Apatita

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APATITA – (Ca5(PO4))3(F,OH,Cl)

“Apatita” não é um mineral, mas um termo usado para os membros de um grupo de minerais
isomórficos formado pela apatita-(CaF) (muito comum), apatita-(CaOH) (muito menos comum, forma dentes
e ossos) e apatita-(CaCl) (muito rara). Em amostra de mão são praticamente indistinguíveis e podem se
substituir parcialmente. Estas dificuldades de classificação originaram mais de 60 nomes atualmente
desacreditados. Rochas fosfáticas são rochas com apatita. Podem ser magmáticas (carbonatitos) ou
sedimentares (fosforitas) e são um minério extremamente importante, o único meio de obter P.
Macroscopicamente e com pouca prática, cristais prismáticos bem desenvolvidos de apatita podem
ser confundidos com turmalina, olivina, berilo (esmeralda), fenacita, milarita e diopsídio. Apatita às vezes
possui fluorescência em laranja-amarelo sob ondas UV curtas, que fica mais forte sob ondas UV longas.
Quando aquecida, possui fluorescência em laranja-amarelo sob ondas UV longas. Algumas variedades são
fosforescentes quando aquecidas. A apatita apresenta termoluminescência em branco-azulado.
Considerando as apatitas em geral e os três membros do Grupo, há 30 variedades.

1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Hexagonal Incolor, branco, amarelo, Cristais hexagonais {0001} má,
bipiramidal. marrom, cinza, rosa, tabulares ou prismáticos. {10-10} má.
Tenacidade violeta, azul, verde, Maciço, granular,
verde-mar, verde- acicular, estalagtítico,
Quebradiça.
azulado. Zonado. terroso, botrioidal.
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Raras, de contato. Conchoidal a irregular 5 não
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco. Vítreo a subresinoso. Transparente. 3,1 – 3.25

2. Geologia e depósitos:
Apatita é o único fosfato formador de rocha. Oocorre como acessório de cristalização inicial, em grãos
bem pequenos, em quase todas as rochas ígneas (granitos, monzonitos, monzodioritos, sienitos, rochas
alcalinas, carbonatitos, lamprófiros, pegmatitos graníticos, etc.). Apatitas com Elementos de Terras Raras (La,
Ce e Nd) são mineradas para a obtenção destes. Forma ganga em veios hidrotermais de minerais estaníferos.
Ocorre em fissuras do Tipo Alpino e em alguns meteoritos.
Em rochas metamórficas é estável em uma extensa faixa de pressão e temperatura, ocorrendo em
mármores, escarnitos e cornubianitos, normalmente em grãos muito pequenos, pode ser como colofano.
Em rochas sedimentares a apatita é comum como grão detrital ou diagenético e pode formar
camadas. Exibe formas oolíticas, esferulíticas e botrioidais. A variedade criptocristalina botrioidal, chamada
de colofano, formada a partir de material esqueletal (ossos), forma as fosforitas, que contém 18–40% de PO4
e são classificadas em 14 tipos diferentes. Em lateritas a apatita ocorre residual. Ocorre também em argilitos,
folhelhos e conglomerados.

3. Associações Minerais:
Associa-se a muitos outros minerais; não há uma paragênese diagnóstica. Podem ser silicatos
(quartzo, ortoclásio, microclínio, albita, nefelina, titanita, diopsídio, vesuvianita, zircão, anfibólios (hornblenda),
micas (biotita, muscovita, flogopita), turmalina, escapolita, chondrodita), carbonatos (calcita, siderita), óxidos
(magnetita, espinélio), sulfetos (pirita, arsenopirita) e fluorita.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: ne: 1.624 – 1.666 no: 1.629 – 1.667

ND Cor / pleocroísmo: incolor. Muito raramente é azul pálido ou cinza pálido com pleocroísmo fraco.
Apatitas com teores mais elevados de U ou Th, quando inclusas em biotita ou
hornblenda, geram halos (zonas) escuros (pretos) ao seu redor.

Relevo: moderado.

Clivagem: {0001} má, {10-10} má. Normalmente não são visíveis em lâmina delgada. Os
prismas podem exibir fraturas espaçadas.

