Conhecimentos Bancários para Concursos

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Fundação Biblioteca Nacional

ISBN 978-85-387-2885-6
Série Série

Série Aprova Concursos

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS PARA CONCURSOS


Os concursos no Brasil atraem, todos os anos, milhares de
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concursos, dicas úteis de estudo e muitas outras informações relevantes,
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um concurso.

Conheça alguns títulos da série:

Raciocínio Lógico para Concursos


Conhecimentos Bancários para Concursos
Finanças Públicas para Concursos
Interpretação de Textos para Concursos
Legislação de Trânsito para Concursos

CONHECIMENTOS
Legislação Especial para Concursos (Direito do Idoso – Direito das
Pessoas Portadoras de Deficiência – Declaração Universal dos Direitos
Humanos – Direito da Criança e do Adolescente)
Questões Resolvidas de Língua Portuguesa para Concursos
Questões Resolvidas de Matemática para Concursos
BANCÁRIOS PARA
Questões Resolvidas de Raciocínio Lógico para Concursos
Questões Resolvidas de Direito Constitucional para Concursos
CONCURSOS
Jonas Barbosa Leite Filho
Jonas Barbosa Leite Filho

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
PARA CONCURSOS

3.ª edição

IESDE Brasil S.A.


Curitiba
2012
© 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e
do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
_____________________________________________________________________________
L552c
3.ed.

Leite Filho, Jonas Barbosa


Conhecimentos bancários para concursos / Jonas Barbosa Leite Filho. - 3.ed. - Curi-
tiba, PR : IESDE Brasil, 2012.
192p. : 24 cm. (Aprova concursos)

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-2959-4

1. Mercado financeiro - Brasil. 2. Instituições financeiras - Brasil. 3. Bancos - Ser-


viços ao cliente - Brasil. 4. Serviço público - Brasil - Concursos. I. Título. II.
Série.

12-1160. CDD: 332.1


CDU: 336.7

28.02.12 07.03.12
033501
_____________________________________________________________________________

Atualizado até abril/2012

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: Comstock Complete

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Jonas Barbosa Leite Filho
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas
pela Faculdade Bagozzi. Graduado em Admi-
nistração pelo Centro Universitário S. Andrade.
Trabalhou no Banco do Brasil por 24 anos e atu-
almente ministra aulas de Técnicas Bancárias.
sumário
sumário Economia e mercado financeiro
Economia | 7
Mercado financeiro | 9
7

17
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)
Conceito e panorama geral | 17
Tipos de riscos financeiros | 22
Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS) | 23
27
Mercado de capitais
Mercado primário e mercado secundário | 27
Ações | 28
Debêntures | 33
Commercial paper/promissória comercial | 37
Derivativos | 37
45
Sistema Financeiro Nacional I
Conceitos gerais | 45
Estrutura e funções do Sistema Financeiro Nacional (SFN) | 46
63
Sistema Financeiro Nacional II
Estrutura e funções do Sistema Financeiro Nacional (SFN) | 63
83
Produtos e serviços financeiros I
Títulos de crédito | 83
Depósitos à vista | 87
mário

Tarifas bancárias | 93
Cheque | 97
Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Recibo de Depósito Bancário (RDB) | 106
111
Produtos e serviços financeiros II
Cobrança e pagamento de títulos e carnês | 111
Transferência automática de fundos | 112
Arrecadação de tributos e tarifas públicas | 113
Remote banking | 114
Corporate finance | 116
Dinheiro de plástico | 117
Fundos de investimento | 119
Hot Money | 128
Contas garantidas | 128
Crédito rotativo | 129
Desconto de títulos | 129
Financiamento de capital de giro e capital fixo | 130
Vendor finance e compror finance | 130
137
Produtos e serviços financeiros III
Crédito Direto ao Consumidor (CDC) | 137
Crédito rural | 138
Caderneta de poupança | 143
Financiamentos à importação e exportação | 144
Cartões de crédito | 148
Leasing | 148
Títulos de capitalização | 151
Plano Mensal (PM) | 152
Plano Único (PU) | 152
Planos de aposentadoria e pensão privados | 152
Planos de seguros | 155
163
Garantias do Sistema Financeiro Nacional
Garantias pessoais ou fidejussórias | 163
Garantias reais | 167
177
Tipos de sociedade e mercado de câmbio
Tipos de sociedade | 177
Mercado de câmbio | 183
Economia e mercado financeiro

Economia

Noções de política econômica


Entre as diversas obrigações do governo de um país, destacam-se a em-
pregabilidade, o equilíbrio da balança comercial, controlar a inflação, pro-
videnciar para que a renda e a riqueza sejam divididas de maneira equitati-
va e o crescimento da produção. Quando o governo intervém em qualquer
dessas variáveis, ele está praticando a política econômica.

Cada variável dessa pode ser enquadrada, quando executada, em um


tipo de política econômica.

Quando se modifica a estrutura econômica de um país, com a criação ou


extinção de uma empresa pública e a alteração da distribuição de renda, é
caracterizada como política econômica estrutural.

Já uma política econômica de estabilização conjuntural é caracterizada


por medidas de controle de preços, controle de inflação e a falta de produtos
à disposição da população.

A política econômica de expansão é caracterizada pelo uso de instrumen-


tos que possam desenvolver economicamente o país. Exemplo: Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).

E a política econômica pode ainda ser divida em várias outras políticas:


como a fiscal, externa, de rendas e a política monetária.

Noções de política monetária


Conjunto de medidas para controlar o volume da liquidez global à dispo-
sição dos agentes econômicos, nesse caso, liquidez quer dizer: quantidade
de dinheiro que circula na economia.

7
Economia e mercado financeiro

Qualquer ação praticada pelas autoridades monetárias, que tenha como


objetivo alterar a disponibilidade e o custo do dinheiro é chamada de polí-
tica monetária.

Como a política monetária atua sobre a quantidade, essa atuação pode


ser no sentido de retirar a quantidade de moeda em circulação, nesse caso,
chamamos a política monetária de restritiva. Caso a atuação das autoridades
monetárias seja no sentido de aumentar a quantidade de moeda em circula-
ção, chamamos a política monetária de expansionista.

Para entendermos melhor a política monetária, é necessário algumas de-


finições econômicas:

 base monetária – indicador que expressa a oferta de moeda de uma


economia, isto é, a emissão primária de moeda na economia, essencial
para a formulação e avaliação de uma política monetária. É obtida pelo
somatório de papel-moeda em poder do público, inclusive os depó-
sitos à vista, considerando as reservas de caixa para suprir os saques
mantidos pelos bancos comerciais e reservas bancárias compulsórias
recolhidas pelo Banco Central.

 inflação – fenômeno econômico que pode ser interpretado como um


aumento contínuo nos preços gerais da economia, durante certo pe-
ríodo de tempo, ocasionando a perda do poder aquisitivo da moeda.
Trata-se de um processo dinâmico que não deve ser confundido com
alta esporádica de preço. O governo atua sobre a quantidade de moe-
da, de crédito e sobre o índice das taxas de juros de sua economia.

Instrumentos de política monetária


Com esses instrumentos, o Bacen pode aumentar ou diminuir reservas
bancárias em pouco tempo.

 Operações de mercado aberto: também conhecida como open


market. Por meio desse instrumento, o Bacen regula o fluxo de moe-
da via compra e venda dos títulos públicos federais – chamados de
títulos da dívida pública. Fluxo de moeda é o movimento de entrada
e saída de moeda de um mercado. É um instrumento bastante versá-
til por acomodar as variações diárias de liquidez. Operações de open
market são realizadas no mercado secundário.

8
Economia e mercado financeiro

 Redesconto: também chamado de empréstimo de liquidez. Trata-se


de uma linha de crédito do Bacen destinada às instituições financeiras,
com o objetivo de suprir eventuais necessidades de caixa.

 Depósito compulsório: é o percentual sobre produtos financeiros


(depósitos à vista, depósitos a prazo, poupança etc.) que os bancos
são obrigados a recolher ao Bacen.

Mercado financeiro

Sistema Especial de Liquidação


e Custódia de Títulos Públicos (Selic)
Sistema gerenciado e operado pelo Banco Central do Brasil (Bacen) junto
com a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima).
Foi instalado em 1980 e seu horário de funcionamento é das 6h30 às 18h30,
nos dias úteis.

O Selic é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional


e pelo Banco Central do Brasil e também efetua a emissão, o resgate, o pa-
gamento dos juros e a custódia desses títulos. Todos os títulos são emitidos
escrituralmente.

Atenção: a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade


Fiscal), no seu artigo 34, proibiu o Banco Central de emitir títulos públicos
a partir de maio de 2002.

Até janeiro de 1992 o Selic era depositário, também, dos títulos públicos
estaduais e municipais e a partir dessa data eles passaram a ser processados
na Cetip.

Como o Selic está ligado ao Sistema de Transferência de Reservas (STR),


toda negociação dos títulos públicos federais é executada pelo Sistema de
Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), isto é, as operações somente serão
executadas se ocorrer a disponibilidade do título e saldo para liquidação por
parte do comprador naquele momento. As operações serão executadas por
compensação bilateral, isto é, operação por operação.

Para remunerar as operações financeiras realizadas pelo Selic, é determi-


nada uma taxa de juros. De acordo com o Banco Central, a taxa Selic é a taxa
9
Economia e mercado financeiro

média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia,


lastreadas em títulos públicos federais (ou seja, taxas que embutem um risco
de crédito uniforme), registrados e liquidados no próprio Selic ou em siste-
mas operados por câmaras de compensação e de liquidação de ativos.

Existem dois tipos de taxa Selic:

 Selic Over – é a taxa obtida com a realização do cálculo da taxa mé-


dia ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia,
com lastro em títulos públicos, das operações de repasses diários entre
Bacen e instituições financeiras.

 Selic Meta – estipulada pelo Comitê de Política Monetária (Copom),


em reuniões periódicas (total de oito ordinárias ao ano), serve de bali-
zamento para que se consiga atingir as metas de inflação, determina-
da pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Serve de referência para
todas as demais taxas de juros do país. Por isso, é chamada de taxa
básica de juros.

Comitê de Política Monetária


do Banco Central (Copom)
O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de es-
tabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros. A cria-
ção do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado
ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open
Market Committee do Banco Central dos EUA e pelo Central Bank Council do
Banco Central da Alemanha.

Desde 1996, o regulamento do Copom sofreu uma série de alterações


no que se refere ao seu objetivo, periodicidade das reuniões, composição,
e atribuições e competências de seus integrantes. Destaca-se a adoção,
pelo Decreto 3.088 em 21 de junho de 1999, da sistemática de “metas para
a inflação” como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do
Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação defi-
nidas pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mesmo decreto, se as
metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar,
em carta aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento,
bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos
limites estabelecidos.

10
Economia e mercado financeiro

Formalmente, os objetivos do Copom são “estabelecer diretrizes de polí-


tica monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o
Relatório de Inflação”.

A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a taxa Selic (Sis-
tema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período
entre reuniões ordinárias do Comitê (oito reuniões ordinárias por ano).

O Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presi-


dente do Banco Central para alterar a meta para a taxa Selic a qualquer mo-
mento entre as reuniões ordinárias. São três as possibilidades: viés de alta,
viés de baixa e viés neutro (ou sem viés). Ou seja, se o Copom definir viés
de alta, o presidente do Bacen estará autorizado a aumentar a meta da taxa
Selic antes da próxima reunião do Copom; se o Comitê definir viés de baixa, o
presidente do Bacen estará autorizado a baixá-la. Sendo definido viés neutro
ou sem viés, não há autorização alguma e a taxa estabelecida vigorará até a
próxima reunião do Copom.

As atas em português das reuniões do Copom são divulgadas às 8h30


da quinta-feira da semana posterior a cada reunião, dentro do prazo regu-
lamentar de seis dias úteis, sendo publicadas na página do Banco Central
na internet (“Notas da Reunião do Copom”) e para a imprensa. A versão em
inglês é divulgada com uma pequena defasagem de cerca de 24 horas.

Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o


Copom publica, em português e em inglês, o documento “Relatório de In-
flação”, que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do
país, bem como apresenta suas projeções para a taxa de inflação.

As reuniões ordinárias1 são realizadas em duas sessões, a primeira, às 1


Para saber quais são os
membros do Copom e as
terças-feiras, reservada às apresentações técnicas de conjuntura, e a se- datas das reuniões acesse:
www.bcb.gov.br
gunda, às quartas-feiras, para decisões das diretrizes de política monetária.
A divulgação das decisões do Copom será feita na data da segunda sessão
da reunião ordinária, após as 18h.

Cetip S.A. – Balcão Organizado


de Ativos e Derivativos
A Cetip foi criada em 1986 pelas instituições financeiras e o Banco Cen-
tral do Brasil, com o objetivo de registrar e negociar os títulos e valores
mobiliários de renda fixa privados. Em 1992 passou a custodiar e liquidar,

11
Economia e mercado financeiro

também, os títulos públicos estaduais e municipais. Criada inicialmente


como uma empresa sem fins lucrativos, passou a proporcionar mais segu-
rança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro. Em maio
de 2008, a Cetip passou a ser uma Sociedade Anônima, e em outubro de
2009 passou a ter capital aberto com ações negociadas na BM&F Bovespa.
Assim, deixou de ser uma empresa sem fins lucrativos.

A Cetip, como toda câmara de compensação (clearing), é ágil e flexível


para administrar as garantias que são exigidas dos participantes, asseguran-
do a liquidação das operações.

As operações registradas na Cetip são garantidas, pois quem compra tem


certeza de que o título é válido, e quem vende tem certeza do recebimento
do valor.

Em qualquer negócio realizado em um dos sistemas da Cetip, a transfe-


rência dos títulos só se realiza após os itens básicos de segurança serem che-
cados – código de acesso, senha, validade de datas etc. As informações do
vendedor e do comprador terão que estar compatíveis. Se houver qualquer
incompatibilidade em apenas um dado dos envolvidos, o sistema não exe-
cutará a operação.

Os principais títulos registrados na Cetip são o Certificado de Depósi-


to Bancário (CDB), swaps, debêntures, Letras Hipotecárias (LH), Cédula de
Produto Rural (CPR), cotas de fundos de investimento abertos e fechados e
ativos utilizados como moeda de privatização, entre outros.

A Cetip não é contraparte central das operações negociadas e/ou re-


gistradas nos mercados organizados.
Tem a sede no Rio de Janeiro e um escritório em São Paulo.
Funcionamento: de segunda a sexta-feira – das 6h30 às 20h00 nos
dias considerados úteis.
Registra os títulos públicos estaduais e municipais emitidos após 1992.

Dicas de estudo
 Memorizar os objetivos da política econômica.

 Saber quais são os instrumentos de política monetária.

12
Economia e mercado financeiro

 Memorizar quando e por quem foi criado o Selic e quais os títulos que
o sistema custodia e liquida.

 Observar os interstícios entre as reuniões do Copom, sua composição


e sua finalidade.

 Gravar quais são os títulos custodiados e liquidados pela Cetip.

Atividades
1. (CEF) A política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de
pagamento, títulos públicos e taxas de juros, modificando o custo e o
nível de oferta do crédito. O Banco Central administra a política mone-
tária por intermédio dos seguintes instrumentos clássicos de controle
monetário:

I. recolhimentos compulsórios;
II. operações de mercado aberto – open market;
III. limites e políticas de alçadas internas de crédito;
IV. políticas de redesconto bancário e empréstimos de liquidez;
V. depósitos à vista e cadernetas de poupança.

Estão corretos apenas os instrumentos:

a) I, II e III.

b) I, II e lV.

c) I,III e lV.

d) II,III e V.

e) III, IV e V.

2. Indique se a frase está certa ou errada; se errada, justifique a resposta.

a) (BB) O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) foi estrutu-


rado pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto
(Andima) e pelo Bacen.

(( Certo.

13
Economia e mercado financeiro

(( Errado.

b) (BB) O Copom, constituído no âmbito do Bacen, tem como obje-


tivo implementar as políticas econômica e tributária do governo
federal.

(( Certo.
(( Errado.

c) (BB) Os ativos e contratos registrados na Cetip representam quase


a totalidade dos títulos e valores mobiliários privados de renda fixa,
além de derivativos, dos títulos emitidos por estados e municípios
e do estoque de papéis utilizados como moedas de privatização,
de emissão do Tesouro Nacional.

(( Certo.
(( Errado.

Gabarito
1. B

2.
a) Certo.

b) Errado.

Formalmente, os objetivos do Copom são “implementar a política


monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés, e anali-
sar o ‘Relatório de Inflação’. ”

c) Certo.

14
Economia e mercado financeiro

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

15
Sistema de Pagamentos Brasileiro
(SPB)

Conceito e panorama geral


O Sistema de Pagamentos Brasileiro é o conjunto de procedimentos,
regras, instrumentos e operações integradas que dão suporte à movimenta-
ção financeira entre os diversos agentes econômicos do mercado, tanto em
moeda local quanto estrangeira.

Sua função básica é permitir a transferência de recursos, o processamen-


to e a liquidação de pagamentos para pessoas físicas, empresas e governos.

Assim, sempre que emitimos um cheque, fazemos compras com o cartão


de crédito ou enviamos uma Transferência Eletrônica Disponível (TED), esta-
mos acionando esse sistema.

As instituições financeiras também se valem do mesmo sistema para re-


alizar as transferências diárias oriundas de suas próprias transações. Essas
transferências ocorrem através da movimentação dos saldos das contas
de reservas bancárias que as instituições mantêm junto ao Banco Central
(Bacen). Cabe ao Bacen não só regulamentar a liquidação financeira de tais
contas de reserva bancária, como estabelecer as regras de controle de riscos
a serem seguidas no SPB.

O objetivo do SPB é aumentar a segurança do mercado, oferecendo maior


proteção contra possíveis rombos ou quebra em cadeia (efeito dominó) de
instituições financeiras.

Em 2002, o Sistema de Pagamentos Brasileiro passou por um processo de


reestruturação destinado a aumentar a segurança contra os diversos riscos a
que o mercado financeiro está exposto. Além do Bacen, integram o SPB:

 Instituições financeiras;

 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) – clearing de ati-


vos de títulos de renda variável;

17
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

 Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ati-


vos da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) – clearing de
ativos de títulos de renda fixa;

 Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de


Câmbio Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) – clearing
de câmbio;

 Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de De-


rivativos Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) – clearing de
derivativos;

 Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (Cetip);

 Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic);

 Visanet e Redecard;

 Tecnologia Bancária (Tecban);

 Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

A Rede do Sistema Financeiro Nacional (RFSN) intermedeia, através de


mensagens eletrônicas, os recursos financeiros transferidos no Sistema de Pa-
gamentos Brasileiro. Obedecem a um padrão e o rigor de segurança exigidos
para esse tipo de transferência, como criptografia e certificação digital.

A RSFN é a estrutura de comunicação de dados, implementada por meio


de tecnologia de rede, criada com a finalidade de suportar o tráfego de men-
sagens entre as instituições financeiras titulares de conta de reservas ban-
cárias, entre as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de
liquidação, a Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco Central, no âmbito do
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

As transferências podem ser feitas por meio de Liquidação Bruta em


Tempo Real (LBTR) ou Liquidação Diferida Líquida (LDL), dependendo do
tipo de transação.

A LBTR ocorre ao longo do dia, de forma simultânea, operação por opera-


ção, em todos os dias considerados úteis para fins de operações praticadas no
mercado financeiro. Exemplos: TED e transferências de reservas bancárias.

LDL – liquidação em D+0 até D+3, geralmente liquidada em compensa-


ção multilateral de obrigações entre as instituições participantes. Exemplos:
cheque, DOC, cobrança.
18
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Sistema de Transferência de Reservas (STR)


O STR é um sistema de transferência de fundos com Liquidação Bruta em
Tempo Real (LBTR), operado pelo Banco Central do Brasil, que funciona com
base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a ser debitada
pode emitir a ordem de transferência de fundos. O sistema é de importância
fundamental principalmente para liquidação de operações interbancárias
realizadas nos mercados monetário, cambial e de capitais, inclusive no que
diz respeito à liquidação de resultados líquidos apurados em sistemas de
compensação e liquidação operados por terceiros.

São também liquidados por intermédio do STR os cheques de valor


igual ou superior ao Valor de Referência para Liquidação Bilateral de Che-
ques (VLB-Cheque) – R$250 mil. Bem como os boletos de cobrança de valor
igual ou superior ao Valor de Referência para Liquidação Bilateral de Bole-
tos de Cobrança (VLB-Cobrança) – R$5 mil. Nos dois casos, a liquidação é
feita bilateralmente entre os bancos, por valores brutos agregados (sem
compensação).

As ordens de transferência de fundos podem ser emitidas pelos partici-


pantes em nome próprio ou por conta de terceiros, a favor do participante
destinatário ou de cliente do participante destinatário, sem qualquer limita-
ção de valor. A transferência de fundos é considerada final, isto é, irrevogável
e incondicional, no momento em que feitos os correspondentes lançamen-
tos nas contas de liquidação (contas de reservas bancárias, conta única do
tesouro nacional e contas mantidas no Banco Central do Brasil por entidades
operadoras de sistemas de compensação e de liquidação). O participante
destinatário é informado da transferência de fundos apenas no momento
em que ocorre sua liquidação.

Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP)


Trata-se de uma câmara de registro, compensação e liquidação eletrônica
das transferências de recursos de clientes e de instituições financeiras. Con-
trolada pelos maiores bancos brasileiros, a CIP contribui para a redução dos
custos financeiros e operacionais das instituições envolvidas. Funciona com
aporte de garantias no início de cada dia e liquida as operações, ao final do
dia, por meio da compensação de seus valores líquidos (diferença entre os
valores recebidos e os valores pagos).

19
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Sistema de Liquidação Diferida das Transferên-


cias Interbancárias de Ordens de Crédito (Siloc)
O Siloc liquida obrigações interbancárias relacionadas com os Docu-
mentos de Crédito (DOC) e com os boletos de cobrança de valor inferior
ao VLB-Cobrança. A liquidação é feita, com compensação multilateral de
obrigações, em contas de reservas bancárias, geralmente no dia útil se-
guinte ao de emissão do DOC, ou do recebimento do pagamento, no caso
do boleto de cobrança. O sistema, operado pela CIP, entrou em operação
em 18 de fevereiro de 2004.

Sistema de Transferência de Fundos (Sitraf)


O Sitraf, que é operado pela CIP, utiliza compensação contínua de obri-
gações (continuous net settlement). As ordens de transferência de fundos
são emitidas para liquidação no mesmo dia (D), por assim dizer, “quase em
tempo real”. É um sistema híbrido de liquidação no sentido de que reúne
características dos Sistemas de Liquidação Diferida com Compensação de
Obrigações (LDL) e dos Sistemas de Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR).
Em situações de agendamento, a ordem de transferência de fundos é sub-
metida ao processo de liquidação no início do dia indicado.

O sistema, que entrou em funcionamento em 6 de dezembro de 2002,


funciona com base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a
ser debitada pode emitir a ordem de transferência de fundos, a qual pode ser
feita em nome próprio do participante ou por conta de terceiros, a favor do
participante destinatário ou de cliente do participante destinatário.

A liquidação é efetuada com base em recursos mantidos pelos partici-


pantes no Banco Central do Brasil, seja no que diz respeito aos pré-depó-
sitos efetuados no início de cada dia ou às suas eventuais complementa-
ções, seja no que diz respeito às transferências de fundos efetuadas para
atendimento das ordens de transferência de fundos no denominado ciclo
complementar.

Transferência Eletrônica Disponível (TED)


Mecanismo de transferência de recursos que permite maior agilidade e
segurança às transações interbancárias para realizar transferências interban-
cárias de valores iguais ou superiores a R$3.000,00.

20
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Esse tipo de transferência pode ser liquidado por intermédio do Sistema


de Transferência de Recursos (STR) ou da Câmara Interbancária de Paga-
mentos (CIP).

Movimentação de reservas bancárias


Quanto às contas de reservas bancárias, mantidas pelas instituições fi-
nanceiras bancárias junto ao Bacen, para evitar que o Bacen tenha que as-
sumir o risco de falta de liquidez dos bancos comerciais ou múltiplos, eles
não podem, em hipótese alguma e em nenhum momento do dia, ter saldo
negativo nessas contas. Cria-se nos bancos a atividade do “piloto de reser-
vas”, representado por profissional especializado com o objetivo de garantir
a permanente disponibilidade de recursos na conta de reservas bancárias.

Todas as contas de reservas bancárias serão monitoradas pelo Bacen atra-


vés do Sistema de Transferência de Reservas (STR), seja em tempo real, ope-
ração por operação, seja pela compensação líquida de saldos.

As operações de movimentação nas contas de reservas bancárias não po-


derão ser canceladas, pois os lançamentos são finais, ou seja, irrevogáveis e
irreversíveis.

Função e funcionamento das clearing house


Em qualquer tipo de negociação, em que uma pessoa tem que entregar
um produto e outra tem que realizar o pagamento, existem riscos. O cheque
do pagamento pode estar sem fundos, o produto pode não ser aquele com-
binado etc. Para reduzir esse tipo de risco existem instituições que efetuam
a compensação e a liquidação das operações no âmbito dos títulos e valo-
res mobiliários. Essas instituições são as clearing houses, assim chamadas as
casas de compensação, que garantem a realização das operações, transferin-
do os valores envolvidos para quem vendeu e entregando/transferindo os
títulos para quem comprou. Podem utilizar a compensação multilateral ou a
compensação bilateral.

A atuação das clearing houses, quando atuam em um sistema importante,


como negociação de compra e venda de títulos públicos ou ações, represen-
ta uma segurança maior no sentido de preservar a solidez e a regularidade
do Sistema Financeiro Nacional.

21
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

 Compensação bilateral: compensação envolvendo os participantes


aos pares.

 Compensação multilateral: procedimento destinado à apuração in-


dividual da soma algébrica dos resultados bilaterais devedores e cre-
dores do participante em cada banco liquidante.

Tipos de riscos financeiros

Risco de crédito
Qualquer sistema de pagamentos está sujeito a riscos. No antigo SPB, a
principal fonte de insegurança residia no fato de não haver controle on-line
pelo Bacen das contas de reservas dos bancos.

Além dos riscos operacionais, havia a defasagem de tempo entre a con-


tratação e a liquidação das operações, denominada lag de liquidação. Esse
lag abria a possibilidade de o devedor tornar-se inadimplente antes da qui-
tação do compromisso assumido. É o que se chama de risco de crédito. A
reestruturação do SPB eliminou esse risco ao viabilizar o controle on-line das
contas de reservas dos bancos, pelo Bacen.

Risco de imagem
O risco de imagem advém da mesma situação. Ocorre porque a institui-
ção de origem da operação pode ter sua imagem desgastada perante seus
clientes e o mercado.

Há ainda a possibilidade de um simples atraso no recebimento de valores


causar transtornos à tesouraria de um banco e gerar, por consequência, tur-
bulências no mercado. Isso porque a situação pode levar o banco a financiar
no mercado o desequilíbrio do seu caixa, caracterizando-se, assim, o risco de
liquidez.

Risco sistêmico
Os riscos de liquidez e de crédito podem gerar o risco sistêmico. Ele
ocorre quando as situações de instabilidade geram um efeito dominó, en-
volvendo várias ou todas as instituições financeiras vinculadas ao sistema de
pagamentos.

22
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Isso significa que mesmo aqueles bancos não vinculados diretamente ao


problema podem sofrer os efeitos de uma reação em cadeia. Para o merca-
do, quando um banco deixa de honrar qualquer compromisso, ele rompe a
cadeia de pagamentos e contribui para a instalação do risco sistêmico. Sem
os mecanismos de gerenciamento de risco adotados no novo SPB, todo o
mercado sofria as consequências de uma crise dessa natureza.

Cadastro de Clientes do
Sistema Financeiro Nacional (CCS)
O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional é um sistema in-
formatizado, centralizado no Banco Central do Brasil, que permite indicar
onde os clientes de instituições financeiras mantêm bens, direitos e valores,
diretamente ou por seus representantes legais e procuradores.

A Lei 10.701/2003 determinou ao Banco Central a manutenção de um


“cadastro geral de correntistas e clientes de instituições financeiras, bem
como de seus procuradores”. O legislador considerou que há dificuldades em
identificar contas de depósitos e ativos mantidos no sistema financeiro por
pessoas físicas e jurídicas, o que tem comprometido investigações e ações
destinadas a combater a criminalidade.

A iniciativa do projeto de lei partiu de Comissão Parlamentar de Inqué-


rito do Congresso Nacional, que investigou o avanço e a impunidade do
narcotráfico.

Além disso, o Banco Central estava precisando de um instrumento que


lhe permitisse dar rápida sequência aos pedidos de informações vindos do
Poder Judiciário, bem como às suas próprias necessidades de localização de
contas e bens, direitos e valores no sistema.

Poderão requisitar as informações constantes do cadastro o Poder Judici-


ário, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), o Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (Coaf ) e outras autoridades, quando devidamente
habilitadas e legitimadas para requisitar informações.

O cadastro não contém dados de valor, de movimentação financeira ou


de saldos de contas e aplicações, mas apenas os seguintes dados de rela-
cionamento dos clientes com as instituições do Sistema Financeiro Nacional
(SFN):

23
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

 a identificação do cliente, seu representante legal e procurador;

 a instituição financeira onde o cliente mantém seus ativos e/ou inves-


timentos;

 as datas de início e fim de relacionamento, se houver.

O Cadastro permite, ainda, que sejam requisitados às instituições finan-


ceiras, por ofício eletrônico, os dados de agência, número e tipos de contas
mantidas pelo cliente.

Dica de estudo
 Saber os tipos de riscos financeiros é muito importante. Não esquecer
o que é LBTR e LDL.

Atividades
1. O Sistema de Pagamentos Brasileiro é o conjunto de procedimentos,
regras, instrumentos e operações integrados que, por meio eletrôni-
co, dão suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes
econômicos do mercado brasileiro. Sua função básica é

a) reestruturar as operações de empréstimos e pagamen­tos, princi-


palmente as operações de leasing, CDC e cartão de crédito.

b) realizar a adaptação das instituições financeiras brasileiras aos mer-


cados bancários internacionais, facilitando os pagamentos e a movi-
mentação financeira.

c) conduzir as operações de redesconto e de transferências unilaterais


de crédito entre pessoas físicas, jurídicas, entes governamentais e
instituições estrangeiras.

d) conduzir as operações de pagamentos no mercado bancário e co-


mercial brasileiro, utilizando o sistema de compensação nacional.

e) permitir a transferência de recursos financeiros e o processamento


e liquidação de pagamentos para pessoas físicas, jurídicas e entes go-
vernamentais.

24
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Gabarito
1. E

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

25
Mercado de capitais

Mercado primário e mercado secundário


O mercado primário compreende o lançamento de novas ações/de-
bêntures no mercado, com aporte de recursos para a companhia. Ou seja,
quando um título é lançado no mercado pela primeira vez, ocasião em que o
valor da operação vai para a empresa que o lançou, chamamos de mercado
primário.
Após a apropriação pela empresa que lançou o título, as demais opera-
ções de compra e venda caracterizam-se como sendo do mercado secundá-
rio, já que o valor não vai para a empresa que lançou o título.
Quando uma empresa vai abrir seu capital, cumprindo as exigências da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e coloca à venda um grande lote de
ações de propriedade de alguma acionista, a operação é considerada uma
distribuição no mercado secundário. Esses mesmos princípios valem para os
títulos de renda fixa, como títulos públicos, CDB etc.

Valores mobiliários
Valores mobiliários são aqueles papéis (títulos) que possuem valor para
negociação, podem ser bônus de subscrição, debêntures, ações, certificados
de depósitos bancários, cotas de fundos de investimentos, cédulas de de-
bêntures, notas promissórias comerciais, contratos de derivativos etc.

Os valores mobiliários negociáveis em bolsa são os emitidos por socieda-


des anônimas de capital aberto. O capital de sociedades anônimas é dividido
em ações, caso ela não queira sócios, ela emite debêntures, que são títulos
para captação de capital para investimentos de médio e longo prazo.

Empresas de capital aberto


Chamadas também de companhias abertas. São aquelas que têm seus
papéis (títulos de captação) negociados no mercado de balcão ou bolsas de
valores, desde que registrados e autorizados pela CVM.

27
Mercado de capitais

Empresas de capital fechado


São aquelas cujos valores mobiliários (ações, debêntures e commercial
papers) são restritos a um grupo de investidores, e não podem ser negocia-
dos em bolsas de valores e em mercados de balcão organizados.

Ações
Ação é a menor parcela representativa do capital social de uma socie-
dade anônima. Quando compra uma ação, o investidor se torna acionista
da empresa, quer dizer, torna-se um sócio, com direito aos bens e lucros.
A responsabilidade do acionista está limitada ao valor das suas ações, ou
seja, se a empresa for à falência, o acionista perde apenas o valor das ações
adquiridas.

A Lei 6.404/76 dita:


Art. 1.º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a
responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas.

Ao comprar ações, o investidor espera ter lucros com a sua aquisição,


mas por ser um título de renda variável, esse retorno não é uma certeza. Não
existe uma promessa de rendimento embutido ao título. O principal retorno
de aquisição de ações são os dividendos, que se caracterizam pelos lucros da
sociedade anônima distribuídos aos acionistas.

Caso o desempenho da companhia esteja em crescimento, o valor da


ação tende a subir. Se o investidor vender a ação por um valor maior do que
ele adquiriu, diz-se que ele obteve lucro.

Tipos de ações

Ordinárias (ON)
A característica principal desse tipo de ação é o fato de que ela permite
que seu proprietário tenha direito a voto nas assembleias gerais da empresa,
influenciando nas alterações dos estatutos, na eleição da diretoria etc.

