácil, todos seriam empresários, todos teriam
milhões. A jornada é tão difícil, que todos querem contar como foi, todos têm
orgulho da fortuna que criaram, porque sabem quão dura e cheia de provações foi
a jornada.

Somente poucos indivíduos no mundo foram abençoados com o dom da


liderança, da perseverança e da fortuna. É fácil reconhecê-los, não importa se estão
no meio de uma imensa multidão: eles logo se fazem perceber, seja pelas ideias que
apresentam,seja por aquele brilho no olhar, aquele brilho que você sabe de onde
vem, aquela chama que queima dentro do peito, aquele sentimento inabalável do
querer. Eu quero, eu posso, eu consigo!

A fórmula será transmitida a você. O desafio é: você terá o necessário para


transformar palavras em sucesso?

Você receberá o conhecimento, mas o sucesso só pode vir de você – mais


ninguém no mundo o tornará rico. Faça por você e mais ninguém.

Tenho certeza que irá longe, prezado leitor: já parou para pensar que,
enquanto abre este livro, muitos jovens da sua idade estão se lixando para o futuro?
Estão com o som alto, em postos de gasolina, parados ao lado dos seus potentes
carros, bebendo e achando que a vida será sempre fácil assim. Esquecendo que o
lazer vem depois das obrigações. Que o lazer é a recompensa dos trabalhadores,
não dos desocupados.

A vida no mundo capitalista não é fácil. Para se viver, é preciso pagar o


preço. Quanto melhor a qualidade de vida desejada, mais caro será o tributo. As
obrigações logo começam a aparecer, sua vida não poderá ser mais levada como
brincadeira.

12 JOVENS INVESTIDORES
Enquanto uns se divertem, você está agora treinando a sua mente, afiando
suas habilidades para começar a criar seu grande legado.

Desde pequenos fomos condicionados a seguir o plano de nossos pais,


aquilo que eles conhecem por certo: não podemos julgá-los, pois é a única verdade
que eles conhecem. Os tempos modernos representam o presente; eles ainda não
se deram conta de que a fórmula que ensinam de “estudar, arrumar um emprego e
viver com o mesmo salário para o resto da vida” pode servir para alguns, porém não
para todos.

Porque se contentar com isso sem, ao menos, tentar algo maior? Se você não
tem nada, então não há nada a temer: um homem sem nada a perder é
indestrutível.

Quais os riscos que vai correr? Você é jovem, pode recomeçar quantas vezes
forem necessárias. Você pode tentar, tentar até acertar. Se tivesse 60 anos de idade,
aí talvez você devesse ter medo de alguma coisa, mas não, você tem uma vida
inteira pela frente – ainda assim, existem pessoas que empreendem em “idade
avançada” e prosperam!

Ficar alguns meses sem estabilidade financeira é normal, no início. Você não
deve sonhar que no dia seguinte já terá uma conta gorda no banco à sua
disposição. Mas isso não é um risco muito grande. Temos de nos adaptar com o
momento; se ainda não recebemos nada, não podemos gastar nada. SEM DÍVIDAS
INICIAIS!

A primeira coisa a se fazer quando se deseja começar um novo negócio é


cortar ao máximo todas as despesas fixas mensais. Começar a pensar somente no
básico. Você precisa de uma moradia.Não pode se dar ao luxo de gastar com
aluguel. Então, é necessário permanecer na casa dos seus pais, não pode ter essa
despesa mensal.Não agora.

Não confunda montar um negócio com montar uma sede. Para começar
um negócio, você não precisa sair alugando uma sala comercial, comprando
móveis em 48 parcelas, já fazendo vários financiamentos.

Já vai começar uma empresa devendo, criando dívidas? NÃO!

Prefere começar a sua carreira como empresário já refém das suas


necessidades, já precisando pensar em despesas operacionais?

Nada de despesas no começo, somente o básico! Comida, um teto, roupas

JOVENS INVESTIDORES 13
limpas: você não precisa de um terno DolceGabbana para fechar um negócio,
você não precisa de roupas caras – você não é vendedor de roupas! Você precisa
apresentar o seu produto, a sua ideia e ter a aceitação do cliente. Somente isso!

Após ler este livro, você sentirá medo de começar, porque eu destruirei o
sonho de alguns que pensam que o sucesso bate à sua porta somente porque você
o quer. Ele fugirá de você, ele se esconderá, às vezes por um tempo longo demais. Se
você não desistir, se continuar procurando, logo o encontrará. A jornada será suada,
difícil, mas recompensadora!

Você tem a determinação necessária, a coragem para enfrentar o mundo


dos negócios de frente e SEM DESANIMAR?

Bem-vindo competidor. Saiba que este não é um jogo para os fracos. Nascer
pobre não é uma punição do universo, não é culpa de ninguém as condições da sua
vida. Foi ao acaso que isso aconteceu. Mas se você nascer pobre e permanecer
sempre pobre, saiba que a culpa disso será inteiramente sua.

Eu escrevo as palavras, você faz a ação.

Desejo a você uma boa leitura, bons estudos e muito sucesso!

J.F Rozza

14 JOVENS INVESTIDORES
PARTE I

autor
Phillip Souza

FINANÇAS
PESSOAIS
FINANÇAS PESSOAIS

A
lguns já me conhecem, outros me conhecerão agora. Conheci
Rozza a partir de um de meus relatos enviados por e-mail. Depois de
conversar um pouco com ele e me apresentar, percebemos muitos
pontos em comum em nossa forma de ver o mundo, especialmente o mundo dos
negócios e o mundo financeiro.

Ele é um empreendedor, investidor de bolsa de valores e, agora, um grande


escritor. Sua trajetória, descrita tanto nesta obra quanto noutros livros, é inspiradora.

Assim como ele, preferi trilhar o caminho do empreendedorismo, mas por vias
um pouco diferentes. Vou procurar ser breve sobre minha trajetória, pois a ideia
deste apêndice não é falar de mim.

Comecei minha vida profissional cedo: alguns familiares trabalhavam com


produtos de uma empresa de marketing multinível e logo fui legalmente
emancipado aos 16 anos (tinha obrigações de um adulto). Não tive sucesso
naquele negócio, mas aprendi bastante coisa sobre uma área essencial em
qualquer empresa ou negócio: vendas! Tanto que me graduei na área e trabalhei
vendendo Barsa. “Poxa... o cara vendia livros no século XXI!” Não se tratava só de
livros, mas, sim, vendia. A Barsa foi minha “pós-graduação” prática na época da
faculdade.

Quem trabalha e estuda sabe como é sofrido e difícil conciliar as duas coisas.
Depois disso, aconteceram turbulências em minha vida pessoal (detalho melhor
noutra oportunidade); no meio disso tudo, por ter sido o melhor aluno na faculdade,
recebi uma bolsa para fazer um MBA: estudei a fundo mercado de capitais – isso foi
no ano pós-crise, 2009;me chamavam de louco na época, mas era isso que queria
aprender.

No ano seguinte (2010), me tornei operador de bolsa de valores (vulgo


“corretor”) e ali pude colocar muita coisa em prática daquilo que tinha estudado:
ações, opções, contratos de derivativos das maneiras mais elaboradas que alguns
de vocês, talvez, nem possam imaginar.

Naquela época, eu ministrava palestras e cursos para a corretora que


trabalhava: tive contato com educação financeira.

JOVENS INVESTIDORES 17
Ali identifiquei uma oportunidade: muitas pessoas não sabiam administrar o
próprio dinheiro, porém, pela falsa promessa de que se “aposta” na bolsa e logo fica
milionário (pode acontecer, mas não é tão fácil, nem tão simples), colocavam todas
suas economias no mercado de capitais e saíam “machucadas” e ainda falando
mal: que “bolsa é cassino”, “só os grandes é que ganham com bolsa”, que “esse
mercado é manipulação de preços e cotações”, entre várias outras coisas.

Decidi, então, abrir minha empresa de educação financeira.

Finalmente, é isso que venho procurar passar a vocês, que estão iniciando ou
mesmo já estão na trajetória de empreendedores e investidores.

DÍVIDAS RUINS vs INVESTIMENTO

A
lguns já me perguntam sobre investimentos, qual seria a melhor
opção, em que investir... Não funciona assim, de qualquer jeito.
Primeiro,é preciso fazer o dever de casa. E o que seria esse dever de
casa?

Simples: DÍVIDA RUIM E INVESTIMENTO NÃO COMBINAM.

O que isso significa? Significa que certas dívidas vão te prejudicar; muitas
vezes, fazer com que sua evolução seja lenta, a sua vida financeira pareça andar
com o freio de mão puxado.

O que seriam dívidas ruins? São aquelas que arruínam suas finanças, não
trazem retorno.

Um exemplo para clarear: digamos que você tenha um carro e use esse carro
apenas para passeio nos finais de semana, para curtir com os amigos, sair com a
namorada, etc.

Ele é EXCLUSIVAMENTE para lazer. Um carro, é claro, proporciona agilidade no


deslocamento, conforto de ir e vir, mas também proporciona algum status: quantas
vezes vocês já não ouviram e viram algumas mulheres (interesseiras?) com homens
que possuem um carro?
A natureza delas é buscar por segurança e talvez façam isso de forma
inconsciente (ou não); ter um carro, de uma forma ou de outra, significa segurança
18 JOVENS INVESTIDORES
para elas (talvez o inconsciente delas diga algo como “se ele pode manter um carro,
pode manter uma família”).

Se esse veículo, mesmo que só gere despesa, não atrapalha seus projetos,
não atrapalha sua vida financeira tudo bem... Não tem o porquê colocá-lo em
xeque. Se for algo que só traz despesa, prejuízo e NENHUM retorno, talvez devesse
repensar, pelo menos a princípio.

Como assim? Detalhemos melhor com um exemplo.

Digamos que uma pessoa trabalhe e receba R$ 1.500,00 de salário. Tem um


carro que usa para lazer e o gasto desse carro seja na ordem de R$ 750,00 mensais
(combustível e parcela); 50% de tudo que ela recebe são CONSUMIDOS pelo
veículo.

Ela tem os outros R$ 750,00 para comer, pagar os custos com habitação (caso
não more com os pais ou coisa do tipo), com saúde, com o próprio lazer, muitas vezes
com estudo (cursos, faculdade)...

A situação fica bem restrita, compreende? Lógico que é um exemplo


hipotético e cada caso é um caso.

O que chamo a atenção aqui é para o bom uso de seu dinheiro:


especialmente aquele que você recebe por seu trabalho (assalariado, autônomo
ou empresário).

Qual seria o outro lado da moeda nesse exemplo do carro?

O veículo gerar mais resultados (mais receitas) que despesas.

Como assim?

Bom, se você já tem um carro, recebe R$ 1.500,00 de salário na empresa em


que trabalha, o carro gera de despesa média mensal de R$ 750,00, PORÉM você o
usa para gerar mais receita (a partir do seu novo negócio, mesmo que em meio
período) e o carro se paga (paga as despesas com o aumento de receita a partir de
seu negócio: os R$ 750,00), pode ser que essa dívida seja boa: você ganha todos os
benefícios citados anteriormente (conforto, agilidade no deslocamento, até mesmo
lazer mais facilitado) e pode desenvolver melhor seu negócio.

Se o uso do carro gera R$ 750,00 ou mais, significa que da sua renda


“principal” restam R$ 1.500,00, concorda?

JOVENS INVESTIDORES 19
Acho que vocês já puderam compreender a essência em saber como
diferenciar o que é uma “dívida boa” e o que é uma “dívida ruim”.

Mas DÍVIDA RUIM E INVESTIMENTO NÃO COMBINAM, certo?

Dívidas que destroem suas finanças devem ser eliminadas o quanto antes:
parcelamentos no cartão de crédito, créditos consignados, empréstimos pessoais e
todo aparato financeiro creditício que só gera pagamento de juros elevados.

O próprio Rozza enfatizou bastante esse aspecto: começar seu negócio de


forma enxuta, sem despesas fixas e/ou operacionais elevadas.

Vou um pouco mais longe: resolva também “limpar” suas finanças pessoais,
pois elas prejudicam as finanças da empresa/negócio se não estiverem sob controle
– podem atrapalhar caso precisem de recursos financeiros de terceiros para
alavancar o negócio.

Bancos não costumam emprestar dinheiro para empresários que estão com
o “nome sujo”.

Dívidas ruins não combinam com investimento e, muito menos, com


empreendedorismo.

VOCÊ: O SENHOR DAS SUAS FINANÇAS

E
stando clara essa questão das dívidas, é essencial que você
mantenha registros detalhados das suas movimentações pessoais e
empresariais.

É IMPORTANTÍSSIMO ter o controle sobre TUDO o que você GASTA e TUDO o


que você RECEBE. Se seu negócio tem receitas variadas e irregulares (recebe
pouquinho todos os dias -como se fosse comissão- ou tem dia que entra, tem dia que
não entra receita), é ainda mais importante cuidar desse controle.

Uma planilha eletrônica elaborada para seu negócio já deve ser suficiente,
apesar de que também existem alguns softwares gratuitos bem bacanas na internet
para pequenos empreendedores, como o Zero Paper (www.zeropaper.com.br).

20 JOVENS INVESTIDORES
O fundamental, em um caso ou noutro, é alimentar sua ferramenta e, depois
de certo tempo de coleta (geralmente um mês), saber interpretar e tomar decisões
para o crescimento de seu negócio.

É óbvio que o registro das despesas também tem que ser feito de forma
bastante rigorosa, pois você tem que saber para onde seu dinheiro está indo
EXATAMENTE.

Mas não é só isso: sua vida financeira pessoal tem que ser um exemplo
também! Não adianta nada você ter uma empresa financeiramente “redonda”,
sendo que sua vida financeira pessoal está bagunçada. Sabe o que provavelmente
vai acontecer?

Você vai acabar desajustando as contas da empresa, pois, provavelmente,


entrará em dívidas (devido ao descontrole financeiro, o PRINCIPAL fator para o
endividamento pessoal) e quem sofrerá será seu negócio. Então, você também
precisa manter suas finanças pessoais sob controle.

Além de poder criar uma planilha eletrônica, se quiser, pode usar uma boa
ferramenta, eficiente e gratuita: o Guia de Bolso (www.guiadebolso.com.br).

Fique à vontade para usar quaisquer outras ferramentas ou mesmo elaborar


a sua: o mais importante é que se faça o controle meticuloso do dinheiro de seu
negócio e registros tão rigorosos como das suas finanças pessoais. Vivemos em um
mundo capitalista, quer queira, quer não: o dinheiro é o “sangue” que permeia a
maioria das áreas de nossas vidas.

O SEGREDO FUNDAMENTAL DAS FINANÇAS


PARA O SUCESSO NOS NEGÓCIOS

F
inanças empresariais são bem diferentes de finanças pessoais,
especialmente quando se trata de volume financeiro. Uma empresa
pode faturar dezenas, centenas e até milhões de reais mensalmente:
mas isso não significa que essa seja a sua renda pessoal.

Para você que está começando, separe bem estas duas coisas: aquilo que
você fatura não é aquilo que você deve receber como forma de remuneração.

JOVENS INVESTIDORES 21
Se, em determinado mês, você faturou R$ 10.000,00, teve lucro líquido
(depois de pagar tudo e a todos) de, digamos, 20%, ou seja, R$ 2.000,00, é
interessante que não estruture seu padrão de vida com base nesse lucro líquido.

É necessário destinar recursos financeiros a reinvestimento para que, no


próximo mês (ou meses), a empresa fature mais, aumente suas margens de lucro e
você possa,

AOS POUCOS, aumentar seu pró-labore, sua remuneração como


empresário. Implante em sua mente que, como empreendedor, você trabalha POR
RESULTADOS e NÃO PELO TEMPO QUE DESPENDE.

Especialmente no início dos negócios, mantenha uma vida enxuta: tem que
plantar muito para colher um pouco, pois, mesmo com milhares de sementes
plantadas, apenas algumas centenas germinarão: porém os frutos poderão ser em
grandes quantidades.

Contudo, entre semear e colher, existe o tempo de espera: pode ser breve ou
longo, depende de você e do seu negócio.

Para você que já tem um negócio e as coisas já estão meio emboladas:


finanças pessoais se confundem em parte ou no todo com as finanças empresariais?

O processo é um pouco mais demorado e tende a ser um pouco doloroso,


dependendo da forma como sua vida está estruturada.

Se você é solteiro, não possui muitos compromissos, tende a ser mais tranquilo:
diminuir o padrão de vida para fazer o negócio prosperar dói, mas a dor
momentânea é por uma causa maior – a prosperidade do seu negócio.

Se você já tem família, o primeiro passo é registrar todas as despesas


familiares e ver até onde o comprometimento delas afeta as receitas do seu
negócio.

Daí, esforçar-se ou diminuir as despesas familiares, na medida do possível, ou


elevar as receitas – o ideal que as duas coisas sejam feitas ao mesmo tempo. É
necessário passar o bisturi, não tem jeito.

Segue um esquema ilustrativo de como dividir ou mesmo montar seu padrão


de vida a partir da geração de resultados positivos de seu negócio:

22 JOVENS INVESTIDORES
Esse esquema é bem interessante para organizar o que fazer com os recursos,
mantendo e desenvolvendo o negócio, além de criar meios para sua sobrevivência
e, principalmente, a realização de seus sonhos e desejos – tudo dentro daquilo que o
negócio permitir, é claro. As colunas 1 e 3 tratam do planejamento empresarial e
pessoal/familiar.

Dependendo da situação econômica, das estratégias, pode-se adaptar. Já


as colunas 2 e 4 tratam da prática. Todos os pontos desse esquema são importantes,
mas os pontos focais para a realização de seus sonhos residem, especialmente, nos
dois primeiros blocos da segunda coluna(a geração de receitas e os custos e
despesas do negócio) e o segundo bloco da quarta coluna (os gastos pessoais e
familiares).

Quanto mais receitas puder gerar e menos custos tiver, consequentemente


mais lucro e mais investimentos para o negócio crescer, concorda?

A partir do resultado a retirar (o seu “salário” como empresário), quanto


menos gastos pessoais (ou seja, ter uma vida frugal), mais recursos serão destinados
para conquistar seus sonhos, quaisquer que sejam eles.

É simples e objetivo: não quer dizer que seja fácil ou mesmo rápido de fazer –
vai depender de vários fatores relacionados à sua situação de vida.

O controle de suas finanças (empresarias e pessoais/familiar) é o primeiro


passo para ter um negócio e uma vida de sucesso. Mas só isso não basta. Existem
formas de resolver suas dívidas; existem fases que você pode e vai encontrar em sua
jornada rumo ao topo. Nas próximas páginas, vou mostrar como sair do inferno das
dívidas e chegar ao paraíso dos investimentos.

JOVENS INVESTIDORES 23
DO INFERNO AO PARAÍSO
O INFERNO DAS DÍVIDAS

D
ÍVIDA. Essa palavra já é o suficiente para fazer com que alguns
arrepiem os cabelos, tenham calafrios e despertem preocupação.
Para outros, ela já faz parte da vida, pois aprenderam a conviver com
ela, já que não conseguem solucioná-la.

Pedir dinheiro emprestado e pagar juros por isso, por incrível que pareça, é
natural e trata-se de um tipo de transação bastante rotineira no mercado financeiro.

Vivemos em um mundo de dualidades e aqui se encontra uma delas: os


poupadores de um lado (famílias, indivíduos ou empresas que dispõem de recursos
financeiros sobrando) e os tomadores de outro (famílias, indivíduos ou empresas que
precisam de recursos financeiros para alguma finalidade). Nada mais do que duas
faces da mesma moeda.

Um dos “problemas” é quando algum tomador não fez o seu dever de casa e
toma crédito para solucionar dificuldades que, muitas vezes, têm pouco a ver com
dinheiro.

No caso de uma empresa, a tomada indiscriminada de crédito pode estar


relacionada à falta de vendas, pouca diversificação de mercado e sua
consequente estagnação ou desaceleração, falha grosseira no planejamento
estratégico, entre vários outros fatores que podem refletir no descasamento ou
mesmo falta de recursos para manter, mudar e/ou expandir a empresa.

O financeiro tende a ser reflexo de algo maior e mais importante, pois dinheiro
é apenas resultado.

Da mesma forma, famílias ou indivíduos tomam dinheiro emprestado porque,


dentre outras possibilidades, não adequaram seu padrão de vida de acordo com
seu padrão de recebimentos, houve um grande descontrole financeiro por algum
motivo, não se prepararam para imprevistos ou não estão devidamente protegidos
para tal, ou mesmo estão tentando “tapar o sol com a peneira”, sem muito sucesso.

É aquela velha e conhecida história: pega dinheiro emprestado de um lado


para pagar de outro, tentando fazer com que essa ciranda financeira um dia dê
certo – o problema é que esse dia, dessa forma, geralmente não chega.

24 JOVENS INVESTIDORES
O mercado de crédito no Brasil expandiu bastante nos últimos anos. Temos
uma moeda estável (no sentido de não mudarmos tanto quanto os últimos anos da
ditadura e os primeiros da nova democracia – meados e final da década de 1980 e
início da década de 1990) e, apesar de vários problemas enfrentados (câmbio,
inflação, etc.), hoje conseguimos ter certa previsibilidade do que podemos fazer.

Porém, ainda não sabemos como lidar com tamanha disponibilidade de


crédito como vimos nos últimos anos – isso tudo é algo muito recente, muito novo.

Por estímulo e incentivo do Governo, vimos produtos de linha branca


(eletrodomésticos), móveis, veículos automotores, dentre outros itens terem,
compulsoriamente, redução de sua carga tributária (diminuição do IPI e outros) e,
com isso, aumentar fortemente o consumo interno.

Isso tudo por medo de que a instabilidade financeira internacional (grandes


países asiáticos, grande parte da Europa e Estados Unidos) afetasse o mercado
brasileiro, considerado por especialistas como um dos maiores mercados
consumidores do mundo, pareando com o mercado dos EUA. Contudo, a tomada
indiscriminada de crédito tem trazido reflexos nada agradáveis.

É certo que todo marketing envolvido naquele momento incentivou as


pessoas a consumirem. Essa é a função do marketing, inclusive: estimular as pessoas
a comprar, fazendo as empresas venderem (mais) e, com isso, fazer a economia
girar. Pensando no lado das finanças pessoais, a grande vilã, porém, é a falta de
consciência ao se consumir o que quer que seja.

O principal motivo para o endividamento é o DESEMPREGO, mas o que causa


maior estrago é o DESCONTROLE FINANCEIRO.

A pessoa consume até que chega o momento em que ela não tem ideia de
como chegou ao ponto de não conseguir pagar mais os compromissos para se
manter (alimentação, moradia, contas básicas, no mínimo).

Pode, inclusive, acumular dívidas com cartões de crédito, créditos pessoais,


cheque especial e várias outras possibilidades, chegando a ter uma dívida 4, 5, 10
vezes maior do que todo o salário que recebe.

Infelizmente, isso tem se tornado muito comum. Num cenário como este, a
pessoa é caracterizada como insolvente – e sérias consequências advêm com essa
situação.

Surgem, portanto, algumas perguntas interessantes:

JOVENS INVESTIDORES 25
1. Qual público se endivida mais e por quê?

O público que se endivida mais é o de baixa renda (abaixo de 3 salários)


devido à facilidade de obtenção de crédito (via cartões de crédito e carnês) e ao
desejo de aumentar rapidamente o padrão de vida (status), o que leva ao
descontrole e dificuldades financeiras.

Porém, dependendo do motivo, o porquê tende a mudar (informações


extraídas do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC)): o desemprego é o
maior de todos os motivos para endividamento (34% dos casos)e atinge mais famílias
com renda de 3 a 10 salários; o descontrole financeiro (26%) atinge mais famílias com
renda acima de 10 salários, seguido por empréstimos a terceiros (13%).

2. Como a cultura, a sociedade e o comportamento coletivo têm contribuído


para esse cenário?

As pessoas estão habituadas a adquirir bens através de financiamentos via


cartão de crédito, carnês e boletos (pelas financeiras), tendendo a parcelar esses
bens na medida em que podem ('n' parcelas).

3. Por que fazem isso?

Essa forma de consumir é mais “fácil”, já que você pode usufruir o quanto
antes do bem ou serviço, sem a necessidade de esperar por todo o dinheiro
disponível para comprar.

Isso é fruto do imediatismo presente na cultura latina, que tem raízes em nossa
história política e social.

Além do mais, é fácil ter crédito para comprar bens que melhorem sua
percepção de qualidade de vida e aumentem o status social.

4. Por que isso?

As pessoas que querem se sentir importantes, chamar atenção: o


“aparente”, a riqueza aparente, mostram-se mais importantes do que as decisões
sensatas e seguras. As pessoas desejam se diferenciar.

Para se diferenciar, existem vários caminhos, dentre eles:

· ser: que exige trabalho, autolapidação, esforço, focado no médio-longo


prazo;

26 JOVENS INVESTIDORES
· ter: que é mais rápido, em curto prazo e se alinha ao consumo de bens e
serviços de acordo com o estilo e padrão de vida adotado.

Daí surgem diversos problemas: o consumo daquilo que não se tem condição
de manter ou pagar gera dívidas e pagamento desnecessário de juros.

É uma equação bem simples, mas bastante trabalhosa, já que exige o


esforço pessoal de quebra de paradigmas financeiros, força de vontade e, também,
mudanças de hábitos.

As consequências são variadas: dependem do grau de endividamento, das


pessoas envolvidas, da sua maturidade psíquica e emocional para lidar com essas
questões.

Algumas pessoas entram em depressão profunda, outras abandonam o


companheiro, se divorciam, outras deixam “a bomba explodir”, outras “vão
levando”;ouvem-se casos de pessoas que cometem suicídio.

Convenhamos que nenhuma dessas consequências é agradável. Elas


provocam desestruturação pessoal e familiar, além de constante preocupação –
mesmo para aquelas pessoas que dizem não se importar.

Felizmente existem soluções: algumas muito corajosas; outras dolorosas;


outras que não exigem muita dor, coragem ou esforço – apenas organização.

Porém, antes, vamos enxergar o poder de destruição das finanças em termos


de dívidas.

Imagine a seguinte situação: sua receita mensal líquida é de R$ 2.500,00.


Você está avaliando comprar um refrigerador que custa à vista R$ 1.999,92; tem a
opção de pagar em 12 parcelas de R$ 166,66 sem juros ou, acima desse prazo, com
juros de 0,99% ao mês (se for em 18 parcelas, por exemplo, o valor da prestação sai
por R$ 121,85).

Geralmente, o sistema de amortização utilizado pelo comércio nas


operações que envolvem juros é o sistema de amortização francês, também
chamado de tabela PRICE, cuja principal característica é apresentar prestações
iguais durante todo o período de financiamento.

Digamos que você optasse pelas 18 parcelas de R$ 121,85. Veja o que


acontece “por dentro” de cada parcela durante todo o período:

JOVENS INVESTIDORES 27
sobre Pagamentos Remissivos" (em inglês: Observa onsonReversionaryPayments).
¹O método foi apresentado em 1771 por Richard PRICE em sua obra "Observações
Podemos observar que os juros diminuem ao longo do tempo, assim como a
amortização vai aumentando, enquanto a parcela se mantém. No período de 18
meses, foram pagos, em juros, 9,66% o valor do bem (R$ 193,34), o equivalente a
quase uma parcela e meia do financiamento.

Não parece muito dinheiro e, de fato, não é. Porém, vale atentar que, quanto
maior o prazo, maiores os juros a serem pagos. No exemplo descrito, a primeira
parcela, por exemplo, era composta por mais de 16% de juros. Fique atento e faça as
contas.

A grande questão é o descontrole financeiro, correto? É a parcela do


refrigerador, a fatura do cartão de crédito, a parcela do carro, o cheque especial, a
parcela, a parcela... Aí vira uma grande bola de pagamentos e juros, e as pessoas
começam a entrar numa espiral de decadência financeira.

Nisso, entram os empréstimos bancários para tentar solucionar a situação. Só


que, ao invés de juros baixos para o consumo, podemos encontrar juros
elevadíssimos para resolver nossos problemas financeiros.

28 JOVENS INVESTIDORES
Imagine que você tenha se descontrolado e precisasse de R$ 2.000,00 para
solucionar suas dívidas. Foi ao banco e lhe ofereceram esse dinheiro para ser pago
em até 48 meses à taxa de 6% ao mês (bem diferente de 0,99% ao mês do
refrigerador).

Agora sim, observe o poder de destruição dos juros quando estão


trabalhando contra você (apenas o primeiro ano está detalhado e o restante com
as informações de 12 em 12 meses para não ficar uma tabela imensa).

Nesse caso, em especial, temos uma das combinações mais destrutivas nas
finanças: altos juros trabalhando CONTRA você em um prazo relativamente longo.

Apesar da parcela do empréstimo ser muito similar à parcela do refrigerador,


a combinação do prazo com o juro elevado fez com que, nesse caso, fossem pagos
mais de 200% o valor originalmente pedido (pagamento de mais de R$ 4.000,00 só
em juros).

O mais impressionante (é lógico que cada caso é um caso) é que pessoas


que assumem esse tipo de compromisso se acostumam a pagar a parcela porque
“ela cabe no bolso”. Porém, assuma o compromisso e a responsabilidade: se você
tiver numa situação dessas, trabalhe arduamente para sair dela o quanto antes.
JOVENS INVESTIDORES 29
Quando puder, você deve pagar mais de uma parcela (nesse caso não
incidirá juros) com o intuito de diminuir o prazo do compromisso tanto quanto pagar
menos juros. Uma pergunta: se estivesse nessa situação, o que você faria com os R$
4.000,00 que jogou fora (literalmente)?

