E Book
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ARQUITETÔNICO
Fabiana Galves
Mahlmann
Materiais e instrumentos
de desenho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Na arquitetura, a figura humana e a utilização de elementos textuais são
pontos importantes na concepção dos projetos. Esses fatores proporcio-
nam uma real compreensão das proporções e das dimensões do projeto.
A elaboração de um projeto arquitetônico envolve muitas etapas e
maneiras de expressar a sua concepção, seja pelo modo manual, com os
equipamentos e materiais técnicos ou pelos métodos modernos, com os
equipamentos eletrônicos e softwares de última geração.
O processo de criação é desenvolvido a partir de uma solicitação
para um problema ou um desafio, por meio de desenhos, plantas e
detalhamentos em pranchas, que serão utilizadas depois para a sua
materialização.
Neste capítulo, você verá as etapas nas quais irá reconhecer, identificar
a utilização e avaliar a importância dos materiais no desenvolvimento do
desenho técnico.
2 Materiais e instrumentos de desenho
DESENHO E PINTURA. Lápis para desenho realista. 2018a. Disponível em: <https://www.
desenhoepintura.com.br/lapis-para-desenho-realista/>. Acesso em: 14 maio 2018.
DESENHO E PINTURA. Mesa para desenho técnico com régua paralela. 2018c. Disponível
em: <https://www.desenhoepintura.com.br/mesa-para-desenho-tecnico-com-regua-
paralela/#comment-4404>. Acesso em: 14 maio 2018.
FIRMINO, R. J. Espaços inteligentes: o meio técnico-científico-informacional e a cidade
de São Carlos (SP). 2000. 267 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) –
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/
teses/disponiveis/18/18131/tde-26022002-093520/pt-br.php>. Acesso em: 14 maio 2018.
SCHULER, D.; MUKAY, H. Noções gerais de desenho técnico. Cascavel: FAG, 2018.
SILVA, E. Uma introdução ao projeto arquitetônico. 2. ed. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1998.
VECCHIA, L. R. F.; SILVA, A. B. A. Representação gráfica digital durante o desenvolvimento
do projeto arquitetônico. Curitiba: Graphica, 2007. Disponível em: <http://www.exatas.
ufpr.br/portal/docs_degraf/artigos_graphica/REPRESENTACAOGRAFICADIGITAL.
pdf>. Acesso em: 14 maio 2018.
Leituras recomendadas
BRAIDA, F.; FIGUEIREDO, J. Proporções, escalas e medidas. 2013. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/estudodaforma/files/2013/05/UFJF_DISCIPLINAS_ESTUDOda-
FORMA_20122_AULA08a_Propor%C3%A7%C3%B5es-escalas-e-medidas_v00.pdf>.
Acesso em: 14 maio 2018.
CORNETET, B. C.; PIRES, D. G. M. (Org.). Arquitetura. Porto Alegre: SAGAH, 2016.
FREIRE, W. J.; BERALDO, A. L. (Coord.) Tecnologias e materiais alternativos de construção.
3. ed. Campinas: Unicamp, 2013.
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Blücher, 2001.
STOTT, R. A escala humana no desenho de arquitetura: do Modulor à desconstrução do
corpo. 228 mar. 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/784336/a-
escala-humana-no-desenho-de-arquitetura-do-modulor-a-desconstrucao-do-
corpo>. Acesso em: 14 maio 2018.
UNWIN, S. Analysing architecture. 3. ed. Abingdon: Routledge, 2009.
XAVIER, S. Apostila de desenho arquitetônico: desenho arquitetônico. Rio Grande:
FURG, 2011. Disponível em: <http://www.vidjaya.com.br/unicapital/Cad-EngCivil-
Apostila_DA_V2-2012.pdf>. Acesso em: 14 maio 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DESENHO E
PLÁSTICA
Marina Otte
Representação
arquitetônica e
artística do objeto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os desenhos nas cavernas mostram o quão antiga é essa habilidade. Os
rabiscos então representados retratavam o cotidiano a partir da obser-
vação do mundo de quem os executava.
Dessa forma, o desenho de observação caminha com a evolução do homem
e é um dos processos iniciais do desenvolvimento da aptidão do desenhista.
Assim, quanto mais praticado, mais o desenho de observação evolui e ajuda
o profissional que depende dessa competência em seu trabalho.
Neste capítulo, você vai conhecer formas complementares para
desenvolver seus desenhos de observação, aliando-as com a melhor
maneira de elaborá-los para, depois, realizar seu próprio processo com
independência.
Desenho de contorno
A percepção do espaço e dos objetos ocorre por meio da visualização dos
limites desses elementos, que, ao serem replicados, são representados por seus
contornos. Por isso, é muito importante a conscientização das linhas que os
formam e as várias maneiras de executar o seu desenho.
Conforme descreve Ching (2012), o desenho de contornos favorece a acui-
dade visual e, de certa forma, a sensibilidade do tato, visto que observamos
a partir do nosso olho a forma a ser reproduzida e desenhamos com a mão
tocando uma superfície, deslizando sobre o papel e estimulando o tato.
Para praticar esse desenho, deve-se observar muito aquilo que será retratado.
A fim de estimular o início do trabalho, é interessante escolher algo de que
se goste muito, mas mais simples; por exemplo, uma árvore isolada ou uma
garrafa solitária. A partir disso, separa-se um lápis bem apontado ou uma
caneta e, considerando os limites da inspiração, reproduz-se da forma mais
simples somente o contorno principal (Figura 1).
Representação arquitetônica e artística do objeto 3
Escolha um objeto bem iluminado e com contraste com o fundo para facilitar a de-
finição do limite.
Figura 2. Desenho às cegas com olho fixo no objeto real e como resul-
tado desenho sem proporção, mas com reprodução de formas e texturas.
Fonte: Ching (2012, p. 19).
Uma dica é, por exemplo, no desenho de uma folhagem com várias flores,
determinar a cada flor o intervalo de conferência; depois, passar esses períodos
de conferência para as folhagens e, então, para o vaso. Os detalhes e a maneira
como a forma se configura vão ficando cada vez mais observáveis (Figura 3).
