AMORAS Material Didático
AMORAS Material Didático
AMORAS Material Didático
AUTORIA
Dami Cunha
Especialista do Instituto Avisa Lá
COORDENAÇÃO
Ana Carolina Carvalho
Coordenadora do Instituto Avisa Lá
Material Digital do Professor
AUTORIA
Dami Cunha
Especialista do Instituto Avisa Lá
COORDENAÇÃO
Ana Carolina Carvalho
Coordenadora do Instituto Avisa Lá
LIVRO
Amoras
AUTOR
Emicida
ILUSTRADOR
Aldo Fabrini
CATEGORIA
Pré-escola
ESPECIFICAÇÃO DE USO
Para que o professor leia para crianças pequenas
TEMAS
Relacionamento pessoal e desenvolvimento
de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias
e nas comunidades (urbanas e rurais);
Quotidiano de crianças nas escolas, nas famílias
e nas comunidades (urbanas e rurais);
Identidade e autoestima
GÊNERO LITERÁRIO
Poemas, trava-línguas, parlendas, adivinhas,
provérbios, quadrinhas, etc.
Conteúdo
Instituto Avisa Lá — Formação Continuada de Educadores
Coordenação
Ana Carolina Carvalho
Revisão
Ana Luiza Couto
Luciane H. Gomide
Bibliografia
isbn 978-65-5921-075-6
2021
Todos os direitos desta edição reservados à
editora schwarcz s.a.
Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 32
04532-002 — São Paulo — sp
Telefone: (11) 3707-3500
Carta
Neste material você vai encontrar apoio para trabalhar com o livro Amo-
ras. Desde já, enfatizamos que as propostas aqui apresentadas são sobretudo
sugestões e não pretendem esgotar as possibilidades de leitura da obra. Ele é
composto dos seguintes itens:
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Este Material digital do professor foi produzido com a supervisão do Ins-
tituto Avisa Lá — Formação Continuada de Educadores, organização da so-
ciedade civil sem fins lucrativos que vem contribuindo, desde 1986, para
qualificar a prática educativa nos centros de Educação Infantil, creches e
pré-escolas públicas. Junto com as redes de Ensino Fundamental, o Insti-
tuto Avisa Lá desenvolve ações de formação para profissionais de educação
visando à competência da leitura, escrita e matemática dos estudantes nos
anos iniciais.
A coordenação pedagógica do Avisa Lá acompanhou a redação e a edição
do material escrito por especialistas em leitura e escrita. O manual também
contou com a leitura crítica de toda a equipe envolvida na produção editorial.
Nossa intenção foi indicar caminhos para que você, educador(a), possa
mediar uma experiência literária significativa para bebês e crianças da Edu-
cação Infantil, contribuindo para que eles possam construir sentidos na leitu-
ra, ampliando suas referências estéticas e literárias.
Bom trabalho!
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Contextualização da obra
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E em seguida:
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Para o lançamento do livro Amoras, o cantor postou nas redes sociais uma
versão animada da história com imagens de Aldo Fabrini: https://bit.ly/38IjQdb
(acesso em: 14 mar. 2021).
Outras experiências da vida do autor também serviram como fonte para
a criação dessa obra, como suas memórias de infância e viagens marcantes a
países do continente africano, como contou em uma entrevista.
Além de apresentar uma criança negra como protagonista, Amoras faz refe-
rências a importantes ícones da cultura negra e afrodescendente, como o orixá
Obatalá (da mitologia yorubá), Martin Luther King e Zumbi dos Palmares. Nas
páginas finais do livro, há um Glossário com informações sobre cada um deles.
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Para saber mais sobre a mitologia yorubá, sobre as biografias de Martin
Luther King e Zumbi dos Palmares e para conhecer personalidades e referên-
cias da cultura afro-brasileira, recomendamos as seguintes leituras (acessos
em: 13 mar. 2021):
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Ao mesmo tempo que narra a história em formato de poesia, o autor ex-
plicita sentimentos, pensamentos, assim como seu olhar atento para a perso-
nagem central. Ele expressa sua admiração e seu encantamento com a poéti-
ca do pensamento infantil:
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A sensibilidade de Emicida se une à delicadeza do ilustrador Aldo Fabri-
ni, estabelecendo um encontro de linguagens que se complementam e que
nos permite a construção de sentidos que não estão explícitos no texto.