COMO SAIR DAS DÍVIDAS

A
resposta a essa pergunta pode decepcionar algumas pessoas: não
existe fórmula pronta para sair das dívidas. Mas existem métodos.

1. Avalie o quanto você deve

A primeira coisa a ser feita é levantar qual o montante das dívidas: valor
contratado, quantidade de parcelas contratadas, quantidade de parcelas
restantes, juros mensais efetivos (aqueles que vêm como “CET”, Custo Efetivo Total) e
o valor das parcelas. Feito isso, você pode determinar qual o valor real da sua dívida,
especialmente se ela está na tabela PRICE (pesquise na internet sobre como
calcular financiamentos – tabela PRICE e tabela SAC; é possível encontrar, inclusive,
planilhas eletrônicas prontas).

· Valor contratado ou devido


· Quantidade de parcelas contratadas
· Quantidade de parcelas restantes
· Juros mensais efetivos (CET)
· Valor das parcelas

2. Avalie seu potencial de pagamento

Um passo muito importante é definir o quanto você pode pagar.

Se você recebe R$ 2.500,00 e tem dívidas no valor de R$ 10.000,00, não


conseguirá pagá-las em um mês e talvez nem em quatro meses, pois é bem provável
que você tenha outras despesas a serem pagas, afinal: você tem que comer, tem
custos com moradia, com transporte, educação, higiene, etc. Ou seja: tem que
viver.

30 JOVENS INVESTIDORES
Então o que fazer? Conforme já dito, é necessário listar todas as suas
despesas, em detalhes, fazendo um diagnóstico de como gasta seu dinheiro. A
princípio, podem-se levantar as principais contas e estimar os valores para despesas
variáveis, mas o ideal é que tenha o registro detalhado de todas as despesas de,
pelo menos, um mês.

A partir disso, pode avaliar como e onde cortar despesas, definindo um


orçamento pessoal para esse período de guerra contra as dívidas.

3. Priorização

Infelizmente, em alguns casos, certas dívidas terão que ser pagas depois de
outras. Você precisa avaliar qual o potencial de comprometimento que
determinada dívida pode trazer em sua vida.

Por exemplo: se você tem dívidas em dois cartões de crédito, dívidas com o
financiamento do carro, com um acordo judicial, com empréstimos bancários, qual
a ordem de priorização nesse caso?

Um acordo judicial é um compromisso muito sério, pois, além do credor,


envolve a justiça. Provavelmente essa seria a prioridade número 1.

Se você trabalha com o carro, por exemplo, pode ser interessante trocar de
veículo para diminuir as despesas (se possível) e fazer com que essa despesa (a
parcela do carro) seja convertida em mais resultados a partir de seu trabalho; caso
contrário, se o carro é para lazer, talvez ele seja dispensável (cada caso é um caso;
mas, se a possibilidade é factível, talvez essa decisão faça parte da solução).

Tanto o empréstimo bancário quanto os cartões entrariam, nessa linha de


raciocínio, como prioridades menores, apesar de também ser importante negociá-
los, conversar com os credores e avaliar (a partir do seu potencial de pagamento)
como você pode quitar tais compromissos.

O máximo que pode acontecer, dependendo da caraterística dos contratos


de financiamento, é você ter seus dados inscritos nos órgãos de proteção ao crédito
e, com isso, ficar impossibilitado de ter acesso ao crédito, que, apesar de parecer e
ser uma coisa ruim por um lado, por outro você fica obrigado a mudar seu padrão de
vida e lidar somente com aquilo que recebe: uma educação financeira forçada,
digamos assim.

Aqui decisões corajosas, talvez dolorosas, tenham de ser tomadas. Lembre-


se de que você entrou nessa situação, está procurando resolver (e vai conseguir),
porém você também tem que viver.
JOVENS INVESTIDORES 31
Você NÃO é um criminoso porque está devendo, lembre-se disso! Nenhuma
instituição ou pessoa pode cobrá-lo ao ponto de fazer com que se sinta ameaçado
ou mesmo humilhado. Isso é assédio moral, é crime; se acontecer, procure seus
direitos.

4. Negociação

Definido o quanto você deve, o quanto pode pagar e quais são as


prioridades em relação às dívidas, é hora de negociar. Uma boa dose de paciência
é necessária, pois você estará lidando com atendentes que são vendedores: eles
“defendem” os interesses da instituição para a qual trabalham e por isso não
cederão facilmente aos seus pedidos.

Não aceite a primeira oferta.

Vale a pena fazer uma cena, um teatro, tentar conversar com um superior
(especialmente se for ao telefone com administradoras de cartão de crédito) e
tentar baixar as taxas oferecidas.

Cada caso é um caso, mas, se está negociando um empréstimo que tem


taxa de 6% a.m. no contrato, por exemplo, vale a pena tentar conversar e
argumentar com os atendentes taxas próximas à metade (ou menores) da que você
já tem contratada (nesse caso 3% a.m.).

Talvez você consiga taxas excelentes; talvez não. Isso depende muito da sua
qualidade como cliente, do histórico de seu relacionamento com a instituição,
dentre outras coisas.

Conseguindo uma taxa interessante, procure conseguir um prazo longo para


aliviar seu fluxo de caixa mensal, já que a parcela diminui.

Apesar de os juros incidirem durante todo acordo, você tem o compromisso


de quitar a dívida o mais rápido possível, antecipando as parcelas, se for o caso.

É importante ressaltar que você está negociando o valor real da dívida, não
a dívida toda. Por isso, é importante se preparar, no primeiro passo, descobrindo o
quanto já pagou, os juros já pagos e qual o valor real da amortização.

No exemplo anterior do empréstimo bancário, se a dívida fosse renegociada


após a quitação da 12ª parcela, o valor a ser tratado na negociação seria de R$
1.868,33, não os R$ 4.600,00 faltantes caso o empréstimo fosse quitado durante todos
os 36 meses restantes. Fique atento em relação a isso.*

32 JOVENS INVESTIDORES
É importante salientar e reiterar que, às vezes, as negociações ficam no status
“Nada Feito”. Ou seja, você não chega a um acordo Ganha/Ganha com o credor.
Você está com problemas e entrando em contato com o credor para que ele possa
te ajudar a resolver essa situação. Ele, do outro lado, quer receber o dinheiro/crédito
que lhe foi confiado.

É justo que você pague juros por essa negociação, mas é justo que esses juros
e o acordo sejam pagáveis, pois, se fechar a negociação assumindo o compromisso
de pagar a dívida, trate de honrá-la. Você pode não ter uma chance melhor numa
nova negociação caso não cumpra o que foi acordado. Assim, é FUNDAMENTAL
determinar seu potencial de pagamento e seguir um orçamento mensal.

Com esse esforço, pouco a pouco, você sairá do inferno que são as dívidas
(apesar de que existem “dívidas boas”) e se encaminhará para uma situação
confortável, mas ainda frágil: o limbo financeiro, o zero a zero.

O LIMBO FINANCEIRO

L
imbo é um conceito religioso que se refere ao lugar para onde iriam as
almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais, estariam
para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original
não teria sido submetido à remissão através do batismo.

Adaptei esse conceito ao pensamento financeiro. A nossa proposta, em se


tratando de finanças, é evocar a ideia de estar fora do inferno das dívidas, mas
também fora do paraíso dos investimentos: o meio-termo, por assim dizer.

Fazendo uma analogia com o mercado financeiro, se você possui ações de


alguma empresa de bolsa de valores e não tem nenhuma estratégia mais elaborada
para obter melhor lucratividade com elas, poderíamos dizer que o “inferno” seria ter
suas ações se desvalorizando; o “paraíso”, elas subindo e o “limbo”, elas ficarem no
zeroazero: nem sobe nem desce.

Em finanças pessoais, é muito comum encontrarmos uma situação de


aparente estabilidade quando não estamos devendo, apenas vivendo sem rumo,
sem objetivos: passando os dias. É muito provável, inclusive, que algumas pessoas
passem pelo limbo financeiro após se esforçarem muito, talvez por um longo tempo,
para saírem das dívidas.

JOVENS INVESTIDORES 33
É compreensível, pois, às vezes, o que mais se deseja após passar por dentro
da tempestade é descansar um pouco.

Descansar um pouco é aceitável. Acomodar-se com a situação de aparente


segurança, não.

Perigos e oportunidades do limbo financeiro:

Não ter dívidas (seja porque você nunca teve mesmo, seja porque saiu dessa
complicação) faz com que você tenha uma sensação muito boa de liberdade.

Saber que não deve a ninguém, que seus compromissos estão em dia, que
custeia tudo o que pode. Essa sensação é impagável. Porém, apesar de libertador,
ainda não é suficiente.

Se você tem uma vida muito justinha, muito contada, em que não sobra
dinheiro porque você consome tudo – ou porque não sobra dinheiro mesmo ou o
que poderia sobrar é destinado a lazer e (quem sabe) compras desnecessárias –, o
risco de fazer dívidas e se complicar é muito grande.

Pode parecer que não devido à sensação de segurança.

No entanto, se ocorrer algum imprevisto sério, o descontrole financeiro e o


comprometimento de sua vida financeira podem voltar.

Vários são os riscos de estar no limbo financeiro:

· você ou alguém de sua família pode ter um problema sério de saúde e


talvez seja necessário dinheiro para resolvê-lo o quanto antes;

· você pode ser surpreendido com algum imprevisto nos negócios e ter de
arcar com algum prejuízo ou mesmo períodos de fraca demanda;

· você pode ser surpreendido com uma demissão e, apesar do seguro-


desemprego, ficar numa situação delicada e frágil por não ter reservas, dentre várias
outras coisas.

Possibilidades de imprevistos existem aos montes, sejam negativos, sejam


positivos.

Em relação aos positivos, temos a tendência de decidir o que fazer caso e


quando ocorram (não é o adequado, mas fazemos assim); quanto aos negativos,

34 JOVENS INVESTIDORES
temos de ser proativos e procurar nos precaver da melhor maneira possível.

Basicamente, temos de nos atentar para quatro estágios do limbo financeiro


para que, dessa forma, possamos nos encaminhar para o paraíso dos investimentos:

1º estágio – A disciplina financeira fundamental

Se você saiu das dívidas, sabe o quanto é importante ter seu orçamento sob
controle. Sem essa dedicação e atenção mínimas às finanças pessoais, o risco de
tudo desarranjar é muito grande.

Na verdade, esse ou qualquer outro tipo de controle (desde que tenha um


propósito e funcione) deve ser realizado, para que possamos avaliar nossa evolução
ao longo do tempo. Um célebre professor, autor e estatístico William Edwards Deming
reproduz bem essa ideia: “aquilo que não pode ser medido não pode ser
gerenciado”.

Para aqueles que não estiverem em dívidas, fica reforçado o convite para
que adotem o controle de seu orçamento pessoal. As pessoas têm a falsa ideia de
que, ao realizar tal gerenciamento, sua vida fica limitada. Ledo engano. Na
verdade, você cria meios que lhe proporcione mais liberdade e até mesmo mais
felicidade, já que o dinheiro é apenas um dos meios para facilitar esse sentimento.
Muitas vezes, pode-se ter todo o dinheiro do mundo, mas, se não encontrar a
felicidade dentro de você, ele pouco adianta.

Tão importante como fazer os registros (diários ou, no máximo, semanais) é


manter a disciplina para ficar dentro ou até mesmo abaixo do orçamento
estabelecido. Assim você se mantém longe das dívidas e sabe com maior precisão
para onde sua vida financeira está se encaminhando.

2º estágio – Diversificando as fontes de renda

Algumas pessoas podem se deparar com a situação de que, mesmo após


enxugar as despesas desnecessárias (os famosos supérfluos), seguir à risca um
orçamento pessoal, ainda pode não sobrar dinheiro suficiente para guardar. Essa é
uma condição bastante delicada, porém sabemos que geralmente sobra dinheiro,
nem que seja só um pouquinho – mas pode não ser o suficiente.

Especialmente numa situação dessas, é necessário diversificar a renda. Sem


meias palavras: é necessário criar formas para ganhar mais dinheiro. Às vezes, os
problemas não são ocasionados por descontrole financeiro, mas porque a pessoa
ou família não ganha o suficiente para custear suas despesas.

JOVENS INVESTIDORES 35
O ser humano é uma criatura bastante criativa e habilidosa. Somos capazes
de aprender a fazer qualquer coisa. Talvez não com tanta destreza quanto uma
pessoa que realize determinada atividade há anos ou que tenha um grande talento,
mas o suficiente para gerar resultados que estimulem o interesse alheio.

Existem, portanto, muitas formas de ganhar mais dinheiro.

Algumas até sem precisar de muito capital inicial ou mesmo sem capital.
Pense em suas habilidades; pense e identifique em que você é bom. Algumas ideias:

· aulas particulares (pode ser de uma disciplina que você tenha facilidade ou
domínio);

· trabalhos manuais (pintura, bordado, crochê);

· consultorias pontuais (ser pago para emitir sua opinião e apontar uma
solução sobre algum tema que você domine);

· organização de eventos;

· promoção de produtos on-line (comissionamento);

· marketing multinível e várias outras ideias.

O céu não é o limite quando se trata de imaginar e desenvolver uma


oportunidade para que se possa ganhar mais dinheiro. Provavelmente vai exigir
energia, algum tempo de dedicação, outras pessoas envolvidas, o estudo da
viabilidade da ideia, porém o foco é que você ganhe mais. Com isso, outros ganham
junto: basta ser criativo e apresentar uma ideia viável (de verdade, não precisa ser
nada inovador).

3º estágio – As proteções necessárias

Esse estágio é negligenciado pela maioria. Trata-se de comprar seguros.


Algumas pessoas podem encarar a aquisição de seguros como uma despesa
desnecessária.

Contudo, depende do seu estágio de vida e das pessoas envolvidas em tudo


o que você faz.

Se você tem família, filhos pequenos especialmente, é fundamental adquirir


um seguro de vida. Na sua falta, seu companheiro terá de trabalhar para manter ou

36 JOVENS INVESTIDORES
modificar o padrão de vida da família. Nessas ocasiões, além de todo sofrimento, o
que menos queremos pensar é em como resolver os problemas financeiros. Um
seguro de vida, se tiver uma cobertura bem mensurada, pode proporcionar essa
tranquilidade temporária: pelo menos por algum tempo, sua família pode ficar
despreocupada em relação a dinheiro.

Outro seguro importante é o dos veículos automotores. Algumas pessoas não


o adquirem porque ou não têm condição de arcar com a despesa (na verdade,
esse e outros custos deveriam ser mensurados ANTES da aquisição do veículo; é
recomendável, inclusive, ter uma reserva de emergência para o veículo) ou, o que é
pior, não acham necessário.Lembre-se de que temos um trânsito cada vez mais
complexo, mais estressante, o que pode fazer com que as pessoas errem, cometam
acidentes ou mesmo se acidentem, gerando danos a bens ou pessoas. Vale a pena
se precaver de problemas.

O mercado de seguros, ainda mais aqui no Brasil, está sempre em evolução.

Dependendo da seguradora, dos valores e das condições acordadas, pode-


se segurar praticamente tudo. Então, antes de assinar qualquer contrato, vale a
pena determinar EXATAMENTE aquilo de que você e sua família precisam, para não
correr o risco de contratar seguros desnecessários e pagar mais por isso.

De preferência, encontre e converse com corretores independentes, que


trabalham com diferentes seguradoras, pois assim você pode ter acesso a uma
variedade maior de produtos e diminuir o risco de aquele profissional ser tendencioso
e lhe convencer a fazer um negócio que não lhe atenda.

4º estágio – O primeiro passo para o paraíso: a Reserva de Emergência

Uma postura que procuro enfatizar bastante em meu trabalho como


educador financeiro e que deveria ser largamente difundida é: o primeiro
investimento financeiro de sua vida deve ser a formação de sua reserva de
emergência pessoal.

Uma cirurgia que o plano de saúde não cobre, os honorários daquele


advogado, um vazamento em casa ou a perda do emprego. Pouca gente se
prepara para imprevistos que exigem o desembolso de uma grande quantia de
dinheiro.Nem todo seguro cobre certas emergências. É aí que surgem as dívidas
impagáveis. Formar um “colchão" financeiro para eventualidades deve ser uma
atitude prioritária.

Como determinar o tamanho dessa reserva?

JOVENS INVESTIDORES 37
Seu padrão de vida é uma boa referência para saber quanto poupar.

Quanto maiores os gastos mensais familiares (não os rendimentos), maior a


reserva. Em caso de desemprego, o mais confortável seria economizar o valor
equivalente a 10 e 12 meses de despesas.

Por exemplo: se você tem um gasto mensal de R$ 2 mil, deve ter uma reserva
de, pelo menos, R$ 20 mil. Pode parecer muito dinheiro, mas é sua segurança que
está em jogo.

Todavia, o tamanho da reserva pode variar conforme o risco de ficar sem


renda. Para um funcionário público, essa possibilidade é baixa. O valor de 3 meses de
despesas mensais deve ser o suficiente para esse fim. Já um funcionário da iniciativa
privada, com carteira assinada, tem um risco moderado de perder o emprego,
precisando poupar um pouco mais.

Pode-se pensar em uma reserva correspondente a 6 meses de despesas,


pelo menos.

Pequenos empresários e profissionais liberais (como dentistas, advogados,


professores e outros) são os mais sujeitos a imprevistos: o ideal é que a reserva seja de
12 meses de despesas, no mínimo.

Pode levar alguns meses ou até mesmo alguns anos para completar o
investimento; depende da sua capacidade de poupança, bem como da sua
capacidade de gerar renda. Porém, lembre-se de: realizado esse investimento, um
mundo de maiores possibilidades se abre diante de você.

Onde deixar esse dinheiro guardado/aplicado?

Parte do dinheiro poupado pode ficar na caderneta de poupança, mesmo


que sua rentabilidade não seja interessante: o foco da reserva de emergência NÃO É
RENTABILIDADE, é SEGURANÇA. A caderneta de poupança, por exemplo, é uma
aplicação líquida (você consegue sacar o dinheiro a qualquer momento), bastante
segura (tem o risco de quebra do banco, por isso é importante guardar esse dinheiro
em instituições grandes) e não tem custos para o poupador (não existe taxa
cobrada por instituição alguma, nem imposto de renda sobre os rendimentos).

Outra parte (talvez a maior) deve ser destinada a outras aplicações também
líquidas e seguras: certificados de depósitos bancários de grandes bancos ou títulos
de curto prazo do Tesouro Direto, por exemplo.

38 JOVENS INVESTIDORES
Quando você completar o valor estipulado para a reserva, é momento de
parar de aplicar e deixar o dinheiro intocado somente para quando for necessário.

É importante não confundir “necessidade” com “vontade” para o uso dessa


reserva. Uma viagem de férias ou uma festa para os filhos, por exemplo, deve ser
paga com outros recursos, já que esse dinheiro é destinado para acontecimentos
que estão fora dos planos.

Não pense que o dinheiro vai ficar “parado demais” (rendendo pouco), que
você não vai usá-lo ou que emergências não surgirão.

A desculpa de que manter uma reserva, um dinheiro “parado”, não condiz


com a necessidade de conquistar e crescer só faz crer que ainda não estamos
preparados, como população, para sermos um país mais desenvolvido.

A mentalidade pobre valoriza demais o otimismo, o que só faz o tombo ser


maior. Entre ser otimista e estar preparado, prefira os dois.

Afinal, imprevistos acontecem!

O PARAÍSO DOS INVESTIMENTOS

I
nvestir ainda é uma prática considerada como coisa de gente rica
financeiramente. Essa mentalidade vem mudando aos poucos, mas ainda
há muita gente que pensa assim. Investir, em suma, envolve postergar o
consumo hoje almejando consumir com melhores condições em um futuro – investir é
o passo seguinte e quase que imediato ao ato de poupar.

O Brasil, assim como grande parte dos países latino-americanos, tem uma
cultura imediatista. Poupar e investir para consumir depois ainda é um traço cultural
a ser arduamente talhado em nossa história como nação. Talvez enxerguemos
mudanças em algumas décadas se compararmos o panorama atual devido ao
maior acesso à educação financeira e consequente esclarecimento sobre essas
questões a todos os públicos.

É um caminho longo que devemos começar a percorrer ou percorrê-lo com


maior qualidade à medida que aprendemos sobre investimentos.

JOVENS INVESTIDORES 39
O maior sonho de consumo do brasileiro é a casa própria, aquele lugar para
ser chamado de “meu”. E isso deverá permanecer uma verdade cultural por muito
tempo, seja pelo imenso déficit habitacional existente no Brasil, seja pela nossa
herança portuguesa: os ibéricos (portugueses e espanhóis) valorizam muito a
questão de possuir terras, propriedades. Isso está na essência de nossa cultura, o que
não significa que não podemos interferir e escrever nosso próprio caminho.

Diferentes públicos almejam diferentes objetivos. O adulto jovem (pessoas


com faixa etária de até 30 anos aproximadamente) deseja desenvolvimento
profissional. Isso pode significar a realização de cursos (idiomas, graduação, pós-
graduação, técnicos), viagens profissionais (convenções, treinamentos),
intercâmbios - basicamente gasto com educação formal ou não.

Mas o que o adulto maduro deseja? Pessoas com mais de 30 anos buscam
qualidade de vida, equilíbrio e tranquilidade. Isso pode ser traduzido através da
alimentação saudável e adequada, ter acesso à saúde de qualidade, lazer de
qualidade, poder fazer viagens regulares, morar em um bom local, ter a
tranquilidade de poder quitar todos os compromissos de custo de vida, além de
contar com reservas para custear a aposentadoria ou mesmo emergências.

São objetivos distintos, assim como as fases da vida.


O que leva as pessoas a poupar/investir?

Segundo John Maynard Keynes, economista britânico que defendeu uma


política econômica de Estado intervencionista, por meio da qual os governos
usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos
econômicos, os principais motivos são:

1. precaução: reservas para imprevistos;


2. previdência: aposentadoria e renda futura;
3. cálculo: ganhos de capital;
4. melhoria: aumento gradual da renda;
5. independência;
6. empreendimento;
7. orgulho;
8. avareza.

Ao menos nesse rol, os seis primeiros itens são louváveis de serem alcançados.

Por que, mesmo assim, as pessoas não investem?

40 JOVENS INVESTIDORES
Uma pesquisa realizada por uma corretora de valores brasileira identificou
certo padrão: essas informações não refletem a realidade absoluta da população
do Brasil.Cerca de 0,30% da população é investidora em bolsa de valores; cerca de
0,12% da população aplica no Tesouro Direto, ou seja, não somos uma nação
investidora, definitivamente.

O principal investimento realizado pela maioria dos brasileiros é na


Caderneta de Poupança, tanto por cultura quanto pela sua simplicidade. Só que
toda essa simplificação tem um custo: oportunidade. Esse custo pode ser traduzido
como “deixar de ser mais bem remunerado porque se optou por determinado
investimento”.

Imagine que você tenha


aplicado R$ 5.000,00 na caderneta
de poupança, pretende deixar o
dinheiro aplicado por 24 meses e ela
tenha remuneração constante de
0,49% ao mês ou 6% ao ano.

Ao final de 24 meses, quanto


você teria ganhado com essa
aplicação? Veja a seguir:

JOVENS INVESTIDORES 41
No final de 24 meses (2 anos), você teria auferido lucro líquido de R$ 618,00 ou
12,36% de lucro líquido sobre o valor originalmente aplicado.

Entretanto, existem oportunidades melhores com o mesmo risco da


caderneta de poupança e, por desconhecimento, grande parte dos brasileiros
deixa de ser mais bem remunerada.

Confira na tabela a seguir um


exemplo da aplicação dos recursos em
Títulos Públicos do Governo Federal, com o

Observação: taxas da LTN 010116 coletadas em 10/11/2013


mesmo montante, mesmo prazo e com um
adicional: custo de imposto de renda:

Existem regras para essa


aplicação, inclusive sobre sua liquidez e a
incidência de imposto de renda que varia
conforme o período de aplicação; o
mínimo é de 15%, conforme exemplo.
Porém, ainda tendo custos envolvidos (o
imposto de renda sobre o lucro), o
investimento foi muito melhor, muito
superior à caderneta de poupança: lucro
líquido de R$ 1.072,64 (57,61% a mais em
comparação à caderneta de poupança).

Se nos ativermos ao mercado


financeiro, muita gente deixa de ganhar
mais devido à falta de educação
financeira básica. Porém, além do
mercado financeiro, existem outros com oportunidades que podem ser tão ou mais
interessantes quanto.

Só para provocar: se você estivesse nessa segunda situação,o que você faria
com R$ 400,00 a mais?

42 JOVENS INVESTIDORES
OS DIFERENTES MERCADOS

I
nvestir não se trata apenas de aplicar o capital em algum produto do
mercado financeiro. Existem outros mercados os quais merecem atenção
quando o assunto é investir, pois podem proporcionar melhor rentabilidade
caso alguma oportunidade seja identificada e possa ser aproveitada. Por isso, é
importante ficar atento e estudar essas possibilidades.

Mercado Empresarial

O foco deste livro é o empreendedorismo, portanto o Mercado Empresarial.


Abrir o próprio negócio significa assumir o controle total de sua vida financeira. É a
modalidade de investimento mais arriscada, pois o risco do negócio dar ou não
certo é seu. É exatamente por isso que somente deve ser a opção escolhida após
muita reflexão e conhecimento de causa.

Diferentemente do glamour que se imagina, é bem provável que você


trabalhe muito mais que seus funcionários ou se estivesse na posição de empregado.
Poderá gastar finais de semana e feriados trabalhando, além de ter que investir uma
quantia financeira bem considerável, bem como gostar muito do que faz.

Não ache que, ao abrir seu próprio negócio, o dinheiro vem com a maior
facilidade e abundância – talvez sim, mas isso seria a exceção, não a regra. Muitas
pessoas que abrem um negócio pensando apenas em ganhar muito dinheiro
costumam fechar as portas em um curto espaço de tempo.

Lembre-se de que a carreira de empresário exige muito estudo, dedicação e


atualização: será preciso compreender e dominar bem diversos assuntos, como
marketing, logística, finanças, recursos humanos, direito, além de possuir um forte
espírito empreendedor e liderança.

É recomendável que você faça um Plano de Negócios antes de abrir uma


empresa, porque, se ela não der certo no papel, é bem provável que ela não dê
certo na prática – o contrário também é verdadeiro, desde que suas premissas sejam
realistas. O SEBRAE é uma boa fonte de informações sobre como proceder ao entrar
no mercado empresarial. Apesar de os riscos serem elevados, muitas das pessoas
bem-sucedidas financeiramente possuem seu negócio próprio.

JOVENS INVESTIDORES 43
Mercado Imobiliário

O investimento em imóveis está na essência do brasileiro. Muitas pessoas


preferem investir na compra ou construção de imóveis porque têm a sensação de
segurança, pois é um investimento visível, tangível. Investimentos no mercado
imobiliário podem ser feitos na busca de renda mensal (na forma de aluguel) e/ou
ganho de capital (compra/construção e venda de imóveis).

Porém, como qualquer outra modalidade de investimento, existem prós e


contras. Uma desvantagem, por exemplo, é a falta de liquidez: ao precisar do
dinheiro de maneira urgente, talvez o investidor tenha que vender o imóvel a preço
abaixo do desejado (jamais coloque sua reserva de emergência atrelada a um
imóvel). Ter um imóvel também pode gerar muito incômodo com inquilinos ou
manutenção de uma propriedade.

Diversas pessoas construíram considerável patrimônio lidando com imóveis.


Por outro lado, pode ser uma excelente oportunidade de se ter bons ganhos com a
valorização imobiliária e com os aluguéis, desde que você seja um bom conhecedor
desse mercado.

Se você não possui o conhecimento necessário, mas deseja iniciar no


mercado imobiliário, é fundamental conhecer melhor, conhecer pessoas do ramo,
corretores, donos de construtoras. Só assim poderá compreender como funciona a
dinâmica desse mercado e, com o tempo, aprender a identificar boas
oportunidades de negócio. Vale lembrar que uma característica desse mercado
que envolve um risco considerável é o volume significativo de dinheiro que trabalha
em uma operação: se não for bem escolhido, ao invés de ter valorização, o imóvel
pode sofrer desvalorização, mesmo que seja momentânea.

Mercado Financeiro

Ainda que o Brasil tenha muito a se desenvolver, o mercado financeiro é onde


você pode encontrar uma grande variedade de investimentos. As instituições
financeiras (bancos, corretoras) disponibilizam uma série de produtos que vão de
ações (em que é possível se tornar sócio de uma empresa) a fundos imobiliários (em
que se pode comprar uma fração de um imóvel) e tesouro direto (em que se
empresta dinheiro ao Governo Federal).

Devido à grande quantidade de produtos, recomenda-se começar a


estudá-los um a um, dos mais simples e seguros aos mais complexos e arriscados.

44 JOVENS INVESTIDORES
Você pode encontrar muita informação disponível em sites de referência, blogs,
livros; há muita coisa para ser estudada.

Segue uma figura que mostra uma sugestão de roteiro de estudos sobre os
produtos financeiros existentes no mercado.

