Paulo Alexandre Tavares Pereira Otimiza C Ao de Ensaios Funcionais em Esquentadores Open Flue
Paulo Alexandre Tavares Pereira Otimiza C Ao de Ensaios Funcionais em Esquentadores Open Flue
Paulo Alexandre Tavares Pereira Otimiza C Ao de Ensaios Funcionais em Esquentadores Open Flue
Conteúdo i
Lista de Tabelas v
1 Introdução 1
1.1 Proposta e Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 O esquentador 5
2.1 O que é um esquentador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Como funciona um esquentador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3 Componentes relevantes 13
3.1 Transdutores de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.1.1 Sensores de resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.1.2 Termopares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1.3 Termı́stores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1.4 Sensores de temperatura integrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Transdutores de pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 Transdutores de caudal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4 Situação atual 19
4.1 Ensaio final do esquentador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.2 Contextualização do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.2.1 Descrição do AGU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5 Proposta de optimização 25
5.1 Aquecimento por indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.1.1 Impacto da frequência no aquecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.1.2 Desenvolvimento da bobine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.1.3 Circuito auto-oscilante com bobine de 3 terminais . . . . . . . . . . . 29
5.1.4 Circuito auto-oscilante com bobine simples . . . . . . . . . . . . . . . 31
Circuito em PCB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
i
5.1.5 Circuito Fullbridge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.1.6 Circuito com Digipot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2 Banca de pré-afinação de válvulas de gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2.1 Alteração circuito de controlo de pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.2.2 Alteração ao circuito de medição caudal . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6 Observações e Resultados 39
6.1 Construção da Bobine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.2 Circuito auto-oscilante com bobine simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6.3 Circuito Fullbridge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
6.4 Alterações banca pré-afinação de automáticos de gás . . . . . . . . . . . . . . 44
Bibliografia 49
ii
Lista de Figuras
2.1 Fotografia do modelo do Gas Geyser que pode ser visitado no Museu da Ciência
em Londres[15]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Edwin Ruud ao lado do seu esquentador de água automático [19]. . . . . . . . 6
2.3 Esquentador moderno da marca Junkers [23]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Esquema caracterı́stico do processo de queima para os esquentadores com
exaustão natural. [27] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.5 Esquema de funcionamento de um esquentador do tipo FP [28]. . . . . . . . . 8
2.6 Esquema interno de um esquentador. 1–Chaminé, 2–Sensores de segurança,
3–Câmara de combustão, 4–Automáticos de água e gás. Adaptado de: [30]. . 9
2.7 Esquema de funcionamento de um automático de água com efeito Venturi. Na
imagem a) verifica-se que quando não existe fluxo de água a pressão nos dois
lados da membrana é igual. Quando existe fluxo de água, imagem b), a pressão
na parte superior da membrana é menor do que na inferior, empurrando assim
a membrana para cima. [32] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.8 Fotografia de um automático de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.9 Fotografia do termostato utilizado para detecção do retorno dos gases de queima. 12
4.1 Soprador de ar quente utilizado para acelerar o teste dos sensores AGU. . . . 20
4.2 Representação interna dos componentes que formam os sensores do tipo AGU. 22
4.3 Esquema do funcionamento interno dos termóstatos com acção bimetálica.[47] 23
4.4 Curvatura nos discos bimetálicos quando sujeitos a variações na temperatura. [48] 24
iii
5.6 Esquema do circuito de indução com fonte de alimentação de 12V [59]. . . . . 30
5.7 Circuito de indução para fonte de alimentação de 12V e bobine planar com
ponto médio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5.8 Circuito de indução auto-oscilante com regulador LM7812 e bobine com 2 ter-
minais [61]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.9 Fotografia do circuito auto-oscilante com LM7812 para bobine com 2 terminais. 32
5.10 Circuito final em PCB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.11 Esquema de funcionamento de um circuito em Ponte H. . . . . . . . . . . . . 33
5.12 Circuito de indução com FullBridge Gate Driver IRS2453. . . . . . . . . . . . 33
5.13 Circuito fullbridge, tem em falta um andar de transı́stores. . . . . . . . . . . . 34
5.14 Diagrama de funcionamento do circuito com Digipot. . . . . . . . . . . . . . . 34
5.15 Desenho CAD da banca de ensaio funcional de automáticos de gás. [64] . . . 35
5.16 Esquema simplificado do circuito pneumático inicial, presente no Anexo A.2 . 36
5.17 Esquema simplificado do circuito pneumático proposto. . . . . . . . . . . . . 37
iv
Lista de Tabelas
v
vi
Lista de Acrónimos
• FP : Fan Pressurazied
• HDG : Hidrogerador
• OF : Open Flue
vii
viii
Capı́tulo 1
Introdução
Quando se repara nas comodidades existentes nos anos 30, torna-se complicado compará-
las com as que existem atualmente. Por exemplo, nos anos 30, em Portugal, apenas 16,70% dos
portugueses habitava casas eletrificadas. Porto e Lisboa representavam a maior percentagem
no que diz respeito à eletrificação [1, p. 116]. A população utilizava, para o preparo das suas
refeições, gás de hulha ou gás natural. No ano de 1936 existiam cerca de 240000 portugueses
com rede de gás e apenas 9000 possuı́am um esquentador para aquecimento de águas [1,
p. 117].
Num passado mais recente e desde a sua introdução em Portugal, entre 1997 e 2011,
nota-se um crescimento exponencial do consumo de gás natural [2]. Trás-os-Montes e Algarve
parecem ser as regiões onde o consumo é menos elevado, potenciado pela deficiência de uma
rede de gás natural [2]. Já a partir de 2013, o consumo de gás natural sofre uma diminuição,
sendo de 4,6%. Também no que diz respeito ao consumo de GPL, nota-se uma redução no
seu consumo em 2013, cerca de 3% comparativamente a 2012 [3, p. 21].
