O documento discute o movimento do Realismo Fantástico que surgiu na década de 1970 como uma forma de escapar da censura na época da ditadura militar no Brasil. O movimento questionava verdades científicas e religiosas estabelecidas e abria espaço para novas ideias e especulações sobre temas como civilizações antigas e extraterrestres. O documento também reflete sobre os possíveis objetivos e influências dos fundadores desse movimento.
O documento discute o movimento do Realismo Fantástico que surgiu na década de 1970 como uma forma de escapar da censura na época da ditadura militar no Brasil. O movimento questionava verdades científicas e religiosas estabelecidas e abria espaço para novas ideias e especulações sobre temas como civilizações antigas e extraterrestres. O documento também reflete sobre os possíveis objetivos e influências dos fundadores desse movimento.
O documento discute o movimento do Realismo Fantástico que surgiu na década de 1970 como uma forma de escapar da censura na época da ditadura militar no Brasil. O movimento questionava verdades científicas e religiosas estabelecidas e abria espaço para novas ideias e especulações sobre temas como civilizações antigas e extraterrestres. O documento também reflete sobre os possíveis objetivos e influências dos fundadores desse movimento.
O documento discute o movimento do Realismo Fantástico que surgiu na década de 1970 como uma forma de escapar da censura na época da ditadura militar no Brasil. O movimento questionava verdades científicas e religiosas estabelecidas e abria espaço para novas ideias e especulações sobre temas como civilizações antigas e extraterrestres. O documento também reflete sobre os possíveis objetivos e influências dos fundadores desse movimento.
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Salomão Rovedo
Eram os deuses seres humanos?
Discos voadores vistos na Era Medieval
Acredito que “Eram os deuses seres humanos?”, com que foi
intitulado o artigo que recuperei da publicação original do Jornal Opinião – e que agora mando ao mundo – foi um desses nomes caídos do céu, em que a intencionalidade é dispensável.
Estávamos em plena travessia 1972/1973, sob o tacão do
Governo Médici, auge da repressão e tortura que corria desde 1968. Os porões, os subterrâneos de delegacias, casas escusas e presídios invisíveis, que nem sempre afloram nessas ocasiões, ganharam o aval do Estado.
Carlos Lamarca e Carlos Marighella caíram. A Guerrilha
do Araguaia resistia a pão e palmito. A repressão e censura aos órgãos de imprensa impossibilitavam qualquer tentativa de denúncia. Os veículos de comunicação “neutros” estavam sendo usados para transformar essa merda numa visão positiva desse estado de coisas para a sociedade e o mundo.
Debaixo dessa situação, surge na Europa pós 1968, o
Realismo Fantástico, liderado pelos escritores franceses Louis Pawells (1920-1997) e Jacques Bergier (1912-1978), que além do mais era espião. A dupla, através do livro “O Despertar dos Mágicos” (dormitando desde 1960), passou a liderar a divulgação do paranormal e das teorias pseudocientíficas que sustentaram o Realismo Fantástico. Mas, a partir de então, o movimento cresceu e foi amplamente divulgado pela Revista Planeta, de grande aceitação mundial.
Em 1968 o empregado de hotel suíço Erich von Daniken se
transformou em escritor famoso com o livro “Eram os deuses Astronautas?”, o que veio botar mais lenha na fogueira do realismo fantástico. A coisa ferveu por aqui, como quem procura também escapar para um lugar nas estrelas. Para fugir da Inquisição e da fogueira, vale tudo, amigo. Desse livro surgiu a contra-ideia: “Eram os deuses seres humanos?”
Voltando a “O Despertar dos Mágicos”, subintitulado
"Introdução ao Realismo Fantástico", vê-se que caminha por narrativas lendárias, fatos especulativos, se dedicando às áreas mal exploradas, muitas de cunho espiritual, que medram entre a ciência, o esoterismo, as tradições e lendas dos povos.
