Desdobramento Consciente - Breno Costa PDF
Desdobramento Consciente - Breno Costa PDF
Desdobramento Consciente - Breno Costa PDF
Breno Costa,
Marília, SP, 13 de fevereiro de 2017.
A vida não cessa, nunca termina. Deus, nosso Pai Criador e
misericordioso, nos oferta infinitos campos de desenvolvimento da alma.
A consciência humana que habita o planeta Terra, ainda muito jovial, luta
para sair das primeiras impressões originadas pela interação com a matéria
densa, com aspectos tridimensionais.
A humanidade terrena é muito nova. Há poucos milênios quase nada
existia. Há poucos séculos ainda vivia em feudos. Há poucas décadas
escravizava irmãos. Há poucos anos presenciou o holocausto e duas guerras
mundiais. E atualmente convive com ataques entre algumas nações do oriente
e do ocidente, como se o planeta Terra não fosse uma única morada de
irmãos do mesmo Pai.
Os humanos encarnados, tratando-se de mentes jovens, em sua maioria,
estão adoecidos. Viciados, condicionados e dominados pela matéria. Muitos
vivem como robôs. Não pensam, não raciocinam, seguem automaticamente
os hábitos condicionados pela maioria adormecida e adoecida. Possuem a
mente fixa na violência ou guardam sentimentos como ódio e raiva, além do
consumo desenfreado de sexo, drogas, alimentos e outros produtos que
causam a ilusão de uma felicidade, mas, na verdade, originam um estado de
euforia lesiva e passageira, muito diferente da felicidade construída nas
potencialidades do Espírito e, por isso, duradoura e verdadeira.
Poucos são aqueles que conseguem fugir do padrão massificado.
Assim, o ser humano se esquece de que é um ser imortal, de essência
espiritual, vivendo em uma das infinitas dimensões do Universo Divino e,
como tal, um dia partirá, levando dessa dimensão tão somente o que
conseguiu evoluir moral e intelectualmente. Nada mais!
É chegado o momento de despertar.
É chegado o momento de amadurecer.
É chegado o momento de aceitar-se.
Deixemos de ser crianças que necessitam de cuidados permanentes para
não cairmos em abismos horríveis do Universo Espiritual.
Assumamos nossas responsabilidades como cocriadores do Universo.
Assumamos nossas responsabilidades como seres imortais e filhos de
Deus.
Assumamos nossas responsabilidades pelo próprio destino.
Dentro desse cenário evolutivo necessário, o desdobramento surge como
iluminada faculdade, porque coloca o vivente do Universo Físico em contato
direto com os viventes dos demais universos, incluindo o Espiritual.
Em contato lúcido e direto com as demais dimensões da matéria, não há
mais espaço para hesitações e dúvidas. Torna-se patente e cristalina a
imortalidade da alma, bem como a existência de outras moradas na casa do
Senhor.
Fixemos a lição de que ora vivemos no Universo Físico, ora vivemos em
alguma das esferas do Universo Espiritual.
A vida nunca cessa.
Não há morte ou mortos.
Há vida, sempre e inevitavelmente.
O que se altera é apenas a composição da matéria (vibração e
dimensionalidade), que molda o plano de existência e os veículos de
manifestação da consciência imortal.
Por meio desta obra, queremos contribuir para uma visão desmitificada e
responsável a respeito do desdobramento, também conhecido como projeção
astral ou projeção da consciência.
Não guardamos a pretensão de esgotar o tema. Mas, este livro será um
guia seguro a respeito do assunto, em especial para quem segue a Doutrina
Espírita e busca informações em sintonia com as obras de Allan Kardec e as
psicografadas por Chico Xavier.
Espírito Heitor,
14 de fevereiro de 2017.
Sou, evidentemente, uma testemunha suspeita de parcialidade para
entronizar o preclaro leitor no conteúdo deste precioso livro, porquanto tenho
o autor, Breno Ortiz Tavares Costa, em altíssima conta, não por ser parente
próximo (é meu sobrinho), mas por acompanhar a sua evolução como ser
humano desde o seu nascimento e estar encantado tanto por sua dedicação ao
estudo da preciosa e consoladora Doutrina Espírita, quanto, sobretudo, por
sua entrega à prática cotidiana do bem.
Nada obstante, não foi possível negar-me a prefaciar esta obra que reputo
um depoimento exaustivo, minucioso e esclarecedor dessa faculdade
extraordinária, objeto do estudo de numerosos próceres da ciência psíquica
como Charles Richet, Albert de Rochas, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano,
mais recentemente o psiquiatra, estudioso e praticante brasileiro Waldo
Vieira etc., que é a mediunidade, especificamente na modalidade de
desdobrar-se a alma do ser humano encarnado para fora de seu corpo e
experienciar vivências em diversas dimensões da matéria.
Com efeito, o chamado desdobramento do Espírito encarnado (ser
humano vivendo na terceira dimensão) pode ser classificado como uma
faculdade mediúnica, na medida em que o agente serve de intermediário entre
informações colhidas em outras esferas dimensionais e aquela na qual
presentemente estamos mergulhados, que se convencionou chamar terceira
dimensão. Mas é suis generis, porquanto é o próprio médium o protagonista
da fenomenologia que assim se produz, tal como ocorre na clarividência.
Pois bem: o nosso autor, Breno, gozava de tal faculdade desde criança.
Narra, então, os problemas que isso lhe causava, as sensações que
experimentou nas diversas situações em que se viu penetrando em outra
esfera dimensional, as dificuldades de encontrar na literatura espírita
explicações simples, compreensíveis por qualquer do povo, que pudessem
tranquilizá-lo e, mais do que tudo, instruí-lo sobre como proceder diante de
tais situações que lhe pareciam muito complicadas.
E se põe a esclarecer tais questões, instruído pelo seu guia espiritual e
pela equipe que se formou para concretização do projeto de elaboração da
obra, que consigo denota muita proximidade, revelando sintonia
indispensável para esse tipo de trabalho. O autor o faz em linguagem popular,
sem rebuscamentos, sem ornamentos linguísticos elaborados, ou seja,
utilizando linguagem direta, simples, sem rodeios, surpreendente pela
sinceridade e pelas minúcias da narrativa das experiências vivenciadas.
Às suas próprias observações, o autor acrescenta aquelas feitas não apenas
por seu guia espiritual, mas por outros Espíritos participantes do projeto de
concepção da obra, que nasceu no plano espiritual e se está concretizando no
plano da matéria densa em que nos achamos.
De modo que o precioso conteúdo desta obra consiste num depoimento
feito por quem concretamente vivenciou a problemática do desdobramento
astral, com que convive grande parte da população sem mesmo ter
consciência disso, dando ensejo a perturbações emocionais e mentais
trabalhadas por psiquiatras e psicanalistas com medicação geralmente
alopática, provocando efeitos danosos de largo espectro. E a esse
depoimento, a obra acrescenta esclarecimentos oportunos e reveladores feitos
pelos guias espirituais já mencionados.
Esta, exatamente, é a utilidade da obra que ora se apresenta, produto de
uma narrativa fiel das vivências do seu autor, que atuou na sua elaboração
sob a influência e total afinidade de seus mentores espirituais, qual seja: a de
propor um guia seguro, tranquilo, de fácil apreensão por qualquer pessoa, de
como diagnosticar, educar e aproveitar para o bem comum essa
extraordinária faculdade.
Como não se trata de uma pesquisa científica nem contém arroubos
literários, a obra é de fácil leitura e compreensão, atendendo, com isso, aos
objetivos da equipe espiritual que coordenou a sua elaboração. Procura
atender as necessidades físicas, emocionais, sociais e sobretudo espirituais de
grande número de pessoas que, em geral inconscientemente, gozam desse
fabuloso instrumento de interação entre os mundos chamados de material (o
da terceira dimensão, em que presentemente estamos) e espiritual (composto
de várias esferas dimensionais, desde as mais próximas da crosta física do
planeta, até as mais distantes e aperfeiçoadas).
Temos absoluta certeza de que, por sua simplicidade, sinceridade
surpreendente do depoimento pessoal, objetividade na análise dos
mecanismos de produção do fenômeno e naturalidade com que a
problemática é descrita e esclarecida, encontrará a obra ampla aceitação por
quantos se interessem pelo assunto, sobretudo por aqueles que o vivenciam e
não encontram respostas às suas angustiantes indagações.
Feliz leitura.
2. Nota do Autor: em razão de a escrita ser realizada no momento em que estou desperto no Universo
Físico, minha mente permanece presa à realidade tridimensional do Universo Físico e a transmissão dos
ensinamentos de Heitor, a partir desse ponto, foi de grande dificuldade. Assim, a essência do
ensinamento foi transmitida, mas com certeza muitas definições ficaram perdidas.
Enquanto aguardávamos a saída dos demais Espíritos, fiquei observando
aquele salão da minha querida casa espírita – Núcleo Espírita Amor e Paz.
Não vou mentir, estava tentando entender a última lição de Heitor e
tentava enxergar as demais construções que supostamente existiriam ali, mas
na quarta dimensão da matéria.
Arshad percebeu meus pensamentos e sorriu como a dizer: “esquece, você
não vai conseguir sem ajuda magnética que desperte essa sua capacidade.”
Mas, continuei mesmo assim. Infelizmente não consegui.
Em poucos minutos chegou Heitor e senti enorme afinidade com ele; em
verdade, fiquei emocionado e com os olhos lacrimejando.
Heitor falou:
– Olá, querido amigo. Não perdeu essa mania de se emocionar? Vamos
conversar na sala ao lado. Calma, é uma sala que você consegue ver.
Nessa hora pensei comigo: “como é difícil conviver com Espíritos que
sabem seu pensamento.” Heitor olhou para mim e disse:
– Realmente é difícil, por isso a matéria densa é necessária na atual fase
de evolução da maioria dos humanos. Já pensou todos saberem o que todos
estão pensando? Os relacionamentos seriam impossíveis.
Nesse momento resolvi parar de pensar a respeito, já que saberiam
mesmo.
Sentamo-nos nas cadeiras, em volta de uma grande mesa que havia na
sala e Heitor começou a falar:
– Querido amigo, eu poderia realizar um procedimento magnético em sua
mente para despertar em sua consciência presente as lembranças do passado,
mas achamos interessante não fazer isso agora. O temporário esquecimento
que você está experimentando, em virtude da matéria densa, é importante
para as tarefas programadas em favor da Doutrina e para as provas e
expiações que você planejou para resgatar seus débitos com a Lei Divina e
readquirir equilíbrio espiritual. Assim, prefiro apenas explicar um pouco
sobre a gente. Nós quatro formamos uma equipe de trabalho e planejamos,
antes de sua reencarnação, algumas das tarefas que estamos executando
atualmente. Sempre iremos trabalhar juntos, mas, por uma questão de
especialidade, afinidade e organização, Antônio lhe ajudará nos estudos da
doutrina, em especial das obras do Espírito André Luiz. Ele conhece os
assuntos narrados por André Luiz e se preparou para desenvolver esse
trabalho conosco. Arshad o ajudará no entendimento do Evangelho de Jesus,
mas de uma forma que auxilie as pessoas a efetivamente despertarem como
Espíritos imortais, inclusive você, que está imerso em matéria mental muito
densa e vem dando um pouco de trabalho para nós. Está na hora de você
despertar para suas responsabilidades. Ele passará algumas tarefinhas de casa
para você cumprir e depois você vai ensiná-las e escrever a respeito.3 Eu vou
ajudá-lo nos desdobramentos conscientes. Vamos sugerir livros para você
estudar, levá-lo para algumas viagens interessantes e, no momento
apropriado, iremos, juntos, redigir um manual no qual você contará seus
estudos, suas experiências e vivências no Universo Espiritual, inclusive esta
conversa, para que os encarnados entendam que mesmo os trabalhos
humildes na Doutrina Espírita são planejados, organizados e sérios. Nas
obras do bem, mesmo nas mais singelas, não há espaço para improvisos.
Ele fez uma pausa, para que eu pudesse assimilar o que estava sendo
explicado e continuou:
– Sobre os desdobramentos conscientes, estou acompanhando-o há muito
tempo, desde a infância, adolescência e agora na fase adulta. Iremos relatar
alguns no manual que iremos redigir.
– Mas eu vou me recordar desse encontro quando voltar ao corpo físico? –
questionei.
– Não com perfeição, mas terá memórias fragmentadas do encontro e de
estar aqui, no Núcleo Espírita Amor e Paz, na noite de hoje. Mas, tudo o que
está sendo vivenciado estará em sua memória e, aos poucos, inclusive com
nossa ajuda magnética, surgirá como forte intuição, e no momento da redação
do manual eu estarei ao seu lado e escreveremos juntos. Aos poucos vou
ajudá-lo a montar o quebra-cabeça de seus desdobramentos conscientes,
assim como Antônio o ajudará nos estudos da doutrina e Arshad do
Evangelho. Nossa contribuição é um pequeno tijolinho no enorme castelo que
é a Doutrina Espírita, mas é um tijolinho organizado e feito com amor –
esclareceu Heitor.
Eu fiquei muito feliz com a reunião. Em meu íntimo sentia que em breve
iniciaríamos alguns trabalhos mais efetivos na Doutrina Espírita. Poucos
meses depois iniciamos o curso sobre as obras do Espírito André Luiz,
estudando o Universo Espiritual com o auxílio de Antônio e ainda
aprendendo as tarefinhas de casa que Arshad me passava e ensinávamos no
final das aulas de terça-feira.
As tarefinhas de casa foram importantes para o meu despertar como
Espírito imortal, isto é, compreender que minha essência é espiritual e que eu
estava iludido e perdido na matéria densa.
Enquanto nossos hábitos e condutas diárias (casa, trabalho, centro
espírita, rua) não são alterados pela Luz do Evangelho de Jesus, continuamos
dormindo, desperdiçando preciosas oportunidades de crescimento espiritual.
Eu nasci em família espírita, sempre estudei e frequentei o centro espírita,
mas posso afirmar que muito pouco de minha vida cotidiana era afetada
efetiva e positivamente pelo conhecimento espírita.
Arshad me ensinou que esse é o primeiro passo para despertar a
consciência imortal. Aceitar que a sua vida se encontra dominada apenas por
hábitos materialistas e que a frequência na casa espírita tem servido somente
para receber algumas boas energias.
O segundo passo é verificar o que podemos modificar em nossa rotina
diária, de modo a viver em sintonia com os ensinamentos da Doutrina
Espírita. Alguns hábitos são básicos para quem desperta como Espírito
imortal: oração e meditação diárias, evangelho no lar semanalmente, prática
efetiva da caridade, estudo constante dos ensinamentos dos Espíritos de Luz
(mensagens de Emmanuel, André Luiz e outros), frequência na casa espírita,
vida digna e correta. Perceba que isso não significa tornar-se um Espírito
perfeito, mas tão somente viver, ainda no grau evolutivo em que estamos, em
sintonia com a Providência Divina e os ensinamentos de Jesus. Assim,
naturalmente, melhoramos nossa qualidade de vida e de nossa família.
Esses ensinamentos são importantes para quem quer realizar
desdobramentos conscientes e viagens no Universo Espiritual, pois nas
esferas espirituais próximas do Universo Físico existem muitos Espíritos
doentes, enfermos e ainda estagiando na ignorância da maldade. Assim,
aquele que quer tornar-se um projetor consciente e não pensa em realizar uma
efetiva reforma íntima terá muitos encontros desagradáveis.
Isso acontece porque aqueles que mantêm hábitos inferiores, e não
desenvolvem os hábitos mínimos de saúde espiritual, tais como os citados
acima, alimentam uma atmosfera psíquica densa e isso atrai para o convívio
diário Espíritos infelizes. Muitos deles buscam apenas aproveitar-se da
vitalidade do encarnado, vampirizando fluidos vitais e energias densas
emitidas durante o consumo de vícios.