Segundo o Instituto Nacional de Estatı́stica (INE), no seu inquérito sobre os consumos de
energia no setor Doméstico em Portugal, realizado em 2010, constatou que em 78,6% das casas
que utilizam equipamentos para o aquecimento de águas sanitárias, fazem-no com recurso a
um esquentador. [4, p. 78]
No entanto, o cenário mundial relativo à energia encontra-se em constante mudança,
motivado pelas alterações económicas e climáticas, sendo necessário travar as emissões de
CO2 [3, p. 21]. É também a partir de 1997, e ainda neste contexto, que surge o Protocolo
de Quioto. Para realizar este protocolo, reuniram-se vários paı́ses com o objetivo de discutir
soluções para as alterações climáticas sentidas até então, iniciando-se uma tentativa de reduzir
as emissões de gases com efeito de estufa [5]. Em 2007 vários lideres dos estados membros
da União Europeia voltaram a reunir-se para definirem um conjunto de objetivos (inseridos
na Estratégia “Europa 2020”) a serem atingidos até 2020. Dentro destas metas pretende-se
reduzir em pelo menos 20% as emissões de gases efeito estufa, aumentar em 20% a utilização
de fontes de energia renováveis e aumentar também em 20% a eficiência energética, valores
sempre comparados com os existentes em 1990 [6].
Para ajudar a cumprir os objetivos 20-20-20, em 2015 (a 26 Setembro), foram lançadas
normas que impunham os requisitos mı́nimos que os aparelhos destinados a AVAC (Aqueci-
mento Ventilação Ar Condicionado) e aquecimento de águas domésticas necessitavam cumprir
para poderem ser colocados à venda no mercado. A norma ErP (Energy-related Product)
1
identificou os parâmetros mı́nimos de eficiência, emissões de N Ox 1 e de poluição sonora nos
equipamentos para aquecimento de água sanitárias. Por sua vez, a norma ELD (Energy La-
belling Directive) definiu que equipamentos com potências de até 70kW ou com reservatórios
de até 500l possuı́ssem etiquetas energéticas e com detalhe do produto [8] [9].
A implementação destas regras seguiu duas fases, em primeiro lugar a fase de ELD (La-
belling) com inı́cio em 2015 e posteriormente a fase de ErP (EcoDesign) onde se limitou um
valor máximo de 56 mg/kWh as emissões de N Ox para esquentadores de água a Gás Natural
e GPL, regra que entrou em vigor a 26 de Setembro do presente ano [10].
Para cumprir a norma de EcoDesign surgiu a necessidade de descontinuar a produção de
alguns modelos de produtos e à obrigatoriedade de introduzir no mercado novos equipamen-
tos de acordo com a legislação vigente. Com os novos limites de emissões mais apertados, os
métodos de produção e os próprios esquentadores ficaram mais complexos e exigentes, impli-
cando um acréscimo no número dos sensores de segurança incorporados nos equipamentos.
2
de modo a reduzir o tempo necessário à realização dos ajustes.
3
4
Capı́tulo 2
O esquentador
Figura 2.1: Fotografia do modelo do Gas Geyser que pode ser visitado no Museu da Ciência
em Londres[15].
5
Estes tubos eram aquecidos pelos gases quentes provenientes da queima do gás com-
bustı́vel. No entanto, este aparelho apresentava elevados riscos na sua utilização por não pos-
suir um sistema de exaustão dos gases de queima [16], que podia levar à sua explosão [17]. Em
1889, pegando no trabalho anteriormente realizado por Benjamin Waddy MaugHan e introdu-
zindo ventilação dos gases de queima, aumentando a segurança na utilização dos aparelhos,
Edwin Ruud construiu o primeiro esquentador automático com reservatório [18], presente
na Figura 2.2 (atualmente denominado por termoacumulador), fundando depois a “Ruud
Manufacturing Company” [19].
Figura 2.2: Edwin Ruud ao lado do seu esquentador de água automático [19].
6
2.2 Como funciona um esquentador
Os esquentadores são definidos por 3 caracterı́sticas fundamentais: a capacidade, o tipo
de exaustão de gases e o seu gás de combustão. A capacidade de um esquentador representa a
quantidade em litros de água quente (com uma diferença de 25o C para a temperatura de en-
trada de água) por minuto, que o aparelho consegue fornecer. Por exemplo, um aparelho de 15
litros/min consegue fornecer 15 litros de água quente por minuto a 50o C se a temperatura de
entrada da água for de 25o C [24]. Quanto ao tipo de gás utilizado para combustão os esquen-
tadores podem ser produzidos para funcionarem com gás de cidade (também denominado por
gás de 1a famı́lia), gás natural (2a famı́lia) e a GPL (3a famı́lia). Esta distinção faz-se porque
cada famı́lia de gases é caracterizada por possuir um Índice de Wobbe diferente [25]. Este
fator representa o poder calorifico dos gases combustı́veis, quando nas mesmas condições, são
sujeitos à passagem pelo mesmo orifı́cio [26]. A exaustão dos gases provenientes da queima
pode-se realizar por exaustão natural (Open Flue - OF) ou por exaustão ventilada/forçada
(Fan Pressurized - FP). Nos equipamentos do tipo OF, o escoamento dos gases de queima,
assim como a admissão de ar para a combustão, faz-se através de convexão natural. Na Figura
2.4 apresenta-se o esquema simplificado do processo de exaustão dos gases de queima, num
esquentador do tipo OF.
