Polos Olimpicos de Treinamento Curso de

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Polos Olímpicos de Treinamento

Curso de Teoria dos Números - Nível 2 Aula 3


Prof. Samuel Feitosa

O Algoritmo de Euclides

Exemplo 1. Seja S um conjunto infinito de inteiros não negativos com a seguinte propri-
edade: dados dois quaisquer de seus elementos, o valor absoluto da diferença entre eles
também pertence a S. Se d é o menor elemento positivo de S, prove que S consiste de
todos os múltiplos de d.

Considere um elemento m qualquer de S. Pelo algoritmo da divisão, m = qd + r com


0 ≤ r < d. Como todos os números m − d, m − 2d, m − 3d, . . . , m − qd = r pertencem
a S e d é o menor elemento positivo de tal conjunto, devemos ter obrigatoriamente que
r = 0. Sendo assim, podemos concluir que todos os elementos de S são múltiplos de d.
Resta mostrarmos que todos os múltiplos de d estão em S. Seja kd um múltiplo positivo
qualquer de d. Como S é infinito, existe um inteiro m ∈ S tal que m = qd > kd. Assim
todos os números m − d, m − 2d, . . . , m − (q − k)d = kd estão em S.

Definição 2. Um inteiro a é um divisor comum de b e c se a | b e a | c. Se b e c não são


ambos nulos, denotaremos por mdc(b, c) o máximo divisor comum de b e c.

Como um inteiro não nulo possui apenas um número finito de divisores, se b e c são ambos
não nulos, o número mdc(b, c) sempre existe, isto é, sempre está bem definido.

Lema 3. (Euclides) Se x ̸= 0, mdc(x, y) = mdc(x, x + y)

Demonstração. Seja d um divisor comum de x e y. Então d | x + y e consequentemente d


também á um divisor comum de x e x + y. Reciprocamente, se f é um divisor comum de
x + y e x, f também divide (x + y) − y = x e assim f é um divisor comum de x e y. Como
os conjuntos de divisores comuns dos dois pares de números mencionados são os mesmos,
o maior divisor comum também é o mesmo.

Então podemos calcular:

mdc(123, 164) = mdc(123, 41) = mdc(41, 123) = mdc(41, 82) = mdc(41, 41) = 41.
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Exemplo 4. Três máquinas I, R, S imprimem pares de inteiros positivos em tickets. Para


a entrada (x, y), as máquinas I, R, S imprimem respectivamente (x − y, y), (x + y, y), (y, x).
Iniciando com o par (1, 2) podemos alcançar

a) (819, 357)?

b) (19, 79)?

Para o item a), calculemos inicialmente mdc(819, 357):

mdc(819, 357) = mdc(462, 357) = mdc(105, 357) = mdc(105, 252) = . . . = mdc(21, 21) = 21.

Pelo Lema de Euclides, o mdc entre os dois números em um ticket nunca muda. Como
mdc(1, 2) = 1 ̸= 21 = mdc(819, 357), não podemos alcançar o par do item a).

Para o item b), indiquemos com → uma operação de alguma das máquinas. Veja que:
R S R R R S R R R
(2, 1) → (3, 1) → (1, 3) → (4, 3) → . . . → (19, 3) → (3, 19) → (22, 19) → (41, 19) →
R
(60, 19) → (79, 19).

Observação 5. Procurar invariantes sempre é uma boa estratégia para comparar confi-
gurações diferentes envolvidas no problema. Confira o problema proposto 31.

Definição 6. Dizemos que dois inteiros p e q são primos entre si ou relativamente primos
se mdc(p, q) = 1. Dizemos ainda que a fração pq é irredutı́vel se p e q são relativamente
primos.
21n + 4
Exemplo 7. (IMO 1959) Prove que é irredutı́vel para todo número natural n.
14n + 3
Pelo lema de Euclides, mdc(21n+4, 14n+3) = mdc(7n+4, 14n+3) = mdc(7n+1, 7n+2) =
mdc(7n + 1, 1) = 1.

O seguinte lema será provado na próxima aula.

Lema 8. (Propriedades do MDC) Seja mdc(a, b) = d, então:

i) Se k =
̸ 0, mdc(ka, kb) = kd.
! "
a b
ii) mdc , = 1.
d d
iii) Se mdc(a, c) = 1, então mdc(a, bc) = d.

Exemplo 9. (Olimpı́ada Inglesa) Se x e y são inteiros tais que 2xy divide x2 + y 2 − x, prove
que x é um quadrado perfeito

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Se d = mdc(x, y), então x = da e y = db, com mdc(a, b) = 1. Do enunciado, temos:

2abd2 | d2 a2 + d2 b2 − da ⇒
d2 | d2 a2 + d2 b2 − da ⇒
d2 | −da ⇒
d | a.

Logo, a = dc, para algum c. Como x | y 2 , obtemos d2 c | d2 b2 , ou seja, c|b2 e mdc(c, b2 ) = c.


Usando que mdc(a, b) = 1 e que todo divisor comum de b e c também é um divisor comum
de a e b, podemos concluir que mdc(c, b) = 1. Usando o item iii) do lema anterior,
mdc(c, b2 ) = 1. Assim, c = 1 e x = d2 c = d2 .

Exemplo 10. No planeta X, existem apenas dois tipos de notas de dinheiro: $5 e $78. É
possı́vel pagarmos exatamente $7 por alguma mercadoria? E se as notas fossem de $ 3 e $
78?

Veja que 2 × 78 − 31 × 5 = 1 e consequentemente 14 × 78 − 217 × 5 = 7. Basta darmos


14 notas de de $ 78 para recebermos 217 notas de $ 5 como troco na compra de nossa
mercadoria. Usando as notas de $3 e $78 não é possı́vel pois o dinheiro pago e recebido
como troco por algo sempre é múltiplo de 3 e 7 não é múltiplo de 3.

Queremos estudar a versão mais geral desse exemplo. Quais são os valores que podemos
pagar usando notas de $a e $b? Em particular, estaremos interessados em conhecer qual o
menor valor que pode ser pago. Para responder essa pergunta, precisaremos do algoritmo
de Euclides:

Teorema 11. (O Algoritmo de Euclides) Para os inteiros b e c > 0, aplique sucessivamente


o algoritmo da divisão para obter a série de equações:

b = cq1 + r1 , 0 < r1 < c,


c = r 1 q 2 + r 2 , 0 < r2 < r1 ,
r 1 = r 2 q 3 + r 3 , 0 < r3 < r2 ,
..
.
rj−2 = rj−1 qj + rj , 0 < rj < rj−1 ,
rj−1 = rj qj+1

A sequência de restos não pode diminuir indefinidamente pois 0 ≤ ri < ri−1 e existe apenas
um número finito de naturais menores que c. Assim, para algum j, obteremos rj+1 = 0.
O maior divisor comum de b e c será rj , ou seja, o último resto não nulo da sequência de
divisões acima.