Um exemplo são os olhos da protagonista, que desde a capa do livro apa-
recem vívidos e bem abertos, desvelando sua curiosidade pelas coisas do
mundo. Assim mesmo são as crianças!
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Os olhos dos adultos, por sua vez, aparecem fechados. O primeiro olhar
adulto que se abre é o de Zumbi dos Palmares — para exaltar a descoberta
da menina, concluindo que “nada foi em vão”, expressão também destacada
pelo ilustrador com os recursos da repetição em letras estilizadas.
Aldo Fabrini é designer, nasceu em São Paulo em 1988 e trabalha com
ilustração e arte publicitária. Foi o primeiro a pensar que essa música poderia
ser ilustrada e ter uma versão em livro, e assim procurou seu autor com a ideia.
Emicida e Aldo travaram nova parceria em E foi assim que eu e a escuridão
ficamos amigas, segundo título escrito e ilustrado pela dupla, lançado em 2020.
Também se destaca nessa obra o respeito à criança, nos convocando, os
adultos, a atentar para a importância de ouvir com interesse e curiosidade o
que pensam e dizem os pequenos, como forma de ampliar nossa capacidade
de ver o mundo.
A Base Nacional Comum Curricular (bncc) valida essa visão de criança
potente e protagonista, ao apresentar, na parte que se refere à Educação In-
fantil, a definição de criança das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educa-
ção Infantil (dcnei, Resolução cne/ceb no 5/2009):
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Por que ler este livro na
Educação Infantil?
Para além das relações que as crianças estabelecerão por si mesmas, é pos-
sível enriquecer a experiência por meio da leitura dialogada com o grupo.
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Esse tipo de leitura favorece o encontro de percepções, sentimentos e ideias,
criando condições para que os leitores possam adentrar novas camadas de
sentidos, construídas no coletivo.
Teresa Colomer, professora da Universidade Autônoma de Barcelona e
pesquisadora em Didática da Língua, nos fala sobre o valor dessas interações
em sua obra Andar entre livros:
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A partir da leitura de Amoras, é possível propor às crianças conversas que
abordem suas relações de convivência no cotidiano, assim como suas expe-
riências pessoais dentro e fora da escola — o que permite que conheçam me-
lhor a si mesmas, aprendam a expor ideias e a nomear sentimentos, e conhe-
çam melhor os colegas, percebendo semelhanças e diferenças de hábitos e
preferências no grupo. São competências que envolvem sobretudo os campos
de experiências “O eu, o outro e o nós” e “Escuta, fala, pensamento e ima-
ginação”, em alguns de seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
estabelecidos para a faixa etária de 4 e 5 anos:
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No caso desse livro, em que o texto se originou de uma música, brincar
com a sonoridade da composição torna-se um chamado quase obrigatório,
que qualifica a experiência dos pequenos à medida que os estimula a perce-
ber a cadência, a entonação de voz e os diferentes sentidos que podem ser
construídos para um mesmo texto. Eles podem reconhecer e até experimen-
tar produzir novas rimas e aliterações.
Explorar textos com rima favorece a literacia, por desenvolver atitudes e
competências em relação à linguagem escrita que apoiam o processo de aquisi-
ção formal do ler e do escrever. Quando esses textos são bem conhecidos pelas
crianças, elas podem experimentar fazer uma leitura autônoma — consideran-
do aqui o direito de as crianças pequenas “lerem” mesmo antes de saberem ler
convencionalmente. Elas podem ler fazendo predições e analogias, apoiando-
-se no texto memorizado, no que observaram sobre o aspecto visual do texto e
sua disposição gráfica no livro, estabelecendo relações entre o lido e o escrito.