Figura 2.4: Esquema caracterı́stico do processo de queima para os esquentadores com exaustão
natural. [27]
Os equipamentos do tipo FP contêm um ventilador para ajudar a expulsão dos gases pela
conduta de exaustão. Esta ventilação ajuda também no impulsionamento de ar necessário
para a combustão. Dentro desta gama de equipamentos existem também modelos completa-
mente estanques, em que o ventilador e a câmara de combustão são montados de forma isolada
do meio onde se encontra o esquentador, sendo então o ventilador responsável pela expulsão
dos gases de queima e pela admissão de ar fresco proveniente do exterior. Apresenta-se na
7
Figura 2.5 o esquema de um esquentador do tipo FP.
Os esquentadores são também catalogados quanto à sua forma de ignição,que pode ser
automática ou manual. Nos modelos manuais utiliza-se um sistema piezo-elétrico que precisa
de ser acionado pelo utilizador quando este necessitar de água quente. Os materiais piezo-
elétricos são conhecidos por responderem às deformações mecânicas dos seus corpos, através
da geração de cargas elétricas [29, p. 110] que posteriormente são utilizadas para gerar a
faı́sca de ignição. Os modelos automáticos encontram-se divididos em 2 grupos: os modelos a
baterias, onde a faı́sca é produzida por um circuito eletrónico alimentado a pilhas (quando se
trata de aparelhos FP a alimentação dos circuitos é proveniente da rede elétrica) e os modelos
com Hidrogerador (HDG), que possuem uma turbina em série com o circuito de água, que
quando existe fluxo de água gera a diferença de potencial necessária para despoletar a faı́sca
para iniciar a queima. Estruturalmente, um esquentador pode ser dividido em 4 grandes
blocos: automáticos de água/gás, câmara de combustão, chaminé de exaustão e sensores de
segurança.
8
Figura 2.6: Esquema interno de um esquentador. 1–Chaminé, 2–Sensores de segurança, 3–
Câmara de combustão, 4–Automáticos de água e gás. Adaptado de: [30].
O automático de água tem como função reconhecer a necessidade de água quente, isto é,
quando se abre uma torneira cria-se um fluxo de água dentro do automático, que faz deslocar
um êmbolo que atua no automático de gás, ligando o fornecimento de gás.
Esta funcionalidade é conseguida tirando partido do efeito de Venturi [31, p. 39]. Este
fenómeno diz-nos que quando temos um fluido incompressı́vel (nesta caso água) que circula
num tubo com secção variável, verifica-se que na zona de menor secção a velocidade do
fluido tem de ser maior do que na zona de maior secção, porque o caudal tem que se manter
constante. Assim sendo, aplicando-se a Equação de Bernoulli (2.1) [31] e assumindo que a
altura relativa entre as duas secções é zero, verifica-se que na zona de estrangulamento a
pressão vai ser menor do que na zona com maior área de secção. Para aplicar este conceito
nos automáticos, coloca-se um tubo de Venturi na entrada da água, como mostra a Figura 2.7.
Este tubo é caracterizado por não ter uma secção uniforme em todo o seu comprimento, tendo
uma zona com secção menor. Esta zona encontra-se ligada à parte superior da membrana.
Quando se inicia a passagem de água cria-se, na parte superior da membrana, uma pressão
menor do que na parte inferior mesma, fazendo com que esta se eleve empurrando o êmbolo
que serve de interruptor à passagem de gás. Assim que o fluxo de água cessa a pressão nos
dois lados da membrana volta a ser igual e esta retorna ao seu estado inicial, fechando a
9
alimentação de gás ao automático de gás.
v2 p
+ gz + = constante (2.1)
2 ρ
Onde:
v = velocidade do fluido;
g = aceleração da gravidade;
z = elevação em relação ao plano de referência;
p = pressão do fluido;
ρ = densidade do fluido;
10
Figura 2.8: Fotografia de um automático de gás.
11
no aparelho, sendo colocados à entrada e saı́da do tubo por onde esta circula. Estes sensores
têm como função bloquear o esquentador quando a água à saı́da do esquentador excede um
valor pré-definido (85o C). Normalmente são utilizados dispositivos do tipo NTC (Negative
Temperature Coefficient) que são resistências variáveis com a temperatura.
Por último, mas não menos importante, o sensor de retorno dos gases de queima encontra-
se no topo da chaminé, tendo como função detetar se a mesma se encontra bloqueada. Caso a
chaminé se encontre bloqueada, os gases resultantes da combustão não serão expelidos para o
exterior, acumulando-se na parte superior desta. Devido às elevadas temperaturas dos gases,
a chaminé irá aquecer. Deste modo, para detetar se existe acumulação dos gases resultantes
da queima, utiliza-se um termóstato (como mostrado na Figura 2.9) acoplado à chaminé. Este
é um método indirecto para a detecção da existência de gases, não sendo necessário utilizar
sensores próprios para a deteção de gases como CO e N Ox . Internamente ao grupo Bosch,
o sensor de retorno de gases de queima é também denominado por AGU.
Figura 2.9: Fotografia do termostato utilizado para detecção do retorno dos gases de queima.
12
Capı́tulo 3
Componentes relevantes
l
R=ρ (3.1)
A
Onde:
13
uma variação na resistência quase linear, podemos aproximar o polinómio a um do primeiro
grau tal que:
R = R0 [1 + α(Θ − Θ0 )] (3.2)
3.1.2 Termopares
14
Tabela 3.1: Vários tipos de termopares [29, p. 46].