Demonstração. Pelo Lema de Euclides,

mdc(x + qy, y) = mdc(x + (q − 1)y, y) = mdc(x + (q − 2)y, y) = . . . = mdc(x, y).

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Então,
mdc(b, c) = mdc(c, r1 ) = mdc(r1 , r2 ) = . . . = mdc(rj−1 , rj ) = rj .

Exemplo 12. Calcule mdc(42823, 6409).


Pelo Algoritmo de Euclides,

42823 = 6 × 6409 + 4369


6409 = 1 × 4369 + 2040
4369 = 2 × 2040 + 289
2040 = 7 × 289 + 17
289 = 17 × 17.

Portanto, mdc(42823, 6409) = 17.

Podemos extrair mais informações do Algoritmo de Euclides. Para isso, iremos organizar
as equações do exemplo acima de outra forma.

Essencialmente, a equação mdc(x+qy, y) = mdc(x, y) nos diz que podemos subtrair q vezes
um número de outro sem alterar o máximo divisor comum do par em questão. Realizando
esse procedimento sucessivas vezes, subtraindo o número menor do maior, podemos obter
pares com números cada vez menores até que chegarmos em um par do tipo (d, d). Como o
máximo divisor comum foi preservado ao longo dessas operações, d será o máximo divisor
comum procurado. Iremos repetir o exemplo anterior registrando em cada operação quantas
vezes um número é subtraido do outro. Isso será feito através de dois pares de números
auxiliares:

(42823, 6409) | (1, 0)(0, 1)


(4369, 6409) | (1, −6)(0, 1)
(4369, 2040) | (1, −6)(−1, 7)
(289, 2040) | (3, −20)(−1, 7)
(289, 17) | (3, −20)(−22, 147)
(17, 17) | (355, −2372)(−22, 147)

Da primeira linha para a segunda, como subtraı́mos 6 vezes o número 6409 de 42823,
subtraı́mos 6 vezes o par (0, 1) de (1, 0), obtendo: (1, 0) − 6(0, 1) = (1, −6). Se em uma
dada linha, temos:
(x, x + qy)) | (a, b)(c, d);
então, a próxima linha deverá ser:

(x, y) | (a, b)(c − aq, d − bq);

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POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 3 - Samuel Feitosa

porque representará a operação de subtrairmos q vezes o primeiro número do segundo. Veja


que o par (a, b) foi subtraido de (c, d) exatamente q vezes. Os números escritos nos últimos
dois pares representam os coeficientes dos números originais para cada número do primeiro
par. Por exemplo, analisando a linha:

(289, 2040) | (3, −20)(−1, 7);

obtemos que:

289 = 3 × 42823 − 20 × 6409,


2040 = −1 × 42823 + 7 × 6409.

Em cada linha, essa propriedade é mantida pois a mesma subtração que é realizada no
primeiro par também é realizada entre os dois últimos pares. Analisando o último par,
podemos escrever 17 como combinação de 42823 e 6409 de duas formas diferentes:

17 = −22 × 42823 + 147 × 6409,


17 = 355 × 42823 + −2372 × 6409,

Assim, se no planeta X tivéssemos apenas notas de $42823 e $6409, poderı́amos comprar


algo que custasse exatamente $17.

Como conclusão da discussão anterior e do algoritmo de Euclides, podemos concluir que:

Teorema 13. (Bachet-Bèzout) Se d = mdc(a, b), então existem inteiros x e y tais que
ax + by = d.

De fato, a discussão anterior também nos mostra um algoritmo para encontrarmos x e y.


Voltando à discussão sobre o planeta X, podemos concluir em virtude do teorema anterior
que qualquer valor múltiplo de d poderá ser pago usando apenas as notas de $a e $b.
Como todo valor pago, necessariamente é um múltiplo do máximo divisor comum de a e
b, descobrimos que o conjunto que procurávamos consiste precisamente do conjunto dos
múltiplos de d.

Observação 14. (Para professores) A prova mais comum apresentada para o teorema an-
terior baseia-se na análise do conjunto de todas as combinações lineares entre a e b e quase
sempre se preocupa apenas com mostrar a existência de x e y. Acreditamos que o algoritmo
para encontrar x e y facilite o entendimento do teorema para os alunos mais jovens. Entre-
tanto, frequentemente utilizemos apenas a parte da existência descrita no enunciado. Além
disso, preferimos discutir um exemplo numérico ao invés de formalizarmos uma prova e
sugerimos que o professor faça o mesmo com mais exemplos em aula.

Exemplo 15. (Olimı́ada Russa 1995) A sequência a1 , a2 , ... de naturais satisfaz mdc(ai , aj ) =
mdc(i, j) para todo i ̸= j Prove que ai = i para todo i.

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POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 3 - Samuel Feitosa

Para qualquer inteiro n, mdc(a2n , an ) = mdc(2n, n) = n, consequentemente n | an . Seja


d um divisor qualquer de an diferente de n, então d | mdc(ad , an ). De mdc(ad , an ) =
mdc(d, n), podemos concluir que d | n. Sendo assim, todos os divisores de an que são
diferentes de n são divisores de n. Como já sabemos que an = nk, para algum k, não
podemos ter k > 1 pois nk não divide n e assim concluı́mos que an = n.

Exemplo 16. Mostre que mdc(2120 − 1, 2100 − 1) = 220 − 1.

Pelo lema de Euclides,

mdc(2120 − 1, 2100 − 1) = mdc(2120 − 1 − 220 (2100 − 1), 2100 − 1),


= mdc(220 − 1, 2100 − 1),
= mdc(220 − 1, 2100 − 1 − 280 (220 − 1)),
= mdc(220 − 1, 280 − 1),
= mdc(220 − 1, 280 − 1 − 260 (220 − 1)),
= mdc(220 − 1, 260 − 1),
= mdc(220 − 1, 260 − 1 − 240 (220 − 1)),
= mdc(220 − 1, 240 − 1),
= mdc(220 − 1, 240 − 1 − 220 (220 − 1)),
= mdc(220 − 1, 220 − 1) = 220 − 1.

Exemplo 17. (Olimpı́ada Russa 1964) Sejam x, y inteiros para os quais a fração

x2 + y 2
a=
xy
é inteira. Ache todos os possı́veis valores de a.