Nesse sentido, é importante o que Ching (2012, p. 20) destaca: “Não se
preocupe com as proporções do conjunto. Com experiência e prática, em
determinado momento desenvolvemos a habilidade de registrar cada contorno
de nosso tema, de guardar uma imagem dessa linha em nossa mente, de
visualizá-la na superfície de desenho e de, então, registrá-la”.
Nesta seção, a partir das técnicas de treino de desenhos, você pôde perceber
como é importante observar o objeto, o fundo, seus contornos — todos esses
elementos fazem parte do processo de desenvolvimento da capacidade de desenho
à mão livre e de melhoria da percepção dos objetos, cenários e composições.
A seguir, você verá detalhes específicos para o desenvolvimento do desenho
de observação.
Representação arquitetônica e artística do objeto 7
Figura 5. (a) Empunhadura tradicional e (b) empunhadura com a mão mais livre.
Fonte: Syda Productions/Shutterstock.com.
O apoio do desenho é importante: pode ser uma mesa, uma mesa inclinada
(prancheta) ou um cavalete, que tem uma grande vantagem essencial para o
desenho de observação, um novo olhar. “Ficar de pé também possibilita que
você se afaste periodicamente do seu desenho [...]. A simples mudança na
posição relativa permite a você que olhe para seu desenho e o avalie com um
surpreendente novo olhar” (CURTIS, 2015, p. 17).
Por outro lado, ao realizar o desenho em si, é essencial manter-se em uma
posição fixa para enxergar os mesmo ângulos e detalhes do cenário escolhido: “A
composição de uma cena em perspectiva implica nos posicionarmos em um ponto
de vista favorável e decidir como enquadrar o que vemos” (CHING, 2017, p. 226).
Para os primeiros desenhos de observação, pode-se começar com pequenos
objetos de casa. Depois, começa-se a compor um cenário com mais de um
objeto, colocando-os a, no mínimo, um braço de distância do papel em que
se vai desenhar.
Para construir o desenho de observação, começa-se desenhando as linhas
gerais dos objetos, percebendo seus limites. Nesse ponto e ao longo de toda
a execução do desenho de observação, é preciso observar o relacionamento
entre os objetos: qual objeto está na frente, nos lados, no fundo, a distância
entre eles e as linhas — a partir do desenho de um deles, pode-se iniciar o
desenho do próximo objeto.
Na Figura 6, veja que o topo da jarra menor à esquerda está na altura da
alça da jarra maior. Essas relações ajudam a manter a proporção do desenho
ao longo de sua execução.
Depois, pode-se começar a preencher os detalhes dos objetos; se for um pão, por
exemplo, é o momento de desenhar a espessura da casca. Captando a essência dos
objetos, não é preciso reproduzir todos os detalhes, enquanto outros são essenciais
para caracterizá-los — e isso também faz parte do processo de observação.
Representação arquitetônica e artística do objeto 9
Figura 6. Sequência de desenho de observação: note a textura dada para o pão parecer
rugoso e as jarras parecerem lisas.
Fonte: Cernecka Natalja/Shutterstock.com.
A percepção é uma experiência unificada e se dá por meio dos sentidos — não é algo
concreto, mas é essencial para o desenvolvimento dos desenhos. Saiba mais sobre a
percepção no link a seguir.
https://qrgo.page.link/3Li84
10 Representação arquitetônica e artística do objeto
Alguns dos materiais mais comuns para uso da cor nos desenhos são giz pastel, lápis
de cor, aquarela e hidrocores.
Figura 8. (a) Desenhos com linhas gestuais em preto e branco; (b) desenho com linha
descritiva e colorido.
Fonte: Leggitt (2004, p. 24).
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PROJETO DE
ARQUITETURA E
URBANISMO II
Anicoli Romanini
Representação gráfica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Ter bons instrumentos de desenho é importante, mas saber utilizá-los
para a representação adequada do projeto é fundamental. Por isso, o
projetista deve conhecer os padrões e as normas básicas utilizadas para
a elaboração dos desenhos técnicos, aplicando-os como ferramentas de
apoio ao desenvolvimento de seus projetos.
Neste capítulo, você entenderá a importância do desenho técnico
na representação gráfica de projetos arquitetônicos, pelo método tradi-
cional e com o auxílio do computador. Vai conhecer algumas normas de
desenho técnico disponíveis para a aplicação dos padrões necessários,
identificando como esses elementos são utilizados na representação de
plantas baixas e cortes.
Desenho técnico
O desenho técnico é a representação gráfica do projeto em um ou mais pla-
nos, elaborados de acordo com normas técnicas e padrões que possibilitam
a leitura universal dos objetos. Ele pode ser elaborado manualmente, a partir
dos instrumentos de desenho, ou com o auxílio do computador, apoiado em
softwares de desenho, como AutoCad, IntelliCad, Revit, entre outros. Inde-
pendentemente do meio de execução do desenho, as regras e orientações são
as mesmas, pela compreensão unânime que ele deve passar.
2 Representação gráfica
Ching (2017, p. 17) afirma que “[…] desenhar com o auxílio de réguas,
esquadros, gabaritos, compassos e escalímetros é o meio tradicional de desenho
e representação gráfica em arquitetura, e ainda é relevante em um mundo
cada vez mais digital”. Traçar uma linha à mão, segundo o autor (2017, p. 17),
“[…] realimenta a mente e reforça a estrutura da imagem gráfica resultante”.
Ao elaborar qualquer desenho, é importante considerar a espessura das
linhas em função da hierarquia que a ela está associada. Linhas mais finas são
empregadas para a representação dos desenhos iniciais, linhas de chamada,
linhas de cota, desenhos complementares, pisos, equipamentos, mobiliário,
entre outros. As linhas grossas sugerem forma e substância, representam as
paredes, cortadas ou em vista, bem como a estrutura da obra, a marcação da
linha do corte, entre outros.