28
Mercado de capitais

Preferênciais (PN)
Tem como característica principal dar ao acionista preferência em receber
dividendos e ser reembolsado do capital, no caso de dissolução da empresa.
Podem ser diferenciadas por classes, como letras que apareçam após sua de-
nominação. A emissora é quem estabelece as características de cada classe
de ação.

De fruição
Tipo de ação que confere ao titular participação nos dividendos e no
acervo e preferência de aquisição de novas ações. Conserva o direito de voto
e é de posse e propriedade dos fundadores da companhia. São ações que
têm sua amortização deliberada em assembleia ou no estatuto da empresa.
Esse tipo de ação concorre ao acervo líquido, depois de assegurado os direi-
tos daquelas não amortizadas.

Nominativas
A CVM define as ações nominativas como aquelas emitidas em nome de
seu titular, o qual estará inscrito no Livro de Registro de Ações Nominativas.

Escriturais
A CVM define as ações escriturais como aquelas cujo controle da posição
dos titulares é feito por instituições financeiras especificamente autorizadas
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a prestação do serviço de
ações escriturais.

As ações conferem a seus titulares os seguintes direitos:

 Dividendos – parcela do lucro da empresa distribuído aos seus acio-


nistas em proporção ao seu número de ações daquela empresa.

 Bonificações – quando uma companhia incorpora reservas ou lucros


em suspenso, estes foram retirados do lucro da empresa em determi-
nado período. Por fazerem parte dos lucros, que pertencem aos acio-
nistas, estes são obrigatoriamente transformados em ações e estas são
distribuídas aos acionistas, proporcionalmente à quantidade que eles
já possuem. Por serem valores já incorporados ao patrimônio da em-
presa, a transformação em ações aumenta o capital, mas não altera o
patrimônio.

29
Mercado de capitais

 Direitos de subscrição – quando a empresa vai aumentar seu capital


social, lançando novas ações no mercado, geralmente ela dá o direito
aos acionistas de adquirir lotes das novas ações em condições mais
vantajosas, em proporção às possuídas. A esse direito dá-se o nome de
Direito de Subscrição, que é um valor mobiliário que pode ser negocia-
do na bolsa de valores.

Subscrição de ações
Também chamada de underwriting, ocorre quando uma sociedade anôni-
ma, com o intuito de captar recursos para concretizar investimentos decididos
em assembleia geral dos acionistas, emite novas ações que serão negociadas
no mercado, sempre com a intermediação de bancos de investimentos, bancos
múltiplos com carteira de investimentos, corretoras de títulos e valores mobi-
liários e distribuidoras de valores mobiliários. A esse tipo de emissão dá-se o
nome de operação de subscrição de ações no mercado primário.

As vantagens para subscrição de novas ações são o acesso a uma fonte


de recursos, o que fortalece a empresa; o crescimento potencial da empresa;
a liquidez para os títulos já emitidos e o desenvolvimento da imagem, que
estará na mídia durante o processo, entre outras.

As desvantagens são a distribuição de lucros aos novos acionistas; a obri-


gatoriedade de auditoria; a apresentação de contas de resultado; a anuidade
à bolsa de valores; manter informações à CVM, bolsas e mídia, entre outras.

As diversas formas de se realizar uma operação de underwriting são:

 abertura de capital – uma sociedade de capital fechado resolve ofe-


recer ações pela primeira vez ao mercado em geral;

 aumento de capital – quando uma companhia de capital aberto deci-


de oferecer novas ações ao mercado investidor;

 abertura de capital via block-trade – quando uma sociedade anônima


resolve abrir seu capital através da venda de um lote de ações perten-
centes a um acionista, ou a um grupo de acionistas, por meio de leilão.

30
Mercado de capitais

 Block-trade de ações de companhias abertas – muito parecido com


a descrição anterior, mas com algumas características próprias, regula-
das pela Bolsa de Valores e pela CVM, de títulos que a empresa possui
em carteira.

 Juros sobre capital próprio – utilizado para remunerar os acionistas


com os rendimentos obtidos sobre a parte dos lucros não distribuídos
e investidos pela empresa. Como é contabilizado como custo, pode ser
abatido no Imposto de Renda devido pela empresa.

As sociedades anônimas podem, ainda, tomar algumas medidas que


afetam o mercado acionário. Duas delas são:

 Operação de Split (desdobramento) – aumenta o número de ações


por meio de desdobramento proporcional. Exemplo: uma ação de
R$10,00 pode ser desdobrada/dividida em 10 ações de R$1,00. Essa
operação não modifica o capital da empresa, aumentando apenas o
número de ações existentes.

 Operação de Inplit (agrupamento) – reunem-se de ações por meio


de um agrupamento. Exemplo: 10 ações de R$1,00 cada podem ser
agrupadas em uma ação apenas, com o valor de R$10,00. Como des-
crito no item anterior, essa operação não altera o capital da empresa.
As ações podem também ser classificadas em ações “com” e ações
“ex”:

 ações “com” (cheias) – ações que conferem a seu titular o direito aos
proventos distribuídos pelas empresas;

 ações “ex” (vazias) – ações cujo direito ao provento já foi exercido


pelo acionista. Somente podem ser negociadas, em pregão de bol-
sa, as ações que não possuam proventos anteriores a receber. Assim,
quando a assembleia de uma empresa aprova a distribuição de um
novo provento, as ações passam a ser negociadas “ex”.

31
Mercado de capitais

Mercado à vista das ações


Uma operação à vista é a compra ou venda, em pregão, de determinada
quantidade de ações para liquidação imediata. A liquidação física (entrega
dos papéis) é feita em D+2, e a liquidação financeira (pagamento), em D+3.

A definição de D+ quer dizer, dia mais a quantidade de dias indicado. Exem-


plo: D+2: dia da negociação mais dois dias para efetuação da entrega física. Se
o negócio foi realizado dia 1, a entrega dos papéis será realizada dia 3.

É permitida, no mercado à vista, a realização de operações de compra e


venda de uma mesma ação em um mesmo pregão, por uma mesma corre-
tora e por conta de um mesmo investidor. É uma operação de arbitragem
conhecida como day trade, ocorrendo sua liquidação financeira por com-
pensação em D+3.

Tipos de ordem de compra e venda


 Ordem a mercado: quando o investidor especifica à corretora apenas
a quantidade e as características dos títulos que deseja comprar ou
vender.

 Ordem administrada: quando o investidor especifica à corretora ape-


nas a quantidade e as características dos títulos que deseja comprar ou
vender, deixando para a corretora escolher o momento que quiser.

 Ordem limitada: quando o investidor estabelece o preço máximo ou


mínimo pelo qual ele quer comprar ou vender determinada ação. Ela
somente será executada por um preço igual ou menor do que o indi-
cado.

 Ordem casada: quando o investidor determina uma ordem de com-


pra de um título e uma venda de outro, condicionando sua efetivação
ao fato de ambas poderem ser executadas.

 Ordem de financiamento: quando o investidor determina uma ordem


de compra (ou venda) de um título em um tipo de mercado e uma ou-
tra concomitante de venda (ou compra) de igual título, no mesmo ou
em outro mercado, com prazos de vencimentos distintos.

32
Mercado de capitais

Debêntures

O que são debêntures?


(ANDIMA; ABRASCA)

1. O que são debêntures?

São valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazos


que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito contra a
companhia emissora.

2. Quem pode emitir debêntures?

A captação de recursos no mercado de capitais, via emissão de debêntures,


pode ser feita por Sociedade por Ações (S.A.), de capital fechado ou aberto.
Entretanto, somente as companhias abertas, com registro na CVM – Comissão
de Valores Mobiliários – podem efetuar emissões públicas de debêntures.

3. Como a companhia paga pelos recursos obtidos na emissão?

A possibilidade de a emissora determinar o fluxo de amortizações e as


formas de remuneração dos títulos é o principal atrativo das debêntures. Essa
flexibilidade permite que as parcelas de amortização e as condições de remu-
neração se ajustem ao fluxo de caixa da companhia, ao projeto que a emissão
está financiando – se for o caso – e às condições de mercado no momento da
emissão.

4. O que é uma escritura de emissão?

É o documento em que estão descritas as condições sob as quais a de-


bênture será emitida, tais como direitos conferidos pelos títulos, deveres da
emissora, montante da emissão e quantidade de títulos, datas de emissão e
vencimento, condições de amortização e remuneração, juros, prêmio etc.

5. Qual o prazo de resgate de uma debênture?

As debêntures são papéis de médio e longo prazo. A data de resgate de


cada título deve estar definida na escritura de emissão. A companhia pode,
ainda, emitir títulos sem vencimento, também conhecidos como debêntures
perpétuas.

33
Mercado de capitais

6. O que são debêntures conversíveis?

São aquelas que podem ser trocadas por ações da companhia emissora.

As debêntures conversíveis – e também as não conversíveis – podem con-


templar cláusulas de permutabilidade por outros ativos ou por ações de emis-
são de terceiros que não a emissora. As condições de conversibilidade, bem
como as de permutabilidade, devem estar descritas na escritura de emissão.

7. Qual a diferença entre debênture nominativa e escritural?

A debênture nominativa é aquela cujos registro e controle das transferên-


cias são realizados pela companhia emissora no Livro de Registro de Debên-
tures Nominativas. A escritural, por sua vez, é aquela cuja custódia e escritura-
ção são feitas por instituição financeira autorizada pela CVM para prestar tais
serviços.

8. Quais são as espécies de debêntures?

As espécies de garantias poderão ser constituídas cumulativamente. Em


função do tipo de garantia oferecida ou da ausência de garantia, as debêntu-
res são assim classificadas:

 com garantia real – garantidas por bens integrantes do ativo da com-


panhia emissora, ou de terceiros, sob a forma de hipoteca, penhor ou
anticrese;
 com garantia flutuante – asseguram privilégio geral sobre o ativo da
emissora, em caso de falência. Os bens objeto da garantia flutuante não
ficam vinculados à emissão, o que possibilita à emissora dispor desses
bens sem a prévia autorização dos debenturistas;
 quirografária ou sem preferência – não oferecem privilégio algum so-
bre o ativo da emissora, concorrendo em igualdade de condições com
os demais credores quirografários, em caso de falência da companhia; e

 subordinada – na hipótese de liquidação da companhia, oferecem pre-


ferência de pagamento tão somente sobre o crédito de seus acionistas.

9. Qual a diferença entre emissão pública e privada?


A primeira é direcionada ao público investidor em geral, feita por compa-
nhia aberta, sob registro na CVM. Já a emissão privada é voltada a um grupo
restrito de investidores, não sendo necessário o registro na Comissão.

34
Mercado de capitais

10. Como transcorre um processo de emissão pública de debêntures?

A emissão de debêntures é decidida em assembleia geral de acionistas ou


em reunião do conselho de administração da emissora, ambos com poderes
para estabelecer todas as condições da emissão.

A companhia deve escolher uma instituição financeira (banco de investi-


mento ou múltiplo, corretora ou distribuidora de títulos e valores mobiliários)
para estruturar e coordenar todo o processo de emissão.

Essa instituição, denominada coordenador líder, será responsável pela mo-


delagem da operação; transformação da empresa em Sociedade por Ações e
obtenção de registro de companhia aberta, caso seja necessário; preparação
da documentação e registro da emissão pública na CVM; formação do consór-
cio de distribuição; apresentações (road shows); apuração de bookbuilding se
for o caso; e colocação dos títulos aos investidores.

O coordenador é responsável, ainda, pela realização de uma diligência (due


diligence process) sobre as informações da emissora que serão distribuídas ao
público investidor e utilizadas para a elaboração do prospecto de emissão.

11. Qual a finalidade do prospecto de emissão?

Esse documento, obrigatório nas emissões públicas, consolida todas as in-


formações relevantes sobre a emissora, permitindo aos potenciais investido-
res uma correta avaliação da situação da companhia e das condições gerais
da emissão.

12. O que é rating de uma emissão de debêntures?

O rating é uma classificação efetuada por empresa especializada inde-


pendente (agência de rating) que reflete sua avaliação sobre o grau de risco
envolvido em determinado instrumento de dívida. No caso de uma emissão
de debêntures, avalia a probabilidade de a companhia emissora não honrar
os compromissos financeiros assumidos na escritura de emissão (risco de
default).

13. O que é bookbuilding?

É um mecanismo de consulta prévia ao mercado para definição da remu-


neração das debêntures ou do ágio/deságio no preço de subscrição, tendo

35
Mercado de capitais

em vista a quantidade de debêntures, para diferentes níveis de taxa, que cada


investidor tem disposição de adquirir.

14. O que é underwriting?

É a operação de distribuição primária de debêntures, ou seja, a primeira


venda dos títulos após a sua emissão. Tal processo é conduzido por institui-
ção financeira contratada pela emissora, denominada coordenador líder, e
pode contar com a participação de outras instituições intermediárias (pool de
colocação).

15. Qual a diferença entre mercado primário e secundário de


debêntures?

Entende-se como mercado primário aquele em que os títulos são oferta-


dos pela primeira vez pela companhia emissora, através do pool de colocação,
obtendo assim recursos para suprir suas necessidades financeiras.

O mercado secundário é aquele em que são efetuadas as operações de


compra e venda de debêntures pelos investidores.

16. Onde são negociadas as debêntures no mercado secundário?

Atualmente, a forma mais comum é no mercado de balcão organizado –


sistemas de negociação de títulos supervisionados por entidade autorregu-
ladora, devidamente autorizada pelo Banco Central e pela CVM. No caso das
debêntures, o principal é o SND – Sistema Nacional de Debêntures –, adminis-
trado pela CETIP – Câmara de Liquidação e Custódia – com base nas políticas
e diretrizes fixadas pela ANDIMA – Associação Nacional das Instituições do
Mercado Financeiro. Nesse caso, os investidores interessados em adquirir os
papéis devem procurar uma instituição financeira autorizada a operar nesse
mercado. As debêntures também podem ser negociadas em sistemas eletrô-
nicos, a exemplo do que ocorre no CetipNet.

[...]

19. O que é uma assembleia de debenturistas?

É o fórum em que se reúnem os debenturistas para discutir e deliberar sobre


assuntos relativos à emissão, por exemplo, alterações propostas nas caracte-
rísticas da debênture. As assembleias podem ser convocadas pela companhia
emissora, pelo agente fiduciário, pela CVM ou pelos próprios debenturistas.

36
Mercado de capitais

20. Qual a função do agente fiduciário?

O agente fiduciário é o representante legal da comunhão de interesses


dos debenturistas, protegendo seus direitos junto à emissora. Sua presença é
obrigatória nas emissões públicas.

[...]

22. O que são cédulas de debêntures?

São títulos que possibilitam ao seu emitente obter recursos tendo como
garantia o penhor de debêntures emitidas por outras companhias. Esse ins-
trumento permite que uma instituição financeira subscreva debêntures de
algumas empresas e, em seguida, emita cédulas para obter recursos.

Commercial paper/promissória comercial


É um título emitido por sociedade por ações (S.A.), destinado à oferta pú-
blica, para captação de recursos no mercado interno, para financiamento de
capital de giro.

Não podem ser emitidas por instituições financeiras, sociedades corre-


toras e distribuidora de valores mobiliários e sociedades de arrendamento
mercantil (empresas de leasing).

Podem ser transferidos mediante endosso em preto sem direito de re-


gresso. Não possuem garantia, o risco é do investidor (comprador do título).
Podem ser emitidas por sociedades anônimas de capital fechado, pelo prazo
máximo de 180 dias e pelas de capital aberto, pelo prazo de até 360 dias.

Sua emissão é registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e há a


necessidade de intermediação de uma instituição financeira.

Derivativos
São instrumentos financeiros estabelecidos mediante contrato, com a se-
guinte peculiaridade: seus preços são determinados e variam em função dos
preços de outros ativos, que podem ser uma mercadoria, um título de renda
fixa, uma ação, uma moeda estrangeira etc.

37
Mercado de capitais

Os derivativos incluem, principalmente, os contratos a termo, o contrato


de opções, o contrato futuro e os swaps. E apresentam, como uma de suas
principais utilidades, a administração de riscos, que crescem significativa-
mente no mundo globalizado.

Como os derivativos são operações onde procura-se administrar resulta-


dos em eventos futuros incertos, o tratamento matemático necessário é de
alta complexidade, exigindo profissionais de gabarito, como matemáticos e
físicos, na elaboração de modelos para aplicação no mercado financeiro.

As operações com derivativos podem ser realizadas tanto em bolsas


como em balcão. As operações em bolsa são mais fiscalizadas, mais regu-
ladas e com maior divulgação de informações – além de serem públicas em
relação aos preços e volumes negociados, mantendo em sigilo os nomes dos
participantes.

Na operação de balcão, os termos das operações são conhecidos apenas


pelos participantes, estabelecendo livremente as cláusulas do contrato, po-
dendo adaptá-lo às necessidades específicas de cada parte. São operações
mais sigilosas, menos sujeitas à fiscalização e regulação, sem qualquer inter-
ferência do mercado.

Detentor do contrato a termo/futuro.


Procura se proteger contra oscilações de um preço, taxa, índice
etc.
Hedger
Abre mão de possíveis ganhos futuros para não incorrer em per-
das futuras.
Pode-se hedgear tanto na venda como na compra.

Pessoa ou empresa cuja atividade principal não está relacionada


com o bem objeto do contrato derivativo e que assume posi-
ções no mercado para obter a exposição ao risco de oscilação
Especulador de preços.
Ele assume hoje o risco de perdas futuras na esperança de auferir
ganhos futuros. Sem ele, o hedger não teria a quem repassar seu
risco.

Mercado a termo
No mercado a termo, o hedger assegura o preço de um ativo, na compra
ou na venda, fixando seu preço em um prazo predeterminado. Esse tipo de
operação pode ser realizada nas bolsas, tanto de valores quanto de merca-
38
Mercado de capitais

dorias e futuros, e até mesmo no mercado de balcão, dependendo do tipo


de ativo em que foi baseada a operação.

Se a operação for liquidada antecipadamente por solicitação do compra-


dor, é chamada de VC, se for solicitada pelo vendedor é chamada de VV, se
for por acordo mútuo, AM. Nesse caso, as operações podem ser liquidadas
integralmente ou proporcionalmente rateadas (pró-rata).

Essas operações exigem garantias, que variam de 20% do valor do contra-


to, até 100%. Esse percentual vai depender do ativo usado como referência.
Quanto maior a volatilidade, maior a garantia.

As operações a termo são formalizadas em contratos específicos, emiti-


dos e registrados na bolsa em nome das corretoras participantes.

O termo é uma operação de financiamento, o vendido no termo se asse-


gura de uma renda sobre a compra que financiou, e o comprado no termo
garante a lucratividade do vendido com o depósito da margem.

Mercado de opções
Quem compra uma opção tem um direito. Se a opção for de compra (call),
o direito de comprar; se a opção for de venda (put), o direito de vender. O
comprador de uma opção de compra (venda), ou titular dessa opção, tem
o direito de comprar (vender) uma certa quantidade de ações, a um preço
prefixado até uma data determinada.

O vendedor de uma opção de compra (o lançador da opção) fica com


a obrigação de vendê-la. O titular tem sempre os direitos, e o lançador as
obrigações.

O mercado de opções negocia esses direitos de compra ou de venda,


mas não as ações diretamente. Os direitos são negociados por um preço, o
prêmio, que é o valor pago pelo titular e recebido pelo lançador.

O valor do prêmio é o resultado das forças de oferta e procura e varia de


acordo com a variação do preço da ação no mercado à vista.

Toda opção tem um vencimento, sendo que sua aquisição poderá ser
exercida a partir do dia seguinte ao da compra, a qualquer momento, até
o vencimento, e se não for exercida, o titular perde integralmente o valor
aplicado no prêmio.

39
Mercado de capitais

Mercado futuro
É o mercado no qual se negociam lotes padrão de ações com datas de
liquidação futura, escolhidas entre aquelas fixadas periodicamente pela
bolsa.

O mercado futuro é uma variante do mercado a termo, com a caracterís-


tica que permite que os participantes possam desistir da operação reverten-
do sua posição antes do vencimento. Como o investidor tem um relaciona-
mento com a clearing da bolsa e não com o outro participante, sua posição
poderá ser revertida ao adquirir outro contrato de condições idênticas, com
o investidor assumindo posição inversa da original, isto é, se ele era compra-
dor, adquirirá um contrato idêntico em que ele seja o vendedor. Isso somen-
te poderá ocorrer se houver contratos e datas disponíveis para tal.

Nesse mercado também são exigidas garantias, já que as posições são


liquidadas diariamente com o “ganhador” recebendo a diferença no fecha-
mento do mercado diário.

Operações de swap
A palavra swap significa troca ou permuta e designa uma operação cada
vez mais procurada no mercado financeiro internacional, envolvendo inclu-
sive várias empresas brasileiras.

O mercado financeiro e as empresas encontram na Câmara de Liquidação


e Custódia (Cetip) as alternativas ideais para compor suas operações com
derivativos de balcão, e têm à disposição modelos únicos e sofisticados.

Com o swap, por exemplo, companhias com dívidas em dólar corrigidas


por taxas flutuantes poderiam contratar uma operação que as transformasse
numa dívida com taxas fixas e vice-versa. Evidentemente que, caracterizan-
do-se como uma operação de troca de posições, é possível, com criatividade
e baseando-se em regras seguras e de forma legal, que outros tipos de ope-
rações de swap ganhem vida.

São três diferentes tipos de derivativos: contratos de swap, opções sobre


swap e termo de moeda.

Além do registro dos tradicionais contratos de swap, a Cetip também ofe-


rece estruturas personalizadas, como barreiras, limitadores, cupom cambial
limpo e alternativas de data para pagamento de prêmio.
40
Mercado de capitais

Dicas de estudo
 Saber quem são as instituições que não podem emitir commercial paper.
 Gravar a diferença entre o mercado primário e o secundário; e a dife-
rença entre empresas de capital aberto e de capital fechado.
 Memorizar os tipos e formas de ações. Importante, ainda, saber as van-
tagens que o acionista pode auferir.
 Compreender os tipos de garantias de debêntures emitidas.
 Estudar bem as diferenças entre os vários tipos de operações.

Atividades
1. (CEF) 0 mercado financeiro pode ser classificado como primário ou secun-
dário, dependendo do momento da negociação do título no mercado. O
lançamento de um novo ativo financeiro ocorre no mercado primário. No
mercado secundário ocorrem as:
a) vendas de títulos públicos que são negociados por meio da Bovespa.
b) transações financeiras envolvendo o mercado monetário internacional.
c) compras de títulos privados, derivativos, opções que estão sendo
oferecidas ao mercado financeiro.
d) negociações de títulos de crédito como cheques, notas promissó-
rias e DOC, realizados por meio da bolsa de valores e do mercado
de balcão.
e) negociações posteriores, em bolsa de valores ou em mercado de
balcão, envolvendo compras e vendas de títulos já lançados entre
investidores.
2. Indique se a frase está certa ou errada; se errada, justifique a resposta.
a) (BB) O número e o valor nominal das ações de uma companhia não
poderão ser alterados.
(( Certo.
(( Errado.

41
Mercado de capitais

b) (BB) As distribuições secundárias (block-trade) de debêntures com-


preendem distribuições públicas de grandes lotes de debêntures
que já foram emitidas.

(( Certo.
(( Errado.

c) (BB) Commercial papers são títulos de longo prazo – prazo mínimo


de 360 dias e máximo de 5 anos – que as sociedades anônimas não
financeiras emitem, visando captar recursos no mercado interno ou
externo para financiar suas necessidades de capital.

(( Certo.
(( Errado.

d) (BB) O que diferencia um contrato futuro de um contrato de opção


é a obrigação que o primeiro apresenta de se adquirir ou vender
algo no futuro. O contrato de opção, ao contrário, registra uni-
camente o direito do titular de exercer sua opção de compra ou
venda a determinado preço no futuro, não sendo obrigatório seu
exercício.

(( Certo.
(( Errado.

Gabarito
1. E

2.

a) Errado.

42
Mercado de capitais

O número e o valor nominal das ações podem ser alterados através


de operações de split e inplit.

b) Certo.

c) Errado.

Commercial paper ou nota promissória comercial é um título de


curto prazo.

d) Certo.

Referências
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DO MERCADO FINANCEIRO (ANDIMA);
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS COMPANHIAS ABERTAS (ABRASCA). O que São De-
bêntures? Disponível em: <www.debentures.com.br/downloads/textostecnicos/
cartilha_debentures.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2012.

PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:


<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

43
Sistema Financeiro Nacional I

Conceitos gerais
Sistema Financeiro Nacional (SFN) é o conjunto de instituições e instru-
mentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos ofertantes
finais (poupadores) para os tomadores finais (investidores), além de criar con-
dições para que títulos e valores mobiliários tenham liquidez no mercado.

A intermediação financeira e a aplicação de recursos financeiros pró-


prios e de terceiros são as principais atividades das instituições financeiras,
as quais possibilitam aproximar os superavitários dos deficitários, agregar
recursos para grandes projetos e diminuir o custo e o risco financeiro das
empresas tomadoras de recursos.

SUPERAVITÁRIOS DEFICITÁRIOS

Poupadores Intermediários Tomadores

 Poupadores: agentes econômicos superavitários dispostos a transfor-


mar suas disponibilidades monetárias em ativos financeiros. São os cria-
dores de fundos para o financiamento do crescimento econômico.

 Tomadores: agentes econômicos deficitários, que demandam recur-


sos e estão dispostos a financiar seu défice a custo de mercado. São
aqueles que, necessitando de dinheiro além de suas disponibilidades,
dispõem-se a pagar por esses recursos.

Tipos de instituições financeiras


Instituições financeiras bancárias
São as instituições capazes de criar moeda escritural: bancos comerciais,
bancos múltiplos com carteira comercial, cooperativas de crédito, Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal.
A moeda escritural consiste nos depósitos à vista existentes nos bancos
ou outras instituições creditícias, normalmente movimentados por inter-
médio de cheques, representando estes um instrumento de circulação da
moeda bancária.
45
Sistema Financeiro Nacional I

Com os depósitos à vista, as instituições financeiras emprestam uma parte


desse dinheiro depositado para os clientes tomadores. Parte desse dinheiro
é depositado novamente nas instituições financeiras, dando-se, então, o fe-
nômeno da criação da moeda escritural.

Instituições financeiras não bancárias


São as instituições que não podem criar moeda escritural: bancos de in-
vestimento, bancos de desenvolvimento, financeiras, Sociedades de Arrenda-
mento Mercantil (Leasing) e Associações de Poupança e Empréstimos (APE).

Estrutura e funções do
Sistema Financeiro Nacional (SFN)
A composição do Sistema Financeiro Nacional, conforme o Banco Central
do Brasil (Bacen), é a seguinte:

46
Sistema Financeiro Nacional I

Conselho Monetário Nacional (CMN)


O Conselho Monetário Nacional (CMN) foi instituído pela Lei 4.595/64, e é
o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento
do SFN. Integram o CMN o ministro da Fazenda (presidente do conselho),
o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o presidente do Banco
Central do Brasil. Entre suas funções estão:

 adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da


economia;

 regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço


de pagamentos;

 orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;

 propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos fi-


nanceiros;

 zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

 coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida


pública interna e externa.

Junto ao CMN funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito


(Comoc), composta pelo presidente do Bacen, na qualidade de coordenador,
pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Secretário
executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, pelo Secretário exe-
cutivo do Ministério da Fazenda, pelo Secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, pelo secretário do Tesouro Nacional do Ministério da
Fazenda e por quatro diretores do Bacen, indicados por seu presidente.

Está previsto também o funcionamento, junto ao CMN, de comissões con-


sultivas de normas e organização do sistema financeiro, de mercado de valo-
res mobiliários e de futuros, de crédito rural, de crédito industrial, de crédito
habitacional e para saneamento e infraestrutura urbana, de endividamento
público e de política monetária e cambial. Os seus membros reúnem-se uma
vez por mês para deliberarem sobre assuntos relacionados com as compe-
tências do CMN.

Em casos extraordinários pode acontecer mais de uma reunião por mês.


As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de resoluções, norma-
tivo de caráter público, sempre divulgado no Diário Oficial da União e na

47
Sistema Financeiro Nacional I

página de normativos do Banco Central do Brasil. O Banco Central do Brasil é


a secretaria executiva do CMN e da Comoc. Compete ao Banco Central orga-
nizar e assessorar as sessões deliberativas (preparar, assessorar e dar suporte
durante as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo histórico). As de-
cisões serão tomadas pela maioria simples dos votos.

Banco Central do Brasil (Bacen)


O Banco Central do Brasil (Bacen) é uma autarquia vinculada ao Ministério
da Fazenda, que também foi criada pela Lei 4.595/64.

É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e


responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por
objetivos:

 zelar pela adequada liquidez da economia;

 manter as reservas internacionais em nível adequado;

 estimular a formação de poupança;

 zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do


sistema financeiro.

Entre suas atribuições estão:

 emitir papel-moeda e moeda metálica;

 executar os serviços do meio circulante;

 receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições fi-


nanceiras e bancárias;

 realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições finan-


ceiras;

 regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros


papéis;

 efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;

 exercer o controle de crédito;

 exercer a fiscalização das instituições financeiras;

48
Sistema Financeiro Nacional I

 autorizar o funcionamento das instituições financeiras;

 estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de dire-


ção nas instituições financeiras;

 vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e


de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Sua sede fica em Brasília, capital do país, e tem representações nas ca-
pitais dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará.

Liquidez da economia: dinheiro emitido pelo Bacen em circulação no país.

Executar os serviços do meio circulante: distribuir dinheiro aos bancos, recolher cédulas
dilaceradas etc.

Conselho de Recursos do Sistema Financeiro


Nacional (CRSFN)
1
Órgão colegiado judicante1 de segundo grau, integrante da estrutura Aquele que julga, que
exerce as funções de juiz.
do Ministério da Fazenda, criado pelo Decreto 9.152/85, com sede em
Brasília (DF).

Suas instalações estão localizadas no Banco Central do Brasil, que ficará


encarregado dos recursos técnicos, humanos e materiais para o funciona-
mento da secretaria executiva do CRSFN.

Atribuições
Julgar, em segunda e última instância administrativa, os recursos inter-
postos das decisões relativas às penalidades administrativas aplicadas pelo
Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários, pela Secretaria
do Comércio Exterior e pela Secretaria da Receita Federal nas infrações pre-
vistas na legislação.

O Conselho tem ainda como finalidade julgar os recursos de ofício inter-


postos pelos órgãos de primeira instância, das decisões que concluírem pela
não aplicação das penalidades previstas no item anterior.

49
Sistema Financeiro Nacional I

Estrutura
São oito conselheiros possuidores de conhecimentos especializados em
assuntos relativos aos mercados financeiros, de câmbio, de capitais e de cré-
dito rural e industrial, observando-se a seguinte composição:

 um representante do Ministério da Fazenda;

 um representante do Banco Central do Brasil (Bacen);

 um representante da Secretaria de Comércio Exterior;

 um representante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

 quatro representantes das entidades de classe dos mercados afins, por


estas indicados em lista tríplice.

As entidades de classe que integram o CRSFN são as seguintes:

 Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas);

 Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento);

 CNBV (Comissão Nacional de Bolsas de Valores);

 Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos);

 Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing);

 Adeval (Associação das Empresas Distribuidoras de Valores);

 AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

Os representantes das quatro primeiras entidades têm assento no Conse-


lho como membros titulares e os demais, como suplentes.

Tanto os Conselheiros Titulares, como os seus respectivos suplentes, são


nomeados pelo ministro da Fazenda, com mandatos de dois anos, podendo
ser reconduzidos uma única vez.

Fazem parte ainda do CRSFN dois procuradores da Fazenda Nacional, de-


signados pelo procurador geral da Fazenda Nacional, com a atribuição de
zelar pela fiel observância da legislação aplicável, e um secretário executivo,
nomeado pelo Ministério da Fazenda, responsável pela execução e coorde-
nação dos trabalhos administrativos. Para tanto, o Banco Central do Brasil, a
Comissão de Valores Mobiliários e a Secretaria de Comércio Exterior propor-
cionam o respectivo apoio técnico e administrativo.

50
Sistema Financeiro Nacional I

O representante do Ministério da Fazenda é o presidente do Conselho e o


vice-presidente é o representante designado pelo Ministério da Fazenda entre
os quatro representantes das entidades de classe que integram o Conselho.

Instituições financeiras captadoras


de depósitos à vista (monetárias)
Bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que
realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições
financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investi-
mento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento
mercantil e de crédito, financiamento e investimento.

Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamenta-


res aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A
carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco públi-
co. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras,
sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser or-
ganizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira
comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve
constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099/94).

Bancos comerciais
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas
que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos ne-
cessários para financiar, a curto e a médio prazo, o comércio, a indústria, as
empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A
captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica
do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser
constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social
deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099/94).

Os bancos comerciais são classificados como instituições monetárias por


terem o poder de criação de moeda escritural. Sucintamente, os bancos co-
merciais são intermediários financeiros que têm como objetivo captar re-
cursos e distribuí-los de forma seletiva, criando moeda através de seu efeito
multiplicador.

51
Sistema Financeiro Nacional I

Principais operações dos bancos comerciais:

Ativas:

 desconto de títulos;

 crédito rural;

 empréstimo em conta-corrente;

 repasse de recursos;

 crédito pessoal;

 operações de câmbio.

passivas:

 depósitos à vista;

 depósitos a prazo;

 recursos do Bacen (redesconto, repasse);

 recursos de instituições financeiras oficiais e do exterior;

 operações de câmbio.

Banco do Brasil S.A.


O Banco do Brasil – Sociedade Anônima de economia mista – exercia até
1986 uma função típica de autoridade monetária, quando perdeu a conta
movimento, por decisão do Conselho Monetário Nacional. Essa conta colo-
cava o Banco do Brasil na posição privilegiada de banco corresponsável pela
emissão de moeda.