A primeira estratégia é cancelar os fatores comuns com o objetivo de reduzir o problema


ao caso em que x e y são primos entre si. Seja d = mdc(x, y), com
#
x = d · x0
, mdc(x0 , y0 ) = 1,
y = d · y0

então
x2 + y 2 x 0 2 + y0 2
a= = ·
xy x 0 y0
Nessa condição, como x0 divide y02 e y0 divide x20 , cada um deles é igual a 1, donde

12 + 12
a= = 2.
1·1

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POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 3 - Samuel Feitosa

Definição 18. Os inteiros a1 , a2 , . . . , an , todos diferentes de zero, possuem múltiplo comum


b se ai |b para i = 1, 2, . . . , n(note que a1 a2 . . . an é um múltiplo comum). O menor múltiplo
comum positivo para tal conjunto de inteiros é chamado de mı́nimo múltiplo comum e será
denotado por mmc(a1 , a2 , . . . , an ).
Proposição 19. Se a e b são não nulos, então: mmc(a, b) · mdc(a, b) = |ab|.
(A prova desta proposição também será deixada para a próxima seção)
Exemplo 20. (Olimpı́ada Russa 1995) Sejam m e n interios positivos tais que:
mmc(m, n) + mdc(m, n) = m + n.
Prove que um deles é divisı́vel pelo o outro.
Se d = mdc(m, n), então podemos escrever m = da e n = db. Pela proposição anterior,
d2 ab
mmc(m, n) = = dab.
d
Temos:
mmc(m, n) + mdc(m, n) − m − n = 0 ⇒
dab + d − da − db = 0 ⇒
ab + 1 − a − b = 0 ⇒
(a − 1)(b − 1) = 0.
Portanto, ou a = 1 e m | n ou então b = 1 e n | m.
Exemplo 21. (Torneio das Cidades 1998) Prove que, para quaisquer inteiros positivos a e
b, a equação mmc(a, a + 5) = mmc(b, b + 5) implica que a = b.
Para o item a), como (a + 5) − a = 5, temos mdc(a, a + 5) é igual a 1 ou 5. O mesmo vale
para mdc(b, b + 5). Pela proposição anterior, temos:

a(a + 5)
mmc(a, a + 5) = ,
mdc(a, a + 5)
b(b + 5)
mmc(b, b + 5) = .
mdc(b, b + 5)

Suponha que mdc(a, a + 5) = 5 e mdc(b, b + 5) = 1, então a(a + 5) = 5b(b + 5). Consequen-


temente, a é múltiplo de 5 e a(a + 5) é múltiplo de 25. Isso implica que b(b + 5) também é
múltiplo de 5 e que mdc(b, b + 5) > 1. Uma contradição. Analogamente, não podemos ter
mdc(a, a + 5) = 1 e mdc(b, b + 5) = 5. Sendo assim, mdc(a, a + 5) = mdc(b, b + 5) e:
a(a + 5) − b(b + 5) = 0 ⇒
(a − b)(a + b + 5) = 0.
Como a + b + 5 > 0, concluı́mos que a = b.

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Exemplo 22. Uma máquina f executa operações sobre o conjunto de todos os pares de
inteiros positivos. Para cada par de inteiros positivos, ela fornece um inteiro dado pelas
regras:
f (x, x) = x, f (x, y) = f (y, x), (x + y)f (x, y) = yf (x, x + y).
Determine f (2012, 2012! + 1).

Claramente mmc(x, x) = x e mmc(x, y) = mmc(y, x). Usando a proposição anterior e o


lema de Euclides temos:
xy x(x + y)
(x + y)mmc(x, y) = (x + y) =y· = y · mmc(x, x + y)
mdc(x, y) mdc(x, x + y)

Temos então uma forte suspeita de que f = mmc. Seja S o conjunto de todos os pa-
res de inteiros positivos (x, y) tais que f (x, y) ̸= mmc(x, y), e seja (m, n) o par em S
com a soma m + n minima. Note que todo par da forma (n, n) não está em S pois
f (n, n) = n = mmc(n, n). Assim, devemos ter m ̸= n. Suponha sem perda de generalidade
que n > m. Portanto:

nf (m, n − m) = [m + (n − m)]f (m, n − m) ⇒


= (n − m)f (m, m + (n − m)) ⇒
n−m
f (m, n − m) = · f (m, n)
n

Como o par (m, m − n) não está em S, dado que a soma de seus elementos é menor que
m + n, temos:

f (m, n − m) = mmc(m, n − m) ⇒
n−m
· f (m, n) = (n − m)mmc(m, m + (n − m)) ⇒
n
f (m, n) = mmc(m, n)

Uma contradição. Desse modo, S deve ser um conjunto vazio e f (x, y) = mmc(x, y)
para todos os pares de inteiros positivos. Como 2012 | 2012!, mdc(2012, 2012! + 1) = 1 e
consequentemente mmc(2012, 2012! + 1) = 2012(2012! + 1).

Problemas Propostos

Problema 23. Calcule:

a) mdc(n, n2 + n + 1).

b) mdc(3 × 2012, 2 × 2012 + 1).

8
POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 3 - Samuel Feitosa

240 + 1 8
! "
c) mdc ,2 + 1 .
28 + 1
Problema 24. Encontre mdc(2n + 13, n + 7)
12n+1
Problema 25. Prove que a fração 30n+2 é irredutı́vel.
a+b
Problema 26. Sejam a, b, c, d inteiros não nulos tais que ad − bc = 1. Prove que c+d é uma
fração irredutı́vel.
Problema 27. Mostre que mdc(am − 1, an − 1) = amdc(m,n) − 1.
Problema 28. Mostre que se mdc(a, b) = 1, então:

mdc(a + b, a2 − ab + b2 ) = 1 ou 3

Problema 29. Dado que mdc(a, 4) = 2, mdc(b, 4) = 2, prove que:

mdc(a + b, 4) = 4.

Problema 30. Prove que, para todo natural n,

mdc(n! + 1, (n + 1)! + 1) = 1.

Problema 31. No exemplo 4, determine todos os pares que podem ser obtidos começando-se
com o par (1, 2).
Problema 32. Qual o máximo divisor comum do conjunto de números:

{16n + 10n − 1, n = 1, 2, 3 . . .}?


a
Problema 33. A sequência Fn de Farey é a sequência de todos as frações irredutı́veis
b
com 0 ≤ a ≤ b ≤ n arranjados em ordem crescente.
F1 = {0/1, 1/1}
F2 = {0/1, 1/2, 1/1}
F3 = {0/1, 1/3, 1/2, 2/3, 1/1}
F4 = {0/1, 1/4, 1/3, 1/2, 2/3, 3/4, 1/1}
F5 = {0/1, 1/5, 1/4, 1/3, 2/5, 1/2, 3/5, 2/3, 3/4, 4/5, 1/1}
F6 = {0/1, 1/6, 1/5, 1/4, 1/3, 2/5, 1/2, 3/5, 2/3, 3/4, 4/5, 5/6, 1/1}

Claramente, toda fração ab < 1 com mdc(a, b) = 1, está em algum Fn . Mostre que se m/n
e m′ /n′ são frações consecutivas em Fn temos |mn′ − nm′ | = 1.
Problema 34. (Resvista Quantum - Jornal Kvant) Todas as frações irredutı́veis cujos de-
nominadores não excedem 99 são escritas em ordem crescente da esquerda para a direita:
1 1 a 5 c
, ,..., , , ,...
99 98 b 8 d
a c 5
Quais são as frações e em cada lado de ?
b d 8

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1 1 1
Problema 35. (OBM) Para cada inteiro positivo n > 1, prove que 1 + 2 + 3 +...+ n não
é inteiro.
1 1
Problema 36. Determine todas as soluções em inteiros positivos para a + b = 1c .