A partir dessas definições, diferentes instrumentos de desenho afetarão
a hierarquia de linhas. Canetas nanquim ou lapiseiras de ponta fina (0.3),
com o uso de grafite de mina mais dura (H ou HB) no caso das lapiseiras,
proporcionarão esse efeito. Para o desenvolvimento de linhas mais espessas,
são utilizadas as canetas nanquim ou lapiseiras de pontas mais grossas
(0.7 ou 0.9) com o uso de grafite de mina macia (B ou 2B). As lapiseiras
de espessura média (0.5) são utilizadas para os desenhos complementares
e para a elaboração dos textos. Ching (2017) apresenta uma classificação
bastante interessante sobre a dureza das minas de grafites disponíveis para
a utilização nos desenhos, fazendo recomendações quanto ao seu melhor
uso (Figura 1).
Representação gráfica 3
A seguir, são apresentados dois templates de trabalho a partir dos softwares AutoCad
e Revit.
https://qrgo.page.link/znmoU
6 Representação gráfica
Uma linha grossa sugere mais permanência ou o material pesado (assim, pode
ser empregada para representar uma parede de alvenaria), enquanto uma linha
fina indica uma condição mais provisória ou um material leve (sugerindo um
móvel temporário, por exemplo).
Tipo Emprego
1 Arestas e contornos
visíveis.
Grossa
2 Linha de corte.
3 Arestas e contornos
não visíveis.
5 Linhas de cota e de
extensão; hachuras;
Fina linhas de chamada.
6 Eixos de simetria
e linhas de centro;
posições extremas
de peças móveis.
Além dos tipos de linhas, letras e números, são utilizadas, nas representa-
ções, juntamente com as escalas, indicação de norte, de linhas de chamada,
de sentido, em escadas e rampas. Essas indicações, além de complementar
o desenho, permitem entender as relações da edificação com o seu terreno
e orientação.
A conceituação e o emprego das cotas, cotas de nível e marcações, de
coordenadas para eixos de estruturas, cortes gerais e detalhes construtivos
também são apresentados pela norma de maneira bastante detalhada.
Sobre as cotas, a norma recomenda que elas sejam desenhadas sempre
em metros, que estejam localizadas fora do desenho (salvo alguma impossi-
bilidade), representando o máximo de medidas possíveis, mas evitando a sua
duplicação. A norma sugere, ainda, como desenvolver a indicação e numeração
dos títulos dos desenhos, designação das portas e esquadrias, além do quadro
geral de áreas, esquadrias e acabamentos, trazendo, inclusive, uma convenção
de materiais que pode ser adotada.
https://qrgo.page.link/4bvvR
Introdução
Na arquitetura, as formas e os volumes das edificações, antes de saírem
do papel, são compostos por pontos, linhas e planos. Esses elementos de
estruturação espacial e expressão plástica são a base para a concepção
dos projetos, juntamente à ação de desenhar, que permite ao arquiteto
demonstrar as suas ideias. Tanto os desenhos de duas dimensões como
os de três dimensões têm suas funções no design de interiores, podendo
ser usados para representar diferentes situações e ideias.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de bidimensionalidade
e tridimensionalidade. Vai verificar as diferenças entre eles e ver exemplos
de aplicações dessas tipologias gráficas nos projetos de interiores.
Desenhos bidimensionais
Os projetos de design de interiores estão sempre vinculados a propostas que
são demonstradas e representadas graficamente por meio de desenhos. Para o
arquiteto Lúcio Costa, o processo projetual e criativo é de extrema importância
para a expressão da arte plástica. Essa representação de ideias e intenções é de
2 Expressões plásticas bi e tridimensional
Já para formar uma linha, é preciso que existam dois pontos no espaço e
que eles estejam unidos:
Como uma linha apresenta apenas uma dimensão, sua representação deve
conter alguma espessura a fim de torná-la visível. A linha é reconhecida pelo
fato de seu comprimento dominar sua largura. Assim, para formar um plano
bidimensional (Figura 3), é preciso que haja duas linhas paralelas. Conforme
destaca Ching (2013), quanto mais próximas essas linhas estiverem entre si,
mais forte será a sensação de plano criada por elas. Portanto, o plano é um
exemplo de desenho bidimensional, ou seja, que apresenta duas dimensões,
pois é composto por uma altura e um comprimento, porém ainda não tem
profundidade.
Desenhos tridimensionais
Para iniciar uma representação gráfica, os elementos básicos — ponto, reta
e plano — são fundamentais. É a partir deles que um desenho bidimensional
surge e, se ele for desenvolvido, pode se tornar uma figura tridimensional
(Figura 4). Para Ching (2013, p. 56):
Na transição dos formatos dos planos para as formas dos volumes se encontra o
domínio das superfícies. A superfície se refere, em primeiro lugar, a qualquer
figura que tiver apenas duas dimensões, como um plano. No entanto, o termo
também pode fazer alusão a um lugar geométrico curvo e bidimensional de
pontos que definem o limite de uma figura tridimensional.
6 Expressões plásticas bi e tridimensional
único momento da percepção. Se for uma vista frontal, que apenas mostra a
largura e a altura, a imagem ficará achatada. Mas, se o volume for rotacionado,
a terceira dimensão (a profundidade) será revelada e a forma ficará mais clara.
Segundo o autor, prestar atenção em formatos planos ajuda a ver como eles se
combinam para expressar a tridimensionalidade do volume.
