SEI-MS - 0038391756 - Nota Técnica

Ministério da Saúde
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde
NOTA TÉCNICA Nº 6/2024-DEGERTS/SGTES/MS
1. ASSUNTO
1.1. Trata-se de Ofício nº 473/2023 GAB/SMS (0038122966), oriundo da Secretaria
de Saúde do Município de Pirenópolis/GO, por intermédio do qual questiona a possibilidade do
recebimento da assistência financeira complementar da União para o cumprimento do Piso
Salarial da Enfermagem por profissionais contratados naquela municipalidade como pessoa
física, através de credenciamento.
2. ANÁLISE
2.1. Tendo em vista a atribuição conferida à Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde (SGTES), no art. 1.120-I da Portaria GM/MS nº 1.677, de 26 de outubro de
2023, como responsável por promover a operacionalização e monitoramento correspondentes
às transferências de recursos para assistência financeira complementar da União, este
Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde (DEGERTS/SGTES), responde
ao solicitado.
2.2. Inicialmente, necessária a realização de breve histórico sobre o advento do Piso
Salarial da Enfermagem, bem como da assistência financeira complementar da União para o
seu cumprimento.
2.3. A Emenda Constitucional n° 124/2022 acrescentou ao art. 198 da Constituição
Federal o § 12, que previu a edição de lei federal para a instituir pisos salariais profissionais
nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira.
2.4. Nesse sentido, foi publicada em 05 de agosto de 2022 a Lei n° 14.434, que
alterou a alterou a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 (Lei da Enfermagem), e instituiu o piso
ora em pauta.
2.5. Importante ressaltar que a referida Lei trás em seu escopo a imprescindibilidade
de pagamento do piso salarial para:
Art. 15-A. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados sob o regime da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (...)
Art. 15-B. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados sob o regime dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais
https://sei.saude.gov.br/sei/controlador.php?acao=document 90e25fd003a8f275a0662412e6049329de8b7b01404955983 12/01/2024, 21 11

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:
o
(...)
Art. 15-C. O piso salarial nacional dos Enfermeiros servidores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e de suas autarquias e fundações (...).
2.6. Posteriormente, a Emenda Constitucional n° 127/2022, que acrescentou ao art.

198 da CF os §§ 14 e 15, que estabelecerem a competência da União na prestação assistência
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios e às entidades
filantrópicas, bem como aos prestadores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo,
60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para o cumprimento
dos pisos salariais definidos pela Lei n° 14.434/2022.
2.7. No caso em tela, o questionamento do Município de Pirenópolis gira em torno
da possibilidade de repasse da assistência financeira complementar da União para profissionais
contratados como pessoa física, conforme orientação da Instrução Normativa IN Nº 08/2023 do
Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás – TCM-GO.
2.8. Em leitura sucinta da IN sobrelevada pelo ente municipal, têm-se que:
- a contratação de prestadores de serviço pessoa física se dá através de credenciamento,
que conforme a IN, é o processo administrativo de chamamento público, com critérios
claros e objetivos definidos em regulamento previamente editado, ao qual se dará
ampla publicidade, na forma da lei, por meio do qual a Administração Pública convoca
os interessados em prestar serviços ou fornecer bens, que preencham os requisitos
necessários, e efetua o seu credenciamento no órgão ou na entidade, para executar o
objeto quando forem chamados;
- Os contratos administrativos decorrentes de credenciamento de pessoa física
envolvem a atuação autônoma do credenciado, sob o regime das leis que regem as
licitações e contratos administrativos, e não se confundem com as contratações
temporárias admitidas pelo art. 37, IX, da Constituição Federal;
- Os credenciamentos tratados na presente Instrução deverão ser formalizados mediante
instrumento de contrato administrativo, aos quais serão aplicadas, quanto à formação e
à execução, as disposições gerais da Lei nº 8.666 de 1993 ou da Lei nº 14.133 de 2021;
- Em sede de contratos decorrentes de credenciamento regulares na forma desta
Instrução, firmados com profissionais autônomos, pessoas físicas, celebrados e
executados conforme a legislação de regência, é vedado o pagamento de verbas
trabalhistas ou outras verbas alheias às previstas como remuneração nos contratos,
tanto na sua execução, quanto em caso de rescisão ou termo.
(grifo nosso)
2.9. Destarte, em análise aos termos ora expostos, conclui-se de forma clara que os
profissionais cadastrados via credenciamento não se submetem à qualquer regime jurídico
indicado nos arts. 15-A, 15-B ou 15-C da Lei n° 14.434/2023.
2.10. Assim, considerando que a assistência financeira complementar da União é
destinada ao cumprimento do piso salarial nos valores definidos na Lei nº 14.434/2023,
entende-se como incabível o repasse da assistência à entes federados para pagamento à
profissionais contratados via credenciamento.
2.11. Ademais, considerando que o preenchimento dos dados no sistema InvestSUS é
feito pelo gestor local do SUS do ente federativo, no caso em concreto, pelo gestor municipal
de Pirenópolis, para que seja realizado o acerto de contas dos valores repassados para os

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o
profissionais ora em pauta, forçoso que o Município de Pirenópolis identifique-os, de modo a
possibilitar a realização dos cálculos necessários.
3. CONCLUSÃO
3.1. Destarte, em análise aos termos ora expostos, conclui-se de forma clara que os
profissionais cadastrados via credenciamento não se submetem à qualquer regime jurídico
indicado nos arts. 15-A, 15-B ou 15-C da Lei n° 14.434/2023.
3.2. Assim, considerando que a assistência financeira complementar da União é
destinada ao cumprimento do piso salarial nos valores definidos na Lei nº 14.434/2023,
entende-se como incabível o repasse da assistência à entes federados para pagamento à
profissionais contratados via credenciamento.
3.3. Ademais, considerando que o preenchimento dos dados no sistema InvestSUS é
feito pelo gestor local do SUS do ente federativo, no caso em concreto, pelo gestor municipal
de Pirenópolis, para que seja realizado o acerto de contas dos valores repassados para os
profissionais ora em pauta, forçoso que o Município de Pirenópolis identifique-os, de modo a
possibilitar a realização dos cálculos necessários.
3.4. Ante o exposto, remetemos os autos ao DEGERTS, para conhecimento e
providências.
FABIO MAIA
Coordenador-Geral de Políticas Remuneratórias do Trabalho na Saúde
CGPRETS/DEGERTS/SGTES/MS
Referência: Processo nº 25000.192748/2023-55 SEI nº 0038391756
Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde - DEGERTS

Esplanada dos Ministérios, Bloco G - Bairro Zona Cívico-Administrativa, Brasília/DF, CEP 70058-900
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2.6. Posteriormente, a Emenda Constitucional n° 127/2022, que acrescentou ao art.

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