Hábitos: euédrico, prismático longo (“bastão”) com pontas arredondadas e seções


hexagonais, agregados fibrosos, radiados.
Em rochas ígneas máficas a apatita forma prismas hexagonais curtos;
Em rochas ígneas félsicas forma prismas longos e finos.
Em rochas metamórficas (mármores!) forma grãos prismáticos longos a
anédricos grandes.
Em rochas plutônicas (carbonatitos!) formam grãos grandes anédricos.
Se ocorrer como inclusões em biotita e hornblenda possui halos pleocróicos
escuros.

NC Birrefringência e cores birrefringência de 0,001 a 0,007: cores de interferência de início de primeira


de interferência: ordem, sempre em tons de cinza, não alcança o amarelo-palha. As seções
basais hexagonais sempre estão extintas a NC (isótropas) e, via de regra,
não fornecem figuras de interferência.

Extinção: paralela nas seções longitudinais dos cristais prismáticos (importante!).

Sinal de Elongação: SE(-) nos cristais prismáticos.

Maclas: raramente apresenta maclas.

Zonação: não apresenta zonação.

LC Caráter: U(-), difícil de obter em seções hexagonais. Apatita Ângulo 2V: de até 20º em apatita de
de carbonatitos é biaxial com ângulo 2V de até 20º. carbonatitos.

Alterações: geralmente inalterada. Em carbonatitos as apatitas podem desenvolver uma alteração que as
deixa bem vermelhas em função de uma película de (hidr)óxidos de Fe que se desenvolve.
Macroscopicamente podem ser confundidas então com chondrodita, clinohumita, granadas e vesuvianita.
Ao microscópio a cor é bem vermelha, de distribuição irregular e os grãos não mostram pleocroísmo.

Pode ser confundida com: diagnósticas são a baixa birrefringência, as seções hexagonais, o relevo médio
e o caráter uniaxial. Apatita colorida pode ser confundida com turmalina.
Nefelina possui relevo mais baixo, tende a anédrica e geralmente está um pouco alterada.
Berilo (U-) (muito raro) e quartzo (U+) (muito comum) possuem relevos mais baixos.
Colofano é criptocristalino ou isótropo, muito escuro, pode ser azulado.
Sillimanita possui hábito e relevo semelhantes, mas é biaxial e possui cores de interferência intensas.
Vesuvianita possui relevo mais alto e cores de interferência anômalas.
Zoisita apresenta clivagem, frequentemente está zonada e é B(+).
Melilita geralmente apresenta cores de interferência anômalas em azul.
Seção longitudinal de um
prisma curto de apatita de
rocha ígnea a ND (esquerda) e
a NC (direita). Tipicamente
forma um bastão de pontas
arredondadas de relevo médio
e com extinção paralela.

Seção basal hexagonal de um prisma curto de apatita de rocha ígnea a ND (esquerda) e a NC (direita). Às
vezes a seção é menos perfeita, mas sempre tende a hexagonal. A NC é isótropa (seção de isotropia =
perpendicular ao eixo óptico).

Apatita acicular (bastões finos incolores de relevo Apatita acicular (bastões finos incolores de
médio) ao lado de biotita (marrom) a ND. As seções relevo médio) como inclusão em biotita (marrom)
basais hexagonais podem estar ausentes ou muito a ND. Todas as apatitas em minerais máficos
mal desenvolvidas. possuem um halo pleocróico (escuro) ao seu
redor.
Em rocha plutônica, a ND, seções basais grandes de apatita (incolor, relevo mais alto) com feldspatos
(incolores e de relevo baixo) ao seu redor. À esquerda, uma seção quase hexagonal e outra seção qualquer
menor. À direita, duas seções que tendem a hexagonais. A NC essas seções são muito escuras, porque
são seções quase perpendiculares ao eixo óptico da indicatriz e, por isso, aproximam-se da seção de
isotropia. Fornecem figuras de interferências muito boas.

Grãos grandes de apatita a ND (esquerda) e a NC (direita) em rocha plutônica. Com esse relevo e sendo
incolores, lembram a granada, mas granada é isótropa e jamais fornecerá uma figura de interferência.