Por meio do desenho à mão e com base em uma superfície bidimensional,
é possível criar profundidade nos desenhos com a aplicação de sombras. As
diferentes tonalidades do sombreamento transformam o desenho de duas para
três dimensões e o posicionam no espaço, demonstrando a característica de
cada superfície. Para criar esse efeito tridimensional, é necessário utilizar
transições graduais de tons claros e escuros. Considere o seguinte:
Bidimensionalidade e tridimensionalidade no
design de interiores
Nos projetos de arquitetura em geral, e especificamente nas propostas de
design de interiores, a forma de representação é um recurso fundamental para
a expressão das ideias e o entendimento de cada alternativa. Tanto os desenhos
bidimensionais (plantas baixas) como os tridimensionais (perspectivas) são
importantes aliados na expressão plástica dos projetos. Veja:
Toda forma pictórica começa com o ponto que se põe em movimento […]
O ponto se move [...] e nasce a reta — a primeira dimensão. Quando a reta
se desloca para formar um plano, obtemos um elemento bidimensional. No
movimento do plano para os espaços, o encontro de planos dá surgimento
ao corpo (tridimensional). Uma síntese de energias cinéticas que movem o
ponto convertendo-o em reta, a reta que se converte em plano e o plano que
se converte em uma dimensão espacial (CHING, 2013, p. 65).
Os croquis (Figura 9) são outra tipologia plástica que pode ser utilizada
tanto na representação em duas dimensões como na tridimensional. O desenho
à mão livre “[...] é a linguagem, a forma de expressão que permite a fluidez
entre o pensar e o gesto manual que executa tal pensamento. Ajuda na obser-
vação da arquitetura e na assimilação do conhecimento, bem como na sua
forma construtiva e seus detalhes” (PAIXÃO, 2014, documento on-line). Na
arquitetura de interiores, o desenho à mão livre pode ser expresso a partir de
croquis. Segundo Pinhal (2009), um croqui pode ser definido como o
14 Expressões plásticas bi e tridimensional
Figura 9. Croquis.
Fonte: Ching (2017, p. 245).
Expressões plásticas bi e tridimensional 15
Juliana Wagner
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-241-6
CDU 744.43
Introdução
Desenhar é a capacidade de observar e compreender as relações entre
os elementos da composição. Contudo, antes de começar a desenhar, é
preciso escolher o material adequado de desenho.
Neste capítulo você irá conhecer os materiais básicos para desenhar,
além de aprender sobre como a posição do desenhista e a pega do lápis
podem interferir no resultado da composição. Ainda, verá a técnica mais
utilizada no desenho artístico, o desenho de observação, bem como as
cinco habilidades básicas para desenhar.
Materiais
Grafite
O grafite não era muito usado como instrumento de desenho até 1795, quando
passou a ser fabricado na forma de lápis com corpo de madeira pelo francês
Nicholas Conté. Além da forma de lápis, apresentada na Figura 1, o grafite
também está disponível na forma de bastões retangulares maciços e sem re-
vestimento, conforme você pode observar na Figura 2, lápis cilíndricos “sem
madeira” e em pó, podendo ser aplicada diretamente à superfície do desenho.
Os grafites são classificados pela sua dureza, do mais macio, que resulta na
cor preta e é classificado como B, ao mais duro, que resulta em um acinzentado
e é classificado como H.
Escala do grafite mais duro ao mais macio é:
9H > 8H > 7H > 6H > 5H > 4H > 3H > 2H > H > HB > B >
2B > 3B > 4B > 5B > 6B > 7B > 8B > 9B
Figura 1. Lápis.
Fonte: Xiuxia Huang/Shutterstock.com.
Carvão vegetal
Superfícies
O sistema moderno de formatos de papel International Organization for Stan-
dardization (ISO) se baseia em uma observação feita pelo professor de física
alemão Georg Christoph Lichtenberg que, em 1786, percebeu as vantagens
de os tamanhos de papel terem uma razão entre altura e largura, ou seja, um
papel com a razão de Lichtenberg mantém sua proporção quando é cortado
pela metade. No sistema ISO os formatos vão de A4 até A0.
Tamanho
A0 – 84,0 × 118,8 cm
A1 – 59,4 × 84,0 cm
A2 – 42,0 × 59,4 cm
A3 – 29,7 × 42,0 cm
A4 – 21,0 × 29,7 cm
Você pode saber mais sobre as séries, formatos e usos dos variados tamanhos de papel
no livro Fundamentos de Design Criativo (AMBROSE; HARRIS, 2012).
Fibra
Gramatura
Indicação de uso
Mecânica do desenho
A posição para desenhar interfere no resultado final do desenho, portanto, o
desenhista deve estar afastado do objeto desenhado cerca de 60 cm – mais
ou menos um braço seu de distância – para obter uma visualização clara do
objeto desenhado.
O desenhista também deve se manter em uma posição fixa, para não perder
o ponto de observação. A posição da mesa, prancheta ou suporte de desenho
deve formar um ângulo de 90° em relação à linha de visão para que o desenho
não se deforme, conforme você pode observar na Figura 5.
Além da posição correta para desenhar, a pega do lápis pode permitir ou não
uma maior movimentação do instrumento de desenho sobre a superfície do papel
e, desse modo, possibilitar uma maior fluidez e expressão do traçado. Tente uma
empunhadura alternativa, conforme ilustrado na Figura 6, que proporcione um
controle maior sobre a pressão da ponta do instrumento sobre o papel.
Desenho de observação
O desenho de observação consiste na observação real do objeto tridimensional.
Na técnica de observação in loco, apreendemos do objeto aquilo que é mais
relevante, captamos a sua essência. Nesse processo, contamos com a ajuda
dos posicionamentos corretos do papel e do desenhista e das habilidades de
percepção necessárias para desenhar: percepção das bordas, dos espaços, dos
relacionamentos, de luz e sombra e do todo.
O desenho de observação, além de propiciar o desenvolvimento de seu próprio
traçado, produz um resultado personalizado, bem gestual e muito expressivo em
todos os seus elementos, como as linhas, os preenchimentos, a luz e a sombra.
Figura 10. William Hogarth, Absurdos de Perspectiva, 1754, gravura evidenciando volumes.
Fonte: Curtis (2015, p. 287).