Atualmente é um conglomerado ajustado à estrutura de um banco múl-


tiplo, embora ainda opere, em muitos casos, como agente financeiro do go-
verno federal. É o principal executor da política oficial de crédito rural.

Suas principais atribuições, como parceiro principal do governo federal,


já que este é o maior acionista, são:

 administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis


(executante);

 efetuar os pagamentos e suprimentos necessários à execução o Orça-


mento Geral da União;
52
Sistema Financeiro Nacional I

 a aquisição e o financiamento dos estoques de produção exportável;

 agenciamento dos pagamentos e recebimentos fora do país;

 a operação dos fundos de investimento setorial como pesca e reflores-


tamento;

 a captação de depósitos de poupança direcionados ao crédito rural e a


operação do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO);

 a execução da política de preços mínimos dos produtos agropastoris;

 a execução do serviço da dívida pública consolidada;

 a realização, por conta própria, de operações de compra e venda de


moeda estrangeira e, por conta do Banco Central, nas condições esta-
belecidas pelo CMN;

 o recebimento, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias prove-


nientes da arrecadação de tributos ou rendas federais;

 como principal executor dos serviços bancários de interesse do go-


verno federal, inclusive de suas autarquias, receber em depósito, com
exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades federais,
compreendendo repartições de todos os ministérios civis e militares,
instituições de previdência e outras autarquias, comissões, departa-
mentos, entidades em regime especial de administração e quaisquer
pessoas físicas responsáveis por adiantamentos.

Conforme o Edital 021/2004 do Banco Central do Brasil foram acrescenta-


das as seguintes atribuições, pertencentes anteriormente ao Bacen:
Art. 8.º Constituem atribuições inerentes ao Custodiante:

I - deter custódia de numerário não monetizado à ordem do Bacen, com a finalidade


de acolher depósitos e pagar saques de numerário às instituições financeiras bancárias,
realizando os correspondentes lançamentos, por intermédio do Sistema de Pagamentos
Brasileiro – SPB;
II - administrar a custódia de numerário à ordem do Bacen de acordo com as disposições
deste Regulamento e com os normativos que vierem a ser editados sobre a matéria pela
autoridade monetária;
III - sanear o numerário recebido da rede bancária;
IV - suprir a oferta de troco;
V - encaminhar ao Bacen numerário não utilizável, na forma deste Regulamento;
VI - distribuir moedas metálicas;
VII - recolher numerário, seguindo instruções do Bacen; e
VIII - cumprir as políticas de meio circulante definidas pelo Bacen.
53
Sistema Financeiro Nacional I

Caixa Econômica Federal


A Caixa Econômica Federal foi criada em 1861 e está regulada pelo Decre-
to-Lei 759/69 como empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda.

Trata-se de uma instituição assemelhada aos bancos comerciais, poden-


do captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação de
serviços. Uma característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão
de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de assis-
tência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte. Pode
operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo du-
ráveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem
como tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob
consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal.

Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os re-


cursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro
da Habitação (SFH).

Cooperativas de crédito
As cooperativas de crédito observam, além da legislação e normas do
sistema financeiro, a Lei 5.764/71, que define a política nacional de coope-
rativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Atuando
tanto no setor rural quanto no urbano, as cooperativas de crédito podem se
originar da associação de funcionários de uma mesma empresa ou grupo
de empresas, de profissionais de determinado segmento, de empresários ou
mesmo adotar a livre admissão de associados em uma área determinada de
atuação, sob certas condições. Os eventuais lucros auferidos com suas ope-
rações – prestação de serviços e oferecimento de crédito aos cooperados –
são repartidos entre os associados.

As cooperativas de crédito devem adotar, obrigatoriamente, em sua de-


nominação social, a expressão “Cooperativa”, vedada a utilização da palavra
“Banco”. Devem possuir o número mínimo de 20 cooperados e adequar sua
área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações
de serviços. Estão autorizadas a realizar operações de captação por meio de
depósitos à vista e a prazo somente de associados, de empréstimos, repasses
e refinanciamentos de outras entidades financeiras, e de doações.

54
Sistema Financeiro Nacional I

Conforme o determinado pela Resolução Bacen 2.771/2000, os depósitos


realizados nas cooperativa de crédito não são amparados pelo Fundo Garan-
tidor de Crédito, sendo obrigatório informar o cooperado quando do depó-
sito. Podem conceder crédito, somente a associados, por meio de desconto
de títulos, empréstimos, financiamentos, e realizar aplicação de recursos no
mercado financeiro (Resolução CMN 3.106/2003).
As cooperativas rurais, na prática, atuam basicamente no setor primário
da economia, tendo como objetivo viabilizar financeiramente o escoamento
das safras agrícolas bem como criar um mecanismo de melhor comercializa-
ção desses produtos.

Demais instituições financeiras


Agências de fomento
As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financia-
mento de capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da Federação
onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima
de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da Federação, sendo que
cada Unidade só pode constituir uma agência. Tais entidades têm status de ins-
tituição financeira, mas não podem captar recursos junto ao público, recorrer
ao redesconto, ter conta de reserva no Banco Central, contratar depósitos in-
terfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem ter partici-
pação societária em outras instituições financeiras. De sua denominação social
deve constar a expressão “Agência de Fomento” acrescida da indicação da
Unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em qual-
quer outro tipo de instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional. As
agências de fomento devem constituir e manter, permanentemente, fundo de
liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser inte-
gralmente aplicado em títulos públicos federais (Resolução CMN 2.828/ 2001).

Associações de poupança e empréstimos


As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob a forma
de sociedade civil, sendo de propriedade comum de seus associados. Suas
operações ativas são, basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário e
ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As operações passivas são consti-
tuídas de emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos de cadernetas
de poupança, depósitos interfinanceiros e empréstimos externos. Os depo-
sitantes dessas entidades são considerados acionistas da associação e, por
55
Sistema Financeiro Nacional I

isso, não recebem rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos depositan-


tes são, assim, classificados no patrimônio líquido da associação e não no
passivo exigível.

Bancos de câmbio
Os bancos de câmbio são instituições financeiras autorizadas a realizar,
sem restrições, operações de câmbio e operações de crédito vinculadas às de
câmbio, como financiamentos à exportação e importação e adiantamentos
sobre contratos de câmbio, e ainda a receber depósitos em contas sem remu-
neração, não movimentáveis por cheque ou por meio eletrônico pelo titular,
cujos recursos sejam destinados à realização das operações acima citadas. Na
denominação dessas instituições deve constar a expressão “Banco de Câmbio”.

Bancos de desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas
pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo proporcionar o su-
primento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamen-
to, a médio e a longo prazo, de programas e projetos que visem promover
o desenvolvimento econômico e social do respectivo estado. As operações
passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso
de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e
de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são emprés-
timos e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado. Devem
ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do
estado que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e pri-
vativamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Desenvol-
vimento”, seguida do nome do estado em que tenha sede.

Bancos de investimento
Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especia-
lizadas em operações de participação societária de caráter temporário, de
financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de
giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser constituídos sob
a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denomi-
nação social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem contas- -cor-
rentes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos,
internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados.
As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital
56
Sistema Financeiro Nacional I

fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfi-


nanceiros e repasses de empréstimos externos (Resolução CMN 2.624/99).

Principais operações:

Ativas:

 financiamento de capital fixo;

 repasses de recursos de instituições financeiras oficiais;

 subscrição à aquisição de títulos e valores mobiliários;

 financiamento à produção de bens exportáveis;

 repasses de empréstimos externos.

Passivas:

 depósitos a prazo fixo;

 captação de empréstimos externos;

 emissão ou endosso de cédulas hipotecárias;

 depósitos de valores mobiliários em garantia.

Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social (BNDES)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
criado em 1952 como autarquia federal, foi enquadrado como uma empresa
pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio
próprio, pela Lei 5.662/71. O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar
empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país.

Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e


custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos
e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no
país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui,
também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas priva-
das e desenvolvimento do mercado de capitais.

A BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacionais através


da subscrição de ações e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de
57
Sistema Financeiro Nacional I

fundamental importância, na execução de sua política de apoio, a observân-


cia de princípios ético-ambientais e assume o compromisso com os princí-
pios do desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os pro-
gramas do BNDES atendem às necessidades de investimentos das empresas
de qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com instituições
financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a dissemina-
ção do crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.

Repasse
O BNDES opera direta ou indiretamente, nesse caso através da rede de
agentes financeiros e privados credenciados, que compreendem os bancos
de desenvolvimento, bancos de investimentos, bancos comerciais, financei-
ras e bancos múltiplos.

As solicitações de financiamentos ao BNDES devem ser iniciadas com uma


consulta prévia, na qual são especificadas as características básicas da em-
presa solicitante e do seu empreendimento, necessárias ao enquadramen-
to da operação nas Políticas Operacionais do BNDES. Essa consulta prévia
deve ser encaminhada diretamente ou por intermédio de um dos agentes
financeiros à Carteira Operacional de Enquadramento da Área de Crédito do
Sistema BNDES.

Para estimular os bancos credenciados a facilitarem o acesso ao crédi-


to às pequenas e microempresas o BNDES estabeleceu algumas medidas, a
saber:

 o Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC) –


Fundo de Aval;

 o fim da exigência de garantias reais por parte dos agentes financeiros,


para créditos no valor de até R$500 mil;

 a “milhagem”, ou seja, para cada R$1 milhão que os agentes financeiros


disponibilizarem às micro e pequenas empresas, terão direito de rece-
ber 20% de acréscimo – R$200 mil – para repasse adicional nas regiões
Sul e Sudeste e 30% nas demais regiões do país.

Companhias hipotecárias
As companhias hipotecárias são instituições financeiras constituídas sob
a forma de sociedade anônima, que têm por objeto social conceder finan-

58
Sistema Financeiro Nacional I

ciamentos destinados à produção, reforma ou comercialização de imóveis


residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normas do Sistema Fi-
nanceiro da Habitação (SFH). Suas principais operações passivas são: letras hi-
potecárias, debêntures, empréstimos e financiamentos no país e no exterior.

Suas principais operações ativas são: financiamentos imobiliários resi-


denciais ou comerciais, aquisição de créditos hipotecários, refinanciamentos
de créditos hipotecários e repasses de recursos para financiamentos imo-
biliários. Tais entidades têm como operações especiais a administração de
créditos hipotecários de terceiros e de fundos de investimento imobiliário
(Resolução CMN 2.122/94).

Cooperativas centrais de crédito


As cooperativas centrais de crédito, formadas por cooperativas singula-
res, organizam em maior escala as estruturas de administração e suporte de
interesse comum das cooperativas singulares filiadas, exercendo sobre elas,
entre outras funções, supervisão de funcionamento, capacitação de admi-
nistradores, gerentes e associados, e auditoria de demonstrações financeiras
(Resolução CMN 3.106/2003).

Por força da Resolução CMN 2.788/2000, as Cooperativas Centrais de Cré-


dito podem constituir Bancos Comerciais Cooperativos ou múltiplos com
carteira comercial, detendo 51% de suas ações e de capital fechado. Assim,
sua constituição e funcionamento são os mesmos dos bancos comerciais e
dos bancos múltiplos.

Sociedades de crédito, financiamento e investimento


As sociedades de crédito, financiamento e investimento, também co-
nhecidas por financeiras, foram instituídas pela Portaria do Ministério da Fa-
zenda 309/59. São instituições financeiras privadas que têm como objetivo
básico a realização de financiamento para a aquisição de bens, serviços e
capital de giro. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e
na sua denominação social deve constar a expressão “Crédito, Financiamen-
to e Investimento”.

Tais entidades captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras


de Câmbio (Resolução CMN 45/66). Por força da Resolução Bacen 3.454/2007,
essas sociedades podem captar recursos através de Recibos de Depósito
Bancário (RDB).

59
Sistema Financeiro Nacional I

Principais operações:

Ativas:

 financiamento ao consumidor final de bens e serviços;

 financiamento de vendas à prestação;

 crédito pessoal.

Passivas:

 captação de recursos através da colocação de letras de câmbio;

 depósitos a prazo, exclusivamente RDB.

Sociedades de crédito imobiliário


As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas
pela Lei 4.380/64 para atuar no financiamento habitacional. Constituem ope-
rações passivas dessas instituições os depósitos de poupança, a emissão de
letras e cédulas hipotecárias e depósitos interfinanceiros. Suas operações
ativas são: financiamento para construção de habitações, abertura de crédi-
to para compra ou construção de casa própria, financiamento de capital de
giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de
construção. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, ado-
tando, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Crédito
Imobiliário” (Resolução CMN 2.735/2000).

Sociedades de crédito ao microempreendedor


As sociedades de crédito ao microempreendedor, criadas pela Lei 10.194/
2001, são entidades que têm por objeto social exclusivo a concessão de fi-
nanciamentos e a prestação de garantias a pessoas físicas, bem como a pes-
soas jurídicas classificadas como microempresas, com vistas a viabilizar em-
preendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial de pequeno
porte. São impedidas de captar, sob qualquer forma, recursos junto ao pú-
blico, bem como emitir títulos e valores mobiliários destinados à colocação
e oferta públicas. Devem se limitar a R$10.000,00 de créditos e prestações
de garantias por clientes. Devem ser constituídas sob a forma de companhia
fechada ou de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, adotan-
do obrigatoriamente em sua denominação social a expressão “Sociedade de

60
Sistema Financeiro Nacional I

Crédito ao Microempreendedor”, vedada a utilização da palavra “Banco” (Re-


solução CMN 2.874/ 2001).

Dica de estudo
 Saber como se efetua essa capacidade de criar moedas das instituições
financeiras bancárias.

Atividade
1. Indique se a frase está certa ou errada; se errada, justifique a resposta.

a) (BB) São consideradas instituições financeiras as pessoas jurídicas,


públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos fi-
nanceiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estran-
geira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.

(( Certo.
(( Errado.

Gabarito
1.

a) Certo.

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Edital 021/2004. Disponível em: <www.bcb.gov.


br/?SISAUDPUB>. Acesso em: 23 fev. 2012.
61
Sistema Financeiro Nacional II

Estrutura e funções do
Sistema Financeiro Nacional (SFN)

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia vinculada ao Ministé-
rio da Fazenda, instituída pela Lei 6.385/76.

É responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mer-


cado de valores mobiliários do país e, para esse fim, exerce as funções de:
assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de
balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir modali-
dades de fraude ou manipulação no mercado; assegurar o acesso do público
a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias
que os tenham emitido; assegurar a observância de práticas comerciais
equitativas no mercado de valores mobiliários; estimular a formação de
poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o
funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; e estimular as apli-
cações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.

Bolsas de Mercadorias e Futuros (BM&F)


As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, com ob-
jetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira,
das operações realizadas em pregão ou em sistemas eletrônicos. Para tanto,
devem desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos
livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportuni-
dade de efetuarem operações de hedge (proteção), antiflutuações de preço
de commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e metais, bem
como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja in-
certeza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades.
Possuem ainda autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fis-
calizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
63
Sistema Financeiro Nacional II

Bolsas de valores
As bolsas de valores são sociedades anônimas ou associações civis, com o
objetivo de manter local ou sistema adequado ao encontro de seus membros
e à realização entre eles de transações de compra e venda de títulos e valores
mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscaliza-
do por seus membros e pela Comissão de Valores Mobiliários. Possuem auto-
nomia financeira, patrimonial e administrativa (Resolução CMN 2.690/2000).

A principal bolsa de valores do Brasil é a BM&F Bovespa S.A. – Bolsa de Va-


lores, Mercadorias e Futuros – criada em 2008 com a união entre a Bolsa
de Mercadorias e Futuros (BM&F) e a Bolsa de Valores de São Paulo (Boves-
pa). Essa união formou uma das maiores bolsas do mundo e a segunda das
Américas, ela dispõe de um Sistema Eletrônico de Negociação – chamado
de Megabolsa –, que permite que as sociedades corretoras e as sociedades
distribuidoras cumpram as ordens de seus clientes por meio de terminais de
computadores, sem a necessidade da presença física de seus representantes
nos pregões da bolsa, já que o pregão viva-voz foi extinto.

Ibovespa
O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) mostra o desempe-
nho das principais ações negociadas na bolsa, sendo um importante indica-
dor do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. O
Ibovespa representa a variação do valor de uma carteira teórica, constituída
pelas ações que, em conjunto, representam 80% do volume negociado no
mercado à vista, nos 12 meses anteriores à formação dessa carteira. A cada
quatro meses, é feita uma reavaliação de sua composição, com base nas ne-
gociações ocorridas nos últimos 12 meses.

Novo Mercado
O Novo Mercado é um segmento especial onde são listadas e negocia-
das, na BM&F Bovespa, ações de empresas que se comprometem, volunta-
riamente, com a adoção de práticas adicionais de governança corporativa
em relação ao que é exigido legalmente.

As principais exigências às empresas que querem aderir ao Novo Merca-


do são:

 emissão somente de ações ordinárias;

64
Sistema Financeiro Nacional II

 manutenção de ao menos 25% do capital da companhia em circulação


no mercado;

 utilizar mecanismos que permitam a dispersão do capital, quando da


realização de operações de underwriting;

 quando da venda do controle da companhia, utilizar o tag along (es-


tender a todos os acionistas as mesmas condições obtidas pelos con-
troladores);

 existência do Conselho de Administração com mínimo de cinco mem-


bros, com mandato de dois anos, permitida a reeleição;

 disponibilizar calendário anual de eventos da companhia;

 realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos


uma vez por ano.

A governança corporativa assegura equidade, transparência, responsabi-


lidade pelos resultados e obediência às leis, através do Conselho de Adminis-
tração e do Conselho Fiscal, monitorando efetivamente a direção executiva
da companhia.

Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)


É uma empresa independente – Sociedade Anônima – criada quando de
uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Valores de São Paulo, em feve-
reiro de 1998. Ela é responsável pela liquidação física e financeira de ope-
rações, tanto à vista quanto a prazo, das operações da BM&F Bovespa e de
outros mercados.

Moderna e eficiente a CBLC atua como uma clearing, compensando, liqui-


dando, custodiando e controlando o risco dos mercados à vista e de futuro.
Os órgãos que fiscalizam e criam regras para a CBLC são o Bacen e a CVM.

As Clearing Houses (Câmaras de Compensação) são sistemas que garantem


um funcionamento perfeito dos mercados de capitais e financeiros. Elas dão
garantias aos participantes que suas operações de compra e venda serão liqui-
dadas nas condições e nos prazos contratados, e que os ganhos serão pagos.
Elas chamam para si a responsabilidade dos negócios, fazendo a parte do ven-
dedor para o comprador e do comprador para o vendedor.

65
Sistema Financeiro Nacional II

As clearings são câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e li-


quidação de ordens eletrônicas de débito e crédito; de transferências de fundos
e de outros ativos financeiros; de compensação e de liquidação de operações
realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros e de compensação envol-
vendo operações com derivativos.

Essas câmaras realizam a compensação multilateral das obrigações entre


os participantes. Compensação multilateral é o procedimento destinado à
apuração das somas dos resultados bilaterais devedores e credores de cada
participante em relação aos demais.

Câmaras situadas no Brasil:

 Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis (Compe);

 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) – Câmara de Ativos;

 Central Clearing de Compensação e Liquidação S.A. – Câmara de Ativos;

 Clearing de Ativos – Câmara da BM&F para Registro, Compensação e


Liquidação de Operações com Títulos de Renda Fixa;

 Clearing de Câmbio – Câmara de Registro, Compensação e de Liquida-


ção de Operações de Câmbio;

 Clearing de Derivativos – Câmara de Registro, Compensação e de Li-


quidação da BM&F;

 Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

Outros intermediários financeiros

Administradoras de consórcio
As administradoras de consórcio são pessoas jurídicas prestadoras de ser-
viços relativos à formação, organização e administração de grupos de con-
sórcio, cujas operações estão estabelecidas na Lei 5.768/71.

Ao Banco Central do Brasil (Bacen), por força do disposto no artigo 33 da


Lei 8.177/91, cabe autorizar a constituição de grupos de consórcio, a pedido
de administradoras previamente constituídas sem interferência expressa da
referida autarquia, mas que atendam a requisitos estabelecidos, particular-

66
Sistema Financeiro Nacional II

mente quanto à capacidade financeira, econômica e gerencial da empresa.


Também cabe ao Bacen fiscalizar as operações da espécie e aplicar as pena-
lidades cabíveis.

Com base no artigo 10 da Lei 5.768/71, o Bacen pode intervir nas em-
presas de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial. O grupo é uma
sociedade de fato, constituída na data da realização da primeira assembleia
geral ordinária por consorciados reunidos pela administradora, que coletam
poupança com vistas à aquisição de bens, conjunto de bens ou serviço turís-
tico e por meio de autofinanciamento (Circular BCB 2.766/97).

Sociedades de arrendamento mercantil (leasing)


As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob a forma
de sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente na sua denomi-
nação social a expressão “Arrendamento Mercantil”.

As operações passivas dessas sociedades são: emissão de debêntures,


dívida externa, empréstimos e financiamentos de instituições financeiras. Suas
operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de direi-
tos creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento mercantil
de bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiri-
dos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do arrendatário.

As sociedades de arrendamento mercantil são supervisionadas pelo


Banco Central do Brasil (Resolução CMN 2.309/96).

Sociedades corretoras de câmbio


As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de
sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, devendo
constar na sua denominação social a expressão “Corretora de Câmbio”. Têm
por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a prá-
tica de operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São supervisio-
nadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 1.770/90).

Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários


As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são constituí-
das sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade
limitada.

67
Sistema Financeiro Nacional II

Entre seus objetivos estão: operar em bolsas de valores, subscrever emis-


sões de títulos e valores mobiliários no mercado; comprar e vender títulos e
valores mobiliários por conta própria e de terceiros; encarregar-se da admi-
nistração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários; exercer
funções de agente fiduciário; instituir, organizar e administrar fundos e clubes
de investimento; emitir certificados de depósito de ações e cédulas pignoratí-
cias de debêntures; intermediar operações de câmbio; praticar operações no
mercado de câmbio de taxas flutuantes; praticar operações de conta margem;
realizar operações compromissadas; praticar operações de compra e venda de
metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de terceiros; operar
em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros. São
supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 1.655/89).

Os fundos de investimento, administrados por corretoras ou outros inter-


mediários financeiros, são constituídos sob forma de condomínio e repre-
sentam a reunião de recursos para a aplicação em carteira diversificada de
títulos e valores mobiliários, com o objetivo de propiciar aos condôminos
valorização de quotas a um custo global mais baixo. A normatização, conces-
são de autorização, registro e a supervisão dos fundos de investimento são
de competência da Comissão de Valores Mobiliários.

Sociedades distribuidoras de títulos


e valores mobiliários
As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários são constitu-
ídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade
limitada, devendo constar na sua denominação social a expressão Distribui-
dora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM).

Algumas de suas atividades: intermediar a oferta pública e distribuição


de títulos e valores mobiliários no mercado; administrar e custodiar as cartei-
ras de títulos e valores mobiliários; instituir, organizar e administrar fundos e
clubes de investimento; operar no mercado acionário, comprando, venden-
do e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro financeiro, por
conta de terceiros; fazer a intermediação com as bolsas de valores e de mer-
cadorias; efetuar lançamentos públicos de ações; operar no mercado aberto
e intermediar operações de câmbio. São supervisionadas pelo Banco Central
do Brasil (Resolução CMN 1.120/86).

68
Sistema Financeiro Nacional II

O Bacen e a CVM autorizaram, no dia 2 de março de 2009, as DTVM a ope-


rarem diretamente na Bolsa de Valores, privilégio antes concedido somente
às Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários.

Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)


Órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros
privados. É composto pelo ministro da Fazenda (presidente do Conselho),
representante do Ministério da Justiça, representante do Ministério da Pre-
vidência Social, superintendente da Superintendência de Seguros Privados,
representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de
Valores Mobiliários.

Entre as funções do CNSP estão: regular a constituição, organização,


funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao
SNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas; fixar as característi-
cas gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitaliza-
ção e resseguro; estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Ca-
pitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com
fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações e disciplinar a
corretagem de seguros e a profissão de corretor.

Superintendência de Seguros Privados (Susep)


O Decreto-Lei 73/66 criou a Superintendência de Seguros Privados, au-
tarquia atualmente jurisdicionada ao Ministério da Fazenda, com autonomia
administrativa e financeira.

O artigo 36 desse decreto diz que compete à Susep, na qualidade de exe-


cutora da política traçada pelo CNSP, como órgão fiscalizador da constitui-
ção, organização, funcionamento e operações das Sociedades Seguradoras.

Suas atribuições principais são:

 fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das


sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência
privada aberta e resseguradores, na qualidade de executora da políti-
ca traçada pelo CNSP;

69
Sistema Financeiro Nacional II

 atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se


efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta,
de capitalização e resseguro;

 zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados su-
pervisionados;

 promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos ope-


racionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema
Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização;

 promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, asseguran-


do sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem;

 zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;

 disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em es-


pecial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas;

 cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ativida-


des que por este forem delegadas;

 prover os serviços de secretaria executiva do CNSP.

A Susep é administrada por um conselho diretor, composto por um su-


perintendente e por quatro diretores. Integram, também, o colegiado sem
direito a voto, o secretário geral e procurador geral.

Compete ao colegiado fixar as políticas gerais da autarquia, com vistas à


ordenação das atividades do mercado, cumprir e fazer cumprir as delibera-
ções do CNSP e aprovar instruções, circulares e pareceres de orientação em
matérias de sua competência. A presidência do colegiado cabe ao superin-
tendente que tem, ainda, como atribuições, promover os atos de gestão da
autarquia e sua representação perante o governo e a sociedade.

Os resseguros são chamados de seguro do seguro. É uma atividade


comum no mundo inteiro, que tem como objetivo dar estabilidade às socie-
dades seguradoras, garantindo a liquidação do sinistro ao segurado. Se uma
sociedade seguradora realiza um seguro muito alto, ela repassa uma parte
do risco para uma resseguradora.

Os resseguradores são entidades constituídas sob a forma de sociedades


anônimas, que têm por objeto exclusivo a realização de operações de resse-

70
Sistema Financeiro Nacional II

guro e retrocessão. O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é empresa resse-


guradora vinculada ao Ministério da Fazenda.

Já o cosseguro é quando uma sociedade seguradora realiza um seguro


junto com outra(s) seguradora(s). A Susep define o cosseguro como: divisão
de um risco segurado entre vários seguradores, ficando cada um deles res-
ponsável direto por uma quota-parte determinada do valor total do seguro.

A retrocessão é chamado de seguro do resseguro. Pela definição da Susep


é a operação feita pelo ressegurador e que consiste na cessão de parte das
responsabilidades por ele aceitas a outro ou outros resseguradores.

Sociedades Seguradoras
As sociedades seguradoras são entidades constituídas sob a forma de so-
ciedades anônimas especializadas em pactuar contrato por meio do qual as-
sumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este de-
signar, uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e temido,
recebendo, para isso, o prêmio estabelecido.

As seguradoras:

 não podem explorar qualquer outro ramo de comércio ou consultoria;

 podem operar em qualquer ramo de seguro mediante autorização da


Susep;

 não podem reter responsabilidades cujo valor ultrapasse seus limites


técnicos;

 não podem fornecer dados e informações relacionadas a quaisquer


aspectos de sua atividade;

 têm a obrigação de constituir reservas técnicas e provisões;

 têm que aplicar as reservas técnicas segundo normas do Banco Central


do Brasil;

 devem publicar as demonstrações contábeis semestralmente, audita-


das por auditores independentes e publicadas no Diário Oficial e jor-
nal de grande circulação.

71
Sistema Financeiro Nacional II

Corretoras de seguro
De acordo com o Decreto 60.459/67:
Art. 100. O corretor de seguros, profissional autônomo, pessoa física ou jurídica, é o
intermediário legalmente autorizado a angariar e promover contratos de seguro entre as
Sociedades Seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado.

O Decreto-Lei 73/66, renumerado pelo Decreto-Lei 296/67, regula-


menta os corretores e corretoras de seguro, reproduzido do artigo 122
ao artigo 128.
Art. 122. O corretor de seguros, pessoa física ou jurídica, é o intermediário legalmente
autorizado a angariar e promover contratos de seguro entre as Sociedades Seguradoras e
as pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado.

Art. 123. O exercício da profissão, de corretor de seguros depende de prévia habilitação


e registro.

§1.º A habilitação será feita perante a Susep, mediante prova de capacidade técnico-
-profissional, na forma das instruções baixadas pelo CNSP.

§2.º O corretor de seguros poderá ter prepostos de sua livre escolha e designará, dentre
eles, o que o substituirá.

§3.º Os corretores e prepostos serão registrados na Susep, com obediência aos requisitos
estabelecidos pelo CNSP.

Art. 124. As comissões de corretagem só poderão ser pagas a corretor de seguros


devidamente habilitado.

Art.125. É vedado aos corretores e seus prepostos:

a) aceitar ou exercer emprego de pessoa jurídica de Direito Público;

b) manter relação de emprego ou de direção com Sociedade Seguradora.

Parágrafo único. Os impedimentos deste artigo aplicam-se também aos Sócios e Diretores
de Empresas de corretagem.

Art.126. O corretor de seguros responderá civilmente perante os segurados e as Socieda-


des Seguradoras pelos prejuízos que causar, por omissão, imperícia ou negligência no
exercício da profissão.

Art. 127. Caberá responsabilidade profissional, perante a Susep, ao corretor que deixar de
cumprir as leis, regulamentos e resoluções em vigor, ou que der causa dolosa ou culposa
a prejuízos às Sociedades Seguradoras ou aos segurados.

Art.128. O corretor de seguros estará sujeito às penalidades seguintes:

a) multa;

b) suspensão temporária do exercício da profissão;

c) cancelamento do registro.

Dessa forma percebe-se que a corretagem nada mais é do que a interme-


diação entre o adquirente do seguro e o tomador do capital, auferindo-se
72
Sistema Financeiro Nacional II

uma comissão pela aproximação das partes. Nota-se também que a corre-
tagem tanto pode ser feita por um indivíduo (pessoa física) quanto por uma
sociedade (pessoa jurídica), sendo que em qualquer um dos casos somente
poderá operar com a autorização da Susep.

As sociedades de capitalização são entidades, constituídas sob a forma


de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitalização)
que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo
contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito
de resgatar parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros
estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito
de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.

Entidades abertas de previdência complementar são entidades constitu-


ídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo
instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos
em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer
pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966,
e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão
regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda,
por intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Supe-
rintendência de Seguros Privados (Susep).

Conselho Nacional
de Previdência Complementar (CNPC)
Órgão colegiado, vinculado ao Ministério da Previdência Social, exercen-
do a função de órgão regulador do regime de previdência complementar
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar.

O conselho é composto de oito integrantes com mandato de dois anos


com uma recondução:
 cinco representantes do Poder Público;
 um indicado pelas entidades fechadas;
 um indicado pelos patrocinadores e instituidores;
 um indicado pelos participantes e assistidos.
A presidência será exercida pelo ministro de Estado da Previdência
Social.
73
Sistema Financeiro Nacional II

Câmara de recursos da previdência complementar


É a última instância recursal e de julgamento das decisões da Previc, en-
cerrando a instância administrativa. É composta de sete integrantes, com di-
reito a voto e mandato de dois anos com uma recondução:

 quatro escolhidos entre servidores federais ocupantes de cargo efeti-


vo, em exercício no Ministério da Previdência Social ou entidades a ele
vinculadas; um desses quatro será o presidente, designação feita pelo
ministro de Estado da Previdência Social.

 três indicados, respectivamente:

 pelas entidades fechadas;

 pelos patrocinadores e instituidores;

 pelos participantes e assistidos.

Os membros da Câmara de Recursos da Previdência Complementar e res-


pectivos suplentes serão designados pelo ministro de Estado da Previdência
Social.

Superintendência Nacional de Previdência


Complementar (Previc)
Autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e fi-
nanceira e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Previdência Social.
Atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades das enti-
dades fechadas de previdência complementar.

São competências da Previc:

 proceder a fiscalização das atividades fechadas de previdência com-


plementar e de suas operações;

 apurar e julgar infrações e aplicar as penalidades cabíveis;

 expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das


normas relativas à sua área de competência, de acordo com as diretri-
zes do Conselho Nacional de Previdência Complementar;

 autorizar:

74
Sistema Financeiro Nacional II

 a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previ-


dência complementar, bom como a aplicação dos respectivos esta-
tutos e regulamentos de planos de benefícios;

 as operações de fusão, de cisão, de incorporação ou de qualquer


outra forma de reorganização societária, relativas às entidades fe-
chadas de previdência complementar;

 a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores


e instituidores, bem como as retiradas de patrocinadores e institui-
dores;

 as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assisti-


dos, planos de benefícios e reservas entre entidades fechadas de
previdência complementar.

 harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência com-


plementar com as normas e políticas estabelecidas para o segmento;

 decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas


de previdência complementar, bem como nomear interventor ou li-
quidante, nos termos da lei;

 nomear administrador especial de plano de benefícios específico, po-


dendo atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial,
na forma da lei;

 promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de pre-


vidência complementar e entre estas e seus participantes, assistidos,
patrocinadores ou instituidores, bem como dirimir os litígios que lhe
forem submetidos;

 enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Previdência


Social e, por seu intermédio, ao presidente da República e ao Congres-
so Nacional;
 adotar as demais providências necessárias ao cumprimento de seus
objetivos.

O Bacen, a CVM e os órgãos de fiscalização da previdência complemen-


tar manterão permanente intercâmbio de informações e disponibilidade
de base de dados, de forma a garantir a supervisão contínua das operações

75
Sistema Financeiro Nacional II

realizadas no âmbito da competência de cada órgão. As entidades de previ-


dência complementar não poderão invocar o sigilo para não fornecer infor-
mações solicitadas.