Esse tipo de pessoa, ao realizar desdobramentos, estará em companhia de
legiões de Espíritos infelizes e será refém deles. Entenda que não há risco de
vida propriamente dito, mas é muito desagradável, já que as energias emitidas
por tais Espíritos e absorvidas pelo projetista farão com que ele se sinta muito
mal. Após algum tempo, essas energias são absorvidas pelo corpo físico e
surgem sensações como desânimo, cansaço intenso, angústias diversas etc.
Quando o desdobramento é realizado em companhia dos amigos
espirituais (guias, amparadores), eles envolvem o projetista em campos
magnéticos. Assim, há proteção mesmo quando realizam viagens em regiões
infelizes e imersos em energias que poderiam causar alguma espécie de
prejuízo para o projetista.
No meu caso, foi essencial iniciar um efetivo processo de reforma íntima,
despertando minha consciência imortal, isto é, aceitando conscientemente que
sou um Espírito encarnado e que minha vida diária precisa estar em sintonia
com a realidade da imortalidade da alma.
Dessa forma, consegui desfazer-me de alguns hábitos infelizes do meu
cotidiano, o que aumentou minha sintonia com meus amigos espirituais e os
trabalhos planejados começaram a ser executados com maior facilidade,
inclusive os desdobramentos.
Portanto, caro leitor amigo, se possui o desejo de iniciar desdobramentos
conscientes e visitar regiões do Universo Espiritual, aceite a importância de
alterar suas condutas diárias, deixando para trás hábitos infelizes (vícios e
paixões) e introduzindo hábitos saudáveis, tais como os citados acima e os
diversos ensinamentos de Jesus Cristo, revividos pela Doutrina Espírita por
meio de tantas mensagens de luz de Espíritos Superiores.
3. Nota do autor: são os exercícios mentais ensinados no final das aulas de terça-feira no Núcleo
Espírita Amor e Paz e que deram origem ao livro “Em Busca da Felicidade”
O Espírito, ser imortal, utiliza muitos veículos de manifestação ao longo
de sua viagem de evolução. Cada veículo é perfeitamente apropriado à
dimensão da matéria onde irá se manifestar, vivendo por certo período.
Assim, somos viajantes do espaço-tempo.
Ao longo da evolução, o Espírito desenvolve a mente e,
consequentemente, seus corpos de manifestação. A mente é a principal
ferramenta do Espírito, mas não se confunde com este. Imaginemos o corpo
como um carro; a mente é o volante, mas o motorista é o Espírito. Portanto, a
mente é a ferramenta do Espírito, por meio do qual ele decide em que estrada
da vida quer trafegar. Aqui entra o uso da vontade. Falaremos novamente
sobre o tema.
A mente, essa máquina maravilhosa, com enormes e ainda desconhecidas
capacidades, é que molda os corpos de manifestação. Assim, a mente dá
origem ao corpo mais sutil que conhecemos, o chamado “corpo mental”.
Este, interagindo com a composição específica da matéria da esfera espiritual
onde o Espírito está, dá origem ao corpo espiritual (perispírito). Quando
vamos reencarnar, o perispírito serve de molde para a formação do corpo
físico.
Nesse sentido, temos que todos os corpos são oriundos do comando
mental. Claro que para ingressar no Universo Físico recebemos influência
direta da genética dos pais, mas, mesmo assim, o corpo é formado conforme
comando da mente. Imaginemos um quadro: a tela é pintada pelo Espírito,
mas as tintas foram oferecidas pelos pais. Apesar de os pais ofertarem as
tintas, quem projeta a pintura é o Espírito reencarnante por meio de seu
comando mental.
Ainda no Universo Espiritual, o Espírito reencarnante, considerando as
últimas vidas físicas, bem como necessidades de resgastes, provas e trabalho
no bem, realiza uma programação de vida, o que inclui a formação do corpo
físico. Nessa programação, os médicos espirituais responsáveis, com alto
nível de conhecimento da genética humana, consideram o material genético
que será ofertado pelos pais, ou seja, a pintura a ser desenhada é decidida
antes da reencarnação, mas considerando as tintas e cores que serão
oferecidas pelos pais.
É importante entender essa formação dos corpos para entender o que seria
o chamado “cordão de prata”.
Como é a mente a ferramenta do Espírito imortal que forma todos os
veículos de manifestação, há uma ligação vibracional intensa nessa região
que interliga todos os corpos (região da cabeça).
Há elos vibracionais em todas as regiões dos corpos (físico, espiritual e
mental), mas, na região da cabeça, sede principal da mente, essa ligação é
mais intensa.
Assim, quando nos desdobramos e estamos projetados para fora do corpo
físico, o Espírito se desloca nas dimensões e sua consciência passa a
manifestar-se numa das esferas do Universo Espiritual. Isso significa que sua
mente está convergindo os corpos de manifestação nesse espaço-tempo.
Porém, não houve o rompimento com o corpo físico, isto é, permanece um
forte elo vibracional entre o Espírito imortal e o seu corpo físico. Esse elo é
tão forte que dá a impressão de formar um cordão que, por brilhar
intensamente, recebeu o nome de “cordão de prata”.
Esse elo vibracional apenas se rompe no momento da desencarnação,
quando o Espírito se desliga do veículo de manifestação utilizado no
Universo Físico. Costuma-se perguntar se há riscos de o cordão de prata
romper-se ao longo de uma projeção consciente. Precisamos ser honestos e
afirmar que na teoria existe, sim, o risco, isto é, a depender do
desdobramento, caso o projetado se desloque para regiões espirituais
extremamente densas e se envolva com entidades infelizes, com
conhecimento suficiente para isso, seria, na teoria, possível que se rompa o
cordão de prata, causando o desligamento do Espírito com o corpo físico e,
consequentemente, a desencarnação. Porém, trata-se de hipótese remotíssima,
sem nenhum relato a respeito, seja dentro da Doutrina Espírita, seja nas
inúmeras escolas e instituições que estudam, ensinam e praticam o
desdobramento consciente. Trata-se de procedimento extremamente
complexo de ser realizado, que exigiria avançadíssimo nível de
conhecimento. Ademais, existem, em todo o Universo Divino, trabalhadores
do bem e uma organização que visa a auxiliar os Espíritos em sua evolução.
Nesse sentido, aquele que se desdobra conta com o auxílio de seu Espírito-
guia, também conhecido como amparador.
Todavia, o conhecimento dessa remota possibilidade é necessário para
ressaltar a importância de não se encarar a faculdade do desdobramento como
uma simples diversão e para fins frívolos, que violem o bom senso ou, até
mesmo, as Leis Divinas. Aquele que pretende realizar desdobramentos
conscientes para fins inferiores estará, naturalmente, em sintonia com
Espíritos infelizes. De outro lado, aqueles que estudam e querem desenvolver
a faculdade do desdobramento consciente para ampliar sua consciência
imortal, conhecer o Universo Divino, ter contato com sua essência espiritual,
ajudar irmãos em dificuldade, evoluir intelectual e moralmente, estarão em
sintonia com seus amigos espirituais e não correrão risco algum. Aqui
também fica evidenciada a importância de o estudo do desdobramento ser
acompanhado por uma necessária e relevante mudança de hábitos, com a
realização da reforma íntima e adoção na rotina diária da oração, meditação,
evangelho no lar, alimentação saudável, controle da mente e dos atos (evitar
ira, raiva, intolerância e similares), praticar exercícios físicos regulares, com
o que o Espírito viverá naturalmente em melhor padrão vibratório e em
sintonia com Espíritos amigos e amparadores.
O cordão de prata, por ser um elo vibracional, não sofre qualquer
limitação de distância ou espaço-tempo. Com isso, o Espírito em
desdobramento pode deslocar-se para qualquer parte do Universo Divino.
Quanto à sua constituição, temos que o cordão de prata que liga o corpo
espiritual ao físico é híbrido, ou seja, possui elementos da dimensão física
(matéria tridimensional – densa) e elementos da dimensão espiritual (matéria
tetradimensional). É por meio dele que fluem, de forma mais intensa, os
princípios vitais do duplo etérico, tanto para o corpo físico, quanto para o
corpo espiritual. No momento do desencarne, conforme o nível evolutivo do
Espírito, haverá absorção de certa quantidade de fluidos vitais pelo perispírito
do desencarnante, e isso ocorre pelo cordão de prata.
Em razão dessa constituição híbrida e do fluxo intenso de fluido vital,
temos que, ao realizar o desdobramento consciente e permanecer próximo do
corpo físico, é possível sentir fisicamente o cordão de prata, muitas vezes até
mesmo como um verdadeiro cordão, já que próximo do corpo físico ele ficará
denso e volumoso. Isso faz com que muitas pessoas o tenham como um
Espírito, ou seja, o projetista iniciante sai do corpo físico e sente o cordão de
prata em suas costas ou próximo às suas costas, sente o seu calor e conclui
que existe ali um Espírito desencarnado. Nessas situações, o projetista
iniciante costuma achar que se trata de um obsessor. Muitas vezes, fica com
medo e quer voltar para o corpo físico. Porém, com mais experiência, percebe
que distanciando-se do corpo físico o cordão de prata diminui de volume e
densidade. Após, com experiência, o projetista pode até mesmo analisar o
próprio cordão de prata, verificando de onde sai da cabeça do corpo físico,
tentando tocá-lo, segurá-lo, vendo suas características de densidade, cor,
calor etc.
Caso o desdobramento seja realizado, deixando em repouso o corpo
físico, duplo etérico e perispírito, o Espírito estará envolvido apenas pelo
corpo mental e manterá o elo vibracional com os demais corpos.
Didaticamente, para facilitar a compreensão, alguns autores chamam a
ligação do corpo espiritual e do corpo mental de cordão de ouro, pois teria
uma constituição diferente, com elementos do corpo espiritual e do corpo
mental, sem elementos do corpo físico e duplo etérico. Pensamos que as duas
denominações atendem a finalidade. Importante compreender que existe um
elo intenso ligando o Espírito imortal aos veículos de manifestação.
Além do cordão de prata, existem outros elos intensos, verdadeiras
amarras que prendem o Espírito ao corpo físico. Em virtude disso, Espíritos
desencarnados conseguem, com facilidade, visualizar quando é um projetista
visitando regiões do mundo espiritual. Esses outros elos estão interligados
aos chacras do corpo espiritual, o que veremos no capítulo seguinte.
A palavra chacra advém do sânscrito, língua falada na antiga Índia, e
representa círculos de energias, isto é, vórtices energéticos.
O corpo espiritual, veículo de manifestação da consciência imortal no
Universo Espiritual, também é formado de matéria. Trata-se de uma matéria
em dimensionalidade diferente do corpo físico e, portanto, possui outras
características, tais como a plasticidade e maior capacidade de absorção de
energias do ambiente em que está.
Quando estamos encarnados, o perispírito assume uma maior plasticidade
e sutileza, para assim viabilizar a sua formação conforme o comando mental
que contém o planejamento do corpo físico a ser utilizado na atual vida física.
Assim, ainda no mundo espiritual, é analisada a genética dos pais e
programado um novo corpo físico para o reencarnante. Essa programação é
mentalizada pelo Espírito, repercutindo no corpo mental e também no
espiritual, que sofrerá uma transformação momentos antes da ligação com o
óvulo fecundado.
Algumas horas antes da ligação definitiva com o óvulo fecundado, o
perispírito inicia um processo de transformação, perdendo os fluidos vitais da
esfera espiritual onde estava habitando, como se a morrer no mundo
espiritual para renascer no mundo físico. Durante esse processo, o perispírito
assume uma sutileza tão grande que se entrelaça de forma quase
imperceptível ao corpo mental, viabilizando assim uma reformatação, agora
em sintonia com a programação da nova vida física.
Quando ocorre a ligação definitiva com o óvulo fecundado, o Espírito, já
em tamanho minúsculo, acoplado ao ventre da mãe por meio do seu corpo
mental e espiritual, inicia a formação do corpo físico.
Assim, célula a célula, o corpo físico é elaborado em sintonia com o
desenvolvimento do corpo espiritual. A mente, por meio do seu corpo mental,
determina natural e instintivamente a nova formação do corpo espiritual e
este do corpo físico.
Com isso, compreendemos que há uma forte ligação vibracional entre o
corpo físico e o espiritual. São cópias idênticas, moldadas quase
simultaneamente pela mente durante o processo de reencarnação, inclusive os
órgãos do corpo espiritual. Vemos, então, que o perispírito, quando
encarnado, terá exatamente os mesmos órgãos que possui o corpo físico.
Ocorre que o perispírito é formado por matéria em outra
dimensionalidade, possuindo características próprias. Como dito, uma dessas
características é a maior capacidade de absorção de energias. Assim, todas as
células do corpo espiritual, que estão sobrepostas ao corpo físico, absorvem
energias diariamente e de forma ininterrupta. É uma das formas de
alimentação do Espírito para que consiga manter-se vivo na dimensão em que
está inserido.
As energias absorvidas, em sua maioria, são aquelas que estão em sintonia
com o padrão vibratório do Espírito.
A pessoa, por meio dos seus hábitos diários, estabelece a frequência em
que sua mente vibra, emite e absorve energias, com repercussão direta em seu
corpo mental. Esse fenômeno forma a sua atmosfera psíquica, que envolve a
pessoa como em um campo magnético. Esse campo magnético atrairá
energias afins, que são aos poucos absorvidas pelo corpo espiritual e, de
imediato, repassadas ao corpo físico, trazendo benefícios, como saúde e bem-
estar, ou efeitos desagradáveis, como mal-estar e doenças.
Ocorre que cada célula do organismo perispirítico vibra na frequência
determinada pela mente, que possui o comando central do microuniverso que
é um corpo humano. Ao mesmo tempo, cada célula emite e absorve energias;
o mesmo ocorre com cada órgão em escala mais intensa.
Os órgãos vitais do corpo físico e do corpo espiritual são responsáveis
pela manutenção da vida tal como está se expressando no momento presente,
portanto, possuem grandes quantidades de energias vitais. Por consequência,
nos órgãos mais importantes há maior volume de exteriorização e absorção
de energias que estão em sintonia com a atmosfera psíquica da pessoa. Daí
temos a formação dos chacras ou centros de força.
Possuímos vários chacras no corpo espiritual, mas sete são considerados
os mais importantes, quais sejam:
1. Chacra coronário: é o principal, intimamente ligado à mente e à
glândula pineal. Situado no alto da cabeça, é o responsável pela maior
absorção das energias que gravitam na atmosfera psíquica da pessoa e pela
distribuição dessas energias aos demais chacras e células do corpo espiritual,
as quais estão justapostas às células do corpo físico. Temos no chacra
coronário o principal leme de direção das energias, já que ele representa a
exteriorização de vibrações diretamente da mente e, assim, influencia
diretamente todos os demais chacras e estabelece a frequência vibratória de
cada um deles.
Nesse passo, caso o Espírito encarnado, utilizando-se da vontade, fixe o
pensamento ou conduta em determinado vício, paixão ou desejo, o comando
do chacra coronário será mais intenso no chacra respectivo, fazendo com que
este se altere mais do que os outros, atraindo energias densas, as quais irão
desencadear doenças e desequilíbrios, além de viabilizar aberturas para a
influenciação direta de Espíritos desencarnados infelizes, que possuam
afinidade com o pensamento ou conduta adotado pelo encarnado.
2. Chacra frontal: localiza-se entre os olhos e popularmente é conhecido
como terceiro olho. Está ligado diretamente às capacidades psíquicas da
pessoa, uma vez que por meio dele há a exteriorização e a absorção de
energias pela glândula pineal, que é uma espécie de antena psíquica do corpo
físico, por onde o Espírito consegue ampliar sua capacidade consciencial e
interagir com o Universo Espiritual. Em razão dessa importante atribuição,
recebe influência direta do chacra coronário e também influencia os demais,
além de administrar o sistema nervoso de toda a organização física.