Tipo Metais
(+) (-)
B Pt+30%Rh Pt+6%Rh
E Ni+10%CR Constantan
J Fe Constantan
K Ni+10%CR Nı́quel
R Pt+13%Rh Pt
S Pt+10%Rh Pt
T Cu Constantan
3.1.3 Termı́stores
Os termı́stores são dispositivos que, tal como os RTDs, apresentam uma resistência entre
os seu terminais que depende da temperatura. No entanto, estes são construı́dos a partir de
materiais semi-condutores. Este tipo de sensores pode ser dividido em dois tipos:
15
polarizado) ser proporcional à sua temperatura. Tipicamente neste tipo de sensores, utiliza-
se a junção Base-Emissor dos transı́stores BJT, aplicados no circuito denominado “célula de
Brokaw” [34] que se mostra na Figura 3.2.
• Pressão gauge: Mede-se diferença entre a pressão a ser medida e a pressão atmosférica
no local da medição.
16
(a) SMC - ITV-2030-01F3BN2-Q. (b) YOKOGAWA - EJA110A-DLS4A-92DA.
O efeito de Coriolis é também utilizado para se medir o caudal de fluidos. A força exercida
pela passagem de um fluido dentro de um tubo curvo, como o que se mostra na Figura 3.5,
faz com que o tubo oscile. Com base neste princı́pio, os caudalı́metros por efeito de Coriolis,
contém dois tubos de oscilação, em fase, a uma frequência e amplitude conhecidas. O fluido
a ser medido é dividido flui irmãmente pelos dois tubos, alterando a sua forma de oscilar. A
17
diferença de fase entre as duas oscilações irá ser proporcional ao caudal que se quer medir [41].
Por último, falta apenas referir os caudalı́metros do tipo Thermal Mass Flow. Este tipo de
equipamentos tira partido das propriedades térmicas dos fluidos para calcular o seu caudal.
O fluido a qual se quer medir o caudal é feito passar por um tubo que contém dois
transdutores de temperatura. Um dos transdutores funciona como um sensor de temperatura
e o outro como um elemento de aquecimento. Um esquema deste transdutor é apresentado
na Figura 3.6. Com passagem de fluido bloqueada, mede-se a diferença de temperatura (∆T )
entre os dois elementos. Como não existe passagem de fluido, essa diferença de temperatura
define o caudal igual a zero.
A passagem de fluido leva a que temperatura na sonda aquecida diminua, fazendo com que
o ∆T também diminua. De modo a manter o ∆T constante injeta-se mais energia na sonda
de aquecimento, de modo a compensar a energia que é dissipada pela passagem do fluido.
Este aumento da energia necessária para aquecer a sonda vai ser proporcional ao caudal [42].
A banca de pré-afinação de automáticos de gás utiliza este tipo de caudalı́metros.
Figura 3.6: Esquema simplificado de um caudalı́metro do tipo Thermal Mass Flow.Fonte [40].
Dos caudalı́metros anteriormente estudados, os que funcionam por efeito diferencial são
os mais baratos, no entanto, também são os que apresentam uma menor precisão. Por outro
lado, os caudalı́metros por efeito de Coriolis são os que apresentam uma maior precisão. Uma
das suas grandes vantagens é poder ser utilizado tanto em fluidos lı́quidos como em gasosos.
Tem como desvantagem ser o modelo de caudalı́metro mais caro. Os sensores por Thermal
Mass FLow apresentam-se a meio da tabela, tanto em preço como em precisão de medição.
É mais utilizado na medição de gases. Uma das vantagens deste tipo de sensores é poder ser
inserido em tubos de grande dimensões.
18
Capı́tulo 4
Situação atual
19
se novamente o ensaio funcional, verificando-se o correcto funcionamento do esquentado, caso
volte a falhar nos testes finais o equipamento é retrabalhado uma vez mais. Caso volte a não
passar nos ensaios é então descartado.
Figura 4.1: Soprador de ar quente utilizado para acelerar o teste dos sensores AGU.
No entanto, mesmo com auxı́lio do soprador de ar quente a atuação do sensor tem uma
20
duração de entre 30 a 40 segundos.[44]. Para se reduzir o tempo de aquecimento poder-se-ia
utilizar o soprador com uma temperatura muito elevada quando comparada com a tempe-
ratura de atuação do sensor. No entanto o uso de temperatura em excesso iria danificar os
sensores, mais propriamente as cablagens que fazem a ligação elétrica com o circuito eletrónico
de controlo.
Os sensores de segurança encontram-se todos ligados em série. Isto significa que basta que
um dos sensores não cumpra com as condições de segurança para que todo o equipamento
fique desligado.
Com a necessidade de cumprir as normas ErP e diminuir as emissões de N Ox , o de-
sign e construção dos esquentadores tiveram de sofrer algumas alterações, principalmente
na forma como é feita a admissão e queima do combustı́vel. Uma das formas de reduzir
as emissões de N Ox passa por reduzir a temperatura de combustão, evitando assim que as
reações sejam estequiométricas, que é o regime onde são produzidas as maiores quantidades
de N Ox [45]. Esta redução faz-se combinando no queimador zonas de combustão rica, onde
existe mais combustı́vel do que oxigénio, com zonas de combustão pobre onde o oxigénio é
predominante [45].
As novas alterações levaram ao aparecimento, nos esquentadores, de zonas exteriores ao
queimador onde a mistura de gás com o ar já é inflamável, permitindo que se possa iniciar
combustão fora do queimador, levando à destruição dos equipamentos e podendo ferir os
seus utilizadores. Para se detectar este tipo de falhas e desligar o esquentador, foi necessária
introdução de mais sensores de segurança, nomeadamente termóstatos do tipo AGU.
Com a introdução dos novos termóstatos e devido ao método utilizado para se testar os
sensores de segurança, cada termóstato tem de ser testado individualmente criando-se um
ciclo de teste com tempo de atuação do sensor e tempo de rearme, e só em seguida pode ser
realizado o teste ao sensor seguinte. Isto implica que o tempo necessário para se realizar o
ensaio final aumente proporcionalmente com o número de termostátos que são colocados no
aparelho.