A Previc terá uma diretoria colegiada composta por um diretor superin-


tendente e quatro diretores, escolhidos entre pessoas de ilibada reputação e
de notória competência, a serem indicados pelo ministro de Estado da Previ-
dência Social e nomeados pelo presidente da República.

Os diretores somente podem exercer atividades de magistério, em ho-


rário compatível. As deliberações da diretoria colegiada serão tomadas por
maioria simples, presente a maioria de seus membros, cabendo ao diretor
superintendente, além do seu voto, o de qualidade.

Mediante acordo celebrado entre o ministro de Estado da Previdência


Social e a diretoria colegiada da autarquia, o Ministério da Previdência Social
estabelecerá metas de gestão e de desempenho para a Previc:

 receitas da Previc;

 Taxa de Fiscalização e Controle (Tafic);

 dotações do orçamento da União;

 recursos de convênios, acordos e contratos;

 produto de multas;

 doações, legados, subvenções;

 venda ou locação de bens;

 publicações e afins.

A Tafic é a contribuição que as entidades fechadas de previdência com-


plementar pagarão para serem fiscalizadas e supervisionadas.

Entidades fechadas de previdência complementar


As entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)
são organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil sem fins lucra-
tivos e são acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa
ou grupo de empresas ou aos servidores da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, entes denominados patrocinadores ou aos asso-

76
Sistema Financeiro Nacional II

ciados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou


setorial, denominadas instituidores.

As entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabele-


cidas pelo Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução 3.121/2003,
no que tange à aplicação dos recursos dos planos de benefícios. Também
são regidas pela Lei Complementar 109/2001.

Outras entidades não supervisionadas


pelo Bacen e CVM

Sociedades administradoras de seguro-saúde


São empresas que atendem ao interesse das pessoas que buscam se res-
guardarem contra os riscos à sua saúde e procuram instrumentarem-se de
garantias para obterem tratamento médico, assistência hospitalar, ou seja,
todas as ações necessárias à prevenção da doença e à recuperação, à ma-
nutenção e à reabilitação da saúde, e tudo isso sob a garantia da lei, que
permite que seja firmado contrato com empresas especializadas nesse tipo
de prestação de serviços.

Foi o Decreto-Lei 73/66 que instituiu o seguro-saúde para dar cobertura


aos riscos de assistência médica e hospitalar.

Atualmente, a exploração do seguro-saúde é regido pela Lei 9.656/98,


sendo assim, todas as empresas (pessoas jurídicas de direito privado) que
operam plano de assistência à saúde submetem-se às regras estabelecidas
na referida lei.

Ainda por força da Medida Provisória 2.177-44/2001, fica inteiramente


subordinada às normas e fiscalização da Agência Nacional de Saúde Su-
plementar (ANS) qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que
apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência
médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de
atividade exclusivamente financeira.

 Plano privado de assistência à saúde: é a prestação de serviços con-


tinuada ou a cobertura dos custos assistenciais, sem limite financeiro,
destinado a assistência à saúde. Os profissionais são livremente esco-
lhidos pelo segurado, integrantes ou não da rede credenciada à ope-
radora do plano.

77
Sistema Financeiro Nacional II

 Operadora do plano de assistência à saúde: pessoa jurídica que


opera o plano de assistência à saúde. Pode ser uma cooperativa, po-
rém não pode ser exercida por uma pessoa física ou empresário indi-
vidual.

 Carteira: corresponde ao total de contratos efetuados pela operadora


com a finalidade de prestar os serviços elencados nos diversos planos
de assistência à saúde que ela possui.

 Os planos de assistência à saúde são regulamentados e fiscalizados


pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – Medida Provi-
sória 2.177-44/2001.

Sociedades de fomento mercantil (factoring)


A operação de factoring consiste, basicamente, em um sacador (pessoa
que vende seus ativos) e uma casa compradora (factor), que fornecerá o di-
nheiro ao sacador, mediante um deságio sobre o valor de face desse ativo,
normalmente uma duplicata.

Portanto, é uma atividade de prestação de serviço associada à compra de


direitos de um contrato de venda mercantil, desenvolvido por uma empresa
de caráter comercial. Os riscos estão embutidos principalmente na idoneidade
dos ativos adquiridos.

Essa modalidade de fomento mercantil é direcionada principalmente às


pequenas e médias empresas, que normalmente encontram dificuldades de
obter recursos junto às instituições financeiras, sendo que alguns bancos tra-
balham com suas próprias casas factoring.

As factoring não são instituições financeiras, e os quatro tipos de serviços


oferecidos via factoring são:

 transação com duplicatas ou convencional – envolve principalmente a


compra de duplicatas a vencer da empresa;

 maturity – implica total assunção de qualquer crédito da empresa pela


casa de factoring, ou seja, em caso de calote do devedor, a empresa que
contratou os serviços do factoring não sofrerá qualquer prejuízo;

 over-advanced – é um adiantamento de recursos para a empresa com-


prar insumos ou efetuar investimentos de pequeno porte;

78
Sistema Financeiro Nacional II

 trustee – é a transferência, para a casa de factoring, da administração


do negócio da empresa, envolvendo desde as operações financeiras
de monitoramento do fluxo de caixa até as atividades necessárias para
levar à frente a produção.

O factoring é uma atividade essencialmente mercantil em que o pré-re-


quisito é o registro na Junta Comercial, não sendo fiscalizada nem regula-
mentada pela CVM ou pelo Bacen.

A operação factoring não está sujeita à incidência do Imposto sobre Ope-


rações Financeiras (IOF), mas sim à do Imposto Sobre Serviços municipal
(ISS). Em uma operação de factoring, quem está sujeito ao IOF é a empresa
cedente dos direitos de crédito, que será retido pela factoring, e esse IOF será
recolhido em nome da cedente.

No Brasil, a atividade tem um órgão de classe, a Associação Nacional das


Sociedades de Fomento Mercantil (Anfac), que divulga todos os dias uma
taxa representativa do fator de compra dos créditos, como orientação para
seus associados.

O risco das empresas de factoring é muito grande, então dessa forma elas
têm de ser extremamente eficientes na análise do risco representado pelos
sacados.

Sociedades Administradoras
de Cartões de Crédito (SACC)
É uma sociedade não bancária e que necessita de uma fonte distinta de
recursos para eventual financiamento do saldo devedor mensal.

O contrato de utilização de cartão de crédito celebrado entre a sociedade


administradora de cartão de crédito e o usuário, como regra, possibilita a
utilização do cartão de crédito para a aquisição de mercadorias e de serviços
em locais credenciados e o parcelamento do saldo devedor mensal.

Como não é uma instituição financeira, para viabilizar ao usuário o par-


celamento do saldo devedor mensal, a sociedade administradora faz inserir
no contrato de adesão e de utilização do sistema de cartão de crédito uma
cláusula mandato.

Trata-se de uma cláusula que dispõe sobre a obtenção pela sociedade ad-
ministradora, como mandatária do usuário, de recursos para financiamento
79
Sistema Financeiro Nacional II

do saldo devedor não liquidado pelo último. A sociedade administradora é


constituída procuradora do usuário com poderes especiais, para em nome
dele e por sua conta, negociar, obter crédito junto às instituições financei-
ras, assinar contratos de financiamento, abrir contas e movimentar os valores
financiados, acertar prazos, juros e encargos da dívida, repactuar taxas de
juros, emitir títulos representativos do débito perante instituições financei-
ras e substabelecer no todo ou em parte o mandato outorgado.

Além disso, os contratos usualmente fazem prever que, por força do man-
dato, a sociedade administradora fará jus a uma remuneração conforme pa-
râmetros do mercado (sem explicitar valor ou critérios de apuração).

As relações entre as sociedades administradoras de cartões de crédito e


os usuários (clientes) configuram relações de consumo, aplicando-se as dis-
posições da Lei 8.078/90 (Código de Proteção do Consumidor). As socieda-
des administradoras não dão indicação sobre quais instituições financeiras
serão contratadas pelas mesmas.

Atividades
1. Indique se a frase está certa ou errada; se errada, justifique a resposta.

a) (BB) Na sua mais recente composição, o CMN passou a ser integra-


do pelo ministro da Fazenda, como presidente do conselho, pelo
ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo presidente
do Banco do Brasil.

(( Certo.
(( Errado.

b) (BB) Compete ao Bacen autorizar e fiscalizar o funcionamento das ad-


ministradoras de cartão de crédito.

(( Certo.
(( Errado.

80
Sistema Financeiro Nacional II

c) (BB) É atribuição do CRSFN julgar, em segunda e última instâncias ad-


ministrativas, os recursos interpostos das decisões relativas às pena-
lidades administrativas aplicadas pelo Bacen e relativas à infração à
legislação de consórcios.

(( Certo.
(( Errado.

Gabarito
1.

a) Errado.

b) Errado.

c) Certo.

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

81
Produtos e serviços financeiros I

Títulos de crédito
O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencher os requi-
sitos da lei. Se for omitido qualquer requisito legal, que invalide como título
de crédito, não está invalidado o negócio jurídico que lhe deu origem.

Deve conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que con-
fere e a assinatura do emitente. Se não contiver a indicação do vencimento,
é considerado à vista. Se não contiver o lugar de emissão e de pagamento,
será considerado o domicílio do emitente.

Nota promissória
Lei Uniforme de Genebra – Decreto 57.663/66
[...]
DA NOTA PROMISSÓRIA
Art. 75. A nota promissória contém:
1. denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título e expressa na língua
empregada para a redação desse título;
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
3. a época do pagamento;
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento;
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;
7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).

A nota promissória é um título de crédito que representa uma promessa


de pagamento. O emitente se obriga por compromisso com o beneficiário
a pagar-lhe certa quantia em dinheiro. A relação cambiária se realiza entre
duas pessoas.

83
Produtos e serviços financeiros I

O emitente é aquele que se compromete a pagar, e o beneficiário é aquele


a quem se deve pagar. Na relação cambiária, podem surgir, ainda, as figuras
do avalista, do endossante e do endossatário.

O avalista é a pessoa estranha à formação do título, que garante o seu paga-


mento mediante assinatura, tornando-se solidariamente responsável pelo
pagamento.

Ainda com respeito ao aval, a Lei Uniforme de Genebra no seu artigo 30


reza:
Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.
Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.

Já o Código Civil, personificado pela Lei 10.406/2002, no seu artigo 897,


diz o contrário com respeito ao aval parcial:
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma
determinada, pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Entretanto, a lei que regula a nota promissória é a Lei 57.663/66, sendo


assim o Código Civil, que traz normas sobre os Títulos de Crédito, apesar de
ser posterior a essa lei, não pode invalidá-la. Portanto, na nota promissória é
permitido o aval parcial.

Por ser um título de crédito a nota promissória pode ser transmissível por
endosso, caso o sacador insira as palavras “não à ordem”, ou qualquer expres-
são equivalente, fica invalidada a transmissão via endosso.

O endosso deve ser puro e simples. Considera-se não escrita qualquer


condição a que ele seja subordinado, e é nulo o endosso parcial. O endosso
transmite todos os direitos emergentes da nota promissória.

Endossador ou endossante é a pessoa que transfere a propriedade do


título mediante endosso (assinatura no verso da letra). Já endossatário é a
pessoa para quem a nota promissória é transferida. O último endossatário é
o credor final do título.

Caso a nota promissória não seja no seu vencimento, o credor poderá


levar a protesto ou encaminhar para cobrança judicial, executando a dívida.
Se o devedor vier a falir, a nota promissória será considerada vencida.

O vencimento de uma nota promissória pode ser:

84
Produtos e serviços financeiros I

 à vista – pagável à apresentação. Deve ser apresentada a pagamento


dentro do prazo de um ano, a contar da sua data.

 a um certo tempo de data – quando o vencimento é calculado toman-


do-se como base a data de sua emissão.

 a dia certo – quando já há uma data prefixada para seu vencimento.

O sacado que paga uma nota promissória pode exigir que ela lhe seja
entregue com a respectiva quitação e o portador não pode recusar qualquer
pagamento parcial.

No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamen-


to se faça menção no título e que dele lhe seja dada quitação. O portador de
uma nota promissória não pode ser obrigado a receber o pagamento dela
antes do vencimento.

Nota fiscal, fatura e duplicata


A nota fiscal é um documento contábil que comprova a venda de produ-
tos. A fatura é um documento originado pela nota fiscal e que informa dados
(relação que acompanha a remessa de mercadorias expedidas e que contém
a designação de quantidades, marcas, pesos, preços e importâncias) para
cobrança, gerando duplicata para esse fim. A nota fiscal e a fatura podem
configurar dois documentos em um único impresso.

A duplicata é um título de crédito, negociável, pelo qual o comprador se


obriga a pagar no prazo estipulado a importância da fatura, ou seja, é uma
cópia de fatura com função de título de crédito, expressando valor e venci-
mento em que o comprador deverá realizar o pagamento.

Uma fatura pode dar origem a mais de uma duplicata, mas uma dupli-
cata não pode se referir a mais de uma fatura. Quem emite a duplicata é o
credor, e em caso de não devolução da duplicata enviada para aceite, pode-
-se emitir uma triplicata.

O resgate trata-se do pagamento contra a própria apresentação do título,


ou por recibo, com referência expressa à duplicata. Constitui uma prova de
pagamento, total ou parcial da duplicata, como o cheque em que consta no
verso a referência ao pagamento.

85
Produtos e serviços financeiros I

Os títulos de crédito podem ter garantia por aval. Nas duplicatas o aval
pode ser parcial, já que as duplicatas são regidas subsidiariamente pela
Lei Uniforme de Genebra naquilo que não for citado na lei específica das
duplicatas.

Na falta de pagamento, acontece o protesto – que é a falta de aceite, falta


de devolução ou pagamento. O protesto deve ser encaminhado em até 30
dias da data do vencimento, para assegurar o direito de regresso contra os
endossantes e avalistas.

Prescrição do protesto:

 contra o sacado e avalistas – três anos do vencimento;

 contra endossante e seus avalistas – um ano do protesto;

 de qualquer dos coobrigados contra os demais – um ano, contando da


data do pagamento da duplicata.

Letra de câmbio
É um instrumento de captação (operações passivas) de Sociedades de
Crédito, Financiamento e Investimentos (financeiras).

É uma ordem de pagamento em que o sacador (emitente) dirige ao


sacado (devedor) para que este pague a importância consignada a um ter-
ceiro, denominado tomador (credor).

A emissão (saque) da letra de câmbio pressupõe, logicamente, a existên-


cia de um crédito do sacador perante o sacado que, ao invés de receber dire-
tamente deste, determina o seu pagamento para um terceiro, que por certo
mantém com aquele uma relação creditória permissiva de tal transferência.

A obrigação cambiária só se efetiva por meio do aceite do sacado. Apli-


cando sua assinatura no título, ele se compromete ao pagamento da letra,
convertendo-se em seu devedor primário.

Modalidades de vencimento:

 à vista – no ato da apresentação;


 a termo certo da vista – determinado em razão do aceite;
 a certo tempo da data – a certo dia a partir da emissão;
 em dia certo – o mais comum. Data fixada com absoluta precisão.

86
Produtos e serviços financeiros I

Caso o sacado não honre a letra de câmbio, o tomador poderá cobrar do


sacador, pois este é coobrigado do título. O aceite é o ato cambial pelo qual
o sacado reconhece a ordem.

O endosso consiste na transmissão da letra a outra pessoa pelo tomador


ou portador. Apenas podem ser transmitidas, por endosso, as letras que con-
tenham a cláusula à ordem, isto é, quando forem títulos à ordem. O endos-
sante passa a ser um dos codevedores.

A garantia é o aval e, no caso de letra de câmbio, existe o aval parcial.

As letras de câmbio financeiras estão amparadas pelo Fundo Garantidor


de Crédito (FGC) e regulamentadas pela Lei Uniforme de Genebra, Decreto
57.663, de 1966.

Depósitos à vista
São atividades típicas de bancos comerciais e os bancos podem exigir
valor mínimo para manutenção da conta.

Trata-se de uma captação de recursos do cliente. A quantia captada é


registrada em uma conta-corrente, podendo ser movimentada de diversas
formas, como através de depósitos, saques em dinheiro, emissão de cheques,
ordens de pagamentos, Documento de Ordem de Crédito (DOC), Transferên-
cia Eletrônica Direta (TED) etc.

Conforme Circular do Bacen 3.461/2009, os bancos devem manter um


controle rigoroso sobre depósitos efetuados em contas de clientes, po-
dendo exigir cadastro do depositante.

Abertura e movimentação de contas


(documentos básicos)

Pessoa Física
Documentos básicos necessários para abertura da conta:

 documento de identificação – cédula de identidade (RG) ou documen-


tos que a substituam legalmente, a exemplo das carteiras fornecidas
pela OAB, CREA, Corecon, CRM, Federação Nacional dos Jornalistas etc.;

87
Produtos e serviços financeiros I

 cadastro de Pessoa Física (CPF);

 comprovante de residência (conta de luz, telefone ou contrato de lo-


cação);

 o jovem menor de 16 anos pode ser titular de conta bancária, mas pre-
cisa ser representado pelo pai ou responsável legal;

 o maior de 16 e menor de 18 anos (não emancipado) deve ser assistido


pelos pais ou pelo responsável legal.

As contas de pessoa física podem ser do tipo:

 Pessoal ou conjunta:

 Conjunta – simples (não solidária) ou solidária:

Simples – no mínimo duas assinaturas;

Solidária: assinatura de apenas um participante.

Pessoa Jurídica
Documentos básicos necessários para abertura da conta:

 RG, CPF e comprovante de residência dos sócios;

 contrato social da empresa;

 alterações do contrato social;

 cartão do cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);

 comprovante de localização da empresa.

Conta simplificada
Segundo a Resolução do Banco Central (Bacen) 3.211/2004, é uma conta-
-corrente ou de poupança, individual (chamada de conta especial de depósi-
tos à vista), que pode ser aberta em bancos múltiplos com carteira comercial,
em bancos comerciais e na Caixa Econômica Federal, por pessoa física que
não tenha em seu nome outra modalidade de conta, em qualquer banco.

Os documentos necessários para sua abertura são:

88
Produtos e serviços financeiros I

 documentos de identidade (RG);

 Cadastro de Pessoa Física (CPF).

Não é exigido comprovante de residência, mas o proponente deverá fazer


declaração de endereço, de próprio punho. Para efeito da comprovação da
inscrição do proponente no CPF, admite-se a apresentação de documento
impresso diretamente da página da Secretaria da Receita Federal do Ministé-
rio da Fazenda na internet.

A conta pode ser aberta, ainda, mediante a apresentação de apenas o


Número de Identificação Social (NIS) – nesse caso, a pessoa tem seis meses
para apresentar os documentos de identidade e CPF.

É proibida a abertura de conta de depósitos sob nome abreviado ou de


qualquer forma alterado, inclusive mediante supressão de parte ou partes
do nome do depositante. É vedado o uso de talonário de cheques. A movi-
mentação é feita através de cartão magnético ou outro meio eletrônico e,
excepcionalmente, por saques mediante recibos ou cheques avulsos.

Não pode apresentar saldo ou soma dos créditos superiores a R$1.000,00


no mês. Caso o cliente exceda esse limite mais de duas vezes em um ano, ou
exceda a R$3.000,00, a qualquer tempo, o banco bloqueará a movimenta-
ção para verificação da ocorrência. Se as justificativas forem aceitas, o banco
poderá fazer o desbloqueio, isso só poderá ocorrer uma vez. Se houver blo-
queio novamente, a conta será encerrada ou transformada numa outra mo-
dalidade de conta.

O cliente estará isento de tarifa para realizar até quatro saques, quatro
extratos e quatro depósitos por mês. Caso exceda esse limite em quantidade
por tipo de transação, ou utilize saque mediante recibo, ele pagará as tarifas
cobradas pelo banco.

São exemplos de contas simplificadas: Bradesco – Banco Postal; Caixa


Econômica Federal – Caixa Fácil.

Conta salário
O trabalhador tem direito a escolher em qual banco quer receber o seu
salário, solicitando ao banco a transferência do valor para outra instituição
com isenção de tarifa na transferência da conta salário para outro banco.

89
Produtos e serviços financeiros I

Movimentação na própria conta salário:

 Limitações:

 a conta salário não pode ser movimentada por meio de cheques.


Essa movimentação somente poderá ser feita através de cartão
magnético, cujo fornecimento será de forma gratuita pelo banco.

 além do próprio salário, mais nenhum crédito poderá ser realizado


nessa conta.

 os saques são limitados a cinco e as consultas em terminais de au-


toatedimento a duas.

 a instituição financeira contratada deve assegurar a faculdade de


transferência, com disponibilidade no mesmo dia, dos créditos para
conta de depósitos de titularidade dos beneficiários. Não tem direi-
to a cheque especial, e não pode realizar aplicações financeiras.
 Isenções:

 a instituição financeira não pode cobrar pelo fornecimento do car-


tão magnético;

 para cada crédito realizado, são isentos cinco saques;

 a instituição financeira tem que isentar de pagamento a transferência


da conta salário para conta-corrente em outra instituição financeira;

 dois saldos mensais nos terminais de autoatendimento ou nos gui-


chês também estão isentos;

 estão isentos dois extratos mensais contendo a movimentação dos


últimos 30 dias;
1
A CPMF passou a vigorar
em 23 de janeiro de 1997,  não se pode cobrar taxa de manutenção da conta salário.
baseado na edição da Lei
9.311, de 24 de outubro
de 1996. A contribuição foi
extinta em 23 de janeiro
de 1999, tendo sido subs- Conta investimento
tituída pela IOF até o res-
tabelecimento em 17 de
junho de 1999. A alíquota, Essa conta foi criada tão somente para isentar da Contribuição Provisória
que era originalmente
de 0,25%, foi elevada na sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de
época de seu restabeleci-
mento para 0,38% e pos- Natureza Financeira (CPMF)1 os investidores que migrassem de um investi-
teriormente abaixada para
0,30% em 17 de junho de mento para outro. Apesar de esta ter sido extinta, a conta continua sendo
2000 e novamente para
0,38% em 19 de março de utilizada pelos bancos.
2001. A proposta de pror-
rogação da contribuição
foi rejeitada pelo senado É uma conta de depósito exclusiva para investimentos, onde serão reali-
em dezembro de 2007.
zadas todas as movimentações financeiras. Segundo a Lei 10.892/2004, para
90
Produtos e serviços financeiros I

a realização de aplicações financeiras em nome de seus clientes, as institui-


ções financeiras terão que abrir as contas investimento.

Toda regulamentação da conta de investimento é de responsabilidade do


Banco Central, e está definida na Circular 3.428/2004.

No caso das contas de depósitos de poupança, a decisão sobre a aber-


tura de conta investimento é do cliente. Assim, a critério do cliente, sua
caderneta de poupança poderá continuar a ser movimentada nos moldes
atuais, ou seja, sem necessidade de abertura de conta-corrente ou de conta
investimento.

A abertura da conta de investimento é revestida dos requisitos normais


exigidos pelo Banco Central para abertura de conta corrente, entretanto,
essa exigência é dispensada quando o cliente já possuir conta-corrente ou
conta poupança na instituição. Caso a abertura ocorra em outra instituição
financeira, que não aquela detentora da conta-corrente, a exigência também
é dispensada.

Os recursos disponíveis na conta investimento podem ser investidos nas


diversas modalidades de investimentos pelo banco. O resgate de aplicações
em produtos integrados pode ocorrer diretamente na conta investimento
possibilitando novas aplicações sem trânsito pela conta-corrente.

Atenção: saldo credor na conta investimento não será remunerado.

O ingresso de recursos na conta investimento pode ocorrer das seguintes


formas:

Transferência de conta-corrente

Pessoa Física Pessoa Jurídica


Deve haver pelo menos um titular As contas devem ter idêntica
comum entre as contas. titularidade.
Transferência de outra conta investimento

Pessoa Física Pessoa Jurídica Depósito em cheque


As contas devem ter As contas devem ter Cruzado e intransferível,
idêntica titularidade, idêntica titularidade. de emissão do titular da
com no máximo dois conta investimento.
titulares, independente-
mente da ordem.

91
Produtos e serviços financeiros I

Atenção: não é permitido depósito em espécie.

A saída de recursos da conta investimento:

Transferência para conta-corrente

Pessoa Física Pessoa Jurídica


Deve haver pelo menos um titular As contas devem ter idêntica
comum entre as contas titularidade
Transferência para outra conta investimento

Pessoa Física Pessoa Jurídica


As contas devem ter idêntica titulari-
As contas devem ter idêntica
dade, com no máximo dois titulares,
titularidade.
independentemente da ordem.

Movimentações permitidas na conta investimento:


 aplicações;

 resgates;

 transferências entre contas no banco;

 transferências via Transferência Eletrônica Disponível (TED);

 depósito em cheque de emissão do próprio titular;

 extratos e saldos;

 compra de ações;

 aplicações em ofertas públicas de ações.


Movimentações não permitidas na conta investimento:

 saques;

 pagamento de contas;

 depósitos em dinheiro, cheques de terceiros ou cheque TB;

 crédito de salários ou de terceiros;

 fornecimento de cheques;

 remuneração de saldo credor.


92
Produtos e serviços financeiros I

Encerramento de conta
Os contratos ou fichas-proposta de abertura de conta deverão estabele-
cer, no mínimo, as seguintes condições para seu encerramento:

 comunicação prévia por escrito;

 prazo para adoção de providências relacionadas à rescisão;

 devolução ao banco das folhas de cheques em seu poder ou declara-


ção por escrito de sua inutilização;

 manutenção de fundos suficientes para a liquidação de compromissos


assumidos com o banco ou decorrentes de disposições legais.

Ao solicitar o encerramento, o cliente deve tomar as seguintes providên-


cias:

 pedir o extrato da conta;

 verificar se todos os débitos (autorizados) e cheques emitidos estão


lançados na conta;

 cancelar as autorizações de débitos automáticos;

 devolver os talonários de cheques e cartões que estejam em seu po-


der, conferindo e confirmando com o banco o seu registro;

 exigir o protocolo das devoluções e do encerramento da conta;

 manter saldo suficiente para liquidação de compromissos assumidos


anteriormente (débito automático, prestação de financiamento).

Tarifas bancárias
O Bacen, por orientação do Conselho Monetário Nacional (CMN), através
da Resolução 3.518/2007, criou regras novas com o intuito de disciplinar a
cobrança de tarifas bancárias pela prestação de serviços por parte das insti-
tuições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil.

A Resolução focou especialmente os serviços mais utilizados por pessoas


físicas, para dar transparência e clareza maior à prestação de serviços pres-
tados pelos bancos, para que o consumidor possa comprar e verificar qual

93
Produtos e serviços financeiros I

banco atende às suas necessidades, com isso, provoca a concorrência no


setor.

Essa resolução determinou também que a partir do dia 30 de abril de


2008 as categorias de serviços bancários para pessoas físicas ficariam dividi-
das em: essenciais, prioritários, especiais e diferenciados.

Essenciais: tarifas que não podem ser cobradas


Conta-corrente Poupança

Fornecimento de cartão de débito Fornecimento de cartão para movimentação

2.ª via do cartão de débito, exceto em caso de 2.ª via do cartão de poupança, exceto em caso
perda, roubo ou danificação pelo cliente de perda, roubo o danificação do cliente

2 saques por mês realizados no caixa ou termi-


10 folhas de cheques por mês
nal de autoatendimento

4 saques no caixa ou terminal de autoatendi- 2 transferências para conta de mesma titulari-


mento dade

2 extratos por mês contendo a movimentação 2 extratos por mês contendo a movimentação
mensal mensal

Realização de consultas, via internet Realização de consultas via internet

2 transferências de recursos entre contas do Fornecimento do extrato anual com as tarifas


mesmo banco cobradas

Compensação de cheques

Fornecimento do extrato anual com as tarifas


cobradas

Prioritários: tarifas que poderão ser cobradas pelos bancos, mas a majoração des-
ses itens só pode acontecer a cada 180 dias
Confecção e renovação de cadastro

Fornecimento de 2.ª via de cartão de débito ou de movimentação de poupança

Exclusão do cadastro de emitente de cheques sem fundos

Sustação de cheque

Fornecimento de folhas de cheque, além dos gratuitos

Cheque administrativo

Cheque de transferência bancária

Cheque visado

Saque de conta-corrente e de poupança, além dos gratuitos

94
Produtos e serviços financeiros I

Depósito identificado

Fornecimento de extrato mensal de conta-corrente e de poupança, além dos gratuitos

Fornecimento de cópia de microfilme, microficha ou assemelhado

Transferência por meio de DOC e TED

Transferência entre contas do mesmo banco

Ordem de pagamento

Concessão de adiantamento a depositante

Especiais: sujeitos a normas específicas,


como empréstimos de Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
que já têm regulamentação própria
Diferenciados: passíveis de cobrança,
desde que explicitadas suas condições aos clientes
Abono de assinatura

Aditamento de contratos

Administração de fundos de investimento

Aluguel de cofre

Avaliação, reavaliação e substituição de bens recebidos em garantia

Cartão de crédito

Certificado digital

Coleta e entrega em domicílio ou outro local

Cópia ou segunda via de comprovantes e documento

Corretagem

Custódia

Extrato diferenciado mensal contendo informações adicionais àquelas relativas a contas-corren-


tes de depósitos à vista e a contas de depósitos de poupança

Fornecimento de atestados, certificados e declaração

Leilões agrícolas

Aviso automático de movimentação de conta

Pacote padronizado: produto deve ser oferecido por


todos os bancos (a majoração da tarifa deste produto
somente poderá ocorrer a cada 180 dias)
Confecção de cadastro para início de relacionamento

2 renovações de cadastro por ano

95
Produtos e serviços financeiros I

8 saques por mês, incluindo os gratuitos

4 extratos mensais, incluindo os gratuitos

2 extratos do mês imediatamente anterior

4 transferências por mês entre contas do mesmo banco, incluindo os gratuitos

É obrigatória a oferta a pessoas físicas de pacote padronizado de servi-


ços prioritários. O valor cobrado pelo pacote padronizado de serviços não
pode exceder o somatório do valor das tarifas individuais que o compõem,
considerada a tarifa correspondente ao canal de entrega de menor valor.
É facultado à instituição financeira suspender o fornecimento de novos che-
ques quando:

 20 ou mais folhas de cheque já foram fornecidas ao correntista e ainda


não foram liquidadas;

 não tiverem sido liquidadas 50%, no mínimo, das folhas de cheque for-
necidas ao correntista nos três últimos meses.

As tarifas debitadas em conta-corrente de depósitos à vista ou em conta


de depósitos de poupança devem ser identificadas no extrato de forma
clara.

O valor do lançamento a débito referente à cobrança de tarifa em conta


de depósitos de poupança somente poderá ocorrer após o lançamento dos
rendimentos de cada período.

O valor do lançamento a débito referente à cobrança de tarifa em conta-


-corrente de depósitos à vista ou em conta de depósitos de poupança não
pode ser superior ao saldo disponível. A majoração do valor de tarifa exis-
tente ou a instituição de nova tarifa deve ser divulgada com, no mínimo, 30
dias de antecedência, sendo permitida a cobrança somente para o serviço
utilizado após esse prazo.

Deve ser fornecido aos clientes pessoas físicas, até 28 de fevereiro de cada
ano, a partir de 2009, extrato consolidado discriminando, mês a mês, as tari-
fas cobradas no ano anterior em conta-corrente de depósitos à vista e/ou em
conta de depósitos de poupança.

96
Produtos e serviços financeiros I

Cheque
A Lei 7.357/1985 dispõe sobre o cheque e dá outras providências:

Dita que um cheque é uma ordem de pagamento à vista, devendo ser


pago no momento de sua apresentação ao banco sacado, descontando-se o
valor do seu saldo em depósito.

O cheque é, ao mesmo tempo, uma ordem de pagamento à vista (para


o banco onde o dinheiro está depositado) e um título de crédito (para o be-
neficiário que o recebe). Nele estão presentes dois tipos de relação jurídica:
entre o cliente e o banco (baseada na conta bancária); e entre o cliente e o
beneficiário, pela qual o cheque se torna um documento capaz de gerar pro-
testo ou execução em juízo.

No cheque estão envolvidas três pessoas: o emitente (emissor ou saca-


dor), que é aquele que emite o cheque; o beneficiário, que é a pessoa a favor
de quem o cheque é emitido; e o sacado, que é o banco em que está deposi-
tado o dinheiro do emitente.

O cheque pode ser emitido de três formas:

 nominal (ou nominativo) à ordem, que é aquele que só pode ser apre-
sentado ao banco pelo beneficiário indicado no cheque, podendo ser
transferido por endosso do beneficiário;

 nominal não à ordem, que é aquele que não pode ser transferido pelo
beneficiário;

 ao portador, que é aquele que não nomeia um beneficiário, e o cheque


é pagável a quem o apresente ao banco sacado.

Para tornar um cheque “não à ordem”, basta o emitente escrever, após o


nome do beneficiário, a expressão “não à ordem”, ou “não transferível”, ou
“proibido o equivalente”.

O cheque ao portador não pode ter valor superior a R$100,00, e as pes-


soas, lojas, empresas etc. não estão obrigadas a receber cheques. Pagamen-
tos em cheque estabelecem uma relação de confiança entre o emitente e
quem recebe (beneficiário) que não pode ser forçada. Apenas as cédulas e as
moedas de real têm curso forçado.

97
Produtos e serviços financeiros I

Considera-se não escrita a estipulação de juros inserida no cheque. Não


existe diferença entre cheque comum e o cheque especial do ponto de vista
legal, pois todo cheque é igualmente uma ordem de pagamento à vista e
um título de crédito. O chamado cheque especial é um produto que decorre
de uma relação contratual onde é fornecida uma linha de crédito para cobrir
cheques que ultrapassem o dinheiro que tiver depositado. O banco cobra
juros por esse empréstimo.