O discurso de Palwells, Bergier e van Deniken, abrange
temas diversos: alquimia, sociedades secretas, civilizações antigas, religiões, ocultismo, esoterismo e procurava se basear em “evidências históricas” recém-descobertas, como os Papiros do Mar Morto. Tudo se baseia no fato de que grande quantidade de conhecimento científico e técnico tem origem em civilização extraterrestre e que é mantido em segredo pelas potências mundiais, jamais chegando à população. O Despertar dos Mágicos é dividido em três partes:
1) O Futuro Anterior 2) Há alguns anos, em outro lugar absoluto 3) O homem, esse infinito
Se alguém duvida se a obra é especulativa ou não, basta ler
a declaração de Louis Pawells numa entrevista:
"Há provavelmente um monte de besteiras em nosso
livro, repetimos, mas isso pouco importa, se este livro fizer despertar algumas vocações e, em certa medida, provocar voos mais amplos à pesquisa".
Não tendo para onde fugir, embarcamos na nave do
realismo fantástico e dos deuses astronautas, cuja extensão continua nos dias de hoje com Harry Potter, Tolkien e adjacências.
Rio de Janeiro, Cachambi, novembro de 2015.
Em busca do desconhecido Por muito tempo que se calcule o poder alcançado pelo ramo filosófico iniciado e propagado como Realismo Fantástico, muito pouco há de se obter, em termos de influência de massa a ponto de modificar ou interferir no sistema estabelecido.
A fraca alegação de que o movimento lança subjetivamente
ideias neonazistas ao tentar esclarecer alguns obscuros fatos que – queiram ou não cientistas sábios – tem permanecido séculos e séculos em perene ostracismo (às vezes opcional, muitas vezes compulsório), é vaga e imprecisa auxiliando a ocultar o verdadeiro e nocivo neofascismo que, amparado por títulos e instituições políticas ditas modernas, veio à tona lastreado de legalidades.
Esse sim é atirado como imposição ao povo, mascarado com
fantasias progressistas e (ainda) revolucionárias ou também pseudoreligiosas. Está latente, positivo, atuante, o nazismo que nossa passiva inatividade não consegue deter e desativar. Só sabemos reagir superficialmente.
Sem nos ater aos interesses secretos dos fundadores da ideia
(pois estes não podemos descobrir mesmo), sejam eles nazistas, racistas, ou tudo isso junto, ou nada disso, há de se notar o lado positivo da (vá lá) filosofia que conseguiu liberar o pensamento dos dogmas tidos como única verdade, religiosos e científicos, que têm detido “nazisticamente” todas as liberdades e expressões, utilizando para isso as mais fantásticas alegações.
Na realidade, após o lançamento da ideia, seguido de uma
poderosa massa de publicações semelhantes (como se todos tivessem guardando temerosos segredos), desapareceu do homem o receio de bulir com o desconhecido, com o extraordinário, com o fantástico.
Dentro de cada um de nós existe uma vida condenação
automática ao despotismo e às ditaduras – físicas e mentais – que relegam os seres a um plano cheio de limitações, como a contida na Grande Noite da Idade Média, como a do hitlerismo, como todas as “Inquisições” possíveis erigidas por governos que queimam livros, abusando da opressão social e religiosa em nome do progresso e de falsas liberdades, apenas para mencionar as empresas que dão mais na vista, agindo às claras.
Mesmo assim, fazer um paralelo entre, por exemplo, Van
Denniken e a dupla Pawells e Bergier é tentar misturar óleo e água.
Conquanto exista uma conotação em seus trabalhos (a
amplitude de ação é natural no Realismo Fantástico e comporta obras tão diversificadas como as de H. G. Wells, Jules Verne, Serge Hutin, Roger Bacon e milhares de outros autores), notam- se perfeitamente caminhos diversos na busca de suas realizações, considerando-se que o objetivo é um só. Sendo que Van Denniken se especializou em desvendar os segredos dos deuses e astronautas da antiguidade; ao passo que os franceses Pawells e Bergier abriram propositadamente todas as portas de sua imaginação e percepção a todos os caminhos que permitam penetrar o pensamento humano, em toda e qualquer situação que resista a uma análise mental, seja quais forem as probabilidades: difíceis, remotas ou impossíveis.
Abertas as vias rumo ao passado e em direção ao futuro, já
se pode, em outras palavras, discutir livremente sobre a falibilidade das ciências, das religiões, dos deuses e das forças ocultas, sem se importar muito com a fogueira. (...) Também já se pode criticar friamente as dúbias palavras e textos dos livros bíblicos, as mensagens dos religiosos considerados pilares da filosofia (Buda, Lao Tsé, Confúcio, Jesus).