3. Chacra laríngeo: controla diretamente a respiração e a fala do Espírito.
Por ser a respiração uma das principais fontes de alimentação do Espírito,
nesse centro encontra-se também importante contribuição para o equilíbrio
imunológico e a saúde do corpo físico.
4. Chacra cardíaco: sustentação do equilíbrio emotivo e sentimental do
Espírito, além da saúde do corpo físico, ditando o ritmo da pulsação e da
distribuição das energias vitais para os demais órgãos. O equilíbrio ou
desequilíbrio emocional do Espírito repercutem diretamente sobre o chacra
cardíaco e os batimentos cardíacos, podendo trazer saúde aos Espíritos
equilibrados ou enfermidade àqueles que cultivam uma vida mental
desregrada e desequilibrada.
5. Chacra esplênico: refere-se à região do baço. Possui fundamental
importância na distribuição das energias sutis e vitais em todo o corpo físico
e espiritual. Conforme nos ensinam os Espíritos amigos, para que o
desdobramento consciente seja possível, o chacra esplênico precisa estar
equilibrado e saudável, regulando a distribuição de energias pelos diversos
corpos.
6. Chacra gástrico: localiza-se na região do umbigo, com ligação direta
com o estômago e o aparelho digestivo. É responsável pela absorção de
energias que vitalizam o sistema digestivo, auxiliando no metabolismo do
alimento físico ingerido pela pessoa encarnada. Possui forte sintonia com o
chacra cardíaco, recebendo influência direta do estado emocional do Espírito.
7. Chacra básico ou genésico: situado na região dos órgãos genitais, os
energiza e está ligado ao sistema reprodutivo e criativo do Espírito
encarnado. Quando equilibrado, representa fonte de vitalidade e criatividade.
Porém, na hipótese de a pessoa sofrer de desequilíbrios sexuais, tal região
adoece e se torna porta de entrada para os obsessores, afetando diretamente o
discernimento mental, que fica ofuscado pela atividade criativa inferior e
conexão com Espíritos infelizes. Nessa triste hipótese, não raramente a
pessoa comete atos infelizes que, se pudesse assistir, ficaria com vergonha e
lamentaria imensamente.
A exteriorização e a absorção de fluidos que formam os vórtices
energéticos, conhecidos como chacras, ocorrem tanto na frente do corpo
espiritual quanto nas costas.
Importante ressaltar que, mesmo aqueles que possuem hábitos mentais
saudáveis e procuram guiar suas vidas em sintonia com o Evangelho de Jesus
e os ensinamentos da Doutrina Espírita, em razão da imperfeição natural do
estágio evolutivo em que estão, acabam por, em momentos do dia, abaixar o
padrão vibratório, exteriorizar e absorver fluidos negativos e densos.
Essas energias sofrem um processo de condensação nos chacras
respectivos, conforme foi o fato gerador da manutenção da mente em
vibrações densas, e impedem o perfeito funcionamento do chacra,
ocasionando o surgimento de microrganismos na dimensão espiritual que
atacam a vitalidade do órgão espiritual e do órgão físico, dado o
entrelaçamento energético de ambos.
Por isso, é importante frequentar a casa espírita e obter ajuda magnética e
espiritual por meio do passe espírita. Durante o passe espírita, os amigos
espirituais desencarnados, que compõem a equipe de trabalhadores da casa
espírita, utilizam as boas energias exteriorizadas pelos médiuns passistas e
realizam uma limpeza no corpo espiritual e nos chacras do atendido. Com
isso, todo o complexo universo de energias e corpos do encarnado passa a
funcionar em frequência mais sutil, trazendo-lhe benefícios imediatos.
Além disso, nos casos de pessoas que estão lutando contra doenças
diversas, inclusive mentais (depressão, ansiedade, TOC, pânico etc.), torna-se
importante o tratamento magnético e espiritual por meio da fluidoterapia,
quando o atendido receberá maior quantidade de energias positivas, as quais
são utilizadas para limpeza do seu corpo mental, corpo espiritual, chacras e
células. Essa limpeza e energização são fundamentais para o melhor
funcionamento do corpo físico e aumento da sensação de bem-estar, trazendo
novo ânimo para aqueles que passam por dificuldades.
Por fim, ressaltamos a importância da prática do evangelho no lar, que
consiste em semanalmente reunir toda a família (ou apenas aqueles que
querem) em determinado dia e determinada hora. Nesse momento, lê-se uma
passagem do Evangelho ou livro de mensagens edificantes, após, uma breve
conversa positiva sobre o que foi lido e uma prece de encerramento,
agradecendo as dádivas da vida e rogando proteção para a semana. Pode-se
vibrar positivamente para entes queridos e momentos importantes a serem
vivenciados. Recomenda-se deixar um copo de água para cada participante, a
ser consumido depois do encerramento. Os Espíritos amigos e protetores
visitam a casa, limpam o ambiente de energias densas, ministram passes
magnéticos e fluidificam a água. Com isso, todos passam a sentir maior bem-
estar, paz e harmonia.
Quando uma pessoa deseja desenvolver a faculdade do desdobramento
consciente, precisamos convidá-la a meditar sobre o motivo. Caso seja mera
curiosidade, não recomendamos, porque o desdobramento consciente elevará
o grau de consciência sobre o funcionamento do Universo Divino e isso
implicará ultrapassar algumas barreiras mentais que aprisionam a maioria dos
encarnados.
Ocorre que essas barreiras mentais, embora aprisionem, proporcionam
uma zona de conforto que permite ao encarnado viver o presente sem grandes
dificuldades.
Como a maioria dos encarnados permanece no profundo sono da matéria
densa, os reflexos condicionados da sociedade, ou seja, os pensamentos
dominantes, são materialistas e limitados. Quando o encarnado inicia o
processo de despertar da consciência imortal, passa a enxergar como antes
estava adormecido e como a maioria ainda está. Isso traz alguns conflitos
íntimos que, se não forem direcionados à luz do Evangelho de Jesus e dos
conhecimentos da Doutrina Espírita, em especial os morais, poderão causar-
lhe prejuízos.
De outro lado, se a motivação é realmente despertar a consciência imortal
para melhor compreender o Universo Divino, impulsionar a reforma íntima,
melhorar os hábitos mentais diários, viver cada vez mais em sintonia com o
Evangelho de Jesus e os ensinamentos da Doutrina Espírita, o desdobramento
consciente será poderoso combustível e fomentará transformações profundas
na pessoa.
Por meio do desdobramento consciente, a pessoa vivenciará a
multidimensionalidade do Universo Divino, isto é, conscientemente visitará
esferas do Universo Espiritual, entrará em contato com entes queridos
desencarnados e poderá trabalhar nos diversos serviços para o bem comum.
Para que os desdobramentos sejam produtivos e benéficos, como dito, é
importante que integrem um processo de transformação íntima do projetista.
Assim, deve a pessoa realizar verdadeira reforma íntima, com a
transformação de seus hábitos diários.
Dessa forma, elevará o seu padrão vibratório e manterá uma atmosfera
psíquica em vibração sutil, o que viabilizará maior contato com os guias
espirituais, que são os Espíritos desencarnados que trabalham para ajudar na
evolução da humanidade.
Em diversos atendimentos espirituais, a participação daquele que faz
desdobramento assume relevante papel, porque muitas vezes os atendidos,
encarnados ou desencarnados, precisam de fluídos vitais mais densos e os
viventes do Universo Físico os têm em abundância.
Aquele que procura desenvolver a faculdade de desdobramento
consciente na forma em que estamos narrando, poderá integrar equipe de
Espíritos socorristas e ajudará no atendimento fraterno que ocorre na
dimensão física e nas esferas espirituais mais densas do Universo Espiritual.
A Providência Divina, em sua infinita misericórdia, possui espalhadas, em
todos os planos de existência de seus filhos, equipes preparadas para realizar
atendimentos fraternos de socorro. O mesmo ocorre em nosso planeta.
Porém, a seara de trabalho é enorme e o número de trabalhadores que já
atingiram um nível consciencial suficiente é pequeno.
As equipes espirituais poderiam prestar o socorro sem a ajuda do
projetista, mas a sua ajuda facilita e agiliza o trabalho. Além disso, aquele
que está trabalhando no bem é instrumento da misericórdia divina e
sedimenta sentimentos importantes para sua evolução espiritual. Por isso, os
Espíritos amigos procuram os projetistas que desenvolvem suas faculdades à
luz do Evangelho para integrar as equipes.
Entretanto, não se deve alimentar angústias de querer lembrar-se dos
socorros e viagens no Universo Espiritual. Essa ansiedade acaba, por muitas
vezes, dificultando o desenvolvimento da faculdade de projetar-se e ainda
traz o desânimo e a vontade de desistir. É preciso compreender que os guias
espirituais sabem quando será útil guardar lembranças do desdobramento.
Precisamos confiar neles. Muitas vezes eles entendem que não é útil ou
interessante lembrar-se do desdobramento e, assim, realizam procedimentos
magnéticos na mente do projetista para que ele não se recorde do que
vivenciou.
Além dos motivos mais comuns – não querer que o projetista se recorde
de algo muito intenso, que poderia impressionar a mente quando desperto no
corpo físico –, muitas vezes os Espíritos amparadores possuem o cuidado de
não estimular além do necessário a mente desperta do projetista, evitando que
a pessoa desenvolva um sentimento de que a vida no mundo físico é tediosa.
Isso porque, quando começamos a visitar o mundo espiritual e gozamos da
liberdade e impressões de uma vida liberta da matéria densa, um dos
sentimentos que surgem é a relativa perda de interesse na vida física, o que,
por óbvio, deve ser afastado. Afinal, se estamos encarnados, é condição útil e
necessária ao nosso desenvolvimento como ser imortal que somos.
Nesse sentido, se você se interessa pelo desdobramento consciente, treine
as técnicas, faça reforma íntima, introduza hábitos mentais saudáveis em sua
rotina diária, mentalize e converse mentalmente com seus guias espirituais e
confie que, quando for útil para seu desenvolvimento, os amigos espirituais
irão ajudá-lo a lembrar-se do desdobramento realizado ou a realizá-lo de
forma consciente ou semiconsciente.
Além disso, com o treino e a prática vem a experiência e você conseguirá
cada vez mais controlar a faculdade de desdobrar-se e interagir no Universo
Espiritual, também conhecido como quarta dimensão da matéria. Assim, nas
projeções mais simples, em que não há nenhum prejuízo de lembrar-se do
que aconteceu, com as técnicas aprendidas e a experiência adquirida, você
conseguirá recordar os fatos vivenciados quando em desdobramento.
Avançando nos estudos, precisamos entender a visão da Doutrina Espírita
sobre o desdobramento, bem como o que são sonambulismo, êxtase e alguns
outros fenômenos interligados ao tema.
Inicialmente, destacamos a importância de estudar as obras básicas de
Allan Kardec, bem como as obras do Espírito André Luiz, pela psicografia do
querido médium Chico Xavier. Com isso, forma-se uma base segura para
desenvolver estudos mais aprofundados sobre espiritualismo.
Pensemos no nosso conhecimento sobre espiritualidade como uma casa.
Allan Kardec nos fornecerá o sólido alicerce e as colunas. As obras dos
Espíritos Emmanuel e André Luiz, ambos pela psicografia de Chico Xavier,
serão as paredes e telhados. Após essa construção do saber espírita, nós
poderemos e deveremos estudar obras de outros médiuns e espiritualistas
diversos, mas teremos elementos suficientes para saber o que devemos deixar
entrar na nossa construção do conhecimento. Assim, teremos filtros
suficientes para analisar o que é mistificação e o que é aprofundamento ou
explicações novas sobre o Universo Divino e suas leis.
Destacamos ainda as obras espíritas de Yvonne do Amaral Pereira e
Divaldo Pereira Franco como elementos que ajudarão na construção de filtros
seguros para estudos mais variados e aprofundados sobre espiritualismo.
Pois bem, primeiramente, devemos entender que na Doutrina Espírita a
faculdade de projetar-se para fora do corpo físico é estudada no capítulo
Emancipação da Alma de “O Livro dos Espíritos”. Nesse capítulo, Allan
Kardec explica sobre “sonambulismo”, “êxtase” e “dupla vista”. O termo
“desdobramento” surge com os livros de Chico Xavier, em especial na
coleção do Espírito André Luiz.
As demais escolas espiritualistas também conhecem a faculdade de
projetar-se para fora do vaso tridimensional com os nomes de: projeção da
consciência, projeção do eu, viagem astral, projeção astral e outros. Ou seja,
rótulos para designar a saída do Espírito do corpo físico ou dos demais
veículos de manifestação (duplo etérico, perispírito e corpo mental).
Quanto aos sonhos, podem ou não ser a lembrança de uma experiência
fora do corpo físico. Veremos como diferenciar.
Vamos estudar os conceitos da Doutrina Espírita, procurando entender os
termos trazidos nas obras básicas (sonambulismo, êxtase e dupla vista) e nas
obras de Chico Xavier (desdobramento).
4. Nota do autor: neste caso, sempre permanece no corpo físico um lastro de energias vitais, com o
objetivo de manutenção da vitalidade.
5. Nota do autor: agora inverte-se, isto é, apenas um pequeno lastro de duplo etérico envolve o corpo
espiritual.
6. Nota do autor: em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec cita a clarividência sonambúlica, que
ocorre justamente quando a pessoa se desdobra e se desloca até o local que descreve. Isso é diferente do
fenômeno unicamente de clarividência. Como visto anteriormente, em Kardec, o fenômeno do
“desdobramento” está inserido no conceito de “sonambulismo”.
A maior dificuldade de todos aqueles que iniciam os estudos e práticas do
desdobramento é conseguir diferenciá-lo dos sonhos oníricos, ou seja, saber o
que foi imaginação e o que foi de fato vivenciado em uma projeção lúcida da
consciência. Neste capítulo vamos estudar essa questão e ofertar alguns
instrumentos que, aplicados, ajudarão a diferenciar os sonhos oníricos dos
desdobramentos.
Vamos primeiro relembrar a classificação dos desdobramentos:
sonambúlico, inconsciente, semiconsciente e consciente.
Quando a pessoa realiza o desdobramento sonambúlico, o Espírito
projeta-se com a consciência, que ultrapassa os limites da atual vida física.
Mas, ao retornar ao corpo físico, de nada se lembra. Os fatos ficam
armazenados no inconsciente e podem ressurgir como intuição, se forem
úteis.
No desdobramento inconsciente, o projetista não se lembra do que
vivenciou. Logo, não há como ter confusão com sonhos oníricos. Os fatos
ficam armazenados no inconsciente da pessoa e, ao longo dos dias, se forem
úteis e necessários, ressurgem como intuição, auxiliando em decisões e
momentos importantes da vida física.
Quando o desdobramento é consciente, o indivíduo desdobrado tem total
lucidez do que está ocorrendo e, quando retorna para o corpo físico, as
lembranças são claras e intensas, possuindo características totalmente
diferentes de um sonho onírico.
Assim, temos que o problema ocorre quando o desdobramento é
semiconsciente, isto é, a pessoa se lembra de alguns fatos, mas não com a
lucidez e transparência do desdobramento consciente.
Primeiro, precisamos entender que todas as pessoas sonham e também se
desdobram. Quando repousamos o corpo físico, a mente produz sonhos e,
além disso, a ligação fluídica com o corpo físico diminui, ocasionando a
projeção.
Essa projeção pode ocorrer sem que a pessoa desperte na dimensão
espiritual. Assim, ela se projeta e permanece dormindo acima do corpo físico
ou levemente entrelaçada a este. Nesse caso, a mente produz sonhos oníricos
e imaginativos.
É importante compreender que, ao longo da noite, o estado de consciência
pode passar por vários níveis, vale dizer, ao longo de uma mesma noite
podemos fazer desdobramentos conscientes, semiconscientes, inconscientes e
ainda produzir lembranças oníricas, criadas pela mente. Isso tudo pode estar
junto numa mesma lembrança, fazendo com que a pessoa recorde nitidamente
dos fatos quando estava inteiramente lúcida, mas tenha dúvidas para analisar
os demais fatos que constituem a lembrança, pois a lucidez era menor, e
percebe que também há imagens oníricas.