Um cheque apresentado antes do dia nele indicado (pré-datado) pode


ser pago pelo banco, pois é uma ordem de pagamento à vista, válida para
o dia de sua apresentação ao banco, mesmo que nele esteja indicada uma
data futura. Se houver fundos, o cheque pré-datado é pago; se não houver, é
devolvido pelo motivo 11 ou 12.

O cliente, bem como o portador do cheque, é obrigado a comunicar ao


banco com antecedência a quantia que irá sacar apenas para saque em espé-
cie de valores superiores a R$5 mil. O cliente deve comunicar ao banco com
antecedência, pois, caso não seja comunicado, é permitido ao banco poster-
gar a operação para o expediente seguinte.

A morte do emitente ou sua incapacidade superveniente à emissão não


invalidam os efeitos do cheque. O portador não pode recusar pagamento
parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do
cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação. O sacado que paga
cheque “à ordem’’ é obrigado a verificar a regularidade da série de endossos,
mas não a autenticidade das assinaturas dos endossantes. A mesma obriga-
ção incumbe ao banco apresentante do cheque à câmara de compensação.

O pagamento se fará à medida que forem apresentados os cheques e se


dois ou mais forem apresentados simultaneamente, sem que os fundos dis-
poníveis bastem para o pagamento de todos, terão preferência os de emis-
são mais antiga e, se da mesma data, os de número inferior.

Endosso em cheques
Segundo a Lei 7.357/1985, o cheque pagável à pessoa nomeada, com
ou sem cláusula expressa “à ordem’’, é transmissível por via de endosso. E o
cheque pagável à pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem’’, ou outra
equivalente, só é transmissível pela forma e com os efeitos de cessão (não
será observada a lei dos títulos de crédito ou equivalente, mas na lei civil, por
exemplo, o cheque perde sua autonomia de circulação).
98
Produtos e serviços financeiros I

O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obrigado, que podem


novamente endossar o cheque. Deve ser puro e simples, reputando-se não
escrita qualquer condição a que seja subordinado. São nulos o endosso par-
cial e o do sacado.

Vale como em branco o endosso ao portador. O endosso ao sacado vale


apenas como quitação, salvo no caso de o sacado ter vários estabelecimen-
tos e o endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra
o qual o cheque foi emitido.

O endosso deve ser lançado no cheque ou na folha de alongamento e


assinado pelo endossante, ou seu mandatário com poderes especiais.

O endosso pode não designar o endossatário, consistindo apenas na assi-


natura do endossante (endosso em branco) e só é válido quando lançado no
verso do cheque ou na folha de alongamento. A assinatura do endossante, ou
a de seu mandatário com poderes especiais, pode ser constituída, na forma
de legislação específica, por chancela mecânica, ou processo equivalente.

O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o endos-


so é em branco pode o portador:
I – completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa;
II – endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa;
III – transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem
endossar.

Salvo estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento. Pode


o endossante proibir novo endosso, nesse caso, não garante o pagamento a
quem seja o cheque posteriormente endossado.

O detentor de cheque “à ordem’’ é considerado portador legitimado, se


provar seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo que o
último seja em branco. Para esse efeito, os endossos cancelados são conside-
rados não escritos. Se o cheque indica a nota, fatura, conta cambial, imposto
lançado ou declaração a cujo pagamento se destina, ou outra causa da sua
emissão, o endosso pela pessoa a favor da qual foi emitido e a sua liquidação
pelo banco sacado provam a extinção da obrigação indicada.

O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por


aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do
título.
99
Produtos e serviços financeiros I

Aval em cheque
A Lei 7.357/85 afirma que o pagamento do cheque pode ser garantido, no
todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo
por signatário do título.

O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se


pelas palavras “por aval’”, ou fórmula equivalente, com a assinatura do ava-
lista. Considera-se como resultante da simples assinatura do avalista, aposta
no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente.

O aval deve indicar o avalizado, na falta de indicação, considera-se ava-


lizado o emitente. O avalista se obriga da mesma maneira que o avalizado,
subsiste sua obrigação, ainda que nula por ele garantida, salvo se a nulidade
resultar de vício de forma. E o avalista que paga o cheque adquire todos os
direitos dele resultantes contra o avalizado e contra os obrigados para com
este em virtude do cheque.

Devolução de cheques
O cheque poderá ser devolvido por um dos motivos a seguir classificados
na Resolução do Banco Central 1.682/90:

Cheque sem provisão de fundos


11 Cheque sem fundos – 1.ª apresentação.

Cheque sem fundos – 2.ª apresentação – caracteriza-se quando a reapresentação ocorrer


12 em data diferente da ocorrência do motivo 11.

13 Conta encerrada.

Prática espúria – este motivo, a ser utilizado exclusivamente pelos bancos que assumirem o
“Compromisso de pronto acolhimento”, caracteriza-se quando:
1. forem apresentados, no mesmo dia, mais de três cheques sem fundos de valor até o esta-
belecido em dispositivo específico, sacados contra a mesma conta de depósitos;
14 2. já tiverem sido pagos, em datas diferentes e em razão do referido “Compromisso”, três ou
mais cheques sem fundos de valor até o estabelecido em dispositivo específico. Os bancos
poderão assumir, com registro no Banco Central do Brasil – departamento de organização
e autorizações bancárias –, “compromisso de pronto acolhimento”, revogável a qualquer
tempo, pelo qual se comprometerão a não devolver os cheques de valor até o estabelecido
em dispositivo específico, pelos motivos 11 e 12.

Nas devoluções pelos motivos 12, 13 e 14, os bancos são responsáveis pela inclusão do
correntista no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF).

20 Folha de cheque cancelada por solicitação do correntista.

100
Produtos e serviços financeiros I

Impedimento ao pagamento
21 Contraordem ou oposição ao pagamento.

22 Divergência ou insuficiência de assinatura.

23 Emitente entidade/órgão da administração pública federal em desacordo.

24 Bloqueio judicial ou determinado pelo Bacen.

25 Cancelamento de talonário pelo banco sacado.

26 Inoperância temporária de transporte.

27 Feriado municipal não previsto.

Contraordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação) ao pagamento, ocasionada por fur-
to ou roubo, cuja utilização fica condicionada à apresentação, pelo emitente, em ambos os
casos, ou portador legitimado, no caso oposição (ou sustação), da respectiva ocorrência
28 policial. Os cheques devolvidos pelo motivo 28 – contraordem (ou revogação) ou oposição
(ou sustação) ao pagamento ocasionada por furto ou roubo –, quando reapresentados no
Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis (SCCOP) devem ser devolvidos pelo
motivo “49 – remessa nula”.

Cheque bloqueado por falta de confirmação do recebimento do talonário pelo correntista.


É vedada a devolução de cheques pelo motivo 29 quando a autenticidade da assinatura do
29 correntista for constatada pelo banco sacado em qualquer cheque do talonário, hipótese
em que será considerado confirmado o recebimento do talonário de cheques.

Cheque com irregularidade


30 Furto ou roubo de malote.

Erro formal (sem data de emissão, com o mês grafado numericamente, ausência de assina-
31 tura, não registro do valor por extenso).

32 Ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de endosso.

33 Divergência de endosso.

34 Cheque apresentado pelo banco que não o indicado pelo carimbo de cruzamento.

35 Cheque fraudado.

37 Registro inconsistente – compensação eletrônica.

Apresentação indevida
40 Moeda inválida.

41 Cheque apresentado a banco que não o sacado.

42 Cheque não compensável na sessão.

43 Cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21/22/23/24/31/34.

44 Cheque prescrito.

101
Produtos e serviços financeiros I

Cheque de entidade pública obrigada a movimentar recursos financeiros mediante ordem


45 do Bacen.

46 Devolução da Carta Remessa – cheque não recebido.

47 Devolução de CR – dados inconsistentes.

48 Cheque de valor superior a R$100,00, não nominativo.

Remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque devolvido pelos motivos 12,
13, 14, 43, 44 e 45, podendo a devolução ocorrer a qualquer tempo. Os cheques devolvidos
49 pelo motivo 28 – contraordem (revogação) ou oposição (sustação) ao pagamento ocasio-
nado por furto ou roubo –, quando reapresentados no SCCOP, devem ser devolvidos pelo
motivo 49 – remessa nula.

Quando o banco recusar o pagamento de um cheque deve carimbá-lo


com o motivo da devolução. Ao recusar o pagamento, o banco deve regis-
trar, no verso do cheque, o código do motivo da devolução, a data e a assina-
tura de funcionário autorizado.

O banco é obrigado a comunicar a devolução de cheques sem fundos


somente nos motivos 12, 13 e 14, que implicam inclusão do nome do titular
no CCF (Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos).

As ocorrências serão excluídas do Cadastro de Emitentes de Cheques sem


Fundos:

 automaticamente, após decorridos cinco anos da última inclusão;

 a pedido do estabelecimento sacado, ou por iniciativa do próprio exe-


cutante, se comandada a inclusão por erro comprovado, hipótese em
que a instituição, tão logo tenha conhecimento do fato, deve coman-
dar a exclusão do CCF, sem ônus para o cliente;

 a qualquer tempo, a pedido do estabelecimento sacado, desde que o


cliente comprove junto a ele o pagamento do cheque que deu origem
à ocorrência, e, nos casos de prática espúria, regularize o débito;

 por determinação do Banco Central do Brasil.

Compensação de cheques e outros papéis


O serviço de compensação de cheques e outros papéis é regulamenta-
do pelo Bacen e executado pelo Banco do Brasil. O serviço é realizado entre
bancos, na câmara de compensação do Banco do Brasil, permitindo a co-
brança de cheques, a transferência de fundos, o pagamento de títulos (fichas
de compensação) e outras obrigações.
102
Produtos e serviços financeiros I

Prazos para a compensação de cheques e outros papéis


Os prazos abaixo são sempre contados do dia útil seguinte ao do
depósito.

a) Cheque depositado na mesma praça ou entre praças que pertençam à


mesma regional do sistema de compensação: valor inferior a R$300,00
– dois dias úteis. Valor igual ou superior a R$300,00 – um dia útil.

b) Cheque depositado em praças diferentes, que não pertençam à mes-


ma regional do sistema de compensação:

Praça do acolhimento
Praça sacada do cheque
do depósito
Integrada ao Sirc Não integrada ao
de São Paulo Sirc de São Paulo
Integrada ao Sirc Prazos mencionados no
Três dias úteis
de São Paulo item “a”
Não integrada ao Sirc
Três dias úteis Quatro dias úteis
de São Paulo

c) O prazo de bloqueio de depósito em cheque envolvendo praça de di-


fícil acesso é de 20 dias úteis.

Por norma do Banco Central do Brasil, todas as agências bancárias devem


afixar a tabela com os prazos de compensação em local visível para o públi-
co, junto com as relações de praças de difícil acesso e de acesso normal não
integradas.

Os valores depositados ficam disponíveis para compensar débitos, na res-


pectiva conta-corrente do depositante, na noite do último dia do prazo de
bloqueio, podendo ser sacados, diretamente no caixa do banco, no dia útil
seguinte ao último dia do prazo de bloqueio.

Os valores depositados que sofrerem bloqueio por prazos superiores aos


citados devem ser remunerados, por dia de excesso, pela taxa Selic.

Os depósitos em cheques de outra agência do mesmo banco observam os


mesmos prazos máximos de bloqueio e de entrega previstos acima para os che-
ques de outro banco, podendo ser reduzidos, de acordo com os critérios pró-
prios de cada banco.

103
Produtos e serviços financeiros I

Revogação e sustação de cheque


Existem duas formas para impedir o pagamento de um cheque: oposi-
ção ao pagamento ou sustação, que pode ser determinada pelo emitente
ou pelo beneficiário, e suspende de imediato o pagamento do cheque; e
contraordem ou revogação, que só vigora após o término do prazo de apre-
sentação, só vale para cheques preenchidos e só pode ser determinada pelo
titular, emitente do cheque. Revoga em definitivo o cheque.

Os bancos não podem impedir ou limitar o direito de sustar o pagamento


de um cheque, porém as instituições bancárias podem cobrar tarifa pela sus-
tação, desde que expressamente prevista na ficha-proposta.

O banco é obrigado a informar ao portador do cheque a razão pela qual


o (emitente) determinou a sustação no caso de cheque devolvido por sus-
tação. Cabe ao banco sacado informar o motivo alegado pelo oponente,
sempre que solicitado pelo favorecido nominalmente indicado no cheque,
ou pelo portador, quando se tratar de cheque cujo valor dispense a indica-
ção do favorecido.

O banco é obrigado a fornecer, ao portador de cheque devolvido, as in-


formações que permitam identificar e localizar o cliente somente quando o
cheque for devolvido por um dos seguintes motivos: 11 a 14, 21, 22 e 31 e
o portador estiver devidamente qualificado. Nos demais casos, o banco fica
impedido de fornecer qualquer informação.

No caso de talão de cheque furtado ou roubado, o banco não pode for-


necer ao portador de cheque devolvido as informações que permitam iden-
tificar e localizar quem foi que apresentou, no ato de sustação, o registro da
ocorrência policial (motivo 28).

Quando a sustação é dada por roubo ou furto (motivo 28), o cliente fica
liberado de pagar a taxa e a tarifa cobradas no caso de inclusão no CCF, pelo
serviço de exclusão do nome no cadastro. Em caso de perda ou roubo, o be-
neficiário do cheque pode pedir ao banco a oposição ao seu pagamento.

Preenchimento do cheque
O banco considera apenas o valor escrito por extenso quando o cheque
apresentar o valor numérico diferente do valor por extenso. O cheque pode
ser preenchido com tinta de qualquer cor, porém os cheques preenchidos

104
Produtos e serviços financeiros I

com outra tinta que não azul ou preta podem, no processo de microfilma-
gem, ficar ilegíveis.

Prazo de validade do cheque


O prazo de apresentação do cheque é de 30 dias, a contar da data de emis-
são, para os cheques emitidos na mesma praça do banco sacado e de 60 dias
para os cheques emitidos em outra praça. O prazo de prescrição é de seis
meses decorridos a partir do término do prazo de apresentação.

Quando o cheque é apresentado após o prazo de apresentação ele é


pago se houver fundos na conta. Se não houver, o cheque é devolvido pelo
motivo 11 (ou 12, se se tratar da segunda apresentação, tendo o nome inclu-
ído no CCF).

Quando o cheque é apresentado além do prazo de prescrição ele é devol-


vido pelo motivo 44, não podendo ser pago pelo banco mesmo que tenha
fundos na conta.

A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra


outro prescreve em seis meses, contados do dia em que o obrigado pagou o
cheque ou do dia em que foi demandado.

Pode o portador promover a execução do cheque: contra o emitente e


seu avalista; contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque é apresen-
tado em tempo hábil e a recusa do pagamento é comprovada pelo protesto
ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indica-
ção do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por
câmara de compensação.

Cheque cruzado
Quando um cheque for cruzado, o favorecido não pode sacar diretamen-
te no caixa, ele deve ser depositado em conta bancária. O cruzamento pode
ser geral, quando não indica o nome do banco, ou especial, quando o nome
do banco aparece entre os traços de cruzamento.

O banco sacado não considera nenhuma tentativa de inutilizar o cruza-


mento ou alterar o nome do banco indicado para efetuar o saque do referido
cheque.

105
Produtos e serviços financeiros I

Certificado de Depósito Bancário (CDB)


e Recibo de Depósito Bancário (RDB)
O CDB e o RDB são títulos de crédito emitidos por bancos comerciais, de
investimento, múltiplos e Caixas Econômicas Federais que representam um
depósito a prazo efetuado pelo cliente.

O CDB é transferível por endosso nominativo (endosso em preto) desde


que respeitados os prazos mínimos, já o RDB não é transferível.

Os recursos captados por esses meios são utilizados para comporem fun-
ding para as carteiras de empréstimos. Por serem depósitos a prazo, existe
uma data combinada para que ocorra o resgate do título. Na data de ven-
cimento, ocorre o crédito em conta-corrente do cliente do valor aplicado
acrescido da remuneração que tenha sido contratada, após a cobrança dos
impostos devidos.

Características
O CDB e o RDB têm mecanismos idênticos. O CDB pode ser escritural ou
físico e o RDB somente pode ser recibo.

O CDB pode ser transferido e negociado no mercado secundário e o RDB


é intransferível, por isso não pode ser negociado.

Rendimento
O rendimento do CDB e do RDB são obtidos pela taxa de juros ou pela
taxa de juros mais a variação de um indexador. Varia conforme a necessidade
de captação de cada banco.

Garantias
O CDB e o RDB são garantidos pela instituição financeira. O controle do
sistema Cetip assegura que o CDB não é falso.

Prazos mínimos:

 prefixados – não há;

 pós-fixados:

106
Produtos e serviços financeiros I

 TR/TJLP – um mês;

 TBF – dois meses;

 flutuantes:

 CDI/taxa média Selic – não exigido;

 índice de preços – um ano.

Liquidez
O CDB tem maior liquidez que o RDB, pois pode ser liquidado antes da
data do vencimento e o RDB somente pode ser liquidado no dia do resgate.
Caso ocorra negociação entre as partes, o RDB, excepcionalmente, pode ser
liquidado antes, mas o aplicador resgata somente o capital.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)


Tabela decrescente praticada pelo mercado, quando há incidência sobre
o valor dos rendimentos – CDB e RDB – e quando a aplicação for efetuada
por prazo inferior a 30 dias.

O Imposto de Renda (IR) incide sobre o rendimento bruto, no momento


do resgate. As alíquotas do IR são regressivas, de acordo com o tempo em
que o valor ficar investido:

 até seis meses, a alíquota é de 22,50%;

 de seis meses a 1 ano, a alíquota é de 20%;

 de um a dois anos, a alíquota é de 17,50%;

 acima de dois anos, a alíquota é de 15%.

Dicas de estudo
 Estar atento para os documentos mínimos necessários para abertura
das contas-correntes e contas simplificadas.

 Memorizar as categorias de tarifas existentes e os serviços que não po-


dem ser tarifados.

107
Produtos e serviços financeiros I

 Entender que as características do endosso e do cruzamento são im-


portantes, assim como a diferença entre sustação e contraordem.

 Estudar bem os requisitos essenciais e a questão do aval parcial.

 Memorizar as características do CDB e do RDB, bem como os prazos e


tipos de taxas.

Atividades
1. Indique se as frases abaixo estão certas ou erradas; se erradas, justifi-
que a resposta.

a) Os serviços considerados prioritários não poderão ter as tarifas


majoradas em um prazo menor que seis meses entre um aumento
e outro.

(( Certo.
(( Errado

b) (BB) Os CDBs são títulos emitidos por bancos comerciais, de in-


vestimento, de desenvolvimento ou múltiplos com o objetivo de
gerar captação de recursos (funding) para que o banco aplique
em vários ativos. Sendo assim, o CDB não é título de emissão pri-
vada.

(( Certo.
(( Errado.

2. (CEF) O cheque é um recurso disponibilizado pelos bancos para seus


clientes, que o utilizarão como um título de crédito cuja emissão poderá
ser nominativa ou ao portador. Um cheque cruzado emitido ao porta-
dor deverá ser:

a) depositado na conta-corrente do portador do cheque, que poderá


ser em qualquer banco.

108
Produtos e serviços financeiros I

b) depositado na conta-corrente do beneficiário, que deve ser obrigato-


riamente no mesmo banco emitente do cheque.

c) endossado no verso pelo emitente do cheque para que o beneficiá-


rio possa depositar o cheque em outros bancos.

d) sacado pelo próprio portador do cheque diretamente no caixa do


banco emitente.

e) sacado pelo portador ou beneficiário em qualquer agenda bancária


com a devida autorização do emitente do cheque.

3. (CEF) Ao título de crédito comercial em que o “emitente” obriga-se, por


escrito, a pagar a uma pessoa “beneficiária” uma determinada importân-
cia dá-se o nome de:

a) Certificado de Deposito Bancário (CDB).

b) nota promissória.

c) nota fiscal.

d) cheque.

e) cédula hipotecária.

Gabarito
1.
a) Errado.

b) Errado.

2. A

3. B

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

109
Produtos e serviços financeiros II

Cobrança e pagamento de títulos e carnês


O produto mais importante desenvolvido nos bancos comerciais nos últi-
mos 10 anos foi a cobrança bancária, um serviço indispensável.

Com a cobrança, os bancos estreitaram o relacionamento com as empre-


sas e engordaram as aplicações dos recursos transitórios em títulos públicos.
A cobrança bancária é realizada através de um boleto que substitui duplica-
tas, notas promissórias e outros títulos e é realizada quase que totalmente
através de cobrança escritural, seguindo o seguinte procedimento:

 o cliente transmite aos bancos os dados dos títulos a serem cobrados


por via de meios magnéticos ou diretamente através de computadores;

 o banco emite os boletos em nome do sacado (o devedor do título) e


os envia;

 após o pagamento pelo sacado, o banco informa seu cliente, e credita


o valor cobrado na conta-corrente.

O prazo em que o recurso é depositado na conta do cliente é acertado


entre o banco e o cliente. O pagamento do boleto bancário pode ser reali-
zado pelo sacado em qualquer banco – a chamada ficha de compensação
– desde que seja efetuado até a data de vencimento. Assim, quando o banco
que recebeu o pagamento for diverso daquele que o emitiu, esse papel
deverá ir para a câmara de compensação.

Modalidades de cobrança

Simples
O cedente (credor do título) relaciona os títulos em um borderô, anexan-
do os títulos a serem cobrados, e remete ao banco, transferindo a posse dos
títulos ao banco, mas mantendo a propriedade. O banco encarrega-se de
cobrar do sacado (devedor do título), através da emissão de boleto de co-

111
Produtos e serviços financeiros II

brança, creditando na conta do cedente quando do pagamento. Pela presta-


ção do serviço, o banco cobra uma tarifa do cedente. O processo de entrega
física para cobrança pode ser substituído por meio de remessa de arquivo
eletrônico.

Rápida
O banco entrega boletos pré-impressos ao cliente cedente que os pre-
enche e os envia ao sacado, remetendo os dados ao banco apenas para
registro.

Caucionada
O mesmo processo da cobrança simples, com o detalhe que os títulos
envolvidos estão caucionados ao banco para garantir algum tipo de dívida
do cedente com a instituição financeira.

Descontada
Processo idêntico ao da cobrança simples, só que o valor resultante do
pagamento por parte do sacado pertence ao banco que, ao aceitar os títu-
los para cobrança, adiantou o valor da cobrança ao cedente descontando os
juros combinados.

Sem registro
O banco emite os boletos pré-impressos ao cedente, que os preenche e
remete ao sacado. Nesse caso nada fica registrado no banco.

Transferência automática de fundos


É a prestação de serviços em que o banco, automaticamente, movimen-
ta as contas dos clientes, mediante prévia autorização, entre uma ou mais
contas em uma ou mais agências do banco. A transferência pode ser agen-
dada por ordem direta do correntista.

112
Produtos e serviços financeiros II

Documento de Crédito (DOC)


Forma de transferência de recursos entre bancos diferentes, com confir-
mação de crédito para o dia seguinte.
Existem dois tipos de DOC:

 DOC C – para transferências entre contas de titularidades diferentes.

 DOC D – para transferências entre contas com a mesma titularidade1.


1
Essa opção foi muito útil
para isentar esse tipo de

Transferência Eletrônica Disponível (TED) transferência da cobrança


do CPMF, que atualmente
está extinta.

Forma de transferência entre bancos, com confirmação para o mesmo dia


para valores acima de R$3.000,00.

Existem dois tipos de TED:

 TED C – para transferências entre contas de titularidades diferentes.

 TED D – para transferências entre contas da mesma titularidade.

Arrecadação de tributos e tarifas públicas


São serviços prestados às instituições públicas, através de acordos e con-
vênios específicos, que estabelecem as condições de arrecadações e repas-
ses desses tributos ou tarifas.

Até a década de 1960, os órgãos públicos tinham agências arrecadado-


ras (coletorias). Atualmente, os bancos assimilaram esse serviço, passando
a cobrar por ele, mas ainda assim é mais barato do que manter o aparato
arrecadatório.

As vantagens para o banco em recolher essas tarifas são: aumento de


aplicações e aumento de receitas; atrativo para a conquista de novos clientes
e fidelização do cliente.

Para a instituição pública, as vantagens são: certeza do rigor do contrato;


eliminação dos custos administrativos e segurança e tranquilidade no manu-
seio de valores. E as vantagens para o cliente/contribuinte são: comodidade;
segurança dos serviços executados e centralização de vários pagamentos/
recolhimentos em um só lugar.

113
Produtos e serviços financeiros II

A tarifa é o preço público pago pela utilização de serviços facultativos (e


não compulsórios) que a administração pública ou seus delegados colocam
à disposição da população. Exemplos de tarifas: a tarifa postal, telegráfica, de
transportes, telefônica, de gás, de fornecimento de água e outras.

Já o tributo é contribuição em dinheiro que o Poder Público exige das


pessoas físicas e jurídicas para custear os serviços públicos: imposto sobre
renda, imposto sobre circulação de mercadorias e sobre prédios urbanos são
alguns dos impostos cobrados pelo Estado (União, estado e municípios).

E a taxa é o tributo vinculado a uma atuação estatal. Assim, somente a


prestação de um serviço público é hipótese de incidência desse tributo. O
princípio norteador das taxas é o da retribuição, isto é, por intermédio da
taxa a pessoa política compensa-se dos gastos que teve para prestar o ser-
viço público.

Remote banking
Dentro do processo de redução de custos de intermediação financeira,
os bancos concluíram sobre a importância de reduzir o trânsito e a fila de
clientes nas agências e, como consequência, o investimento necessário em
instalações de atendimento.

Dessa forma, foi intensificado o atendimento remoto (fora das agências),


segmentado pelo tipo de serviço prestado pelos bancos.

Pontos de atendimento externo, redes tipo do banco 24 horas.

Pontos de atendimento interno em empresas, tipo balcão


eletrônico.
Saques de Pontos de atendimento externo através de cartão magnético ou
dinheiro cheques trocados em redes de posto de gasolina, rede de lojas
etc.

Envio de recursos em domicílio através de courrier (correio, men-


sageiro).

Depósitos nas redes tipo do banco 24 horas.


Depósitos fora do Depósitos expressos em caixas coletoras.
caixa dos bancos
Depósitos em cheques pegos na casa dos clientes.

Entrega em Em mãos.
domicílio de
talões de cheque Via correio.

114
Produtos e serviços financeiros II

Terminais de autopagamento.

Coletas de contas em casa para pagamentos no banco e posterior


Pagamento de devolução de recibo pelo correio.
contas fora do Envio das contas a pagar através dos Correios.
caixa dos bancos
Envio das contas a pagar através de fax.

Programação prévia de pagamento, tipo agenda eletrônica.

Débito Débito em conta de concessionários de serviços públicos e outras


automático em empresas.
conta corrente
Troca de Via home banking para obter extratos, aplicar, resgatar, transferir
informações fundos entre contas, bloquear cheques, pedir talões e muito mais.
constante com Ressalte-se, ainda, a Central de Atendimento Telefônico.
os bancos

Com a evolução tecnológica, principalmente da internet, o banco virtual


está cada dia mais presente na vida do cliente, com os bancos diversificando
seus canais de comunicação, fazendo com que o conceito de remote banking
seja uma realidade.

Mobile banking
O mobile banking é um novo canal de relacionamento colocado à disposi-
ção para a realização de operações financeiras em tempo real, como se pre-
sente estivesse. Sua operacionalização acontece através do telefone celular.

Alguns bancos já disponibilizam esses serviços, como a Caixa Econômica


Federal, o Banrisul e o Unibanco.

Serviços disponíveis:

 saldo, extrato e lançamentos futuros;


 resultados de loterias;
 saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
 toques de celular (ringtones);
 resultados dos sorteios de títulos de capitalização;
 telefones úteis: cartões, seguros, suporte tecnológico, sugestões, elo-
gios e reclamações;

115
Produtos e serviços financeiros II

 calendários de pagamento do Instituto Nacional do Seguro Social


(INSS) e Bolsa Família;
 realiza pagamentos.

Corporate finance
São operações complexas que os bancos realizam e que envolvem a in-
termediação de fusões, cisões, aquisições e incorporações de empresas.

Nesse tipo de operação os bancos, juntamente com empresas especializa-


das de consultoria, utilizam de todo seu conhecimento do mundo de negó-
cios financeiros e de investimentos, procurando viabilizar as operações para
seus clientes, através da utilização de recursos nacionais e estrangeiros.

União de empresas.

Reduz custos.
Fusão
Prática de monopólio.

Normalmente o controle é da maior.

Cisão Separação de uma parte da empresa.

Expansão.
Aquisição
Compra de uma empresa.

Aquisição de uma empresa por outra.

Diferença da fusão: na fusão existe a concordância de ambas.


Incorporação
Nesse caso, pode ser adquirido através de compra do controle
acionário, mesmo contra a vontade do controlador.

São quatro as operações específicas de corporate finance:

Através de empréstimo, garantido pela própria empresa, um grupo


Leveraged Buyout de investidores, que podem incluir os gestores, compram parte de
(LBO) seu capital social, assumindo o controle acionário.

É uma variante da LBO, com a diferença que o atual corpo adminis-


Management trativo permanecerá no comando da empresa, além de participar
Buyout de seu controle acionário.

116
Produtos e serviços financeiros II

“Faça seu lance excessivo” é a expressão que traduz a operação pela


qual o controle acionário de uma empresa é adquirido no mercado
de ações. Pode ser consentida ou hostil. Consentida é quando os
Take Over Bid atuais acionistas majoritários concordam com a aquisição dos títu-
los no mercado. Hostil quando estes fazem de tudo para impedir a
troca de comando na empresa.

Tender Offer ou É a operação pela qual se pretende comprar as ações de seus de-
oferta da concor- tentores, pagando-lhes além do valor de mercado, ou seja, com
rência algum acréscimo, para que estes concordem na venda.

Dinheiro de plástico

Private label
É um cartão com a marca de determinada empresa que funciona como
um cartão de crédito comum, com a diferença de que pode ser usado so-
mente na rede da loja emitente e administrado por uma empresa coligada.
A vantagem é o aumento da base de clientes. Ex.: C&A, Renner, Riachuelo,
Marisa, Pão de Açúcar.

Principais vantagens:

 fidelização de seus clientes à marca;

 ganho no volume de vendas por aumento no número de clientes;

 redução de pagamentos de taxas dos cartões abertos (Visa, Master-


card etc.);

 ganho com novas campanhas de marketing usando o cartão;

 substituição do carnê de pagamentos e cheques pré-datados;

 melhoria do relacionamento com o cliente;

 permite conquistar consumidores que normalmente não têm acesso a


um cartão de crédito tradicional.

117
Produtos e serviços financeiros II

Cartão afinidade
O cartão de afinidade é a parceria entre uma instituição ou fundação e a
administradora, possui um apelo e enfoque emocional visando à identifica-
ção do cliente com a empresa. O cliente é informado sobre quanto e como
ele está contribuindo com a empresa.

Co-branded
Esse tipo de cartão traz vantagens para o seu portador. O cartão traz o
logotipo da empresa associada à administradora de cartões e o logotipo da
bandeira. Quanto mais o cliente utiliza, mais tem vantagens como: milhas
aéreas, descontos em compras, brindes etc. Ex.: TAM e Ipiranga.

Cartões de débito
São cartões que efetuam o débito direto na conta do portador quando
utilizados. Caso não tenha saldo suficiente na conta-corrente, a transação
é recusada. Quando a transação é efetuada, o débito na conta do usuário é
instantâneo e o crédito na conta do lojista é em prazo futuro.

Diferentemente dos cartões de crédito, não constitui um incentivo ao


consumo. Hoje em dia esses cartões são utilizados nos terminais de autoa-
tendimento para saques, em lojas associadas com redes de cartões de débito
que utilizam terminais específicos, nos terminais da Tecban e para débitos
em terminais compartilhados.

Cartões de loja (retailer cards)


Os cartões de loja são apenas identificadores de clientes da rede, não
efetuando pagamentos. São utilizados para permitir que os clientes possam
pagar com cheques, já que estão cadastrados, ou para postergarem o paga-
mento. Ex.: passaporte da rede Makro.

Cartões com valor armazenado (charge cards)


O cartão com valor armazenado é utilizado para pagamento de serviços
específicos, relacionados principalmente com o uso de telefones e meios de
transporte públicos, ou compras de pequeno valor.

118
Produtos e serviços financeiros II

No primeiro caso, atualmente o mais comum, os emissores são as pró-


prias concessionárias dos serviços públicos e a aquisição do cartão é feita
principalmente em pequenos estabelecimentos comerciais credenciados.
Nessa situação, os serviços são pré-pagos e o cartão, quando esgotado seu
limite de utilização, é geralmente descartado.

No segundo caso, o cartão é emitido por instituição bancária que o carre-


ga com certo valor, para utilização pelo cliente nos estabelecimentos comer-
ciais credenciados. Esse tipo de cartão, que é dotado de microprocessador,
pode ser recarregado várias vezes, observando-se, em cada uma delas, valor
limite de carregamento fixado pelo emissor. Nesse formato, o cartão com
valor armazenado ainda se encontra em fase embrionária no Brasil.

Smart card
O smart card (cartão inteligente) é um cartão de crédito que possui um
microprocessador embutido. Ele substitui a tarja magnética dos cartões de
crédito e débito comuns. São populares na Europa e Estados Unidos já há
algum tempo, e agora é que está sendo utilizado pelos bancos brasileiros.
Esse tipo de cartão pode conter diversas informações, não somente os dados
da conta do cliente.

