Nuno M. Guimarães
Nuno M. Guimarães
Nuno M. Guimarães
COMISSÃO CIENTÍFICA
DIRETOR
M. Januário da Costa Gomes
COMISSÃO DE REDAÇÃO
Paula Rosado Pereira
Catarina Monteiro Pires
Rui Tavares Lanceiro
Francisco Rodrigues Rocha
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
Guilherme Grillo
PROPRIEDADE E SECRETARIADO
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade – 1649-014 Lisboa – Portugal
ÍNDICE 2022
ESTUDOS DE ABERTURA
Guido Alpa
19-34 on contractual power of digital platforms
Sobre o poder contratual das plataformas digitais
José Barata-Moura
35-62 dialéctica do tecnológico. uma nótula
Dialectique du technologique. Une notule
ESTUDOS DOUTRINAIS
3
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4
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Nuno M. Guimarães
763-790 sistemas normativos e tecnologias digitais: formalização, desenvolvimento e convergência
Normative systems and digital technologies: formalization, development, and convergence
Paulo de Sousa Mendes
791-813 uma nota sobre inteligência artificial aplicada ao direito e sua regulação
A Note on Artificial Intelligence in Legal Practice and Its Regulation
Renata Oliveira Almeida Menezes | Luís Eduardo e Silva Lessa Ferreira
815-838 Cyberbullying por divulgação de dados pessoais
Cyberbullying by doxxing
Rui Soares Pereira
839-865 sobre o uso de sistemas de identificação biométrica (e de tecnologias de reconhecimento
facial) para fins de segurança pública e de aplicação coerciva da lei: reflexões a propósito
da proposta de regulamento europeu sobre a inteligência artificial
On the use of biometric data systems (and facial recognition technologies) for security and law
enforcement purposes: reflections on the proposal for the european regulation on artificial intelligence
Rute Saraiva
867-930 segurança social, direito e tecnologia – entre Rule-as-Code e a personalização
Social Security, Law and Technology – Between rule-as-Code and personalization
Alfredo Calderale
933-969 augusto teixeira de Freitas (1816-1883)
JURISPRUDÊNCIA CRÍTICA
J. M. Sérvulo Correia
1003-1007 Homenageando o doutor Jorge Miranda
Homage to Professor Dr. Jorge Miranda
5
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Jorge Miranda
1009-1016 nótula sobre os direitos políticos na constituição portuguesa
Notice about Political Rights in the Portuguese Constitution
6
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Nuno M. Guimarães*
Resumo: este artigo explora facetas dos sistemas Abstract: this paper explores perspectives of
normativos no quadro da sua relação com o normative systems in the framework of their
espaço digital. em primeiro lugar, relevamos a relations with the digital space. First, we
formalização através da abordagem lógico-dedutiva, highlight their formalization through the
relacionada com a adoção e aplicação da lógica logical-deductive approach, related with the
em geral e deôntica em particular, inspiradora adoption and application of logic in general
de possibilidades de análise computacionalmente and deontic logic in particular inspiring the
apoiada e também com projeção em tecnologias possibility of computer-supported analysis and
digitais emergentes como os sistemas artificiais with projections in emerging digital technologies
autónomos. em segundo, discutimos a forma such as autonomous artificial systems. second,
como novas ordens normativas tecnológicas, we discuss how new normative orders – such
como a designada ordem normativa da internet, as the normative order of the internet, develop,
se desenvolvem, assumindo configurações with systemic configurations that differ from
sistémicas diversas dos sistemas jurídicos the ones of the established legal systems, and
estabelecidos e suscitando a reflexão sobre a calling for a reflection on the forms of their
sua integração nestes últimos. em terceiro, integration in the later. third, we explore the
exploramos os isomorfismos entre a lógica de signs of isomorphism between the logic of
criação e aplicação do direito e a de conceção creation and application of the law and the logic
e utilização de sistemas computacionais. of the design and use of computing systems.