Nos novos equipamentos foi necessário colocar um termóstato que não se encontra acessı́vel
em situação de ensaio, pelo que não se consegue fazer incidir directamente no sensor o calor
proveniente do soprador de ar quente apresentado na Figura 4.1. Este sensor encontra-se
acoplado entre as flautas do esquentador, deste modo o aquecimento faz-se indirectamente,
através do aquecimento da flauta onde este se encontra acoplado.
21
O AGU acopla-se diretamente à superfı́cie em que se pretende regular a temperatura
através do seu disco de exposição. Este disco irá servir como meio de transmissão de calor
para o disco bimetálico que serve de interruptor.
Figura 4.2: Representação interna dos componentes que formam os sensores do tipo AGU.
Na Figura 4.3 mostra-se o esquema de funcionamento dos termóstatos com disco bi-
metálico. Quando o sensor se encontra no estado de repouso, isto é, quando a temperatura a
que este está exposto é menor que a sua temperatura de atuação, o disco bimetálico tem uma
forma côncava, permitindo a existência de contacto entre os terminais do sensor. Quando se
atinge a temperatura de atuação do sensor, o disco bimetálico muda a sua forma para con-
vexa, empurrando um êmbolo metálico que desliga o contacto entre os terminais do sensor,
fazendo com que este se torne um circuito aberto. Assim que a temperatura voltar a baixar,
o disco volta à sua forma inicial voltando a existir contacto entre os terminais do sensor.
22
(a) No estado normal o bimetálico apresenta uma forma concava, permitindo a conexão entre os
terminais do sensor.
(b) Quando atinge a temperatura de atuação o bimetálico muda a sua estrutura para uma forma
convexa abrindo a conexão entre os terminais do sensor.
Figura 4.3: Esquema do funcionamento interno dos termóstatos com acção bimetálica.[47]
O disco bimetálico é um dispositivo constituı́do por duas ou mais ligas metálicas diferentes,
com igual tamanho sobrepostas entre si. As ligas metálicas têm coeficiente de expansão com
a temperatura diferentes [48]. Na Figura 4.4 mostra-se um esquema de um disco contendo
duas ligas metálicas diferentes. A liga com maior coeficiente de expansão está representado
por HES (High Expansion Strip), estando a liga com menor coeficiente representada por LES
(Low Expansion Strip). Quando sujeitas a variações de temperatura a liga metálica com
maior coeficiente de expansão irá ficar sujeita a uma força de compressão. Isto acontece
porque com o aumento da temperatura esta liga irá tender a expandir mais rapidamente do
que a outra, no entanto como as ligas se encontram ligadas entre si o seu tamanho relativo
terá que se manter igual, formando-se assim uma curvatura. A liga que se na encontra parte
superior irá ter um raio de curvatura (R) maior e consequentemente a sua dimensão também
será maior.
23
Figura 4.4: Curvatura nos discos bimetálicos quando sujeitos a variações na temperatura. [48]
24
Capı́tulo 5
Proposta de optimização
Desta forma o aquecimento por indução eletromagnética define-se pelo acto de aquecer
materiais condutores elétricos, tais como os metais [51], colocando-os expostos a campos
magnéticos variáveis [52].
Um sistema de aquecimento por indução consiste num circuito oscilatório que tem como
função gerar uma corrente alternada que é transmitida para uma bobine de indução, cri-
ando no seu interior um campo electromágnetico que irá induzir uma corrente na peça a ser
aquecida.
25
Figura 5.1: Esquema do funcionamento da bobine de indução [53].
Na Figura 5.1 mostra-se um diagrama com o efeito do campo magnético na peça a ser
aquecida. Neste exemplo a bobine de indução é cilı́ndrica pelo que tem de se colocar a peça
a ser aquecida dentro da bobine. No entanto não é necessário que a bobine tenha sempre a
forma cilı́ndrica. Dependendo do caso de aplicação, as bobines podem ter variadas geometrias
como se mostra na Figura 5.2.
Figura 5.2: Conjunto de bobines de indução com diferente formas geométricas [54].
26
seguem a mudança do campo magnética e a energia proveniente desse movimento é transfor-
mada em calor.
Figura 5.3: Efeito do campo magnético nos dipolos, N-Norte, S-Sul [55].
As correntes induzidas nos objetos são chamadas de Corrente de Eddy. Estas correntes
têm a mesma frequência que as correntes que circulam na bobine de indução, no entanto têm
sentido oposto. Os objetos a serem aquecidos são condutores elétricos e têm uma resistência
interna associada que irá contrariar o fluxo de corrente induzida, gerando desta forma calor
devido às perdas por efeito de Joule.
27
de contemplar os nossos requisitos:
• Ter tamanho adequado para conseguir aceder a todas as localizações dos AGUs.
N 2 × A2
d + N (W + S)
L= , A= (5.2)
30A − 11d 2
Onde:
L = Indutância (µH);
D = Diâmetro da bobine (in);
N = Número de espiras;
d = Diâmetro interno da bobine (in);
W = Diâmetro do fio (in);
S = Espaçamento entre fios (in);
(a) Bobine planar construı́da manualmente. (b) Bobine da Würth usada para carre-
gamentos sem fios.
Figura 5.4: Comparação entre uma bobine feita manualmente (Figura 5.4a) e uma bobine
comercial (Figura 5.4b).
A construção manual de bobines apresentou uma série de dificuldades como por exemplo:
não se conseguir fazer bobines de pequenas dimensões e que tivessem indutância suficiente;
não se conseguir replicar bobines com as mesmas caracterı́sticas; dificuldades em se moldar
a bobine na forma desejada, e por fim não se conseguir fazer bobines capazes de suportar
as correntes geradas pelo circuito, sem se deteriorarem. Estas dificuldades levaram a que
também se tenha adquirido uma bobine comercial da Würth Elektronik 1 ,
1
A bobine adquirida tem a referência 760308102142 [57].