Fundos de investimento
Um fundo de investimentos é todo e qualquer recurso, independente-
mente da fonte, apartado para atender a um fim específico. Assim, podemos
verificar que qualquer ajuntamento de recursos pode ser chamado de fundo.
Pode ser uma tradicional “caixinha” que colegas fazem para garantir recursos
necessários para o cafezinho diário, como pode ser constitucional, que são
aqueles previstos na nossa Constituição, que são utilizados para estimular o
desenvolvimento de regiões menos favorecidas, como o Fundo Constitucio-
nal de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

A principal característica de um fundo é sua destinação, e a partir desta


pode ser definido como: reunião de recursos com o objetivo de investir esses
mesmos recursos no mercado financeiro, dividindo os resultados, sempre
proporcionalmente ao número de cotas adquiridas pelos participantes.

A Instrução CVM 409/2004 define:

119
Produtos e serviços financeiros II

Art. 2.º O fundo de investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma
de condomínio, destinado à aplicação em títulos e valores mobiliários, bem como em
quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais, observadas as
disposições desta Instrução.

Para investir esses recursos, o fundo compra papéis – chamados de ativos


financeiros – públicos ou privados, no mercado financeiro. Ativos financeiros
de um fundo de investimento são representados pelos papéis adquiridos no
mercado e que compõem sua carteira.

O funcionamento do fundo depende de prévio registro na CVM. Para


tanto, o administrador deve encaminhar o regulamento, os dados do regis-
tro do mesmo em cartório de títulos e documentos, o prospecto, o nome do
auditor independente, inscrição do fundo no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ), formulário e declaração do administrador.

O patrimônio líquido de um fundo de investimento é a soma algébri-


ca dos valores dos títulos que integram a carteira, menos as exigibilidades
(taxas e outros encargos).

Marcação a mercado
O valor da cota é recalculado diariamente e a remuneração varia de
acordo com o prazo de aplicação e com os rendimentos dos ativos que com-
põem o fundo.

Todo cotista ao ingressar no fundo deve atestar, mediante termo pró-


prio, que: recebeu o regulamento e, se for o caso, o prospecto; tomou ciên-
cia dos riscos envolvidos e da política de investimento; tomou ciência da
possibilidade de ocorrência de patrimônio líquido negativo, se for o caso,
e, nesse caso, de sua responsabilidade por consequentes aportes adicio-
nais de recursos.

Os fundos de investimentos podem ser divididos em abertos ou


fechados.

Fundos abertos
São fundos que admitem, permanentemente, livre ingresso e saída de
cotistas. Nesse tipo de fundo, as cotas não podem ser objeto de cessão ou
transferência, salvo por decisão judicial, execução de garantias ou sucessão
universal (herança).

120
Produtos e serviços financeiros II

Fundos fechados
São fundos com quantidade limitada de cotas oferecidas aos potenciais
investidores, durante um período predeterminado. Esses fundos, em geral,
estão vinculados a algum empreendimento, por exemplo, privatização de
empresas públicas, construção de shopping centers etc. Não são permitidos
resgates antes do prazo determinado na instalação do fundo. As cotas dos
fundos fechados podem ser transferidas por termo de cessão e transferência,
assinado pelo cedente e pelo cessionário e registrado em cartório de títulos
e documentos. Podem ser transferidos, também, por meio de bolsa de valo-
res ou no mercado de balcão organizado.

A Instrução CVM 409, de 18 de agosto de 2004, instrui, no tocante à trans-


formação de fundos:
Art. 104. Mediante a autorização prévia da CVM:
I - o fundo aberto pode ser transformado em fundo fechado; e
o clube de investimento pode ser transformado em fundo, aberto ou fechado.
§1.º Para os efeitos dessa autorização o administrador do fundo deve enviar à CVM, através
do Sistema de Envio de Documentos disponível na página da CVM na rede mundial de
computadores, os documentos referidos no art. 103, no prazo de 15 (quinze) dias após a
realização da assembleia.
§2.º Após a autorização da CVM, o administrador do fundo deve conceder prazo não
inferior a 30 (trinta) dias para solicitação de resgate de cotas dos cotistas que dissentirem
da deliberação da assembleia geral.
§3.º O resgate de cotas previsto no parágrafo anterior deve ser realizado nas condições
vigentes antes da realização da assembleia geral que deliberar pela transformação do
fundo aberto em fechado, ou do clube de investimento em fundo.

O prazo máximo para o fundo aberto se adaptar ao regulamento, inclusi-


ve no que concerne aos requisitos de diversificação de carteira, é de 60 dias,
contados do início da integralização de cotas.

O prazo máximo para o fundo fechado é de 180 dias, contados da data


que se encerra a distribuição de cotas.

Chinese wall
Os fundos devem possuir escrituração contábil própria, para evitar confli-
to de interesses e assegurar a segregação entre a gestão dos recursos da ins-
tituição administradora e os recursos de terceiro (PL do fundo). Essa determi-
nação legal também é conhecida como chinese wall (muralha chinesa).

121
Produtos e serviços financeiros II

Fundo de Aplicação em Cotas (FAC)


Fundos constituídos a partir de outros fundos que compram cotas dos
Fundos de Investimento Financeiro (FIF).

Ficam vedadas as aplicações em cotas de:

 Fundos de Investimento em Participações;

 Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Par-


ticipações;

 Fundos de Investimento em Direitos Creditórios;

 Fundos de Investimento em Direitos Creditórios no Âmbito do Progra-


ma de Incentivo à Implementação de Projetos de Interesse Social;

 Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Di-


reitos Creditórios;

 Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional;

 Fundos Mútuos de Privatização – FGTS (FMP-FGTS);

 Fundos Mútuos de Privatização – FGTS/Carteira Livre;

 Fundos de Investimento em Empresas Emergentes;

 Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes – Capital


Estrangeiro;

 Fundos de Conversão;

 Fundos de Investimento Imobiliário;

 Fundos de Privatização – Capital Estrangeiro;

 Fundos Mútuos de Ações Incentivadas;

 Fundos de Investimento Cultural e Artístico;

 Fundos de Investimento em Empresas Emergentes Inovadoras;

 Fundos de Aposentadoria Programada Individual (Fapi);

 Fundos de Investimento em Diretos Creditórios Não Padronizados.

122
Produtos e serviços financeiros II

Investidores qualificados
Pode ser constituído fundo de investimento destinado, exclusivamente, a
investidores qualificados.

São considerados investidores qualificados:

 instituições financeiras;

 companhias seguradoras e sociedades de capitalização;

 entidades abertas e fechadas de previdência complementar;

 pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em


valor superior a R$300.000,00 e que, adicionalmente, atestem por es-
crito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio;

 fundos de investimento destinados exclusivamente a investidores


qualificados;

 administradores de carteira e consultores de valores mobiliários auto-


rizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em relação a seus
recursos próprios;

 regimes próprios de previdência social instituídos pela União, pelos


estados, pelo Distrito Federal ou por municípios.

Poderão ser admitidos, como cotistas de um fundo para investidores qua-


lificados, os empregados ou sócios das instituições administradoras ou ges-
toras desse fundo, expressamente autorizados pelo diretor responsável da
instituição perante a CVM.

Consideram-se “exclusivos” os fundos para investidores qualificados cons-


tituídos para receber aplicações exclusivamente de um único cotista.

Taxas
A remuneração do administrador pelos serviços que presta aos cotistas
dos fundos é chamada de taxa.

As principais taxas são:

123
Produtos e serviços financeiros II

 taxa de administração – percentual diário incidente sobre o patrimô-


nio do fundo, independentemente do sucesso do administrador na
gestão dos recursos do fundo;

 taxa de entrada – cobrada do cotista sempre que ele adquire novas


cotas;

 taxa de saída – cobrada do cotista no momento em que ele solicita um


resgate (parcial ou total) de suas cotas;

 taxa de performance – é um prêmio pago ao administrador sempre


que a rentabilidade do fundo ultrapassar o benchmark do fundo.

 tributação:

 Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – incide apenas sobre


os fundos de renda fixa, e é cobrado sobre os rendimentos brutos
nos resgates efetuados até 30 dias após a data da aplicação, confor-
me tabela progressiva;

 Imposto de Renda (IR) – de acordo com o prazo médio dos seus


papéis, e com o prazo de permanência dos recursos, conforme alí-
quotas definidas nas leis 11.033/2004 e 11.053/2004, o IR é cobrado
nos meses de maio e novembro, exceto dos fundos de ações, cuja
cobrança ocorre quando dos resgates.

O fundo será constituído por um administrador que preencha os requisi-


tos exigidos pela CVM. Ele será responsável pelo funcionamento dos fundos,
por controlar os prestadores de serviços e defender os interesses dos cotis-
tas. Podem ser administradores de fundo de investimento as pessoas jurídi-
cas autorizadas pela CVM.

A administração pode ser:

 ativa – quando o gestor adota esse tipo de estratégia, isso significa


que, ao montar a carteira do fundo, ele está buscando atingir uma ren-
tabilidade superior a um determinado índice de referência;

 passiva – nesse caso, ao montar a sua carteira o gestor investe em


ações buscando replicar a carteira de um índice previamente definido,
de forma que o retorno do fundo fique próximo do índice escolhido.

Outros prestadores de serviços aos fundos são: o gestor – responsável


pela compra e venda dos ativos (gestão) conforme disposto no regulamen-
124
Produtos e serviços financeiros II

to; o custodiante – responsável pela guarda dos ativos; o distribuidor – res-


ponsável pela venda das cotas dos fundos; pode ser o próprio administrador
ou terceiro contratado; e o auditor – figura obrigatória, deve ser credenciado
pela CVM.

Classificação dos fundos


Quanto à composição de sua carteira, os fundos de investimento e os
fundos de investimento em cotas classificam-se em:

Fundo de Curto Prazo


Aplicação exclusivamente em títulos públicos federais ou privados pre-
fixados ou indexados à taxa Selic ou à outra taxa de juros; ou em títulos in-
dexados a índices de preços, com prazo máximo, até o vencimento, de 375
dias. Os derivativos podem ser apenas hedge e ter prazo médio da carteira
de 60 dias.

Fundo Referenciado
Deve identificar em sua denominação o seu indicador de desempenho –
benchmark –, em função da estrutura dos ativos financeiros integrantes das
respectivas carteiras. O hedge funciona apenas como proteção.

Fundo de Renda Fixa


Investem em títulos de renda fixa públicos e/ou privados, prefixados ou
pós-fixados. Têm gestão ativa em relação ao comportamento das taxas de
juros. Apresentam risco baixo e são indicados a investidores que buscam
maior rentabilidade com diversificação do risco.

Fundo de Ações
Aplica seus recursos em ações de companhias abertas de alta liquidez
que são negociadas no mercado à vista das bolsas de valores, buscando re-
torno superior à rentabilidade média do Índice da Bolsa de Valores de São
Paulo (Ibovespa). Apresenta alto risco e é indicado a investidores que conhe-
cem o mercado financeiro e de capitais e que buscam uma maior rentabili-
dade no médio e longo prazo.

125
Produtos e serviços financeiros II

Fundo Cambial
Além de acompanhar a variação do dólar, o capital é rentabilizado com
uma taxa de juros. É indicado para quem possui dívidas em dólar ou quem
acredita na desvalorização da nossa moeda.

Fundo da Dívida Externa


Tem no mínimo 80% do seu patrimônio em títulos representativos da
dívida externa de responsabilidade da união, sendo também permitida a apli-
cação de até 20% em títulos de crédito diversos no mercado internacional.

Fundo Multimercado
Os fundos classificados como multimercado devem possuir políticas de in-
vestimento que envolvam vários fatores de risco, sem o compromisso de con-
centração em nenhum fator em especial ou em fatores diferentes das demais
classes. Atuam com flexibilidade, tanto no mercado de renda fixa, de renda
variável e de derivativos. É considerado de risco médio e indicado para investi-
dores acostumados a operar no mercado financeiro.

Regulamento e prospecto
Somente poderão compor a carteira dos fundos, ativos financeiros admi-
tidos à negociação em bolsa de valores, de mercadorias e futuros, ou regis-
trados em sistema de registro, de custódia ou de liquidação financeira, devi-
damente autorizados pelo Banco Central ou pela CVM. As cotas de fundos de
investimentos aberto não necessitam de registro.

Regulamento é o documento que registra as normas, os direitos e os de-


veres dos cotistas. Duas informações importantes devem estar no regula-
mento: o objetivo do fundo e sua política de investimento.

Com base na legislação em vigor, os administradores do fundo elaboram


o regulamento e o submetem à CVM para aprovação, e depende de apro-
vação pela assembleia geral qualquer alteração no regulamento. O regula-
mento deve estar à disposição de qualquer investidor que demonstre desejo
em ingressar no fundo. Os cotistas assinam um documento atestando que
receberam cópia do regulamento.

126
Produtos e serviços financeiros II

Prospecto é o documento que explica como funciona o fundo, de uma


maneira mais resumida do que o regulamento. Divulga todas as informações
exigidas pelas normas do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima). O prospecto descreve como o fundo de investimento pretende
atingir seu objetivo, identificando as principais estratégias, técnicas ou práti-
cas de investimento utilizadas e os tipos de títulos e valores mobiliários nos
quais o fundo pode investir. Descreve as políticas de seleção e alocação de
ativos e os limites de concentração.

Risco X retorno é a relação entre o risco que o investidor está disposto a


correr e o retorno que espera obter de seu investimento. Existem diferentes
tipos de investimentos e retornos, existindo, também, diferentes tipos de
riscos. Por mais conservadora que seja, qualquer decisão de investimento
está sujeita a algum risco. Risco é um referencial que faz parte da composi-
ção do preço de todos os ativos.

Clube de Investimentos
O Clube de Investimento é um condomínio constituído por pessoas fí-
sicas com o objetivo de dinamizar os investimentos em ações. O objetivo
é constituir uma carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, pela
aplicação de recursos financeiros próprios, dinamizando os investimentos
em ações com a ampliação de investidores nas bolsas de valores.

Existe a exigência da elaboração de um estatuto social, que deve ser apro-


vado e assinado por todos os membros e registrado em cartório e em bolsa
de valores.

O mínimo para constituir um clube é de três pessoas e o máximo é de 150


– exceto quando integrado por funcionários de uma mesma empresa ou as-
sociação, com prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Nenhum participante (cotista) pode deter mais de 40% das cotas disponí-
veis, cada cota corresponde a um voto nas assembleias gerais.

A composição da carteira deve ser a seguinte: 51%, no mínimo, em ações,


bônus de subscrição e debêntures conversíveis em ações de companhias
abertas. Os papéis devem ser adquiridos em bolsas de valores, mercado de

127
Produtos e serviços financeiros II

balcão organizado autorizado pela CVM ou das empresas, quando de dis-


tribuição pública; 49% podem ser aplicados em outros valores mobiliários
adquiridos em bolsas de mercado futuro ou mercado de balcão organizado.
Eventualmente e temporariamente pode haver aplicação em outros títulos
de renda fixa.

Os fundos de investimento são disciplinados pelas Instruções CVM


409/2004 e suas alterações em 411/2004 e 413/2004.

Hot Money
Exclusivo para pessoas jurídicas, alternativa de financiamento de capi-
tal de giro de curtíssimo prazo, variando geralmente entre 1 a 10 dias, por
meio de um contrato em que se estabelecem as regras de funcionamen-
to, podendo ser sacado através de telefone ou terminal remoto. O prazo
máximo de uma operação de Hot Money é de 29 dias.

Os contratos de Hot Money geralmente são garantidos por nota promis-


sória e o seu custo básico para os bancos é o Certificado de Depósito Inter-
bancário (CDI).

Não esquecer

CDIs são títulos emitidos pelos bancos para captar recursos de outros
bancos e sua negociação é restrita ao mercado entre bancos. Não estão
sujeitos à tributação e são registrados na Cetip.

Chama-se Hot Money por ser um “dinheiro quente”. Serve para suprir ne-
cessidades momentâneas ou emergenciais de caixa.

Contas garantidas
Exclusivo para pessoas jurídicas, têm por finalidade conceder limite de
crédito, lastreado em garantias de duplicatas, por exemplo, ou garantia fide-
jussória. Podem ter, ainda, como garantias: penhor de bens, warrants, conhe-
cimento de depósito, caução de direitos creditórios ou alienação fiduciária. É
o “cheque especial” destinado a pessoas jurídicas.

Terminologias importantes para contas garantidas:

128
Produtos e serviços financeiros II

 conhecimento de depósito – é o papel que identifica o depósito de


uma mercadoria em um determinado armazém. Serve para vender a
mercadoria.

 warrant – pode obter financiamento através de um warrant emitido,


que originou de um conhecimento de depósito. É dado como penhor.

Crédito rotativo
Exclusivo para pessoas jurídicas. Os contratos de abertura de crédito são
operações que se destinam a proporcionar crédito rotativo, dentro de um
limite fixado, o qual pode ser utilizado livremente, sendo concedido a em-
presas idôneas, com boa capacidade cadastral e de boa liquidez, respeitan-
do condições específicas que podem variar de uma instituição para outra.

Desconto de títulos
Exclusivo para pessoas jurídicas, o desconto de duplicatas é uma forma
tradicional de a empresa realizar empréstimo para capital de giro. A duplica-
ta é um título de crédito criado pelo Direito Brasileiro.

Toda duplicata envolve a figura de dois participantes:

 cedente – é a empresa que vende seus produtos ou serviços a prazo;

 sacado – é o comprador (cliente) contra quem o cedente emitiu a du-


plicata, ou seja, aquele que pagará o título.

Como as duplicatas são títulos “à ordem”, elas são transferíveis a terceiros


por meio de endosso. O sacador ou terceiros que as tenham recebido por
endosso podem negociá-las, entre outras formas, mediante desconto, para
antecipar o fluxo de caixa.

Como qualquer outro título de crédito, a duplicata poderá conter a


figura do aval. Por ser regulamentado por uma lei uniforme, o aval pode ser
parcial.

A duplicata tem o prazo de 30 dias para ser protestada, para que possa ser
utilizado o direito de regresso. Os encargos são descontados da duplicata no
ato da liberação do dinheiro ao cedente.

129
Produtos e serviços financeiros II

Financiamento de capital de giro e capital fixo


Ambos são exclusivos para pessoas jurídicas.

Capital de giro
São financiamentos destinados a proporcionar recursos para ciclo opera-
cional da empresa, ou seja, para os itens que circulam ou giram na empresa
por um determinado período.

São empréstimos feitos pelas instituições financeiras aos seus clientes


com o objetivo de suprir necessidade de cobertura em seus fluxos de caixa.

Quando existe uma diferença, isto é bem constante, entre os prazos e va-
lores de recebimento e de pagamento de obrigações por parte de uma em-
presa, esta tem a necessidade de obter um capital para cobrir esse espaço,
que é gerado quando a empresa tem que receber determinada quantia em
uma data, mas precisa pagar um obrigação em uma data anterior.

As garantias podem ser várias como: duplicatas, cheques pré-datados, ou


mesmo notas promissórias ou aval.

Capital fixo
O capital fixo pode ter duas definições:

 conjunto dos bens de uma empresa representados por imóveis, má-


quinas e equipamentos. É, também, chamado de ativo fixo.

 meios de produção utilizados durante vários anos de produção e que


vão se desgastando lentamente, devido à utilização e ao passar do
tempo. Exemplo: imóveis, máquinas etc.

Os bancos múltiplos, os bancos de investimento e os bancos de desen-


volvimento são as instituições que mais atuam nesse mercado, financiando a
médio e longo prazo os bens de produção, geralmente com garantias reais.

Vendor finance e compror finance


Ambos são exclusivos para pessoas jurídicas.

130
Produtos e serviços financeiros II

Vendor finance
Vendor é uma alternativa de financiamento para vendas a prazo, portanto
de capital de giro, cuja característica principal é a cessão do crédito, permi-
tindo dessa forma que uma empresa venda seu produto a prazo e receba à
vista. Em outras palavras: uma empresa vende produtos para outra empresa.
A vendedora é cliente do banco, a compradora nem sempre.

O financiamento é ofertado ao vendedor que o repassa ao comprador.


Quem fica devendo para o banco é o comprador, com garantia da vende-
dora. O banco, mediante uma taxa de intermediação, compra o crédito da
empresa vendedora, pagando-a a vista, e financia a empresa compradora,
com garantia da empresa vendedora.

Vantagens para o vendedor


Antecipação da receita e caixa, redução da carga tributária, aumento do
potencial de vendas, redução de preços e maior competitividade.

Vantagens para o comprador


Financiamento automático, prazos flexíveis, taxas inferiores, redução de
custos e maior competitividade.

Compror finance
Uma variante do vendor finance, destinado a financiar capital de giro.
Tem como características: a empresa paga o fornecedor à vista e financia
a compra a prazo através de crédito bancário; os prazos podem chegar até
180 dias; o comprador passa a ter mais poder de barganha na compra em
vista do pagamento à vista; o banco dá crédito à empresa com destinação
específica. Exemplos: estoques para vendas de Natal; pode haver redução do
spread em relação a uma operação normal; e para o fornecedor a operação
passa despercebida, pois ele recebe à vista.

Dicas de estudo
 Memorizar o conceito de mobile banking.

131
Produtos e serviços financeiros II

 Gravar as quatro operações específicas do finance corporate.

 Memorizar as diferenças entre os diversos tipos de cartões magnéti-


cos, principalmente os de afinidade e os co-branded.

 Memorizar as diferenças entre fundos fechados e abertos e o que é


marcação a mercado.

 Lembrar para que tipo de financiamento serve a tributação e onde são


registrados os fundos de investimentos.

 Memorizar os envolvidos em uma duplicata e a instituição do aval.

 Memorizar os papéis de cada um dos envolvidos na operação de ven-


dor finance e as vantagens.

 Memorizar o que é capital fixo e o que é capital de giro.

 Saber as modalidades de cobrança à disposição dos clientes.

 Diferenças entre DOC e TED.

 Memorizar as vantagens da arrecadação de tributos públicos pelos


bancos para os três envolvidos.

Atividades
1. Indique se as frases abaixo estão certas ou erradas; se erradas, justifi-
que a resposta.

a) (CEF) O conceito de remote banking, embora esteja associado a


uma ideia de um banco virtual, não possibilita a diversificação dos
canais de distribuição excedendo os limites de espaço, tempo e
meio de comunicação.

(( Certo.
(( Errado.

b) Cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do


seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para

132
Produtos e serviços financeiros II

esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se


houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu ca-
pital, se parcial a versão. O tipo mais comum de cisão é o Leveraged
Buyout (também conhecido como LBO).
(( Certo.
(( Errado.

c) Retailer cards são cartões emitidos por instituições financeiras car-


regados com um determinado valor.
(( Certo.
(( Errado.

d) (BB) O Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos em fundos de


investimentos de renda variável são devidos apenas no momento
do resgate das aplicações.
(( Certo.
(( Errado.

e) (BB) Na operação de desconto de títulos, uma das vantagens para


o cliente é que, por meio dessa operação, ele pode antecipar o seu
fluxo de caixa, antecipando o recebimento do título. Caso o deve-
dor não pague o título no vencimento, em função do direito de
regresso, o cliente não é responsável pelos encargos como multa e
juros de mora.
(( Certo.
(( Errado.

133
Produtos e serviços financeiros II

f) Capital de giro é um tipo de empréstimo com direcionamento para


investimentos de curto prazo que se destina a cobrir as necessida-
des de fluxo de caixa de empresas.

(( Certo.
(( Errado.

g) (BB) Uma vantagem da operação vendor finance para o cliente, em-


presa vendedora, é fiscal, visto que o financiamento não é realiza-
do pela empresa vendedora, e sim pelo banco, diminuindo a base
de cálculo para a cobrança dos impostos.

(( Certo.
(( Errado.

h) (BB) Cobrança e pagamento de títulos e carnês é a operação de


cobrança realizada pelos bancos em geral, de títulos e carnês emi-
tidos por empresas-clientes. Os bancos cobram pelos serviços exe-
cutados uma comissão em percentual ou fixa por documento. Os
bancos, na qualidade de mandatários, passam a ter a propriedade
dos títulos e carnês.

(( Certo.
(( Errado.

i) Uma transferência de numerário entre contas-corrente de bancos


diferentes, mas mesma titularidade, no valor de R$5.000,00, deve
ser efetuada através de DOC D.

(( Certo.
(( Errado.

134
Produtos e serviços financeiros II

2. A operação bancária de empréstimo a curtíssimo prazo, geralmente


de um dia e no máximo de 10 dias, que visa atender as necessidades
imediatas de caixa de seus clientes, e tem como referencial a taxa CDI
acrescida de um spread e impostos é o:
a) factoring.
b) mobile banking.
c) Hot Money.
d) Certificado de Depósito Bancário.
e) crédito rotativo.

Gabarito
1.
a) Errado.
b) Errado.

O LBO é o nome dado para casos de aquisição e não de fusão.


c) Errado.
Retailer cards são cartões emitidos por instituições financeiras car-
regados com um determinado valor.
d) Certo.
e) Errado.
f) Errado.
g) Certo.
h) Errado.
i) Errado.
2. C

Apesar de o Banco Central limitar o prazo máximo de utilização do Hot


Money em 29 dias, geralmente, duram no máximo 10 dias.

Referências
Portal do Banco Central do Brasil. Ministério da Fazenda. Disponível em: <www.
bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.
135
Produtos e
serviços financeiros III

Crédito Direto ao Consumidor (CDC)


Financiamento direcionado à aquisição de bens de consumo duráveis, de
origem nacional ou estrangeira, que possam ser alienados fiduciariamente,
pacotes turísticos, incluindo passagens e estadia e créditos pessoais. Podem
ser financiados prestações de serviços.

É direcionado para pessoa física, mas pode ser utilizado para pessoa jurí-
dica, sendo que é mais interessante esta utilizar um Finame ou um leasing.

A garantia usual é a alienação fiduciária do próprio objeto do financia-


mento, que em caso de inadimplência poderá ser retomado por meio de
uma ação de busca e apreensão.

Financiamento concedido por Sociedade de Crédito, Financiamento e In-


vestimento (SCFI) e bancos múltiplos com carteiras de financiamento e inves-
timento.

CDC com interveniência (CDCI)


Exclusivo para pessoas jurídicas. São empréstimos concedidos às empre-
sas-clientes especiais dos bancos, normalmente empresas comerciais, que
passam a ser o interveniente, para repasse aos seus clientes, de financiamen-
tos vinculados à compra de um bem ou serviço específico, e amortizáveis em
prestações iguais e sucessivas, com taxas pré ou pós-fixadas.

As taxas são menores, pois não envolvem o risco de quem faz a compra e
sim do interveniente.

137
Produtos e serviços financeiros III

Crédito Direto (CD)


Exclusivo para pessoas jurídicas. O banco assume a carteira dos lojistas
e fica com os riscos do crédito. Para o lojista é ótimo, pois não tem nenhum
risco.

CDC automático em conta corrente


Exclusivo para pessoas físicas. É o crédito concedido para clientes prefe-
renciais. É como um cheque especial parcelado, com taxa de juros prefixada
ou flutuante, informada pelo banco e aceita pelo cliente, e não tem garantia.

Crédito rural
São os recursos destinados ao financiamento agropecuário, com condi-
ções especiais definidas pela política governamental. Beneficia os produto-
res agrícolas, as cooperativas e as agroindústrias.

A produção e comercialização de safras agrícolas, assim como em outros


países, desfrutam de subsídios no crédito. A normatização do crédito rural
é do Banco Central (Bacen), através do Manual de Crédito Rural. O banco
do Brasil atua como o executor da política agrícola do governo mediante o
crédito rural.

Os recursos para a aplicação nas operações de crédito rural têm origem


em 25% dos depósitos à vista ou então recolhidos como compulsório; parte
1
Commodities: termo em dos fundos de commodities1; dotações orçamentárias do governo federal e
inglês que significa merca-
dorias. Designa produtos
primários ou básicos, como
recursos livres dos agentes financeiros.
café, algodão, açúcar, mi-
nérios, petróleo etc.

Modalidades de financiamentos
Investimento
Os investimentos são utilizados para os bens ou serviços que irão bene-
ficiar vários períodos de produção (safras), como máquinas e implementos
agrícolas, tratores, armazéns e outros. Os recursos, em geral, são do Banco
Nacional do Desenvolvimento (BNDES), através da Agência Especial de Finan-
ciamento Industrial (Finame) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
O Banco Central através da Resolução 3.137/2003 dita que:

138
Produtos e serviços financeiros III

Construção, reforma ou ampliação de benfeitorias e instalações perma-


nentes.
Aquisição de máquinas e equipamentos de provável duração útil supe-
rior a cinco anos.
São financiáveis os seguin- Obras de irrigação, açudagem, drenagem, proteção e recuperação do
tes investimentos fixos: solo.
Desmatamento, destoca, florestamento e reflorestamento.
Formação de lavouras permanentes.
Formação ou recuperação de pastagens; eletrificação e telefonia rural.
Aquisição de animais de pequeno, médio e grande porte, para criação,
recriação, engorda ou serviço.
Instalações, máquinas e equipamentos de provável duração útil não
São financiáveis os se-
superior a cinco anos.
guintes investimentos se-
mifixos: Aquisição de veículos, tratores, colheitadeiras, implementos, embarca-
ções e aeronaves.
Aquisição de equipamentos empregados na medição de lavouras.
Despesas com projeto ou plano (custeio e administração).
Manutenção do beneficiário e de sua família, salvo quando se tratar
de grande produtor (aquisição de animais destinados à produção ne-
O orçamento pode incluir cessária à subsistência, compra de medicamentos, agasalhos, roupas e
verbas para: utilidades domésticas, construção ou reforma de benfeitorias e outros
gastos indispensáveis ao bem-estar familiar)
Recuperação ou reforma de máquinas, tratores, embarcações, veículos
e equipamentos, bem como aquisição de acessórios ou peças de repo-
sição, salvo se decorrente de sinistro coberto por seguro.
As máquinas, tratores, veículos, embarcações, aeronaves, equipamentos e implementos financiados
devem destinar-se especificamente à agropecuária.

Custeio
São utilizados para preparação do solo, plantio e manutenção das lavou-
ras até a colheita. Inclui, também, aquisição de adubos, sementes, defensivos
etc. Os vencimentos dos empréstimos são coincidentes com as épocas de
comercialização das safras.

Comercialização
Os empréstimos para comercialização incluem as operações de descon-
tos e os empréstimos do governo federal. Nas operações de desconto são
negociadas as notas promissórias ou duplicatas rurais emitidas na comercia-
lização de produtos agrícolas.

Os Empréstimos do Governo Federal (EGF) são financiamentos para a es-


tocagem aguardando preço melhor de venda; e as Aquisições do Governo
Federal (AGF) são compras realizadas pelo governo para garantir os preços.
139
Produtos e serviços financeiros III

Prazos máximos para o custeio:

 agrícola – dois anos;


 pecuário – um ano;
 beneficiamento ou industrialização – dois anos (estipula-se 90 dias
após a colheita).

Os prazos para investimentos financiados:

 investimento fixo – 12 anos;


 investimento semifixo – seis anos.

Títulos de crédito rural


Cédula rural
São promessas de pagamento sem ou com garantia real cedularmente
constituída, isto é, no próprio título, dispensando documento à parte. A ga-
rantia pode ser ofertada pelo próprio financiado, ou por um terceiro. Embora
seja considerada um título civil, é evidente sua comerciabilidade, por sujei-
tar-se à disciplina do direito cambiário. Exigem garantia real, título sem ga-
rantia real é Nota de Crédito Rural.

Cédula rural pignoratícia


Título de crédito rural referente a mercadorias depositadas em armazéns
gerais. Deve ser inscrito no registro imobiliário.

O crédito está inserido no título mediante a garantia pignoratícia (do


penhor rural ou mercantil). O penhor se forma pela efetiva tradição que o
devedor faz ao credor, ou alguém o faz por ele, de um objeto móvel, suscep-
tível de alienação.

Cédula rural hipotecária


É, como a pignoratícia, um título civil, líquido e certo e deve ser inscrito
no registro imobiliário.

Tem como garantia uma hipoteca sem a complexidade e formalismo da


hipoteca do Direito Civil, cria a hipoteca cedular.
140
Produtos e serviços financeiros III

Cédula rural pignoratícia e hipotecária


É a união de cédula rural pignoratícia e cédula rural hipotecária

Tem garantia conjunta: um penhor e uma hipoteca, visto que se referem


aos bens móveis e imóveis.

Deve obrigatoriamente ter os seguintes requisitos:

 a denominação de Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária;

 as condições de pagamento e a data do vencimento;

 o nome do credor e a cláusula à ordem;

 a descrição dos bens dado a penhor e dos dados em hipoteca;

 a comissão de fiscalização;

 a praça de pagamento e a data e o lugar da emissão.

Nota de crédito rural


Constitui um título de crédito civil, promessa de pagamento a prazo, sem
garantia real, com a indicação da finalidade ruralista a que se destina, taxa de
juros e comissão de fiscalização.

A utilização do crédito pode ser parcelada e a sua amortização periódica.


Para ter eficácia contra terceiros, há de ser levada à inscrição no cartório de
registros de imóveis.

Nota promissória rural


Título de crédito com promessa de pagar a prazo bens de natureza agrí-
cola, pastoril ou extrativa. Para ter eficácia contra terceiros, há de ser levada
à inscrição no Cartório de Registros de Imóveis.

Duplicata rural
Título de crédito utilizado nas vendas a prazo de quaisquer bens de natu-
reza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas diretamente por pro-
dutores rurais ou por suas cooperativas. O vendedor entrega ou remete ao
comprador que devolverá assinada (aceita).

141
Produtos e serviços financeiros III

Cédula de Produto Rural (CPR)


A Cédula de Produto Rural (CPR), também chamada de Cédula do Produ-
tor Rural, foi criada pela Lei 8.929/94, como um título de crédito que repre-
senta uma promessa de entrega de produtos rurais.
A Lei 10.200/2001 complementou a lei anterior, criando a CPR financeira,
onde não há a entrega física do produto. Sua emissão é permitida aos produ-
tores rurais, suas associações e cooperativas.