Por isso, todo aquele que quer desenvolver e dominar a faculdade do
desdobramento, precisa exercitar as práticas propostas neste livro (em
especial a Parte III), até que consiga fazer a identificação das espécies de
lembrança com maior facilidade.
Existem algumas técnicas que auxiliam na análise da lembrança, para
verificar se houve um sonho onírico (imaginação) ou desdobramento efetivo.
Quando vamos examinar uma recordação, devemos verificar se os fatos
são lógicos e racionais. Nesse sentido, se a lembrança é de que a pessoa está
jogando a final de uma Copa do Mundo de futebol, obviamente que tal fato
não ocorreu na dimensão espiritual. Claro que se trata de um exemplo
exagerado para entendermos o raciocínio proposto, mas é o que devemos
fazer na análise dos fatos que compõem a lembrança. Dessa forma, quando a
recordação é racional e lógica, aumenta a probabilidade de se ter vivenciado
um desdobramento.
Além disso, deve ser examinado o sentimento a respeito da lembrança.
Quando a sensação é intensa e envolve até mesmo a recordação de aspectos
táteis, como um abraço em um ente querido, possivelmente trata-se de um
desdobramento.
Vou narrar um desdobramento muito especial para mim, que exemplifica
isso que estamos a dizer. Eu acordei em minha cama, sensação desperta, sem
o peso de acordar com sono. Sabia que havia acabado de vivenciar um
desdobramento, mas não me lembrava com exatidão dos fatos. Foi um
desdobramento semiconsciente. Ocorre que em meu íntimo eu sabia que
havia tido um encontro especial. Então forcei minha memória, utilizando-me
dos treinos por meio do caderno de anotações7, e comecei a lembrar-me de
alguns fatos. Primeiramente, acessei fatos claramente ilógicos e oníricos.
Como sabia que não eram verdadeiros, eu os desconsiderei. Nessa parte da
lembrança eu estava numa fazenda, mas tudo era confuso. Continuei
realizando a busca pelas recordações e, dessa forma, nesse processo, a mente
começa a resgatar os fatos de trás para frente, isto é, uma recordação puxa a
outra e, de repente, estava no refeitório da Comunidade Eurípedes
Barsanulfo, que é uma entidade espírita de Marília, cidade onde vivo. A partir
daqui os fatos passaram a ser lógicos. Eu me lembrei de ter subido a rampa
de acesso à sala de palestra e sentei-me para assistir a uma exposição de um
convidado para a noite. Quando estava sentado, ouvi alguém brincando
comigo, provocando-me de forma saudável, dizendo-me: “não vai nem me
cumprimentar?” Essa pessoa estava sentada atrás de mim. Eu me virei e era
minha avó materna, Antônia, que possuía o apelido carinhoso de Vó Tunica.
A minha felicidade foi imensa, porque em razão do desencarne do meu pai,
ainda quando eu era bebê, fomos morar com essa minha avó (dizem que sou
mimado...). Ocorre que nos desdobramentos anteriores sempre a vi bastante
adoecida, sem aceitar a desencarnação que havia ocorrido há muitos anos. Ela
estava com muitas dificuldades em aceitar ficar longe da família que deixou
no mundo físico e de adaptar-se ao mundo espiritual. Nesse dia, verifiquei
que ela estava feliz e rejuvenescida. Seu corpo espiritual, atendendo aos
comandos da mente, assumiu a aparência de quando ela possuía cerca de 40
anos (ela desencarnou aos 92 anos). Conversei com ela e percebi que estava
muito bem. As lembranças após a conversa voltaram a ficar confusas. Nesse
caso, analisando-as, consegui afastar as imagens oníricas e ilusórias,
recordando dos fatos verdadeiramente vivenciados durante o desdobramento
semiconsciente. Fiz com segurança porque exercito as práticas ora propostas
há muitos anos. Com a experiência, não é difícil analisar as lembranças e ter a
convicção do que foi efetivamente vivenciado em projeção consciente e o que
é mera imagem criada pela mente.
Algumas características que ajudam na diferenciação:
1º – Lógica: conforme explicado, quanto mais racional for a lembrança,
maior a possibilidade de ter ocorrido um desdobramento, com fatos
vivenciados pelo projetista.
2º – Sensações: a lembrança tátil de um abraço, um beijo, um aperto de
mão, de sentar-se em algum lugar, também ajuda a identificar o
desdobramento, porque, projetado, o Espírito utiliza o corpo espiritual, o qual
também possui órgãos, incluindo pele e cérebro. As impressões sentidas no
momento da projeção são registradas pelo cérebro do corpo espiritual e
repassadas ao cérebro do corpo físico, em razão da forte conexão entre os
corpos. Por isso, a lembrança tátil de algo que ocorreu tende a corresponder a
um desdobramento vivenciado.
3º – Início: no caso de desdobramento provocado desde a saída do corpo
físico, a lembrança conterá imagens dessa saída ou do quarto onde o
projetista deixou o corpo físico. Na hipótese de ser um desdobramento
consciente, o projetista perceberá a decolagem do corpo físico, sensação
única e muito marcante.
4º – Direção dos fatos: nos sonhos oníricos, os fatos tendem a ocorrer sem
interferência direta da pessoa, a qual fica como mera espectadora do que
ocorre. No desdobramento, o projetista decide o que fazer em cada instante.
Por isso, se a lembrança contém momentos em que a pessoa tomou decisões
de onde ir, com quem conversar, o que fazer, aumenta a possibilidade de ter
ocorrido um desdobramento.
5º – Análise crítica: durante um sonho onírico, a pessoa não possui
consciência de que está dormindo e aceita os fatos mais ilógicos e absurdos
como algo normal. Porém, se a lembrança possui momentos em que a pessoa
tinha consciência de que estava dormindo, projetada, bem como que
analisava os fatos criticamente, tende a ser um desdobramento.
6º – Fatos comuns de uma projeção: existem algumas lembranças que são
naturais de um desdobramento, tais como volitar, atravessar paredes e portas,
passar por portais dimensionais e encontrar com entes queridos que já
desencarnaram. Essas lembranças costumam ser de um desdobramento.
7º – Qualidade das lembranças: no sonho onírico, as imagens surgem sem
organização e nitidez. No desdobramento, a lembrança é nítida e seria
possível até mesmo descrever alguns lugares e situações.
8º – Repetição: no sonho onírico, é comum que haja a repetição de fatos,
pois se trata de informações fixas na mente da pessoa. No desdobramento,
não há repetição de fatos e lembranças, porque são momentos únicos
vivenciados pela pessoa fora do corpo físico.
9º – Exames laboratoriais: segundo explica Waldo Vieira em seu livro
“Projeciologia”, as experiências realizadas nos laboratórios demonstram
estados de consciência bem diferentes entre o sonho onírico e o
desdobramento. No desdobramento, as leituras dos aparelhos demonstram
diminuição ou cessação completa dos movimentos dos olhos fechados, mas
no sonho ocorre o contrário, ou seja, aumento dos movimentos rápidos dos
globos oculares. Tal informação é importante assinalar e divulgar, porque um
leitor pode vir a ser também um pesquisador da área.
10º – Fim das lembranças: no desdobramento, é comum que a pessoa
desperte na cama com plena consciência de que vivenciou alguns fatos fora
do corpo físico. No sonho onírico, a pessoa desperta sem essa sensação e com
poucas lembranças.
Algumas técnicas que devem ser usadas para aumentar a capacidade de o
projetista diferenciar sonhos oníricos de desdobramentos:
– Diário de lembranças: mantenha um caderno, uma caneta e algo que
possa iluminar apenas o suficiente para escrever sem grandes
despertamentos, como a lanterna do celular ou um abajur com luz fraca.
Quando acordamos, a mente, aos poucos, vai despertando e volta para a
vibração em frequência beta. Porém, é mais fácil acessar as lembranças na
frequência alfa, quando a mente ainda vibra em uma frequência menos
acelerada. Comece escrevendo sua última lembrança. Aqui você verá um
fenômeno interessante: é como uma pesca, uma lembrança puxa a outra e
você escreve a história de trás para a frente. Depois passe a limpo, colocando
na ordem natural. Com esse exercício, você acostumará seu cérebro a resgatar
as lembranças que ficam armazenadas no corpo mental. Além disso,
analisando as informações, você conseguirá verificar o que foi sonho e o que
foi desdobramento. Com a experiência adquirida, você perceberá claramente
a diferenciação, até porque cada vez mais sua mente estará condicionada a
acessar as lembranças logo que você acorda.
– Controle dos sentimentos: ao realizar a projeção, lute contra os
sentimentos de medo e repulsa e emita pensamentos positivos, motivando a
lembrança. É possível realizar uma oração durante a projeção, elevando o
pensamento a Deus. Quanto mais tranquila, serena e elevada a pessoa estiver
durante o desdobramento, mais facilmente irá recordar-se ao acordar no
corpo físico.
– Durante o desdobramento: quando estiver projetado, fixe a atenção em
objetos, placas, pessoas, nomes, procure elementos do plano dimensional em
que você está e tente fixá-los em sua mente. Se necessário, repita em voz alta
o que você está vendo ou lendo, ou quando alguém apresentar-se a você.
– Durante a vigília: além da reforma íntima com mudança de hábitos, é
importante desenvolver a capacidade de percepção do espaço-tempo do
mundo físico. Então, acostume-se a consultar o relógio durante o dia, projete
o tempo que você vai levar para as atividades do dia, aproveite o tempo de
forma produtiva, esteja sempre ciente do dia da semana e do mês em que
você está. É importante ter o controle do tempo em sua mente. Assim, você
condicionará sua mente a sempre procurar localizar-se no espaço-tempo onde
você está e o mesmo ocorrerá durante o desdobramento, quando você
frequentemente estará se deslocando em outro espaço-tempo.
Com essas técnicas, é possível aumentar a capacidade de diferenciar o
desdobramento dos sonhos oníricos.
8. Nota do autor: Deus nos aproveita no estágio em que estamos. Esses Espíritos, não obstante o
enraizamento no mal, ajudaram a humanidade com seu intelecto. Assim, participaram do
desenvolvimento de formas de sociedade, de descobertas tecnológicas, exploração do mundo etc.
9. Nota do autor espiritual (Heitor): vícios são todos os hábitos que entorpecem a mente de alguma
forma e afastam o Espírito de um completo domínio mental, tais como alimentação desregrada,
televisão ou entretenimento em excesso, ócio em excesso, preguiça doentia, sexo desregrado, consumo
de pornografia, bebidas excitantes, cigarros diversos, drogas diversas, consumismo, jogos eletrônicos
em excesso, consumo de mídias sociais de forma ininterrupta etc.
O desdobramento ocorreu naturalmente, mas a consciência estava
desperta desde o início. Senti o deslocamento do perispírito e por isso
mentalizei a decolagem, sendo perfeitamente realizada. Fiquei de pé ao lado
da cama em meu quarto. A porta estava fechada. Como o desdobramento foi
realizado deixando o duplo etérico no corpo físico, eu estava em uma boa
densidade para locomover-me. Passei pela porta e caminhei até a frente de
minha casa, atravessando as paredes e os portões. Cheguei no meio da rua,
tudo estava escuro, com iluminação apenas dos postes de luz; não via até
então nenhum Espírito desencarnado. Resolvi caminhar pelo bairro. Após
alguns minutos caminhando, vi algo diferente; percebi a presença de um
Espírito infeliz embaixo de uma árvore. Procurei aproximar-me para iniciar
um diálogo. Porém, de repente, me vi cercado de entidades infelizes e me
senti preso energeticamente, sem condições de voltar ao corpo físico. Nesse
momento, iniciei o procedimento de orar e rogar ajuda para Heitor e demais
amigos espirituais. Mentalizei a casa espírita que frequento e roguei ajuda à
equipe espiritual. Contudo, permaneci imóvel alguns minutos, senti minha
energia ser drenada e, com isso, muita dor por todo o corpo. As entidades
possuíam aspectos sombrios e não conversavam. Algumas sorriam
ironicamente. Após, Heitor e alguns amigos espirituais chegaram e as
entidades fugiram rapidamente. Sentia-me um pouco fraco. Heitor e os
amigos espirituais fizeram um pequeno círculo comigo no meio e me deram
passes, refazendo minhas energias. Os amigos espirituais foram embora e
fiquei conversando com Heitor, que me disse:
– Eram Espíritos vampirizadores, isto é, irmãos nossos que estão viciados
em energias densas dos encarnados. Não obstante você ter deixado o duplo
etérico no corpo físico, por estar encarnado, carrega sempre um lastro dele e,
assim, muita vitalidade no corpo espiritual. Mas isso só ocorreu porque você
tem negligenciado suas atitudes. Além disso, não seguiu minha orientação de,
ao desdobrar-se sozinho, rogar minha ajuda ou de algum amigo espiritual.
Não é seguro caminhar pela crosta terrestre ou outras esferas espirituais
sozinho. Claro que os Espíritos desencarnados não podem causar danos
permanentes ou graves, mas essa absorção de energia faria com que você
acordasse muito cansado e ainda achando que tinha sofrido um pesadelo.
Levaria o dia inteiro ou até alguns dias para voltar ao normal.
– Eu sei, tenho deixado de fazer as orações antes de dormir – confessei. –
Além disso, estou perdendo tempo útil do meu dia em grupos de conversas
do aplicativo WhatsApp.
– Não só perdendo tempo útil, como contaminando seus pensamentos
com as imagens que chegam nesses grupos. Selecione melhor o ambiente
virtual que você convive, assim como o ambiente real que você frequenta.
– Tem razão, farei isso. Também vigiarei melhor meus pensamentos e
voltarei a fazer as orações antes de dormir.
– Vamos aproveitar esse desdobramento e ir visitar um local onde esses
tipos de Espíritos permanecem – convidou Heitor.
Em volitação, envolvido pelo magnetismo de Heitor, nos deslocamos até
uma cidade maior e entramos numa casa noturna destinada a promover o
sexo desregrado de seus frequentadores.
Aos olhos dos encarnados era uma casa noturna normal, com música alta,
pessoas bebendo e dançando. Mas, nesse local, havia também aposentos
íntimos, onde casais se encontravam para a prática de sexo casual, além de
solteiros com acompanhantes pagas para essa finalidade.
Na dimensão espiritual, o movimento era muito maior. Havia complexa
organização. Espíritos vigilantes controlavam a entrada e só poderia ingressar
quem estivesse autorizado por eles. Dentro da casa noturna havia centenas de
Espíritos. Eles envolviam os encarnados em apertados abraços, absorvendo as
energias liberadas pelo uso do álcool e drogas. Muitos desses Espíritos
estavam com o corpo espiritual adoecido e com alguma forma de
deformidade. Tinham os olhos ensandecidos. Em algumas oportunidades
havia brigas entre eles, disputando quem iria absorver a energia dos
encarnados.
Heitor me explicou que a maioria chegava acompanhada, pois era
obsediada e vampirizada ao longo do dia por algum Espírito e que, então,
esse Espírito não aceitava que outro tentasse usar o encarnado. Era
propriedade dele, do obsessor.
Estávamos, Heitor e eu, em vibração que nos permitia assistir aos fatos
sem sermos percebidos. Isso só era possível em razão do magnetismo e
atuação de Heitor. Naturalmente, eu seria facilmente visto, pois a vibração do
corpo espiritual do encarnado é densa.
O que mais me impressionou foi a organização para a extração das
energias sexuais. Nos quartos íntimos, havia equipamentos na dimensão
espiritual que absorviam a energia vital e as energias expelidas pelas pessoas
durante o ato sexual. Além disso, as pessoas estavam entrelaçadas a diversos
Espíritos vampirizadores, que também absorviam as energias vitais e demais
energias expelidas. Alguns Espíritos estavam em estado de euforia total,
outros letárgicos, mas não diminuíam o abraço vigoroso em suas vítimas, as
quais, também pelo ato sexual e uso de drogas, estavam entregues apenas aos
sentidos do momento.
