O Livro Da Maconha
O Livro Da Maconha
O Livro Da Maconha
O livro da Maconha
O Guia Completo sobre a Cannabis
Seu papel na medicina, política, ciência e cultura
ISBN 978-65-00-00766-4
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This edition was published in the USA by Park Street Press, a division of Inner
Traditions International, Rochester, Vermont. This edition published by arrangement
with Inner Traditions International, Copyright ©2010 by Julie Holland, M.D.
Essa obra foi publicada nos EUA pela Park Street Press, que faz parte da Inner
Traditions International, Rochester, Vermont. Essa edição foi publicada em acordo
com a Inner Traditions International, Copyright ©2010 by Julie Holland, M.D.
Tradução
Éder Bernardo e Silvana Moreira
Revisão
Anelise Freitas, Luana Bonone e Pablo Bisaggio
Diagramação
Diego Freitas
Capa
Daniel Lopes
facebook.com/editoravistachinesa
instagram.com/editora.vista.chinesa/
editoravistachinesa.com
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Ao falecido John Paul Morgan, médico, químico, gênio,nova-iorquino,
músico, cientista, professor e amigo, falecido em 15 de fevereiro de 2008.
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Sumário
Introdução 9
Introdução à Parte Um 17
5
12 Cannabis e conhecimento, Caroline B. Marvin e Carl L. Hart, Ph.D. 269
13 Riscos à saúde mental associados ao uso de cannabis,
Cheryl Corcoran, M.D. 295
14 Quão real é o risco de dependência?, Ryan Vandrey, Ph.D. e
Margaret Haney, Ph.D. 310
15 Dirigindo sob influência, Paul Armentano 324
16 Estatísticas de prisão e racismo, Harry G. Levine, Ph.D. 334
17 Ser preso não é tão engraçado - Uma entrevista com
Tommy Chong, Julie Holland, M.D. 342
18 Os efeitos colaterais das condenações por Cannabis, Richard
Glen Boire, J.D. 358
19 Psicoterapia de redução de danos, Andrew Tatarsky, Ph.D. 364
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25 Canabinoides e Neuroproteção, Sunil K. Aggarwal, M.D.,
Ph.D. e Gregory T. Carter, M.D. 470
26 Cannabis e HIV/AIDS, Mark A. Ware, M.D., and
Lynne Belle-Isle 496
27 Esclerose múltipla e espasticidade, Denis J. Petro, M.D. 508
28 Manejamento da dor, Mark S. Wallace, M.D., and Ben Platt, M.D. 525
29 Sativex, William Notcutt, M.D., F.R.C.A., F.F.P.M.R.C.A. 537
7
37 Prescrição de Cannabis na Califórnia, Jeffrey Hergenrather, M.D.
663
38 Clubes de compaixão canadense, N. Rielle Capler, M.H.A. 690
39 Política holandesa de drogas, Mario Lap 704
40 Uma análise do custo-benefício da legalização da maconha,
Jeffrey Miron, Ph.D. 712
41 O projeto de política de maconha, Bruce Mirken 723
42 A ACLU e a Política de Drogas Canábica - Uma entrevista
com Graham Boyd, J.D., Julie Holland, M.D. 736
Fontes 753
Referências 771
Contribuidores 867
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Introdução
9
náuseas, dores, diminuição do apetite, espasmos musculares, insônia
etc. Quinze unidades da federação legalizaram a maconha medicinal
até 2010: Alasca, Califórnia, Colorado, Havaí, Maine, Michigan,
Montana, Nevada, Nova Jersey, Novo México, Oregon, Rhode Island,
Vermont, Washington, e Washington D.C. No Estado de Maryland, as
penas pelo uso e porte de maconha são reduzidas se for comprovada
que a cannabis é uma necessidade médica. Califórnia, Colorado,
Novo México, Maine, Rhode Island e Montana eram, até 2010, os
únicos estados que permitem a venda da cannabis medicinal.
Ao comparar o índice de uso de drogas de diferentes nações ao redor
do mundo, a Organização Mundial de Saúde encontra diferenças
claras entre as regiões estudadas e os Estados Unidos está entre os
países com os níveis mais altos de uso legal e ilegal, dentre aqueles
pesquisados. O uso de drogas não parece estar relacionado à política
do país em relação às drogas, no entanto, em países com políticas
mais rigorosas (por exemplo, nos Estados Unidos) o uso de drogas
ilícitas não é menor do que em países com políticas mais liberais
(como por exemplo, a Holanda) (DEGENHARDT et al., 1988).
É importante analisar esses números. 43% dos estadunidenses
experimentaram maconha, enquanto, apesar de políticas mais brandas
em seu país, 20% dos holandeses experimentaram (MACCOUN;
REUTER, 2001). Na Holanda, posse e cultivo de maconha para uso
pessoal são consideradas contravenções, porém, são punidas apenas
com uma multa. Além disso, depois que a Califórnia inaugurou
um programa de maconha medicinal, curiosamente, o consumo
da maconha diminuiu (MPP, 2008), provando que tornar uma
droga mais disponível em uma situação específica não produz
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necessariamente seu uso excessivo.