Essas relações com a linguagem oral e escrita também integram os se-
guintes objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
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Conversas em torno
da leitura deste livro
Para que as crianças tenham de fato uma experiência com a leitura literária,
é preciso considerar alguns aspectos importantes no planejamento da leitura
dialogada que você realizará com o grupo. Um deles é a organização do es-
paço: convém deixar o ambiente aconchegante e convidativo, mas ao mesmo
tempo, se possível, com algum espaço para circulação, caso elas queiram se
movimentar e se levantar. Quando estiver lendo o livro e mostrando as pá-
ginas, é importante que todas as crianças consigam ver as ilustrações, uma
vez que, além de serem fundamentais para a compreensão da história, criam
uma relação especial com a leitura e desenvolvem competências importantes
para o leitor, que passa a considerar essas duas linguagens para a construção
de sentidos.
O momento deve guardar tempo suficiente para a fruição da obra e para
a interação verbal entre os leitores — que pode acontecer antes, durante ou
após a leitura. É fundamental que as crianças sejam incentivadas a expressar
seus sentimentos, ideias e opiniões, e que nessa interlocução com o grupo se
sintam acolhidas e nutridas pela oportunidade de ouvir e refletir sobre inter-
pretações e pontos de vista de outros leitores.
É importante apresentar um livro lendo os elementos da capa: título,
autor, ilustrador, editora e outras informações que possa haver. Essa prática
promove a literacia emergente, à medida que estimula a familiarização com
materiais impressos.
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Como dissemos antes, Amoras nos apresenta um caminho que, de forma
delicada e ao mesmo tempo profunda, mostra a importância de reconhecer-
-se por meio de referências positivas, de sentir satisfação em ser como se é. O
livro faz menção a personalidades da cultura negra e oferece a possibilidade
de ampliar o repertório cultural das crianças.
A simplicidade do enredo sugere começar explorando a experiência dos
pequenos. Você pode propor perguntas como:
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Outras relações entre texto e imagem podem ser abordadas com as crian-
ças, como a página dupla que abre a história:
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• O autor escreveu: “Não há melhor palco para um pensamento que
dança do que o lado de dentro da cabeça das crianças”. Será que o
arco-íris pode ser o pensamento das crianças?
• Por que será que o ilustrador escolheu um arco-íris para representar
o que as crianças pensam?
Não deixe de contar às crianças sobre a relação entre esse livro e a canção
que Emicida escreveu para a filha. Se possível, apresente a versão animada
do livro (indicada na p. 8 deste material) e deixe que as crianças ouçam a
música algumas vezes, antes e depois de ouvir a história, em diferentes mo-
mentos do dia, quantas vezes sentirem vontade.
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Propostas para depois da leitura
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ridas da turma. O que há de melhor em cada uma delas? Anotar as
contribuições na lousa e depois registrar em suportes individuais a
frase criada com base nas frutas. Exemplos: “o azedinho é o melhor
que há”, “a casquinha é o melhor que há”. Depois, as crianças podem
ilustrar os suportes. Por fim, que tal construir um mural divertido com
essas criações?
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Para acompanhar o que as crianças estão aprendendo e ter maior clare-
za sobre esse processo, uma sugestão é o(a) educador(a) produzir registros
das experiências de leitura na escola. Esses escritos podem conter aspectos
e observações que chamaram sua atenção ao longo das rodas com as crian-
ças ou até transcrições dessas conversas; assim, você pode revisitar as ano-
tações posteriormente.
A pesquisadora argentina Cecilia Bajour fala sobre o valor do registro pa-
ra a atividade docente, em seu livro Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta
nas práticas de leitura:
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Outras propostas de leitura
com as crianças
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LEITURA EM CASA/ LITERACIA FAMILIAR
Levar o livro para casa e compartilhar a leitura com os familiares é uma pro-
posta importante para as crianças. Além de prolongar uma situação vivida
na escola, as práticas de literacia familiar podem reforçar vínculos entre
a criança e os familiares e possibilitar que ela apresente e comente um livro
que já conhece com as pessoas de seu convívio doméstico. Isso vale não só
para essa obra, mas para qualquer livro que as crianças queiram levar para
casa. No caso dessa obra, alguns temas que podem ser debatidos no contexto
familiar são: a origem da própria família, sua ancestralidade, quais são seus
antepassados, seus próprios ídolos e representantes, o quanto contribuíram
para a comunidade em que vivem... O objetivo aqui é revelar a ancestralida-
de, principalmente a negra, como potência e força civilizatória, e o papel que
tiveram na construção de nosso país, a despeito de três séculos de escravidão.