– Veja que eles estimulam o uso do álcool, drogas e inclusive remédios
para que a prática sexual seja elastecida, a fim de aumentar o tempo de
absorção de energias. Essas pessoas acreditam que estão aproveitando a vida.
Mas, infelizmente, estão cedendo a instintos animais, deixando a razão e o
sentimento serem subjugados pela busca infantil de prazer infinito –
explicou-me Heitor.
– E o que são esses equipamentos? Qual a finalidade deles?
– Em verdade, a grande maioria da energia é absorvida por esses
equipamentos. Essa energia vital é matéria-prima utilizada para desenvolver
alimentos excitantes a serem vendidos a estes Espíritos viciados. É uma
espécie de droga da dimensão espiritual. Os Espíritos viciados se vendem
aceitando praticar qualquer missão que lhe for dada. Assim, também dessa
forma as inteligências que governam e escravizam esses Espíritos e as esferas
inferiores conseguem organizar os complexos trabalhos de obsessão, que
envolvem famílias inteiras, muitas vezes seguindo as missões dadas pelos
Dragões. Existem muitos Espíritos desencarnados viciados que não
conseguem se sentir saciados apenas com a vampirização e buscam outras
formas de consumir essa energia. Os Espíritos mais esclarecidos, mas ainda
enraizados na maldade, viram aí uma forma de domínio. É aquilo que eu
sempre te falo: a humanidade, seja onde for, é humanidade. Nas dimensões
ainda inferiores buscaram formas de domínio e poder. Nas esferas superiores
desenvolveram instrumentos para a propagação da felicidade e do bem.
– Então essa energia também é vendida para as esferas inferiores? –
indaguei.
– Sim, inclusive lá são preparados alimentos que são vendidos para os
habitantes que buscam esse tipo de fluido.
– Mas, isso apenas de lugares como este? Casas noturnas, onde o sexo
irresponsável é praticado?
– Não, Breno, as teias da espiritualidade inferior estão em todos os locais
onde há sentimentos inferiores, absorvendo essas energias para serem
trabalhadas de forma variada. Em bares diversos, locais de consumo de
drogas, além de regiões onde há guerra, crime generalizado, dentre outros.
Onde houver predominância do mal, haverá grande liberação de energias
densas. Elas não são desperdiçadas. São absorvidas pelos Espíritos que ali
convivem e armazenadas para usos diversos.
– Veja, dessa forma fico até com medo de viver entre os encarnados –
refleti, assustado. – Afinal, em todos os lugares existirão Espíritos
desencarnados vampirizadores ou equipamentos absorvendo energias para
usos diversos na espiritualidade inferior.
– Ora, Breno, deixe de drama. A influência espiritual é uma das forças da
natureza. Não é se isolando numa caverna que você vai evoluir, mas
justamente no campo de batalha, lutando contra as influências, estímulos,
exercendo a gerência de sua vontade e escolhendo os atos que vai praticar.
Claro que o irmão encarnado deve ser cauteloso e procurar poupar-se de
alguns lugares que sabe serem insalubres, tais como o que visitamos hoje.
Mas, não é necessário exagerar e isolar-se, basta vigiar pensamentos,
estímulos e procurar sempre guiar os atos nas trilhas do bem. A influência
espiritual sempre haverá, é da Lei.
– Conforme Arshad me ensinou, mesmo sendo um Espírito imperfeito,
mantendo hábitos mentais saudáveis e práticas que me ligam a Deus e Jesus,
estarei em sintonia com os amigos espirituais e meu padrão vibratório mental
será elevado, evitando obsessões e vampirizações, até mesmo quando eu vá a
algum local onde há Espíritos infelizes.
– Claro. Exatamente isso. Os seus hábitos mentais ditarão o padrão
vibratório de sua mente e, para que haja influenciação espiritual, é necessário
sintonia. Hoje, no início da noite, você recebeu a influência e foi ao encontro
daqueles irmãos infelizes porque você estava em sintonia densa. Isso porque
você está negligenciando as práticas da meditação, oração, evangelho no lar e
não está controlando os ambientes virtuais. Lembre-se de que é a mente do
Espírito que ditará onde ele está. Isso inclui os ambientes reais e os virtuais,
porque mesmo nos ambientes virtuais sua mente se fixará naquilo que você
está vendo e alimentando mentalmente. Não se engane, vigie isso também.
Aliás, muitas pessoas revelam sua verdadeira essência no ambiente virtual.
Vigie! – orientou-me Heitor.
– Entendi e passarei a vigiar melhor meus atos e os locais de convívio,
inclusive os virtuais.
Ao final dessa conversa, Heitor me levou de volta ao corpo físico, quando
despertei e realizei as anotações para não me esquecer dos detalhes
vivenciados.
Esse desdobramento ocorreu quando eu tinha cerca de 21 anos e ainda
morava na Rua 24 de dezembro, na cidade de Marília. Estava deitado na sala
de minha casa e adormeci. O desdobramento, com decolagem, ocorreu
normalmente.
Eu estava em pé e pensei em sair pela janela de minha antiga casa, mas
percebi uma luz muito intensa, forte, atrás de mim. Eu me virei e vi uma luz
que vinha do alto e caía atrás da casa. A luz era tão intensa que, mesmo com
a construção tridimensional, conseguia vê-la.
Desloquei-me passando pelas paredes da casa, até o quintal do fundo. Ali
havia outras duas casas que minha avó Tunica (Antônia) alugava. Atrás delas
havia um grande terreno que estava vazio. A luz caía naquele terreno. Era
muito forte e intensa, com tonalidades branca e azul. Fiquei maravilhado com
a imagem, parecia uma cachoeira caindo sobre o terreno.
Voltei ao corpo físico e, no outro dia, contei à minha mãe. Ela, que é
muito sensitiva, disse que é provável que a espiritualidade amiga estivesse
desenvolvendo algum projeto naquele local.
Depois de alguns meses, iniciou-se uma construção na dimensão física.
Fiquei curioso e procurei saber o que seria construído ali, naquele terreno.
Descobri que seria uma igreja destinada a descendentes japoneses, que
seguiam um rito daquele país.
Quando descobri isso, fiquei muito feliz, pois a visão do desdobramento
consciente foi confirmada. Conversei na época com meu tio Emanoel e ele
me explicou que, em regra, a Espiritualidade prepara projetos nas dimensões
espirituais para, depois, intuir os encarnados conforme a programação de vida
deles, para que sejam desenvolvidos projetos similares na dimensão física.
– Toda casa de oração voltada para o bem, independentemente da
filosofia religiosa, possui ligação com as esferas positivas e recebe energias
que chegam desses planos mais evoluídos. Deus, em Sua infinita
misericórdia, atende a todos Seus filhos, não importando em qual plano de
vida estejam, basta que busquem conexão com Ele – ensinou Heitor.
Minha consciência despertou e eu estava em alguma igreja católica do
interior de São Paulo. Iniciava-se ali um curso de volitação para Espíritos
encarnados que estavam desdobrados. Heitor havia sido convidado para
lecionar. Utilizando-se de uma linguagem mais católica e menos espírita,
explicou um pouco sobre as dimensões espirituais, os corpos existentes além
do físico e a volitação. Vi que não adentrou questões como reencarnação e
outras para não ferir os dogmas católicos.
Eu assisti ao curso e foi interessante verificar os mesmos ensinamentos
expostos de uma forma diferente. Ao final, conversamos um pouco, ainda na
igreja.
– Não importa o rótulo e sim o conteúdo – enfatizou Heitor. – Fui
convidado por alguns irmãos católicos a lecionar a aula de hoje, pois me
conhecem de trabalhos fraternos que desenvolvemos juntos aqui na crosta
terrestre.
– Admira-me a existência de trabalhadores desencarnados de outras
religiões.
Heitor sorriu e me disse:
– É porque você tem uma visão ainda lúdica do mundo espiritual. Como
você viu, é um Universo paralelo com diversos planos de vida, tão materiais
quanto a terceira dimensão. Nessas esferas espirituais positivas, temos que o
Espiritismo foi bastante propagado, pois é a terceira revelação prometida por
Jesus Cristo, o Consolador prometido. Mas, ainda nelas, temos diversos
irmãos que seguem outros caminhos para chegarem a Deus.
– Léon Denis afirmava que não sabia se o Espiritismo seria a religião do
futuro, mas sabia que seria o futuro das religiões – recordei.
– Sim, pois mesmo que a pessoa prefira seguir o caminho de outra
religião, esse caminho será iluminado pelos conhecimentos que a Doutrina
Espírita já propaga desde sempre, pois é a Verdade Divina.
Após uma pausa, fiquei observando aquela linda igreja nas suas
dimensões física e espiritual, com raios luminosos prateados e brancos caindo
de forma incessante. Heitor voltou-se para mim:
– Amigo, eu trouxe você aqui hoje para assistir ao curso, mas, além disso,
quero aproveitar seu desdobramento para te levar a uma das salas de controle
que a Espiritualidade Superior possui para acompanhar o desenvolvimento
das esferas inferiores. Vamos volitar, ela se localiza aqui na esfera
entrelaçada com a dimensão física.
Dito isso, Heitor se concentrou, envolveu-me em seu campo magnético e
começamos a volitar. Saímos pelo alto da igreja e nos deslocamos numa
velocidade muito rápida, em que não pude acompanhar o que havia embaixo
de nós. Em menos de um minuto estávamos na frente de uma grande represa
em solo norte-americano.
É uma enorme construção na dimensão física. Volitamos para o seu
interior e depois para o subsolo. Heitor fez o procedimento de magnetização
de minha mente para que eu pudesse enxergar com facilidade as construções
da quarta dimensão. Quando isso ocorre, realmente é algo maravilhoso e de
difícil explicação; é como se as construções se entrelaçassem, a
tridimensional e a tetradimensional.
Com a visão apurada, pude notar a presença de centenas de Espíritos
trabalhando no local. No interior da represa, havia grandes salas com
centenas de computadores e em cada um deles havia um Espírito trabalhando.
Na dimensão física, a construção era normal de uma grande represa, mas na
dimensão espiritual era como uma gigante sala de controle.
Volitamos até o subsolo e notei que não havia mais construção na
dimensão física, somente na dimensão espiritual. Além disso, verifiquei que
havia mais algumas das enormes salas com inúmeros computadores e
trabalhadores.
– Este é um dos centros de controle da Espiritualidade comprometida com
a evolução da humanidade – comentou Heitor. – Com tecnologia avançada,
conseguem imagens de todas as esferas inferiores e também das organizações
do mal nas esferas umbralinas. Fique junto a um trabalhador.
Volitando, fiquei atrás de um Espírito desencarnado que estava sentado
olhando uma grande tela de seu computador. Por sugestão de Heitor, fixei
minha atenção na tela e, para minha surpresa, vi que eram exibidas imagens
de algum povoado na terceira esfera negativa. As imagens não eram nada
agradáveis. Espíritos deformados, alguns em formatos reptilianos e
monstruosos.
– São seguidores dos Dragões. Procuram o mal pelo mal. Irmãos nossos
em sofrimento constante – explicou-me Heitor. – Devemos ter um olhar
fraternal. Porém, enquanto não acordam do terrível pesadelo que é estagiar no
mal deliberado, devemos trabalhar para que não destruam as construções do
bem e não desviem a humanidade de sua evolução.
– Mas, teriam poder para desviar a humanidade de sua evolução? –
cogitei.
– No aspecto geral, não. A humanidade habita todo o Universo Divino e
está em constante evolução. Porém, o bem precisa trabalhar de forma
organizada para garantir a mais rápida evolução de todos os irmãos que estão
neste planeta, em todas as suas dimensões. As informações colhidas aqui são
repassadas para grupos de Espíritos Superiores que decidem como devem ser
as ações positivas para neutralizar e evitar os danos planejados pelos
Espíritos infelizes. Trata-se de um jogo de xadrez, é uma verdadeira guerra,
com a diferença que só um dos lados quer ferir, pois a Espiritualidade
Superior quer ajudar os irmãos infelizes.
Logo após essas explicações, acabei por despertar repentinamente no meu
corpo físico em razão de estímulos recebidos (minha filha pequena pulou
sobre mim e me acordou). Como ela voltou a dormir, fiz anotações, deitei-me
e tentei desdobrar-me novamente, mas mentalmente Heitor me disse que o
objetivo da viagem já havia sido atingido e que eu deveria repousar sem
novas viagens.
Ao longo dos anos, fiz diversos desdobramentos conscientes nas colônias
das esferas umbralinas. O que mais me surpreendeu foi verificar a existência
de grandes cidades e como as pessoas continuam o fluxo de estudos,
trabalhos, entretenimento e vida social.
Nas três esferas umbralinas pude ver que existem locais para os Espíritos
viajarem e descansarem de longos períodos de trabalho, como hotéis em
praias ou no campo. Claro que a terceira esfera positiva possui uma natureza
mais equilibrada do que a segunda esfera, esta é melhor do que a primeira e
assim sucessivamente. Quais mais evoluída é a esfera espiritual, melhor é a
integração entre o ser humano e meio ambiente.
Mas, em todas elas, vi humanidade em desenvolvimento. Caminhei por
ruas, entrei em enormes prédios, onde funcionavam escritórios e consultórios
diversos. Visitei bairros residenciais, com inúmeras casas e lindos jardins. Fui
até hotéis em lugares paradisíacos. Vivenciei grandes tempestades nas esferas
inferiores, causadas pelo desequilíbrio desses planos.
A vida no mundo espiritual é intensa e pulsante, é vida!
Hoje tenho a segurança de saber que a vida é imortal e continua após o
descarte do corpo físico. Esse sentimento fortalece a fé e traz maior
resignação e tranquilidade. Por isso, o desdobramento consciente, feito de
forma segura, é interessante instrumento de despertar da consciência imortal.
Nesse sentido, precisamos alterar inclusive a forma com que vivenciamos
a despedida de um ente querido no momento do desencarne. É necessário
maior equilíbrio.
Em certo dia, Heitor me buscou em casa; era no período da tarde e eu
estava descansando um pouco de um dia muito cansativo. Em desdobramento
consciente, me levou para acompanharmos um velório.
A pessoa que havia desencarnado estava acompanhando a despedida dos
entes queridos. Percebi que ela possuía consciência dos fatos, mas, em razão
do intenso desequilíbrio dos encarnados, não conseguia se acalmar e interagir
com os Espíritos amigos que estavam ali para auxiliar.
Heitor foi até o falecido e ministrou alguns passes. Depois me chamou e
juntos ficamos aplicando energias. Em razão da minha condição de
encarnado, minhas vibrações, inclusive a doação de princípio vital, podem
ajudar no refazimento das energias de alguém recém-desencarnado e que está
em condições de desequilíbrio. Como consequência desse procedimento,
pude sentir um pouco os sentimentos daquele irmão. Ele estava muito triste e
angustiado. O sentimento de saudade era muito intenso e até perturbador.
Conforme os parentes externavam desequilíbrios com gritos de lamento ou
choro compulsivo, esses sentimentos se intensificavam. Absorvi essas
vibrações por apenas 10 minutos, mas foram o suficiente para marcar em
minha alma a dor que aquele irmão estava sentindo.
Depois, Heitor me disse algumas palavras:
– Breno, perceba como os irmãos encarnados ainda não conseguem
compreender o mínimo das verdades do Espírito. A dor e a angústia, até
mesmo a revolta pelo desencarne do amigo que conhecemos, se devem ao
fato de que foi uma morte repentina, em um acidente de carro. Porém, se
tivessem o conhecimento espírita e o vivenciassem efetivamente, saberiam
que ninguém desencarna antes da hora e que somos herdeiros de nós mesmos.