28
Figura 5.5: Conjunto de todas as bobines desenvolvidas e testadas.
1
f= √ (5.3)
2π LC
Onde:
f = Frequência (Hz);
L = Indutância da bobine (H);
C = Capacidade conjunta do banco de condensadores (F);
Para que o sistema oscile é necessário que a fonte de tensão V3 tenha um flanco ascen-
dente rápido, de modo a que o oscilador LC comece a oscilar. Assim que isto acontecer, os
transı́stores M1 e M2 funcionam como comutadores de corrente fornecendo ao circuito LC a
energia necessária para que este continue a oscilar. Devido às ligações que existem entre o
dreno de um e a porta do outro, quando um transı́stor entra em condução o outro entra em
estado de corte, fazendo variar o sentido da corrente que flui pela bobine de indução.
Para efeitos de modelação e simulação do circuito as resistências R5 e R6 representam a
resistência das bobines L1 e L2.
29
A bobine L3 serve como filtro para as correntes de alta frequência impedindo que estas
cheguem à fonte de alimentação.
Devido à queda de tensão máxima entre a porta e a fonte (Vgs ) dos transı́stores utilizados
ser de ±20V [58], este circuito não permite que se utilize 24V como tensão de alimentação,
pois irá danificar os transı́stores. A necessidade de se ter uma bobine com ponto médio
disponı́vel é um dos principais defeitos deste circuito.
Figura 5.6: Esquema do circuito de indução com fonte de alimentação de 12V [59].
(a) Fotografia do circuito da Figura 5.6, sem a bo- (b) Bobine com ligação no ponto médio.
bine de indução.
Figura 5.7: Circuito de indução para fonte de alimentação de 12V e bobine planar com ponto
médio.
30
Para fonte de alimentação deste circuito escolheu-se uma bateria de chumbo (utilizada
como fonte de energia na ignição dos motociclos) de 12V@5Ah.
Devido aos problemas que se encontraram no circuito da Figura 5.6 alterou-se o circuito
para o que se apresenta na Figura 5.8. Para se conseguir elevar a tensão de alimentação
da bobine de indução para 24V introduziu-se um regulador de tensão linear LM7812. Este
regulador consegue regular uma tensão entre 14, 5V e 30V para 12V [60]. Este regulador foi
utilizado para alimentar os transı́stores. Introduziram-se os dı́odos D1 e D2 que têm como
função descarregar a porta dos transı́stores de modo a garantir que quando um transı́stor
entra em modo de condução o outro já se encontra no modo de corte. Para se diminuir o
tempo de comutação dos transı́stores diminuiu-se o valor de R1 e R2 desde 1kΩ para 150Ω.
Figura 5.8: Circuito de indução auto-oscilante com regulador LM7812 e bobine com 2 termi-
nais [61].
Este circuito permite que se utilize uma bobine genérica com apenas 2 terminais, facili-
tando assim a construção manual de bobines assim como a compra de bobines comerciais. A
frequência de oscilação deste circuito é definida pela frequência de ressonância do conjunto
bobine de indução com o banco de condensadores. Os componentes L2 e L3 são bobines
toroidais que têm como função filtrar as correntes de alta frequência impedindo que estas se
circulem em direcção à fonte de alimentação.
31
Figura 5.9: Fotografia do circuito auto-oscilante com LM7812 para bobine com 2 terminais.
Circuito em PCB
De modo a realizar um circuito mais fiável e que fosse capaz de ser implementado nas
linhas de produção, converteu-se o circuito da Secção 5.1.4 numa versão em placa de circuito
impresso (PCB), como se demonstra na Figura 5.10.
Durante o ensaio funcional vão ser testados vários sensores que se encontram posicionados
em locais diferentes. Isto implica que para cada sensor poderá ser necessário uma bobine de
indução diferente de modo a que se consiga aceder ao mesmo. Assim sendo aplicou-se neste
circuito a capacidade de serem conectadas ao mesmo tempo 3 bobines de indução. No entanto
apenas uma bobine pode funcionar de cada vez (o teste aos sensores não pode ser feito em
paralelo). A escolha da bobine a ser utilizada faz-se através da ativação de um relé mecânico,
que conecta a bobine com o banco de condensadores formando o oscilador LC.
32
agrupados 2 a 2. Como se mostra na Figura 5.11 dependendo de quais transı́stores estão
ativos, o sentido da corrente que circula pela carga é diferente.
33
Figura 5.13: Circuito fullbridge, tem em falta um andar de transı́stores.
34
que este computador funcione como autómato, tem instalado uma aplicação do fabricante
chamada TwinCAT que divide o processamento do computador em duas partes distintas: uma
para o programa autómato e outra para o sistema operativo. Assim sendo, a programação
da banca é dividida em dois programas: o software PLC (Programmable Logic Controller),
utilizando ST (Structured Text), que gere o funcionamento mecânico da banca, e o programa
PC (usando Visual Basic), que serve de interface entre a banca e o utilizador.
Figura 5.15: Desenho CAD da banca de ensaio funcional de automáticos de gás. [64]
Esta banca tem como objetivo realizar os testes e afinações dos automáticos de gás que
são produzidos para serem peças suplentes. Como estas partes não são montadas em nenhum
esquentador antes de saı́rem da fábrica, não vão passar pelos testes funcionais. Deste modo
foi necessário criar um posto onde estas partes fossem testadas e afinadas. Para realizar
estas tarefas a banca está equipada com um circuito pneumático como o que se apresenta no
Anexo A.2, constituı́do por 2 jigs 3 independentes, cada um deles equipado com sensores de
pressão e caudal de ar comprimido e reguladores de pressão mecânicos para afinação manual
e reguladores electro-mecânicos controlados pelo software PLC.