Caderneta de Poupança

Títulos Públicos

Certificado de Depósito Bancário

Previdência Privada

Letras de Crédito Imobiliário

Fundos (renda fixa,


ações, imobiliários)

Debêntures

Ações

Fundos de Índice
Derivativos agrícolas e financeiros
(café, boi, milho, soja, dólar, índice)

JOVENS INVESTIDORES 45
OS TRÊS PILARES DOS INVESTIMENTOS

E
xistem pelo menos 3 tipos de mercados, mas vou especificar detalhes
sobre o mercado financeiro. Esses são 3 dos principais pilares a serem
observados, porém não são os únicos. Para compreender bem de
investimentos e negócio, é fundamental que os estudos não se restrinjam apenas às
questões financeiras: é importante compreender o funcionamento da economia
(comportamento, influências e variações de taxa Selic, inflação, câmbio, CDI, oferta
e demanda), bem como o básico de matemática financeira, além, é claro, da
compreensão do que se trata retorno, liquidez e riscos e todo seu detalhamento. Sim,
é muita coisa. Porém, para fazer bem feito, é necessário compreender esse universo,
nem que seja pouco a pouco. Para começar, vou abordar os três pilares dos
investimentos, que, sem isso, é impossível que o paraíso exista:

Dinheiro

Em matemática financeira, as equações para calcular o valor final de um


investimento podem ser divididas em duas modalidades:

1. aquelas que consideram apenas um depósito (exemplo: recebe uma


herança e aplica todo dinheiro de uma só vez);

2. aquelas que se referem a depósitos periódicos (situação em que se


investe X reais por mês).

Para que seja possível compreender, com exemplos numéricos, a


importância do valor depositado, serão propostos alguns cenários.

46 JOVENS INVESTIDORES
Imaginemos que você invista R$ 200,00 por mês e que seu primo aplique R$
400,00 mensais. Se ambos aplicarem esses valores a uma mesma taxa de juros e
durante o mesmo período, seu primo terá o dobro do dinheiro que você. Simples
assim: investe o dobro, recebe o dobro (considerando a mesma taxa de juros e
período de tempo).

Todavia, para aumentar a amplitude de análise sobre a influência do valor


depositado, suponha que você seja muito mais talentoso nos investimentos que seu
primo, obtendo o dobro de sua remuneração, ou seja: você consegue uma taxa de
juros de 1% ao mês, enquanto seu primo vê seu dinheiro render apenas 0,5% ao mês
(uma diferença de 0,5% ao mês, acredite, é substancialmente alta). Por outro lado,
considere que você aplica apenas a metade do valor de seu primo – você investe R$
200/mês, enquanto que seu primo, R$ 400/mês.

Em quanto tempo sua fortuna alcançará o patrimônio de seu primo?


Somente após 18 anos e meio, aproximadamente.*

O objetivo dessa análise consiste em mostrar que, mesmo que seu primo
possua remuneração muito menor que você, devido ao fato de ele poupar o dobro
de dinheiro mensalmente, ele adquire uma vantagem que só é eliminada depois de
quase duas décadas. A moral da história é que o esforço de diminuir os gastos com a
finalidade de poupar o máximo possível todo mês apresenta importância de
destaque quando o assunto é acumulação de riqueza.

Essa vantagem também pode ser verificada em pessoas que recebem uma
grande herança. Apesar de existirem vários casos de filhos que “torraram” toda a
fortuna dos pais, matematicamente é mais fácil acumular riqueza ao partir de um
ponto inicial DIFERENTE de zero.

Taxa

A taxa de juros é uma das questões mais comentadas quando o assunto é


investimento (todos estão atrás das “melhores oportunidades”). Porém, conforme
exposto, a riqueza não depende apenas dessa variável. Buscar altas taxas de
remuneração do capital tem sua razão de ser, mas é importante deixar claro que isso
faz parte de um contexto maior, ou seja, não é a única questão a ser levada em
consideração.

Tal limitação pode ser constatada em um simples exemplo de “efeito escala”:


você prefere 4% ao ano sobre R$100 mil ou 20% ao ano sobre R$10 mil?

Porém, compreender as limitações da taxa de juros não significa diminuir sua

JOVENS INVESTIDORES 47
relevância frente às variáveis valor depositado e tempo. Para comprovar o efeito
benéfico dos juros compostos nos investimentos, consideremos o caso de investir R$
500,00 por mês, ao longo de 20 anos, a diferentes taxas de juros.

Na tabela anterior, foram simuladas diversas taxas e estimados os valores


finais acumulados (após 20 anos).

Partindo-se da situação inicial, em que R$ 500,00 mensais renderam 0,5% ao


mês, o ganho no valor final, ao aumentar a taxa de juros para 0,7%, foi de
aproximadamente R$ 78 mil.

Ao analisarmos um aumento de 0,7% para 0,9%, o ganho seria de R$ 112 mil.

De 0,9% para 1,1%, verifica-se um ganho de R$ 160 mil. De 1,1% para 1,3%, a
riqueza aumentaria em R$ 232 mil.*

O que essas simulações mostram é que aumentos consecutivos de 0,2% na


taxa de juros causam um impacto cada vez maior em seu patrimônio final. Esse efeito
se dá pelo “milagre” dos juros compostos, em que a taxa de juros incide sobre o
capital aplicado MAIS os juros acumulados até aquele período.

Portanto, buscar as alternativas mais rentáveis implica um impacto


substancial na construção de riqueza, principalmente, no longo prazo (ou no curto,
para grandes valores).

Isso porque os juros compostos possuem um poder de multiplicação do


dinheiro muito grande.

Tempo

A questão do tempo nos investimentos é bastante simples: quanto maior o


período que um investidor deixar seu dinheiro aplicado a juros compostos, maior será
sua riqueza final.

48 JOVENS INVESTIDORES
Vejamos na tabela a seguir a influência do tempo na acumulação de
riqueza.

Imagine que uma pessoa invista R$ 20 mil e resgate esse dinheiro depois de
alguns anos.

Supondo uma taxa de juros de 1% ao mês, a tabela demonstra como a


riqueza final aumenta exponencialmente conforme aumenta o tempo da
aplicação. Nos primeiros cinco anos, acumulam-se R$ 16 mil.

Passando de cinco para dez anos, a riqueza aumenta em R$ 30 mil.

Chegando ao ponto de que, ao esperar de vinte para vinte e cinco anos, o


valor final terá um ganho de R$ 178 mil.

Em resumo: quanto mais tempo o dinheiro permanecer aplicado, maior a


velocidade de acumulação de riqueza.

JOVENS INVESTIDORES 49
ENTRANDO NA BOLSA
PELA PORTA DOS FUTUROS

M
uita gente tem curiosidade de investir em bolsa de valores. Alguns
mal têm experiência em renda fixa (Tesouro, CDBs, LCIs ou LCAs,
dentre outros), mas ainda assim querem “saber como é”. O primeiro
pensamento que logo começo a articular com alguém que deseja investir na bolsa é
sobre seus objetivos: “quero me tornar um investidor”; “quero ficar rico” – esses são
sonhos muito comuns. Talvez seja pela idealização e influência de filmes
estadunidenses (“Wall Street”, “Wall Street 2: o dinheiro nunca dorme” ou “O Lobo de
Wallstreet”) e ficam fascinados (ou com medo) com o que é retratado: sejam
ganhos milagrosos ou perdas catastróficas. Pode. É muito difícil que ocorra, mas
pode acontecer. Por isso, temos de ficar desconfiados com PROMESSAS de ganhos
elevados e fáceis – como diz um ditado popular estadunidense: “Não existe almoço
grátis”.

Depois de clarear a questão dos objetivos provocando reflexão, há um ponto


que, muitas vezes, impede as pessoas de ingressarem na bolsa de valores para a
compra de ações: capital. Às vezes, a pessoa não tem uma reserva, uma quantia de
dinheiro tão grande e, dependendo do que for fazer, suas possibilidades se tornam
bastante limitadas.

Por exemplo: uma pessoa quer investir diretamente na bolsa.Identificou seu


perfil e considera-se apta a lidar com esse mercado; não tem receio de perder o
capital, caso ocorra algum imprevisto (não que você precise ter o perfil arrojado
para investir em bolsa, mas coloco um estereótipo extremo para ficar mais fácil a
explicação). Ela tem disponíveis R$ 5.200,00 destinados a essa finalidade. Da forma
“tradicional”, um investidor compraria ações de determinada empresa, muito
provavelmente uma empresa conhecida e reconhecida (chamada de “blue chip”),
correto?

Assim (não, não vou colocar Petrobras): ela decide comprar ações do Banco
do Brasil. A cotação de fechamento de 30/01 das ações do Banco do Brasil (BBAS3)
foi R$ 20,66. Sem considerar custos operacionais (que é a taxa de corretagem e
outros impostos vinculados à operação em bolsa), qual seria a quantidade máxima
de ações do Banco do Brasil que essa pessoa poderia comprar? R$ 5.200,00/R$ 20,66
= aproximadamente 250 ações. O ideal, especialmente para quem está iniciando, é
que se diversifiquem os investimentos. Então, apenas um tipo de ação não é
recomendável. O mínimo recomendável seria 5 tipos de ações de boas empresas,

50 JOVENS INVESTIDORES
de preferência de setores diferentes: diversificação serve para minimizar os riscos de
perda,ou seja, esse investidor teria de diluir seu pequeno capital em outras 4
companhias. Essa pode ser uma estratégia, um começo dentro de bolsa. Mas quero
apresentar algo mais sofisticado, talvez considerado mais agressivo e, por isso
mesmo, com alto potencial de retorno.

Basicamente, em bolsa, existem alguns tipos de mercado: mercado à vista


(compra e venda de ações, por exemplo), mercado de opções (um tipo de
derivativo que consiste na compra ou venda do direito de um ativo – não vou
detalhar aqui), mercado de balcão organizado (grosso modo: ambiente eletrônico
onde são realizadas todas as distribuições, compra e venda de diversos títulos FORA
da bolsa de valores) e o mercado futuro. É sobre esse último que quero me ater.

Mas o que é esse “Mercado Futuro”?

Mercado Futuro é um mercado em que se negociam compromissos de


compra e venda que só serão realizados no futuro. O objetivo desse tipo de negócio
NÃO É RECEBER O PRODUTO FINAL, mas ganhar dinheiro com a variação dos preços,
que mudam diariamente.

Nesse mercado, são negociados contratos: neles, uma das partes se


compromete a vender e a outra a comprar determinada mercadoria por um preço
específico a ser cobrado em uma data futura. O produto negociado nesses
contratos é um ativo financeiro, como ações de uma empresa ou commodities. As
mercadorias negociadas nesse mercado precisam seguir padrões comuns aos
mercados do mundo todo, para que o investidor possa negociara distância sem
escolher cada produto ou ativo individualmente.

Atualmente, no Mercado Futuro da bolsa de valores brasileira, podemos


negociar contratos agrícolas (boi, soja, milho, café, etanol) e contratos financeiros
(moedas e índice). Quero focar neste último: contratos futuros de índice, mais
especificamente contratos futuros de mini-índice de Ibovespa. Vou explicar.

No mercado à vista, em que vimos nos noticiários ou no próprio site da bolsa


(www.bmfbovespa.com.br), conseguimos acompanhar o IBOVESPA, o principal
índice da bolsa brasileira. Ele NÃO É negociável; porém, os contratos futuros dele são.
Por exemplo, se hoje o IBOVESPA está cotado a 50.000 pontos, 1 contrato “cheio”
teria o valor de R$ 50.000,00 (porém, o valor a ser negociado é maior, pois são
negociados de 5 em 5; portanto, você estaria operando 5 contratos ao preço de R$
250.000). CONTUDO, existem os minicontratos futuros de Ibovespa (que vamos
chamar aqui de “mini-Ibovespa”).

JOVENS INVESTIDORES 51
Esses mini-Ibovespa são negociados a 1/5 do valor do contrato “cheio”.Nesse
exemplo, em vez de negociar R$ 50.000,00, o pequeno investidor estaria negociando
R$ 10.000,00. Percebam: no contrato cheio, cada variação de pontos do índice
equivale a R$ 1,00; no minicontrato, cada variação de pontos do índice equivale a
R$ 0,20. Esse é o primeiro ponto fundamental a ser entendido sobre esse instrumento
derivativo. Uma coisa bem interessante no mercado futuro é que você pode assumir
a posição de comprado ou a posição de vendido. Como assim?

Quando você está comprado, você compra o ativo com um preço baixo e
espera vendê-lo mais caro, obtendo lucro. Quando você está vendido, você vende
o ativo num preço elevado e espera comprá-lo num patamar mais baixo, obtendo
lucro. Observe cuidadosamente as seguintes situações:

Situação 1: você COMPRADO

Situação 2: você VENDIDO

Observe que, tanto comprado quanto vendido podem ocorrer lucros ou


prejuízos, dependendo do que acontece com a oscilação do mercado. Você pode
lucrar e perder dinheiro usando esse instrumento financeiro. Por experiência, as

52 JOVENS INVESTIDORES
negociações no mercado futuro funcionam muito bem com análise técnica.

Vale a pena estudar e se aprofundar nesse assunto também.

Um terceiro ponto a ser destacado é que,para QUALQUER NEGOCIAÇÃO


COM CONTRATOS FUTUROS, A CORRETORA EXIGIRÁ UMA MARGEM DE GARANTIA.

O que isso significa? Voltemos ao caso do mini-Ibovespa em que estaríamos


negociando R$ 10.000,00. Você não precisa de R$ 10.000,00 para especular com
mini-Ibovespa. Cada corretora tem uma margem diferente, mas, em média, ela fica
em 15% do valor do contrato. Isso significa que você precisaria de apenas R$ 1.500,00
(em dinheiro ou em ativos [ações, títulos do Tesouro Direto, etc.]) para operar 1 mini-
Ibovespa. Esse é o “tchan” do negócio. Apesar de serem operações ARRISCADAS, o
potencial de lucratividade é bem interessante.

Antes de mostrar como se opera, quero fazer algumas ressalvas: como tudo
no mercado financeiro e de capitais, não recomendo que façam essa operação a
menos que já estejam familiarizados, bem assessorados ou que saibam exatamente
o que pode ocorrer. O mercado de derivativos (nele está incluído o Mercado Futuro)
é bem elaborado e sofisticado; então, como sempre digo, estude primeiro, entenda
e, se for de seu interesse, entre. Feitas essas ressalvas, vamos lá! Com essa bolsa de
valores estranha e com boas possibilidades de cair mais, decidi apresentar como se
opera o mini-Ibovespa.

O que vou ensinar aqui não tem nada a ver com outras possibilidades tais
como hedge de carteira de ações (proteção da carteira de ações em bolsa de
valores). O que quero mostrar aqui é como ESPECULAR. A primeira coisa que um
pequeno especulador deve fazer é procurar corretoras que permitam operar mini-
Ibovespa pelo Home Broker (a plataforma de operações). Bem provável que vai
operar pela plataforma WebTrading (WTr), que a maioria das corretoras já deve
oferecer aos seus clientes. Os contratos de mini-Ibovespa são negociados com
vencimentos (veremos isso mais adiante) nos meses pares e, como já destaquei,
cada contrato possui o tamanho de R$ 0,20 do índice normal. Uma das coisas mais
interessantes em operar índice futuro é a facilidade em abrir contrato com venda
para ganhar na baixa.

Praticamente não existe diferença se você opera comprado ou vendido no


mini-Ibovespa. O controle de risco e pedido de margens são bens próximos (aqueles
R$ 1.500,00 aproximadamente). Outro ponto importante é que no Mercado Futuro
existem os chamados “ajustes diários”, nos quais, ao final do dia, sua posição é
fechada e a diferença entre o fechamento de hoje e o fechamento do dia anterior é
creditado ou debitado na sua conta, de acordo com sua posição e fechamento do
índice.
JOVENS INVESTIDORES 53
Por isso, é importante que carregue uma baixa posição (não se exponha
demais) e tenha sempre alguns recursos em dinheiro para esses ajustes diários. Se
você está comprado e no primeiro dia de negociação seu contrato fechou com
cotação abaixo do valor da compra, você vai ter um ajuste negativo, sendo
debitado o valor referente à quantidade de pontos de ajuste. Por exemplo, você
comprou UM mini-Ibovespa a 50.000 pontos.

Depois do fechamento, a cotação do índice ficou em 49.800 pontos. Você


vai pagar essa diferença de 200 pontos: 200 pontos x 1 contrato x R$ 0,20 = R$ 40,00 A
margem de R$ 1.500,00 passa a ser de R$ 1.460,00. O contrário também é verdadeiro:
digamos que no dia seguinte o Ibovespa tivesse uma forte alta e fechasse em 51.000
pontos.

O ajuste seria de 1.200 pontos (de 49.800 até 51.000), concorda? Então: 1.200
pontos x 1 contrato x R$ 0,20 = R$ 240,00 A margem passa de R$ 1.460,00 para R$
1.700,00 É importante observar que existe a margem inicial, que, como disse, fica
próxima de 15% do valor dos contratos assumidos; podem existir margens adicionais
de acordo com o critério das corretoras ou ajustes pelo novo comportamento do
mercado, como volatilidade. Se sua margem inicial (R$ 1.500,00 nesse exemplo)
estiver “acabando”, a corretora pode pedir mais dinheiro para manter a posição
perdedora ou ela pode, compulsoriamente, encerrar a negociação. Afinal, você é o
cliente, mas o risco é da corretora – e ela não vai assumir riscos por você. Até agora,
então, falamos:

O que é o mercado futuro; diferenciamos e conceituamos contratos futuros


de Ibovespa e mini-Ibovespa.

Mostramos o que é estar COMPRADO e o que é estar VENDIDO. Falamos


sobre margem inicial e margem adicional. O último conceito antes de passar para
um exemplo prático é sobre o código desse tipo de contrato que determina os
vencimentos: quando o contrato vai deixar de existir. O código dos contratos futuros
negociados no Mercado BM&F é composto por 6 caracteres. Essa estrutura indica
qual o ativo-objeto, o mês de vencimento e o ano de vencimento. Os três primeiros
caracteres do código dos futuros BM&F referem-se ao ativo objeto do contrato
futuro. O quarto caractere identifica qual é o mês de vencimento desse contrato,
enquanto que o quinto e o sexto caracteres indicam qual o ano de vencimento.

AAAMNN
AAA – Ativo-objeto
M – Mês de vencimento
NN – Ano de vencimento

54 JOVENS INVESTIDORES
a) Ativo-objeto: valor mobiliário de referência do contrato futuro.

O código do mercado futuro BM&F utiliza uma combinação de 3 caracteres


para indicar o ativo de referência do contrato.

O Contrato Futuro Mini de Índice Ibovespa tem o código de identificação


WIN

b) Mês de vencimento: mês de expiração da


validade do contrato futuro, representado pelo quarto
caractere do código de futuros BM&F, seguindo o padrão
internacional. É importante ressaltar que o vencimento do
mini-Ibovespa ocorre sempre na quarta-feira mais próxima
do dia 15 do mês de vencimento. Se esse dia for feriado ou
não houver pregão na BM&FBOVESPA, a data de
vencimento será o dia útil subsequente.

c) Ano de vencimento: ano de expiração da


validade do contrato futuro, representado por uma
combinação numérica na quinta e na sexta posição da
estrutura do código de opções BM&F.

Exemplo: um contrato futuro de mini-Ibovespa com


vencimento para setembro de 2015 apresentará o seguinte código: WINU15.

NA PRÁTICA

O índice BOVESPA está cotado nesse momento em que escrevo a 49.200 e o


mini-Ibovespa com vencimento em fevereiro – WING15 – está cotado a 49.540. Se
você acredita que o mercado vai recuar, você pode especular com mini-índice e
abrir uma posição de venda.

Cada contrato nesse exemplo vale 9.908 pontos (49.540 x 0,20). Portanto,
fique atento ao tamanho de um contrato com o valor do seu capital para não
alavancar demais.

Digamos que eu resolvesse vender três contratos de mini-Ibovespa para


vencimento em fevereiro (WING15): 3 contratos = 29.724 (9.908 x 3). Vamos considerar
que a margem inicial para abrir essa posição seja de 15% (tem que ver com a
corretora na hora da operação, ok?).

Então, para abrir essa posição de venda, a corretora vai “bloquear” cerca de

JOVENS INVESTIDORES 55
R$ 4.458,60 para garantia. Ou seja, apenas com R$ 4.458,60, já estaria carregando
uma posição de R$ 29.724 (lembra as ações do Banco do Brasil?).

Não eram R$ 5.200,00? Pois é… Continue acompanhando o raciocínio.

Se o índice cair 10% durante o período em que estiver realizando a operação,


passará a ser cotado em 44.586. Então, cada contrato do mini passou a valer 8.917.

Como temos 3 contratos, o valor final será 26.751. Vendemos por 29.724 e
recompramos por 26.751.Isso significa um lucro de R$ 2.972 na operação. Veja onde
está a alavancagem: apesar de 10% de queda do mini-índice, esse lucro de R$ 2.972
equivale a uma rentabilidade de 66,66% sobre o valor da margem inicial, que era de
R$ 4.458,60. Embora a operação fosse de 3 contratos que equivaleriam a 29.724, na
verdade, só bastou disponibilizar uma margem de R$ 4.458,60. Para obter lucro com
a compra do mini-índice, vale o mesmo raciocínio, só que inverso.

É IMPORTANTÍSSIMO RESSALTAR: da mesma forma que, nessa simulação,


obteve-se lucro, também se poderia ter tomado um belo prejuízo.Se minha análise
estivesse incorreta e o índice subisse 10% ao invés de cair 10% e eu finalizasse a
operação (poderia finalizar antes, para evitar maiores perdas, claro), teria prejuízo
de R$ 2.972 ou 66% sobre a margem.

Entendem porque gosto sempre de ressaltar o aspecto fundamental do


estudo e das simulações ANTES de entrar em qualquer tipo de investimento?

Realmente esse é um instrumento muito bacana para fazer capital em um


prazo relativamente curto, mas tem que começar pequeno, experimentar,
compreender como funciona NA PRÁTICA o uso desse tipo de derivativo e SEMPRE,
SEMPRE ACOMPANHAR: o olho do dono é que engorda o boi!

Você já conhecia essa modalidade de investimento? Será que está disposto


a estudar muito mais do que expus? Espero que sim, pois essa é só a pontinha daquilo
que você pode ver dos Futuros.

56 JOVENS INVESTIDORES
MENSAGEM FINAL

C
olocar as finanças em ordem, trabalhar duro em seu negócio e
enriquecer não diz respeito somente a ficar rico. É muito mais do que
isso: trata-se da pessoa que você se torna, do ponto de vista do
caráter e mentalmente, para alcançar esse objetivo – a maneira mais rápida de ficar
e permanecer rico é trabalhar no seu próprio desenvolvimento.

Temos uma natureza holística: não podemos afetar uma parte da vida sem
afetarmos outra. Então, quando suas finanças estiverem bem, provavelmente suas
relações familiares, sociais, afetivas, profissionais, etc. tenderão a ficar bem; afinal,
você estará bem e exalará esse sentimento a todas as pessoas.

O processo pode ser longo. Exige-se disciplina, muita força de vontade e


persistência. Não custa lembrar que existem adversidades no meio do caminho: elas
fazem parte da vida e você tem a capacidade de vencê-las abrindo, assim, mais
espaço para seu sucesso – independentemente da situação.

Mudar hábitos, comportamentos e pensamentos exige energia, dedicação,


prática e vigilância. Saiba que você pode (e deve) assumir o poder sobre a única
coisa que tem total e completo controle: sua mente.

É importante salientar também que as mudanças devem ser feitas aos


poucos, especialmente quando se trata de comportamento. É um processo que
pode vir rápido ou devagar, depende muito da sua capacidade e flexibilidade
individual. Mas lembre: calma. Você chegará onde deseja se continuar a caminhar e
persistir.

Como última mensagem: jamais deixe de estudar, ler, aprender sobre


finanças pessoais, investimentos, negócios, mentalidade, sucesso, entre outros. Esse
é um campo relativamente recente no qual está se fazendo novas descobertas,
cada uma mais abrangente que a outra. Jamais deixe de continuar seu
aprendizado!

Bons estudos, bom trabalho, boas mudanças, persista, evolua e faça a


diferença: na sua vida e na das pessoas que ama!

Phillip Souza

JOVENS INVESTIDORES 57
PARTE II

autor
J.F Rozza

EMPREENDER
VIVER
PARA
PROFISSÃO INVENTO-EMPREENDEDOR

P
rezados leitores, há um fator que preciso falar a vocês, para que não
criem esperanças de que existe dinheiro fácil por aí. Esse fator pode
destruir os sonhadores fracos que pensam que será tudo uma aventura
e as coisas virão facilmente.Tenho certeza de que os fortes renascerão como
empreendedores REALISTAS.

A grande verdade é que não existem atalhos, nem facilidades nesta


profissão: você sempre enfrentará desafios, mas desafios bons, que farão você
crescer e desenvolver suas habilidades como empresário.

Porém, o aspecto que quero evidenciar é o FATOR SALÁRIO MENSAL. É sabido


que, hoje em dia, se você trabalha para alguém com um emprego fixo, quem ficará
rico será seu chefe: você terá pouco tempo para empreender, é provável que não
tenha sucesso ao tentar duas carreiras. Eu tentei ser somente dono de negócios, e
logo o negócio faliu porque eu não levei a sério aquele ditado: “o boi engorda com
os olhos do dono”.

Emprego fixo significa salário fixo, tempo fixo. São tantos fixos que fixam você
no mesmo lugar, com raízes profundas e você não consegue sair de onde está.

Não confunda emprego fixo com carreira. São coisas completamente


diferentes: é possível enriquecer com uma carreira de sucesso. Não são apenas os
empresários que enriquecem em uma empresa. O que quero dizer é que o “pau-
mandado” da empresa (aquele cara que só recebe ordens e as executa) nunca
enriquece trabalhando como mero empregado. Se você está numa posição dessas,
mas sente que pode e quer mais, então é hora de alçar voo.

Formar-se, trabalhar em uma grande empresa, com o propósito de subir de


cargo, aí sim, isso é evolução, é certo você fazer. Não estou falando para você
abandonar a faculdade e virar empreendedor.

Falo da realidade da maioria, dos que estão empoeirados há anos em um


emprego, fazendo a mesma coisa e ganhando a mesma coisa. Você não precisa
estar nessa condição, mas pode prever se é isso que vai acontecer com você. Se
você não tem como fazer uma faculdade, você não tem um salário decente no final
do mês, você não tem nada de patrimônio: PERFEITO!

JOVENS INVESTIDORES 61
Porque isso significa que você também não tem absolutamente NADA a
perder para tentar empreender!

Se você quer ficar milionário, no Brasil, mas trabalha 8horas por dia em um
emprego, para ter garantidos R$ 800,00 ao mês, você NUNCA ficará rico. Não existe
mágica alguma que faça você ficar rico, somente se tiver uma ideia fantástica.

Mesmo assim, não terá muito tempo para ir atrás dela e precisará de outra
pessoa para ajudá-lo, e o que você poderia ganhar já será fracionado.

Se você quer empreender, quer ter o seu milhão, você deve levar a sério a
profissão: empresário não tem horário; empresário trabalha quando precisa e o
quanto precisa; empresário abre e fecha a empresa.

Uma grande diferença entre a minha mentalidade e a da maioria de vocês é


sobre o que decidimos fazer quando precisamos de dinheiro.

A maioria pensa:

Preciso de dinheiro, o que faço?

- Preciso trocar de emprego, preciso conseguir um crédito, preciso pedir um


vale ou um aumento, ou até mesmo preciso vender algo que conquistei ou preciso
conseguir dinheiro emprestado com alguém.

Não é isso?

Nenhuma dessas opções serve para mim, elas são temporárias e não
resolvem nada. Se pedir um vale, é certeza que, no início do próximo mês, já faltará o
dinheiro. Se precisar pedir emprestado, é porque você se atrapalhou nas finanças e
é bem provável que não consiga devolver no prazo estipulado. Se for vender algo
que conquistou com suor, para vender logo, terá que vender com desconto e lá se
vai seu suado dinheiro.

Sobre crédito em banco, nem vou falar muita coisa, porque a maioria dos
brasileiros deve a alma para os bancos (no próximo capítulo, vou passar uma ideia
sobre como trabalhar com créditos bancários).

Neste ponto você deve pensar:

- O que esse louco do J.F faz quando precisa levantar dinheiro para alguma
coisa? Magia negra?

62 JOVENS INVESTIDORES
Não, deixo as pobres galinhas pretas em paz e não vou perder meu tempo
indo a encruzilhadas.

Eu faço o que todo invento-empreendedor faz. Eu INVENTO.

Invento algum novo negócio, algo que possa me dar dinheiro de acordo
com a velocidade de que eu preciso. Todas as grandes sacadas da minha carreira
vieram no momento em que eu precisava de dinheiro. Que imbecil: é preciso que o
sapato aperte para correr atrás de novos negócios. Mas pessoas como eu só
aprendem tomando na cabeça.

Invento-empreendedor é quem tem uma ideia, uma invenção nova para


ganhar dinheiro: aí você começa a pensar no dono do Facebook, do Google,
Microsoft. Não é nada disso. Devemos ser realistas dentro das nossas possibilidades.

Se fosse fácil ter uma ideia bilionária, eu nem estaria aqui escrevendo: já
estaria no topo do mundo fechando negócios bilionários com os grandes
empresários mundiais.