A cannabis é a droga ilícita mais popular do mundo, estima-se
que 162 milhões de adultos em todo o planeta façam uso, sendo que
52 milhões de pessoas na Ásia, e de 11 a 20 milhões de americanos
são usuários regulares (NAÇÕES UNIDAS, 2006). De acordo com
os dados mais recentes disponíveis, 3,5 milhões de cidadãos dos
EUA relatam fumar maconha diariamente ou quase diariamente;
14,5 milhões relatam que fumam pelo menos uma vez por mês; e
mais de 100 milhões já experimentaram pelo menos uma vez na
vida (SUBSTANCE ABUSE AND MENTAL HEALTH SERVICES
ADMINISTRATION, 2008). Isso é quase 43% da população americana
com 12 anos ou mais admitindo ao governo federal o uso de drogas
ilegais. Os números são provavelmente muito maiores.
Como milhões de pessoas em todo o mundo estão usando cannabis,
o curso de ação mais sensato é encontrar maneiras de minimizar o
seu impacto nocivo. A maioria dos medicamentos utilizados possuem
doses recomendadas e doses tóxicas, bem como métodos de ingestão
que minimizam o dano e maximizem os resultados terapêuticos.
As estratégias de redução de danos devem incluir não apenas a
utilização de vaporizadores para diminuir a doença pulmonar,
mas também um reexame cuidadoso de nossas leis sobre drogas. É
ilógico que a consequência mais danosa do consumo de cannabis
seja um golpe dado pelo nosso sistema legal. Há uma ótima citação
de Jimmy Carter que eu adoro: “As penalidades contra a posse de
uma droga não devem ser mais prejudiciais para um indivíduo do
que o uso da droga em si.”
No entanto, de alguma forma, persistimos punindo os fumantes
11
de maconha, adicionando-os ao enorme número de estadunidenses
aprisionados. Os Estados Unidos lideram todos os outros países
do planeta em uma coisa: maior número de prisioneiros, tanto em
valores per capita quanto em termos absolutos. Um por cento dos
adultos norte-americanos estão presos. Colocamos mais de nossa
própria nação nas prisões do que qualquer outra.
Em 2009, metade de todos os presos federais nos Estados Unidos
cumpriam sentenças por delitos de drogas (MENDOZA, 2010) e
os gastos com o combate às drogas ultrapassam US$ 100 bilhões
anualmente. Cada prisão custa US$ 45 mil por ano. Valores muito
altos pagos por um alojamento público.
Enquanto a cannabis for ilegal, haverá um mercado negro para a
sua venda e distribuição, e implicitamente isto significa a falta de
regulamentação. Apesar dos esforços intensivos de erradicação, a
produção nacional de maconha aumentou 10 vezes nos últimos
25 anos, de 998 toneladas em 1981 para 9.979 toneladas em 2006.
Os membros das gangues norte-americanas são os principais
distribuidores varejistas da maioria das drogas ilegais e aumentaram
suas fileiras para quase 1 milhão de pessoas, crescendo 20% de 2005
a 2008, de acordo com o Departamento de Justiça (2009) que relata
que essas gangues são responsáveis por até 80% dos crimes em
muitas comunidades. Os cartéis de drogas mexicanos obtêm 70%
de seus lucros com as vendas de maconha. Não há dúvida de que as
gangues mexicanas e a guerra travada nos dois lados da fronteira
são principalmente movidas a maconha. Legalize a cannabis e esta
bagunça provavelmente desaparecerá. A outra questão importante
aqui é o acesso das crianças a maconha. Todas as pesquisas com
12
adolescentes mostram que está ficando mais fácil para elas adquirir
maconha com o passar do tempo; os adolescentes têm mais facilidade
em comprá-las do que comprar cigarros ou álcool. Os narcotraficantes
não prestam contas ao governo, lojas de bebidas o fazem. Além disso,
os traficantes podem despertar o interesse das crianças na compra
de outras drogas além da maconha. O que a Holanda descobriu
há muito tempo é que se você separar a maconha das drogas mais
pesadas, você pode ter um impacto sobre quais drogas os adolescentes
acabam usando. Na Holanda, eles têm, proporcionalmente a sua
população, um quarto dos usuários de cocaína do que se tem nos
Estados Unidos. Menos de 2% da população adulta já usou cocaína.
O consumo de cannabis ao longo da vida na população holandesa
de 12 anos ou mais é menos da metade do que é nos Estados Unidos
(DEGENHARDT et al., 2008) – para mais informações sobre os
holandeses, consulte o capítulo 39. É bem possível que uma política
de drogas baseada na redução de danos possa manter nosso país
mais saudável.
O que espero destacar nas páginas seguintes é uma avaliação
abrangente da cannabis, seus riscos e benefícios, incluindo as
ramificações de nossa atual política de drogas. Eu reuni especialistas
de todo o mundo para me unir e ensinar o que eu não podia, para
compartilhar esses conhecimentos com todos vocês. Espero que
você aprenda tanto quanto aprendi no processo de edição deste livro.
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14
parte um
Um panorama sobre
a cannabis
15
Um panorama sobre a Cannabis
16
Introdução à Parte Um
17
Um panorama sobre a Cannabis
18
Introdução à parte um
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Um panorama sobre a Cannabis
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Introdução à parte um
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