O irmão desencarnou conforme atos praticados por ele nesta e em outras
vidas. Caso os parentes e amigos encarnados alimentassem os sentimentos de
resignação, fé, paz e alegria por terem vivido momentos marcantes com o
ente querido que se vai, com o desenvolvimento de um equilíbrio emocional,
o irmão que acaba de desencarnar estaria um pouco angustiado com a
novidade da vida espiritual, mas receberia estímulos positivos que iriam
auxiliá-lo na adaptação ao novo mundo que se abre, inclusive conseguiria
enxergar e interagir com os amigos espirituais que estão aqui para levá-lo
para a instituição de socorro, onde ele ficará até estar apto a seguir viagem
para a colônia espiritual com a qual possui ligação, na segunda esfera
positiva.
– Mas é muito difícil perder um ente querido e ainda ficar em paz –
ponderei.
– Claro que não é fácil, a saudade é um sentimento que machuca. Aliás, o
querido irmão Chico Xavier afirmava que a saudade machuca nos dois
planos, pois aquele que vai também sofre. Assim como ocorre quando um
ente querido vai reencarnar, pois aqueles que ficam no mundo espiritual
perdem o contato direto e sofrem. Mas, isso não pode ser desculpa para viver
no desequilíbrio mental e ainda prejudicar o ente querido que segue viagem,
agora em outra dimensão da vida.
– As energias que eu doei irão auxiliá-lo?
– Claro que sim. No momento do desencarne, o falecido necessita de certa
quantidade de princípio vital do duplo etérico para trazer equilíbrio ao novo
veículo de manifestação. Agora o corpo espiritual assume papel central, será
o instrumento utilizado por essa consciência na dimensão em que ela irá
expressar-se. O Espírito recém-desencarnado precisará de mais ou menos
energia vital conforme seu grau evolutivo; quanto mais evoluído, menos
denso o corpo espiritual e menor a necessidade dessa energia. Aqui, temos
um irmão de evolução mediana, que, de início, vai habitar a primeira esfera
umbralina, onde estagiará até estar apto a ir viver na segunda esfera positiva.
Em razão de sua morte repentina por acidente, o corpo físico sofreu muita
perda de vitalidade e a sua doação de energia vital é essencial para o
refazimento mais rápido desse irmão.
Heitor fez refletiu por um instante e continuou:
– Quando o encarnado desenvolve com responsabilidade a faculdade do
desdobramento, passa a integrar equipes de socorros que prestam serviços na
crosta terrestre e nas esferas próximas. Com a transfusão do princípio vital
denso do encarnado, ajudamos muitos irmãos desencarnados ainda
adoecidos. No futuro, quando o irmão estiver adaptado ao mundo espiritual e
em condições de ascender a esferas mais evoluídas, poderá sofrer uma
segunda morte, descartando então o corpo espiritual grosseiro e engendrando
um corpo espiritual mais sutil, sem essas energias vitais densas.
Percebi que alguns minutos após nossos passes, o falecido começou a
sentir-se mais tranquilo e, inclusive, a visualizar os Espíritos amigos com
mais facilidade. Um deles era sua mãe, que veio buscá-lo e estava ajudando
durante todo o processo de desencarne. Diante desse panorama, questionei:
– Os irmãos recém-desencarnados são sempre levados para postos de
socorro? Existem postos também aqui, na dimensão espiritual entrelaçada à
dimensão física?
– Sobre a primeira pergunta, temos que todos aqueles que ainda
necessitam de uma fase de adaptação ao novo Universo, constituído de
matéria em outra escala vibratória, e quando possuem mérito e sintonia para
tanto, são levados para postos de socorro. Além deles, existem também os
irmãos mais evoluídos que desencarnam e conseguem realizar a viagem para
colônias espirituais diretamente. De outro lado, infelizmente, há irmãos que
estão em sintonia com as esferas negativas ou regiões infelizes das esferas
umbralinas e ainda sem méritos, ou seja, sem trabalho no bem ou busca da
reforma íntima; esses irão para as colônias e esferas afins. Para esses irmãos,
o socorro espiritual somente acontecerá depois que despertarem para a
necessidade de viver como Espírito imortal, filho de Deus.
– Foi o que aconteceu com André Luiz – concluí. – Ele desencarnou, mas
em razão da vida física materialista e hábitos desregrados, estava em sintonia
com as regiões e colônias ainda inferiores da primeira esfera umbralina. Lá
permaneceu por cerca de oito anos, quando passou a orar e rogar socorro.
Com isso, despertou sua consciência, demonstrou real desejo de ser ajudado e
tornou possível o socorro, quando, então, foi levado a Nosso Lar.
– Sim. Agora, imaginemos o homem médio. Seria aquele que ainda tem
hábitos infelizes, carrega alguns vícios, mas, ciente de sua necessidade de
evoluir, trava lutas internas na busca de ser uma pessoa melhor, ajuda o
próximo, ora regularmente, inclusive fazendo evangelho no lar. Esse é um
Espírito que poderá ser socorrido diretamente e levado para um posto de
socorro. Agora, quanto à segunda pergunta, se há postos de socorro na crosta
terrestre, vamos fazer uma viagem.
Dito isso, Heitor me envolveu em seu magnetismo e começamos a volitar
rapidamente, a ponto de eu não conseguir perceber o que havia embaixo e
não saber sequer a direção que seguíamos. Compreendi que minha volitação
e deslocamento no espaço-tempo eram ainda muito rudimentares, enquanto
as habilidades de Heitor eram muito desenvolvidas. Heitor, envolvendo-me
em seu magnetismo, deslocava-se de forma espantosa. Lembrei-me da lição
contida nas Obras Básicas de Allan Kardec, assim como nos livros do
Espírito André Luiz: quanto mais evoluído o Espírito, menor resistência a
matéria lhe causará.
Chegamos ao alto de uma montanha. O sol estava se pondo. No topo,
havia uma grande construção que lembrava uma espécie de hotel fazenda. A
localização era realmente o cume de uma montanha, que possuía uma área de
cerca de 5 mil metros quadrados. Eu caminhei pela grama, fui até a beirada,
vi que estávamos muito alto e percebi a presença de cerca eletrificada em
todo o entorno do cume da montanha.
– Essa construção é tretadimensional e você está conseguindo visualizar
em razão da minha ajuda magnética, que despertou essa percepção em sua
mente. Na dimensão física não há nenhuma construção, apenas uma área
vazia, com a grama baixa – comentou Heitor.
– Qual a finalidade desse local?
– É um posto de socorro mantido pela entidade em que trabalhamos.
Quando o desencarne ocorre muito repentinamente, inclusive fruto de
acidente no qual ocorreu a deterioração rápida do corpo físico e de seu
princípio vital, o Espírito de evolução mediana necessita permanecer nessa
região espiritual entrelaçada diretamente com a dimensão física, para alcançar
um equilíbrio fisiológico de seu perispírito. Aqui ele recebe inúmeros
tratamentos que o auxiliam, inclusive com a visita de amigos encarnados.
Com a explicação, entendi melhor o cenário que presenciava. Havia muito
Espíritos doentes, sempre cercados de atendimento carinhoso de irmãos
trabalhadores, também desencarnados. Heitor prosseguiu:
– Após estagiar por certo período, a depender de sua necessidade
específica, o Espírito pode seguir viagem para as esferas espirituais, onde
passará a viver numa colônia espiritual, com a companhia de entes queridos
que se foram antes.
– E as cercas elétricas, qual a necessidade?
– Como sempre, para resguardar o trabalho do bem. Como sabemos,
muitos irmãos ainda estagiam na maldade e seguem planos infelizes. Outros
tantos são escravizados pelos vícios que mantêm após o descarte do corpo
físico. Assim, para evitar visitas inesperadas, inclusive de Espíritos em busca
de vingança ou que visam a sequestrar aqueles que estão sob nossos
cuidados, precisamos de sistema defensivo. Além da cerca, temos vigilantes
em guaritas abaixo e contamos com a ajuda de colônias superiores que
derramam sob nós constante luz e energias positivas, tornando o local pouco
agradável para aquele irmão que estagia transitoriamente na maldade. Em
toda a crosta terrestre existem milhares de postos como este, atendendo os
irmãos recém-desencarnados. Nessa espécie de socorro, incluímos o preparo
para a desencarnação, trazendo, em desdobramento, irmãos encarnados que
em breve farão a passagem.
Após as explicações de Heitor, voltei ao corpo físico com os sentimentos
ainda vivos em meu Espírito, em especial a dor do irmão que havia
desencarnado e o ambiente desequilibrado que havia no velório.
A minha consciência encarnada despertou quando eu já estava no jardim
de casa em companhia de Heitor. Ele me disse que iríamos acompanhar uma
reunião mediúnica no mundo espiritual.
– Breno, lembre-se de que a reunião mediúnica não possui o objetivo de
falar com os “mortos”, mas sim viabiliza uma comunicação interdimensional
entre pessoas de planos de vida diferentes. Perceba que todos estão vivos,
aqueles que habitam o mundo físico e aqueles que habitam o mundo
espiritual. Por meio da reunião mediúnica, é possível a comunicação e o
atendimento a Espíritos diversos de ambos os universos, físico e espiritual.
– Entendi, mas como seria possível a reunião mediúnica no Universo
Espiritual? Qual a sua finalidade?
– Como vimos ao longo das suas viagens, o Universo Espiritual possui
inúmeras esferas vibratórias, cada uma formando um plano de
desenvolvimento da alma e entre algumas delas há grande diferença
evolutiva. Assim, por meio da reunião mediúnica, Espíritos desencarnados
com a capacidade psíquica desenvolvida conseguem ser intermediários na
comunicação. Isso ocorre até mesmo para viabilizar manifestações nas
esferas negativas ou primeiras positivas de Espíritos iluminados que vivem
na sexta esfera positiva.
– Ah, esse foi o caso de Matilde no início do livro “Libertação”10, quando
ela se manifesta em Nosso Lar por meio de uma reunião mediúnica, não é
mesmo? – recordei.
– Exato. Mas, além disso, temos que há milhares de irmãos doentes,
presos a formas de vida ainda inferiores, seja por vícios, ódio, destruição das
defesas mentais, quedas em precipícios da depressão etc. Eles exigem longos
processos de terapia espiritual. Nessas atividades, irmãos encarnados como
você podem auxiliar com a doação de energias vitais mais densas. Vamos até
lá.
Heitor fez um gesto e abriu um portal dimensional pelo qual passamos.
Com o tempo comecei a assimilar essa situação com naturalidade. Chegamos
a uma colônia localizada na primeira esfera umbralina. Lá, volitando
rapidamente, nos dirigimos até uma instituição que presta assistência
espiritual àqueles que a procuram. Era noite e a rua recebia iluminação
artificial dos postes. Ao chegar na instituição, fomos recebidos por simpático
grupo de trabalhadores.
O senhor Rubens se apresentou e disse estar feliz por contar com minha
ajuda nas tarefas da noite, que seriam extensas e necessitariam de energias de
Espíritos encarnados. Disse que, além de mim, outros dois irmãos encarnados
participariam dos trabalhos da noite.
A instituição era uma casa de porte médio, reformada para o trabalho que
realizavam. Do lado de fora, na esquina e na entrada, percebi dois Espíritos
não tão simpáticos e vestidos de forma diferente dos demais.
Eu, devo confessar, estava um pouco acanhado. Apesar dos
desdobramentos feitos anteriormente e de estar na presença de Espíritos
amigos, além de Heitor, me sentia um pouco fragilizado e até mesmo
vulnerável. Heitor percebeu meus sentimentos e me acalmou:
– Fique tranquilo, esses sentimentos são naturais do local em que estamos.
Aqui é a primeira esfera positiva, umbral denso. Como visto, local ainda
dominado por entidades infelizes, mas que possui colônias e diversas
instituições voltadas para o bem. Nesse plano travamos guerras espirituais
diariamente, procurando ajudar aqueles que querem ser socorridos
efetivamente e preservando o patrimônio do bem contra as investidas dos
irmãos que ainda estagiam no mal. Aos poucos, com o início dos trabalhos,
você se sentirá melhor. Não se preocupe com a segurança, temos irmãos
sentinelas vigiando o local e essa colônia se destaca pela diversidade de
pensamento. É governada por Espíritos que querem o poder, mas possui leis
mais flexíveis. Tem muitas semelhanças com as cidades do mundo físico que
ainda sofrem com corrupção, violência e insegurança.
– Ou seja, nada diferente do que vemos no Brasil, por exemplo –
comentei.
– Pois é. Temos que o mundo físico e a primeira esfera umbralina
possuem muitas semelhanças mesmo, apesar das diferenças naturais de outra
dimensão.
O senhor Rubens nos convidou a entrar e vi que ali eram estudadas as
obras de Allan Kardec e outros autores espíritas, pois havia quadros na
parede e livros em uma grande prateleira de madeira.
Entramos em um pequeno salão preparado para os trabalhos. Havia dois
círculos de cadeiras, um menor dentro de outro maior. No centro havia uma
cadeira.
Heitor me convidou para nos sentarmos no círculo maior e explicou que
dali iríamos doar energias para os médiuns que trabalhariam ativamente no
círculo menor.
Aos poucos, os lugares foram ocupados. Rubens se sentou na cadeira do
centro e começou sua explanação:
– Boa noite, queridos irmãos. Agradeço em especial a presença dos
irmãos encarnados em desdobramento, bem como de seus mentores. Essa
noite iremos atender fraternalmente irmãos em sofrimento na segunda esfera
negativa. Os médiuns desencarnados com facilidade de desdobramento irão
buscar esses irmãos em corpo mental e trazê-los para a terapia. Por meio da
conexão com os médiuns e irmãos encarnados, esses Espíritos doentes
receberão choques vitais que ajudarão a revitalizar partes importantes de seus
corpos espirituais, incluindo chacras e órgãos vitais. Trata-se de Espíritos
adoecidos, muitos deles já sofreram processos de licantropia e semelhantes.
Outros estão a caminho da ovoidização, pois permanecem presos ao ódio que
alimentam, ou à depressão e à vontade de não mais existir como ser vivo. O
atendimento da noite é fraterno. São irmãos nossos. Queridos irmãos. Estão
em sofrimento inimaginável para nós. Quando um filho de Deus, detentor da
essência divina, desiste de viver ou passa a guiar sua vida pelo caminho das
trevas, é sempre muito triste e devemos a eles muito amor, compreensão e
luz. Ontem, éramos nós que estávamos precisando de ajuda. Hoje, mesmo
ainda muito imperfeitos e, por que não dizer, ainda doentes, temos a dádiva
de ser instrumentos da misericórdia divina e socorrer esses queridos e
sofridos irmãos. O socorro espiritual é feito diretamente no corpo mental
desses irmãos. A sintonia é pela vibração do corpo mental. Alguém possui
alguma dúvida? Esse é o momento de respondermos, sem debates que
poderiam atrapalhar a atmosfera psíquica do ambiente.
Nesse momento, um dos trabalhadores desencarnados levantou a mão e
perguntou:
– Mas, esses irmãos sofredores irão se lembrar do tratamento?
– Não conscientemente – esclareceu Rubens. – Mas, os benefícios
energéticos do tratamento espiritual passarão para o corpo espiritual,
auxiliando na ativação dos chacras e órgãos que estão em franco
adoecimento. E, no íntimo desses irmãos, plantaremos uma semente de
esperança e luz. Aos poucos, essa semente germinará e eles entenderão que
habitam um plano infeliz por sintonia e nascerá a vontade de orar a Deus,
rogando perdão, ajuda e redenção. Nossas equipes trabalham de forma
organizada. Alguns estão sendo monitorados no meio em que se encontram e
outros já foram recolhidos em instituições ligadas à nossa.
Em outra resposta Rubens explicou que os irmãos eram escolhidos por
intercessão de entes queridos, bem como pela análise dos trabalhadores da
instituição. Disse também que a instituição está ligada a outras das esferas
superiores e que o trabalho é desenvolvido sob orientação e proteção delas.