*
Professor catedrático do departamento de ciências e tecnologias da informação do iscte –
instituto universitário de lisboa, estudante da cadeira de introdução ao estudo do direito, da
licenciatura em direito da Faculdade de direito da universidade de lisboa, 2021/2022. email:
[email protected]. agradeço ao Professor João Geraldes, pelo aconselhamento e estímulo, aos
regentes do curso, Professores José lamego e João P. charters Marchante, pelo ensino inspirador e
à dra. vera Mântua Guimarães pelo desafio.
nuno M. Guimarães
1. Introdução
764
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2. Conceitos fundamentais
Norma
a prescrição de uma conduta é uma norma. esta é uma das primeiras definições
de norma que adotamos simplificadamente no início deste trabalho e que sintetiza
algumas definições que encontramos nas fontes fundamentais da lógica, da filosofia
e da teoria do direito. as normas prescritivas (comandos, permissões ou proibições)
são normas típicas nos sistemas jurídicos. outras categorias de normas serão as
regras e as diretivas ou normas técnicas1, acompanhadas dos costumes, princípios
morais e regras ideais (naturais).
1
GEORG HENRIK VON WRIGHT, Norm and Action – a logical Enquiry, Routledge & Kegan Paul
Ltd., London, 1963 (síntese das noções de norma), p. 15.
nuno M. Guimarães
Sistema
2
HANS KELSEN, Reine Rechtslehre, Matthias Jestaedt (Hg) Mohr Siebeck, Verlag Oesterreich, 2017,
pp. 25-59.
3
MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução ao Direito, almedina, 2012, pp. 41 e ss.
4
JosÉ laMeGo, Filosofia do Direito, vol.1, almedina, 2021, pp. 45 e ss.
5
aRistote, Topiques, vi.13, volume ii, par Jacques brunschwig, les belles lettres, Paris, 2007,
pp. 80-85.
6
MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução... cit., p. 239.
7
T. HONDERICH (ed.), The Oxford Companion to Philosophy, Oxford University Press, 1995, p. 805.
766
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Sistema normativo
8
KARL SIGMUND, Sie nannten sich Der Wiener Kreis, Springer, 2018.
9
LUDWIG VON BERTALANFFY, General Systems Theory. Foundations, Development, Applications. New
York, George Braziller, 1968.
10
LUDWIG VON BERTALANFFY, General Systems... cit., p.13, p. 28.
11
HUMBERTO MATURANA E FRANCISCOVARELA, Autopoiesis and Cognition – The Realization of the
Living, Kluwer, 1972.
12
TERRY WINOGRAD AND FERNANDO FLORES, Understanding Computers and Cognition – A New
Foundation for Design, Addison Wesley, 1986.
13
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos, editorial astrea, 2ª edicion, 2012, p. 3.
14
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., p. 5.
nuno M. Guimarães
15
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., pp. 5 ss.
16
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., p. 6.
17
no sentido de Joseph Raz, “momentary and non-momentary systems”, apresentado por Pablo
navaRRo and JoRGe RodRiGueZ, Deontic Logic and Legal Systems, cambridge university Press,
2014, p. 196 ss.
18
MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução... cit., pp. 165 ss., §9º vicissitudes das Fontes do direito.
19
RAINER FORST & KLAUS GUENTHER (HG), Normative Ordnungen, Suhrkamp, 2021.
20
GUNNAR F. SCHUPPERT, The World of Rules – A Somewhat Different Measurement of the World,
Max Planck institute for legal History and legal theory, 2017.
768
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uma definição de direito que enquadra a visão deste artigo é “uma instituição
social de orientação de condutas (normatividade), dotada de órgãos especializados
para a criação e aplicação de normas (institucionalizado) e apoiada em sanções coercitivas
que incluem o recurso à força como reação ao incumprimento (coercibilidade)”24.
sintetizando, o direito é um sistema normativo, institucionalizado e coercivo.
a essência da ordem jurídica são as normas, sentidos normativos de fontes do
direito, resultantes de interpretação, metodologicamente ordenada, dessas fontes.
o espectro das fontes do direito, cada uma com as suas fundamentações normativas
(prescrições), inclui as leis, os costumes, os princípios morais, as decisões jurispru-
denciais. as teorias do direito diferenciam-se fundamentalmente no reconhecimento
21
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit.
22
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order of the Internet – A theory of rule and regulation
online, Oxford University Press.
23
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations, Plans and Situated Actions, 2nd edition,
Cambridge University Press, 2007.