Apatitas em carbonatitos
possuem um hábito
completamente distinto das
apatitas em rochas vulcânicas.

Não formam prismas, não tem


seções hexagonais e mostram
figura de interferência biaxial
com um ângulo 2V expressivo.

Na imagem, a NC, apatita e


calcita em um carbonatito.
Apatita (com calcita) em um carbonatito a ND (esquerda) e a NC (direita), mostrando formas
anédricas e figura biaxial.

A NC, apatita de dois carbonatitos diferentes: os grãos são grandes, irregulares, tendendo a arredondados,
às vezes prismáticos, biaxiais com ângulo 2V expressivo. Podem se apresentar-se como bastões de pontas
arredondadas ou então elípticos. Ao seu redor, calcita. Olivina ocorre na mesma paragênese e algumas
seções podem mostrar cores cinzentas também. Olivina alterada a serpentina também é cinza a NC.

Esquerda: a ND, em carbonatito (Jacupiranga, SP, Brasil) com alteração incipiente, grãos arredondados de
apatita tingidos de vermelho por (hidr)óxidos e Fe liberados principalmente pela magnetita, secundariamente
da ilmenita e da pirita ali existentes. A calcita que forma a rocha não é tingida.
Direita: a NC as apatitas sem tingimento exibem as típicas cores de interferência cinza. As tingidas
continuam com as cores vermelhas. Calcita com as características cores de alta ordem (castanho, etc.).
A NC, na diagonal da imagem, em cor azul escura, apatita na forma de colofano originada
a partir de uma espinha de peixe em meta-pelito.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a
identificação da apatita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a
identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à apatita, que podem ser vários diferentes,
dependendo da paragênese.

Preparação da amostra: a apatita é de polimento fácil, mas persistem pequenos buracos no mineral, como
em muitas magnetitas. O polimento não fica tão bom quanto calcita e quartzo, por exemplo.

ND Cor de reflexão: Cinza escura.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: Baixa (<10%) Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Anisotropia fraca, geralmente mascarada pelas reflexões internas.

Reflexões internas: Generalizadas, muito luminosas, na cor macro do mineral, geralmente


claras, incolores, leitosas a amarelas, podem ser azuladas.

Pode ser confundida com: muitos outros minerais transparentes de cores claras, especialmente quando
o contraste de dureza entre apatita e minerais vizinhos for baixo.

Esquerda: a ND, apatita (grãos com relevo alto e buracos pretos) com calcita (relevo mais baixo,
pleocroísmo) em carbonatito. As apatitas são de fácil reconhecimento devido à sua dureza mais elevada
e polimento pior (buracos pretos).
Direita: a NC, a mesma situação. Calcita e apatita, ambas incolores, apresentam reflexões internas
generalizadas quase incolores e são difíceis de distinguir uma da outra.
A NC, apatita amarela em carbonatito, com A NC, reflexões internas azuis em apatita de
calcita (anisotropia) ao seu redor. É possível pegmatito que macroscopicamente é azul. Percebe-
que a cor amarela seja apenas uma película se a distribuição irregular de cor, variando de quase
intergranular de hidróxidos de ferro incolor para azul profundo.
provenientes da alteração dos sulfetos de
ferro da rocha (pirita, marcassita e pirrotita).

Apatitas em carbonatito (Jacupiranga, SP, Brasil). A alteração incipiente principalmente das magnetitas
(mas também das ilmenitas e das piritas) libera (hidr)óxidos de ferro bem vermelhos, que tingem as
apatitas ao seu redor com cores vermelhas, mas não tingem os carbonatos da rocha.
Esquerda: a ND, grãos arredondados de apatita (polimento ruim) com calcita (polimento bom,
pleocroísmo). Buracos em preto.
Direita: a NC as apatitas exibem cores vermelhas em intensidades diferentes, muitas vezes em manchas
desiguais, as cores podem ser bem escuras. Macroscopicamente essas apatitas tingidas são bem
vermelhas e podem ser confundidas com granada, vesuvianita e clinohumita, por exemplo.

Versão de setembro de 2021

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