A artista plástica e crítica de arte Fayga Ostrower (2013) em seu livro Universos da Arte
apresenta vários exemplos de arte, arquitetura e design de trabalhos elaborados
utilizando linhas, superfícies e volumes. Certamente, a escolha do material de desenho
adequado, um bom grafite e um papel de qualidade, influenciam de forma positiva
no resultado de uma composição. Porém, um desenho simples, elaborado somente
tendo linhas como seu elemento primário, pode ser muito interessante e valoroso
se for executado em um gesto livre, com um traço próprio e original. Um traçado
personalizado pode ser adquirido com o exercício diário do desenho, experimentando
técnicas e testando materiais.
a)
b)
c)
d)
e)
5. O desenho de observação a seguir evidencia, além do elemento compositivo,
um recurso compositivo que o torna interessante visualmente. Que elemento
compositivo e que recurso são esses?
Fonte: babayuka/Shutterstock.com.
a) Linha e profundidade. d) Linha e vazio.
b) Superfície e vazio. e) Superfície e profundidade.
c) Volume e profundidade.
Leitura recomendada
OCVIRK, O. G. et al. Fundamentos de arte. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
Gabaritos
https://goo.gl/3EzCQx
Introdução
Embora os avanços tecnológicos tenham alterado significativamente o
processo de desenho, os padrões para representar graficamente projetos
seguem as mesmas diretrizes do processo manual. Por isso, é fundamental
você conhecer o desenho à mão antes de utilizar as ferramentas digitais.
Para desenvolver um desenho técnico manual, você precisa conhecer
as ferramentas existentes. Assim, vai conseguir representar graficamente
uma ideia por meio de plantas, cortes, vistas, perspectivas, detalhamento,
etc. A correta representação gráfica de um projeto é importante para a
sua legibilidade, bem como para a compreensão do cliente e de quem
vai executar o que foi planejado.
Neste capítulo, você vai conhecer os materiais utilizados para traçar
linhas, os instrumentos existentes para guiá-las e as superfícies adequa-
das para receber o desenho. Também vai aprender a manusear esses
instrumentos para produzir elementos gráficos em superfícies de papel
e ver como praticar a representação.
2 Instrumentos de representação gráfica
Tanto nos lápis como nas lapiseiras, as minas de grafite variam entre 9H (extremamente
duras) a 6B (extremamente macias). Para traços mais fortes e grossos, utilize minas mais
macias. Já para traços mais leves e finos, utilize minas mais duras.
Instrumentos de representação gráfica 3
O papel manteiga é mais barato, mas rasga mais facilmente com minas de
grafite mais duras. Assim, é mais utilizado para croquis e estudos simples.
O papel vegetal possui uma transparência mais nítida, é mais espesso, mais
resistente, permite raspagens e correções. Por isso, é utilizado para entregas
finais de projeto.
O papel pode, ainda, ser fabricado com fibras de algodão ou com fibras
de madeira, ambas com boa durabilidade. São comercializados por diferentes
marcas comerciais e em diferentes gramaturas — que significa o peso de
uma folha de 1 m² expresso em gramas —, com superfícies lisas ou rugosas
(CHING, 2017).
Para o desenho técnico, prefira papéis lisos com gramatura média, de
maneira a permitir que o papel seja enrolado ou dobrado. Todos esses papéis
podem ser encontrados em bloco, folha avulsa e rolo.
Figura 1. Sobreposição dos esquadros comuns de 45°–45° e 30°–60° para formar ângulos
de 15° e 75°.
Fonte: Ching (2017, p. 26).
https://goo.gl/CfNyJH
Pratique conforme a Figura 2. Com lapiseira 0,9 mm, utilize uma mina de grafite mais
macia (a 2B, por exemplo) para traçar a linha de cima. Troque o grafite para o HB e H
para notar a diferença. Para as demais linhas, vá utilizando lapiseiras 0,7 mm, 0,5 mm
e 0,3 mm, alternando entre grafites mais e menos macios.
Instrumentos de representação gráfica 9
No caso da utilização de caneta nanquim, você pode utilizar a 0,9 mm com tinta
de cor preta para desenhar a linha de cima. Vá alternando a espessura das canetas
nanquim utilizadas até a 0,05 para a última linha. Caso deseje o traço mais fino ainda
mais claro, utilize a caneta com tinta cinza.
Figura 2. Gradação no traçado, linhas mais grossas e mais escuras no topo até linhas mais
finas e mais claras.
Fonte: Ching (2017, p. 20).
Linhas curvas
Agora, você vai praticar linhas em forma de arco ou circunferência e retas
em um mesmo desenho. Utilize o mesmo peso na caneta ou lapiseira para as
linhas curvas e as demais linhas que compõem o desenho, pois aqui as curvas
não são somente guias.
Para traçar uma tangente contínua a uma curva, conforme a Figura 4,
desenhe primeiro a curva desejada com o compasso, marque onde a tangente
deve encontrá-la e depois desenhe a linha reta. Isso é importante para evitar
um desenho desencontrado (CHING, 2017).
Para desenhar um arco entre tangentes, utilize linhas paralelas como guias para
determinar o centro do arco, sendo que a distância entre as linhas é o raio desejado.
Já para desenhar dois círculos que sejam tangentes entre si, trace uma linha que
vai do centro de um círculo até o outro, ambos no mesmo eixo (CHING, 2017).
Figura 4. Desenho de linha tangente ao arco, arco entre tangentes e círculos tangentes
entre si.
Fonte: Ching (2017, p. 28).
12 Instrumentos de representação gráfica
https://goo.gl/AHGJpS
Para finalizar este capítulo, mas não menos importante, que tal fazer
uma composição tridimensional à mão livre, utilizando lápis ou lapiseira?
Observe, na Figura 6, a evolução de um croqui em etapas: primeiro, es-
tabeleça uma estrutura para a composição com linhas principais; depois,
aplique textura com tonalidade e sombreamento; por último, adicione os
detalhes significativos.
14 Instrumentos de representação gráfica
Leitura recomendada
NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa, apartamento, jardim. 2. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2008.
Conteúdo:
GEOMETRIA
Cristiane da Silva
Representação de formas
tridimensionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A representação de objetos e formas tridimensionais é algo que vem
desde a antiguidade, teve considerável evolução ao logo do tempo e, até
hoje, é um tipo de representação muito importante e rico em detalhes.