24
JosÉ laMeGo, Filosofia do Direito... cit., pp. 65-66.
nuno M. Guimarães
ou prioridade que atribuem às várias fontes ou, mais diretamente ainda, nas fontes
do direito que consideram como imediatas.
o positivismo estrito de Kelsen25 é designado como a teoria monista que
considera a lei como fonte do direito, construída por autoridades normativas
legitimadas, e o direito como um sistema hierárquico de normas (Stufenbau) encimado
(num vértice conceptual) por uma norma fundamental legitimadora (Grundnorm)26.
de acordo com várias perspetivas, o outro extremo do espectro teórico (neste eixo)
é representado pelo jus-naturalismo, aberto à adoção como fonte imediata de
direito do costume, das decisões judiciais e, acima de tudo, de princípios morais
(excluídos no artigo 8º (2) do código civil).
em posições entre estes pólos encontramos outras visões, nomeadamente o
que se designa por positivismo inclusivo27. Referimos esta posição genérica porque
ela pode constituir um quadro de orientação, ou uma interface de ligação se usarmos
uma metáfora computacional, para a integração de novas ordens normativas com
a ordem jurídica vigente e uma forma como fontes mediatas de direito (p.e.
conjuntos de normas técnicas e interações de base tecnológica) são assim recebidas
e integradas, de forma fundamentada, nos sistemas jurídicos.
Mais especificamente, o positivismo jurídico inclusivo, assumindo o primado
da lei democraticamente institucionalizada como fonte imediata de direito, admite
a consideração de princípios fundamentais (sem legitimação de decisões contra
legem) 28. Recordamos uma afirmação de José lamego, “o catálogo dos direitos
fundamentais incluídos na constituição é um conjunto axiológico expansivo contextualizado
numa sociedade democrática”29. como veremos infra, esta abertura pode ser vista
uma das vias de receção das novas ordens normativas. Muito sinteticamente, quando
uma ordem normativa emergente através das práticas sociais se desenvolve e cria,
condiciona ou transforma direitos fundamentais, torna-se irrefutável no quadro
conceptual e pragmático do direito.
do ponto de vista sistémico, o direito, na perspetiva positivista, é uma ordem
normativa com propriedades bem identificadas: (i) é um sistema com hierarquia,
quer conceptual ou teórica como a já referida Stufenbau (literalmente “construção
em degraus”) ou a distinção de H.l.a. Hart entre regras primárias e regras
25
Hans Kelsen, Reine Rechtslehre... cit.
26
a conceito de Justiça de Kelsen não se confunde com o de direito, Kelsen, What is Justice?
www.youtube.com.
27
MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução... cit., pp. 79-80.
28
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia do Direito, almedina, 2018, pp. 68 ss.
29
Professor José lamego, Faculdade de direito de lisboa (citado com risco de incorreção).
770
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30
H.L.A. HART, The Concept of Law, 3rd edition, Clarendon Law Series, Oxford University Press,
2012, Section V.
31
a ciência de computadores (computer science) dedica uma boa parte da sua atividade e do seu
objecto à análise, conceção, avaliação e transformação dos sistemas de software atualmente embebidos
no nosso quotidiano. seria exaustivo e fora do contexto uma enumeração de referências sobre o
tema. Duas fontes de inspiração são A.K. DEWDNEY, The Turing Omnibus, 61 excursions in Computer
Science, 1989, Computer Science Press, 1989, ou ALAN. W. BIERMANN, Great Ideias in Computer
Science, A Gentle Introduction, The MIT Press, 1990. A mesma perspetiva sistémica tem sido aplicada
em muitas ciências para além da visão conceptual, como a Economia (SUNNY Y. AUYANG, Foundations
of Complex Systems theories in Economics, 1998, Cambridge University Press) ou a Biologia (URI
ALON, Introduction to Systems Biology, 2020, CRC Press).
32
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia... cit., pp. 211-233.
33
ULRICH KLUG, Juristische Logik, Springer, 1982, p. 1.
nuno M. Guimarães
34
Porque existem outras conceções de lógica, até mesmo consideradas no domínio do direito – ver
stePHen toulMin, The Uses of Argument, cambridge university Press, 2003.
35
ULRICH KLUG, Juristische Logik... cit., pp. 21 e ss.
36
ULRICH KLUG, Juristische Logik... cit., pp. 48 e ss.
