Aula - Meio Ambiente Urbano
Aula - Meio Ambiente Urbano
Aula - Meio Ambiente Urbano
Junho, 2023
Apresentação
Meio Ambiente
Infraestrutura
>>2021
>>2009
Advogada
Mestre em Direito dos Negócios
pela FGV/SP
Membro Infra Women Brazil
Coordenadora de Estudos da
Biodiversidade (COP15), Rios e
Parques da CMPA
Cidades Inteligentes
Fundadora Incarbon
>>2020
"O destino de alguém não é nunca um lugar, mas uma nova forma de olhar as coisas" Henry Miller
Proposta
1. Diagnóstico das populações nas cidades - meio rural e grandes centros urbanos
(êxodo e migrações)
7. Casos concretos
1 -Diagnóstico das populações nas cidades
meio rural e grandes centros urbanos (êxodo e migrações)
• Estimativa: até 2050, 68%da população vivendo em áreas urbanas (ONU, 2022)
• Meio urbano: 60% do consumo global de energia; 70% das emissões de gases do efeito estufa; 70% da
produção de resíduos
• As cidades aquecem 29% mais rápido do que as áreas rurais (Communications Earth & Environment)
• Regiões mais quentes podem apresentar temperaturas até 4ºC superiores às áreas rurais do entorno (ilhas de
calor), decorrentes da combinação entre concentração de asfalto e concreto, escassez de áreas verdes e
poluição atmosférica
• Meio ambiente: degradação dos ecossistemas, inundações, deslizamentos de terra, elevação do nível do
mar, tempestades, erosão costeira.
• Em reg iões mais vulneráveis, o número de mortes por secas, enchentes e tempestades
fo i 15x maior na última década do q ue em reg iões menos vulneráveis (6º Relatório de
Avaliação do IPC C , 2022)
• O NU - C o nferência Habitat III (2016) - aprovação da Nova Ag enda Urbana (do cumento
interg overnamental q ue deverá g uiar políticas de desenvolvimento urbano pelos próximos 20 anos)
• Habitação seg ura, acesso a serviços básicos, transporte seg uro e acessível
• Além da Ag enda 2030, a NAU incorpora o utros acordos internacio nais, tais como o Aco rdo de Paris no
âmbito da C o nvenção Q uadro das Nações Unidas so bre Mudança do C lima (UNFC C C )
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor. (...)
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III -desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
ESTATUTO DA CIDADE (Lei nº 10.257/2001)
Art. 1º Parágrafo Único: Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social
que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as
seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na
formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao
interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do
território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente;
ESTATUTO DA CIDADE (Lei nº 10.257/2001)
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às
características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: (...) g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de
desastres. (...)
VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade
ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência; (...)
XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e
arqueológico; (...)
XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de
urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; (...)
XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de
urbanização, atendido o interesse social.
XVII -estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes
tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais.
XVIII -tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e saneamento. (...)
ESTATUTO DA CIDADE (Lei nº 10.257/2001)
Incentivos e
Diretrizes Contribuição de benefícios fiscais e
IPTU Desapropriação
Orçamentárias Melhoria financeiros
Art. 1º Esta Lei, denominada Estatuto da Metrópole, estabelece diretrizes g erais para o planejamento, a g estão e a execução das funções públicas
de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados, normas g erais sobre o plano de
desenvolvimento urbano integ rado e outros instrumentos de g overnança interfederativa, e critérios para o apoio da União a ações que envolvam
g overnança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano (...)
Art. 6º A g overnança interfederativa das reg iões metropolitanas e das ag lomerações urbanas respeitará os seg uintes princípios: (...) VII – busca do
desenvolvimento sustentável.