Este capítulo tem como propósito ampliar seus conhecimentos no que
diz respeito à representação de formas tridimensionais.
Neste capítulo, você perceberá a importância dos sistemas de pro-
jeção, conhecerá os conceitos básicos e a classificação desses sistemas.
Para além de conceitos, você será convidado a desenvolver a habilidade
de visualizar e expressar formas e espaços em três dimensões.
Sistemas de projeção
Entende-se o desenho como uma operação gráfica, onde se utilizam linhas que
ajudam a representar e a compor o objeto. Quando se desenha, representa-se
a realidade em um plano. A essa operação gráfica dá-se o nome de sistemas
de projeção (SANZI; QUADROS, 2014).
Um sistema de projeção é composto por três elementos básicos, que são
os centros de projeção, as linhas projetantes e o plano de projeção. Sanzi e
Quadros (2014) explicam que o centro de projeção é o lugar no espaço de onde
saem as linhas projetantes que interceptam o objeto a ser representado. Já o
plano de projeção é uma superfície ilimitada, onde o objeto projeta-se. Para
entender melhor, vejamos um exemplo na Figura 3, onde temos o desenho da
projeção de um ponto (objeto).
Centro de projeção
Objeto
Projetante
Projeção
Plano de projeção
Projeção cônica
Na projeção cônica, as projetantes convergem para o centro de projeção, for-
mando uma superfície semelhante à de um cone. Isso ocorre porque o centro de
projeção está a uma distância finita em relação ao plano de projeção. Vejamos
a Figura 4, que exemplifica uma projeção cônica (SANZI; QUADROS, 2014).
Centro de projeção
Objeto
Projetantes
Projeção Plano de
projeção
Projeção cilíndrica
Na projeção cilíndrica, as linhas projetantes são paralelas entre si e, além
disso, o centro de projeção está a uma distância infinita em relação ao plano
de projeção. Vejamos a Figura 5, que exemplifica uma projeção cilíndrica
(SANZI; QUADROS, 2014).
6 Representação de formas tridimensionais
Centro de projeção
Objeto
Projetantes
Projeção Plano de
projeção
Você pode saber mais sobre os tipos de projeções cônicas e cilíndricas consultando
o capítulo 1 do livro Desenho de perspectiva (SANZI; QUADROS, 2014).
Tipos de perspectiva
Sanzi e Quadros (2014) explicam que o desenho de perspectiva origina-se de
um sistema de projeções, e os dois tipos de projeções abordadas anteriormente
(cônica e cilíndrica) dão origem a diversos tipos de desenho. Aqui, vamos
observar o desenho de perspectivas paralelas e lineares exatas. Vejamos um
quadro, elaborado por Sanzi e Quadros (2014, p. 14), com os sistemas de
projeção e os tipos de desenho.
Representação de formas tridimensionais 7
Pontos medidores
Perspectiva de observação
Representações tridimensionais
Quando se representa um objeto, busca-se demonstrá-lo da forma mais clara
e realista possível. É comum utilizar projeção ortográfica nas representa-
ções, pois, nelas, as linhas de projeção encontram o plano do desenho em
ângulos retos, o que possibilita que se mantenha verdadeira em tamanho,
formato e configuração. Isso evidencia a principal vantagem dos desenhos
de vistas múltiplas, que é a possibilidade de posicionar os pontos de modo
preciso, estimar o comprimento e a inclinação de retas e descrever o formato
e a extensão de planos. Assim, pode-se comunicar as informações gráficas
necessárias à descrição, à pré-fabricação e à execução de um projeto, por
exemplo (CHING, 2012).
Representação de formas tridimensionais 9
Linhas de
projeção
Desenho Objeto
Plano do
desenho
Veja, pela Figura 8, que, para construir uma projeção ortogonal, desenhamos
linhas projetantes paralelas a partir de vários pontos do objeto de modo que
elas incidam perpendicularmente ao plano do desenho. Depois, conectamos
os pontos projetados na ordem adequada para obter a vista do objeto ou da
edificação no plano do desenho. A imagem que resulta no plano do desenho
é chamada de vista ortogonal (CHING, 2012).
10 Representação de formas tridimensionais
Ching (2012) explica que existem duas convenções para regular a relação
entre vistas ortogonais, que são: a) a projeção do primeiro ângulo, em que
colocamos o objeto no primeiro quadrante e o projetamos para trás, como se
projetássemos as sombras das faces internas dos planos do desenho — nesse
caso, são projetados os aspectos do objeto mais próximos do observador; e
b) a projeção do terceiro ângulo, em que o objeto é posicionado no terceiro
quadrante e, uma vez que o plano do desenho encontra-se entre o objeto
e o observador, projetam-se as imagens do objeto para frente do plano do
desenho — nesse caso, desenhamos e vemos as imagens nas faces externas
do plano do desenho.
Podemos encontrar nomenclaturas equivalentes de acordo com o livro que
estivermos consultando. Por isso, cabe destacar que o primeiro quadrante pode
ser entendido como primeiro diedro e, nesse mesmo raciocínio, terceiro qua-
drante pode ser entendido como terceiro diedro — são expressões equivalentes.
Vejamos a Figura 9, que representa os quatro diedros, numerados de um a
quatro no sentido horário, começando com o quadrante superior esquerdo. A
Figura 9b ilustra as projeções do primeiro ângulo, e a Figura 9c, as projeções
do terceiro ângulo (CHING, 2012).
Figura 9. (a) Quatro diedros. (b) Primeiro ângulo. (c) Terceiro ângulo.
Fonte: Ching (2012, p. 136).
Pla
no
ho
rizo
nta
l
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Are
Are
sta
Aresta
ral
late
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Pla
no
Pla
fro
nta
l
Ching (2012, p. 148) explica como organizar as vistas para facilitar a leitura
e interpretação de um objeto tridimensional da seguinte forma:
Plano horizontal
Aresta
l a
er
lat
no
Pla
Plano frontal
Aresta
Planta
Introdução
A maneira como as pessoas se relacionam com os objetos e os espaços
abertos ou fechados está intimamente ligada ao sentido da visão, pois as
coisas do mundo têm altura, largura e profundidade, as três dimensões.