3
Um Jig é uma ferramenta que tem como objetivo, segurar e guiar outras ferramentas. Neste caso de
estudo, os jigs foram construı́do de para fixarem os automáticos de gás à banca de ensaio sempre na mesma
posição, obtendo-se assim a repetibilidade do teste realizado.
35
Os jigs são formados também por um conjunto de cilindros pneumáticos cujo objetivo é
a automatização do teste. Os cilindros fixam o automático à banca, realizam pequenos movi-
mentos e atuações como por exemplo pressionar o êmbolo do automático de água, posicionar
o botão de ajuste do caudal de gás e acionar eletricamente as válvulas do automático de gás
de modo a que se simule o funcionamento de um esquentador quando apenas se possui um
automático de gás.
Para que um automático de gás seja aprovado neste ensaio, tem de passar de forma
positiva em todas as etapas do teste. Isto significa que tem todos os seus parâmetros dentro
das tolerância previamente especificadas. O software do PLC controla toda a sequência
do ensaio, automatizando todos os testes que são realizados e esperando a intervenção do
operador para a realização das afinações. Para se tentar reduzir o tempo necessário para a
realização dos ensaios finais aos esquentadores, foi proposto (fora do âmbito desta dissertação)
que se adaptasse a banca de testes funcionais para uma versão totalmente autónoma, capaz
de validar e afinar todos os automáticos de gás. Desta forma, quando um esquentador depois
de montado chegava à realização do ensaio final já não necessitava de ser afinado, reduzindo
assim o tempo do ensaio final.
As alterações de estrutura mecânica que se iniciaram neste posto levaram a que se verifi-
casse que o circuito pneumático não se encontrava devidamente dimensionado, detetando-se
os seguintes problemas:
Estes motivos levaram a que fossem feitas as propostas que apresento nas secções seguintes.
Figura 5.16: Esquema simplificado do circuito pneumático inicial, presente no Anexo A.2
36
Para a otimização deste circuito propôs-se que os reguladores de pressão, fossem colocados
o mais próximo possı́vel da saı́da do circuito, permitindo assim que a leitura e atuação da
pressão se realizassem próximas uma da outra.
37
38
Capı́tulo 6
Observações e Resultados
A medição prática fez-se tendo como base o divisor de impedâncias que se apresenta na
ZL
Figura 6.1. Sabendo que o valor de V2 é igual a ZL+Z C +ZR
· V 1 e medindo-se os valores de
V1 e V2 consegue-se calcular o valor da indutância L.
39
tentar colmatar este problema desenvolveram-se as bobines com os números 1,3,5 onde se au-
mentou o diâmetro interno, fazendo com que na parte central da bobine não existam espiras.
Esta abordagem não resolveu definitivamente o problema, pois as bobines não aquecem tanto
na parte central. No entanto depois de alguns ciclos de utilização já começa a observar-se a
deterioração no revestimento do fio.
Com a utilização das bobines da Tabela 6.1 a frequência de oscilação do circuito irá rondar
os 90kHz e logo o fio da bobine irá aquecer devido ao efeito pelicular. Por forma a reduzir-se
este efeito tentou-se diminuir a frequência de oscilação e para isso teve de se construir bobines
com maior indutância. Devido às restrições de tamanho não foi possı́vel desenvolver bobines
manualmente com indutância superior a 2.5µH, tendo-se optado por adquirir uma bobine da
Würth com uma indutância de 5.8µH. A frequência de oscilação irá ser aproximadamente
51kHz.
Esta bobine é formada por fio Litz1 e é produzida com o objetivo de ser utilizada em
sistemas de carregamento sem fio. Escolheu-se esta bobine devido à sua corrente nominal de
18A e corrente de saturação de 30A, pois em todos os circuitos testados, a corrente nominal
de funcionamento situava-se entre 10 e os 20A, dependendo do objeto a ser aquecido.
Desmontando uma bobine aproveitou-se o fio, e conseguimos fazer um bobine pequena
(tamanho necessário para conseguir ser colocada perto do sensor). Utilizando a bobine jun-
tamente com o circuito auto-oscilante simples alimentado a 24V consegue-se fazer disparar os
sensores com acesso direto em menos de 2 segundos.
Tabela 6.2: Comparação entre a tensão no dreno e a corrente de entrada no circuito, com a
variação do transı́stor.
IRFZ44N TK40A10N1
VDS (V) 69.4 75.8
Iin (A) 7 2
Na Tabela 6.2 mostra-se uma comparação entre as tensões e correntes do circuito auto-
oscilante com bobine simples, quando se utiliza a bobine da Würth e uma tensão de ali-
mentação de 24V.
1
O fio de Litz é um fio multifilar, constituı́do por múltiplos fios entrelaçados e eletricamente isolados entre
si. Tem como vantagem reduzir as perdas por efeito pelicular, quando aplicado em circuitos com corrente
alternada.
40
Figura 6.2: Tensão medida no Dreno dos transı́stores IRFZ44NN.
O sensor denominado por Sensor de Flashback é o sensor mais importante neste estudo.
Como não se encontra acessı́vel diretamente tem de ser aquecido indiretamente o que aumenta
o tempo de ensaio do sensor e posteriormente do esquentador. O método atual de teste
utilizando o soprador de ar quente demora (no teste deste sensor apenas) um tempo superior
a 120 segundos.