Porém minha realidade é me contentar em fazer milhões, e não tão rápido


como vocês devem imaginar. A maioria tem uma ideia errada sobre os milionários,
pelo menos os que querem continuar nessa condição.

Pensam que um milionário pode ir a uma festa e gastar centenas de reais,


pode andar de Ferrari. Se um empresário, ao atingir seu primeiro milhão, já pensar em
adquirir essas coisas, ele não ficará milionário por muito tempo.

O cara que tem um milhão e está investindo para ter o segundo milhão é o
cara mais SEM dinheiro que você pode conhecer.

É o cara que não vai aceitar ir a festas, não vai querer andar com carro de
cem mil, ele não vai querer passar trinta dias de férias do outro lado do mundo
esbanjando dinheiro. Ele levará uma vida modesta, porque, se ele tem um milhão,
ele tem compromisso com esse um milhão, a meta não é chegar ao milhão e sair
torrando, é começar a pensar nos próximos milhões. O mais difícil ele fez.Agora ele
tem a vantagem de poder colocar o dinheiro trabalhar para ele. Render, multiplicar.
Trivialidades como carrão, casarão ou qualquer coisa que seja nem passam na
cabeça dele.

Essa não é a hora de gastar. A hora agora é de empreender, de aproveitar.


Esse momento acontecerá e virá muito mais rápido para o empresário que contém o
impulso e não vê o milhão como PRAZER IMEDIATO, mas sim sabe fracionar e adquirir
o que quer com o tempo. Você pode viver com qualidade de vida, acima da média,
JOVENS INVESTIDORES 63
e manter o que conquistou, basta controlar a impulsividade de ter as coisas quando
quer.

Neste momento do livro, você está empolgado, pensa que agora já sabe
como deve fazer para MANTER O MILHÃO. E como ganhar um?

Você não tem ideia alguma do que inventar. Hoje em dia, algumas ideias já
foram inventadas e você pode se beneficiar com isso. Pode ser que você já tenha
um negócio.Então você deve extrair o máximo dele, descobrir até onde fica o limite
e, ao alcançá-lo, deverá analisar se está bom assim, ou se esse negócio não é o
bastante para suprir a sua ambição como empresário.

Se você sabe o limite, está na hora de inventar algo novo. Se já tem uma
clientela formada, vamos inovar e pensar em algo que possa ser comercializado.

Você deve seguir uma regra para ter sucesso no seu negócio.

APRENDA A RESPEITAR O DINHEIRO. Sou um pouco supersticioso, mas é


inegável que existe algum tipo de energia maior que nos cerca e que, às vezes,
facilita; em outras, dificulta muito a nossa vida.

A partir de hoje você nunca mais usará termos como: Eu GANHO tantos reais
por mês. Simplesmente porque você NÃO GANHA NADA, você não ganhou esse
dinheiro, ninguém o deu a você sem cobrar um preço.

Então você FEZ esse dinheiro.

Eu FAÇO tantos reais por mês. Eu respeito o dinheiro porque sei o quanto custa
fazê-lo.

Não desperdice dinheiro, mas não vire um pão-duro completo. A maioria dos
pães-duros morreu com fortunas em bancos e não viveu tão bem. Qualidade de
vida moderada é essencial para que um empreendedor esteja sempre 100% para
trabalhar.

Vamos ao que interessa. IDEIAS.

Infelizmente, não me atrevo a passar muitas ideias a você, não posso ter essa
responsabilidade em meus ombros, porque sei que, se eu falar para você vender
bala na praia porque dá dinheiro, alguns o farão.

Não espere que alguém apareça com uma fórmula mágica para você

64 JOVENS INVESTIDORES
ganhar dinheiro fácil. Você tem que ter uma ideia, tem que inventar um negócio
rentável. Se ficar somente esperando algo cair do céu, você não merece ser um
vencedor.

Posso dar um exemplo de como eu fiz meu primeiro capital. Se a sua cidade
comportar tal ideia, você pode tentar fazer dinheiro com isso.

Já fica claro também que você deve ser responsável e assumir os riscos e a
responsabilidade caso as coisas não deem certo. Se eu fiz, você pode fazer; se você
não conseguiu, assuma.A responsabilidade foi sua e não do livro que você leu.

Homens de verdade assumem os erros e aprendem com eles, fracassados


procuram culpados por suas desgraças e vivem a vida chorando as consequências
dos próprios atos. Assuma os riscos, aprenda com a derrota e também se delicie com
a vitória.

A ideia é simples. Eu tinha 16 anos quando comecei esse negócio. Lembro


como se fosse ontem: fui vender uma placa para um cliente e, chegando lá, vi uma
revista de imóveis que ele trouxe dos Estados Unidos. Logo pensei que, aqui na minha
cidade, ninguém tinha inventado isso ainda. E o mercado imobiliário estava em alta.

A vantagem que eu tinha, e que você pode não ter, é que eu já sabia
trabalhar com CorelDraw e fazer artes gráficas, mas hoje em dia existem diversos
profissionais capacitados que podem desenvolver esse trabalho para você, que fica
encarregado apenas de vender a ideia aos clientes.

Isso não significa que você deva sair prometendo para alguém que faça as
artes da revista, você não precisa dar metade da sua ideia para os outros. Você
pode fazer um contato, pode estipular quanto seria cobrado por página. Muito
cuidado quando falar sobre o assunto, pois, quanto mais pessoas souberem, mais
gente estará tentando copiar a sua ideia.

Para quem estiver realmente focado em desenvolver isso, posso dar uma
força, você pode me contatar e eu passo para um dos meus funcionários fazer as
artes.

Minha ideia foi uma revista de imóveis: fazia 30mil reais por revista de lucro
para mim na época. Porém, a realidade atual não é a mesma: o papel ficou mais
caro, tudo ficou mais caro e aumentar o preço não seria a resposta para fazer a
revista. Faz 10 anos que ela está em circulação e o preço da página só diminuiu.

JOVENS INVESTIDORES 65
A IDEIA

A minha revista chama-se CATÁLOGO DE IMÓVEIS. Você pode usar Guia de


Imóveis (ou algo similar) para não ficar igual. A grande questão da revista, para
ganhar dinheiro, é a venda de publicidade.

A revista é estruturada em 32 páginas. Você venderá as páginas para os


clientes por determinado valor, por X reais.

A capa, contracapa e página central são vendidas a preços diferenciados,


por serem localizações nobres na revista.

A ideia não se limita somente a imóveis, mas tudo que afeta o setor: empresas
de material de construção, acabamento, móveis, iluminação. O mercado é grande
e você precisa que 32 dessas empresas fechem com você para que saia uma revista
decente.

Já fiz outra revista chamada PERFIL, na qual coloquei os acontecimentos


sociais e vendi publicidade para qualquer empresa. O que você usa de artifício para
venda é o foco de distribuição que sua revista terá. Se você fizer uma revista de
carros, por exemplo, deve distribuí-la para quem tem o poder aquisitivo para tal. Se
fizer de imóveis, não adianta distribuir em sinaleiras: tem que ser direcionado. Mais
dicas de distribuição adiante.

A VENDA

Quando comecei com essa ideia, tinha apenas um sapato e uma pastinha
onde eu levava a capa da revista impressa. Tinha montado um “espelho” da revista,
imprimi uma revista em impressora normal mesmo;para a capa e as páginas internas,
eu deixei folhas em branco, com 32 páginas.

À medida que fosse vendendo, já anotava na página “vendida para cliente


tal”. Confesso que quando fui visitar o primeiro cliente, já anotei vendido em umas 5
páginas mesmo sem ter visitado um único cliente. Isso é mentira ou estratégia?

Fiz isso, porque NINGUÉM quer ser o primeiro a tentar algo novo. Isso vem do
ser humano: nós seguimos exemplos. É muito mais fácil seguir um caminho que
alguém já foi e disse que é seguro; são poucos os dispostos a andar no escuro e
inovar.

Assim que fechei com esse cliente, coloquei vendido na página que ele
escolheu, grampeei um cartão de visitas dele na página. Assim, para o próximo

66 JOVENS INVESTIDORES
cliente que visitei, usei da competição que existe entre as empresas para alavancar
a venda das páginas.

Você faz o outro cliente potencial pensar com a vaidade e o orgulho:

- Ah! Fulano, meu concorrente pegou tal página, eu não posso ficar de fora:
se o concorrente comprou uma página, eu compro duas.

Então tudo fluiu mais rápido. O primeiro é sempre mais difícil.

Visitei em torno de 250 empresas de diversos setores para fechar uma revista
de 32 páginas. Não vá pensando que é trabalho fácil.

O que você usa como arma para vender a ideia é o foco de distribuição
direcionada: um jornal não faz isso; um jornal atinge quase sempre os mesmos
anunciantes.

Quem entrega o jornal não fica a tarde toda no consultório de um médico


apenas para entregar um exemplar nas mãos dele. Fiz isso.

Se você vendeu algo para um público com poder aquisitivo tal, você deve
buscar o cliente que possa comprar o produto; caso contrário, fará apenas uma
revista. Não basta vender, tem que trazer o retorno para os clientes – você precisa
oferecer mais valor por aquilo que é pago.

A qualidade de impressão da revista deve ser a melhor possível. Procure o


melhor preço, mas não opte pelo mais barato; tem que pensar na satisfação do seu
cliente ao pegar a revista para ver. Ele acreditou em você, e você deve
corresponder à altura.

A estrutura de venda pode funcionar assim:

Quantos exemplares você precisa fazer?

Quatro mil exemplares a cada duzentos mil habitantes.

Parece pouco, mas, bem direcionado, você atinge quem interessa.

Uma revista com 32 páginas, quatro mil exemplares, aqui na minha cidade,
custa R$ 6.000,00 para ser produzida.

Para determinar a que preço devemos vender as páginas, a conta deve ser:

JOVENS INVESTIDORES 67
CUSTO TOTAL/NUMERO DE PÁGINAS

Nesse caso, temos: R$ 6.000,00/32 = R$ 187,50 é o seu custo unitário por


página.

Então SE você vender cada página por custo x 2 = R$ 375,00.

Você lucraria por revista 6 mil reais. Mas a capa e a contracapa devem ser
mais caras por serem nobres. A capa não pode custar menos de R$ 900,00; a
contracapa, R$ 800,00. Já é um dinheiro a mais que você receberá.

No entanto, R$ 375 é muito barato para a ideia que está vendendo. No auge,
cheguei a cobrar R$ 1.490,00 por página interna e R$ 3.000,00 a capa. Hoje em dia, a
revista ainda existe, faz muitos anos que eu a vendi para um terceiro e ele trabalha
com os valores de R$ 890,00 por página, R$ 2.000,00 a capa e R$ 1.500,00 a
contracapa.

Você pode começar a vender por R$ 490,00 as internas, para testar o


mercado; se a venda estiver fácil, você aumenta o preço; se não estiver, você
diminuiu. Pode oferecer desconto para quem já fornecer a arte pronta da revista.

Se vender a revista por R$ 490,00 as internas (30 páginas), isso gera uma
receita de R$ 14.700,00 mais R$ 900,00 a capa e R$ 800,00 a contracapa. O projeto
todo gerou uma receita de R$ 16.400,00. Custou R$ 6.000,0 a impressão; então se tem
um lucro líquido de R$ 10.000,00.

A periodicidade que fará a revista dependerá do mercado. Se você tem


clientes suficientes, pode produzi-la a cada dois ou três meses. De qualquer forma, e
pelo valor mínimo, se você fizer uma revista a cada 3 meses, você tem mais de R$
2.000,00 por mês de renda.

Você não pode fazê-la mensalmente, porque revista não é como jornal.
Revista não se joga fora no dia seguinte, não se usa para acender o fogo para o
churrasco, nem para colocar para o cachorro.

Uma revista fica circulando em média 6 meses.Se você for a um consultório


médico ou odontológico, há revista de anos atrás. Por sua qualidade, ela não é
descartada. Isso também é um artifício a ser usado na hora da venda. Além do mais,
você tem que dar espaço para o seu cliente respirar e absorver o investimento que
fez.

68 JOVENS INVESTIDORES
Você terá que parcelar o valor das páginas, fazer no máximo em três vezes,
porque, se fizer em quatro vezes, quando sair a próxima revista, o cliente ainda vai
estar te devendo e não vai anunciar. Portanto, nos valores que estamos trabalhando:
R$ 490,00/3 = R$ 163,00 por parcela/mês.

Que imobiliária ou construtora não teria condições de pagar isso por mês
para anunciar em uma revista de qualidade?

Outro fator para você receber parcelado é driblar a desconfiança que seu
cliente tem em novas ideias.

Se você chegar lá para vender e esperar sair com R$ 490,00 no bolso,


esqueça: ninguém vai dar dinheiro a você sem ver o produto antes. O primeiro
pagamento deve ser na entrega da revista.

Vendeu a ideia, produziu a revista, deixa dez exemplares por cliente, recebe
a entrada e o saldo em 30 e 60 dias.

Não há motivo para seu cliente não fechar por desconfiança. Para aumentar
a credibilidade, apresente a nota fiscal da revista para comprovar que você fez as 4
mil unidades prometidas. Cada cliente não significa uma venda única, mas sim um
parceiro comercial que você quer ter por um longo tempo, na primeira, segunda em
todas as próximas revistas.

A ideia é fazer quatro revistas por ano. Com um lucro de R$ 10.000 por revista,
você está fazendo R$ 40.000,00 por ano, em comparação aos R$ 10.400,00 que
receberia com salário-mínimo (R$ 800,00 mensais + 13º salário).Já está ficando bom,
não está?

Você vai trabalhar no máximo um mês por edição: trabalhou um mês


vendendo a revista, até começar a vender a próxima edição, você tem tempo para
trabalhar novas ideias. Até mesmo fechar contratos anuais, visitar um cliente e sair de
lá com um contrato para as quatro edições do ano. Isso já o coloca muito à frente no
seu negócio.

É uma ideia simples e objetiva. Você não precisa ter nenhum talento
excepcional para colocar em prática. Basta estar bem vestido, saber apresentar a
ideia e convencer o cliente.

O INVESTIMENTO

Geralmente este é um problema que você enfrentará no começo,

JOVENS INVESTIDORES 69
especialmente por não ter capital e não ter credibilidade no mercado, por ser
desconhecido. Dificilmente uma gráfica vai fazer uma revista para você somente
com promessas de pagamento.

O que você pode fazer é negociar com a gráfica, explicar como funciona a
revista, que você recebe a entrada quando mostrar a revista aos clientes. Eles
imprimem a revista para você, você apanha uns 100 exemplares, mostra aos clientes
e recebe a entrada, recolhe todo o dinheiro, volta e paga a gráfica.

Em seguida, faz a distribuição dos demais exemplares. O segredo é não ficar


devendo: pague à vista para evitar postergar obrigações financeiras. Estou falando
para pagar à vista, porque eu sei o que é nunca ter dinheiro e do nada pegar uma
boa quantia na mão.

Pague os custos de uma vez, pense que em 30 dias vem a segunda parcela e
depois a terceira, e esse dinheiro é seu para fazer o que quiser. Faça tudo certo, pois
você depende da gráfica e do cliente: você não pode se queimar com nenhum
deles.

DISTRIBUIÇÃO

A primeira revista eu mesmo distribuí, mas logo contratei alguém para fazê-lo.
Porém, deve-se ter um IMENSO cuidado ao fazer isso.Quem garante que essa pessoa
contratada vai mesmo entregar?

Eu seguia o meu distribuidor para ter certeza de que ele estava entregando a
revista. O cliente precisa vê-la em circulação. Se ele vai ao médico, a revista tem que
estar lá; se ele vai a um café, lá tem que ter a revista. A revista se venderá por si só se
houver uma boa distribuição. Procure entregar em prédios, de porta em porta.

Simplesmente não pode haver vacilo nessa hora.

Lembre-se de pegar dicas com os próprios clientes de onde deveria entregar


a revista. A distribuição deve ser direcionada, seu cliente precisa obter resultados,
assim você também terá resultados.

Essa é uma ideia bem simples. Foram muitas ideias ao longo da minha
carreira, mas essa foi a primeira e, por ser mais simples de executar, é a que passarei
adiante.

Eu fiz de imóveis, mas pode-se fazer sobre festas, acontecimentos sociais,


arquitetura, direito, sobre muitas coisas. Escolha uma e corra atrás. Não tente fazer
tudo ao mesmo tempo, use o poder do foco!
70 JOVENS INVESTIDORES
Quanto mais ideias, mais chances! Mas tudo tem que estar dentro da sua
possibilidade de realização. Se você estava esperando uma oportunidade, uma
ideia, alguém que acreditasse em você, você conseguiu.

Acreditei e passei adiante como eu fiz meu primeiro capital. Se quiser saber
como multipliquei isso centenas de vezes na bolsa de valores e quer fazer o mesmo,
primeiro tenha o capital para trabalhar, para investir, só depois pense em fazer o
dinheiro trabalhar para você.

Primeiramente você trabalha por ele, depois o dinheiro retribui o favor e


trabalha por você: desde que você o respeite.

PLANO PARA FAZER UM MILHÃO EM 18 MESES

E
u não quero desmerecer ou diminuir as pessoas que escrevem artigos,
sobre como acumular um milhão em dez, vinte, trinta anos. Mas a
grande realidade é que, com a inflação desenfreada, se você investir
cem mil hoje e demorar trinta anos para chegar ao um milhão, é bem provável que,
quando atingir essa marca, você não vai conseguir comprar a mesma coisa que
poderia comprar hoje com cem mil.

Sinceramente: trinta anos para juntar um milhão?

Acho que isso serve para as pessoas que querem juntar de pouco em pouco,
mas muito pouco: aquele tanto por mês (cem “pila” todo mês) e, ao final de 30 anos,
chegou ao milhão.

Essa pode ser uma maneira, dentre tantas outras (talvez), mais segura,
confortável, de alcançar um milhão de reais sem ter que suar a camisa.

A minha proposta é diferente: é começar do zero, juntar um capital inicial e


depois multiplicá-lo - e ainda não estou falando sobre bolsa de valores.

É claro que o retorno é proporcional ao risco, mas o risco em si é de você não


ter dinheiro suficiente para terminar o projeto. Novamente não vou passar nenhuma
fórmula mágica: vou passar um exemplo.

JOVENS INVESTIDORES 71
Quando estava me erguendo, já estava confortável, pagando algumas
dívidas, já tinha um carro bom, estava esquecendo a falência e voltando a ter uma
vida modesta. O empreendedor dentro de mim pode se ferir, mas nunca morre: com
a energia renovada, tinha muitas ideias e queria perseguir todas, tentar sempre,
falhar e tentar novamente. Principalmente, queria voltar a construir, a investir na
construção civil.

Ao mesmo tempo, tinha receio de tirar o dinheiro de um lugar, de onde


estava dando certo, rendendo, para especular no mercado imobiliário.

Precisava de dinheiro; sabia que precisaria inventar alguma coisa para


ganhar dinheiro o suficiente para voltar a construir sem comprometer o que já tinha
conquistado até o momento.

Tive muitas ideias, mas a menos provável de dar certo, a que cheguei a
sonhar diversas vezes, foi a que deu certo: um livro sobre minhas conquistas
amorosas.

O livro “O Guia do Macho Alfa”, que eu, por questões de marketing e da


parceria que havia formado, troquei o título para CLUBE DOS HOMENS.

Sinceramente eu não precisava fazer a parceria, porque meus textos fizeram


do livro um sucesso, mas precisava da publicidade que essa parceria poderia me
render.

Obviamente não ganhei um milhão com os livros, nem perto disso. Como
autor, meus ganhos chegaram a uns R$ 40.000,00 em dois anos, no máximo.

Tudo o que ganhei coloquei trabalhar para mim; ao final do projeto,


transformei palavras em um milhão. Desde o início, entendi que escritor não fica rico
com livro; as editoras é que ficam ricas. Sempre tive editora, eu a vendi e talvez seria
a hora de comprá-la de volta.

O livro surgiu da minha necessidade e vontade de fazer mais dinheiro, para


voltar a tentar outros projetos. Na época em que eu tinha parceria, o lucro do livro
era fracionado, juntei tudo que entrou, porque não precisava do dinheiro para viver.

Queria construir, mas não queria tirar dinheiro dos investimentos, porque, para
quem recorda, quebrei ao tirar dinheiro da bolsa para tentar outras coisas.Então
jamais voltaria a fazer algo assim.

A editora faturava, em média, R$ 20.000,00 por mês bruto, 20% foi destinado a

72 JOVENS INVESTIDORES
pagamento de royalties para os autores (10% para cada), valor acima do que as
grandes editoras pagam aos autores. Consegui esse valor por ser um antigo
proprietário e pelo comprador ser meu próprio primo. Tirando as despesas mensais,
sobravam uns R$ 8.000,00 de lucro para a editora. Fiz uma conta: R$ 8.000,00 de lucro
mais a minha parte como autor, que geraria R$ 10.000,00 líquidos ao mês.

Eu era o livro, as novas reimpressões do livro contendo somente meus textos


continuaram vendendo e vendendo bem, e cada vez mais as pessoas me
elogiavam pelo livro. Comprei a editora que pertencia ao meu primo. É isso mesmo:
fundei a editora, a vendi e a recomprei novamente. Um fator que não calculei foi a
baixa venda no final do ano em 2013: a editora quase faliu, atrasou pagamentos, e
aprendi a deixar os negócios seguirem o rumo; se fosse para quebrar, fecharia a
editora, mas não injetaria dinheiro somente para mantê-la funcionando.

O bom negócio nunca deve patrocinar o mau negócio, nunca mais faria isso.
O não cumprimento do acordo por parte do outro autor foram fatores que
desestabilizaram a editora por um tempo, gerando atrasos, reclamações. Foi preciso
muita paciência e pulso firme para colocar as coisas em ordem.

Foi preciso que eu me readaptasse ao cenário, mas contornei a situação e


passei a lucrar mais do que antes. A editora lucrava cerca de R$ 14.000,00 ao mês.

Queria aumentar meus ativos com construção civil. Os livros, a editora com
seus outros trabalhos, o poker. Tudo isso seria um fazedor de caixa. Escrevi o primeiro
livro com a intenção de que, com os royalties, pudesse ao menos comprar um
terreno para tirar apenas um pouco do meu capital na Bolsa para construir. Não foi
preciso devido a uma dura estratégia de administração. O livro saiu de certo
desespero de fazer mais dinheiro para tentar novos negócios.

Durante um ano e meio, tive parceria e o que ganhei precisei dividir com o
outro autor. Ao final da parceria havia economizado tudo que entrou para tentar um
novo projeto. Juntando o que ganhei com royalties e o que ganhei jogando poker,
totalizaram-se R$ 59.000,00.

Hoje estou retificando este texto e o atualizando para os primeiros dias de


2015. Fiz mais R$ 80.000,00 nos últimos seis meses, como renda extra nos livros e no
poker. Como investidor da Bolsa, já tenho uma vida confortável: retirando apenas os
ganhos, poderia já investir em outros projetos. Mas preferi dar uma pausa como
investidor e fazer a renda extra explodir e gerar mais caixa.

Peguei gosto em escrever livros, porque é um ativo permanente ao qual


dediquei tantas horas e pode me render dinheiro ilimitado por muito tempo.

JOVENS INVESTIDORES 73
Os demais livros lançados objetivaram equilibrar a perda da publicidade
gratuita na página do CDH. Continuei ganhando menos no faturamento bruto,
porém mais no lucro final.

Fiquei com o produto, perdi a publicidade, precisava apenas de uma nova


maneira para chegar até o cliente. Ao final, os livros fizeram isso por mim: cada um
que comenta sobre o livro atrai mais compradores, não é preciso muita publicidade
hoje em dia. Talvez um dia volte a precisar e novamente irei me adaptar, porque, se
está dando certo, não importa quanto eu tenha, irei tirar o máximo proveito como
escritor.

Com a receita do CDH I, CDH II, CDH III, pré-venda de Jovens Investidores e
Poker Online, gerei um FATURAMENTO BRUTO de quase meio milhão. Tirando os custos
totais, os royalties que tive de pagar para o outro autor, o montante acumulado em
renda extra foi de R$ 140.000,00. A renda praticamente veio dos lançamentos que fiz
sozinho, menos faturamento bruto, porém mais lucro líquido.

Um terreno e R$ 80.000,00 em dinheiro. Já bastava para construir. Comecei


em maio de 2014 a construir e, aos poucos, conforme gerava extra, construía: pode-
se dizer que vendia um livro e comprava um tijolo. A mágica da multiplicação.

Essa estratégia da construção você também pode usar. Contrate um


engenheiro para fazer a papelada, encontre uma equipe com um bom mestre-de-
obras e um corretor de imóveis para vender o imóvel. Você não dá sociedade a
ninguém, você não deixa os outros tomarem as decisões, você vai construir e deve ir
todos os dias olhar a obra.

Desmembrei o terreno e fiz duas casas em cima dele para vender pelo
programa Minha Casa Minha Vida. O investimento total foi de R$ 90.000,00 nas casas
e R$ 59.000,00 no terreno. Isso rendeu um pouco a mais do que o dinheiro extra feito
vendendo livros pela internet. Acabei fazendo o restante que faltou com jogo de
poker.

Com o dinheiro dos livros, do poker e de todo o extra, construí duas casas pelo
programa Minha Casa Minha Vida. A obra foi vendida por R$ 260.000,00; tirando os
impostos, sobraram uns R$ 240.000,00.

Veja bem toda a caminhada, desde quando precisava de um extra, da


ideia, batalhar, me adaptar ao cenário, juntar o capital.Transformei todo o extra que
fiz em 14 meses – aquelas palavras do começo, algumas horas jogando poker – em
R$ 240.000,00.

74 JOVENS INVESTIDORES
Se eu fizesse como a maioria de vocês? E apenas ignorasse as ideias e ficasse
contente na zona de conforto?

Esse é um dinheiro que não deve ser ignorado, é UM QUARTO DE MILHÃO. A


ideia de fazer um milhão só com os extras me levou a ter planos um pouco mais
ambiciosos. Esse plano está em andamento no momento, mas, ao final, terei
acumulado um milhão em dezoito meses apenas com os extras. Nesse meio tempo,
acabei comprando outro terreno, com parte do lucro que tive em 2014 com os meus
outros negócios.

A venda das casas gerou uma receita que deixei de lado, descomprometida
para usar para construir novas casas.

Precisei levar em consideração alguns aspectos para não ser afetado pela
imagem de empresário que já foi à falência. Não poderia colocar as casas à venda
antes delas estarem prontas, por questão de credibilidade. Agora que já fiz duas,
criei um cartão de visitas para a construtora poder ressurgir com tudo.

Como os terrenos estão extremamente caros hoje em dia, fazer uma casa em
cima de um terreno não dá lucro; duas já trazem um lucro bom, mas pensei em fazer
um condomínio de 4 casas. Aí me coloquei no lugar do cliente: comprar uma casa
sem terreno seria o mesmo que comprar um apartamento, e eu poderia ficar anos
para vender essas casas. Também poderia continuar fazendo de duas em duas até
acumular um milhão. Fiz as contas e, com o dinheiro dos extras, daria para fazer um
prédio de oito unidades, diminuindo o custo geral por unidade e por fração do
terreno.

Cada fração do terreno custaria R$ 7.375,00 (R$ 59.000,00/8 unidades).

Custo por apartamento = R$ 40.000,00.

Dependendo do momento em que você está lendo essas informações, com


os R$ 240.000,00, já comecei ou já construí outros imóveis. Nos dias de hoje, estaria
construindo um prédio, com OITO unidades. Um prédio com quatro andares
vendidos pelo programa habitacional Minha Casa Minha Vida, cada um por R$
130.000,00 – já tem gente querendo comprar, mas só quero vender após terminar a
obra.

A obra vai custar R$ 320.000,00. Com o dinheiro dos extras, posso erguer todo
o prédio; com a projeção do que a empresa vai faturar, termino o prédio. Estou
assumindo esse empreendimento só porque sei que, se eu parar de vender livros
amanhã, tenho como terminar o prédio com capital de outros negócios. Nesse caso,

JOVENS INVESTIDORES 75
seria obrigado a injetar dinheiro, mas em algo concreto e realista.

Ao final deste empreendimento, que ficará pronto até julho 2015 (SE TUDO
CORRER BEM), dezoito meses depois de eu decidir fazer um dinheiro extra para
construir, as oito unidades gerarão uma receita de R$ 1.040.000,00 (um milhão e
quarenta mil reais).

Qual a fórmula mágica que usei para fazer esse dinheiro?

TRABALHO DURO.

Tudo começou com uma simples ideia, a de escrever, bem parecida com a
ideia que passei a vocês da revista. No padrão da revista, você faz R$ 40.000,00 por
ano, já compra um terreno, em mais 2 anos você também pode construir um
prédio.P ode, do zero, fazer um milhão. Depende da disciplina financeira e
estratégia. Foi uma junção de ramos de negócios, arrisquei no ramo de
entretenimento, gerei a receita e fui para o ramo da construção civil, trabalhando
diariamente com compra e venda de ações. Quase um camaleão dos negócios!

Consegui fazer isso porque não dependia dos extras; deixei acumular. Mesmo
sem eles, já estaria realizado como empresário, mas fazer um feito desses alimenta a
alma do empresário, e a construtora renasceu com o dinheiro dos extras, agora com
capital de um milhão para colocar para trabalhar.