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da q ualidade ambiental propícia à vida,
visando asseg urar, no País, co ndições ao desenvolvimento sócio-econô mico, aos interesses da seg urança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o co njunto de co ndições, leis, influências e interações de ordem física,
q uímica e biológica, q ue permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas
• ADPF 708/ STF
• Eq uiparo u o Acordo de Paris a um tratado de direitos humanos, co nferindo-lhe status de supraleg alidade;
• O Acordo de Paris é um pacto g lo bal assinado por diversos países com o o bjetivo de conter o aq uecimento global;
• Para ating ir seu o bjetivo, o Acordo de Paris co nsidera os seg uintes fatores: - mitig ação das mudanças climáticas; -
resiliência às mudanças climáticas; e - transição justa;
• Mitig ação das mudanças climáticas, nos termos do Acordo de Paris, sig nifica manter o aumento da temperatura
média g lo bal abaixo de 2ºC , co nsiderando ações como a redução de emissões de g ases do efeito estufa;
• Resiliência às mudanças climáticas sig nifica desenvolver ações q ue permitam a adaptação das cidades e
comunidades às mudanças climáticas;
• Transição justa sig nifica justiça social. Eq uilibrar os custos e benefícios da transição para uma eco nomia de baixo
carbo no sem desco nsiderar os mais vulneráveis (populações menos favorecidas).
4 - Áreas verdes urbanas e soluções baseadas na natureza
conceito, vantagens e desvantagens
• Código Florestal (Lei nº 12.651/2012): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) XX -área verde urbana: espaços,
públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano
Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados
aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou
melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais;
• Passivos ou ativos??
• Programa Cidades +Verdes, do Ministério do Meio Ambiente: o acesso às áreas verdes urbanas reduz doenças que oneram o
sistema de saúde, como problemas cardíacos, pulmonares, psicológicos e relacionados à degradação ambiental; ao melhorar
a qualidade de vida, o acesso a tais espaços melhora a produtividade da população.
• Movimento global de prescrever como tratamento de saúde o contato com a natureza, cuja origem pe atribuída ao
Japão onde o foi introduzido o programa nacional de saúde denominado “banho de floresta”(no original “shinrin-yoku”
).
• Dados de 2011 alertam que na cidade de São Paulo morrem devido à poluição o triplo de pessoas do que por acidentes de
trânsito, três vezes e meia mais do que por câncer de mama e quase seis vezes mais do que por AIDS ou câncer de próstata
(SALDIVA et al., 2013).
• SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELAS ÁREAS VERDES URBANAS
• Estudo envolvendo o Parque Ibirapuera (Ibirapuera Project), com o objetivo de avaliar a estrutura da
floresta urbana (número de árvores, composição das espécies, dimensões e a saúde individual, dentre
outras variáveis) e suas várias funções (remoção de poluentes, etc.)
• Utilização do Software i-Tree ECO, desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA Forest Service) e parceiros locais
• A cidade do Rio de Janeiro realizo u uma análise com a utilização do i-Tree EC O no ano de 2012,
estimando-se existirem 46,77 milhões de árvores no lo cal q ue removem 6.400 to neladas de poluentes
por ano
• A valoração eco nômica pelo serviço ecossistêmico fo i fixada em US$ 46,2 milhões/ano.
• O reco nhecimento de q ue os benefícios g erados pelas áreas verdes urbanas (inclusive à saúde pública)
possuam valor eco nômico pode representar um co ntrapo nto à co ntínua erradicação do verde nas
metrópoles
• Para além das vantag ens eco nômicas decorrentes dos serviços ecossistêmicos, investimentos em áreas
verdes urbanas podem se mostrar como soluções de infraestrutura.
• Seg undo o Perfil dos Municípios Brasileiros (IBGE, 2013), envolvendo as 5.570 cidades
brasileiras, entre 2008 e 2012, 97,4% dos municípios com mais de 500 mil habitantes reg istraram
alag amentos; 1.543 cidades fo ram ating idas por enchentes, 1.574 reg istraram inundações bruscas e
948 fo ram afetados por ambos os eventos. Pro cessos erosivos ating iram 1.113 cidades, sendo 20% do
to tal.
• SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA (SBN)
• São ações que utilizam processos e ecossistemas naturais para enfrentar problemas de infraestrutura
• Tendem a ser soluções mais baratas do que aquelas de infraestrutura tradicional (menor custo de implantação e de manutenção) e mais
eficazes em termos de resiliência (redução de riscos de desastres ecológicos)
• Amoldam-se à agenda global ESG (sigla em inglês traduzida como ambiental, social e governança), razão pela qual diversas agências de
fomento mundiais têm solicitado a inclusão de SBN como contrapartida para financiamentos de obras de infraestrutura urbana
• Há um Padrão Global para as Soluções baseadas na natureza (SBN), que visa não apenas padronizar o conceito , mas instituir critérios que
determinam se um determinado projeto é uma Solução Baseada na Natureza e indicadores de avaliação
• Alinham-se ao Marco Global da Biodiversidade (COP15), que prevê dentre as suas metas a preferência por tais soluções
• São exemplos de soluções baseadas na natureza: wetlands (sistemas naturais de tratamento de esgoto); parques alagáveis, corredores
verdes, florestas verticais, jardins verticais, irrigação com água de reuso, telhados verdes.
EXEMPLOS
• 1- insumos sustentáveis: França e Alemanha exig em, por razões lig adas à crise climática, de 30% a 50% de madeira em suas o bras co nstruídas
• 2- bioconstrução: co nstrução de ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo impacto, adeq uação da arq uitetura ao clima
lo cal e tratamento de resíduos (terra, madeira, pedra, palha)
• 3- fontes renováveis de energia: opção por co nsumo de energ ia de fo ntes renováveis (solar, eólica, biomassa)
• Problemas: custos imediatos
• Ex. Pro jeto EC O 360, encarg o da co ncessão do Parq ue Ibirapuera (destinação e diminuição de resíduos - reciclag em, compostag em)
• Lei do RDC (nº 12.462/2011): maior vantag em para a administração co nsiderando custos e benefícios, diretos e indiretos, de na tureza
eco nômica, so cial o u ambiental,
• Lei de Licitações (nº 14.133/2021): "desenvolvimento nacio nal sustentável" (art. 5º); ciclo de vida do o bjeto e inovação (art . 11);
remuneração variável de acordo com "critérios de sustentabilidade ambiental" (art. 144)
• Po lítica Nacio nal de Pag amento por Serviços Ambientais (Lei nº 14.199/2021)
• Desenvolvimento urbano não é "crescimento q uantitativo " (mais infraestruturas); é "crescimento q ualitativo " (infraestruturas melho res)
• Deve-se fug ir da lóg ica da "o bra pela o bra" e avaliar q uando é mais eficaz o remanejamento de infraestrutura
• Deve-se integ rar as ag endas do meio ambiente e da infraestrutura, fazendo com q ue as soluções baseadas na natureza passem a ser
co nsideradas nos q uadros de referência q ue fo rmam as políticas públicas de infraestrutura
6 - Modelos alternativos de organização urbana
• Em 1998, nomeadas oficialmente na lista da O rg anização das Nações Unidas (O NU) das 100 melho res práticas
para o desenvolvimento org ânico, como modelos excelentes de vida sustentável.
• Modelos de assentamentos humanos sustentáveis e intencio nais, urbanos ou rurais, que buscam uma relação
de equilíbrio com o meio ambiente objetivando ating ir as quatro dimensões da sustentabilidade: social,
ecoló g ica, cultural e eco nômica
• C ontrapõe-se ao modelo de sociedade de co nsumo ; eco nomia baseada nas pessoas, cujo bem-estar é o foco.
• C ultivo de frutas, hortaliças e plantas aromáticas em espaços fechados ou ao ar livre, dentro e no ento rno das
áreas urbanas
• Produção de alimentos livres de ag ro tóxicos, utilizando pouca ág ua e com emissão de carbono diminuída
• O bjetivo principal: reduzir a necessidade de deslo camento e, co nseq uentemente, a emissão de g ases
do efeito estufa
• O ferta de serviços
• Asseg urar infraestrutura básica para as parcelas mais marg inalizadas da população
• Diminuir o impacto do custo de moradia, para q ue a população de baixa renda não precise o cupar as
"franjas" das cidades, com deg radação ambiental e o cupação de co rpos hídricos
• O rg anização do sistema de transporte (ro tas lóg icas, para evitar deslo camentos desnecessários)
• RETRO FIT
• Terrenos públicos
O BRIGADA!
FT@IN CARBON .COM .BR
"Somo s a primeira g eração que sente as co nseq uências das mudanças climáticas e a
última que tem a oportunidade de fazer alg o para deter isso" (Barack O bama)