Problema 37. Inteiros positivos a e b, relativamente primos, são escolhidos de modo que
a+b
seja também um inteiro positivo. Prove que pelo menos um dos números ab + 1 e
a−b
4ab + 1 é um quadrado perfeito.

Problema 38. (IMO 1979) Sejam p, q números naturais primos entre si tais que:
p 1 1 1 1
= 1 − + − ... − + .
q 2 3 1318 1319
Prove que p é divisı́vel por 1979.

Respostas, Dicas e Soluções

23. (a)

mdc(n, n2 + n + 1) = mdc(n, n2 + n + 1 − n(n + 1)),


= mdc(n, 1),
= 1.

(b)

mdc(3 × 2012, 2 × 2012 + 1) = mdc(3 × 2012 − (2 × 2012 + 1), 2 × 2012 + 1),


= mdc(2012 − 1, 2 × 2012 + 1),
= mdc(2012 − 1, 2 × 2012 + 1 − 2(2012 − 1)),
= mdc(2012 − 1, 3),
= mdc(2012 − 1 − 3 × 670, 3),
= mdc(2, 3) = 1.

Outra opção seria observar que o mdc procurado deve dividir o número 3(2 ×
2012 + 1) − 2(3 × 2012) = 3 e que 2 × 2012 + 1 não é múltiplo de 3.
(c)

240 + 1 8
! "
$ 32 24 16 8 8
%
mdc , 2 + 1 = mdc 2 + 2 + 2 + 2 + 1, 2 + 1 ,
28 + 1
= mdc (2 − 1) + (224 + 1) + (216 − 1) + (28 + 1) + 1, 28 + 1 ,
$ 32 %

= mdc(1, 28 + 1) = 1.

10
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24.

mdc(2n + 13, n + 7) = mdc(2n + 13 − 2(n + 7), n + 7),


= mdc(2n + 13 − 2(n + 7), n + 7),
= mdc(−1, n + 7) = 1

25.

mdc(12n + 1, 30n + 2) = mdc(12n + 1, 30n + 2 − 2(12n + 1)),


= mdc(12n + 1, 6n),
= mdc(12n + 1 − 2(6n), 6n),
= mdc(1, 6n) = 1

26. Seja f = mdc(a + b, c + d). Então f | d(a + b) − b(c + d) = 1 e consequentemente


f = 1.
27. Veja que

mdc(am − 1, an − 1) = mdc(am−n − 1 + (an − 1)am−n , an − 1)


= mdc(am−n − 1, an − 1)

O resultado segue aplicando o Algoritmo de Euclides aos expoentes.


28. Seja f = mdc(a + b, a2 − ab + b2 ). Então f | (a + b)2 − (a2 − ab + b2 ) = 3ab. Se
mdc(f, a) > 0, devemos ter mdc(f, b) > 0 pois f | a + b. O mesmo argumento vale
para mdc(f, b) > 0. Assim, mdc(f, a) = mdc(f, b) = 1. Portanto, f | 3.
30. Pelo lema de Euclides,

mdc(n! + 1, (n + 1)! + 1) = mdc(n! + 1, (n + 1)! + 1 − (n + 1)(n! + 1))


= mdc(n! + 1, −n)
= mdc(n! + 1 − n[(n − 1)!], −n) = 1

34. Sejam l = mmc{1, 2, . . . , n} e ai = l/i. A soma considerada é


a1 + a2 + . . . + an
.
l
Queremos analisar o expoente do fator 2 no numerador e no denominador. Seja k tal
que 2k ≤ n < 2k+1 . Então 2k ||l e ai é par para todo i ̸= 2k . Como a2k é ı́mpar, segue
que o numerador é ı́mpar enquanto que o denominador é par. Consequentemente a
fração anterior não representa um inteiro.

11
36. Sejam d = mdc(a, b), a = dx, b = dy. Consequentemente mdc(x, y) = 1 e podemos
escrever a equação como:

1 1 1
+ = ⇒
a b c
bc + ac = ab
dyc + dxc = d2 xy
c(x + y) = dxy

Como mdc(xy, x + y) = 1 pois mdc(x, y) = 1, devemos ter xy | c e consequentemente


c = xyk. Assim, d = k(x + y). O conjunto solução é formado pelas triplas (a, b, c)
onde (a, b, c) = (kx(x + y), ky(x + y), xyk) com mdc(x, y) = 1 e x, y e k inteiros
positivos.

38. Use a identidade de Catalão:

1 1 1 1 1 1 1
1− + − + ... − = + + ... +
2 3 4 2n n+1 n+2 2n
1 1
Em seguida, agrupe os termos da forma + e analise o numerador da
n + i 2n − i + 1
fração obtida.

Referências
[1] S. B. Feitosa, B. Holanda, Y. Lima and C. T. Magalhães, Treinamento Cone Sul 2008.
Fortaleza, Ed. Realce, 2010.

[2] D. Fomin, A. Kirichenko, Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991, MathPro


Press, Westford, MA, 1994.

[3] D. Fomin, S. Genkin and I. Itenberg, Mathematical Circles, Mathematical Words, Vol.
7, American Mathematical Society, Boston, MA, 1966.

[4] I. Niven, H. S. Zuckerman, and H. L. Montgomery, An Introduction to the Theory of


Numbers.
Teoria dos Números 03 - Algoritmo de Euclides

Problema 1. Calcule mdc(3k + 2, 5k + 3) onde k é um inteiro qualquer.

Solução. Se d = mdc(3k + 2, 5k + 3), então d divide 3k + 2 e divide 5k + 3. Logo d divide


5 · (3k + 2) − 3 · (5k + 3) = 1. Como d deve ser positivo, temos d = 1.

7n + 2a
Problema 2. Encontre todos os valores de a tais que as frações da forma
n+5
sejam todas irredutı́veis.
Solução. Devemos ter, para todo n inteiro,

1 = mdc(7n + 2a, n + 5)
= mdc(7n + 2a − 7(n + 5), n + 5)
= mdc(2a − 35, n + 5).

Suponha que 2a − 35 é diferente de 1 e de −1. Então tomando n = |2a − 35| − 5 teremos mdc
igual a |2a − 35| , isto é, diferente de 1.
Logo, para que mdc(7n + 2a, n + 5) = 1 devemos ter 2a − 35 = ±1. Dessa forma, a = 18 ou
a = 17.

Problema 3. Calcule mdc(3600 , 7)

Solução. Vamos primeiramente descobrir o resto de 3600 na divisão por 7. Veja que 33 = 27
deixa resto 6 por 7. Logo, 36 deixa mesmo resto que 62 = 36, isto é, deixa resto 1 por 7.
Dessa forma, 3600 = (36 )100 deixa mesmo resto que 1100 = 1 na divisão por 7. Concluı́mos que
mdc(3600 , 7) = mdc(1, 7) = 1.

Problema 4. Na sequência de Fibonacci 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, . . ., cada número depois do segundo


é soma dos dois anteriores. Denotando por fn o n-ésimo termo da sequência temos portanto
que
fn = fn 1 + fn 2
e que f1 = f2 = 1. Mostre que o máximo divisor comum de dois termos consecutivos da
sequência de Fibonacci é sempre 1.