O próximo empreendimento será de dez andares, vinte unidades. Irei dobrar


esse milhão, e ninguém mais poderá me segurar! Sou investidor e um grande
construtor agora. Não dei poderes a ninguém, não coloquei a família para trabalhar,
não deixei ninguém tomar as decisões por mim. Tive a paciência para fazer as coisas
como deveriam ser, desapeguei de algumas manias grandiosas, levei uma vida
moderada, mas sem abrir mão de certo conforto REALISTA.Ao final de 2015,terei dois
negócios milionários.Hoje tenho 29 anos e sou a prova viva de que você pode fazer
seu milhão, pelo menos três vezes antes dos trinta anos.

Só digo uma coisa aos meus leitores:

TENTEM! VOCÊS NUNCA SABERÃO DO QUE SÃO CAPAZES ATÉ TIRAR A


MÁSCARA DE COITADOS E BATALHAR!

Outra coisa que a minha vaidade me faz dizer:

- Lembrem-se do meu nome: ouvirão falar muito nele ainda. Seja por meus
feitos, seja pelos empreendedores que renascerão ao lerem meu livro.

76 JOVENS INVESTIDORES
EVITANDO OS
PRINCIPAIS
ERROS
NA HORA DE GERIR
O SEU NOVO
NEGÓCIO

ERROS BÁSICOS DO
EMPREENDEDOR
INICIANTE
ERRO01

PROCRASTINAÇÃO

N
ão sou a melhor pessoa para falar sobre procrastinação porque
acredito que, de certa forma, poderia render muito mais. Talvez até
mesmo pela falta de tempo para escrever, acabo sempre pensando
em textos, lições que vou escrever mais tarde, e mais tarde, e a hora de escrever
nunca chega, até que, por fim, esqueço o que queria escrever. Tornou-se um hábito
desagradável adiar compromissos que não são tão importantes. Escrevendo esse
livro, estou me livrando da procrastinação, seguindo o que estou ensinando, não
adianta falar para você não fazer e eu mesmo agir errado. Então, todos os dias, às
19h, sento para escrever, sem desculpas, sem lamentações: esse é o meu tempo.
Todo o restante deve esperar.

Essa é a minha determinação e o compromisso com as minhas ideias. Se eu


consigo, já com diversas outras obrigações, com certeza você também será capaz
de conseguir.

Procrastinar é o ato de adiar seus deveres, suas tarefas. A procrastinação


sempre esteve presente em minha vida, sempre. É vergonhoso para um invento-
empreendedor admitir isso, mas é a verdade. Eu sonho com ideias, eu as realizo,
idealizo, transformo em realidade. Porém da ideia até a realização, existe um abismo
de desculpas, adiamentos e preguiça. Sim, quando se é dono do próprio tempo, é
preciso mais determinação para cumprir os compromissos; afinal, você não tem
ninguém para ordená-lo. Alcancei o sucesso rápido, mas poderia ser mais rápido se
eu não adiasse tanto as coisas na minha juventude. No início era aquela
determinação inabalável, nada podia vencer; aí vem o cansaço, aquele sussurro
malicioso no ouvido “você pode dormir mais um pouco, não tem ninguém para te
exigir nada”. Ou “você não precisa entregar esse trabalho agora, ainda está no
prazo.”

Postergar deveres é algo que atrasa demais seu desenvolvimento


empresarial. Deixar para a última hora sempre deve ser um inimigo a ser temido.
Como eu superei isso? Simples: impus aos meus trabalhos só receber o pagamento
após a entrega deles. Foi uma dura decisão, mas foi a certa, para que eu pudesse
extrair todo o meu potencial não dentro do prazo, mas antes.

Os primeiros ganhos que tive foram com a minha primeira empresa, de


criações gráficas, folders, banners, cartões de visita, ou seja, prestação de serviços.

JOVENS INVESTIDORES 79
Eu não tinha custo operacional, morava com a minha mãe, não pagava
aluguel, não precisava ajudar em casa, tudo o que ganhava era para mim.

É costumeiro, quando se é contratado para prestação de serviços ou


qualquer outro trabalho, receber 50% de entrada e os outros 50% ao entregar o
trabalho. Eu fazia um contrato na hora com o cliente, para receber em uma vez só,
após a entrega do serviço. Pode ser arriscado se você não sabe com quem está
negociando, mas eu não tive muitos inadimplentes.

Então, basicamente, era:

- Quer procrastinar, quer deixar vencer os prazos? Tudo bem, mas não terá
nenhum real para viver, para sair no final de semana, para nada.

Então, o “J.F adiador de prazos”, preguiçoso, trabalhava nas madrugadas de


segunda a sexta para entregar os trabalhos de forma rápida, para já receber de
uma vez o que tinha para entrar.

O Rei da Procrastinação havia sido descoroado, e me tornei o Rei da


Determinação. Eu mesmo, por vontade própria, não conseguiria, precisei de uma
estratégia para fazer com que eu trabalhasse mais e pudesse prosperar de maneira
rápida.

Não posso dizer que sempre fui assim. Nos tempos de colégio, nunca estudei
para uma prova sequer. Simplesmente não admitia ter que perder tempo estudando
em casa se eu já estudava em aula. Segredo para isso? Enquanto todos
conversavam, eu prestava atenção. Se não prestasse, sempre tinha aquele colega
com um resumo para emprestar, para dar uma rápida lida antes da prova.

Para todo problema há uma solução. Mesmo que você tenha que criar
artimanhas para usar em si mesmo. Como escritor, gostaria de extrair de maneira
rápida e fácil todas as ideias e histórias que tenho na cabeça. Mas não há outra
maneira: cada palavra deve ser pensada e digitada, nada vai surgir na tela só
porque eu quero.

Da mesma maneira, se você só olhar para a sua carteira vazia, não fará surgir
dinheiro só porque você precisa dele. Você precisa correr atrás e trabalhar. Além de
trabalhar, você não deve adiar os seus compromissos.

Hoje eu adoto o pensamento:

“Se eu não fizer, ninguém vai fazer por mim”.

80 JOVENS INVESTIDORES
Isso também veio com a experiência. Em meu primeiro emprego de designer
gráfico, além de artes que produzia, também operava as máquinas de cortes de vinil
em uma empresa de comunicação visual; aprendi essa verdade. Criava as artes
gráficas e sempre tinha algumas que tinha que redesenhar todos os logotipos, ou
algum trabalho realmente cansativo.

Então, o que eu fazia? Primeiro fazia todos os mais fáceis e deixava o difícil por
último. Tinha prazo para entrega, logo eu poderia adiar por muitos dias. Todo final do
dia, eu zerava a minha caixa de afazeres, todas as artes haviam sido feitas, mas
permanecia aquela mais desafiadora, a que daria mais trabalho.

No outro dia, eu estava ali novamente, e ela também estava ali, já como
primeiro afazer do dia seguinte. Ao invés de terminar de uma vez, ficava sofrendo
assim por vários dias. Eu me dei conta de que poderia ir embora no outro dia, adiar
mais uma vez, mas, logo em seguida, teria que enfrentá-la novamente. Ninguém
faria aquele trabalho por mim.

Foi aí que mudei minha atitude frente aos adiamentos. Sempre faço o mais
difícil primeiro. Porque, mesmo que eu não consiga terminar os trabalhos mais fáceis
no mesmo dia, o dia seguinte já não começará de maneira difícil. Se você adiar as
tarefas mais difíceis, elas sempre serão o monstro do dia seguinte. Sempre um
tormento para seu novo começo diário. Se precisar ser feito, faça! Ninguém fará seu
trabalho por você.

Esse atraso não afeta somente os compromissos diários ou básicos do seu


trabalho. Ele vem como uma peste quando começa a comprometer seus planos,
seus sonhos.

Conheço a história de muitas pessoas, que tinham um sonho bem fácil e


possível de realizar, mas sempre adiaram, até o ponto em que já não havia energia e
força para finalmente começar. Essas pessoas, que tanto adiam os planos de montar
o negócio próprio, não são apenas procrastinadoras: são medrosos.

O “sonho” torna-se uma esperança. Uma esperança que um dia você pode
enriquecer se seguir aquela ideia, mas teme tentar, fracassar e perder a esperança.

O medo de tentar e de errar é tão grande que as pessoas nem ao menos


tentam porque não querem perder a esperança, e o sonho continuará sendo
apenas isto: sonho distante.

Para que você precisa se apegar à enganação, viver apenas com a


esperança de um dia ser bem-sucedido?

JOVENS INVESTIDORES 81
Você não precisa da esperança, você precisa é da tentativa, mesmo que
venha o fracasso, será um enorme aprendizado que somará muito na sua vida. Logo
perderá o medo de arriscar, de falhar. Aprenderá que a falha não é fatal, não mata.
Ela ensina a tentar novamente. Serão tantas tentativas que uma hora ou outra virá o
acerto.

No entanto, algumas pessoas estão tão apegadas às suas esperanças que


passam a vida sonhando com a “Mega Sena”. Nada que é ganho com tanta
facilidade é duradouro. O sucesso gratificante, aquele que irá durar, só pode ser
conseguido com a soma dos esforços diários, das tentativas frustradas, das
pequenas vitórias. Os pequenos acertos somados tornam-se grandiosos.

Você não quer ser como as pessoas que enganam a si mesmas.

“Eu vou trabalhar só mais um pouco, para juntar um dinheiro e aí sim eu


começo meu negócio próprio.”

Quantas vezes eu já escutei essa frase... E o que eu vi acontecer?

Ano após ano, uma nova desculpa.

No ano seguinte: ainda preciso ficar no emprego, só mais esse ano, para
trocar de carro.

No ano seguinte: ainda preciso ficar no emprego, vou casar preciso de uma
estabilidade.

No ano seguinte: ainda preciso ficar no emprego, minha mulher está grávida.

No ano seguinte: ainda preciso ficar no emprego, meu filho nasceu.

Nos anos seguintes: vem a educação do filho, mais um filho, mais uma troca
de carro, uma casa maior, mais contas no final do mês, a faculdade dos filhos, ajudar
os filhos a montar uma casa.

Nos anos seguintes: vêm os netos, cuidar dos netos. E, quando você não tem
mais que se preocupar com os filhos, com os netos, com o carro, com o cachorro,
você se vê livre para tentar aquele sonho que você tanto adiou.

Você acorda cedo, finalmente disposto a largar aquele emprego que está
enterrado há anos, mas, ao levantar e se olhar no espelho, você não mais se
reconhece, apenas vê um velho enrugado; você sente que não tem mais a energia

82 JOVENS INVESTIDORES
para começar algo do zero, faltam poucos anos para se aposentar.Porque arriscar
agora?

Aquele velho sonho está empoeirado: ficou tempo demais trancado em um


quarto escuro. É muito tarde para arriscar, será muito cansativo. Você olha para trás e
percebe que a sua vida foi boa, mas foi comum, seu sonho está enterrado para
sempre dentro da sua alma. Essa sensação de vazio só aumentará. Você pensou
tanto que era melhor deixar as coisas como estavam e o seu sonho se tornou
impossível. Você foi desafiado a seguir em que acreditava, o que sonhava, mas não
teve a coragem necessária para ir atrás. O tempo não espera por ninguém, ele não
espera seu carro novo, ele não espera nada, ele não escuta desculpas, ele NÃO DÁ
UMA SEGUNDA CHANCE!

Por isso, se você quer começar algo, comece agora! Com um bom
planejamento, um bom plano B (C, D, E...), tudo é possível. Se não for possível da
primeira vez, haverá muitas outras!

Apenas não passe a vida inteira vivendo da esperança (ilusão) de um dia


enriquecer sem tentar. Construa algo grandioso com o tempo que tem, siga seus
sonhos. Cedo ou tarde você pagará a dívida que todos os homens pagam e morrerá
com seu sonho trancado dentro da sua mente.

“O tempo é o melhor dos professores, mas também o mais cruel: ele mata
todos os seus discípulos”.

Qual o futuro do procrastinador? A meu ver, ele tem duas saídas: ou se dá


conta do que está fazendo, ou continua fazendo isso até que perceba que adiou
tanto os seus sonhos, que a vida passou diante dele e ele não conseguiu realizar
nada.

Eu temi tanto isso, que sempre repeti a mim mesmo:

“Vou tentar, se não der certo, pelo menos sei que não deu certo e não vou
mais pensar nisso. De qualquer maneira, não posso adivinhar o que vai acontecer,
posso apenas dar o melhor de mim e esperar que meu trabalho gere resultados. De
preferência, os resultados que quero.”

Se um sonho não der certo? Aí eu apelo para a alma do ser humano e digo a
você:

Nós, seres humanos, somos capazes de sonhar TODAS AS NOITES. No dia


seguinte, você pode TENTAR DE NOVO.

JOVENS INVESTIDORES 83
Uma lógica fácil a ser analisada:

Digamos que você precisa acertar um alvo de olhos vendados. Se você não
sabe a direção do alvo, precisará de milhões de tiros, para todas as direções. Seria
impossível acertar.

Se você ao menos souber a direção que o seu “alvo” está, mesmo atirando a
esmo, uma hora ou outra você acertará o alvo e não precisará mais de cem
tentativas.

Saber a direção que quer seguir já é metade do caminho.

Esse péssimo hábito é um sabotador de sonhos e você deve se esforçar para


que isso não aconteça com você.

Adiar tantos compromissos fará com que, em breve, você role uma bola de
neve: quanto mais adiar, maiores ficarão seus problemas.

Você acabará entrando em um ciclo vicioso, em que viverá para fazer


trabalhos já adiados para cobrir o atrasado.

Coloque suas tarefas em dia e não as deixe acumular.

É difícil sair desse ciclo? É.

Porém, é preciso ser feito, e o que tem de ser feito é indiscutível; afinal de
contas, ninguém fará por você.

ERRO02

JAMAIS EMPREGUE
AMIGOS E FAMILIARES

N
unca, jamais empregue amigos e familiares. Pode parecer absurdo,
mas, ao longo deste texto, você entenderá que uma grande
empresa se faz com funcionários qualificados e nenhum império
pode ser construído somente porque você confia nas pessoas que o estão
construindo.

Funcionário bom é aquele que entra em sua empresa para trabalhar, para

84 JOVENS INVESTIDORES
ganhar dinheiro, e não para brincar de empresinha.

Um bom funcionário entra para ser comandado, para ser liderado e


trabalhar. Não para opinar como você deve conduzir seus negócios.

Um dos principais erros que cometi foi empregar amigos e familiares. A


maioria não era capacitada para exercer a função que impus a eles. O
pensamento de “confiança” me fez contratar metade dos funcionários pela
confiança que depositava neles, e não pelas habilidades para realizar
corretamente suas funções.

Amigos de churrascada ou de baladas, aquelas pessoas em que você


acredita podem ser uma tentadora opção na hora de começar o seu negócio.
Mas é uma opção errada. O bom funcionário é aquele que precisa do emprego
para viver. Dessa maneira, ele trabalhará porque precisa, não porque você o
convidou para “brincar de empresa”.

Pessoas que você coloca na empresa por afeto, seja por bem, seja por mal,
uma hora ou outra,farão mal a você, mesmo sem intenção. Se você encontrar um
bom vendedor, ele venderá qualquer coisa, qualquer produto.

Entretanto, se você colocar um atendente de balcão como gerente, ou um


lavador de carros como administrador, certamente afundarão seu negócio.

Eles podem ter a melhor das intenções, mas não estarão qualificados para
exercer tais funções.

Você não está montando uma ONG, ou uma “Fundação Ajudarei Meus
Familiares”.Se começar uma empresa pensando nisso, já estará com metade do pé
no buraco. Uma empresa deve ser composta por profissionais competentes.

No momento em que você controlar sua empresa, seu negócio, jamais


delegue poderes totais aos funcionários. Qualquer funcionário pode parecer de
confiança, mas, quando a questão for dinheiro ou liderança, você é o único que
deve administrar e comandar sua empresa. Se você não tem as habilidades
administrativas para cuidar do dinheiro, encontre um profissional que o faça. Você
deve fiscalizar tudo, e nenhum dinheiro sai da empresa sem você saber, sem ter sua
permissão.

Se colocar na mão de terceiros para que façam o que bem entenderem,


estará colocando o outro pé dentro do buraco e, aí meu amigo, é chão. Não, é
fossa.

JOVENS INVESTIDORES 85
CNPJ não tem coração, CNPJ não faz favor, CNPJ é seu maior bem. Não
pense em sair ajudando a todos. Você está montando a sua empresa para você
mesmo e mais ninguém. Se um familiar quer dinheiro, que vá trabalhar. Não é sua
obrigação ajudar os preguiçosos.

Um grande problema em empregar pessoas de confiança é que elas


acham que têm o mesmo poder de decisão que você e tomarão decisões erradas,
por conta própria. Isso desgastará a amizade de vocês. Além do que, você chamar
a atenção de um funcionário é uma coisa. Agora, tentar fazer isso com um amigo é
diferente.

Porque você vai empregar um amigo de balada? Vai montar um serviço de


degustação de bebidas?

Uma empresa se faz com mão de obra qualificada. Analise currículos,


escolha seus funcionários pelo grau de conhecimento; se ele for uma peça
fundamental para seu negócio, está dentro; se não for, dispense-o. Você deve ter
pulso firme e tomar decisões lógicas. O funcionário deve se encaixar na função que
você vai delegar a ele. Não queira colocar a pessoa errada à frente de sua
empresa, não dará certo.Isso é garantido.

Sociedades são como casamentos: no começo é tudo lindo, aquela


cumplicidade, aquelacamaradagem, mas se abala com qualquer tremor; quando
acaba, restam os gritos e alguém sempre levará um pedaço do seu patrimônio.

Uma sociedade só funciona em pé de igualdade. Cada um entra com 50%


em tudo, cada um trabalha na mesma intensidade. Assim pode dar certo, mas
também pode não dar. Você deve analisar muito antes de ter um sócio.A escolha
não deve ser influenciada por sorrisos simpáticos ou por tapinhas nas costas.
Palavras bonitinhas não decidirão se a sua sociedade é bem-sucedida. O que vai
definir isso são os resultados que a parceria pode trazer.

Tive duas sociedades até hoje. As duas não deram certo. A primeira foi logo
quando pensei em montar uma empresa. Não durou muito, porque eu trabalhava
mais que todos e percebi que permanecer nessa sociedade seria somente para
que os outros subissem na vida às custas do meu esforço.

É melhor seguir sozinho, o caminho do sucesso é cheio de pedras, a subida já


é muito íngreme para você.Se você virar um burro de carga, carregando mais
gente em suas costas, demorará muito mais para chegar ao topo e, ao chegar,
estará exausto.

86 JOVENS INVESTIDORES
A segunda sociedade causou minha falência financeira. A falência já
estava determinada na hora em que escolhi o sócio. Faltava saber quando e onde
aconteceria. O onde foi um local escolhido pelo próprio sócio.Montei uma sede top
de linha para uma pessoa sem qualificação, para elevá-la até o status de bem-
sucedida. Os erros foram além da escolha do sócio; amigos e familiares faziam
parte do quadro principal de funcionários. Pagava altos salários, fui o único que não
ganhou nada e perdeu tudo. Mas a responsabilidade foi exclusivamente minha!

Confiei demais e, de certa forma, ainda era muito ingênuo para o mundo
dos negócios. Eram várias sanguessugas tentando me morder de todos os lados.
Foram muitas escolhas erradas que hoje, quando penso nelas, me imagino como
um retardado jogando dinheiro para cima, sem a menor noção do que estava
fazendo.

Primeiramente, escolhi um sócio que não era bem-sucedido. Se fosse, não


estaria começando uma sociedade com um jovem de vinte anos. Ele já tinha seus
60 e poucos anos. Eu não vi na hora, mas hoje é claro como água: se fosse um
vencedor, ele já teria alcançado o sucesso nessa etapa da vida, estaria pensando
em sossegar e o único motivo para ele estar querendo começar algo é porque
sozinho não foi capaz, era um fracassado e precisava de alguém para alavancar
sua carreira.

Era fraco para vender: em um ano vendeu um único imóvel e foi para mim
mesmo. Como se não bastasse, essa venda foi a que abalou minhas estruturas e
tudo começou a ruir.

Ele não sabia se comunicar direito. Não servia como vendedor, passou a
vida trabalhando com isso e não percebeu que era terrível como vendedor, não
servia para esse trabalho.

Outros nascem para serem vencedores. Havia outro vendedor, que até citei
na minha biografia; se eu tivesse colocado alguém como sócio pelas suas
qualidades e competência, não teria falido.

No entanto, escolhi a opção emotiva, a parte da “confiança”, montar


sociedade com um conhecido. Ele vendia, no mínimo, um imóvel por mês,
enquanto o outro só me passava desculpas e promessas. Os amigos também:
passavam vivendo do salário fixo e não se esforçavam para vender. Então, um
vendia e o restante sugava. Havia um babaca como líder, que não sabia o que
acontecia na própria empresa; eu passava os dias investindo na Bolsa e deixei a
empresa na mão dos outros. Só percebi que tudo estava ruindo quando precisei,
dia após dia, fazer saques da Bolsa para pagar as contas da empresa, as despesas

JOVENS INVESTIDORES 87
operacionais. A empresa não conseguia nem ao menos se pagar, nem o seu
operacional ela alcançava. Era uma sociedade que estava mordiscando pouco a
pouco o meu patrimônio.

Uma sociedade com o vendedor que nasceu para vender teria sido a certa;
o que eu quis nessa sociedade era entrar com o capital e ter alguém que entrasse
com o “know-how” do mercado imobiliário. Fui enganado ao pensar que a escolha
daria certo.Não deu.Quando percebi, era tarde demais.

Esse sócio tinha mania de grandeza, só queria vender os imóveis mais caros,
queria trabalhar só com a elite da sociedade. Anos depois, acabei enriquecendo
de novo, construindo casas para o público de classe C. Construí casas pelo
programa habitacional da Caixa, o “Minha Casa Minha Vida”.

Recomecei com um pouco e fui capaz de fazer muito.

Agora, se eu tivesse um sócio que fornecesse um know-how decente, nunca


teria falido.

Na época, eu tinha dinheiro para comprar um bairro inteiro, poderia ter


construído bairros de casas populares, estaria multimilionário nos dias de hoje.
Porém, fui na onda do sócio, comprei um terreno caríssimo, para construir casas de
um milhão de reais, para vender à elite da sociedade. Não deu certo, não tive
capital e tempo para atingir esse público.

O que aconteceu? Quem saiu perdendo?

Ele apenas saiu da sociedade. Eu perdi minha vida, tudo que havia
construído.

Tudo isso começou no dia em que ele bateu na minha porta propondo abrir
uma imobiliária de alto padrão. A ideia não era ruim, mas a execução foi terrível.
Sócio errado, ideias absurdas, essa foi a fórmula da falência. Aliás, a fórmula é:

SÓCIO ERRADO + IDEIAS RUINS + BABACA QUE ACREDITA EM TUDO = FALÊNCIA


IMINENTE

Então ele se retirou da sociedade e eu pensei: “é hora de recomeçar”. Olhei


para meu quadro de funcionários. O resultado já era certo, era formado por:

PROFISSIONAL COMPETENTE + DONO ABALADO + AMIGO + AMIGO + TIO


+ AMIGO DE AMIGO + INIMIGO DISFARÇADO = NOVO FRACASSO

88 JOVENS INVESTIDORES
Quando uma empresa assim daria certo? Quando o sócio se retirou da
empresa, eu ainda podia me salvar! Poderia fechar as portas, acabou o dinheiro,
mas ainda havia os móveis, patrimônio, apartamentos, carros.

Ou eu podia recomeçar comandando com pulso firme, tirar as regalias,


demitir os amigos sem qualificação e contratar somente os funcionários
devidamente qualificados!

Mas não... O dono do negócio estava abalado, colocou o “amigo” como


gerente da empresa, praticamente como sócio, e este terminou de fazer o serviço
que o outro começou.

Não tive coragem de demitir os amigos, e os amigos terminaram de me


quebrar.

Começou com o gerente demitindo meus familiares. E os familiares me


colocando na justiça. Depois o gerente começou a mandar mais que eu; por fim, o
gerente ficou tão convencido de que o negócio era dele, que fez a mudança de
escritório, levou os móveis, recebeu as comissões da empresa, montou outra sede
para a imobiliária, com despesas mais baixas. Só esqueceu-se de levar o dono da
empresa junto.

Certamente ele pensou que eu jamais me ergueria novamente, que eu não


tomaria nenhuma providência. Ele estava certo. Muito tempo depois, tomei as
minhas providências: precisei perder tudo para aprender a lutar para manter aquilo
que o trabalho um dia conquistou.

Dentro desse turbilhão restou o aprendizado. Então, agora, você me vê


falando para não contratar amigos e familiares, e não dá atenção. Cedo ou tarde,
você lembrará o que leu aqui. Todas essas palavras não são para desestimular você
ou para que você comece errado. É para você começar fazendo o certo, não
precisando passar pelas mesmas coisas para descobrir o que funciona e o que não
funciona.

Então, se for montar sociedade, escolha um sócio honesto e capacitado.

Escolha seus funcionários, pelo que podem fazer e acrescentar ao seu


negócio, e não pela afinidade que tem com eles.

Um bom empresário é capaz de comandar e liderar. Um bom amigo não é


capaz de comandar pessoas ligadas a ele por afeições.

JOVENS INVESTIDORES 89
Você teria coragem de demitir sua mãe? Se empregar um amigo ou familiar,
esteja preparado para perdê-los.

A fórmula para a sua empresa alcançar o sucesso é:

LÍDER DETERMINADO + FUNCIONÁRIOS QUALIFICADOS + IDEIA VIÁVEL = SUCESSO


GARANTIDO

ERRO03

SAQUES INDEVIDOS
DO PROPRIETÁRIO

E
xistem dois tipos de empresários.

Tipo 1: Os que são impulsivos e não valorizam o dinheiro.

Eles olham para a conta bancária da empresa e dizem:

- É tudo meu!

Este carrega o cartão da conta da empresa na carteira assim como o talão


de cheques, não separa as suas contas das contas da empresa. Elas são uma coisa
só e afundarão ao mesmo tempo, como uma coisa só.

Tipo 2: Os administradores que respeitam o dinheiro.

Sabem separar o que é da empresa e o que é deles, olham para a conta da


empresa e dizem:

- É tudo da empresa!

Ser empresário e ser administrador são lados da mesma moeda, mas


diferentes em todos os sentidos. Ser empresário é saber fazer dinheiro, transformar
ideias em ações. Você pode ser um gênio nesse sentido, mas um fracasso na hora
de organizar o dinheiro.
Ser um administrador é saber gerir corretamente o dinheiro, saber o que

90 JOVENS INVESTIDORES
fazer com cada centavo que ganha.

Você pode saber fazer dinheiro, mas pode gastá-lo. Isso é muito comum.

Cerca de 70% das pequenas empresas quebram antes de completar cinco


anos em atividade, e o motivo da maioria é sempre o mesmo: o proprietário
gastando dinheiro da empresa com coisas pessoais.

É tão normal e é também lógico. Uma pessoa que antes nunca teve nada,
ao ver o dinheiro entrando, já quer ter tudo o que sempre quis. Enxerga o dinheiro
como prazer imediato e não pensa no futuro.

No início, gasta o que ganha até o último centavo; logo, o dinheiro entrando
com frequência começa a comprometer o que ainda nem ganhou.

Montar um negócio é somente o primeiro passo. Saber administrar é o que


limitará o tamanho desse passo, se será curto ou longo, se será um sucesso
passageiro ou duradouro.

Aprender a administrar não é um bicho de sete cabeças. Você precisa


primeiro dar-se conta de que existe um amanhã, que existem crises, que a vida não
é somente o agora. Que existem turbulências até nas maiores empresas.

Dependendo da empresa que você tem, é preciso um capital de giro, ou


até mesmo estoque. Estoque = dinheiro parado.

Você não pode querer vender cem mil reais por mês se você tem apenas
dez mil em estoque. Para vender cem mil reais, levando em conta os gastos, as
escolhas dos clientes, você precisa ter trezentos mil em estoque.

Mas existe demanda para tudo isso?

Esse estoque não pode durar mais do que três meses, você precisa estar
sempre repondo, as pessoas querem novidades, elas não vão comprar algo que
não escolheram um momento passado, querem algo novo. Você sempre estará
vendendo para as mesmas pessoas.

Trabalhar com estoque é algo muito difícil e você precisa estudar muito
sobre a melhor maneira de gerir esse dinheiro parado. É bom não traçar metas
ilusórias e sim dentro da realidade do seu capital.

Você deve ter um estoque grande se quer vender bem, mas esse estoque

JOVENS INVESTIDORES 91
não pode ultrapassar 30% do seu capital total. Você tem que ter em mente que
pode vender em torno de 35% do estoque por mês.

Se você tem dez mil reais em produtos, é provável que você venda de três a
quatro mil reais por mês. Você deve ter um capital de giro de cinquenta mil reais. Só
para gerenciar um bom estoque.

Um administrador não pode ser um sonhador, mas também não pode fixar
raízes profundas e nunca pensar em expansão.

Começando pelo principal.

O dono da empresa deve receber um salário fixo, como qualquer


funcionário (esse salário se chama pró-labore). Não adianta você se dar um salário
pequeno se, na metade do mês, pegará só “um pouquinho” porque precisou.

Metade do seu salário deve servir para cobrir suas despesas básicas, a
prestação do seu carro, custos de vida e 50% para você. Para você juntar para
viajar, comprar roupas, etc.

Qual o salário ideal?