37
ULRICH KLUG, Juristische Logik... cit., pp. 65 e ss., pp. 73 e ss., pp. 88 e ss., respetivamente.
38
ULRICH KLUG, Juristische Logik... cit., pp. 174 e ss. no contexto, Klug refere os projetos iniciais
de construção de bases de dados jurídicas, na circunstância através de um programa JuRis, levado
a cabo por uma instituição de investigação e desenvolvimento alemã, GMd – Gesellschaft für
angewandte Mathematik und datenverarbeitung – instituto para a Matemática aplicada e
Processamento de dados.
39
ulRicH KluG, Correspondência 1959-1965, Normas Jurídicas e Análise Lógica, (trad. Paulo
bonavides) Forense, Rio de Janeiro, 1984.
40
GeoRG HenRiK von WRiGHt, Deontic Logic, Mind, new series, vol. 60, no. 237, Jan. 1951,
pp. 1-15.
772
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em norm and action44, G.H. von Wright apresenta a lógica deôntica como
a lógica das normas e dos conceitos normativos. de novo, e de forma mais definitiva,
41
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Análisis Lógico y Derecho, editorial trotta, 2ª edicion, 2021,
pp. 11-21.
42
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Análisis Lógico y Derecho... cit., pp. 49-68.
43
GEORG HENRIK VON WRIGHT, Deontic Logic... cit.
44
GEORG HENRIK VON WRIGHT, Norm and Action... cit., pp. 17 e ss.
nuno M. Guimarães
45
MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução... cit., p. 201.
46
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia... cit., pp. 218 e ss.
47
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia... cit., p. 225.
774
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o caminho entre as propostas iniciais de G.H. von Wright, a lógica das normas
e a lógica das proposições normativas é apresentado com bastante clareza por
alchourrón y bulygin em “von Wright y la Filosofía del derecho”48 e desenvolvido
pelos mesmos autores na obra de referência sistemas normativos49 (doravante
designada por sn) que abordamos de seguida.
48
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Análisis Lógico y Derecho... cit., pp. 109-142.
49
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit.
50
artigo 3877º e 3878º da proposta do código de teixeira de Freitas e artigo 2777º e 2778º do
código civil argentino. no estudo sobre esta abordagem seria interessante exercitar o modelo com
fontes do direito português, por exemplo artigos análogos do código civil Português. ilustramos
esta possibilidade com um exemplo infra.
51
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., pp. 62-63.
52
não existem muitos exercícios deste tipo, com profundidade e substância. o exemplo de análise
mencionado supra é usado por vários autores. um exercício deste tipo é realizado em FedeRico l.
FaZio, Sistemas Normativos y Conflictos Constitucionales.¿Es Posible Aplicar Derechos Fundamentales
Sin Ponderar? isonomía. Revista de teoría y Filosofía del derecho, núm. 40, 2014, pp. 197-226.
nuno M. Guimarães
$UWLJR(Princtpio geral)
$TXHOHTXHFRPGRORRXPHUDFXOSDYLRODULOuFLWDPHQWHRGLUHLWRGHRXWUHPRXTXDOTXHUGLVSRVLomROHJDO
GHVWLQDGDDSURWHJHULQWHUHVVHVDOKHLRVILFDREULJDGRDLQGHPQL]DUROHVDGRSHORVGDQRVUHVXOWDQWHVGDYLRODomR
6yH[LVWHREULJDomRGHLQGHPQL]DULQGHSHQGHQWHPHQWHGHFXOSDQRVFDVRVHVSHFLILFDGRVQDOHL
$UWLJR(Enxames de abelhas)
2SURSULHWiULRGHHQ[DPHGHDEHOKDVWHPRGLUHLWRGHRSHUVHJXLUHFDSWXUDUHPSUpGLRDOKHLRPDVpUHVSRQViYHO
SHORVGDQRVTXHFDXVDU
>@
Propriedades
VDC – ViolaomR com dolo ou culpa
PEA – Proprietirio do Enxame de Abelhas
DAN – Existem danos
53
c. alcHouRRón Y e.bulYGin, Sistemas Normativos... cit., pp. 82-87.