Já se pode correr vista pelos sagrados papiros e penetrar
nos antigos e seculares segredos das Sociedades Secretas, das magias Branca e Negra, da alquimia, das religiões profanas, como fazer conjeturas e lançar novas luzes sobre todas as coisas superiores, utilizando para seu deciframentos modernos recursos da tecnologia e da compreensão.
Dissemos que tudo isso é possível livremente, mas o será
também impunemente?
Também algumas predições técnico-científicas imaginadas
habilidosamente por Nostradamus, John Dee, padre Sinistrari D’Ameno; mais recentemente por H. G. Wells e George Orwell, até chegar aos nossos Arthur C. Clark, Peter Kolosimo, Isaac Asimov e Ernesto Bono, nunca é demais repetir: jamais devem passar despercebidas, sempre devemos dar crédito a esses esforços de descobrir o incognoscível...
A verdade é que o homem foi mergulhado criminosamente
num mar de incertezas, atendendo a jogadas políticas, dogmáticas, religiosas e cientificas, ou tudo junto (...).
Outro forte motivo para hoje investigarmos todas as
possibilidades, mesmo que não tenham o mínimo de crédito necessário, é o fato de estarmos todos ainda completamente nulos e ignorantes da nossa origem e destino. Sem dúvida, apesar dos milhões de anos percorridos no decorrer de suada existência, a caminho de uma formação biológica que muitos consideram a perfeição, o homem continua presa do passado, sem descobrir a realidade a respeito da transformação da vida aquática para a rasteira, a quadrupede para a bípede terrena.
Continua retido na busca permanente de um “elo perdido”,
que seria a mutação da vida irracional para a lógica e para a razão. Porém a realidade ainda não se aproximou e continuamos paralisados no Homem de Neandertal com suas diversas facções, como precursor e matriz do homem moderno.
Pois da mesma forma que os arqueólogos escavam antigas
terras e penetram em profundas cavernas, na verdadeira alma geológica da Terra, em busca de um fragmento de verdade a respeito das origens das espécies, do mesmo modo o homem moderno tem procurado penetrar na mente e em todos os mistérios da existência, humana e sobre-humana, em busca da verdade sobre seu interior, seus superpoderes, sua vida e sua alma (...).
Escavar todos 0s caminhos até então vedados e limitados a
umas poucas cabeças (...).
É uma missão monstro a ser empreendida pelo homem, não
pelo macaco ou pelos deuses: por um macaco e deus chamado homem civilizado, somente.
É possível, portanto, que o Realismo Fantástico tenha
formado escola, mas é impossível que esta escola tenha nascido de uma só ideia e que essa ideia tenha sido formulada por um só homem com propósitos escolásticos.
A simples verificação de que a ideia fornece condições
ilimitadas para o pensamento humano, sem peias nem rédeas, constata a afirmativa acima. Ademais, é próprio de várias religiões propagar a aceitação do estabelecido “com alegria, amor e paz”, já que para modificar tudo teríamos de sacrificar civilizações e ceifar milhares de vidas (como é possível já ter ocorrido em algum tempo).
Em seu trabalho “Os livros malditos”, Jacques Bergier
esclarece porque não permitiu que o movimento nascido com “O despertar dos mágicos” e “Planète” fosse transformado em religião: “num estado de ignorância total da dinâmica dos grupos humanos, pareceu-me extremamente perigoso lançar novos movimentos pára-religiosos”.
Porém, não só religião, como também sociedades
beneficentes secretas ou semi-secretas cuidam de promover um comodismo, discutível em sua ação, mas que, de um modo ou de outro, evita a repetição de catástrofes provocadas pelo choque destruidor das camadas divergentes.
Como não há limitações, é sempre possível que as
ideologias políticas busquem o mesmo modo de ação, procurando atrair para suas fileiras o maior número de adeptos, como faz o Realismo Fantástico.
É inevitável que isso ocorra.
A respeito os tecnocratas observam que o Zen-Budismo
será o ramo religioso de maior aceitação no futuro, justamente por ter certa identidade com o sentimento que o homem moderno criou para se dirigir rumo a um incerto Mundo, prenunciado com alarmantes previsões de superpopulação, miséria e fome, e doenças desconhecidas.