Digamos que sua empresa fature dez mil reais brutos por mês.

50% disso devem servir para cobrir os custos e despesas operacionais. Com
um ganho desses, você não deve ter mais do que um funcionário.

Os outros 50% devem ser o lucro, o que sobrou. O empresário iniciante não
consegue enxergar no lucro oportunidades. Não passa pela cabeça dele
economizar, expandir para, no próximo mês, vender vinte mil reais.

Ele apenas enxerga. “Nossa! Cinco mil reais. Posso renovar o guarda-roupa,
comprar um relógio, fazer umas festas, ajudar minha mãe” e nisso se vai todo o
lucro. No próximo mês, a mesma coisa, até ele se dar conta de que sugou até o
capital de giro e não é mais capaz de vender os mesmos dez mil por mês, porque
não há mais renovação de estoque.

Para sobreviver, ele estará à mercê de empréstimos: transformará uma


pequena empresa, próspera e com um bom potencial, em uma empresa
endividada, tudo por conta da má gestão do proprietário.

Também não adianta querer ser santo e um mártir e não sacar nada para

92 JOVENS INVESTIDORES
você. Você precisa viver bem, sentir-se bem para produzir com qualidade.

Então sua mente se abre e você começa a enxergar aqueles 50% de lucro
como fruto de um árduo trabalho. Simplesmente gastá-lo seria burrice.

Você separa 15% para pagar seu próprio salário. 30% para aumentar o
estoque, ou investir em máquinas novas; 5% você adicionará ao seu capital de giro.

Essa gestão conservadora não o fará rico da noite para o dia, mas o que você
prefere: ter uma ideia, ganhar uma única vez 50 mil reais OU tornar um ganho
mensal constante, de dez mil reais?

Essa mesma soma eu fiz com meus livros. Meu contrato com a editora
proporcionaria cerca de trinta mil reais por ano. Parece ser suficiente, por você
receber tudo de uma vez, mas é só uma vez ao ano. Se fragmentar por mês,
totalizariam R$ 2.500,00ao mês. Fiz as contas: tinha tudo de que precisava para
lançar meus livros.

Não ganharia muito inicialmente, mas seria constante. Pelas minhas contas,
viria um lucro mensal de R$ 4.000,00 somente em livros. Em um ano, isso seria o dobro
do que era oferecido antes; os livros são uma renda passiva.Não preciso trabalhar
diariamente para ganhar esse dinheiro. Estou sempre em busca de mais rendas
passivas; por isso os escrevo e continuarei escrevendo.

Daqui cinco anos, não sei como estará minha construtora, não sei como
estarão meus investimentos na Bolsa de Valores. Nunca me passou pela cabeça
falir, e eu fali. Agora, sou cauteloso e trabalho sempre pensando no amanhã. Nesse
mesmo amanhã, ainda estarei recebendo por algo que escrevi em poucos dias.

É muito diferente de você trabalhar mês a mês e receber um salário. Esse


dinheiro não precisa do meu envolvimento mais.

Quando que um mês de trabalho dedicado escrevendo se tornaria no


mínimo cinco anos de lucro mensal?

Nos dias de hoje, o que seria preciso para ganhar esse mesmo valor? O que
eu ganho em aluguéis dos meus imóveis não chega a isso.

Para lucrar R$ 4.000,00 limpos por mês, quanto de capital eu precisaria ter
investido na poupança para ganhar isso sem precisar trabalhar?

Cerca de oitocentos mil reais que eu jamais poderia tocar. Odeio renda fixa,

JOVENS INVESTIDORES 93
mas nem todos podem investir em outros meios e só têm a poupança como opção.

Ou comprando imóveis e alugando.

Se fosse no mercado imobiliário?

Quantas kitinetes eu deveria ter para ganhar R$ 4.000,00 sem precisar


trabalhar?

Em torno de oito kitinetes alugadas. Em Passo Fundo (RS), tenho alguns


imóveis. A última kitinete que adquiri paguei R$ 115.000,00 e, quando o prédio
estiver pronto, o aluguel será de R$ 550,00 mensais.

Então, para ganhar os mesmos R$ 4.000,00 em aluguéis, precisaria ter oito


quitinetes: um total de quase um milhão de reais, estagnado em imóveis, rendendo
quatro mil reais por mês.

Se um dia precisar optar entre um grande ganho imediato, ou uma soma de


bons ganhos constantes, sempre faça a escolha visando ao longo prazo.

Se ganhar uma bolada imediata, poderá comprar um carro novo. Porém,


no mês seguinte, terá que andar de ônibus porque não tem gasolina para colocar
no carro novo.

Procure ser bem realista com o dinheiro que ganha, respeite o dinheiro da
empresa, reinvista para poder faturar mais. Seu salário deve cobrir suas despesas e
poder proporcionar uma vida confortável.

Afinal de contas, o mais importante é que sua carreira como empresário seja
duradoura.

Entenda que toda chama que arde com toda intensidade no início e que
gasta todo o seu combustível não durará muito tempo. Seja como uma chama que
sabe dosar a quantidade de combustível necessário para que possa permanecer
acesa por um longo tempo, mesmo que não seja com tanta intensidade.

94 JOVENS INVESTIDORES
ERRO04 POSTERGAR OBRIGAÇÕES

FINANCEIRAS

T
odos sabem como começam as bolas de neve, não é mesmo? É
preciso um pequeno floco de gelo juntar-se a outro e continuar a se
juntar a outros até que se torne uma imensa bola capaz de destruir tudo
em seu caminho.

Sou um empresário inteligente, um empreendedor nato, mas um


administrador terrível. Precisei evoluir nessa parte para poder controlar meu
patrimônio; afinal, é meu e sou o único que deve geri-lo.

Adotei essa postura e estou fazendo o melhor, mas confesso a vocês que,
até mesmo nos dias de hoje, acabo me atrapalhando em algumas situações.

A maioria delas ocorre por confiar excessivamente no meu cérebro e, por


muitas vezes, não anotar certos compromissos até o ponto de esquecê-los e depois
ter que correr atrás do prejuízo. Então, você deve manter uma planilha com todos
os seus ganhos e gastos. Precisamos saber para onde vai até o último centavo do
nosso dinheiro: se foi usado comprando uma bala, então essa bala deve estar
anotada em passivos e a nota fiscal da compra deve ser arquivada.

Um erro clássico que eu cometia (e paguei caro por isso) foi não pegar
recibo do que pagava. Isso é praticamente pedir para ter que pagar a mesma
conta novamente.

Não devemos olhar para os negócios como quem está trocando figurinha
com outras pessoas. Se estiver lidando com pessoas sérias, ninguém vai achar um
desaforo você fazer um contrato sobre o negócio que está sendo feito, ou recibo
pelo que está sendo pago. Se a pessoa começa a inventar muitas desculpas para
colocar em um papel o que está prometendo a você, é um sinal de que o negócio
não é confiável. JAMAIS olhe para os negócios apenas com confiança nas pessoas:
você deve confiar no que está no papel e, de preferência, com garantias de
cumprimento.

Além disso, outro grave erro que geralmente cometemos é ficar adiando
algumas contas. Claro que você, em um momento de aperto financeiro, precisa
escolher entre o que deve pagar de imediato.Mas você sabe fazer essa escolha?

JOVENS INVESTIDORES 95
A primeira coisa a ser paga são as contas que podem começar a formar
uma bola de neve, aquelas que têm juros altos. Você deve eliminá-las de uma vez.
Se está empurrando despesas de um mês para o outro, o melhor a fazer é colocar a
casa em dia, começar a pagar as que irão vencer em dia. E negociar as contas
atrasadas: não adianta querer pagar em poucas vezes, pedir 30 dias... Faça seu
planejamento e não tenha medo de pedir prazo! Porque é possível que você não
consiga arcar com isso em um curtíssimo prazo.

Se você tem uma despesa de 5 mil por mês e ganha 3 mil, primeiramente é
preciso cortar as despesas não essenciais, pagar as operacionais para que a
empresa possa continuar funcionando, e pagar as contas que poderiam trancar o
seu crédito: o resto deve ser negociado, em frações que não vão apertar seu já
debilitado orçamento mensal.

Continuar empurrando despesas, mês após mês, é alimentar o monstro para


que ele cresça até o ponto em que irá devorar você. Se em março você está
pagando contas de janeiro, somente em maio você vai pagar as contas de março.

Vai ficar empurrando com a barriga até quando?

Você precisa tomar uma atitude! Nesse exemplo, a primeira coisa a ser feita
é pagar as despesas do mês, interromper o círculo vicioso.

E as atrasadas? Teve peito e coragem para arcar com um compromisso


desses, então deverá ter a mesma coragem para renegociar um prazo de
pagamento. Qualquer empresário é um negociador e você só precisa negociar,
não precisa prometer algo que continue afundando você.

Você precisa garantir os seus ativos. Para uma empresa gerar ativos, ela
deve estar em pleno funcionamento.Tudo que é preciso para a empresa operar
chama-se despesas operacionais. Dentre elas, luz, internet, funcionários, aluguel
etc.

Outras não essenciais, como prestação do carro, roupa, qualquer outra


coisa não essencial; tudo isso não faz parte do operacional da empresa.Você não
pode retirar da empresa para cobrir furos seus, vai ter que parcelar isso.

Fornecedores em atraso?

Negocie com eles. Você, antes de querer ser um empresário, precisa


aprender a ser um negociador: um mal negociador é um mal empresário.Já fui um
mau negociador: acatava tudo, não chorava preço, fazia promessas que não

96 JOVENS INVESTIDORES
conseguia cumprir somente para os cobradores irem embora, e isso não funcionou
muito bem. Alimentei a bola de neve e ela me atropelou. Tudo tem uma saída,
praticamente tudo. Se você for um bom negociador, conseguirá superar uma
turbulência financeira. Agora, se mesmo negociando, você não conseguiu
prosperar, deve analisar muito bem seu negócio e talvez seja a hora de fechá-lo,
antes que fique impossível parar a bola de neve.

Postergar obrigações financeiras é adiar a tunda que você precisa levar.


Muita gente, até mesmo eu no passado, para ganhar um prazo a mais, saía dando
cheques pré-datados, uma solução imediata, mas temporária, que não é tão
imediata assim.Você apenas adiou aquela obrigação. Em breve, ela estará de
volta para você ter que resolvê-la novamente. Vai dar outro cheque se não
conseguiu cumprir?

O melhor é fracionar a conta ao invés de temer um cobrador.

Se alguém está lhe cobrando e você faz promessas difíceis de cumprir, você
está marcando um novo encontro com esse problema. Abra a boca e tenha
coragem de negociar a dívida, fracione os valores dentro do que pode pagar.É
melhor passar por isso uma única vez do que continuar empurrando com a barriga,
adiando dívidas que você fez sem pensar em como pagá-las.

Cuidado com os juros embutidos: a outra parte sabe que precisará ceder e
ser flexível para conseguir receber, de um jeito ou de outro, ele depende de você.
Barganhe sempre descontos!

ERRO05 NÃO FUJA DOS



PROBLEMAS

"Coloque o peixe sobre a mesa: é o velho ditado siciliano; se você precisa


resolver um conflito, reúna os interessados e fale abertamente, ou seja, comece a
limpar o peixe antes de começar a feder; pare de andar em círculos para evitar o
confronto; mais dia, menos dia, será necessário abordar o assunto, por bem ou por
mal, depende apenas de quanto tempo você aguenta" (Jerônimo Mendes).

Essa frase pode resumir todo o texto a seguir. Ela em si já mostra o que
devemos fazer sobre os problemas que enfrentamos nos dias de hoje.

JOVENS INVESTIDORES 97
A melhor maneira de resolver um problema é encará-lo de frente. Sem
medo, sem recuar. Um problema é simplesmente uma consequência dos nossos
próprios atos, ações mal planejadas que nos foram colocadas em situações
indesejadas.

Todo labirinto tem uma saída. São poucas as coisas sem solução. Problemas
financeiros, dentre eles, são os mais fáceis de resolver.

Cometi esse erro diversas vezes. Vocês sabem que nem sempre tive essa
iluminação que tenho nos dias de hoje para lidar com os problemas; costumava
agir errado. Deixar de falar em um problema não o resolve, apenas o aumenta.
Logo que a empresa faliu, não sabia o que fazer, simplesmente desliguei o celular e
não saía de casa; isso porque assumi que a empresa acabou a minha vida
também. Se tivesse agido da forma como penso hoje, teria me erguido muito mais
rápido, não teria discutido com algumas dívidas, não teria passado pelo que passei.

Se tivesse colocado o peixe sobre a mesa, desde o início, teria me


desgastado muito menos.

As pessoas em que você acha que pode confiar geralmente são as


primeiras a colocarem você na merda. Por isso não empregamos nem amigos, nem
familiares.

Já contei sobre como acabei indo embora para Novo Hamburgo para
recomeçar a vida? Acredito que não. Antes de me mudar, nem pensava na
possibilidade. A empresa havia falido, decidi que iria me reerguer jogando poker,
estava conseguindo ganhar para a sobrevivência, passava os dias trancado em
casa jogando, sem contato com o mundo, minha ex vinha nos finais de semana, e
era essa a minha rotina. Na minha cabeça, assim que eu juntasse um capital, iria
negociar as dívidas. Desliguei o celular e me concentrei em ganhar dinheiro.

Porém, nunca tentei me colocar no lugar das pessoas com as quais a minha
empresa tinha compromisso: o que elas estariam pensando? Ninguém sabia que eu
estava fazendo o possível para ganhar dinheiro, porque não falei com ninguém,
fiquei abalado e não contei os planos para ninguém. Aos olhos dos cobradores, eu
apenas havia falido e desaparecido da face da terra. Muitos acharam que eu
havia fugido, outros achavam que eu tinha tirado o dinheiro das carteiras de
investidores que eu administrava e teria ido embora do Brasil com milhões de
terceiros.

Todo mundo tinha sua própria opinião; enquanto isso, eu estava em casa
juntando o máximo de dinheiro para começar a pagar as dívidas. Decretar falência

98 JOVENS INVESTIDORES
e dar calote nunca passou pela minha cabeça. Não contei isso a ninguém e não
teria como ninguém adivinhar, certo?

As pessoas mais próximas sabiam que eu estava meio fora do ar e precisava


de um tempo para colocar as ideias em dia. Esse foi um grande erro: fugir dos
problemas até que eles me achassem.

Então começou aquela enxurrada de cobrador. Várias ameaças de gente


próxima, minha ex terminou comigo e chegou o tempo em que precisava dar uma
satisfação a todos e começar a trabalhar coisas mais reais para meu crescimento.
Adiei e, ao final, tive que resolver os problemas dos quais fugia.Poderia ter sido tudo
de maneira mais amigável se tivesse dedicado um dia para sentar e conversar com
os credores. No momento em que deixei todos às escuras, praticamente pedi para
alguém me ameaçar. Foi preciso esses extremos para ver que deveria dar
satisfação o quanto antes para as dívidas.

Logo aprendi a conviver com elas. A fase em que trabalhei somente para
pagá-las foi a pior de todas, trabalhar para pagar por erros passados. Mas toda fase
passa. O importante é resolver o problema o quanto antes. Se não há uma solução
imediata, pelo menos passar um parecer sobre o que está acontecendo: ninguém
pode (e nem vai) adivinhar o que você está fazendo para cumprir seus
compromissos.

Fui embora para recomeçar, perdi a mulher, mas foi a melhor decisão que
tomei em muito tempo. Eu precisava de novos ares para colocar a cabeça no
lugar. Hoje moro no lugar onde tudo aconteceu. Só não me importo mais com o que
passou e, quando tenho problemas, procuro resolvê-los o quanto antes: antes que
comecem a feder.

ERRO06

EMPRESTAR DINHEIRO

E
mprestar e tomar emprestado é um grave erro a se cometer, destruidor
de amizades e de parceiros comerciais. Se a situação for de vida e
morte, tudo bem; mesmo assim, se você está emprestando, prepare-
se para não contar mais com esse dinheiro.

JOVENS INVESTIDORES 99
EMPRESTAR

Se alguém está pedindo dinheiro emprestado, é porque já está apertado, já


firmou compromissos que não pode cumprir e você é um novo compromisso
firmado. Existem grandes chances de a pessoa não estar nem pensando em como
irá devolver o dinheiro a você; ela apenas pensa em como resolver um problema
momentâneo, e você é a solução mais rápida. Pode ter certeza de que ela nem
colocou no papel como irá fazer para devolver o dinheiro, você é a solução do hoje
que será negociado no amanhã.

Ao emprestar de você, ela resolve temporariamente o problema. Para lhe


pagar o que deve, terá que tomar emprestado de outra pessoa.

A melhor maneira de ajudar alguém com problemas financeiros é auxiliá-lo


a encontrar o problema que está causando essa desestabilidade financeira. Se o
problema é pequeno e se resolve com uma pequena quantia, trace o plano de
pagamento que ela deverá fazer.

Se o valor não é muito alto, se é algo que se resolve rapidamente e de uma


única vez, você pode emprestar. Emprestar um dinheiro que não fará falta, tudo
bem; mas, se emprestar um dinheiro que fará falta em curto prazo, você está sendo
cúmplice da irresponsabilidade alheia e se tornará um problema porque quis.

Se emprestar, já fracione a quantia a receber: é melhor receber de volta aos


poucos do que esperar que ele consiga pagar tudo de uma única vez. Se estiver
emprestando, cobre no mínimo 1% de juro mensal. Ainda que seja seu filho que está
pedindo. Porque todos devem aprender que nada vem de graça e não se deve
esperar nada de graça de ninguém.

Você não tem obrigação de arriscar seu dinheiro para não ganhar nada em
troca, além do que isso já serve de lição à pessoa que está pedindo emprestado.
Ela não pode achar que sempre haverá alguém para ajudá-la a sair de apuros
financeiros.

Se ajudar uma vez, é possível que o mesmo erro se repita incontáveis vezes.

Ao negar uma vez, você contribui para que a pessoa comece a administrar
melhor o dinheiro que recebe, para não ter que pedir emprestado novamente, pois
ela saberá que não vai ter de onde tirar. Não se gasta o que não se tem.

Filhos fracos nascem de pais fracos e bonzinhos: aqueles que não sabem
dizer “não” e cedem tudo o que os filhos pedem.

100 JOVENS INVESTIDORES


Nunca se ouviu falar de filho forte nascido de pai fraco.

Respeitamos o dinheiro e não o joguemos ao vento!

TOMAR EMPRESTADO

A história é quase a mesma. Mas há algumas coisas que devem ser


consideradas ao tomar dinheiro emprestado.

Pegar dinheiro emprestado para pagar conta é uma extrema burrice. Não
se paga conta fazendo uma nova conta. Você só troca o nome do cobrador e
aumenta sua bola de neve. É melhor fracionar a conta mensal do que pegar
emprestado para pagar de uma única vez.

Se pegar dinheiro emprestado para realizar algum investimento, deve-se ter


absoluta certeza da credibilidade do investimento. Seu risco aumenta
consideravelmente, uma vez que o dinheiro sai do seu nome. Se você passar
dinheiro a um terceiro, se ele tiver uma grande ideia, uma dica de investimento,
qualquer coisa que seja, você deve documentar o que está fazendo! De
preferência, que tenha garantias! Se a pessoa tem o que deixar de garantia, mas
não o faz, comece a desconfiar da credibilidade do negócio.

Sei como é terrível pegar dinheiro emprestado, você passa a não trabalhar
mais e fica mendigando ajuda aos outros. Eu nem trabalhava mais, passava os dias
fazendo uma lista de quem poderia me ajudar e com quanto. Era o desespero de
manter as portas abertas, a empresa funcionando. Na época, não tinha mais
garantias, mas as pessoas nem me pediam isso; logo afundei e acabei levando
vários comigo e, para devolver o valor, foram incontáveis parcelas.

É melhor falir sozinho do que ter que recomeçar do negativo. Só que as


pessoas não enxergam isso: a chama da esperança custa a nos abandonar.

Há uma imensa diferença entre você ficar devendo ao banco e ficar


devendo para um conhecido, um terceiro.

Quando você deve um banco, após um tempo, você recebe propostas de


pagamento, condições de parcelamento, fica com o nome sujo. Sua moral é
devastada, seu nome vai a protesto, mas sua integridade física não é
comprometida. Você não sofre nenhum tipo de ameaça, sua vida não corre risco
porque você pegou um empréstimo e não conseguiu pagar.

Você não vai para cadeia porque não conseguiu pagar.

JOVENS INVESTIDORES 101


Quanto ao dinheiro que você pega emprestado, de terceiros, tenha
absoluta certeza de que ele nunca vai desistir desse dinheiro. Você vai ter que
pagar, por bem ou por mal. Prefira que seja por bem, por questão de caráter.

Sofri uma ameaça apenas: a maioria das pessoas sabia da minha índole e
que eu havia apenas me atrapalhado nos negócios, tanto que após falir não tomei
nenhum processo de dívidas, levei umas duas trabalhistas e do banco.

É preferível, sempre que possível, tomar dinheiro emprestado de bancos ou


instituições financeiras, e, se possível, não faça nada em seu CPF se você tem uma
empresa. Não misture as coisas, porque, caso venha a falir e seu CNPJ e seu CPF
estiverem devedores, será muito mais difícil se reerguer.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Os negócios da empresa,
as dívidas da empresa ficam no CNPJ, os empréstimos você faz no CNPJ, você não
tem o porquê fazer em sua pessoa física, não tem como adivinhar o que pode
acontecer no futuro. O CNPJ já existe para isso, tentar e errar. Falir é uma coisa, mas,
se você se prevenir desde o início, ainda terá chances de se reerguer.

ERRO07 O BOI ENGORDA



COM OS OLHOS DO DONO

M
ontar um negócio para os outros tomarem conta é uma atitude de
extrema ignorância, demência e estupidez. Se você não pode
cuidar do seu novo negócio, não comece nada novo. Quando
isso deu certo? Para mim, nunca; para a maioria dos empresários, se fecharem os
olhos para algumas quebras de caixa.

A grande verdade é que, por mais confiável que seja um empregado, se ele
puder se beneficiar de alguma coisa, ele o fará, ainda mais se você der essa
liberdade a ele. Que tipo de demente você é para delegar poderes para outra
pessoa administrar seu negócio?

Se pudesse, eu faria essa pergunta para mim mesmo há quatro anos.


Entendam que não estou generalizando: este livro é a minha visão sobre os
negócios, as minhas experiências e, por experiência, digo que o boi só engorda
com os olhos do dono.

102 JOVENS INVESTIDORES


Se você tem uma ideia viável, mas não tem tempo para executá-la, ou quer
investir em algum negócio, não há problema. As maiores redes de empresas são
administradas por terceiros. Mas esse não é seu caso. Você pode ser o investidor por
trás dos panos, porém deve estar presente quando qualquer importante decisão
for tomada. Pelo menos uma vez ao dia, você tem que passar e ver se está tudo
certo com seu novo negócio.

Montar empresa para os outros cuidarem pode dar certo desde que você
esteja de olho sempre no geral.

O administrativo pode ficar a cargo de outra pessoa? Pode, mas você tem
que estar a par de tudo que acontece, cada centavo que sai, porque é seu. Se
alguém colocar a mão no seu bolso, você vai gritar dizendo que é um assalto. Se
você ignorar a supervisão do administrativo, está fechando os olhos para que as
pessoas coloquem a mão dentro do seu bolso e levem seu dinheiro.

Quanto maior a empresa, mais fácil é tirar uma casquinha. Veja o exemplo
da Petrobrás, que, no caso, não foi uma casquinha, mas um país inteiro.

Resumindo: seja qual for a empresa que você montar, fique com os olhos bem
abertos.

ERRO08 NÃO TER UM



DIFERENCIAL

N
ão importa o ramo, não importa a ideia. Se você teve uma ideia,
outras pessoas também tiveram a mesma ideia. Algumas tiveram a
coragem para correr atrás e realizar; outras se contentaram
somente em deliciar-se com os sonhos e suas ideias viram apenas uma
possibilidade, uma viagem psicodélica em um mundo onde a pessoa perseguiu
seus sonhos e está desfrutando o melhor que a vida pode oferecer.

Geralmente, esse deslumbre da vida perfeita é interrompido pelo


despertador que o acorda às 5 horas da manhã lembrando que você deve pegar
dois ônibus lotados até o trabalho, aguentar um chefe mal-humorado e
carrancudo, aquele outro funcionário que se acha mais chefe do negócio que o
proprietário, trabalhar 8 horas, almoçar na rua em restaurantes lotados; tudo isso
para sair às 18 horas, ficar mais duas horas dentro de ônibus e chegar em casa tarde

JOVENS INVESTIDORES 103


da noite, deitar a cabeça no travesseiro e novamente sonhar com o que você
poderia ter realizado e não realizou.

Seu sonho não pode virar um conforto e uma ilusão.

A pessoa que morre com um sonho dentro de si, sem ao menos ter tentado,
não encontra paz nessa vida nem nas próximas. Seu nome será riscado da história.
Dentro de cem anos, ninguém lembrará seu nome. Acredito que você não quer ser
só mais um que andou pela terra; você quer deixar um legado a ser lembrado por
gerações, não é?

Se você vem de família pobre, seja lembrado por ser o homem que
interrompeu o ciclo da pobreza na sua linhagem; que, a partir de você, as próximas
gerações puderam aproveitar uma vida melhor. Tudo isso pode acontecer no
momento em que você decide levantar às 5 horas da manhã, para buscar uma
especialização, um novo emprego, ou até mesmo montar seu próprio negócio.
Você não precisa ser um empresário para obter a realização, pode se especializar e
torna-se um profissional qualificado e de respeito em seu meio. Basta que você não
seja igual aos outros.

Hoje em dia, é necessário ter um diferencial em praticamente tudo.


O que faz as pessoas e empresas diferentes? O poder de realização?
Duas empresas do mesmo seguimento, uma decola a outra não sai do lugar.

Qual o motivo disso?

Geralmente os dois principais motivos são: apenas entrou no mercado sem


ter um diferencial das outras empresas, sem inovações, sem visão; ou inovou
demais e tornou-se uma empresa de fantasias.

Não inovar e inovar em demasia é um dos fatores que podem levá-lo ao


sucesso total e à falência total.

Procure sempre estar à frente do seu concorrente. Se você é um vendedor


ambulante e vende bala na sinaleira e o seu concorrente vende chiclete, você tem
que vender bala e chiclete para se sobressair.

Assim você o força a evoluir e, com isso, você irá evoluir mais uma vez,
quantas vezes forem necessárias. Apenas descubra o que funciona, o que dá certo
em seu negócio e trabalhe esse ponto até a excelência. Saiba tudo sobre o
produto, de onde vem, quem o faz, o quão difícil é fazê-lo.

104 JOVENS INVESTIDORES


Uma coisa em comum entre todos os empreendedores é sempre querer
diminuir os custos. Se um empreendedor nato começa a vender bala nas sinaleiras,
ele logo entende que precisa diminuir o custo do produto; entre todos os degraus
que ele precisa subir para isso, no topo ele estará fabricando o próprio produto.

Empreendedores têm o toque de Midas: tudo o que tocam transformam em


ouro. Mas você sabe que isso não acabou muito bem para o rei Midas.

Com a rapidez com que ganham, eles perdem dinheiro. A maioria dos
gênios passa a vida em uma montanha-russa de altos e baixos. O importante é
evoluir a genialidade a ponto de tornar-se um gênio-empreendedor-
administrativo.

Não faça o mesmo que todos; faça melhor, sempre.

ERRO09 ILUSÕES FORA DA



REALIDADE

O
empreendedor iniciante está cheio de garra, força de vontade,
ainda mais após ler este livro, mas ele também tem devaneios,
ideias ilusórias. As ideias para serem realizadas devem se encaixar
no mercado. Antes de tudo, você precisa fazer uma pesquisa para ver se há
espaço para a sua grande ideia, ou se ela só é grande na sua cabeça. Não estou
aqui para falar que qualquer ideia é grande; o livro não serve para transformar
chumbo em ouro, ele serve para ajudá-lo a identificar o potencial do seu novo
negócio. Essa primeira parte não ensina a fazer seu negócio decolar, mas como
não fazer você se afogar já no início. São orientações preciosas para você não
fazer nenhuma estupidez inicial.

Por exemplo, os livros do Clube dos Homens. Fiz o primeiro com 120 páginas,
com um bom preço de R$ 29,90, com frete ficava em torno de R$ 40,25. Não é um
preço muito absurdo para ser vendido.

Para fazer o segundo livro, tive delírios de grandeza, estava fazendo o livro
para que se destacasse entre os demais na sua estante.Tive ilusões fora da
realidade, não considerei outros pontos importantes, pensei apenas na imagem e
ignorei a venda, a leitura e a comercialização.

JOVENS INVESTIDORES 105


O livro acabou ficando com 300 páginas. Uma coisa linda de se ver. Porém
os números não mentem. O custo de impressão subiu, o livro ficou maior que a
embalagem dos correios, o peso do livro ultrapassava os 500 gramas; então o frete
triplicou. Resumindo: dei a maior mancada comercial unicamente porque tive uma
ilusão fora da realidade.

Deveria ter considerado o fato de que: vendo o livro pela internet; então os
custos de envio devem ficar os mais acessíveis possíveis.

Porque eu ganhei uma única vez se poderia fracionar o conteúdo e ganhar


duas vezes? Fiz um livro de 300 páginas, ao invés de fazer dois livros de 150 páginas
cada um e ganhar duas vezes sobre com o mesmo conteúdo?