Solução. Temos o seguinte:

mdc(fn , fn 1) = mdc(fn 1 + fn 2 , fn 1 )
= mdc(fn 1 + fn 2 − fn 1 , fn 1 )
= mdc(fn 2 , fn 1 )
Proseguindo desta maneira, encontramos que o mdc inicial é igual a mdc(fn 2 , fn 3 ),
mdc(fn 3 , fn 4 ), . . .. De forma que mdc(fn , fn 1 ) é constante para todo n natural. Con-
sequentemente, este valor é sempre igual a mdc(f1 , f2 ) = mdc(1, 1) = 1.

Problema 5. Para quais inteiros positivos k ocorre mdc(n! + k, 3n) = 3 para todo n > 3?

(n − 1)!
Solução. Se n > 3 então q = é inteiro. Sendo assim temos que mdc(n! + k, 3n) =
3
mdc(n! + k − 3nq, 3n) = mdc(k, 3n) = 3. Devemos ter, então, k = 3t, t ∈ Z. Logo, deve
ocorrer mdc(t, n) = 1 para todo n. Como k é natural, t = 1 e k = 3. k só pode assumir um
valor natural.

Problema 6. Qual o maior valor possı́vel para mdc(n, 2015 + n)?

Solução. Note que mdc(n, 2015 + n) = mdc(n, 2015 + n − n) = mdc(2015, n). Tomando
n = 2015 temos o mdc máximo e igual a 2015.

Problema 7. Qual é o maior valor possı́vel para mdc(n + 1, n3 + 5)?

Solução. Da fatoração n3 + 1 = (n + 1)(n2 − n + 1) temos que n3 + 5 = (n + 1)k + 4.


Portanto mdc(n + 1, n3 + 5) = mdc(n + 1, (n + 1)k + 4) = mdc(n + 1, 4) que tem máximo 4.

Problema 8. Quantos inteiros n, com 1 ≤ n ≤ 100, podem ser escritos na forma n =


462x + 966y?

Solução. Pelo algoritmo de Euclides encontramos mdc(966, 462) = 42. Pelo teorema de
Bezout, existem x0 e y 0 tais que 42 = 462x0 + 966y 0 . Portanto, se 42 divide n, digamos
n = 42k, então existem x = k · x0 e y = k · y 0 tais que n = 42k = 462x + 966y. Além disso,
se n pode ser escrito dessa forma então, claramente, é múltiplo de 42. Concluı́mos que n pode
ser escrito na forma 462x + 966y se, e só se, for múltiplo de 42. Existem 2 múltiplode 42 entre
1 e 100. Sendo assim, a resposta é 2.

Problema 9. Qual é o maior valor possı́vel para mdc(122 + n2 , 122 + (n + 1)2 )?

Solução. Temos que

mdc(122 + n2 , 122 + (n + 1)2 ) = mdc(122 + n2 , 2n + 1).

2
Como 2n + 1 é ı́mpar, multiplicar 122 + n2 por 2 não altera o mdc. Logo,

mdc(122 + n2 , 122 + (n + 1)2 ) = mdc(244 + 2n2 , 2n + 1)


= mdc(244 + 2n2 − n(2n + 1), 2n + 1)
= mdc(244 − n, 2n + 1).

Novamente, como 2n + 1 é ı́mpar, multiplicar 244 − n por 2 não afetará o mdc. Dai,

mdc(122 + n2 , 122 + (n + 1)2 ) = mdc(488 − 2n, 2n + 1)


= mdc(488 − 2n + (2n + 1), 2n + 1)
= mdc(489, 2n + 1).

Portanto, o maior valor para o mdc será 489, quando 2n + 1 for múltiplo de 489.

Problema 10. Qual é o menor valor positivo de N , tal que existem inteiros x e y satisfazendo

2013x + 3102y = N

.
Solução. Usando o algoritmo de Euclides:

mdc(3102, 2013) = mdc(1089, 2013)


= mdc(1089, 924)
= mdc(924, 165)
= mdc(165, 99)
= mdc(99, 66)
= mdc(66, 33) = 33.

Claramente 33 = mdc(3102, 2013) divide N . Pelo teorema de Bezout existem inteiros x e y


tais que 2013x + 3102y = 33. Nessas condições, o menor valor de N é 33.
Polos Olímpicos de Treinamento
Curso de Teoria dos Números - Nível 2 Aula 4
Prof. Samuel Feitosa

Números Primos, MDC e MMC.

Definição 1. Um inteiro p > 1 é chamado número primo se não possui um divisor d


satisfazendo 1 < d < p. Se um inteiro a > 1 não é primo, ele é chamado de número
composto. Um inteiro m é chamado de composto se |m| não é primo.

O próximo teorema nos diz que os primos são as ”peças”fundamentais dos números inteiros:

Teorema 2. Todo inteiro n, maior que 1, pode ser expresso como o produto de número
primo.

Demonstração. Se o inteiro n é um primo, então ele mesmo é o produto de um único fa-


tor primo. Se o inteiro n não é primo, existe uma decomposição do tipo: n = n1 n2 com
1 < n1 < n e 1 < n2 < n. Repetindo o argumento para n1 e n2 , podemos escrever n como
o produto de primos ou podemos obter parcelas menores escrevendo n como um produto
de naturais. Como não existe uma sucessão infinita de naturais cada vez menores, após um
número finito de operações desse tipo, poderemos escrever n como um produto de números
primos.

Quantos números primos existem?

Teorema 3. (Euclides) Existem infinitos números primos.

Demonstração. Suponha, por absurdo, que exita apenas uma quantidade finita de primos:
p1 , p2 , . . . , pn . Considere o número X = p1 p1 . . . pn + 1. Pelo teorema anterior, esse número
deve ser o produto de alguns elementos do conjunto de todos os números primos. Entre-
tanto, nenhum dos primos pi divide X.
Exemplo 4. Existe um bloco de 1000 inteiros consecutivos não contendo nenhum primo?
Sim. Um exemplo é o conjunto 1001! + 2, 1001! + 3, . . . , 1001! + 1001. Veja i | 1001! + i para
todo i = 2, 3, . . . , 1001.
POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 4 - Samuel Feitosa

Exemplo 5. (Torneio das Cidades) Existe um bloco de 1000 inteiros consecutivos contendo
apenas um primo?
Para cada bloco de 1000 números consecutivos, contemos sua quantidade de números pri-
mos. Por exemplo, no bloco 1, 2, 3, . . . , 1000, temos 168 números primos (mas só usaremos
o fato de que existem mais de dois primos nesse bloco). Comparando os blocos consecuti-
vos k + 1, k + 2, . . . , k + 1000 e k + 2, k + 3, . . . , k + 1001, ou o número de números primos
aumenta em uma unidade, ou fica constante ou diminui em uma unidade. Analisando to-
dos os blocos consecutivos desde 1, 2, . . . , 1000 até 1001! + 2, 1001! + 3, . . . , 1001! + 1001,
o número de números primos deve ser igual à 1 em algum deles. Para ver isso, usare-
mos um argumento de continuidade discreta: Começando com o número 168 e realizando
alterações de no máximo uma unidade na quantidade de primos em cada bloco, para che-
garmos no número 0, necessariamente deveremos passar pelo número 1 em algum momento.