Para isso deve estar o homem preparado a enfrentar e
aceitar. Pois aceitar pacifica e alegremente a pobreza, a opressão, a mania de consumo e todo o resto, não quer dizer que tudo isso se transforme numa impassividade ou numa pacificação ociosa, cheia de espaços vazios.
Alguém jamais falou da alegria agressiva e destruidora?
Há necessidade de inteirarmos dos motivos e razões pelas
quais, de tempos em tempos, surge um homem possuído dos fantásticos dons e poderes de liderança e organização, capazes de construir um Mundo, organizar um Reino, erigir um Povo e encaminhá-lo a um destino glorioso e sagrado.
Curar doentes, revolucionar políticas e ressuscitar mortos.
Saber o porquê da existência de certos homens que,
contrariamente, possuem um instinto altamente destrutivo e nocivo, que sublima essa imagem através do estigma da conquista pela força e da busca do Eldorado ou de uma raça superior altamente purificada, em busca da religião perfeita.
Então teremos encontrado algo que se assemelhe à
explicação da existência entre nós, simples mortais, de demônios do Bem e do Mal.
Alguma coisa a respeito da destruição das várias
supercivilizações, cujo grau de inteligência e progresso deve ter ameaçado de qualquer modo o poder indestrutível desses seres super-homens. Com base nas informações históricas curriculares que chegam até nós jamais poderemos analisar tal poderio.
Se os deuses foram (e continuam sendo) feitos à nossa
imagem e semelhança – mesma carne e mesmo osso – então os extraordinários poderes de que são possuidores nos fazem ver que a mente humana é capaz de dar saltos grandiosíssimos rumo ao futuro desconhecido e à superinteligência, em determinados lapsos de tempo, o que permite literalmente salvar a humanidade de novas catástrofes semelhantes à que destruiu a primeira existência da nossa raça.
Assim se explicaria a presença entre nós de homens como
Jesus.
Para não deixar em branco a possibilidade reversa, idêntico
pulo – para trás – justificaria a existência de forças negativas e destruidoras representadas por momentos históricos como a Idade Média, por Hitler e pelas numerosas Sociedades Secretas, possuidores de força mental ultrapoderosa a ponto de formar inúmeras manchas negras da vida da Terra.
Pode ser que a espera de um novo super-homem vindo do
espaço interestelar ou até de uma paupérrima aldeia nordestina ou africana, encaminhe as opções progressistas do homem a um minúsculo plano.
Mas a formação de uma ideia positiva que busque antes de
tudo a verdade por todos os métodos, percorrendo todos os caminhos para admitir que tal fato tenha acontecido realmente: que os fenômenos têm amplas possibilidades de se repetir indefinidamente com a existência dos super-deuses, certamente auxiliará a dirimir a pobreza, a repelir a opressão e aclarar a mentalidade de que até hoje estamos possuídos, adaptando-a às condições passageiras de consumidores pertencentes a uma sociedade escravagista – no mínimo – com sua tecnologia temporária, cuja vigência não impedirá de modo algum a sobre existência de uma alegria de viver e um amor pelo Ser possuidor de existência que preenche todos os requisitos milagrosos próprios dos que são deuses: o Homem. -- Publicado originalmente no Jornal Opinião (RJ) nº 8, de 25 de dezembro de 1972 a 1º de janeiro de 1973. -- Notas: 1 – O símbolo (...) significa a supressão de parte do texto, pela redação; 2 – Não fiz revisão, nem reescrevi o texto está como saiu com todas as imperfeições originais. Portanto, há provavelmente um monte de besteiras; 3 – Nessa época o guru da Contracultura no país era Luiz Carlos Maciel, também redator do jornal Opinião e terá sido – acho – o provável padrinho desta publicação; 4 – Para culminar: ao final da página em que este artigo saiu, logo abaixo do meu nome, aparece a nota Revisão prévia , que diz: DzNa sexta-feira da semana passada, recebemos uma comunicação do Major Braga, do SICAP, órgão da Polícia Federal, de que nosso jornal, a partir do próximo número, passará a receber o que o Major chamou de Ǯrevisão préviaǯdz. É ou não é um próprio Realismo Fantástico?