54
definição de Kelsen em Hans Kelsen, Reine Rechtslehre... cit., pp. 196 e ss., citada em c. alcHouRRón
Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., p. 87.
776
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Síntese
55
A. RIZALDI AND M. ALTHOFF, Formalizing Traffic Rules for Accountability of Autonomous Vehicles,
ieee 18th international conference on intelligent transportation systems, Gran canaria, spain,
september 2015.
56
exclamação/interrogação não estão no texto original.
57
A. RIZALDI AND M. ALTHOFF, Formalizing Traffic Rules... cit., “we view traffic rules from legal
texts as requirements for autonomous vehicles. if we can prove that an autonomous vehicle always
satisfies these requirements during its operation, then it cannot be held responsible in a collision”.
58
a lógica de primeira ordem (https://plato.stanford.edu/entries/logic-firstorder-emergence/) é a
que se sucede à lógica proposicional mais elementar, com a introdução de predicados e quantificadores.
a lógica de ordem superior introduz propriedades e outros tipos de variáveis (ver https://plato.
stanford.edu/entries/logic-higher-order).
nuno M. Guimarães
Síntese
59
A.RIZALDI AND M. ALTHOFF, Formalizing Traffic Rules for Accountability of Autonomous Vehicles...
cit. [...] “apart from Propositional and First-order logic, there is also deontic logic [9] for
formalising law which can express the notions of permission and obligation explicitly. We also decided
not to use deontic logic because our goal is to elicit a set of formal specification for autonomous
vehicles from legal texts.”.
60
https://newsroom.intel.com/articles/rss-explained-five-rules-autonomous-vehicle-safety.
61
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia... cit., pp. 35-36.
778
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62
HANS RADDER, Why Technologies Are Inherently Normative, In A. Mejers, D.M. Gabbay, P. Thagard
and J. Woods (Eds) Handbook of Philosophy of Science, Vol.9, Philosophy of Technology and
Engineering Sciences, Elsevier, 2009.
63
os simples artigos 1º e 2º da lei 74/98 menciona, como referência temporal da publicação de
um ato legislativo “a disponibilização no sítio da Internet gerido pela incM s.a.”.
nuno M. Guimarães
64
JÜRGen HabeRMas, Technik und Wissenchaft als “Ideologie”, 1969, suhrkamp, 1969, pp. 62-65, na
tradução – JÜRGen HabeRMas, Técnica e Ciência como Ideologia, edições 70, 2001, pp. 57-59.
65
PieRRe lÉvY, Les technologies de l’intelligence. L’Avenir de la pensée à l’ère informatique, Paris, la
découverte, coll. sciences et société, 1990.
66
Menciono o sistema de crédito social chinês na sua conceção ou concretização como exemplo
extremo e quase caricatural da deslocação das tecnologias do campo do “trabalho” para o da “interação”
(normativa, institucionalizada e coerciva) https://www.wired.co.uk/article/china-social-credit-
system-explained.
780
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67
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit.
68
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit.
nuno M. Guimarães
69
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit.
70
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., pp. 22, ECtHR, Cengiz & others c.
Turkey, julgamento 1/12/2015, Appl nrs 48226/10,14027/11, §49 e 52.
71
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., pp. 22.
72
FRanK la Rue, Report of the special Rapporteur on the promotion and protection of the right
to freedom of opinion and expression, un doc. a/HRc/17/27 of 16 May 2011, http://www2.ohchr.org/
english/bodies/hrcoun-cil/docs/17session/a.HRc.17.27_en.pdf, 20.
73
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., pp. 288, BVerfG, julg. Primeiro senado,
27-2-2008, 1 bvR 370/07, §181.
74
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., pp. 288, bverfG, julgamento Primeiro
senado, 18-7-2012, 1 bvR 10/10 asylbewerberleistunggesetz.
782
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75
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., p. 290.
76
constituição da República Portuguesa, artigos 1º, 2º e 9º.
77
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., p. 11.
78
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., p. 61.
79
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., capítulo 3, pp. 68 e ss.