Relembremos um importante resultado da aula passada:


Teorema 6. (Bachet- Bèzout) Se d = mdc(a, b), então existem inteiros x e y tais que
ax + by = d.
Proposição 7. Sejam a, b e c inteiros positivos com a | bc e mdc(a, b) = 1. Então, a | c.

Demonstração. Pelo teorema anterior, existem x e y inteiros tais que ax + by = 1. Assim,


acx + bcy = c. Como a | acx e a | bcy, podemos concluir que a | c.

Em particular, se p é um número primo e p | ab, então p | a ou p | b. Podemos usar esse


fato para garantir a unicidade em nosso primeiro teorema, obtendo o importante:
Teorema 8. (Teorema Fundamental da Aritmética) A fatoração de qualquer inteiro n > 1,
em fatores primos, é única a menos da ordem dos fatores.
Exemplo 9. (Rússia 1995) É possı́vel colocarmos 1995 números naturais ao redor de um
cı́rculo de modo que para quaisquer dois números vizinhos a razão entre o maior e o menor
seja um número primo?
Não, é impossı́vel. Suponha, por absurdo, que isso seja possı́vel e denotemos por
a
a0 , a1 , . . . , a1995 = a0 tais inteiros. Então, para k = 1, . . . , 1995, k−1
ak é primo ou o in-
verso de um primo. Suponha que a primeira situação ocorra m vezes e a segunda ocorra
1995 − m vezes entre esses quocientes. Como o produto de todos os números da forma
ak−1
ak , para k = 1, . . . , 1995 é igual à 1, podemos concluir que o produto de m primos deve
ser igual ao produto de 1995 − m primos. Em virtude da fatoração única, m = 1995 − m.
Um absurdo pois 1995 é ı́mpar.
Proposição 10. Se as fatorações em primos de n e m são:

n = pα1 1 pα2 2 . . . pαk k ,


m = pβ1 1 pβ2 2 . . . pβk k .

2
POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 4 - Samuel Feitosa

Então, mdc(m, n) = pγ11 pγ22 . . . pγkk e mmc(m, n) = pθ11 pθ22 . . . pθkk , onde γi é o menor dentre
{αi , βi } e θi é o maior dentre {αi , βi }.
Proposição 11. Se a e b são inteiros positivos, mostre que mmc(a, b)mdc(a, b) = ab.

Demonstração. Basta usar a proposição anterior e observar que:

max{x, y} + min{x, y} = x + y.

Exemplo 12. (Torneio das Cidades 1998) É possı́vel que mmc(a, b) = mmc(a + c, b + c)
para alguma conjunto {a, b, c} de inteiros positivos?
Não. Suponha que a + c e b + c possuem algum divisor primo p. Como p | mmc(a + c, b + c),
caso existam tais inteiros, devemos ter que p | mmc(a, b). Assim, usando que pelo menos
um dentre a e b é divisı́vel por p podemos concluir que c também é divisı́vel por p. Então,
podemos cancelar o fator p:
! " ! "
a b mmc(a, b) mmc(a + c, b + c) a+c b+c
mmc , = = = mmc , .
p p p p p p

Efetuando alguns cancelamentos, podemos supor então que a+c e b+c não possuem fatores
primos em comum. Obtivemos um absurdo pois:

mmc(a + c, b + c) = (a + c)(b + c) > ab ≥ mmc(a, b).

Exemplo 13. (OCM 2005) Determinar os inteiros n > 2 que são divisı́veis por todos os
primos menores que n.
Como mdc(n, n − 1) = 1, se n − 1 possui algum fator primo, ele não dividirá n. Assim,
n − 1 < 2. Consequentemente não existe tal inteiro.
Exemplo 14. Mostre que n4 + n2 + 1 é composto para n >1.
Veja que n4 + n2 + 1 = n4 + 2n2 + 1 − n2 = (n2 + 1)2 − n2 = (n2 + n + 1)(n2 − n + 1).
Para n > 1, n2 − n + 1 = n(n − 1) + 1 > 1 e assim n4 + n2 + 1 é o produto de dois inteiros
maiores que 1.
Exemplo 15. Mostre que n4 + 4n é composto para todo n > 1.
Se n é par, certamente o número em questão é divisı́vel por 4. Para o caso em que n é
impar, iremos usar a fatoração:

a4 + 4b4 = a4 + 4a2 b2 + 4b4 − 4a2 b2 = (a2 + 2b2 ) − 4b2 b2 = (a2 − 2ab + 2b2 )(a2 + 2ab + 2b2 ).

Para n da forma 4k + 1, faça a = n e b = 4k . Para n da forma 4k + 3, faça a = n e


b = 22k+1 .
Exemplo 16. Se 2n + 1 é um primo ı́mpar para algum inteiro positivo n, prove que n é uma
potência de 2.

3
POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 4 - Samuel Feitosa

Já vimos que an − 1 = (a − 1)(an−1 + an−2 + . . . + 1). Se n é impar,

(−a)n − 1 = (−a − 1)((−a)n−1 + (−a)n−2 + . . . + 1) ⇒


an + 1 = (a + 1)(an−1 − an−2 + . . . − a + 1)

Sendo assim, se n possuı́sse algum divisor primo ı́mpar p com n = pb, poderı́amos escrever:
2n + 1 = (a + 1)(an−1 − an−2 + . . . − a + 1), onde a = 2b . Como an−1 − an−2 + . . . − a + 1 > 1,
o número 2n + 1 não seria primo.
Exemplo 17. Dados que p, p + 10 e p + 14 são números primos, encontre p.
Vamos analisar os possı́veis restos na divisão por 3 de p. Se p deixa resto 1, então p + 14
é um múltiplo de 3 maior que 3 e consequentemente não poderá ser um número primo. Se
o resto é 2, então p + 10 é um múltiplo de 3 maior que 3 e também não poderá ser um
número primo. Assim, o resto de p por 3 é 0 e consequentemente p = 3.
n
Exemplo 18. (Áustria-Polônia) Dados naturais n e a > 3 ı́mpar, mostre que a2 − 1 tem
pelo menos n + 1 divisores primos distintos.
Usando a fatoração da diferença de quadrados, temos que:
k k−1 k−2
a2 − 1 = (a2 + 1)(a2 + 1) . . . (a + 1)(a − 1).
m k
Assim, a2 + 1 | a2 − 1 se k > m. Como a é impar, podemos concluir que:
k m k m m
mdc(a2 + 1, a2 + 1) = mdc(a2 − 1 + 2, a2 + 1) = mdc(2, a2 + 1) = 2.