Esclareceu que alguns Espíritos selecionados são recolhidos na segunda
esfera negativa e levados a instituições de socorro. De lá, são realizados
procedimentos de desdobramento do corpo mental, para serem levados até a
instituição em que estávamos e que isso facilita o tratamento, pois as energias
da primeira esfera positiva, apesar de não serem de alta frequência e
elevação, são superiores e medicamentosas para quem vive na segunda esfera
negativa.
Heitor me pediu para entrar em estado mental meditativo e que
mentalizasse muitas energias saindo do meu chacra frontal em direção ao
médium que estava sentado à minha frente. Foi o que fiz.
De repente, senti uma forte aproximação. Era densa. Senti meu corpo
espiritual pesado. Parecia que havia perdido o controle sobre ele. A sensação
era de que eu estava incorporando o Espírito atendido. Minhas mãos
pareciam se contorcer. Elas deixaram de ser mãos e se transformaram em
garras de um lobo. O mesmo ocorreu com meu pé. Depois senti meu corpo se
contorcer, minha vontade era cair no chão e rolar. Senti uma dor que não era
física. Era uma profunda e intensa sensação de ódio por tudo e por todos.
Senti-me deslocado para uma tenda onde era praticada magia negra e em
volta todos dançavam e gritavam. O chão era de terra batida, havia outros
como eu, contorcendo-se e gritando. Tudo era muito desagradável. Aos
poucos, foi voltando a consciência, minhas mãos e meus pés estavam
normais, todo o sentimento negativo sumiu e agora eu sentia uma chuva
inexplicavelmente agradável caindo sobre minha face, meus ombros,
banhando meu corpo. Abri os olhos e vi que estava ali, no mesmo lugar e o
médium também estava ali, parado.
Recebi orientação de Heitor para continuar orando em silêncio e que
depois conversaríamos sobre a experiência.
Os trabalhos duraram cerca de uma hora e, ao final, antes de levar-me ao
corpo físico, paramos para conversar no jardim de minha casa.
– Deixe-me adivinhar: eu não saí da cadeira em nenhum instante e não
aconteceu nada comigo, certo? – disse-lhe.
– Sim, você apenas recebeu as impressões do Espírito adoecido. Em razão
de você doar energias para o médium, você também entrou em conexão com
o atendido. Eram três Espíritos em conexão espiritual. Você doou
consideráveis quantidades de energias vitais ao irmão em sofrimento. Pela
conexão, você teve acesso ao momento em que ele, escravizado por entidades
infelizes na segunda esfera negativa, foi hipnotizado e sofreu a licantropia.
– Mas, se ele estava lá naquele plano é porque tinha sintonia com o lugar.
Logo, por que socorrê-lo? Não seria melhor gastar energias socorrendo
irmãos que estão em locais melhores? – argumentei.
– Breno, quem somos nós para definir quem deve ou não ser socorrido?
Toda atividade no bem é abençoada e aquele grupo se formou com essa
intenção: buscar os irmãos em profundo adoecimento espiritual. Eles tentam
ser a boia de salvação desses irmãos, antes que caiam ainda mais no abismo
da maldade. Veja, se o Espírito doente estava naquele plano é porque em vida
física cometeu atos deliberadamente maldosos, mas se ele foi alvo da atenção
hoje, também é porque fez algo de bom e pessoas queridas o querem ajudar.
Você estava em transe, mas por meio da sintonia mental, Rubens conseguiu
conversar com o Espírito atendido. As energias que recebeu naquele
momento reverteram o quadro de licantropia. Ele retornou a forma humana.
Ele foi um caso em que foi resgatado por equipes na segunda esfera negativa,
levado a uma instituição como aquela que você visitou e de lá recebeu a ajuda
dessa noite. Lembre-se, trabalho no bem não é fruto de improviso. Há muita
organização. No final do atendimento, ele já estava na forma humana lá na
instituição da segunda esfera negativa e agora a tendência é iniciar um
processo de recuperação para uma nova reencarnação.
– Mas, a equipe da segunda esfera negativa precisa do trabalho dessa
equipe que auxiliamos hoje? Inclusive, é necessário a participação de
encarnados, como eu?
– Veja, não é primordial, isto é, seria possível realizar os procedimentos
sem os encarnados e sem a ajuda dos irmãos da primeira esfera positiva –
elucidou Heitor. – Mas, assim como ocorre nas reuniões mediúnicas do
mundo físico, por meio desse procedimento muitos são atendidos. Você é
atendido porque aprende o trabalho da caridade e desenvolve suas
capacidades psíquicas, além de acumular méritos pela Lei Divina. O mesmo
ocorre com os irmãos da primeira esfera positiva. Além de todos aprenderem
a doar tempo e energias para o trabalho no bem. Por fim, o procedimento se
torna mais simples e prático, pois é mais fácil levar o atendido até um local
energeticamente diferenciado do que levar toda a equipe de socorro até o
atendido. Essa é apenas uma das inúmeras formas de socorro aos irmãos em
sofrimento.
– Quanto às minhas energias, posso sofrer prejuízos nesse trabalho?
– Poderia se não fosse um trabalho organizado. Mas, perceba que você
está se sentindo melhor do que antes. Lembra-se do fim do transe, quando
você sentiu uma chuva de boas energias? Por estarmos em conexão com as
instituições de planos superiores, não tenha dúvidas de que Espíritos de luz
estavam ali amparando o trabalho, distribuindo energias e organizando o
ambiente invisível para nós.
– Você falando, parece que eu estava numa reunião mediúnica normal do
mundo físico...
– Isso porque a primeira esfera positiva ainda é muito densa e
materialmente parecida com o mundo físico. Lembre-se de que Espíritos
superiores vibram em frequências muito altas e com isso se tornam invisíveis
para os Espíritos desencarnados de evolução mediana ou os encarnados em
desdobramento. Somente se fazem visíveis se necessário e produtivo –
explicou Heitor.
– Apesar de, no momento do transe, sentir situações desagradáveis, não
posso negar que a satisfação de ter ajudado e depois as energias que recebi
recompensam e trazem ânimo para participar de outros trabalhos como esse.
– Fico feliz de ouvir isso.
Após, voltei ao corpo e despertei com as lembranças do momento da
sintonia com o Espírito atendido ainda muito latentes. Precisei organizar os
pensamentos e, com a ajuda de Heitor, entender tudo o que ocorrera.
10. Nota do autor: livro do Espírito André Luiz, psicografado pelo médium Chico Xavier.
Heitor me ajudou em diversos desdobramentos nos quais conheci muitas
colônias espirituais em seu dia a dia. Conforme relatado, são cidades em
pleno funcionamento. Como visitei esferas espirituais vibracionalmente mais
próximas da dimensão física, as condições de vida não eram totalmente
diferentes.
Heitor sempre enfatizou que a partir da quarta esfera as formas em que a
vida se expressa sofriam profunda modificação, até chegar na sexta e última
esfera (quando falamos de quarta dimensão, pois depois dela tem a quinta
dimensão), onde a vida se manifesta de forma inimaginável para nós.
Disso resulta que a sexualidade e os assuntos correlatos, quando
pensamos nas esferas espirituais mais próximas da dimensão física (duas
negativas e as três primeiras positivas), possuem algumas semelhanças.
Nas esferas negativas presenciei uma liberdade sexual muito grande, pela
qual as inteligências cruéis escravizam as mais fracas no vício. Nas cidades
dessas esferas é comum a vida desregrada, sem comprometimento e a
existência de relacionamentos em que o instinto animal da sexualidade
domina a razão e o sentimento. Com isso, dificilmente um casal vive a
fidelidade dos compromissos e o desenvolvimento de projetos em conjunto.
Nas primeiras esferas positivas, ao contrário, vemos casais se formando
no mundo espiritual, assim como outros dando continuidade a
relacionamentos que foram desenvolvidos na Terra. Não obstante a
imperfeição dos Espíritos, os casais procuram aprimorar as potencialidades
divinas que envolvem a vida a dois, em especial na terceira esfera positiva,
onde vivem Espíritos que já venceram os instintos animais e guiam suas
vidas sempre à luz da razão e do sentimento.
Considerando o que presenciei em alguns desdobramentos, conversei com
Heitor sobre determinados assuntos e, sob sua orientação, trago ao amigo
leitor.
– Amigo, verifiquei que existem homossexuais em todas as esferas que
visitei. Eu achava que não haveria homossexualidade no mundo espiritual, já
que eles poderiam expressar-se como realmente são – observei.
– Isso porque você está confundindo os conceitos – alertou-me Heitor. –
O estudo da mente, de encarnados e desencarnados, revela inúmeras variáveis
relacionadas à sexualidade do Espírito. Primeiro, lembre-se de que a
sexualidade não é nenhum pecado. O sexo entre duas pessoas que se amam é
a forma em que a humanidade, nesse estágio evolutivo, expressa e constrói a
ligação entre duas almas, inclusive, para cocriar com Deus e dar origem à
vida na dimensão física. Não podemos confundir a pessoa que é homossexual
com aquela que é transexual. O homossexual é aquele que,
independentemente de seu aparelho físico, sente atração sexual por pessoas
do mesmo gênero. Já o transexual é a pessoa que não aceita o corpo físico
que possui, isto é, mente e corpo físico não estão em sintonia.
– Entendo. Vamos imaginar um homem transexual. Ele se vê como
mulher e gostaria de ser mulher, mas seu corpo físico é de homem. De outro
lado, um homem homossexual se vê como homem, não deseja ser mulher,
mas sente atração por outro homem. É isso?
– Isso mesmo. Daí nós temos inclusive que um Espírito pode ser
homossexual e transexual ao mesmo tempo. Isto é, no seu exemplo, o homem
pode querer ser mulher e desejar fisicamente mulheres. Veja, ele buscará
tratamentos para mudança e adequação do corpo físico à sua mente e Espírito
e, depois, passará a ser homossexual.
– Nossa, nesse caso depende do ponto de vista, né? Porque eu poderia
achar que ele seria na verdade um heterossexual – cogitei.
– Até poderia, mas não estaria aceitando as dificuldades e o momento em
que o Espírito imortal está se manifestando – constatou Heitor. – Vamos
lembrar que o Espírito, consciência em si, filho de Deus, não possui sexo
determinado. Isso significa que teoricamente ele poderia encarnar como
homem ou como mulher, sem grandes dificuldades.
– É, mas venho aprendendo que a prática tem muitas nuances,
dificultando a lição teórica.
– Veja, em suas viagens no mundo espiritual você compreendeu que se
trata de um Universo paralelo extremamente complexo, com realidades
coexistindo, uma diferente da outra. Então, novamente, caímos na mesma
lição: depende da evolução do Espírito.
Heitor refletiu por um instante e continuou:
– Com a evolução moral e intelectual do Espírito, ele passa a dominar a
matéria com perfeição. Além disso, abandona os instintos animais que foram
fundamentais na fase em que ainda estagiava nos primórdios da evolução,
para iniciar uma forma de vida em que se expressa iluminado pelos
sentimentos e a razão. O Espírito com grau evolutivo mais avançado
realmente consegue encarnar no mundo físico em gênero diferente, sem
sofrer nenhuma espécie de prejuízo mental ou físico. Mas, veja que
interessante, a maioria desses Espíritos evoluídos não tem mais a necessidade
da sexualidade, reencarnam em missões de benemerência e iluminação da
humanidade e não se preocupam com a satisfação dos desejos sexuais.
– Nós, Espíritos medianos, ainda sentimos a necessidade de desenvolver a
sexualidade – considerei.
– Claro, cada um conforme sua evolução. No estágio da grande maioria
da humanidade, a sexualidade ainda é fonte importante de prazer e união,
além de ser expressão do amor e dar origem à vida – observou Heitor.
– Mas, voltando ao tema mais específico, fiquei surpreso por encontrar
homossexuais em todas as esferas que visitei.
– Lembra o que eu te falei? O Espírito homossexual se aceita no corpo
físico em que está. Logo, sua mente quer expressar-se no gênero que constitui
seu corpo físico. Ao desencarnar e engendrar um novo corpo espiritual,
naturalmente sua mente constituirá, em átimos de segundos, o mesmo corpo,
espelho do corpo físico e que está em sintonia com sua mente. Com o passar
dos anos no mundo espiritual, a mente desse Espírito poderá causar
modificações em seu corpo espiritual, pois constituído de matéria plástica que
responde aos comandos mentais. Porém, como ele se vê e se aceita naquele
gênero, não mudará a sexualidade do veículo de manifestação.
– Estou começando a entender.
– Ao mesmo tempo – seguiu Heitor –, ele, em seu estágio evolutivo,
continuará no mundo espiritual a ter atração por outros Espíritos que também
se expressam no mesmo gênero. O mesmo ocorre entre um homem
desencarnado que se sente atraído por uma mulher desencarnada.
– Nas esferas espirituais próximas continuamos nos expressando no
gênero que estávamos no mundo físico?
– A grande maioria sim. Veja, estamos ainda em evolução. Nossas mentes
são frágeis. Com muita dificuldade, no mundo espiritual, passamos a nos
recordar de algo de outra vida física. Estamos longe da capacidade mental de
lembranças continuadas. Da mesma forma, aquele que reencarnou como
homem, ao desencarnar, assim se verá e, por consequência, seu corpo
espiritual corresponderá ao comando mental. Viverá no mundo espiritual por
décadas e programará nova vida física, considerando nascer novamente como
homem e, no momento do reencarne, sua mente, naturalmente, constituirá um
corpo físico nesse gênero. Quando o Espírito atinge um grau de evolução que
o liberta das algemas da matéria, aí sim, ele consegue expressar-se em gênero
diverso no mundo físico, mas se isso for produtivo em algum aspecto.
Lembre-se, nas esferas superiores não sabemos como a vida se expressa, o
que inclui gênero e sexualidade.
Preso a uma visão tradicional da matéria, questionei:
– Mas, não é pecado ser homossexual e por isso o Espírito não vai viver
necessariamente nas esferas negativas? Eu vi casais homossexuais nas esferas
positivas...
– Como assim, pecado? Claro que não é! Lembremos que o Antigo
Testamento traz, além dos dez mandamentos de origem divina, diversas leis
que foram criadas para conferir certa estabilidade social para a civilização
que ali se desenvolvia. O que define a esfera espiritual onde a pessoa
homossexual vai viver são os atos que ela pratica como filha de Deus, da
mesma forma que ocorre com uma pessoa heterossexual. Sem nenhuma
diferença. É a vida correta, digna, idônea, aplicando o Evangelho de Jesus,
buscando a reforma íntima dos defeitos do Espírito e fazendo a caridade. São
os hábitos diários que fixarão o padrão vibratório, o estágio evolutivo do ser
e, consequentemente, sua morada espiritual.
– Entendo, pois o heterossexual com uma vida desregrada e longe do
Evangelho terá uma evolução espiritual menor do que o homossexual que
segue uma vida correta, como você narrou.
– Sim – anuiu Heitor.
– E no caso dos transexuais? – repliquei.
– Esse é um assunto mais delicado e complexo. Como vimos, é um
desajuste entre o que o Espírito quer e o que o corpo físico apresenta. O
homem transexual quer ser mulher, mas seu corpo físico é masculino, ou
vice-versa. Perceba que sua mente não conseguiu elaborar um corpo físico
em sintonia com sua essência naquele espaço-tempo. Mas, o transexual
desencarnado, utilizando-se de um corpo mais sutil e plástico, conseguirá
readequar sua personalidade ao aparelho de manifestação. Claro que isso
depende de seu grau evolutivo, socorro espiritual e adaptação ao mundo
espiritual.
– No mundo espiritual, o corpo espiritual se adequará ao comando da
mente quanto ao gênero? Entendi! Mas, então, seria legítima essa adequação
já em vida física?