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Você pode sugerir às famílias que, além de conversar, registrem num pa-
pel algo que aprenderam com a criança. Na escola, esses registros podem
estimular uma roda de conversa. Práticas de literacia familiar como essa
promovem a interação e fortalecem o vínculo das famílias com a escola.
Sempre que as crianças levarem livros para casa, quando elas os trouxe-
rem de volta para a escola seria interessante fazer uma roda para que com-
partilhem com os colegas a experiência vivida em casa, comentando aspectos
da narrativa, dos personagens e da própria leitura com os familiares. Pensar
sobre o que leram e expressar sentimentos e opiniões sobre suas experiências
leitoras contribui muito para o desenvolvimento da oralidade. Por isso, você
pode ajudar as crianças a falar sobre a leitura em casa, fazendo perguntas:
quem leu com ela, do que gostaram mais, como foi ler o livro em casa... As
crianças podem contar coisas simples como essas ou simplesmente mostrar
uma página da qual gostem muito.
Nesse momento, é fundamental que a roda não seja impositiva — a ideia
não é falar sobre o livro como uma checagem de conhecimentos, por exem-
plo, ou ter que fazer o resumo da história —, mas que flua muito mais como
uma conversa entre leitores, que sugerem leituras entre si e comentam sobre
o que estão lendo.
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INDICANDO O LIVRO PARA OUTRAS TURMAS
Ajude o grupo a gradativamente construir elementos para fazer indicações
desse livro aos amigos, a familiares, a outras turmas da escola. Para isso, uma
sugestão é conversar com as crianças depois que levam o livro para casa e o
trazem de volta:
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Bibliografia comentada
bajour, Cecilia. Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta nas práticas de leitu-
ra. São Paulo: Pulo do Gato, 2013.
Professora de Letras na Universidade de Buenos Aires e professora ti-
tular de Literatura Infantil e Juvenil na Universidade Nacional de San
Martín, a autora aborda nesse livro a importância da conversa para a
formação do leitor e como essa troca entre leitores amplia as constru-
ções de sentido em uma leitura. Ela também traz exemplos da prática,
refletindo sobre o papel do adulto na mediação da conversa e a im-
portância do registro desse momento para que se possam identificar e
acompanhar as aprendizagens dos leitores.
colomer, Teresa. Andar entre livros: A leitura literária na escola. São Paulo:
Global, 2007.
Teresa Colomer, renomada pesquisadora espanhola, discute questões
fundamentais para todos que desejam se aprofundar na formação de
leitores na escola, tanto na teoria como na prática. Na primeira parte
do livro ela se dedica a três aspectos que interagem no processo da
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educação literária: a escola, os leitores e os livros; na segunda, expõe
a inter-relação desses elementos com propostas de leitura planejadas
pelos(as) educadores(as).
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Indicações de leituras complementares
baroukh, J.; carvalho, A. C. Ler antes de saber ler: Oito mitos escolares so-
bre a leitura literária. São Paulo: Panda Books, 2018.
As autoras refletem nesta obra sobre as condições para a formação
de leitores na escola, desde a Educação Infantil até os anos iniciais
do Ensino Fundamental, discutindo alguns mitos em torno da leitura
literária na escola. Com exemplos da prática escolar e de situações
de formação de educadores, as autoras propõem um debate sobre a
escolha de livros de qualidade, as diferenças entre ler e contar his-
tórias, a importância da conversa para a formação de leitores, entre
outros aspectos.
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diferentes concepções de infância e criança fizeram e fazem parte do
campo da Educação Infantil, analisa as condições para a construção
de ambientes de convivência e de aprendizagem e enfoca questões
relacionadas aos cuidados de si e do outro, além de trazer reflexões
sobre boas práticas pedagógicas com as crianças de 0 a 5 anos, consi-
derando-as seres capazes, inteligentes e produtores de cultura.
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