Sendo assim, na fatoração:


n n−1 n−2
a2 − 1 (a2 + 1) (a2 + 1) (a + 1) (a − 1)
n
= ... ,
2 2 2 2 2
temos o produto de pelo menos n inteiros primos entre si e consequentemente seus fatores
2i
primos são distintos. Para cada termo (a 2+1) , temos um fator primo pi+1 diferente de 2.
n
Daı́, a2 − 1 possui pelo menos n + 1 fatores primos distintos, a saber, {2, p1 , p2 , . . . , pn }.
Exemplo 19. (Rioplatense 1999) Sejam p1 , p2 , . . . , pk primos distintos. Considere todos os
inteiros positivos que utilizam apenas esses primos (não necessariamente todos) em sua
fatoração em números primos, formando assim uma seqüência infinita

a1 < a2 < · · · < an < · · · .

Demonstre que, para cada natural c, existe um natural n tal que

an+1 − an > c.

4
POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 4 - Samuel Feitosa

Suponha, por absurdo, que exista c > 0 tal que an+1 − an ≤ c, ∀ n ∈ N. Isso significa que
as diferenças entre os termos consecutivos de (an )n≥1 pertencem ao conjunto {1, 2, . . . , c},
logo são finitas. Sejam d1 , d2 , . . . , dr essas diferenças. Seja αi o maior expoente de pi que
aparece na fatoração de todos os dj .

Considere então o número M = pα1 1 +1 pα2 2 +1 · · · pαk k +1 . É claro que M pertence à seqüência,
ou seja, M = an , para algum n. Vejamos quem será an+1 . Por hipótese, existe i tal que
an+1 − an = di . Como an+1 > an , existe um primo pj que divide an+1 com expoente maior
ou igual a αj + 1. Caso contrário,

an < an+1 < pα1 1 +1 pα2 2 +1 · · · pαk k +1 = an ,


α +1 α +1
absurdo. Daı́, pj j |an ⇒ pj j |di , novamente um absurdo, pela maximalidade de αj .

Logo, o conjunto de todas as diferenças não pode ser finito e, portanto, dado qualquer
c > 0, existe um natural n tal que an+1 − an > c.

Problemas Propostos

Problema 20. Dado que p, 2p + 1 e 4p2 + 1 são números primos, encontre p.


Problema 21. Dado o par de primos p e 8p2 + 1, encontre p.
Problema 22. Dado o par de primos p e p2 + 2, prove que p3 + 2 também é um número
primo.
Problema 23. Dado que p, 4p2 + 1 e 6p2 + 1 são números primos, encontre p.
n
Problema 24. Os números de Fermat são os números da forma 22 + 1. Prove que o
conjunto dos divisores primos dos termos da seqüência de Fermat é infinito.
Problema 25. Mostre que todo inteiro n pode ser escrito de maneira única na forma n = ab,
onde a é um inteiro livre de quadrado e b é um quadrado perfeito. Um inteiro é dito livre
de quadrado se não é divisı́vel por nenhum quadrado perfeito maior que 1.
Problema 26. Prove que todo primo maior que 3 é da forma 6k+1 ou 6k+5.
Problema 27. Prove que todo inteiro da forma 3k+2 tem um fator primo da mesma forma.
Problema 28. Prove que existem infinitos primos da forma 4k+3 e 6k +5.

Problema 29. Prove que se n é composto, então possui um fator primo p ≤ n.
Problema 30. (OBM 1998) São dados 15 números naturais maiores que 1 e menores que
1998 tais que dois quaisquer são primos entre si. Mostre que pelo menos um desses 15
números é primo.
Problema 31. Mostre que n|(n-1)! para todo número composto n.

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POT 2012 - Teoria dos Números - Nı́vel 2 - Aula 4 - Samuel Feitosa

Problema 32. Suponha que n >1. Mostre que a soma dos inteiros dos inteiros positivos
não excedendo n divide o produto dos inteiros positivos não excedendo n se, e somente se,
n é composto.
Exemplo 33. (Rússia 1995) Encontre todos os primos p para os quais p2 + 11 tenha exata-
mente seis divisores distintos, incluindo 1 e p2 + 11.
Problema 34. (Irlanda 2002 ) Encontre todas as soluções inteiras positivas de p(p + 3) +
q(q + 3) = n(n + 3), onde p, q são primos.
Exemplo 35. Prove que qualquer quadrado perfeito positivo tem mais divisores que deixam
resto 1 na divisão por 3 do que divisores que deixam resto 2 na divisão por 3.

Dicas e Soluções

19. Analisemos o resto de p na divisão por 3. Se p deixar resto 1, o número 2p + 1 será


divisı́vel por 3. Se p deixar resto 2, o número 4p + 1 será divisı́vel por 3. Em ambos
os casos, 2p + 1, 4p + 1 > 3 e obtemos assim um absurdo.

20. Analisemos o resto de p na divisão por 3. Se p deixa resto 1 ou 2, p2 deixa resto 1


e consequentemente 8p2 + 1 deixa resto 0 por 3 mas certamente é maior que 3. Um
absurdo, logo p = 3.

21. Analisemos o resto na divisão por 3. Se p não é múltiplo de 3, p2 + 2 é divisı́vel por


3 e maior que 3. Um absurdo, logo p = 3 e p3 + 2 = 29.

22. Analise os restos na divisão por 5.

23. Iremos usar a fatoração do exemplo 17:


n n−1 n−2
22 − 1 = (22 + 1)(22 + 1) . . . (2 + 1)(2 − 1).

Assim, se k > m,
k m k m m
mdc(22 + 1, 22 + 1) = mdc(22 − 1 + 2, 22 + 1) = mdc(2, 22 + 1) = 1,

produzindo que quaisquer dois números de Fermat distintos são primos entre si e isso
necessariamente implica que o conjunto de seus divisores primos é infinito.

24. Analise os restos na divisão por 2 e 3.

27. Tente imitar a prova de Euclides para a existência de infinitos primos.

29. Se n é composto, podemos escrever n = ab com 1 < a ≤ b ≤<. Assim, a2 ≤ n e



a ≤ n. Para terminar, basta considerar qualquer divisor primo de a.

30. Dado 1 < n < 1998, se ele não for primo, usando o exercı́cio anterior, ele tem que
ter um fator primo menor que 1998, ou seja, um fator primo menor que 45. Como só
existem 14 primos menores que 45, e são 15 números, um deles será primo.

6
31. Escreva n = ab e analise as aparições de a e b no produto (n − 1) · (n − 2) . . . 2 · 1.

33. Se p ̸= 3, 3 | p2 + 11. Analogamente, se p ̸= 2, 4 | p2 + 11. Assim, exceto nes-


ses dois casos, 12 | p2 + 11 e podemos encontrar mais que 6 divisores distintos:
{1, 2, 3, 4, 6, 12, p2 + 11}. Agora, teste p = 2 e p = 3 para verificar que p = 3 é a única
solução.