Os requisitos essenciais de uma CPR são:

 denominação “Cédula de Produto Rural”;

 data da entrega;

 nome do credor e cláusula à ordem;

 promessa pura e simples de entregar o produto, sua indicação e as


especificações de qualidade e quantidade;

 local e condições da entrega;

 descrição dos bens cedularmente vinculados em garantia;

 data e lugar da emissão;

 assinatura do emitente.
No caso de CPR com liquidação financeira, a expressão “financeira” deverá
vir logo após o nome do título, e terá que ser explicitado, em seu corpo, os refe-
renciais necessários à clara identificação do preço ou do índice de preços a ser
utilizado no resgate do título, a instituição responsável por sua apuração ou
divulgação, a praça ou o mercado de formação do preço e o nome do índice.
As garantias de uma CPR poderão consistir de hipoteca, penhor ou alie-
nação fiduciária. A Cédula do Produto Rural poderá ser negociada no mer-
cado primário ou no mercado secundário e seu endosso deverá ser sempre
completo, isto é, em preto e na sequência de transmissão. Para ter eficácia
contra terceiros, a CPR deve ser inscrita no Cartório de Registro de Imóveis
do domicílio do emitente.

142
Produtos e serviços financeiros III

Caderneta de poupança
A poupança foi criada originalmente para captar recursos para o Sistema
Financeiro Habitacional instituído em 1964.

A poupança é uma aplicação pós-fixada, pois apesar de a taxa de referên-


cia ser válida até a data de aniversário do mês seguinte, esta só é divulgada
pelo Bacen no dia útil seguinte, ou seja, com um dia de atraso em relação à
aplicação, de modo que o aplicador não tem como calcular com exatidão o
valor a receber ao final da aplicação.

O rendimento da caderneta de poupança é isenta de cobrança de Impos-


to de Renda para poupadores pessoa física e empresas sem fins lucrativos.

Os valores depositados em poupança são atualizados com base na Taxa


Referencial (TR) – taxa vigente no dia do depósito – acrescida de juros de
0,5% ao mês.

Os valores depositados e mantidos em depósito por prazo inferior a um


mês não recebem nenhuma remuneração e os rendimentos são calculados
sobre o menor saldo apresentado pela conta no período base.

Os bancos podem cobrar pela manutenção de conta de poupança desde


que os depósitos de poupança apresentem saldo igual ou inferior a R$20,00
e que não apresentem registros de depósitos ou saques pelo período de seis
meses.

A remuneração da conta de poupança é mensal para pessoas físicas e tri-


mestral para pessoas jurídicas sem fins lucrativos. A pessoa pode ter quantas
contas quiser.

A data de remuneração de depósitos em cadernetas de poupança efetu-


ados nos dias 29, 30 e 31 será o dia 1.º de cada mês, aplicando-se o índice
correspondente ao dia 1.º do mês anterior. Os depósitos feitos em cheque
valem para remuneração desde a data do depósito, desde que não devolvi-
do, independentemente do prazo de sua liberação.

143
Produtos e serviços financeiros III

Financiamentos
à importação e exportação

Importação
Linhas de crédito captadas no exterior para financiamento aos importa-
dores por um prazo negociado com o banco. Podem ser obtidas pelo impor-
tador com um banqueiro no exterior ou com um banco brasileiro.

Financiamentos à importação
De acordo com o fornecedor dos recursos, o financiamento apresenta-se
nas seguintes formas:

 Buyer’s Credit – financiamento concedido diretamente ao importador


brasileiro por um banqueiro externo, que efetuará o pagamento à vis-
ta ao exportador estrangeiro; ou repasse, pelo BB, de recursos ampara-
dos em linhas de crédito firmadas no exterior.

 Supplier’s Credit – financiamento do exportador, diretamente ao im-


portador brasileiro, mediante concessão de prazo para pagamento.

Modalidades de pagamento
 Crédito Documentário (carta de crédito) – é a modalidade de paga-
mento em que é realizada a abertura de carta de crédito onde apare-
cem descritas as condições em que a operação deve ser concretizada e
um banqueiro que se compromete, por ordem e conta de seu cliente, a
pagar a mercadoria, mediante a apresentação dos documentos repre-
sentativos da transação.

 Cobrança Documentária (com ou sem saque) – o exportador en-


trega a um banco de sua preferência os documentos de embarque,
acompanhados de um saque contra o importador.

 Remessa sem Saque (ou remessa direta de documentos) – nessa


modalidade não existe a intermediação de um banco, pois o importa-
dor recebe diretamente do exportador os documentos de embarque
(sem saque) e promove o desembaraço da mercadoria na alfândega.

144
Produtos e serviços financeiros III

Exportação
Linhas de crédito que podem utilizar recursos do BNDES, dos bancos na-
cionais e do Tesouro Nacional, pois é de interesse do país que ocorra a expor-
tação e que ocorra a entrada de divisas no país.

Vejamos quais são as linhas de financiamento para exportação:

Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC)


Forma de antecipação de receita para exportadores que já tenham fecha-
do o contrato de venda e que, portanto, já tenham uma data prevista para
o embarque das mercadorias e posterior ingresso das divisas. O contrato de
câmbio será negociado com um banco local, que adianta ao exportador os
reais equivalentes ao valor da exportação.

O contrato de câmbio pode ser encerrado, também, sem liquidação fi-


nanceira. É quando o ACC vira um Adiantamento sobre Cambiais Entregues
(ACE). O ACC pode ter o prazo de até 180 dias, contados a partir da data pre-
vista para o embarque.

Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)


Com o embarque das mercadorias e a entrega dos documentos, o ACC
poderá ser contabilmente transformado em ACE ou, no caso do expor-
tador não ter feito ACC, o ACE pode ser solicitado em até 60 dias após o
embarque.

O ACE é, portanto, um financiamento após o embarque das mercadorias


com a entrega de documentos e depende da necessidade do exportador em
estender o prazo de pagamento para seus compradores (importadores). O
seu prazo é de até 180 dias.

Adiantamento Contrato de Câmbio Insumos (ACCI)


Conhecido como exportação indireta, tem a função de conceder recursos
aos fornecedores de insumos que integrem o processo produtivo, monta-
gem e embalagem de mercadorias para exportação.

145
Produtos e serviços financeiros III

BNDES Exim Pré-Embarque


Antes de ser embarcada (pré-embarque), a produção pode ser financiada
pelo exportador.

As instituições financeiras credenciadas pelo Banco Nacional de Desen-


volvimento Econômico e Social (BNDES) realizam operações da espécie para
empresas exportadoras nacionais, de qualquer porte, que tenham sede e ad-
ministração no país. Os recursos da linha de crédito são oriundos do BNDES.

São financiáveis todos os bens que apresentem índice de nacionalização


igual ou superior a 60%.

BNDES Exim Pós-Embarque


Apoio à comercialização, no exterior, de bens constantes na relação de
produtos financiáveis e/ou de serviços brasileiros, através das seguintes
modalidades:

 Supplier’s credit – a colaboração financeira consiste no refinancia-


mento ao exportador e ocorre por meio da apresentação ao BNDES
de títulos ou documentos do principal e juros do financiamento con-
cedido pelo exportador ao importador. Esses títulos são descontados
pelo BNDES, sendo o resultado do desconto liberado à empresa ex-
portadora.
 Buyer’s credit – nessas operações, os contratos de financiamento são
estabelecidos diretamente entre o BNDES e a empresa importadora,
com interveniência do exportador. As operações são analisadas caso a
caso, podendo atender estruturas específicas de garantia e desembol-
so. Por terem condições diferenciadas e envolverem diretamente o im-
portador, possuem custo relativo mais elevado do que a modalidade
Supplier’s Credit, além de possuírem prazo de análise mais longo.

Essa linha de financiamento destina-se a empresas exportadoras de bens


e/ou serviços de qualquer porte, desde que constituídas sob as leis brasilei-
ras e que tenham sede e administração no país, inclusive trading company e
empresa comercial exportadora.

146
Produtos e serviços financeiros III

Proex
O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) é um programa go-
vernamental criado para dar às empresas exportadoras brasileiras condições
de financiamento idênticas àquelas do mercado internacional. Quem ope-
racionaliza o sistema é o Banco do Brasil S.A., por ser o agente financeiro do
governo federal.

Proex Financiamento
Financiamento tanto para o exportador (Supplier’s Credit), como para o
importador (Buyer’s Credit). As modalidades são idênticas às do BNDES Exim
Pós-Embarque, porém sem a interferência do BNDES. Os prazos para paga-
mento vão de 360 dias a 10 anos, em parcelas trimestrais ou semestrais, con-
secutivas e de igual valor. O valor máximo para financiamento é até 85% do
valor exportado.

Proex Equalização
Refere-se à equalização das taxas de juros com as praticadas no merca-
do internacional. A diferença a mais dos encargos contratados com o finan-
ciador e as do mercado internacional são assumidas pelo Tesouro Nacional,
pagando ao exportador com títulos públicos federais. Os prazos para paga-
mento vão de 360 dias a 10 anos, em parcelas trimestrais ou semestrais, con-
secutivas e de igual valor.

Letras de Exportação (Export Notes)


É uma antecipação para que o exportador tenha recursos para o processo
produtivo, requerendo um contrato formal que deve especificar o serviço ou
bem que será exportado. As garantias são externas, contando com um prazo
de até 360 dias, fixando a taxa de câmbio. Com base nesse contrato, o expor-
tador emite notas e as vende no mercado secundário. Não é um processo
muito utilizado, já que os investidores preferem a modalidade Adiantamen-
to sobre Contrato de Câmbio (ACC).

147
Produtos e serviços financeiros III

Cartões de crédito
São cartões que facilitam o dia a dia das pessoas e representam um
enorme incentivo ao consumo e segurança de quem recebe.

Algumas terminologias são essenciais para entender o funcionamento


dos cartões de crédito:

 Portador – pessoa física ou jurídica usuária do cartão que tem um li-


mite de crédito estabelecido pela administradora.

 Bandeira – instituição que autoriza o emissor a gerar cartões com sua


marca.

 Emissor – administradora vinculada a uma instituição financeira auto-


rizada pela bandeira a emitir cartões de crédito com seu nome.

 Acquirer – é a instituição que afilia estabelecimentos ao sistema de


cartão da bandeira da qual é associada. Tem a função de gerenciar, pa-
gar e dar manutenção aos estabelecimentos afiliados da bandeira.

 Estabelecimento – empresa que aceita os cartões.

 Instituição financeira – bancos autorizados pelas bandeiras a emitir o


cartão. No Brasil, a emissão é feita por meio de uma administradora de
cartão, constituída pelo banco.
Os cartões de crédito são utilizados para a aquisição de bens ou serviços
em estabelecimentos credenciados. No período entre a compra e o venci-
mento do cartão não incidem juros, porém, no seu vencimento, pode-se
financiar parte do total do débito, pagando juros sobre a parte não paga.
Podem ser utilizados no Brasil e no exterior, conforme o caso.
Os gastos feitos no exterior são em dólar e convertidos pela taxa do dólar
turismo (flutuante) no pagamento da fatura. Haverá correção caso ocorra
alteração do dólar entre a emissão da fatura e o pagamento. Essa correção
dar-se-á na próxima fatura. As administradoras de cartões de crédito não são
instituições financeiras.

Leasing
A Lei 7.132/83 dá a seguinte definição de leasing (arrendamento mer-
cantil):
148
Produtos e serviços financeiros III

Art. 1.º
[...]
Parágrafo único. Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio
jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou
jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens
adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio
desta.

Simplificando, leasing são operações realizadas exclusivamente por


bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e por sociedades
de arrendamento mercantil.

Um leasing é diferente de um aluguel. Por exemplo: se o inquilino, após


o final do contrato do aluguel, resolver comprar o imóvel, os valores pagos
até então não serão abatidos do valor a ser pago na aquisição, já no leasing o
valor das contraprestações será considerado se o arrendatário decidir com-
prar o bem.

Um leasing também é diferente de um financiamento. Nessa modalidade


a propriedade e a posse são do financiado e no leasing a propriedade do
bem é do arrendador e a posse é do arrendatário.

Por ser considerada uma prestação de serviços, o imposto incidente no


contrato de leasing (arrendamento mercantil) é o Imposto sobre Serviços
(ISS), que é um imposto municipal. Não incidindo, por conseguinte, o Impos-
to sobre Operações Financeiras (IOF).

Conforme o pactuado no contrato, as despesas incidentes sobre os bens


arrendados podem ser, tanto do arrendador como do arrendatário. Em con-
tratos efetuados com pessoas jurídicas, as despesas com a manutenção do
bem arrendado podem ser deduzidas do Imposto de Renda, já as pessoas
físicas não gozam desse benefício.

O arrendatário tem três opções ao final do contrato:

 renovar o contrato;

 comprar o bem;

 devolver o bem.

A quitação do contrato antes do prazo mínimo estabelecido é regida pela


Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) 2.309/96.

Segundo o Banco Central do Brasil, a quitação

149
Produtos e serviços financeiros III

[...] caso realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o contrato perde sua
caracterização legal de arrendamento mercantil e a operação passa a ser classificada como
de compra e venda a prazo. Nesse caso, as partes devem arcar com as consequências
legais e contratuais que essa descaracterização pode acarretar.

Leasing financeiro
Modalidade em que os pagamentos realizados pelo arrendatário (pessoa
física ou jurídica) são suficientes para que a empresa de leasing recupere o
custo do bem arrendado durante o contrato e obtenha um retorno sobre os
recursos investidos.

Os contratos devem estabelecer o prazo mínimo de dois anos para arren-


damento, para bens com vida útil de até cinco anos; e de três anos para os
demais. Por exemplo: para veículos, o prazo mínimo é de 24 meses, e para
outros equipamentos e imóveis, o prazo mínimo é de 36 meses (bens com
vida útil superior a cinco anos). A Secretaria da Receita Federal publica perio-
dicamente, o prazo de vida útil admissível, em condições normais, para cada
espécie de bem.

O preço de exercício da opção de compra do bem é livremente combi-


nado entre as partes. O Valor Residual Garantido (VRG) é o preço contratual-
mente estipulado para exercício da opção de compra. As partes podem con-
vencionar que, ao final do contrato, a arrendatária poderá exercer a compra
do bem pelo valor e formas estabelecidos contratualmente.

Lease back
As regras são as mesmas do leasing financeiro.

Trata-se de um leasing financeiro no qual o arrendatário é também o for-


necedor do bem à empresa de leasing, é exclusivo para pessoas jurídicas.

É uma forma de a empresa (arrendatária) viabilizar recursos de longo


prazo mediante a venda de parte de seu ativo imobilizado.

Leasing operacional
Utilizado para equipamentos com alto valor de revenda e mercado se-
cundário ativo. No leasing operacional, o fabricante é o arrendador e as con-
traprestações são limitadas a 90% do custo do bem. O prazo mínimo é de 90

150
Produtos e serviços financeiros III

dias e não existe a obrigatoriedade da opção de compra. O prazo contratual


é limitado a 75% do prazo de vida útil econômico do bem.

A manutenção, a assistência técnica e os serviços correlatos à operacio-


nalidade do bem arrendado podem ser de responsabilidade da arrendadora
ou da arrendatária. E é a arrendadora que fica com o bem usado, que não
interessa aos bancos.

Títulos de capitalização
Tipo de investimento que combina características de jogo e de poupan-
ça. Com os títulos concorre-se a prêmios em dinheiro, além de haver o rendi-
mento de parte do valor investido. Do valor aplicado, a instituição financeira
separa um percentual para a poupança, outro para o sorteio e um terceiro
pra cobrir despesas.

O percentual separado para a poupança rende Taxa Referencial (TR) ou


outro indicador, e além da correção pelo indexador a instituição pode pagar
um percentual de juros, que é facultativo.

Normalmente rende menos que a poupança, mas podem ser interessan-


tes para quem gosta de jogar com a vantagem que, caso não ganhe, parte de
seu investimento será recuperado.

Caso o investidor queira efetuar o resgate do valor investido antes do


término do plano, receberá um percentual da parte reservada à poupança,
cerca de 90%. Só após o término do plano é possível resgatar 100% desse
valor.

Possuem carência normalmente de 12 meses. Existem títulos de paga-


mento mensal e de pagamento único e os sorteios podem ser mensais ou
semanais, conforme o plano. Os mais comuns são os títulos Plano Mensal
(PM) e Plano Único (PU).

Confira as terminologias que são extremamente importantes para os tí-


tulos de capitalização:

 Carência para resgate – prazo que o investidor não pode resgatar o


valor investido.

 Carregamento – é a taxa de administração.

151
Produtos e serviços financeiros III

 Prazo de vigência do título – significa o período em que o mesmo


está em vigor, capitalizando parte das mensalidades pagas e propor-
cionando o direito aos sorteios existentes. O início de vigência normal-
mente ocorre no dia em que for debitada a primeira mensalidade ou a
parcela única para pagamento do título de capitalização. Não podem
existir planos com prazo inferior a 12 meses.
 Prazo de pagamento – período em que devem ser pagas as parcelas
ou mensalidades dos planos de pagamento mensal podendo ser dife-
rente do prazo de vigência ou prazo de capitalização.
 Prêmio – é quanto o investidor paga pelo título. As mensalidades são
reajustadas.
 Provisão matemática – é a parcela da prestação que vai compor a
poupança do investidor.

Plano Mensal (PM)


É um plano em que os pagamentos, geralmente, são mensais e sucessi-
vos. É possível que após o último pagamento, o plano ainda continue em
vigor, pois seu prazo de vigência pode ser maior do que o prazo de paga-
mento estipulado na proposta.

Plano Único (PU)


É um plano em que o pagamento é único (realizado uma única vez), tendo
sua vigência estipulada na proposta.

Nos planos com vigência de 12 meses, os pagamentos são obrigatoriamen-


te fixos. Já nos planos com vigência superior, é facultada a atualização dos pa-
gamentos, a cada período de 12 meses, por aplicação de um índice oficial.

Planos de aposentadoria
e pensão privados
A Previdência Privada é uma forma de poupança de longo prazo para
evitar que a pessoa na aposentadoria sofra uma redução muito grande de
sua renda. Com a limitação de benefício concedido pela Previdência Oficial
nos casos de aposentadoria, se faz imprescindível sua complementação atra-

152
Produtos e serviços financeiros III

vés de previdência complementar, abertas ou fechadas, conforme o caso,


para que os benefícios, após a aposentadoria, não sejam reduzidos.

A acumulação do capital durante determinado tempo é que será o lastro


que permitirá que o contribuinte receba uma aposentadoria compatível.
Caso o contribuinte realize saques durante a fase de acumulação do capital,
seu benefício será reduzido na mesma proporção.

Existem algumas desvantagens nos planos de previdência complemen-


tar, como as taxas de carregamento e as taxas de administração. A taxa
de carregamento é a taxa cobrada pela entidade para arcar com os custos
operacionais do plano de previdência privada. Incide sobre a contribuição
mensal ou aportes de capital, de modo que, quanto maior o seu percentual,
menor a parcela da contribuição destinada para a formação da contribuição
destinada para a formação do capital do participante.

Já a taxa de administração é cobrada pela entidade para administrar,


sobre o capital total, incluindo os rendimentos, também chamada de taxa
de gestão financeira, dependendo do tipo de plano ou fundo.

A portabilidade é a capacidade de transferir seus recursos para outro ad-


ministrador, respeitando as características de carência do fundo onde seus
recursos estão aplicados. Se você não estiver satisfeito com o desempenho
do plano, poderá transferir seus recursos para outro administrador, sendo
que, até duas vezes ao ano não paga nenhuma multa ou qualquer tipo de
imposto. Isso significa que no prazo de um ano, os recursos devem ficar pelo
menos seis meses aplicados junto ao mesmo administrador.

Planos

Planos Abertos
Destinam-se a qualquer indivíduo que deseja formar uma reserva finan-
ceira para sua aposentadoria. São planos oferecidos por bancos, seguradoras
e entidades abertas de previdência privada ao público em geral, mesmo não
existindo nenhum vínculo entre as partes.

Planos Fechados
Também chamados de Fundos de Pensão, destinam-se aos funcionários
de uma empresa ou ao conjunto de empresas – privadas ou estatais – pa-
153
Produtos e serviços financeiros III

trocinadoras do plano. Exemplos: Caixa de Previdência dos Funcionários do


Banco do Brasil (Previ), ou Fundação dos Economiários Federais (Funcef ).

Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)


Como qualquer outro plano de previdência complementar, é uma acu-
mulação de investimentos que visa transformar-se em renda futura. O inves-
tidor vai criando uma reserva ao longo do tempo, após completar 50 anos de
idade e pode optar em receber a reserva matemática (valor reservado para
saque em uma única parcela) ou em quantias mensais.

Esse tipo de aplicação é mais conveniente para quem preenche o ajuste


de Imposto de Renda através do formulário completo, pois é permitido de-
duzir o valor contribuído em até 12% da renda bruta anual. Essa permissão
somente é possível se o investidor contribuir, também, para a Previdência
Social ou regime próprio. A desvantagem é que quando do saque ou do re-
cebimento mensal, a incidência do Imposto de Renda é sobre o total resga-
tado ou recebido.

Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)


Plano idêntico ao PGBL em sua concepção, diferencia-se apenas no tra-
tamento fiscal. O investidor que optar pelo VGLB não pode descontar nada
que foi pago no ajuste do Imposto de Renda.

Em compensação, quando do saque ou recebimento mensal, o desconto


do Imposto de Renda será tão somente sobre os rendimentos produzidos
pelo capital investido. O VGBL é indicado para os que preenchem o formulá-
rio de declaração simplificada para o Imposto de Renda.

Exemplos de tipos
de recebimento de renda
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) regula os tipos de rece-
bimento de renda:

 Renda mensal vitalícia – paga vitaliciamente a partir da data de saída


do plano.

 Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido – paga ao par-


ticipante a partir da data de saída do plano. No caso de falecimento do
154
Produtos e serviços financeiros III

participante durante período garantido por ele escolhido, os benefici-


ários indicados recebem a renda mensal pelo restante do período.

 Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado – paga a


partir da data de saída do plano. No caso de falecimento, a renda será
revertida total ou parcialmente ao(s) beneficiário(s) indicado(s).

 Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade


aos filhos menores de 21 anos – paga a partir da data de saída do
plano. No caso de falecimento, a renda será revertida ao cônjuge ou
companheiro, e na falta deste, reversível temporariamente aos filhos
até completarem 21 anos.

 Renda mensal temporária – paga ao participante durante um deter-


minado prazo contratado. A renda cessa com o término do prazo con-
tratado ou com o falecimento do participante.

Planos de seguros
O seguro, como o próprio nome diz, surge da necessidade de seguran-
ça das pessoas diante das incertezas e riscos que corremos na vida. Todos
querem uma segurança, uma garantia futura que nos proteja dos prejuízos
e perdas de fatos inesperados. O risco é a possível ocorrência de um evento
prejudicial ao segurado e beneficiários.

O contrato de seguro faz com que o segurador assuma a obrigação de


arcar com as consequências adversas de eventualmente ocorrer um sinistro
com o bem ou pessoa segurada. Assim, o seguro é uma maneira de se prote-
ger contra eventos incertos, que podem vir a causar prejuízos.

O segurado paga um valor, chamado prêmio, que no caso de ocorrência


de um sinistro, ocorra a respectiva indenização. Uma vez transferido o risco
ao segurador, ele o adiciona aos demais riscos que estão sob sua gestão.
Isso implica repartir o novo risco com os demais segurados, pois mediante
a ocorrência de um sinistro, todos os demais segurados responderão indire-
tamente pela indenização, pois é com os recursos destes que o segurador
pagará a indenização.

O seguro não obrigatoriamente é individual, pode ocorrer o seguro em


grupo, onde se cobre o risco de um conjunto de pessoas ligadas ao tomador
do seguro. Podemos exemplificar com o seguro em que uma empresa é a
tomadora do seguro e os seus funcionários as pessoas seguradas.
155
Produtos e serviços financeiros III

Com base em estatísticas passadas, é possível prever, com certo grau de cer-
teza, o que ocorrerá no futuro. Identificando-se grupos homogêneos de risco,
dimensiona-se a frequência e a sua extensão. Com a identificação da probabili-
dade de sinistros, o segurador está em condições de determinar o prêmio que
deverá ser cobrado do pretendente ao seguro.

Tipos de seguros
Os riscos básicos para efeitos de seguros são três: patrimônio, pessoa e
responsabilidade. Um mesmo contrato de seguro (apólice) pode conter os
três riscos desses grupos. Uma mesma apólice pode contemplar a cobertu-
ra patrimonial, o seguro de vida (pessoa) e os danos causados a terceiros
(responsabilidade).

Atualmente os seguros são padronizados, assim o segurado não discute


os parâmetros, o que torna o contrato mais barato, já que não é necessário
discutir o seguro individualizado. Existe, ainda, a diversificação dos padrões,
como exemplo podemos citar o barateamento de um seguro apenas pelo
fato de o contratante ter mais idade.

Seguro de veículos
Costuma ter o prazo de um ano, cobre a reparação dos danos ocorridos
ao veículo segurado ou causados por ele a terceiros ou a coisas. Os danos
não cobertos devem vir relacionados no contrato. Existe, ainda, a franquia,
que é o valor a partir do qual a seguradora passa a arcar com os prejuízos. Até
esse valor, o custo é do segurado.

Seguro de vida
Dá cobertura aos riscos de morte natural ou acidental e invalidez por aci-
dente ou doença. Casos de suicídio, regra geral, estão excluídos da cobertu-
ra. Seu pagamento costuma ser mensal, por prazo indeterminado, havendo
exceções, de contratos por prazo determinado.

O prêmio é maior quanto maior for o número de coberturas escolhidas e


o risco do próprio segurado, que depende de sua expectativa de vida e do
tipo de risco a que se expõe. Pessoas com saúde debilitada pagam prêmios
maiores, fumantes podem pagar mais, e pessoas que praticam esportes radi-
cais também têm maior risco.

156
Produtos e serviços financeiros III

Seguro de acidentes pessoais


Oferece cobertura em caso de invalidez permanente, parcial ou total,
ou morte por acidente. Os contratos, regra geral, têm prazo de um ano. A
única diferença em relação ao seguro de vida é que não cobre morte natu-
ral. Como tem uma cobertura a menos, é mais barato. Público-alvo: pessoas
jovens, com boa saúde e que não veem no horizonte probabilidade alta de
morrer de causa natural.

Seguro de viagem
Cobre riscos de acidentes em viagem, como extravio de bagagem, despe-
sas médico-hospitalares, odontológicas, problemas jurídicos e até traslado
do corpo, em caso de morte. Não assume os riscos de catástrofes naturais,
como furacões e terremotos. Os contratos duram o tempo da viagem, mas
também podem cobrir viagens que aconteçam durante um ano inteiro, no
caso de pessoas que viajam com frequência. O seguro pode ser feito na pró-
pria agência de viagem, em bancos ou corretoras.

Seguro-saúde
Dá cobertura facultativa aos riscos que envolvem assistência médica
hospitalar.

Dicas de estudo
 Memorizar os três tipos de CDC e suas diferenças, já que estes são bem
diferentes uns dos outros.

 Entender o funcionamento da CPR e quais são os investimentos fixos


e semifixos.

 Memorizar o rendimento da caderneta de poupança.

 Fixar quando é que se utilizam as linhas de financiamento, principal-


mente os ACC e os ACE.

 Estudar o uso de cartões de crédito no exterior.

 Saber o que é Valor Residual Garantido e quem é o arrendador no


leasing operacional.

157
Produtos e serviços financeiros III

 Estudar bem as diferenças entre os planos PGBL e o VGBL, principal-


mente quanto ao tratamento fiscal.

 Memorizar os tipos de seguros, a nomenclatura e saber o que é o prê-


mio.

Atividades
1. (BB) Nas operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), as taxas
de juros cobradas pela Financeira e/ou Banco Múltiplo com essa car-
teira são, via de regra, maiores que as taxas de juros cobradas nas ope-
rações de Crédito Direto ao Consumidor com Interveniência (CDCI). Tal
fato se deve à (ao):

a) prática de mercado.

b) maior complexidade operacional do CDC.

c) maior custo administrativo do CDC.

d) menor risco de crédito inerente ao CDCI.

e) impacto nos depósitos à vista.

2. (CEF) O contrato de câmbio é o instrumento pelo qual se formaliza


uma operação de câmbio, podendo ser utilizado para importação,
exportação, compra e venda de moeda estrangeira e transferências
intencionais. Nos casos de exportação, o contrato de câmbio poderá
ocorrer prévia ou posteriormente ao embarque de mercadoria. O fe-
chamento do câmbio com ACC ocorre:

a) após a entrega da mercadoria no exterior, independente da liqui-


dação do contrato de câmbio.

b) após a liquidação do contrato de cambio no exterior, independen-


te da entrega da mercadoria.

c) após o embarque da mercadoria, quando o exportador entrega os


documentos ao banco, para que os mesmos sejam cobrados no
exterior, à vista ou a prazo.

158
Produtos e serviços financeiros III

d) antes ou após o embarque, porém com o câmbio travado para


definição futura das taxas que serão praticadas na liquidação do
contrato.

e) antes do embarque da mercadoria, geralmente quando o exporta-


dor necessita dos recursos para financiar a produção de mercado-
ria a ser exportada.

3. Indique se as frases abaixo estão certas ou erradas; se erradas, justifi-


que as respostas.

a) É objetivo do Crédito Rural, estimular o incremento ordenado


dos investimentos rurais, inclusive para armazenamento, benefi-
ciamento e industrialização dos produtos agropecuários, quando
efetuados por cooperativas ou pelo produtor na sua propriedade
rural.

(( Certo.
(( Errado.

b) (BB) Os depósitos em cadernetas de poupança efetuados nos dias


29, 30 e 31 de determinado mês serão remunerados no dia 1.º do
mês seguinte, aplicando-se o índice correspondente ao dia 1.º do
mês de depósito.

(( Certo.
(( Errado.

c) (BB) O Bacen autoriza e fiscaliza o funcionamento das empresas


administradoras de cartão de crédito, na situação de coligadas de
instituições financeiras.

(( Certo.
(( Errado.

159
Produtos e serviços financeiros III

d) (BB) Na operação de leasing, uma empresa transfere o direito de


usufruto de determinado bem de sua propriedade a outra (clien-
te), em troca do recebimento de prestações periódicas.

(( Certo.
(( Errado.

e) (BB) Para os títulos de capitalização, prazo de vigência e prazo de


pagamento são sinônimos.

(( Certo.
(( Errado.

f) (BB) Durante o período de diferimento, os planos de previdência


denominados Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) terão como
critério de remuneração a rentabilidade da carteira de investimen-
tos do plano, ou seja, durante esse período há garantia de remune-
ração mínima.

(( Certo.
(( Errado.

g) (BB) Os seguros de pessoas são necessariamente contratados de


forma individual e podem ter vigência por prazo determinado ou
por toda a vida do segurado (seguro vitalício).

(( Certo.
(( Errado.

160
Produtos e serviços financeiros III

Gabarito
1. D

2. E

3.

a) Certo

b) Certo

c) Errado.

Essas empresas não são autorizadas ou fiscalizadas pelo Bacen.

d) Certo.

e) Errado.

f) Errado.

Não existe garantia de remuneração mínima.

g) Errado.

Os seguros podem ser em grupo.

Referências
PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:
<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

PORTAL SUSEP – Superintendência de Seguros Privados. Ministério da Fazenda.


Disponível em: <www.susep.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.

161
Garantias do Sistema
Financeiro Nacional

Garantias pessoais ou fidejussórias


 As garantias pessoais ou fidejussórias são classificadas como aval
ou fiança.

Aval
Garantia plena e solidária, prestada por terceiro(s), a favor de obrigado
por letra de câmbio, nota promissória, ou título semelhante, caso o emitente,
sacador ou aceitante não o possa liquidar.

Formaliza-se pela assinatura do garantidor em um título de crédito, o aval


não existe em contrato, somente em título de crédito. O avalista responde
apenas e tão somente pelo valor expresso no título de crédito.

O aval pode ser completo (em preto), quando traz o nome da pessoa em
favor de quem é dado; e aval em branco, quando não traz o nome da pessoa
a quem é dado o aval.

Com a entrada em vigor do novo Código Civil, em 2003, tornou-se obriga-


tória a assinatura conjunta do cônjuge para dar validade ao aval – chamada
outorga uxória.

O Decreto 57.663/66 anexo 1 diz sobre o aval:


Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta
garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.

Art. 31. O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa.

Exprime-se pelas palavras “bom para aval” ou por qualquer fórmula equivalente; e
assinado pelo dador do aval.

O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face


anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.

163
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação entender-se-á ser pelo
sacador [nota: refere-se, aqui, sobre a letra de câmbio].

Art. 32. O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada.

A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por
qualquer razão que não seja um vício de forma.

Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a
pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude
da letra.

O Código Civil, Lei 10.406/2002, diz sobre o aval:


Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma
determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.

§1.º Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura
do avalista.

§2.º Considera-se não escrito o aval cancelado.

Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, ao
emitente ou devedor final.

§1.º Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais
coobrigados anteriores.

§2.º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quem
se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma.

Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente


dado.

Fiança
Contrato pelo qual uma pessoa se obriga por outra, para com o credor
desta, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra. É um contrato,
sempre escrito, pelo qual a pessoa física ou jurídica garante a obrigação do
devedor.

A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva, isto é,


a lei não aceita que seja entendido o contrato de forma a ir além do que está
pactuado, tanto nas obrigações como da duração.

164
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou


contra a sua vontade. Portanto, a lei determina que a dívida futura também
é de responsabilidade do fiador. Como exemplo, podemos citar quando a
cobrança chega à Justiça em ação de execução onde durante o caminho
possam surgir despesas processuais e o fiador deverá pagá-las pois a fiança
acompanha o contrato principal, logo ao acabar o principal o acessório deixa
de existir.