Neste capítulo, você vai ver as diferentes formas de representar o
processo de criação do projeto de design de interiores. A escolha de uma
representação depende do que você pretende informar ao seu cliente e
às equipes de execução de elementos, como mobiliário e revestimentos.
Como você vai ver, é possível desenvolver desenhos em duas dimen-
sões — altura e largura (bidimensionais) — ou aliar a profundidade para
compor desenhos tridimensionais.
2 Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional
As imagens que ilustram este capítulo mostram diferentes empregos das represen-
tações tridimensionais. Cabe a você definir em que etapa do processo projetual é
mais importante usá-las e qual é o seu objetivo. Como você viu, é possível utilizá-las
de forma esquemática e manual, em forma de croquis, ou em representações finais,
com a adoção de instrumentos de desenho ou mesmo ferramentas computacionais.
Representação gráfica dos métodos específicos do desenho tridimensional 9
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Book-
man, 2013.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
FERNANDO, P. H. L. et al. Desenho de perspectiva. Porto Alegre: Sagah, 2018.
HIGGINS, I. Planejar espaços para o design de interiores. São Paulo: GG, 2015.
LEGGITT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam a tecnologia. Porto
Alegre: Bookman, 2008.
YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016.
Leituras recomendadas
CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
DOMINGUEZ, F. Croquis e perspectivas. Porto Alegre: Masquatro, 2011.
GALESSO, L. Como desenhar perspectiva: aprenda a desenhar #3. ABRA — Escola de
Arte, 17 maio 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=15RNlEtXuko>.
Acesso em: 11nov. 2018.
KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2014.
QUADROS, E. S.; SANZI, G. Desenho de perspectiva. São Paulo: Érica, 2014.
Conteúdo:
MODELAGEM
DIGITAL
Introdução
A modelagem tridimensional é uma técnica utilizada para a representação
de um objeto em três dimensões. Essa modelagem pode ocorrer tanto
em um ambiente real, como é o caso das maquetes físicas, quanto em um
ambiente virtual. É desta última abordagem que este capítulo se ocupará.
A evolução da computação pessoal e a diminuição do custo de ar-
mazenamento e processamento possibilitaram o desenvolvimento de
ferramentas para a construção de modelos complexos em ambientes
computacionais. Dessa forma, artistas, arquitetos, designers e engenheiros
dispõem de um grande número de ferramentas para modelar e repre-
sentar suas criações.
Neste capítulo, você irá reconhecer os tipos básicos de modelagem
tridimensional e as diferenças entre as ferramentas disponíveis no mer-
cado. Além disso, você verá exemplos de como aplicar esses conceitos
à criação de seus próprios modelos.
2 Modelagem digital básica para representação tridimensional
Modelagem poligonal
A modelagem poligonal (polygonal modeling, também chamada de mesh
modeling) consiste na manipulação de uma malha, isto é, um conjunto de
vértices, arestas e faces que definem a forma de um objeto poliédrico. Este, por
sua vez, é um sólido de três dimensões com faces poligonais planas, arestas
retas e vértices acentuados. A palavra poliedro (πολύεδρον) tem origem grega
e resulta da junção entre “poli” (πολύς, “muitas”) e “hedra” (ἕδρα, “faces”).
A Figura 1 ilustra um golfinho feito em malha poligonal.
https://qrgo.page.link/M5fu1
Figura 2. Retrato de Geoff Anderson. Imagem produzida pelo artista Ian Spriggs.
Fonte: Spriggs (2019, documento on-line).
Modelagem paramétrica
A primeira geração de programas de desenho para computador remonta à
década de 1950 (SCHILLING; SHIH, 2015). Aqueles primeiros programas
podiam ser comparados a equivalentes digitais de pranchetas de desenho.
O desenvolvimento da computação pessoal e a diminuição do custo de arma-
zenamento e processamento foram fundamentais para a evolução do desenho
assistido por computador, em inglês, computer aided design (CAD), favore-
cendo a criação de verdadeiros modelos digitais. A modelagem paramétrica
e a indústria da construção se beneficiariam dessa evolução.
6 Modelagem digital básica para representação tridimensional
Quais são estas geometrias primitivas? Isso pode variar, de acordo com o
modelador utilizado. São comuns formas geométricas básicas como a linha,
o círculo, o paralelepípedo e a esfera. O software SketchUp, por exemplo,
apresenta a ferramenta retângulo, ilustrada na Figura 4. Com ela é possível
criar um retângulo em qualquer um dos planos de um espaço tridimensional.
Na Figura 4, um retângulo de lados iguais foi criado no plano XY. Esse pri-
mitivo pode ser modificado (cortado, dividido, subtraído, extrudado) para a
criação de novas formas.
O portal Archdaily publicou uma lista com os melhores e mais populares programas para
arquitetura. Dentre eles, estão alguns modeladores, como 3D Studio Max, Rhinoceros,
SketchUp. Veja esta lista no link a seguir.
https://qrgo.page.link/DBb9L
Como dito anteriormente, toda a forma, por mais complexa que seja, é criada
a partir de uma geometria primitiva. Em nosso exemplo, poderíamos começar
com um quadrado de 3 m de lado, seguido de um deslocamento com o valor da
espessura da parede — usaremos 15 cm neste exemplo. Após o deslocamento,
poderíamos executar uma extrusão com a altura do ambiente — usaremos 3 m
neste exemplo. O resultado seria algo aproximado à imagem da Figura 8.
12 Modelagem digital básica para representação tridimensional
CHING, F. D. K. Architectural graphics. 6th ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2015.
CHRSCHN. Dolphin triangle mesh. 2007. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/
File:Dolphin_triangle_mesh.png. Acesso em: 27 nov. 2019.
COWARD, C. A beginner's guide to 3D modelling: a guide to Autodesk Fusion 360. San
Francisco: No Starch, 2019.