Isso aconteceu porque eu me deixei levar e sentia-me como “o escritor”.


Antes de tudo, da ideia, da realização, devo me colocar no lugar do cliente.

Compro um livro de 120 páginas, eu o leio em duas horas. Agora, se eu


comprar um livro de 300 páginas, vou levar 5 horas para ler. Brasileiro não tem saco
para ficar lendo por cinco horas. O livro dois ficou muito melhor que o primeiro em
questão de conteúdo, mas o primeiro vendeu dez mil unidades e o segundo
apenas duas mil; tudo isso por causa da ilusão. A realidade da venda pela internet
foi ignorada e eu paguei o preço. Vendi menos do que deveria ter vendido, fiz um
livro quando poderia ter feito dois livros com aquele conteúdo.

Precisei errar para aprender. O livro Jovens Investidores terá sua segunda
edição. Não tem o porquê de eu ganhar uma única vez com esse projeto, já que
tenho conteúdo para ganhar duas vezes. Essa é uma visão empreendedora. Não
ensinar tudo que sabe de uma única vez, não gastar sua munição em um único tiro.
Percebe que, até nos dias de hoje, cometo erros iniciantes? A vida é uma constante
de erros e acertos. Faça com que os acertos sobrepujem os erros e será bem-
sucedido.

ERRO10

NÃO REINVESTIR
O QUE GANHA

T
rabalhe por dinheiro, mas não trabalhe para ele. Você não pode virar
escravo do dinheiro, não pode gastar tudo o que ganha, mas também
não pode economizar tudo o que ganha.

106 JOVENS INVESTIDORES


Fico admirado com algumas coisas que percebo. A maioria das pessoas,
bem empregadas, com um bom emprego, vive pelo próximo pagamento, gasta
tudo o que tem, unicamente pela garantia do mês seguinte. Essa é a ilusão de
estabilidade que um emprego fixo traz. O empresário não pode levar a vida dessa
mesma maneira; caso contrário, passará sempre por apertos financeiros.

A última mulher com quem me relacionei é exemplo disso: profissional na


área da saúde, com emprego fixo; em uma conversa sobre negócios, na qual a
ajudei a fazer sua declaração de imposto de renda, ela passou os comprovantes
do salário. Ela ganhava em torno de R$ 5.000,00 por mês.

Comecei a analisá-la com olhos de um conselheiro administrativo. A


primeira coisa que passou foi não abrir a minha boca: mulher não gosta de ouvir
sobre controle de finanças. Pensei e guardei para mim. Ela ganhava R$ 5.000,00 por
mês, morava de aluguel e, nas vezes em que saímos, fui buscá-la em casa. Além da
questão cortesia, ela não tinha carro. Imaginei que ela deveria ter algumas
aplicações, estava pensando no futuro, em, quem sabe um dia, ter a própria
clínica.

No entanto, ao fazer o imposto de renda, constatei que ela não tinha


nenhuma economia: vivia pelo próximo salário.

Simplesmente pensei sobre isso e ficou por isso mesmo. Os dias passaram,
acabamos nos envolvendo e, em um feriado, convidei-a para viajar. Ela falou que
ia pedir um vale, mas, caso não fosse possível, teríamos que deixar para quando ela
recebesse. Então, tive de me manifestar.

Como pode uma mulher solteira, sem filhos, que mora sozinha, ganhar R$
5.000,00 por mês e, no dia 21, já não ter nem R$ 500,00 para poder fazer alguma
outra coisa? Sutilmente comecei a passar algumas dicas administrativas e a mulher
começou a me mostrar para onde o dinheiro dela estava indo.

Ela gastava R$ 1.000,00 com moradia. Até aí tudo bem (se bem que, com
esse valor, já dá para pagar um financiamento habitacional por mês). Porém ela
nunca compraria porque tenho certeza que não tem a capacidade para
economizar o dinheiro da entrada.

Ela gastava R$ 500,00 com alimentação. Tudo bem. Só que a mulher pesa 45
quilos! Devia estar comendo só caviar! Então fui ver: só comida de marca, só coisa
diet/light e cara.Tudo bem, é uma escolha dela.Ainda restam R$ 3.500,00 do mês
que podem ser realocados.

JOVENS INVESTIDORES 107


Com o cachorro, gastava R$ 350 por mês, entre banho semanal, ração e
cuidados.

Com parcelas em lojas, roupas e sapatos, lá se iam R$ 1.200,00 por mês!


Quem consegue gastar mais de R$ 10.000,00 por ano com roupas?

Mais tantos reais com psicóloga, só para ir “chorar as pitangas” uma vez por
semana, porque problemas ela não tinha. O que sobrava era destinado a lazer,
jantares, etc. Podia-se dizer que, dos R$ 5.000,00 que ela ganhava, no mês
sobravam R$ 1.000,00 para ela ainda que ela não usasse o cartão de crédito. Uma
tragédia em questão administrativa.

Gastar tudo o que ganha é uma grotesca idiotice!

E a reserva? E o caixa para imprevistos? Não almeja um carro ou uma casa


melhor?

Ela me respondia que, quando ela quisesse parar e comprar algo assim, ela
juntava. Parecia papo com uma drogada que achava que poderia parar de
gastar quando quisesse e, como todo viciado, mentia para si mesma e inventava
desculpas. A grande verdade é que ela é viciada em gastar o que ganha, ela só irá
aprender no dia em que sofrer um aperto financeiro.

Simplesmente a mulher não entendia sobre a questão “juntar um dinheiro”,


investir, colocar o dinheiro trabalhar para ela. Ela trabalhava para o dinheiro. Sua
vida financeira era gastar o que se tem hoje e esperar pelo próximo pagamento.

Sinceramente, se gasto R$ 1.000,00 com algo trivial, aquilo fica me


remoendo por dias. Sou um pouco escravo do meu lado capitalista, mas não fico
sem fazer o que quero, não fico sem comprar ou comer o que quero, apenas sou
equilibrado nas finanças justamente por já ter passado dificuldades.

A realidade da maioria dos consumidores ativos é esta: gastar o que tem,


não investir, aproveitar promoções e comprometer a renda por 12x todo ano, sem
pensar que, com um pequeno esforço, poderia melhorar de vida somente fazendo
pequenos investimentos. Parece que ninguém consegue enxergar as
oportunidades que existem por aí. Coloque o dinheiro trabalhar para você: quanto
antes fizer, mais rápido melhorará de vida.

Todos os ricos e milionários fazem isso! Esse é o grande segredo do mundo


das finanças: coloque o dinheiro trabalhar para você!

108 JOVENS INVESTIDORES


ERRO11
N° EXCESSO DE
PASSIVOS INICIAIS

C
omo disse no início, montar uma empresa não é montar uma sede,
um escritório. Toda empresa começa em casa. A minha começou
no meu quarto e somente anos mais tarde montei uma sede. Essa é
a evolução natural das coisas, e a primeira coisa que constatei ao montar uma
sede é que eu realmente ganhava dinheiro trabalhando em casa. Porém, a grande
verdade é que, se a sua empresa precisa receber clientes, você precisa de uma
sede, algum lugar para recebê-los; se a sua empresa vai até o cliente, então você
pode ter um escritório em casa.

Hoje em dia, tenho um escritório em casa também, porque não tenho


horários para trabalhar, sempre trabalho até tarde.Então é melhor fazer isso em
casa mesmo. Se eu ficasse somente investindo e construindo, poderia terceirizar o
atendimento ao cliente e poderia me concentrar somente em fazer dinheiro.

Uma empresa, para ser séria, não precisa ter uma sede milionária.Ela
apenas precisa cumprir o que promete, honrar os compromissos e, quando o
sapato apertar, negociar as dívidas e manter a harmonia entre credor e devedor.

Por isso é importante, no início da empresa, tirar o máximo dos passivos. Se


você tem escritório em casa, já não tem custos com aluguel, funcionários, o berço
do nascimento de uma empresa deve ser na sua casa (no seu quarto, até), você
não pode montar uma sede de imediato. E se a ideia não for boa o suficiente?

Ou você gastará suas economias para manter a sede aberta, ou fechará a


sede com dívidas para pagar. As dívidas sempre encontram um jeito de receber. Aí
você fecha a sede, decide montar outro negócio em casa, porque já aprendeu a
lição.

Antes de formar passivos iniciais, certifique-se de que seus ativos são


suficientes para cobrir o operacional da empresa. Se a ideia é real ou ilusória, não
saia criando dívidas, comprometendo o que acha que pode ganhar. Quando a
empresa estiver em pleno funcionamento, você pode evoluir e ter a sede própria,
com uma imagem mais profissional, mais séria.Sua empresa só crescerá se cumprir
os compromissos firmados.

JOVENS INVESTIDORES 109


BOLSA
BEM VINDO A

DE

VALORES

J.F Rozza

INVISTA
COM
INTELIGÊNCIA
INTRODUÇÃO

P
rezados leitores, como alguns sabem, tive alguns problemas para
poder publicar este livro devido às autorizações necessárias.

Alterei tanto o conteúdo do livro, que ele já não é mais o mesmo. Neste livro,
ensinarei a parte básica sobre Bolsa de Valores, tudo o que eu escrevi deve ser muito
bem pensado e analisado, pois este livro é um formador de opiniões e influenciará
muitas pessoas a arriscarem-se no mercado financeiro.

Nesta primeira edição de Jovens Investidores, você conhecerá o que é o


mercado de ações e como começar a operar com base no fundamentalismo e
análise gráfica. Citarei apenas a parte mais básica das operações, deixando os
estudos avançados para uma provável futura edição.Mas não se preocupe, você
saberá tudo o que um amador precisa saber e como deve investir de maneira
segura. Deixarei a “genialidade” das operações para a próxima edição, que terei
mais tempo para desenvolver.

O maior benefício, sem dúvidas, para quem se torna um operador de


sucesso, é sua liberdade. A liberdade de ser um operador é um fator que me faz
acreditar cada dia mais que fiz a melhor escolha para a minha vida. Posso investir em
meu escritório, em casa, em Paris, em Londres, em qualquer lugar do mundo.

Minhas raízes estão livres.Enquanto trabalho, posso percorrer o mundo em


busca de conhecimento e oportunidades. Obviamente não faço isso ainda, esse
sempre foi meu sonho quando adolescente. Ser livre. Ter um emprego que eu fosse
dono dos meus horários e pudesse ao mesmo tempo perseguir meu sonho de
escrever. Ser um operador de sucesso é difícil, mas é uma realização indescritível.

Tantas noites em claro, aguardando a abertura dos pregões da Ásia, notícias


do outro lado do mundo que não me deixavam dormir sabendo que isso afetaria
minhas aplicações.

A ansiedade pré-pregão sem saber o que pode acontecer, a satisfação de


ver suas estratégias vencerem; tudo isso somente a Bolsa de Valores me traz.
Algumas condições são necessárias para que você possa começar a investir; caso
você não as tenha ou feche sua mente, é melhor nem começar.

JOVENS INVESTIDORES 113


Todo investidor tem que ser disciplinado. Não pode perder tempo com rezas
e esperanças. Tem que ser analítico e saber a hora de abandonar o barco, mesmo
que traga prejuízos. Todo investidor deve aceitar os riscos e ter facilidade para lidar
com números.

Você precisa ter o dinheiro para investir, ter a mente forte para investir e a
estratégia certa para vencer.

Quando tratamos de dinheiro, como já dito nos capítulos anteriores, você


deve saber gerir o dinheiro; se não souber, esqueça o mundo dos investimentos. Irá
quebrar na primeira oscilação do mercado. Se não tiver a mente forte e disciplina
para fazer o certo na hora certa, irá falir. Se não tiver um rápido raciocínio para
analisar as mudanças nos valores, irá falir.

Tudo isso pode ser aprendido. Aprenda primeiro e arrisque-se depois.

Já preciso falar de início algumas verdades inegáveis.É IMPOSSÍVEL você


investir mil reais e ficar milionário em uma única “JOGADA DE GÊNIO”. Isso é mito e
folclore Hollywoodiano. Com mil reais, você deve saber as limitações, com pouco
investimento; se você quer um milagre, é melhor optar por Mega sena e raspadinhas.
Com pouco investimento, o caminho é longo.

Assim como você pode perder tudo da noite para o dia, também é só em
filmes. Pense bem, o que será necessário para você perder todo seu capital na
Bolsa?

Você investir tudo o que tem em um único papel, a empresa em que está
investindo falir e o preço da ação chegar às margens de centavos de cotação. Se
isso acontecer, cabe a você abandonar o barco antes que seja tarde demais.

O QUE SÃO AÇÕES NA


BOLSA DE VALORES?

U
ma ação é a menor parte do capital de uma empresa, é um pequeno
pedaço dela. Uma pessoa que compra uma ação passa a ser uma
pequena sócia da empresa.

114 JOVENS INVESTIDORES


Tipos de ação

Ordinária Nominativa (ON) - dá direito a voto em assembleia sobre definições


da empresa.

Preferencial Nominativa (PN) - não dá direito a voto, mas preferência no


recebimento de dividendos.

As empresas dividem seus lucros com os acionistas. Algumas fazem isso


mensalmente; outras, trimestralmente.

Os dividendos dados a quem tem ONs nem sempre são iguais aos dados a
quem tem PNs.

Nesses casos, as preferenciais nominativas recebem valores maiores. Além


disso, as PNs são vendidas e compradas com maior facilidade.

Como investir em ações?

As ações são negociadas nas Bolsas de Valores. No Brasil, a compra e venda


de ações acontece na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Essas negociações são feitas por meio das corretoras habilitadas pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A lista das corretoras credenciadas pode ser encontrada nos sites da CVM e
da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no item Corretoras.

Para começar a comprar e vender ações, é necessário fazer um cadastro na


corretora (informando nome, profissão, endereço e entregando cópias de RG, CPF e
comprovante de residência).

Assim, a corretora abre uma conta desse investidor na Bovespa. Cada


instituição determina qual a quantia mínima para a abertura da conta.

As ações podem ser compradas de três maneiras:

1) Fundos de Investimento: um fundo funciona como um condomínio.


Cada um dos seus investidores possui uma cota, que corresponde a uma
porção do total de ações que o fundo tem. Cada fundo tem seu próprio
estatuto, que informa suas regras e o grau de risco de seus investimentos.

JOVENS INVESTIDORES 115


Todo fundo precisa ter um gestor certificado pela CVM, que coordena as
compras e vendas de ações.

Assim, quando uma pessoa adere a um fundo, deve estar de acordo com sua
política de investimento, especificada em seu estatuto.

2) Clubes de Investimento: os clubes têm um caráter menos formal que um


fundo.

Um grupo de amigos ou familiares pode formar um clube, que pode ser


aberto com, no mínimo, três pessoas e chegar até um limite de 150.

Diferentemente dos fundos, não precisam de um gestor certificado pela


CVM, mas um representante que dê à corretora a ordem de compra ou venda de
ações.

Nesse caso, há maior liberdade por parte das pessoas que compõem o clube
sobre quanto e onde será investido.

3) Individualmente: nessa situação, a pessoa controla as ordens de compra e


venda de suas ações.

Para escolher quais ações comprar, pode contar com os consultores da


corretora, que irão tirar dúvidas e ajudar a identificar quais são os bons investimentos
para aquele momento.

O investidor pode acompanhar sua conta, ter acesso aos custos de


operação e comprar e vender ações pela Internet (com exceção dos fundos, onde
quem compra e vende é o gestor).

O nome desse serviço é Home Broker e pode ser acessado pelo site de uma
corretora que oferece esse sistema. A lista dessas corretoras pode ser encontrada no
site da Bovespa.

As ordens de compra e venda também podem ser dadas pelo investidor por
telefone, ou seja, o investidor liga para sua corretora e informa o que deseja fazer.

Sempre que se compram ou vendem ações, há um período de três dias úteis


para que o dinheiro saia ou entre na conta do investidor. No caso dos fundos ou
clubes, cada um tem um regulamento próprio que indica em quanto tempo o
dinheiro poderá ser retirado após uma ordem ser efetuada.

116 JOVENS INVESTIDORES


Taxas
· Taxa de operação - cobrada cada vez em que é emitida uma ordem
de compra ou venda.

· Taxa de custódia - cobrada mensalmente pela guarda das ações (a


corretora pode escolher não cobrá-la nos meses em que o investidor comprou ou
vendeu ações)

· Taxa de corretagem - paga quando a ordem de compra e venda é


feita por telefone. É calculada em relação ao valor da operação.

· Taxa de emolumentos - paga à Bovespa e calculada em relação ao


valor que envolve a compra ou venda de ações.

· Taxa de administração - cobrada nos fundos e clubes, é calculada


anualmente em relação ao valor aplicado no fundo e cobrada proporcionalmente
ao período em que o investidor manteve operações. Se o investidor retirar o dinheiro
em seis meses, pagará uma taxa proporcional ao período.

· Taxa de performance - cobrada quando o fundo supera a


rentabilidade esperada.

Com exceção da taxa de emolumentos, cobrada pela Bovespa, o valor das


outras taxas varia de acordo com a corretora. Por isso, antes de escolher uma
corretora, é importante pesquisar.

Qual o valor mínimo para investir em ações?

Não há valores mínimos para investir em ações, eles variam de acordo com a
corretora e o preço das ações compradas. Para quem investe valores pequenos,
como R$ 1.000, optar por um fundo ou clube pode ser uma maneira de aumentar o
total investido.

Porém, quando a quantidade de ações compradas por meio de um fundo


for a mesma que a pessoa pode comprar investindo sozinha, torna-se vantajoso
comprar diretamente. A vantagem de investir individualmente é que, neste caso,
não se paga a taxa de administração.

Riscos
A compra de ações é considerada um investimento de alto risco. Por causa
das variações nos preços das ações, não há garantia de retorno do que foi investido.

JOVENS INVESTIDORES 117


Essas altas e baixas podem acontecer, por exemplo, devido a alterações no
setor de atuação da empresa. Esse é o chamado risco de mercado.

O que também pode acontecer é o risco de liquidez. O problema aí é não


conseguir vender uma ação que tenha sido comprada. Por isso, o ideal é não investir
em ações cujos valores sejam necessários em curto prazo.

Outras funções da Bolsa de Valores

1. Levantar capital: Ao abrir seu capital e vendê-lo na bolsa, a empresa


levanta fundos para expansões e novos negócios.

2. Poupança em investimentos: em vez de o capital de uma parcela da


população ser direcionado ao consumo, ajuda a movimentar a economia,
alocando esses valores para geração de negócios.

3. Facilitar fusões e aquisições: as companhias têm mais chances de crescer


ao adquirir ações de outras empresas do mesmo ou de outro setor, facilitando
aquisições e fusões, dando agilidade ao mercado.

4. Redistribuição de renda: a bolsa de valores dá a oportunidade a qualquer


cidadão de ter acesso a negócios lucrativos, desde que ele esteja preparado para
lidar com um mercado tão volátil e cheio de riscos.

5. Aprimorar a governança corporativa: o mercado é transparente, cheio de


regras. Com um número cada vez maior de pessoas ativamente interessadas em
seus próprios investimentos, as empresas têm que andar na linha.

6. Termômetro da Economia: a bolsa de valores é uma forma válida de


verificar como anda a economia nacional, sendo um retrato do crescimento ou não
do País.

COMO OPERAR NO
MERCADO DE AÇÕES

T
odos os investidores têm seu método, sua própria estratégia para investir
na Bolsa. Parto sempre de um princípio básico que adotei para meus
investimentos.

118 JOVENS INVESTIDORES


Quando você opera na Bolsa de Valores, está “jogando” com outras
pessoas; então, o fator maior,a meu ver, na Bolsa, é o CONSCIENTE COLETIVO.

A maioria dos investidores baseia suas operações em análises gráficas, mas


porque as análises gráficas funcionam?

Porque todos acreditam nelas. Todos as usam para fazer suas operações. Se
você analisar um gráfico e aparecer um gráfico como este: Esse gráfico é conhecido
como OMBRO CABEÇA OMBRO.

Seu significado é de reversão de tendência, ou seja, se uma ação estava


subindo, ela irá reverter essa tendência de alta e começará a cair.

Mas e porque esse gráfico sempre funciona? Porque quem usa da estratégia
grafista quase sempre está certo? Porque TODOS conhecem esse gráfico e
acreditam em seu significado. A empresa pode estar indo a mil maravilhas, mas é
esse gráfico aparecer e todos irão acreditar que é hora de inverter a
operação.Passa-se a vender a ação ao invés de comprá-la, fazendo com que a
ação caia, mesmo sem ter um fundamento realista. É o consciente coletivo que fará
com que a ação caia.

JOVENS INVESTIDORES 119


Explicarei melhor a parte gráfica adiante. O que quero deixar bem claro com
isso é que você deve sempre seguir as tendências, o que os outros investidores irão
fazer, que as notícias afetarão o mercado, basicamente em que a maioria acredita.
Se você jogar contra o mercado, perderá sozinho.

Tente pensar nisso, como você estando no meio do mar, sozinho. A correnteza
está indo em uma direção, mas você quer ir para a outra, terá que remar sozinho,
uma grande onda vem e derruba seu barco e você morre afogado. O único meio de
sobreviver é seguir a correnteza, pegar a onda e surfar a favor da sua direção; se
quiser medir forças, irá perder; se remar contra a maré, irá perder.

Se investir contra o mercado, irá falir.

Por mais que os movimentos da bolsa sejam numéricos, quantificáveis,


possíveis de serem visualizados em gráficos, eles também estão sujeitos a aspectos
psicológicos.

Ao tomar sua decisão – de compra e de venda –, cabe a você,


racionalmente, tentar se colocar na melhor fase para seu investimento. Claro,
identificar essas fases depois que o movimento aconteceu é fácil. Enquanto ele
acontece é para poucos. Pouquíssimos, eu diria.

As fases são semelhantes, contrárias e complementares para o mercado de


alta e de baixa.

De alta

Fase 1: No início de um movimento, investidores mais preparados começam


a comprar. Isso permite que – quando todos pensam que o mercado vai cair ainda
mais – eles comprem papéis muito baratos. Nesse momento, as notícias repercutidas
pela mídia são todas negativas.·

· Fase 2: É o momento de aceleração do movimento. A pressão compradora


começa a aumentar. Aqueles investidores um pouco mais atentos se agarram no
bonde antes que ele parta a toda.·

· Fase 3: Grandes altas, atraindo iniciantes. Os investidores inexperientes ficam


cada vez mais confiantes, achando que acertam todas as suas análises. Muita gente
entra no mercado nessa fase. Alguns chegam a ficar mais agressivos. Os investidores
mais preparados podem estar começando a vender a bons preços. O resto da
massa, porém, está eufórica, alimentando-se de notícias positivas e aguardando
novas altas. Abre-se a possibilidade para a fase 1 do mercado de baixa.·

120 JOVENS INVESTIDORES


De Baixa

· Fase 1: Os profissionais preparados começam a vender, iniciando a


retração.·

· Fase 2: Nervosismo. Muitos investidores percebem o equívoco e alguns


procuram se desfazer de suas posições, talvez com algumas perdas. Aqueles
dotados de maior fé começam a assumir posturas de torcedores e a tratar as
empresas em que têm ações como “time do coração”.·

· Fase 3: Nesse momento, muitos iniciantes saem da bolsa traumatizados,


realizando grandes prejuízos. Mas, finalmente, com ativos muito desvalorizados, a
pressão vendedora desaparece e os investidores experientes recomeçam a
comprar. E o ciclo recomeça.

ANÁLISE GRÁFICA

N
esta edição de Jovens Investidores, ensinarei você a reconhecer
padrões gráficos para fundamentar seus investimentos. O importante
em uma operação de compra e venda é saber a hora de entrar em
uma ação, vendendo ou comprando.Muitos investidores têm métodos únicos; eu,
particularmente, tento usar todas as informações disponíveis para formular as
estratégias de investimentos.

FUNDAMENTO: Não adianta um gráfico sinalizar que é hora de entrar


comprando uma ação se, ao verificar a empresa, constatar que ela está à beira da
falência. Veremos essa análise fundamentalista na próxima edição, mas você já
pode ir pesquisando a respeito.

PSICOLOGIA DE MASSA: Percepção do mercado, acompanhar os blogs,


fóruns, sites dos “gurus” famosos e, principalmente, as notícias. Saber qual a opinião
geral da maioria dos investidores.

GRÁFICO: Por fim, o método que mais utilizo, sou especialista em Day-trades,
ou seja, comprar e vender ações no mesmo dia. Em uma única tarde, posso comprar
ações de uma empresa e revender alguns minutos mais tarde, praticamente

JOVENS INVESTIDORES 121


operações de centavos. Para isso, opto por comprar grandes quantidades da
mesma ação ao invés de diversificar meus investimentos.

Posso comprar 10 mil ações da Petr4.

Compra as ações a R$ 8,79.

O valor total da minha operação é de R$ 87.900,00.

Entro na operação sabendo que quero ganhar R$ 500,00 e tenho uma


margem de perda de R$ 300,00 reais, ou seja, se a ação desvalorizar e minha perda
fechar em 300 reais, zero a operação, realizo o prejuízo e começo novamente.

Se ela chegar a R$ 500,00 de valorização, eu zero a operação e realizo o


lucro.

Não me interessa se aparentemente ela vai continuar a subir, a estratégia é


essa e deve ser seguida até o final.

Parece pouco fazer uma operação na Bolsa de Valores para ganhar apenas
500 reais, mas pense fazer isso 10 vezes no mesmo dia. São R$ 5.000,00 de lucro se for
100% eficiente.

Claro que não se acerta toda vez;basta acertar 60% das vezes as operações,
para o saldo ficar positivo no final do mês.

O resumo da operação foi:

Compra de 10 mil ações: TOTAL: 87.900,00

Cotação na hora da compra: R$ 8,79

A ação subiu cinco centavos, a venda foi realizada a R$ 8,84

Total venda: 88.400,00

Custo da operação: corretagem fixa de R$ 5,00 por ordem

Custo total: R$ 10,00

Lucro líquido da operação: R$ 490,00.

122 JOVENS INVESTIDORES


É uma postura altamente defensiva de investimento, passar o dia fazendo a
mesma coisa, é possível até mesmo montar uma carteira fixa de longo prazo e, com
a margem que você ganha para daytrades, focar somente em ganhos pequenos,
mas com risco consideravelmente baixo.

Agora, se você tentar fazer a mesma operação, com apenas 1.000 ações,
você não vai conseguir sair do lugar. Esse tipo de operação é para aquele que já tem
certo capital de investimento. Francamente, se você pegou um livro para aprender
a investir na bolsa e não tem capital, você está começando errado; primeiro foque
seu tempo de estudo para gerar receita e só então comece a investir seu tempo em
conhecimento.

Para o Daytrade, praticamente o mais importante são os gráficos. Então,


vamos entender como ler padrões nos gráficos das cotações.

Primeiro de tudo, precisamos entender que os gráficos são constituídos de


Candles.

CANDLESTICK

A
representação gráfica do candlestick é feita por um retângulo
vertical chamado corpo, que pode ou não apresentar linhas verticais
em suas extremidades superior e inferior, denominadas sombras.

O corpo e a sombra de um candle possuem significados específicos, assim


como a sua cor. Em um candle de corpo branco (positivo), o lado inferior do
retângulo representa o preço de abertura do período analisado, enquanto que o
lado superior representa o preço de fechamento.

A extremidade superior da sombra de um candle branco representa o preço


máximo negociado no período e a extremidade inferior da sombra representa o
preço mínimo alcançado. Em um candle de corpo preto (negativo), as sombras
continuam tendo o mesmo significado, porém o significado do corpo muda.

No candle de corpo preto, o preço de abertura equivale ao lado superior do


retângulo, enquanto que o preço de fechamento equivale ao lado inferior.

JOVENS INVESTIDORES 123


A movimentação dos preços em cada período do gráfico de candlesticks é
representada por uma figura geométrica em forma de vela (candle, em português).
Cada vela é formada por um retângulo (corpo do candle), que pode ou não
apresentar linhas verticais (sombras) em suas extremidades superior e inferior.

O corpo e a sombra de um candle possuem significados específicos, assim


como a sua cor. As cores branca e preta são convenções para identificar
fechamento positivo (acima da abertura) e negativo (abaixo da abertura)
respectivamente.

O significado das sombras não varia de acordo com a cor do corpo do


candle.

Máxima
Fechamento Abertura Sombra

Corpo

Abertura Fechamento
Sombra
Mínima

Candles de alta e baixa

O candle pode ser de alta ou de baixa. É aqui que entra a questão do


posicionamento dos preços de abertura e fechamento.

O que caracteriza um candle de alta? Preço de fechamento acima do de


abertura representando uma força maior dos compradores, um otimismo dos
investidores durante a sessão.

E o candle de baixa?

Fechamento abaixo da abertura, representando uma força maior dos


vendedores, um pessimismo dos investidores.

Conseguiram perceber alguma diferença na aparência dos candles de alta


e baixa? Parabéns, é isso mesmo, eles possuem cores distintas.

124 JOVENS INVESTIDORES


A cor é outra característica fundamental dos candles. Ela facilita bastante a
vida dos investidores ao tornar simples a distinção dos candles de alta e baixa no
gráfico.

As cores mais usadas pelos analistas são o branco e o preto.

O corpo branco representa um candle de alta e o preto, um candle de baixa.