80
a ideia de fragmentação associada aos instrumentos de soft law é referida por JosÉ laMeGo,
Elementos de Metodologia... cit., p. 36.
nuno M. Guimarães
&DL[D
RFC 1
Network Working Group Steve Crocker
Request for Comments: 1 UCLA
Host Software
Steve Crocker
Installation: UCLA
Date: 7 April 1969
81
www.ietf.org, a ietF é uma organização dedicada à definição dos standards da internet, relacionada
com a internet society, https://www.internetsociety.org/about-the-ietf. a isoc, internet society,
é uma associação de associações (chapters). Para compreender a ligação, https://tools.ietf.org/id/
draft-ietf-iasa2-rfc2031bis-01.html. os RFc estão acessíveis a partir de, por exemplo: https://www.
rfc-editor.org/rfc-index2.html.
784
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&DL[D
RFC 8260
Internet Research Task Force (IRTF) N. ten Oever
Request for Comments: 8280 ARTICLE 19
Category: Informational
ISSN: 2070-1721 C. Cath
Oxford Internet Institute
October 2017
1. Introduction
"There’s a freedom about the Internet: As long as we accept the rules of
sending packets around, we can send packets containing anything to anywhere."
[Berners-Lee]
"The Internet isn’t value-neutral, and neither is the IETF." [RFC3935]
This document aims to (1) expose the relationship between protocols and human
rights, (2) propose possible guidelines to protect the Internet as an
enabling environment for human rights in future protocol development, in a
manner similar to the work done for privacy considerations [RFC6973], and (3)
increase the awareness, in both the human rights community and the technical
community, of the importance of the technical workings of the Internet and
its impact on human rights.
...
Open, secure, and reliable connectivity is necessary (although not
sufficient) to exercise human rights such as freedom of expression and
freedom of association [FOC], as defined in the Universal Declaration of
Human Rights [UDHR]. The purpose of the Internet is to be a global network of
networks that provides unfettered connectivity to all users, and for any
content [RFC1958]. This objective of stimulating global connectivity
contributes to the Internet’s role as an enabler of human rights.
[...]
nuno M. Guimarães
82
em sentido estrito e jurídico não existe previsão de sanção pelo não cumprimento destas normas
técnicas. no entanto existe uma evidente convicção de obrigatoriedade para garantir a manutenção
da “ordem social digital”.
83
a. MeneZes coRdeiRo, O Costume e os Usos no Século XXI, Revista de direito das sociedades
(2011), n.º 3, pp. 647 e ss.
84
a. MeneZes coRdeiRo, O Costume e os Usos... cit., p. 654.
85
ver supra, 4.2.
86
lei 27/2021 de 17 de Maio.
87
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., p. 242.
88
MATTHIAS C. KETTEMANN, The Normative Order... cit., p. 209 on Internet Constitutionalization.
786
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Síntese
89
https://multimedia.europarl.europa.eu/en/package/digital-services-and-digital-markets-act_17701,
https://www.europarl.europa.eu/legislative-train/theme-a-europe-fit-for-the-digital-age/file-
digital-markets-act.
90
https://www.europarl.europa.eu/legislative-train/theme-a-europe-fit-for-the-digital-age/file-
digital-services-act.
91
https://digital-strategy.ec.europa.eu/en/policies/european-approach-artificial-intelligence.
92
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit.
nuno M. Guimarães
93
Supra, § 5.1.
94
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit., p. 38.
95
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit., p. 61.
96
Por exemplo, na conceção de sistemas de informação e suporte a fluxos de trabalho nas organi-
zações (workflow).
97
JOHN SEARLE, Speech Acts: an essay in the philosophy of language, 1969, Cambridge University Press.
98
ALF ROSS, Directives and Norms, 1968, Routledge & Kegal Paul.
99
JÜRGEN HABERMAS, Between Facts and Norms, 1996, polity press.
100
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit.
101
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit., pp. 69 e ss.
102
LUCY SUCHMAN, Human Machine Reconfigurations... cit., p. 71.
788
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103
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., pp. 47-54.
104
c. alcHouRRón Y e. bulYGin, Sistemas Normativos... cit., p. 49.
105
ver supra §5.1.
106
JosÉ laMeGo, Elementos de Metodologia... cit., p.111 ss., ou MiGuel teiXeiRa de sousa, Introdução...
cit., pp. 337-371.
nuno M. Guimarães
7. Conclusão
107
LAURENCE E. DIVER, Digisprudence – Code as Law Rebooted, Future Law, Edinburgh University
Press, December 2021.
790