Preparou-se um setup onde se colocou a bobine de indução na posição de funcionamento,
aquecendo a chapa onde o sensor se encontra acoplado, e realizou-se ciclos de teste ao sensor de
Flashback. Ligando-se o circuito de indução esperou-se até que o sensor ativasse e registou-se
os tempo de disparo. Em seguida deixou-se arrefecer o esquentador até a temperatura inicial
e voltou-se a repetir o ciclo. Na Figura 6.4 apresenta-se a evolução do tempo de disparo do
sensor de Flashback. Num espaço amostral de 100 testes o tempo médio para o disparo do
41
sensor foi de 20.78 segundos. Logo existiu uma melhoria de 82.69% em relação à utilização
do sistema com soprador de ar quente.
Figura 6.4: Tempo de disparo do sensor de Flashback quando se utiliza o circuito auto-
oscilante com bobine simples.
42
Figura 6.5: Tempo de disparado do sensor de Flashback quando se utiliza o circuito com
IRS2453.
Quando se compara este circuito com o que se apresenta na Secção 6.2 verifica-se que este
não é tão eficaz a aquecer os objetos, demorando quase 3 vezes mais tempo. No entanto este
circuito permite que se efectue o ajuste da potência. Com as devidas adaptações é possı́vel
que o ajuste da potência possa ser feito através de software, como se mostra na Secção 5.1.6.
43
Figura 6.6: Verificação do tempo morto entre comutações no circuito Fullbridge.
Alterou-se a regulação eletrónica de pressão para uma zona posterior aos caudalı́metros.
Isto permitiu que fosse possı́vel introduzir um regulador de pressão manual capaz manter a
pressão à entrada dos caudalı́metros constante. A introdução das sondas de temperatura junto
dos caudalı́metros, permitiu calcular novas curvas de ajuste, tendo como base a temperatura
do gás a ser medido. Posteriormente estas curvas podem ser conciliadas com as tabelas de
conversão entre gases, que se encontram na documentação dos caudalı́metros. Deste modo
torna-se possı́vel realizar medições mais precisas.
44
Figura 6.7: Ajuste da pressão antes da alteração do circuito de ar comprimido.
Após as alterações voltou-se a aplicar ao sistema um setpoint para 20mbar, na Figura 6.8
mostra-se a evolução da pressão. Verifica-se que com as alterações o sistema atinge o valor
pretendido num intervalo de tempo de 10 segundos. Aos 30 segundos de teste aplicou-se uma
carga ao sistema obstruindo-se a passagem de ar, verifica-se em seguida que o sistema volta
a conseguir estabilizar a pressão.
Comparando os resultados obtidos antes e depois das alterações, verifica-se que a colocação
do regulador de pressão junto ao local onde se pretende regular a pressão reduz para metade
o tempo necessário para se regular a pressão. Considerando que não foram feitas alterações
ao controlador PID, esta redução no tempo da regulação de pressão já é bastante significativa
na redução do tempo necessário para o pré-ajuste dos automáticos de gás.
45
46
Capı́tulo 7
Ao longo deste trabalho que se desenrolou em ambiente industrial, foi possı́vel conviver
com tecnologias e ferramentas novas, estudando-se e desenvolvendo-se vários circuitos de
aquecimento por indução electromagnética.
Inicialmente desenvolveu-se um circuito auto-oscilante que funcionava com bobines de 3
terminais. As dificuldades em conseguir produzir manualmente este tipo de bobines e o facto
deste circuito não funcionar quando alimentado com tensões de 24V , levou a que se tenta-
se um novo circuito auto-oscilante. Este circuito já se encontrava dimensionado para utilizar
bobines genéricas de 2 terminais. Isto permitiu que se conseguisse adquirir uma bobine planar
da Würth . Esta abordagem permitiu implementar uma redução de 82.69% no tempo do teste
ao sensor de Flashback. No entanto, este circuito não permitia que se realizasse um ajuste da
potência fornecida, levando a que os sensores de acesso directo pudessem ficar danificados deve
ao elevado aumento da temperatura. Deste modo desenvolveu-se o circuito baseado no circuito
em ponte H. Com a possibilidade de se variar a frequência de oscilação, foi possı́vel controlar
a potência entregue. A dificuldade em se igualar a frequência de oscilação com a frequência
de ressonância do oscilador LC impôs que a potência máxima entregue por este circuito fosse
inferior ao auto-oscilante, conseguindo apenas uma redução de 47.62% no tempo de teste ao
sensor de Flashback. No circuito a variação da frequência realizava-se manualmente, através
de um potenciómetro. Numa tentativa de aumentar a performance deste circuito desenvolveu-
se uma variante onde se trocou o potenciómetro por um digipot. Com esta alteração foi
possı́vel utilizar um Arduino para controlar a frequência de oscilação. No entanto não se
conseguiu atingir os resultados pretendidos pois o controlador implementado não conseguia
ajustar a frequência devidamente.
47
PID que se encontra na Banca de testes aos automáticos de gás. Devido à falta de tempo não
foi possı́vel realizar as afinações ao controlador. Os parâmetros atuais tinham sido calibrados
com base no circuito pneumático que agora já não existe, pois foi alterado. Em relação ao
sistema de aquecimento por indução, para se poder utilizar o circuito auto-oscilante com
bobines simples, sem correr o risco de este danificar os sensores de acesso direto, pode-se
utilizar um microcontrolador ou um computador industrial (pois as bancas de ensaio funcional
já se encontram equipadas com um) e implementar um controlador que desligue o circuito de
indução no momento em que o sensor for ativado. Esta optimização evita que o sistema de
indução aqueça depois do teste estar realizado.
48
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53
Apêndice A
Banca de pré-afinação de
automáticos de gás
54
Figura A.1: Fotografia da banca de pré-afinação de automáticos de gás
55
Figura A.2: Circuito pneumático original da banca. [64]
56
Figura A.3: Circuito de regulação de pressão e caudal de ar comprimido proposto.
57