GIAMBASTIANI, G. Sistemacidade em arquitetura: conceito de sistematicidade em ar-
quitetura em três projetos escolares: Affonso Eduardo Reidy, Arne Jacobsen e Javier
Garcia-Solera. Dissertação (Mestrado em Projeto de Arquitetura) – Faculdade de Ar-
quitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.
O’CONNOR, R. Beginner’s guide to create models in 3ds Max® 2016. Scotts Valley: Create
Space Independent Publishing Platform, 2015.
SCHILLING, P.; SHIH, R. Parametric modelling with SolidWorks 2015. Mission: SDC, 2015.
SPRIGGS, I. Portrait of Geoff Anderson. 2019. Disponível em: https://www.artstation.com/
artwork/rR5Y36. Acesso em: 27 nov. 2019.
Os links para sites da Web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona-
mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede
é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local
e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre
qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PROPRIEDADE
INTELECTUAL
Introdução
A propriedade intelectual é um direito que visa proteger direitos relativos à
atividade intelectual humana aplicada no campo artístico e industrial. Neste
capítulo, estudaremos o desenho industrial, forma de proteção de direitos
imateriais regulada pela Lei da Propriedade Industrial e aplicada a produtos
com diferencial competitivo, definindo o instituto, reconhecendo as formas
de apresentação e declarando os requisitos necessários para a proteção legal.
Desenho industrial
A propriedade intelectual está dividida em:
direito autoral;
propriedade industrial;
direitos sui generis.
Quando um produto está protegido como patente, não significa que a função técnica
afasta a possibilidade de proteção do produto via desenho industrial. Dependendo do
tipo de produto, podemos identificar diversas formas de proteção concomitantemente,
tal qual percebemos nos smartphones utilizados atualmente, os quais são protegidos
por patentes, marcas e desenho industrial.
Propriedade industrial: desenhos industriais 85
A Lei da Propriedade Industrial prevê, ainda, que tudo o que for contrário
à moral e aos bons costumes não será registrado como desenho industrial,
justamente para evitar constrangimentos ou desconfortos desnecessários nas
relações sociais com objetos que possam chocar ou incomodar um determinado
grupo de pessoas (BRASIL, 1996).
O desenho industrial aplicado ao produto não poderá ofender a honra ou
a imagem de pessoas, evitando, com isso, o abuso e a infringência a outros
direitos e garantias constitucionais que asseguram a indisponibilidade e a
necessidade de autorização prévia para uso comercial, como o direito de
imagem e o direito ao nome, protegidos pelo Código Civil brasileiro.
O desenho industrial também não poderá atentar contra a liberdade de
consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimentos dignos de respeito
e veneração. Não é possível, por exemplo, proteger um objeto com a imagem
de Jesus Cristo com características de um diabo ou de um demônio, devido ao
respeito que deve ser mantido em relação àqueles que o cultuam e o veneram.
Não podemos, igualmente, registrar a forma comum, vulgar, necessária ou
determinada pelas considerações técnicas ou funcionais de um produto. Uma
armação de óculos, por si só, não recebe a proteção legal, a menos que esteja
esteticamente apresentada de tal forma que a torne nova e original em relação
às conhecidas no mercado em termos de forma, linhas e cores.
No mesmo sentido, a legislação não considera os produtos que guardam
consigo padrões puramente artísticos, pois são requisitos para proteger um
objeto por meio do desenho industrial sua viabilidade de reproduzi-lo em
escala industrial para explorá-lo economicamente, e com exclusividade, e a
criatividade empregada para dar um aspecto visual inovador.
Não basta que o produto esteja revestido de nova forma plástica ou novo conjunto
de cores e linhas, haja vista que a lei estabelece limites para não infringência a outros
direitos já protegidos pelo sistema jurídico brasileiro e estrangeiro.
86 Propriedade industrial: desenhos industriais
https://goo.gl/u7qovi
a novidade;
a originalidade;
a possibilidade de servir para a fabricação em escala industrial.
Nem sempre o INPI vai analisar se o pedido de registro de desenho industrial preenche
os requisitos da novidade e da originalidade, pois a Lei da Propriedade Industrial não
dispõe sobre essa obrigatoriedade. Todavia, a legislação disponibiliza ao titular do
pedido do registro a possibilidade de requerer o exame de mérito para que o INPI
empregue os esforços necessários para averiguar se o desenho industrial é, de fato,
novo e original. O exame de mérito geralmente é conferido ao titular interessado em
dar maior relevância ao seu registro de desenho industrial e provar para eventuais
parceiros ou concorrentes que a inovação aplicada ao seu produto tem potencial
seguro para exploração comercial.
Garantias do registro
Ultrapassadas as formalidades anteriormente analisadas, o INPI concederá o
registro de desenho industrial ao titular depositante do pedido, estabelecendo,
de acordo com a delimitação formalizada no requerimento inicial, as garantias
conferidas pela legislação que poderão ser utilizadas dentro do período de
vigência regular do desenho industrial.
Em posse do certificado de registro, o titular do registro de desenho indus-
trial terá assegurado o direito de uso exclusivo durante todo o prazo de validade
do registro. Os terceiros interessados em reproduzir as formas de desenho
industrial aplicado a um determinado produto protegido só o poderão fazer
92 Propriedade industrial: desenhos industriais
BRASIL. Lei nº. 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L9279.htm>. Acesso em: 28 jan. 2018.
SILVEIRA, N. Direito de autor no design. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Leituras recomendadas
BARBOSA, D. B. Da ornamentalidade e acessoriedade como características do desenho
industrial. 2013. Disponível em: <http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/200/
propriedade/da_ornamentalidade_acessoriedade_di.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2018.
BRASIL. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Classificação Internacional de
Locarno. 2017. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/desenho/
classificacao>. Acesso em: 28 jan. 2018.
BRASIL. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Guia básico de desenho industrial.
2017. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/desenho>. Acesso em:
28 jan. 2018.