– Breno, veja, entendo que sim. Ora, se a ciência da dimensão física está
evoluindo a ponto de permitir a adequação do veículo de manifestação,
mesmo que ainda denso como é o de carne, à personalidade do ser imortal
naquele espaço-tempo, por que não o fazer? Diminuirá o sofrimento do
conflito interno da pessoa e tornará a reencarnação mais produtiva, além de
permitir a construção de estados de alegria e felicidade ao longo da vida
física.
– Mas... e o perispírito, como fica depois de uma eventual operação de
mudança de gênero?
– Pense, ocorre o mesmo que em qualquer cirurgia plástica ou em casos
de acidente com amputação de alguma parte do corpo físico. Com o passar do
tempo, o perispírito, ainda mais fluídico durante a encarnação, irá adequar-se
aos comandos da mente e como ela se vê, moldando-se – esclareceu Heitor.
– Da mesma forma, o futuro espiritual daquele que é transexual dependerá
dos seus atos, hábitos mentais diários e vícios que mantém ou vence, certo?
– Exatamente – assentiu Heitor. – No caso do irmão que reencarna e é
transexual, temos que houve um desajuste entre o que a mente queria
expressar e o corpo físico, o que revela alguma necessidade de reajustamento
ao longo da reencarnação. Por isso, esse irmão deve ao máximo vigiar seus
pensamentos e condutas, guiando-os à Luz do Evangelho.
Heitor me disse que deveria relatar a conversa nesse livro, porque também
os leitores devem entender que os homossexuais ou transexuais possuem o
direito de uma vida digna e plena, sem culpas ou angústias, e a
desenvolverem as suas faculdades psíquicas, inclusive de desdobramento.
Considero que essa conversa e os esclarecimentos me ajudaram muito a
entender um pouco mais sobre a sexualidade e o gênero na visão espírita e
em sintonia com o amor divino.
Heitor me pediu para escrever algumas lições sobre esses temas. Este
capítulo não é fruto de um desdobramento e sim um texto psicografado,
conforme ditado por Heitor. Vamos lá!
Muitos afirmam que realizam desdobramentos e viajam para diversos
outros planetas do Sistema Solar e até mesmo fora dele.
Não cabe a nós desmentir essa informação, porque um Espírito com a
capacidade psíquica desenvolvida o suficiente, realmente poderá viajar entre
os planetas. Mas, queremos trazer algumas informações para que o leitor
amigo possa meditar a respeito.
O planeta Terra deve ser visto como uma gigantesca espaçonave, na qual
bilhões de Espíritos estão viajando pelos cosmos. Ele, planeta Terra, não só
gira em torno do seu próprio eixo e em torno do Sol, mas também o Sol gira
em torno de outras grandes estrelas, fazendo com que todo o Sistema Solar
acompanhe esse movimento. Então, temos que o Sistema Solar não é algo
estático, está viajando pelo cosmos.
O interessante é notar que essa espaçonave viajando pelo Universo Divino
possui diversas dimensões: a física e as espirituais.
Quando um encarnado efetua o desdobramento, adentra conscientemente
uma dimensão do Universo Espiritual, mas ainda está numa esfera do planeta
Terra. Como visto, cada esfera é uma realidade diferente do planeta e
possuímos notícias de dez planos de vida espiritual, ou seja, dez realidades
espirituais coexistindo. Vimos que quem está numa esfera espiritual tem a
impressão de estar em outro planeta, porque se trata de outra realidade, mas
está pisando no chão e olhando para o céu, com construções, cidades, ruas,
florestas, rios, mares, montanhas e as peculiaridades próprias de cada esfera,
de cada realidade espiritual. Daí temos que, muitas vezes, um irmão
encarnado se desdobra, visita uma esfera espiritual e ao, retornar para o
corpo, acredita que viajou para outro planeta.
Outra ocorrência comum se dá quando um Espírito das esferas mais
evoluídas consegue sintonia com um médium encarnado e passa uma
mensagem. Aqui, se o médium não possuir conhecimento das esferas
espirituais do planeta, poderá acreditar que recebeu a visita de um ser de
outro planeta.
Além disso, temos que a força gravitacional exerce importante papel de
nos manter dentro da espaçonave. Sem ela, seríamos arremessados para o
espaço; este fenômeno também ocorre nas dimensões espirituais, claro que
com as diferenças da matéria em outra composição, viabilizando, inclusive, a
volitação.
Portanto, não é algo simples conseguir realizar um desdobramento
consciente e viajar até um outro planeta, seja qual for a dimensão em que se
esteja, muito menos receber comunicações de Espíritos que habitam outros
planetas.
Quanto à fase de transição e à data limite citada pelo querido irmão Chico
Xavier em algumas entrevistas, precisamos entender sem mitos e
mistificações.
Primeiro, o planeta Terra, em sua dimensão física, ainda é um mundo de
provas e expiações. Isso deriva do fato de que a grande maioria dos Espíritos
encarnados ainda não vive como Espíritos, mas sim como seres materiais. A
grande maioria segue supostamente uma religião, mas, na prática, seus atos
diários ignoram os ensinamentos recebidos. Assim, na realidade, são
materialistas e ateus. Disso resulta que, infelizmente, a maioria reencarna,
não realiza os resgastes cármicos planejados e cria novos endividamentos
com a Lei Divina.
Aliás, bom sempre recordar, mesmo que brevemente, como funciona a lei
de ação e reação, comumente chamada de carma. Somos filhos de Deus e,
assim, possuímos o seu DNA, vibrando em nosso íntimo a essência divina,
com potencialidades inimagináveis. Da mesma forma, em nosso íntimo,
mesmo que adormecida pelos hábitos infelizes, vícios, defeitos e
imperfeições, temos a consciência plena da Lei Divina. Assim, quando
praticamos um ato que a viola, esse ato fica registrado em nossa mente e nós
mesmos cobramos um reajuste, pois nos sentimos em débito com o Pai e seu
Universo. Esse débito causa um desajuste em nosso Espírito, mente e, por
consequência, corpos de manifestação.
Nesse cenário, a maioria dos Espíritos encarnados ainda está violando as
Leis Divinas e aumentando seu carma, necessitando passar por provas e
expiações, no mundo físico e também nas dimensões espirituais próximas.
Claro que existe uma porcentagem, ainda que pequena, de encarnados que
conseguem ter uma vida física produtiva, na qual resgatam um pouco dos
seus débitos, lutam contra seus vícios mentais, trabalham no bem e, assim,
apesar de ainda imperfeitos, chegam a uma estabilidade cármica e iniciam um
processo de regeneração.
Quando a grande maioria dos encarnados chegar nesse estágio, o planeta
Terra, em sua dimensão física, terá concluído sua fase de transição. Com isso,
os irmãos ainda renitentes na maldade e não despertos para esse novo
patamar serão levados a planetas apropriados, onde continuarão a evoluir.
Disso temos que a fase de transição não está no fim, mas sim no início.
Ainda serão séculos e séculos até que esteja concluída. Além disso, não
existe uma linha divisória clara; a transição ocorre naturalmente. Por fim,
devemos nos preocupar com nossa evolução espiritual e não com a evolução
do vizinho. Eu, Espírito, encarnado ou desencarnado, preciso acordar e
despertar para a necessidade de viver em sintonia com as Leis de Deus e, com
isso, não aceitar mais a prática de atos claramente maldosos ou infelizes.
E o que seria a chamada “data limite”, aludida por Chico Xavier em
algumas entrevistas? Como dito neste capítulo, o planeta Terra é uma
espaçonave viajando no cosmos, respeitando diversas Leis Divinas. Assim,
viajamos em companhia de outras humanidades que habitam outros planetas
em suas diversas dimensões da vida. Alguns planetas não possuem vida na
dimensão tridimensional, somente nas demais e, assim, para o encarnado sem
conhecimento espiritual, seria um planeta desabitado.
Nesse cenário, temos que a humanidade terrestre estava trilhando um
caminho muito perigoso. Por meio das guerras mundiais e do
desenvolvimento de armas nucleares, poderia deslocar o eixo do planeta,
desajustando o desenho cósmico, que não é fruto do acaso e sim de
inteligências crísticas que trabalham diretamente em sintonia com o Pai. Isso
impactaria diretamente na vida dos demais planetas.
Por esse motivo, os Espíritos crísticos, incluindo Jesus, que dirigem e
coordenam as humanidades desses planetas, se reuniram ao fim da Segunda
Guerra Mundial e analisaram que seriam necessários alguns acontecimentos
globais dolorosos, para que a humanidade começasse a entender que está
viajando numa gigantesca espaçonave e que, se causasse danos a ela,
espaçonave, passaria a sofrer com uma viagem menos agradável, por assim
dizer, convivendo com o impacto dos atos praticados, como o descontrole da
natureza e enormes desastres naturais. A tecnologia humana não teria
condições de suportar esses acontecimentos, ainda.
Nesse encontro, conforme relatou Chico Xavier, Jesus Cristo afirmou que
seria possível manter a humanidade terrestre dentro de um plano de
desenvolvimento espiritual menos desgastante e, para tanto, fixaram um
prazo para nova análise, o qual seria julho de 2019 – e daí surgiu o termo
“data limite”.
Caso a humanidade deixasse de ser um risco para o funcionamento do
cosmos e dela própria, a evolução seguiria seu curso natural, com o
desenvolvimento moral e de tecnologias que permitirão ao homem terrestre
comunicar-se com outras dimensões e planetas, ajudando no despertar como
Espírito. Além disso, novas tecnologias ajudarão o homem encarnado a
suportar os desastres naturais e as mudanças que vão ocorrer na dimensão
física, próprias de um mundo ainda habitado por seres pouco evoluídos moral
e intelectualmente.
Mas, perceba que não existe uma data limite propriamente dita. Isso é
tomar um fato e criar um mito. A análise dessas inteligências crísticas não é
fria e matemática. Ora, se no ano que vem houver uma guerra nuclear, não
tenhamos dúvidas de que sofreremos consequências graves, com grandes
flagelos para todos, mesmo que depois da data limite, demonstrando para
todo o mundo encarnado que o planeta não suportará essa ocorrência de
forma impune e a vida tridimensional se tornará extremamente penosa.
Trata-se de um parâmetro para análise da evolução da humanidade, que o
Espírito Emmanuel e o médium Chico Xavier compartilharam com os irmãos
encarnados a fim de auxiliar a humanidade a entender melhor suas
responsabilidades como habitantes de uma gigantesca espaçonave. Estamos
todos, literalmente, no mesmo barco e se este sofrer avarias, todos sofrerão
juntos.
Como filhos de Deus, possuímos a consciência plena das Suas Leis em
nosso íntimo. Mas, em razão de nossos hábitos infelizes e vícios de conduta,
deixamos adormecer esse conhecimento e vivemos como seres materiais.
Quando iniciamos um processo de despertar da consciência imortal,
passamos a observar que existe uma moral cósmica, seguida em todos os
planetas e dimensões mais desenvolvidas.
Nas esferas espirituais mais desenvolvidas do planeta e nos demais
planetas mais evoluídos, todos entendem que é necessário viver em sintonia
com a realidade da imortalidade e buscar uma evolução moral e intelectual,
com o objetivo de estar em sintonia com o Pai Criador.
Claro que há divergências de entendimentos, inclusive a forma de
expressar-se, de estudar, de trabalhar e de conviver. Todavia, não há mais
domínio dos vícios materiais, das paixões e da irracionalidade. Nesses locais,
o ser humano se guia pela razão e pelo sentimento de amor fraterno. Assim,
enxerga o próximo como um real irmão e lhe dá a liberdade de agir e pensar.
O desdobramento consciente auxilia nesse despertar da consciência
imortal e traz elementos concretos para o projetista, inclusive colocando-o em
contato com a vida dessas regiões mais desenvolvidas.
Nesse cenário, o projetista passa a almejar viver melhor e ganha novo
ânimo para a reforma íntima, lapidando defeitos do seu Espírito e buscando
alterar hábitos do seu dia a dia.
Por óbvio, ninguém conseguirá mudar rapidamente, pois carregamos
imperfeições alimentadas por vidas e vidas. Mas, desperto para essa
realidade, em contato com regiões desenvolvidas e em sintonia com os
amigos espirituais, aquele que está na luta diária para reformar
verdadeiramente o seu Espírito sentirá estados de felicidade, paz na
consciência, alegria em viver e gratidão por tudo o que possui, conseguindo
enxergar, mesmo em situações aparentemente negativas, lições a serem
aprendidas e fatos positivos que existam.
Ao amigo leitor, sugerimos o estudo das obras de Emmanuel sobre o
Evangelho de Jesus, além das obras do Espírito André Luiz. São ferramentas
muito úteis para despertar e entender melhor a moral cósmica que existe no
Universo Divino.
Em sua luta diária, elimine atos dolosamente ruins. Sempre que surgir
pensamentos de praticar atos que são maldosos ou claramente negativos
(planejar a queda de alguém, seja na família, no emprego, na instituição etc.;
infidelidade; machucar ou agredir alguém física ou verbalmente; lesar os
cofres públicos ou entidades privadas; pedir favores claramente imorais; uso
de drogas e afins; consumo de pornografia ou frequência em casas de
prostituição ou afins), afaste-os de pronto, não aceitando, pelo uso da vontade
consciente, alimentar tais ideias.
Estamos banhados pela mente divina e possuímos em nosso íntimo a
essência divina. Quando estivermos em dúvida se determinado ato fere a
moral cósmica e nos retira da dignidade de sermos filhos de Deus, devemos
pegar o Evangelho, ler algumas passagens, fazer uma oração, rogar intuição e
orientação. Não raramente, amigos espirituais irão, durante o repouso de
nosso corpo físico, processar um desdobramento, conversar conosco, orientar
e, nos dias seguintes, a orientação surgirá claramente e nós saberemos qual
caminho seguir.
Para tanto, basta seguirmos o ensinamento deixado por Jesus: “Amar a
Deus acima de todas as coisas e ao próximo como eu vos amei.”
Trata-se de uma técnica muito eficiente e que auxilia aquele que não
consegue separar um tempo específico durante o dia para exercitar a
faculdade do desdobramento.
Como analisamos, o estado de consciência pode variar entre beta, alpha,
theta e delta. Além disso, vimos que a projeção consciente pura, com a
decolagem, é mais fácil de ser provocada quando estamos entre os estados
mentais alpha e theta. Por fim, temos na fase delta o estado de sono
profundo, também conhecido como REM (Rapid Eye Movement –
movimento rápido dos olhos).
Essa alternância de estados mentais, em regra, segue um ciclo. Assim,
quando nos deitamos estamos no estado beta e aos poucos ingressamos no
estado alpha, depois no theta e atingimos o delta. Após, reinicia-se o ciclo a
partir do estado alpha. Aliás, algumas pessoas que sofrem de ansiedade, no
reinício do ciclo, atingem o estado beta e despertam. Para essas pessoas,
recomendamos os exercícios da respiração para relaxamento e volta rápida ao
estado alpha.
Ocorre que a maioria das pessoas reinicia o ciclo em alpha. A técnica
sugerida visa a aproveitar o reinício desse ciclo, colocando um despertador
para acordar. A mente estará ainda em alpha, mas, após ser acordada pelo
despertador, ela o desligará e, utilizando-se da força da vontade, executará o
desdobramento consciente com a decolagem dos corpos sutis.
Para que a técnica seja proveitosa, a pessoa precisa descobrir qual o
tempo de duração de seu ciclo. Isso é pessoal e deve ser apurado pelo próprio
projetista. Como parâmetro, temos que em média o ciclo é de duas horas.
Assim, antes de dormir, coloca-se o despertador para tocar duas horas após.
Mas, caso a pessoa acorde e perceba que está ainda muito sonolenta,
significa que o despertador tocou antes do ciclo terminar e o estado mental
estava em delta. Nessa hipótese, deve-se aumentar o tempo, até chegar no
despertar mais leve, indicando que estava no estado mental alpha.