A definição das cores fica a critério de cada analista através das


configurações da sua plataforma gráfica. Por exemplo, outras cores bem usadas são
o verde e o vermelho, verde para o candle de alta e vermelho para candle de baixa.

Ao visualizar um candle de alta significa que o preço de uma ação valorizou


em relação ao dia anterior? Não necessariamente, pois, mesmo após um candle de
alta, uma ação pode ter terminado o dia com desvalorização.

Como assim? Simples! O que determina a valorização ou desvalorização de


um ativo entre sessões é o preço de fechamento. Se o fechamento de hoje for inferior
ao do pregão anterior, então dizemos que esse ativo se desvalorizou.

Caso contrário, teremos uma valorização. Vantagens dos gráficos de


candlesticks

Uma das vantagens dos candles é que eles permitem uma visualização mais
fácil das tendências graças à predominância das cores positivas ou negativas.

Outra vantagem é que os próprios candles formam padrões que podem


representar reversões de movimentos, continuidade ou indefinição do mercado.

Origem do termo:

Candlestick é o nome de uma técnica de análise gráfica de mercado,


criada no Japão em meados do século XVIII, nas antigas bolsas de arroz de Osaka.

No século XVIII, os japoneses desenvolveram um método de análise técnica


para analisar os preços de contratos futuros de arroz.

O arroz era a riqueza e os fazendeiros de todo o Japão podiam mandar sacas


de arroz que eram mantidas em armazéns; em troca, recebiam um cupom
representativo do valor, o qual poderia ser vendido a qualquer momento.

Apenas na bolsa Dojima, operavam cerca de 1.300 traders de arroz.

JOVENS INVESTIDORES 125


Candlestick é o nome ocidentalizado (em inglês), pelo qual essa técnica se
tornou conhecida no mundo inteiro. Foi trazida ao ocidente pelo americano Steve
Nison, investidor de Wall Street.

Atribui-se a MunehisaHonma o maior desenvolvimento desta técnica de


análise. Ele não via a necessidade de se fazer presente em Osaka, comunicava as
instruções de compra e venda por mensageiros.

Diz a lenda que conseguiu 100 trades consecutivos vitoriosos. De suas teorias
evoluíram as técnicas de candlestick, que hoje são utilizadas e pesquisadas em todo
o mundo.

O termo Candlestick (candelabro em inglês) se deve ao fato de os elementos


gráficos utilizados na representação dos preços praticados pelo mercado
lembrarem velas, distribuídas sobre a área do gráfico. A análise se faz através da
identificação de "figuras" formadas pelos "candles" (velas) em determinado ponto
da tendência de mercado.

Os padrões de candles são úteis para um alarme antecipado de futuros


movimentos dos preços, além de servirem também como sinalizadores de suportes e
resistências. Também são úteis para sinalizar mercado sobrevendido ou
sobrecomprado.

Existem operadores que utilizam somente esses padrões para seus trades,
porém recomenda-se seu uso em complemento a outros indicadores técnicos.

O principal objetivo da Análise Técnica por meio de candlesticks é prever


mudanças nos movimentos de preços de um ativo (ações, mercadorias, etc.), de
modo a identificar o melhor momento para comprá-lo ou vendê-lo.

Segundo a teoria dos Candlesticks, as mudanças nos movimentos dos


preços, ou reversões de tendências, podem ser previstas por meio da disposição dos
candles, quando estes formam certos padrões conhecidos. A formação dos
padrões, ou sinais, de reversão ocorre devido a fatores psicológicos e emocionais
dos operadores do mercado.

O candlestick representa graficamente a variação de preços de


determinado ativo em uma unidade de tempo, nele estão representados:

· Preço de abertura - é o preço pelo qual foi fechado o primeiro negócio do


intervalo.

126 JOVENS INVESTIDORES


· Preço de fechamento - é o preço pelo qual foi fechado o último negócio do
intervalo.

· Preço máximo - é o maior preço negociado no intervalo.

· Preço mínimo - é o menor preço negociado no intervalo.

Candle de alta Candle de baixa


Fechamento MAIOR que a abertura Fechamento MENOR que a abertura

Máxima Máxima

Fechamento Abertura

Abertura Fechamento

Mínima Mínima

Postados em importantes suportes e resistências do mercado, aliados às


ferramentasde análise técnica como as Bandas de Bollinger, os candlesticks podem
elevar a eficiência de se encontrar pontos de reversão. Muito mais que decorar
todos os candlesticks existentes nos manuais de análise técnica, os investidores
devem saber interpretar as formações e ter a consciência de que as tendências não
mudam repentinamente em razão de um candlestick, mas que ele indica o início de
um novo processo.

JOVENS INVESTIDORES 127


FIGURAS BÁSICAS

Dias Longos: representa um forte movimento do preço, desde a


abertura até o fechamento, com predomínio dos compradores (branco)
ou dos vendedores (preto).

Marubozu: Marubozu é uma expressão japonesa que significa


careca.Representa um longo dia de alta ou baixa. Não existem sombras, isto é, os
preços máximos e mínimos são iguais ou próximos ao preço de abertura e
fechamento. Dia em que houve domínio dos compradores ou vendedores.

Dias Curtos: dia sem movimento significativo, equilíbrio entre


vendedores e compradores.

Estrelas: pequenos corpos reais em GAP (cotação onde não houve


negociações) acima ou abaixo de um corpo real longo, forma par com
figuras de reversão.

Spinning Tops: equilíbrio entre compradores e vendedores, mas


com forte oscilação de cotações.

Paper Umbrella: Aparecem no final de tendências, forte indício de


reversão de tendência.

Doji: É considerado padrão de equilíbrio ou de indecisão do mercado,


que muitas vezes, antecede a importantes reversões de tendência.

128 JOVENS INVESTIDORES


PADRÕES DE REVERSÃO DE ALTA

PIERCING LINE
DEFINIÇÃO

Primeiro há um movimento de baixa forte,


seguindo de um candle de alta que penetra em mais
da metade do candle anterior

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Os compradores começam a pensar que o


preço já atingiu um patamar adequado e que é uma
boa oportunidade para comprar ativo. Os vendidos
começam a perder a confiança de que o preço
seguirá caindo e começam a rever/encerrar suas
posições.

IMPORTANTE

Quanto mais o candle de alta penetrar no candle


anterior de baixa, maior será a possibilidade de
reversão da tendência.

KICKING
DEFINIÇÃO

Um Marubozu de baixa seguido de um


Marubozu de alta, que abre em gap em relação ao
candle anterior.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Essa formação de candle é um sinal muito


forte de que o mercado seguirá em alta. A direção
prévia em que vinha o mercado não tem importãncia
como nos outros padrões, pois a força compradora é
grande.

IMPORTANTE

Não devem existir pavios nos candles ou, se


existirem, devem ser mínimos.

JOVENS INVESTIDORES 129


BEBÊ ABANDONADO
DEFINIÇÃO

È um sinal de reversão raro, composto por um Doji


cercado de gaps. O gap não é só no corpo, mas também
deve exisitr entre os pavios dos candles de alta e baixa que
estão ao lado do Doji

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Cenário presente em quase todos os padrões de


reversão de três candles. O primeiro candle mostra aos vendiso
com força e, no segundo dia, as forças praticamente se
igualam, revelando que os vendidos já não estão mais seguros
de suas posições. No terceiro dia vem a confirmação desta
mudança de humor e os comprados se tornam maioria,
confirmando a reversão.

IMPORTANTE

A confiabilidade desse tipo de sinal é muito grande e a confirmação do movimento se dá no


terceiro candle, que é o candle de alta que fecha o padrão. Importante que esse candle de alta
tenha um gap em relação ao Doji, incluindo os pavios

ESTRELA DA MANHÃ
DEFINIÇÃO

Outro padrão formado a partir de três candles,


sendo um candle de baixa, seguido de um candle de
corpo pequeno, ou Doji, e um candle de alta

PADRÃO MERCADOLÓGICO

O candle de baixa sugere que os vendidos estão


mandando no mercado, porém no pregão seguinte,
forma-se o candle de corpo pequeno após um gap,
mostrando que os vendidos já não tem a mesma influência.
O candle de alta vem para confirmar que essa influência
acabou

IMPORTANTE

O candle de corpo pequeno pode ser mais do que um, não


são raros os casos com dois ou três candles de corpo
pequeno no fundo da reversão e não importa se os candles pequenos são de alta ou de baixa.

130 JOVENS INVESTIDORES


THREE OUTSIDE UP
DEFINIÇÃO

Engolfo com um candle de alta que confirma a


reversão.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Nos primeiros candles nota-se o padrão de


engolfo, mostrando que os vendidos perderam seu
domínio sobre o mercado. No terceiro dia vem a
confirmação desta reversão e os comprados passam a
dominar.

IMPORTANTE

Quanto maior for o fechamento do terceiro


candle, melhor será a confirmação do padrão. É preciso
que o terceiro candle tenha uma fechamento maior que o
segundo.

DRAGON FLY DOJI


DEFINIÇÃO

Caracterizado por um candle que ocorre no final de um


movimento de baixa ou durante este movimento. É muito parecido
com um martelo, mas no caso do dragonfly, os preços de abertura e
de fechamento são iguais, como também não há corpo
envolvendo o candle.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Na abertura do mercado rapidamente a venda se impõe


levando os preços a novas minímas, porém em algum momento do
intraday, o preço se torna atraente e os investidores começam a
comprar, levando o preço do ativo de volta ao preço de abertura,
reduzindo o sentimento dos vendidos de que eles continuarão a
dominar esse movimento. Se o valor do ativo abre em alta no dia
seguinte, muitos vendidos estarão incentivados a fechar suas
posições.

IMPORTANTE

O padrão é mais forte do que o martelo. A confirmação no dia seguinte é necessária, imposta
por um candle de alta ou um gap acima da máxima do dia anterior.

JOVENS INVESTIDORES 131


LONG LEGGED DOJI
DEFINIÇÃO

Caracterizado por longas sombras, o que


demonstra a indecisão entre touros (compradores) e
ursos ( vendedores). Como no Dragonfly, os preços
de abertura e fechamento são praticamente iguais e
não há corpo.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Demonstra que há uma indecisão reinando


no mercado. Podemos ver que os preços se
movimentaram muito acima e abaixo do preço de
abertura, mas acabam por fechar no mesmo nível da
abertura, apesar da volatilidade.

IMPORTANTE

Ele é mais representativo em fundos e requer um


candle de alta no pregão seguinte para configurar a
reversão.

ENGOLFO DE ALTA
DEFINIÇÃO

Depois de um movimento de baixa, surge um candle


de alta engolfando por completo o candle anterior. Não há
necessidade de se englobar as sombras do candle anterior, mas
o corpo precisa ser totalmente englobado

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Demonstra que a venda perdeu a força e agora os


comprados começam a tomar as rédeas do mercado.

IMPORTANTE

O tamanho dos corpos dos candles é importante nesta


formação. Quanto maior o candle de alta, maior a força da
reversão, o que sinaliza a força emergente dos compradores.
Esse padrão requer mais um candle de confirmação, com
fechamento superior ao segundo candle.

132 JOVENS INVESTIDORES


GRAVESTONE
DEFINIÇÃO

Depois de um movimento de baixa,


surge um candle de alta engolfando por
completo o candle anterior. Não há necessidade
de se englobar as sombras do candle anterior,
mas o corpo precisa ser totalmente englobado

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Demonstra que a venda perdeu a força


e agora os comprados começam a tomar as
rédeas do mercado.

IMPORTANTE

O tamanho dos corpos dos candles é


importante nesta formação. Quanto maior o
candle de alta, maior a força da reversão, o que
sinaliza a força emergente dos compradores.
Esse padrão requer mais um candle de
confirmação, com fechamento superior ao
segundo candle.

HARAMI CROSS
DEFINIÇÃO

Este é um doji precedido por um


marubozu de baixa. O harami cross é mais
significativo como sinal de reversão do que
o harami normal.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

O padrão demonstra a disparidade


ocorrida no mercado. Antes predominava
a venda, demonstrada pelo Marubozu de
baixa mas o doji que aparece no dia
seguinte revela que o mercado entende
que a sequencia de venda esta chegando
ao fim.

IMPORTANTE
O Hamari não é o pradrão de reversão mais
forte que existe. Entretanto, nas
combinações onde aparece, o Doji torna-se siginificativo. A confirmação no dia seguinte é
recomendada, porem não é necessária para concluirmos que a reversão esta próxima. A
confirmação vem com um candle de alta, com fechamento superior ao Doji.

JOVENS INVESTIDORES 133


BREAKWAY
DEFINIÇÃO

Nada mais é que o famoso fundo arredondado,


formado por vários candles, pelo menos cinco deles,
algo que é comum de acontecer no mercado.

PADRÃO MERCADOLÓGICO

Esse padrão demonstra que o mercado atingiu


um ponto de sobrevenda e patamares de preços
menores não predominam. A deterioração do
mercado de baixa se confirma com o ultimo candle
de alta.
IMPORTANTE

É muito importante que o candle de sexto dia confirme a reversão com um candle de alta e um
fechamento maior que os outros candles.

PADRÃO DE REVERSÃO DE BAIXA

DARK CLOUD
DEFINIÇÃO
É um padrão composto por dois candles, que
caracteriza o final de uma tendência em alta. Temos um
candle de baixa formado após um candle de alta, com
fechamento próximo ou na mínima do dia, sendo este
menor que o fechamento do dia anterior.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
O mercado vem em um movimento de alta
forte e abre o pregão com um gap, mostrando que os
comprados estão no controle da situação. Porem, o rali
não continua durante o dia e o preço fecha próximo da
mínima do dia, mas abaixo do fechamento do dia
anterior. Neste momento , os vendidos tem a
oportunidade de forçar o movimento de baixa com stop claro na máxima do dia.

IMPORTANTE
Quanto mais o candle de baixa penetrar no candle anterior de alta, maior será a possibilidade
de reversão.

134 JOVENS INVESTIDORES


BEBÊ ABANDONADO
DEFINIÇÃO
Como na sua versão de alta, o padrão é
composto por um doji rodeado de gaps, incluindo
os pavios dos dois candles que cercam.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
O maior dos padrões de reversão formada por
três candles tem cenários similares. O mercado
abre com um gap no movimento em alta, mas a
variação de preço é bem pequena, com o
fechamento próximo ao da abertura, mostrando o
equilíbrio entre comprados e vendidos. A partir
deste movimento é verificado um sinal bem claro
de fraqueza por parte dos compradores ao passo
que os vendidos aproveitam o ponto de stop para
forçar o novo movimento.

IMPORTANTE
Este é um padrão raro que é bastante confiável vindo de um topo. Contudo, a confirmação
de um candle de baixa no terceiro dia torna o sinal de domínio dos vendidos bem mais claro.

ESTRELA DA TARDE
DEFINIÇÃO
É um dos padrões mais importantes entre os
candlesticks. Formado por três candles, e composto
por um candle de alta com um corpo grande, e
seguindo de um corpo pequeno, que pode ter alta,
mas normalmente é de baixa, seguido de um terceiro
candle de baixa.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
O mercado vem em um movimento de alta
até que um candle de corpo pequeno aparece,
sugerindo que a capacidade dos comprados em
continuar mantendo o movimento de alta esta
diminuindo. O candle de baixa do terceiro dia,
retornando os preços a patamares de dois dias atrás,
mostra que os vendidos agora dominam o mercado.

IMPORTANTE
O segundo movimento do padrão, que
caracteriza a estrela, pode ser formado por uma, duas ou ate três estrelas. Quão e tão significativo se a
estrela é de alta ou de baixa, ou se há gaps entre candles, mas é relevante que depois da estrela
tenhamos um candle de baixa grande cheio.

JOVENS INVESTIDORES 135


TREE BLACK CROWS

DEFINIÇÃO
Outro padrão importante, formado por
três candles de baixa que parecem degraus
em queda, demonstrando um forte movimento
de reversão.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
Este padrão geralmente ocorre quando
o mercado vem em um movimento de alta por
muito tempo e agora se aproxima de um topo.
O primeiro candle mostra a perda da força dos
comprados. Ao passo que os seguintes revelam
a liquidação de lucros por parte dos
investidores que ainda estavam comprados no
ativo.

IMPORTANTE
O preço de abertura do segundo e do terceiro dia pode ser em qualquer ponto do corpo do
candle anterior, mas o fechamento é sempre abaixo do fechamento anterior. O corpo do candle anterior,
se o candle de baixa for muito longo, é preciso tomar cuidado, pois o mercado pode estar sobrevendido.

DRAGON FLY DOJI

DEFINIÇÃO
Formado por um único candle, ele
ocorre no final de um movimento de alta, muito
parecido com o padrão enforcado, com a
diferença que não há corpo no candle.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
Este padrão geralmente ocorre quando
o mercado vem em um movimento de alta e
segue um grande movimento de venda na
abertura do pregão, acompanhado do rali de
compra próximo ao fechamento a serem iguais.
Se no pregão seguinte o preço abrir em baixa,
teremos muitos compradores querendo suas
posições no ativo.

IMPORTANTE
O dragonfly e um sinal mais forte de reversão do que um enforcado e, por isso, mais confiável. A
confirmação da reversão vira através de um candle de baixa no pregão seguinte.

136 JOVENS INVESTIDORES


ENGOLFO DE BAIXA

DEFINIÇÃO
Depois de um movimento de alta, surge
um candle negativo engolfando o corpo do
candle anterior.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
O mercado vem sendo dominado pelos
comprados quando, em um determinado
patamar, ocorre um grande movimento de
venda revelando a força dos vendidos.

IMPORTANTE
O tamanho relativo entre o corpo dos dois candle que formam esse padrão é importante. Um corpo
pequeno de alta com um corpo grande de baixa, mostra claramente a nova força dominante dos
vendidos. Havendo um grande volume associado ao clandle de baixa ou se ele engolfar mais de um
candle de alta, temos uma probabilidade ainda maior de reversão.

GRAVESTONE DE BAIXA
DEFINIÇÃO
Este é um padrão caracterizado por abertura e
fechamento ambos na mínima do dia. Normalmente
aparece no topo de uma sequencia de candle de alta e
representa uma boa chance de reversão.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
O mercado abre em um valor mínimo, mas um rali de
alta leva os preços a novas máximas. Esse novo patamar
máximo não consegue se manter e os preços retornam ao
valor mínimo da abertura, representando um problema para os compradores, já que não conseguem
mais elevar os preços devido a ação dos vendidos.

IMPORTANTE
O gravestone de baixa é mais significativo como sinal de reversão em relação ao shooting star.
Quanto maior o pavio, maior será a força mostrada pelos vendidos. Um candle de baixa confirma o topo
no pregão seguinte.

JOVENS INVESTIDORES 137


HARAMI CROSS DE BAIXA
DEFINIÇÃO
Um dos mais significativos haramis, o padrão é
caracterizado por um candle de alta seguido de
um doji.

PADRÃO MERCADOLÓGICO
É um sinal de disparidade sobre a SAÚDE do
mercado, que vem em um movimento de alta e,
de repente, não consegue firmar novas máximas
mostrando o esgotamento da forca dos
comprados.

IMPORTANTE
A confirmação no pregão seguinte com um candle de baixa com fechamento menor do que o
candle de alta anterior ao doji é importante para confirmar a versão.

138 JOVENS INVESTIDORES


ESTRATÉGIA BASEADA EM GRÁFICOS

A
s principais estratégias de compra de um ativo usando a análise
técnica, também conhecida como gráfica, são:

Rompimento;
Correção;
Contra tendência.

As três estratégias mencionadas estão diretamente ligadas à tendência do


preço, premissa básica da análise técnica. A característica principal de uma
tendência de alta ou baixa é a formação de topos e fundos ascendentes ou
descendentes, conforme exibido nas figuras 1 e 2.

TOPO TOPO
TOPO
TOPO

FIG 1 FIG 2

FUNDO
FUNDO

FUNDO FUNDO

As estratégias de rompimento e correção geralmente são usadas quando o


preço está em tendência de alta. Por outro lado, a estratégia de compra contra
tendência é utilizada quando determinado ativo está em tendência de baixa.
Vamos agora abordar separadamente essas estratégias.

Rompimento

Estratégia que consiste em comprar um ativo após o rompimento do topo


anterior, conforme destacado na figura. Em outras palavras, a compra é realizada
quando ocorre a formação de um pivô de alta no gráfico.

JOVENS INVESTIDORES 139


Topo anterior

Rompimento

Fundo ascendente

Fundo anterior

Observe na figura que, antes de ocorrer o rompimento do topo, há


formação de um fundo ascendente, ou seja, em um nível acima do fundo anterior.
Esse é um requisito necessário para a execução da estratégia, pois mostra que o
preço está ou entrará em tendência de alta na superação do topo anterior.

Correção

Estratégia que consiste em comprar um ativo após um movimento de baixa dentro


de uma tendência de alta, conforme destacado na figura. Geralmente, a compra é
acionada após alguma sinalização gráfica que indique uma chance maior de
retomada do movimento de alta.

Sinal de alta

Fundo anterior
140 JOVENS INVESTIDORES
O que anula a execução dessa estratégia? Correto, um movimento de baixa
que supere a mínima do fundo anterior, cancelando assim a tendência de alta do
preço. Portanto, o sinal gráfico de compra deve ocorrer acima da mínima do fundo
anterior.

Contra tendência

Estratégia que consiste em comprar um ativo após um forte movimento de


baixa, conforme destacado na figura. Antecedendo esse movimento, observe que
há um topo descendente, ou seja, mais baixo que o topo anterior, representando
uma tendência de baixa.

Topo anterior

Topo descendente

Sinal de alta

A compra costuma ser acionada após alguma sinalização gráfica que


indique uma chance maior de subida do preço. O objetivo principal é tentar
aproveitar um possível repique de alta, ou seja, um movimento de correção da forte
queda.

JOVENS INVESTIDORES 141


CONCLUSÃO

O CONTO DOS TRÊS PORQUINHOS

“Era uma vez três irmãos, nasceram da mesma mãe (sério?), tiveram a
mesma criação, as mesmas oportunidades. No entanto, um deles vivia em uma
casa de palha, o outro vivia em uma casa de madeira e o terceiro vivia em uma
casa de tijolos.

Mas porque isso, se eles tinham todos as mesmas condições quando


nasceram, o que aconteceu no decorrer do caminho, porque um irmão se torna
bem sucedido e os outros não?

Esqueci de mencionar, o nome do irmão que vivia na casa de palha era


Vadiozinho, o que vivia na casa de madeira era o Conformadinho e o que vivia na
casa de tijolos era o Esforçadinho.

Durante sua criação o Vadiozinho acostumou-se a apoiar-se nos seus irmãos,


nos estudos sempre copiava os trabalhos dos irmãos, sempre ia onde os irmãos iam,
era uma sombra que os seguia e os imitava.

Quando precisava ajudar em alguma tarefa, sempre dava um jeito de sair


de fininho, alegava ser o mais novo, o bebê da casa e por isso fazia corpo mole para
tudo.

A infância passou e os irmãos tornaram-se adultos. Mas o Vadiozinho ficou


apenas velho, e não adulto. Não sabia viver para si mesmo, e fazia as coisas de
qualquer jeito. Construiu uma casa de palha, vivia da sua pequena horta, e passava
os dias deitado na rede observando da sua porta os dias passarem.

Já o Conformadinho, sempre acatou as ordens do irmão mais velho, nunca o


contrariou e nunca teve a coragem de expor as suas idéias, contentou-se em ser um
seguidor ao invés de líder, na fase adulta optou por morar perto dos seus irmãos, caso
um dia precisasse de algo bastava atravessar a rua, construiu para si uma casa de
madeira e passava os dias conformado com a sua vida e lutar por algo melhor seria
arriscar o conforto atual.

JOVENS INVESTIDORES 145


O Esforçadinho, desde criança mostrou-se um líder nato, cuidava de seus
irmãos, ajudava a sua mãe na casa. Sempre era o primeiro a dizer “eu faço” quando
alguma tarefa era designada aos irmãos. Não por maldade tomava a frente das
situações, apenas queria poupar os seus irmãos de terem que passar por problemas,
não sabia ele que um homem precisa enfrentar os problemas para amadurecer e
não pode esconder-se atrás de um protetor a vida inteira.

Quando atingiu a fase adulta, queria viver com conforto e sempre em busca
de algo mais, passava os dias trabalhando em sua plantação e construiu para si uma
casa que fosse capaz de suportar qualquer tempestade.

Certo dia, houve rumores que um tornado estava a espreita, apelidaram o


tornado de “lobo mal” pois lembrava um conto da infância de um lobo que destruía
as casas das pessoas apenas com o vento que soprava.

Naquela fatídica tarde, o tornado formou-se e em sua rota estava o


endereço dos irmãos. O primeiro a sofrer com a catástrofe foi o Vadiozinho, sua casa
foi ao chão e como era acostumado a apoiar-se nos outros, correu para a casa do
seu irmão.

O Conformadinho não gostou muito da idéia, pois seria uma mudança em


seu estilo de vida mas não pode dizer não ao irmão. Mas sua casa não era forte o
bastante, por mais que tenha trabalhado em alicerces para sua vida não era
suficiente para agüentar um tornado.

Correram pedir socorro ao seu irmão mais velho, esse saberia o que fazer já
que sempre soube como agir. Estariam seguros na casa do irmão.

O lobo mal passou e em seu rastro deixou destruição. Os irmãos estavam


vivendo as custas do Esforçadinho. Este percebeu que mesmo dando teto aos seus
irmãos, isso não os transformaria em homens de verdade.

Não dê migalhas, não dê o peixe, ensine-os a pescar.

O irmão então passou parte dos seus conhecimentos aos demais, mostrou
como gratificante são os frutos do trabalho e do esforço diário, enfim seus irmãos
tiveram o que sempre precisaram, não um irmão mais velho que o protegia de tudo e
de todos, mas um guia que os ensinasse a viver.”

Não corra atrás do mesmo que os demais, não contente-se com pouco se
pode ter muito, e se tiver que ajudar alguém, ajude com conhecimento.

146 JOVENS INVESTIDORES


CONCLUSÃO
Aposto que tem muita gente com sede de mais conhecimento, esse livro
apresentou a você alguns erros que deve evitar para gerir o seu novo negócio e
apresentá-lo a Bolsa de Valores assim como a analise gráfica.

Enfatizei muito uma parte que talvez nem seja a realidade de muitos, que é o
controle das dividas e despesas. Fiz isso justamente porque eu sei o inferno que é
viver em um mundo onde você não faz negócios, mas passa apenas a administrar
dívidas, tentei alertá-lo ao máximo sobre isso, quando eu digo para vocês não terem
dividas iniciais, não é porque não quero que vocês andem em carro do ano, etc. Eu
quero que vocês deitem a noite e consigam dormir, que possam planejar como
crescer e não viver apenas superando uma coisa após a outra.

Tenha extrema cautela e frieza na hora de fazer negócios, dívidas e


investimentos, ninguém irá ajudá-lo caso erre. Que a lição a ser apreendida tenha
sido absorvida por vocês.

Se tiver que arriscar, arrisque o que é seu. Se for para perder, perca somente o
que tem, não o que poderá um dia ganhar.

É meu trabalho abrir os olhos de que nem tudo é fácil, faça certo na hora de
gerir o seu negócio e não terá nem tempo para pensar em falhar. O sucesso virá se
você persistir e tentar, a jornada de mil quiilometros começa com o primeiro passo.

Se você pegou esse livro achando que bastava apenas o ler para sair
investindo certo, e já ganhar milhões, errou totalmente.

Esse livro é o começo dos seus estudos, você deve buscar mais
conhecimento, estar sempre em constante evolução, dia após dia. Esse livro é uma
gota do oceano que precisa aprender para saber investir.

Desejo a todos muita sorte nos negócios e nos investimentos, e que sempre
haja a sede de mais conhecimento.

Em breve lançaremos o segundo livro, este sim com todos os meus textos e
conhecimentos sobre o mundo capitalista.

Nos veremos em breve.

JOVENS INVESTIDORES 147


‘As limitações do que você é capaz de realizar somente serão conhecidas no seu leito
de morte e, mesmo no final lamentará apenas pelas desistências e não pelos fracassos.

Fracassar é apenas aprender a forma errada de se fazer algo.

Desistir enquanto é capaz de agir, é o mesmo que cometer suicídio. Porque enquanto
você esta vivo não existe limitações nem lamentações, apenas oportunidades. ‘

- J.F Rozza
RIQUEZA
BOLSA DE VALORES
SABE O QUE VEM DEPOIS DA
PRIMEIRA GRANDE IDÉIA?

DINHEIRO A SEGUNDA.
BOLSA DE VALORES. Todos que escutam sobre isso, sonham em um dia
começar a investir, ficar rico. Mas o sonho de muitos já ACABA no primeiro
obstáculo. Muitos assim como eu quando decidi investir na Bolsa de Valores,
precisam superar um pequeno problema, a falta de dinheiro. Eu não tinha
dinheiro para começar, nem conhecimento na área.

O conhecimento se aprende e o dinheiro você FAZ.

Por isso, o LIVRO UM de Jovens Investidores será dividido em duas


partes, a primeira parte, vai ensiná-lo a montar uma pequena empresa que
gere rapidamente um capital para você investir, a segunda parte irá ensiná-lo
a duplicar esse capital na Bolsa de Valores.

Mas como? Em Jovens Investidores, eu passarei o modelo da minha


primeira grande idéia, a qual me deu o capital necessário para começar a
investir.

NEGÓCIOS
J.F ROZZA

FORTUNA

Você também pode gostar