34. Seja
n = 3γ · pα1 1 · · · pαnn · q1β1 · · · qm
βm

a decomposição de n em fatores primos, onde cada pi deixa resto 1 por 3 e cada qj


deixa resto 2 por 3. Então

n2 = 32γ · p12α1 · · · pn2αn · q12β1 · · · qm


2βm
.

Um divisor de n2 deixa resto 1 por 3 se e somente se possuir uma quantidade par de


primos qj , contados com repetição. Mais especificamente, se e somente se a soma dos
expoentes de q1 , . . . , qm for par. Assim, a quantidade de divisores dessa forma é igual
a
# $
1
D1 = (2α1 + 1) · · · (2αn + 1) (2β1 + 1)(2β2 + 1) · · · (2βm + 1) + 1 .
2
Enquanto para se obter um divisor que deixe resto 2 por 3, precisamos de uma
quantidade ı́mpar de fatores primos da forma 3k+2. Assim, a quantidade de divisores
dessa forma é:
! "
1
D2 := (2α1 + 1)(2α2 + 1) · · · (2αn + 1) (2β1 + 1)(2β2 + 1) · · · (2βm + 1) .
2
Daı́, segue facilmente que D1 > D2 .

Referências
[1] E. Carneiro, O. Campos and F. Paiva, Olimpı́adas Cearenses de Matemática 1981-2005
(Nı́veis Júnior e Senior), Ed. Realce, 2005.

[2] S. B. Feitosa, B. Holanda, Y. Lima and C. T. Magalhães, Treinamento Cone Sul 2008.
Fortaleza, Ed. Realce, 2010.

[3] D. Fomin, A. Kirichenko, Leningrad Mathematical Olympiads 1987-1991, MathPro


Press, Westford, MA, 1994.

[4] D. Fomin, S. Genkin and I. Itenberg, Mathematical Circles, Mathematical Words, Vol.
7, American Mathematical Society, Boston, MA, 1966.

[5] I. Niven, H. S. Zuckerman, and H. L. Montgomery, An Introduction to the Theory of


Numbers.
Teoria dos Números 04 - MMC, MDC e os Números Primos

Problema 1. Um primo p pode ser expresso como a diferença de quadrados de dois inteiros
positivos. Encontre o resto da divisão de p2 + 138 por 4.

Solução. Temos p = a2 b2 = (a b)(a + b). Como p é primo devemos ter a b = 1. Dai,


p = a + b = 2b + 1. Portanto, p2 + 138 = 4b2 + 4b + 1 + 138 = 4(b2 + b + 34) + 3 deixa resto
3 na divisão por 4.

Problema 2. Encontre todos os primos p tais que p = 3m 3n , onde m, n são inteiros não
negativos.

Solução. Devemos ter n < m. Sendo assim, p = 3m 3n = 3n (3m−n 1). Como p é primo
e 3m−n 1 6= 1, devemos ter 3m−n 1 = p e 3n = 1. Concluı́mos que n = 0 e p = 3m 1 é
par. Dessa forma, p é igual ao único primo par, 2.

Problema 3. Encontre todos os inteiros positivos n para os quais 3n 4, 4n 5 e 5n 3 são


todos primos.

Solução. A soma dos três números é um número par, então plo menos um deles é par. O
único número primo par é 2. Só 3n 4 e 5n 3 podem ser pares. Resolvendo as equações
3n 4 = 2 e 5n 3 = 2 encontramos n = 2 e n = 1, respectivamente. É trivial conferir que
n = 2 torna todos os três números primos.

Problema 4. Se p e q são primos e x2 px + q = 0 tem duas raizes inteiras positivas distintas,


encontre p e q.

Solução. Sejam x1 e x2 , com x1 < x2 , as duas raizes. Então x2 px + q = (x x1 )(x x2 ),


implicando que p = x1 + x2 e q = x1 x2 . Já que q é primo, x1 = 1. Daı́, q = x2 e p = x2 + 1
são dois primos consecutivos; são eles, q = 2 e p = 3.

Problema 5. Prove que se p e p2 + 8 são primos, então p3 + 8p + 2 é primo.

Solução. Se p não é múltiplo de 3 então p2 deixa resto 1 na divisão por 3, de forma que p2 + 8
é múltiplo de 3 e não é primo. Logo, p deve ser múltiplo de 3. Como é primo, p = 3. Daı́,
p3 + 8p + 2 = 53 que é primo.

Problema 6. Encontre todos os possı́veis valores de n 1 para os quais existem n inteiros


positivos consecutivos tais que sua soma é um número primo.
Solução. Claramente, nós temos n = 1 tomando qualquer número primo. Nós também temos
n = 2 já que todo número ı́mpar pode ser escrito como soma de dois números consecutivos.
Suponha p = a + (a + 1) + . . . + (a + k) para algum primo p e inteiros positivos a e k 2.
Então 2p = (k + 1)(2a + k). Tanto k + 1 quanto 2a + k são maiores que 2. De forma que
(k + 1)(2a + k)
é composto. Isso é uma contradição já que p é um número primo. Sendo
2
assim, n = 1 ou 2.

Problema 7. Seja p um primo ı́mpar. Encontre os pares de inteiros positivos (x, y) tais que
x2 = p + y 2 .

Solução. Temos p = x2 y 2 = (x y)(x + y). Como x, y são inteiros positivos x


y < x + y.
p+1
Do fato de p ser primo temos x y = 1 e x + y = p. Resolvendo encontramos x = e
2
p 1
y= .
2

Problema 8. Para quantos valores de n o número 1! + 2! + . . . + n! é primo?

Solução. Para n = 1 temos 1! = 1 que não é primo. Para n = 2 temos 1! + 2! = 3 que é


primo. Para n = 3 temos 1! + 2! + 3! = 9. Agora, para n 4 temos

1! + 2! + 3! + 4! + . . . + n! = 9 + 4! + . . . + n!.

Note que todos os termos são divisı́veis por 3, logo para n 4 não temos solução. Sendo
assim, o único inteiro n que satisfaz essa condição é n = 3.

Problema 9. Mostre que não existe nenhuma progressão aritmética infinita composta somente
de números primos.

Solução. Suponha que existe uma progressão deste tipo. Seja p1 o termo inicial e r a razão da
sequência. Então o termo geral da sequência é pn = p1 + (n 1)r. Tomando n = p1 + 1 temos
pp1 +1 = p1 + [(p1 + 1) 1]r = p1 (1 + r), um número composto. Chegamos a um absurdo.
Logo, não existe nenhuma P.A. infinita composta somente de primos.

Problema 10. Encontre todos os valores inteiros positivos de n para os quais n4 + 4 é um


número primo.

Solução. n4 + 4 = n4 + 4n2 + 4 4n2 = (n2 + 2n + 2)(n2 2n + 2). Para n = 1,


n4 + 4 = 5 · 1, um primo. Para n > 1, n2 + 4 é um número composto uma vez que ele tem
dois fatores n2 + 2n + 2 e n2 2n + 2, cada um maior do que 1.
Sendo assim, n4 + 4 é primo somente para n = 1.

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