Não sendo limitada, a fiança poderá compreender todos os acessórios da


dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.

A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em


condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais
onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.

As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade


resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.

Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obriga-
do a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha
de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação.

Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que


seja substituído.

Tratando agora da participação do fiador durante a possível execução da


dívida, quando informado, para salvar seus bens que se encontram como
garantia, pode indicar bens do devedor que não estejam comprometidos,
pois a fiança é acessória e subsidiária. A obrigação principal é originária do
devedor e não do fiador, este está prestando auxílio ao devedor, esse argu-
mento vem do benefício de ordem ou benefício de execução, ou seja, dar a
possibilidade de primeiro serem vistos os bens do devedor.

Segundo o Código Civil, Lei 10.406/2002:


Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.

Porém, existem algumas restrições, onde não poderá ser invocado tal be-
nefício quando o fiador:

 renunciou expressamente;

165
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

 obrigou-se como principal pagador ou devedor solidário;

 se o devedor for insolvente, ou falido.

O fiador ainda pode utilizar o benefício de divisão, para que se existi-


rem outros fiadores haverá solidariedade, portanto, cada um contribuirá de
acordo com o combinado.

Pode ainda o fiador requerer o que pagou ao devedor, bem como todas
as perdas e danos que sofreu em razão da fiança, pode também auxiliar
no devido andamento da execução iniciada pelo credor, pois o fiador está
interessado na exoneração, ou seja, solução do caso para se ver livre da
responsabilidade.

Vale lembrar que a fiança que não possui prazo determinado, a qualquer
momento pode o fiador exigir sua exoneração, que se dará por sentença ju-
dicial através de ação declaratória, ou também tem se admitido pela simples
notificação ao credor, independente da concordância do devedor principal
ou do credor, porém durante os 60 dias determinados por lei, contados da
notificação ao credor, continuará ligado à função de fiador.

Segundo o Código Civil, Lei 10.406/2002:


Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo,
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 60 dias
após notificação do credor.

Art. 839. Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, retardando-se a execução,


cair em insolvência, ficará exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele
indicado eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada.

No caso de fiador casado, sob os regimes de comunhão parcial ou univer-


sal de bens, a fiança só terá validade com a assinatura do outro cônjuge (ou-
torga uxória). Desquitados ou divorciados podem assinar isoladamente uma
fiança, desde que apresentem cópia da sentença judicial ou da averbação da
separação na certidão de casamento.

Na fiança por pessoa jurídica, o credor deverá analisar os estatutos sociais


(S.A.) ou contrato social (Ltda.), para verificar se a empresa pode prestar esse
tipo de garantia. Se nada constar expressamente, não pode.

166
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Fianças bancárias
Garantia de uma obrigação contratada pelo cliente da instituição finan-
ceira junto a terceiros, onde a instituição financeira é o fiador; e o cliente da
instituição é o afiançado; e o terceiro é o favorecido.

Principais modalidades de fiança:

 adiantamentos de contratos de fornecimentos de bens e serviços;

 participação em concorrências públicas e privadas;

 substituição de cauções;

 execução de contratos (cumprimento do cronograma de obras ou fa-


bricação de máquinas ou equipamentos sob encomenda);

 operações em bolsas de mercadorias, Futuros e Valores;

 interposição de recursos fiscais ou de ações judiciais;

 aluguel de imóveis;

 garantias em operações de crédito;

 performance.

Garantias reais
As garantias reais são divididas em alienação fiduciária, penhor e
hipoteca.

Alienação fiduciária
É a cessão temporária de bens, sendo aplicável a bens móveis e imóveis,
que dá ao devedor a posse e o uso do bem, mantendo a propriedade do
credor. O devedor, como depositário, tem a responsabilidade de conservar o
bem e indenizar o credor por quaisquer danos que o bem sofra.

A alienação fiduciária é o instituto de direito real sobre coisa alheia, que


se define com o direito do fiduciário sobre o bem do fiduciante.

167
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Portanto, na alienação fiduciária, o fiduciante (devedor ou terceiro que


entrega o bem para garantia) tem a posse direta e o depósito do bem, sendo
que o fiduciário (credor), que realiza o financiamento para a aquisição, fica
com o direito à propriedade do bem e a sua posse indireta, podendo reter
este, em caso do não pagamento.

Ocorrendo inadimplência do devedor, vencidas todas as tentativas de


composição amigável, a lei faculta ao credor propor as ações a seguir: ação
de busca e apreensão (retomada do bem; caso não seja encontrado o bem,
é cabível a ação de depósito); ação de execução (cobrança de toda dívida
e seus acréscimos legais, caso a simples retomada do bem não satisfaça ao
credor, podendo ser penhorados os bens necessários para quitação integral
das obrigações do devedor).
1
A Lei 9.514/97, no seu O que reza o Código Civil sobre alienação fiduciária1:
artigo 22, estipula a alie-
nação fiduciária de bem
imóvel. A Lei 10.931/04 Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que
passou a permitir a alie-
nação fiduciária de bem
o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
móvel fungível.
§1.º Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por
instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e
Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição
competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.

§2.º Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse,


tornando-se o devedor possuidor direto da coisa.

§3.º A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o


arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária.

Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá:

I - o total da dívida, ou sua estimativa;

II - o prazo, ou a época do pagamento;

III - a taxa de juros, se houver;

IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua


identificação.

Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa
segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário:

I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;

II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.

Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou
extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito e
das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.

168
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa
alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à
coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.

Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e
das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.

Art. 1.368. O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de pleno
direito no crédito e na propriedade fiduciária.

Hipoteca
Direito real constituído a favor do credor sobre imóvel do devedor ou de
terceiro, como garantia exclusiva do pagamento da dívida, sem, todavia, tirá-
-lo da posse do dono.

A hipoteca é formalizada por intermédio de instrumento público registra-


do em Cartório de Registro de Imóveis e pode ser constituída sobre imóveis,
aeronaves e embarcações. Os bens móveis que estejam no imóvel hipoteca-
do podem ser dados em penhor rural, não sendo obrigatória a anuência do
credor hipotecário.

É considerada melhor garantia do que o penhor por oferecer menor


vulnerabilidade em relação à deterioração, obsolescência e oscilações nos
preços. Deve-se atentar que o bem de família é impenhorável em ação de
execução e não responde por qualquer tipo de dívida, seja ela civil, comer-
cial, fiscal, previdenciária ou de qualquer outra natureza.

Segundo o Código Civil, podem ser objetos de hipoteca os imóveis e seus


acessórios, o domínio direto, o domínio útil, estradas de ferro, recursos natu-
rais, navios, aeronaves, direito especial de uso especial para fins de moradia,
direito real de uso e a propriedade superficiária.

Não se pode incluir no contrato de hipoteca uma cláusula que impeça a


venda do imóvel, mas pode-se incluir uma em que o crédito será considera-
do vencido se o imóvel for vendido. Quem comprar um imóvel hipotecado
estará ciente que, se a dívida não for paga no vencimento, o imóvel poderá
ir a leilão promovido pela Justiça e seu resultado servirá para a liquidação
da dívida. É possível também o comprador, 24 horas depois de citado pela
Justiça, abandonar o imóvel não se envolvendo no processo. Nesse caso, o
adquirente poderá processar o antigo dono, que não pagou a dívida, por ter
perdido o imóvel pela inadimplência do outro.
169
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Um imóvel hipotecado poderá ser novamente hipotecado para garan-


tir outra dívida. Aquele que recebeu a primeira hipoteca tem preferência
quando da execução da hipoteca, se for o caso. Sobre um imóvel hipotecado
pode ser constituído um condomínio, mas as novas unidades continuarão
hipotecadas.

Toda hipoteca tem que ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis,


onde está constituída a matrícula do imóvel hipotecado. A hipoteca termina
quando termina a obrigação principal, quando a coisa hipotecada deixa de
existir, se houver o pagamento da dívida, se o credor renunciar ou se houver
arrematação ou adjudicação.

Terminologias referentes à hipoteca:

 Adjudicação – ato judicial em que tem por objetivo a transmissão da


propriedade de uma determinada coisa de uma pessoa para outra.
Esta terá todos os direitos de domínio e posse. É o caso, por exemplo,
da adjudicação dos bens penhorados como forma de pagamento ao
credor no processo de execução por quantia certa contra devedor sol-
vente.

 Domínio direto – diz respeito ao direito de dispor do imóvel rural.

 Domínio útil – diz respeito ao direito de utilizar ou usufruir do imóvel


rural.

 Usufrutuário – é o titular do direito de usufruto de um bem imóvel ru-


ral, através de cessão ou reserva de usufruto, possuindo, usando, admi-
nistrando e percebendo seus frutos, não podendo, entretanto, dispor
do imóvel rural.

 Nu-proprietário – é a pessoa que detém o direito de dispor do imóvel


rural (domínio direto), não podendo, entretanto, utilizá-lo ou usufruí-lo,
visto que esse direito ficou reservado ao usufrutuário (domínio útil).

 Concessão de direito real de uso – é o contrato pelo qual a Admi-


nistração transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público
a particular, como direito real resolúvel, para que dele se utilize em
fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou
qualquer outra exploração de interesse social.

170
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Penhor
Penhor é o direito real de garantia sobre coisa móvel alheia cuja posse, no
penhor comum, é transferida ao credor, que fica com o direito de promover
a sua venda judicial e preferir no pagamento a outros credores, caso a dívida
não seja paga no vencimento.

Sobre penhor o Código Civil, no seu artigo 1.431, define:


Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao
credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel,
suscetível de alienação.

Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas


continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

Todo contrato caracterizado por ter um penhor como garantia deve ser
registrado no Cartório de Títulos e Documentos. O credor de uma dívida ga-
rantida por penhor tem o direito de guardar e cuidar da coisa empenhada
e somente devolvê-la depois que a dívida for paga integralmente. Caso ela
não seja paga, o credor poderá promover a execução judicial, procedendo a
venda da garantia e quitando a dívida – é o caso do penhor de joias na Caixa
Econômica Federal.

Penhor mercantil
Contrato acessório pelo qual o devedor, ou terceiro, entrega ao credor
ou a quem o represente uma coisa móvel, que é por ele retida com o fim de
assegurar, preferencialmente, o cumprimento da obrigação. É a garantia na
qual o bem empenhado faz parte integrante do negócio comercial.

O penhor mercantil pode abranger tanto os estoques de matérias-primas


quanto os estoques de produtos acabados de empresa cliente.

Os estoques, que são objeto de penhor mercantil, são confiados obriga-


toriamente à guarda dos fiéis depositários, os quais se tornam responsáveis
pela guarda, existência e conservação dos bens dados em garantia, embora
estes permaneçam de posse do cliente em locais próprios ou de terceiros.

Na descrição dos bens, devem ser fornecidos todos os detalhes que per-
mitam sua completa e imediata identificação, avaliação e localização:

171
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

 espécie, características, marca de identificação, classificação, tipo, safra


(se houver) etc;

 valor unitário (preço de custo);

 quantidade (de cada tipo de bem penhorado);

 valor total (para cada tipo de bem penhorado e total);

 local ou locais onde estão depositados os bens penhorados.

Quando a mercadoria a ser penhorada esteja depositada em armazém


geral, os títulos que a representam, conhecimento de depósito e warrants
devem ser endossados, com firmas reconhecidas em cartório e entregues na
empresa/instituição que está realizando a operação.

Não devem ser tomados em penhor mercantil ou vinculados aqueles bens


passíveis de deteriorização, bens obsoletos ou de difícil comercialização.

A validade na constituição do penhor mercantil é calçada na figura do fiel


depositário. Por isso, essa figura deve ser completa e corretamente identifi-
cada no contrato, devendo, no caso de operações com pessoa jurídica, ser
escolhida uma pessoa que não possua controle acionário ou cargo diretivo
na empresa.

Fundo Garantidor de Crédito (FGC)


É uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra o mecanismo
de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, contra instituições
financeiras em caso de intervenção, liquidação ou falência.

Conforme determina a Resolução 3.251/2004, são instituições associadas


do FGC os bancos múltiplos, os bancos comerciais, os bancos de investimen-
to, os bancos de desenvolvimento, a Caixa Econômica Federal, as sociedades
de crédito, financiamento e investimento, as sociedades de crédito imobiliá-
rio, as companhias hipotecárias e as associações de poupança e empréstimo,
em funcionamento no Brasil. Essas instituições recebem depósitos à vista,
a prazo ou em contas de poupança; efetuam aceite em letras de câmbio;
e captam recursos mediante a emissão e a colocação de letras imobiliárias,
letras hipotecárias e letras de crédito imobiliário.

Segundo a Resolução 3.400/2006, do Conselho Monetário Nacional, são


garantias proporcionadas pelo FGC:
172
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Art. 3.º O art. 2.º do Anexo II à Resolução 3.251, de 16 de dezembro de 2004, passa a vigorar
com a seguinte redação:

“Art. 2.º São objeto da garantia proporcionada pelo FGC os seguintes créditos:

I - depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;

II - depósitos em contas-correntes de depósito para investimento;

III - depósitos de poupança;

IV - depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;

V - depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques destinadas ao registro


e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de pagamento de
salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares;

VI - letras de câmbio;

VII - letras imobiliárias;

VIII - letras hipotecárias;

IX - letras de crédito imobiliário.

O total de créditos de cada pessoa contra a mesma instituição associada,


ou contra todas as instituições associadas do mesmo conglomerado finan-
ceiro, será garantido até o valor de R$70.000,00.

Para efeito da determinação do valor garantido dos créditos de cada


pessoa, devem ser observados alguns critérios:

 titular do crédito é aquele em cujo nome o crédito estiver registrado


na escrituração da instituição associada ou aquele designado em títu-
lo por ela emitido ou aceito;

 devem ser somados os créditos de cada credor identificado pelo res-


pectivo Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) / Cadastro Nacional de Pes-
soa Jurídica (CNPJ) contra todas as instituições associadas do mesmo
conglomerado financeiro.

Os cônjuges são considerados pessoas distintas, seja qual for o regime de


bens do casamento, e o crédito do valor garantido será efetuado de forma
individual. Cada um receberá até R$70.000,00, respeitando-se o saldo. Os
créditos em nome de dependentes do beneficiário devem ser computados
separadamente, desde que essa relação de dependência possa ser com-
provada mediante apresentação de cópia da última declaração do Imposto
de Renda.

173
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

Os créditos titulados por associações, condomínios, cooperativas, grupos


ou administradoras de consórcios, entidades de previdência complementar,
sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e demais sociedades
e associações sem personalidade jurídica e entidades assemelhadas serão
garantidos até o valor de R$70.000,00 na totalidade de seus haveres em uma
mesma instituição associada.

Nas contas conjuntas não tituladas por cônjuges e dependentes o valor


da garantia é limitado a R$70.000,00, ou ao saldo da conta quando inferior
a esse limite, dividido pelo número de titulares, sendo o crédito do valor ga-
rantido feito de forma individual.

Nas contas conjuntas tituladas por cônjuges, dependentes e terceiros, o


cálculo do valor da garantia será efetuado sempre em duas etapas:

1.ª etapa: R$70.000,00 (garantia máxima de uma conta) dividido pelo


número de titulares.

2.ª etapa: apurado o valor que caberia a cada titular na 1.ª etapa, como
se fossem todos iguais, considerar que os cônjuges e dependentes poderão
receber até R$70.000,00 cada um, limitado ao saldo da conta.

Dicas de estudo
 Saber que o aval pode ser parcial e por quê.

 Memorizar o que é outorga uxória e o que é benefício de ordem.

 Estudar bem a indenização quando a conta possui mais de um titular,


principalmente quando não existem dependentes ou cônjuges.

 Gravar, nas garantias reais, quem tem a posse e quem tem a proprie-
dade.

Atividades
1. Indique se as frases abaixo estão certas ou erradas; se erradas, justifi-
que a resposta.

a) (BB) São garantias reais a hipoteca, o penhor, a alienação fiduciária


e a fiança. O aval é uma garantia pessoal.

174
Garantias do Sistema Financeiro Nacional

(( Certo.
(( Errado.

b) (BB) Atualmente, o valor máximo de garantia proporcionada pelo


FGC é de R$120.000,00 contra a mesma instituição associada ou
contra todas as instituições associadas do mesmo conglomerado
financeiro.

(( Certo.
(( Errado.

2. (CEF) Entre as operações realizadas pelos bancos, estão as operações


de garantia, em que o banco se solidariza com o cliente em riscos por
este assumidos. A garantia que se manifesta por um contrato através
do qual o banco garante o cumprimento da obrigação de seu cliente
junto a um credor constituído:

a) hipoteca.

b) alienação fiduciária.

c) fiança bancária.

d) aval.

e) Fundo Garantidor de Crédito.

Gabarito
1.

a) Errado.

b) Errado.

2. C

175
Tipos de sociedade
e mercado de câmbio

Tipos de sociedade

Sociedade em Nome Coletivo


Também chamada de Sociedade com Firma, é formada por duas ou mais
pessoas, e os sócios respondem de forma solidária e ilimitada pelas obriga-
ções sociais, sem distinção entre os sócios. Em outras palavras, caso a empre-
sa venha a falir, os bens dos sócios responderão pelas dívidas da empresa,
caso o patrimônio desta não seja suficiente.

Caso um dos sócios faleça ou fique incapaz haverá dissolução da empre-


sa, sua constituição é realizada através de contrato, por instrumento público
ou particular.

A administração da empresa será efetuada por um dos sócios e se o con-


trato for omisso quanto à administração, todos os sócios serão gerentes.
O nome da empresa (firma ou razão social) será composta pelo nome de
um ou mais sócios, com o acréscimo da expressão “& Cia.”, abreviado ou por
extenso.

Dessa forma, o contrato social deve conter as cláusulas previstas no artigo


997, com os devidos ajustes relativos ao nome empresarial, que na socieda-
de em nome coletivo deve ser adotada a firma (composta pelo nome dos
sócios), não podendo usar denominação social.

As quotas dos sócios não podem ser penhoradas para pagamento de dí-
vidas pessoais, sendo este o único atrativo para que se constitua uma empre-
sa Sociedade em Nome Coletivo.

177
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

O contrato deve conter também uma cláusula que imponha responsa-


bilidade ilimitada dos sócios, não sendo possível excluir qualquer sócio da
responsabilidade subsidiária.

Assim, o contrato deve conter obrigatoriamente cláusulas que


expressem:

 nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios;

 a firma (nome empresarial composto pelo nome dos sócios), objeto,


sede e prazo da sociedade;

 capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compre-


ender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

 a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

 as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em


serviços;

 as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus


poderes e atribuições;

 a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

 a responsabilidade ilimitada dos sócios, pelas obrigações sociais.

Código Civil,
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

[...]

Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo,
respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no


ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade
de cada um.

178
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que
seja omisso, pelas do Capítulo antecedente.

Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma
social.

Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso


da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.

Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade,
pretender a liquidação da quota do devedor.

Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:

I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;

II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor,


levantada no prazo de 90 dias, contado da publicação do ato dilatório.

Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas
no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.

Sociedades por Cotas


de Responsabilidade Limitada
Mais de 90% das empresas no Brasil são Ltdas. Nesse tipo de sociedade a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas cotas, mas respon-
de solidariamente pela integralização do capital social, referente à parte não
integralizada pelos demais sócios.

O nome é a denominação ou o nome fantasia, firma ou razão social, acres-


cidas da expressão “Ltda.”. Os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas.

Código Civil,
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de
suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da
sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade


limitada pelas normas da sociedade anônima.

Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o
caso, a firma social.

Seção II

Das Quotas

179
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio.

§1.º Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente
todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.

§2.º É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência,
caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.

§1.º No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser
exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio
falecido.

§2.º Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem
solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.

Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,
a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os
fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,
subscrito pelos sócios anuentes.

Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem
prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a
terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os
juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.

Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a
qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se
distribuírem com prejuízo do capital.

Sociedades Anônimas

Características
As principais características das Sociedades Anônimas são: número
mínimo de dois sócios; o nome da sociedade é sempre uma denominação;
o capital é dividido em ações de igual valor; a responsabilidade dos sócios
é limitada ao valor das ações subscritas ou adquiridas; seu objeto pode ser
uma empresa de fim lucrativo; e é sempre de natureza mercantil, em razão
de sua forma, mesmo que o seu objeto seja civil.

180
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Formalidades de constituição
Existem formalidades preliminares que devem ser cumpridas, como a
subscrição do capital, pelo menos, por duas pessoas, de todo o capital social;
a realização da décima parte, no mínimo, desse capital, pelo pagamento de
10% do valor nominal de cada ação e o depósito em estabelecimento ban-
cário de toda a importância da entrada inicial.

A sociedade pode constituir-se também por escritura pública e os funda-


dores escolherão essa forma ou a da assembleia geral. No caso de escritura
pública, alguns requisitos legais devem ser cumpridos.

Sociedade Anônima é a sociedade em que o capital é dividido em ações,


limitando-se a responsabilidade dos sócios ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas. Essas sociedades têm um modo de constituição
próprio e seu funcionamento está condicionado a normas estabelecidas na
lei ou no estatuto. São consideradas sociedades institucionais ou normativas
e não contratuais, já que nenhum contrato liga os sócios entre si. As Socieda-
des Anônimas em regra são reguladas por leis especiais.

As Sociedades Anônimas distinguem-se dos demais tipos de sociedades


pelas seguintes características essenciais:

 o capital social é divido em ações, normalmente de igual valor nominal;

 a responsabilidade dos sócios restringe-se às ações por estes subscri-


tas ou adquiridas;

 as entradas e saídas dos sócios (comprando ou vendendo suas ações)


não afeta a estrutura da empresa;

 possibilidade de aumento do capital social através de venda pública


de ações;

 menores e incapazes podem ser sócios sem que a sociedade seja nula.

Os acionistas respondem apenas pelo montante de suas ações, que são


subscritas por uma pessoa em uma sociedade em formação podem ser
pagas de uma só vez ou parceladamente, segundo regularem os estatutos. A
esse ato de pagamento dá-se o nome de integralização.

181
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Uma vez integralizada a ação, cessa a responsabilidade do acionista para


com a sociedade, já que não há responsabilidade subsidiária pelas obriga-
ções sociais. Mas, enquanto a ação não é integralmente paga, o acionista é
considerado devedor da sociedade, que tem o direito de cobrar-lhe as pres-
tações não pagas.

Lei 6.404/76 (Lei das S.A.)

A companhia ou Sociedade Anônima (S.A.) terá o capital dividido em


ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço
de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis


e usos do comércio. A sociedade será designada por denominação acompa-
nhada das expressões “Companhia” ou “Sociedade Anônima”, expressas por
extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final.

Para os efeitos dessa Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os


valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação
no mercado de valores mobiliários.

Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na


Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de va-
lores mobiliários.

Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no


mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. O estatuto
da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional.

O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e


estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. As ações, conforme
a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares são or-
dinárias, preferenciais, ou de fruição. O número de ações preferenciais sem
direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode
ultrapassar 50% do total das ações emitidas.
Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: (Redação
dada pela Lei 10.303, de 2001)

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; (Redação dada pela Lei


10.303, de 2001)

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou (Redação dada pela
Lei 10.303, de 2001)

182
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. (Incluído
pela Lei 10.303, de 2001)

Empresário (firma individual)


Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade eco-
nômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Sendo assim, é considerada qualquer pessoa que constitua firma individual
um empresário, a partir do novo Código Civil, também passa a ser conside-
rado empresário aquele que produz ou circula serviços e não mais apenas
aquele que produz e circula mercadorias.

Como exemplo desse tipo de empresa temos trabalhadores antes consi-


derados autônomos, como representante comercial, mecânico de automó-
veis, encanador, pintor, enfim qualquer profissional prestador de serviços.

Sabendo que toda e qualquer pessoa pode exercer uma atividade empre-
sarial através de sua pessoa física (empresário singular) ou por uma constitui-
ção de uma pessoa jurídica (sociedade empresária). Temos como caracterís-
ticas principais de um empresário individual:

 capacidade jurídica (aptidão do homem para ser sujeito de direitos e


obrigações);

 inexistência de impedimento legal para o exercício da atividade;

 exercício profissional da empresa (a pessoa natural só será considerada


empresária se exercer profissionalmente a empresa em nome próprio,
com intuito de lucro);

 arquivamento da firma no registro público de empresas mercantis (ofi-


cialização de sua condição mediante o registro na Junta Comercial).

Mercado de câmbio
Ambiente onde se realizam as operações de câmbio (compra e venda
de moeda estrangeira), entre os agentes autorizados e entre esses e seus
clientes.

A operação de mercado primário implica a entrada ou a saída efetiva de


moeda estrangeira do país. Esse é o caso das operações com exportadores,

183
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

importadores, viajantes etc. Já no mercado secundário, a moeda estrangeira


simplesmente migra do ativo de um banco para o de outro e são denomina-
das operações interbancárias.

Operadores autorizados

Bancos
São os únicos autorizados a operarem no mercado livre, e têm como con-
dições básicas:

 ter capital mínimo (Resolução do Bacen 1.523/98);

 ser banco comercial, de investimento ou múltiplo;

 designar um responsável (diretor) com experiência;

 dispor de condições operacionais (projeto submetido ao Bacen).

Corretores de câmbio
As corretoras intermediam as operações entre os bancos e os clientes,
porém essa intervenção é facultativa.

Outros
Atuam apenas no mercado flutuante, são as corretoras e distribuidoras
de títulos e valores mobiliários; e os agentes de turismo e meios de hospeda-
gem (estes apenas para compra de moedas a clientes).

Operações básicas (operador)


São, basicamente, a troca (conversão) da moeda de um país pela de outro.
Em relação ao estabelecimento operador, elas se classificam como:

 compra – recebimento de moeda estrangeira contra entrega de mo-


eda nacional;

 venda – entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de mo-


eda nacional;

184
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

 arbitragem – entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de


outra moeda estrangeira.

A necessidade dessas conversões pode surgir em razão de: exportação,


venda ao exterior de mercadorias e serviços com preço ajustado para paga-
mento em moeda estrangeira; importação, compra de mercadorias e servi-
ços com preço ajustado para pagamento em moeda estrangeira; e transfe-
rências, movimentação financeira de capitais de entrada ou saída do país.

Operações básicas (características)


Em função das características das operações, elas se dividem, basicamen-
te, em operações comerciais e operações financeiras, e no que concerne à
forma como as trocas são feitas, podemos classificá-las em:

 Mercado Sacado – operações por meio de movimentação (débito ou


crédito) nas contas de depósitos que os bancos mantêm junto a seus
correspondentes no exterior (depósitos, saques, letras de câmbio, che-
ques, valores mobiliários).

 Mercado de Câmbio Manual – operações com moedas em espécie


ou travellers checks (turistas).

 Câmbio Primário – operações entre bancos e clientes não bancários.

 Câmbio Interbancário – operações entre bancos.

 Câmbio à Vista – operações “prontas” (spot exchange), para liquidação


até dois dias úteis após o fechamento do contrato de câmbio.

 Câmbio a Termo – operações “futuras” (forward exchange) para liqui-


dações acima de dois dias úteis. São realizadas para se evitar o risco
cambial.

Tipos de contrato de câmbio


Existem 10 tipos de contratos de câmbio com modelos definidos pelo
Bacen, conforme detalhado na Circular 2.730/96, que são utilizados de
acordo com a natureza da transação, são eles:

185
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Tipo Compra
Transações de exportação, transferência financeira do exterior, operações
entre bancos, alteração e cancelamento (exportação).

Tipo Venda
Transações de importação, transferência financeira para o exterior, opera-
ções entre bancos, alteração e cancelamento (importação).

Os contratos de câmbio nas operações comerciais podem ser efetuados


para liquidação “pronta”, ou seja, para entrega das moedas compradas/ven-
didas em até 48 horas quando realizadas no mercado à vista, ou para liquida-
ção futuras (câmbio travado) situação em que as moedas compradas/vendi-
das podem ser entregues em até 180 ou 360 dias (operações de exportação
e importação).

Câmbio Travado
É a operação de câmbio de exportação, contratada para liquidação futura,
sem a concessão de adiantamento.

Pode ser contratado antes ou após o embarque da mercadoria:

 para contratação de câmbio pré-embarque – a antecipação máxima é


de 360 dias em relação ao embarque da mercadoria;

 para a contratação de câmbio pós-embarque – a antecipação máxima


é de 180 dias após o embarque.

Antes do embarque da mercadoria, é fixada a taxa cambial que prevalecerá


para a operação, sem receber em troca o valor equivalente em reais. Venderá
ao banco para liquidação futura os dólares oriundos da exportação, podendo
receber do banco, um prêmio pela não utilização dos recursos em reais.

Remessas
Os documentos comerciais exercem papel importante no comércio entre
os países, pois eles são emitidos por ocasião de um embarque de exportação
e devem chegar nas mãos do importador, para que este tenha acesso à reti-
rada da mercadoria na alfândega de seu país.

186
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

São, portanto, operações bancárias, no sistema financeiro internacional,


as remessas a partir das quais um banco (emissor) a pedido de seu clien-
te (exportador) emita documentos financeiros para um banco no exterior
(banco cobrador) para que este entregue tais documentos ao interessado
(importador), mediante pagamento do valor da operação (se for à vista) ou
mediante compromisso de pagamento futuro (se for a prazo).
Há dois sistemas principais usados para determinar a taxa de câmbio de
uma moeda.

Taxa de câmbio flutuante


O mercado determina uma taxa de câmbio flutuante. Ou seja, uma moeda
vale o quanto os compradores estão dispostos a pagar por ela. Isso é de-
terminado pela oferta e demanda, que, por sua vez, são determinadas pelo
investimento estrangeiro, taxas de importação e exportação, inflação e um
conjunto de outros fatores econômicos.
Em geral, os países com mercados econômicos desenvolvidos e estáveis
irão usar um sistema flutuante. Na prática, todos os grandes países usam esse
sistema, incluindo os EUA, o Canadá e a Grã-Bretanha. As taxas de câmbio flu-
tuantes são consideradas mais eficientes, já que o mercado irá corrigir de ma-
neira automática a taxa para refletir a inflação de outras forças econômicas.
Contudo, o sistema de flutuação não é perfeito. Se a economia de um país
passar por uma instabilidade, um sistema de flutuação não irá incentivar o
investimento. Os investidores poderiam ser vítimas das grandes oscilações
nas taxas de câmbio, assim como de uma inflação desastrosa.

Taxa de câmbio estável


Um sistema fixo, ou estável, é onde a taxa de câmbio está determinada e
é mantida artificialmente pelo governo. A taxa será estável para o dólar de al-
gum outro país, em geral o dólar americano e a taxa não irá flutuar a cada dia.
O governo tem de trabalhar para manter sua taxa fixa estável. O banco
nacional deve contar com grandes reservas de moeda estrangeira para mi-
nimizar as mudanças na oferta e na demanda. Se uma demanda repentina
de uma moeda aumentasse a taxa de câmbio, o banco nacional teria de
liberar uma quantia suficiente dessa moeda no mercado para atender a de-
manda. Há também a possibilidade de comprar moeda se uma demanda
baixa estiver reduzindo as taxas de câmbio.
187
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

Sistema Integrado
de Comércio Exterior (Siscomex)
O Siscomex é um sistema informatizado, administrado pelo Banco Central
do Brasil (Bacen), pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e pela Receita
Federal do Brasil, chamados de órgãos gestores, cuja finalidade é permitir ao
governo federal o controle do comércio exterior, envolvendo exportações,
importações e câmbio.

Suas operações iniciaram-se em 1993, para as exportações, e em 1997


para as importações. O Siscomex foi criado para aumentar a competitividade
das empresas e reduzir o custo causado pela burocracia.

Os órgãos gestores analisam em tempo real as operações registradas no


sistema. Caso seja necessário, aciona-se órgão anuente – que são aqueles
que necessitam efetuar uma análise complementar de determinadas opera-
ções. Alguns órgãos anuentes: Ministério da Agricultura e do Abastecimento;
Ministério da Defesa; Departamento de Polícia Federal; Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), entre outros.

As empresas que registram seus contratos no Siscomex podem acessar


o sistema diretamente, bem como os despachantes aduaneiros, corretoras
de câmbio, bancos e demais entidades habilitadas. A Secretaria da Receita
Federal disponibiliza ao contribuinte uma sala para que as consultas sejam
efetuadas.

Dicas de estudo
 Estudar bem as características da Sociedade Anônima e as diferenças
entre essa e as demais.

 Memorizar os tipos de taxas de câmbio e quem são os operadores au-


torizados a operar.

Atividades
1. De acordo com a Lei 6.404/76, a Companhia ou Sociedade Anônima
terá o capital dividido em ações, e será classificada como companhia
aberta ou fechada. Uma companhia é aberta quando os:

188
Tipos de sociedade e mercado de câmbio

a) produtos são disponibilizados para negociação direta com seus


clientes.

b) funcionários têm acesso direto à alta administração e podem opi-


nar nas ações tomadas pela companhia.

c) títulos emitidos estão disponíveis para negociação com outras


empresas, utilizando o sistema bancário e dispensando o uso da
Bolsa de Valores.

d) valores mobiliários (ações) de sua emissão estão admitidos a ne-


gociação no mercado de valores mobiliários (Bolsas de Valores).

e) valores imobiliários (títulos) de sua emissão podem ser negocia-


dos diretamente no mercado imobiliário organizado.

2. Indique se a frase abaixo está certa ou errada; se errada, justifique a


resposta:

(BB) As taxas de câmbio praticadas no Brasil são definidas pelo Bacen.

(( Certo.
(( Errado.

Gabarito
1. D

2. Errado.

As taxas de câmbio são flutuantes, por isso são definidas pela lei da
oferta e da procura.

189
Anotações

191
Fundação Biblioteca Nacional

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ISBN 978-85-387-2959-4
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9 788538 729594

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