Especies Arboreas Brasileiras Vol 4 Guacatunga Miuda
Especies Arboreas Brasileiras Vol 4 Guacatunga Miuda
Especies Arboreas Brasileiras Vol 4 Guacatunga Miuda
Arbóreas
Brasileiras
Guaçatunga-Miúda
Casearia decandra
volume
4
Guaçatunga-Miúda
Casearia decandra
Irati, PR (Colégio Florestal) Fotos: Paulo Ernani Ramalho Carvalho
Guaçatunga-Miúda
Casearia decandra
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comportamento decíduo. As árvores maiores abrindo-se por três valvas; o pericarpo é fino-
atingem dimensões próximas a 18 m de altura coriáceo. Cada fruto contém de 2 a 5 sementes.
e 40 cm de DAP (diâmetro à altura do peito,
Sementes: são ovoideo-compressadas, medindo
medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
de 4 mm a 5 mm de comprimento, apresentando
Tronco: é reto a levemente tortuoso. testa lisa.
Geralmente, o fuste é curto, medindo até 5,5 m
de comprimento.
Biologia Reprodutiva
Ramificação: é cimosa ou dicotômica. A copa
é alta, paucifoliada a densifoliada; flabeliforme e Eventos Fenológicos
a arredondada.
Sistema sexual: Casearia decandra é uma
Os ramos são finos e horizontais, lembrando os espécie hermafrodita.
do bacupari (Garcinia gardneriana). Os raminhos
Vetor de polinização: essencialmente abelhas
são delgados, com as pontas pubérulas; as partes
e diversos insetos pequenos (MORELLATO,
mais velhas são glabrescentes e cobertas com
1991).
cortiça parda; e as extremidades são lenticeladas.
Floração: é explosiva e ocorre de maio a
Casca: mede até 10 mm de espessura. A casca
outubro, no Estado de São Paulo (TORRES;
externa ou ritidoma é marrom, áspera, finamente
YAMAMOTO, 1986; MORELLATO, 1991); de
fendilhada, apresentando descamação em julho a setembro, no Paraná (ROTTA, 1977;
forma de pequenas placas. A casca interna tem CARVALHO, 1980); de setembro a novembro,
coloração creme, com textura arenosa e estrutura em Santa Catarina (KLEIN; SLEUMER, 1984)
compacta e heterogênea. e no Rio Grande do Sul (BACKES; NARDINO,
Folhas: são simples, alternas, dísticas, de 1998); e de setembro a dezembro, em Alagoas.
formato elíptico-lanceoladas até elípticas ou Andreis et al. (2005) não observaram floração
ovado-elípticas; o ápice é mais ou menos longo- dessa espécie no Rio Grande do Sul, no período
acuminado, agudo, com base ligeiramente de 16 de novembro de 2001 a 10 de novembro
inequilateral, cuneada ou arredondada, de 2002.
inicialmente membranáceas e tornando-se
escuras em estado seco; quando maduras, são Frutificação: o amadurecimento dos frutos
cartáceas, até subcoriáceas e pardas quando ocorre de setembro a janeiro, no Paraná (ROTTA,
secas, um pouco brilhantes em cima, geralmente 1981; CARMO; MORELLATO, 2001; MARTINS
glabras em ambas as faces, muito raramente et al., 2004); e de dezembro a fevereiro, em
pubescentes embaixo, laxamente pelúcido- Santa Catarina (KLEIN; SLEUMER, 1984) e no
punctadas e lineares, serruladas ou serreadas Rio Grande do Sul (BACKES; NARDINO, 1998).
até crenadas; a lâmina foliar mede de 3 cm a Dispersão de frutos e sementes:
7,5 cm de comprimento por 1,5 cm a 3 cm de principalmente zoocórica (por animais),
largura, com nervuras laterais e com 4 a 8 pares, destacando-se a avifauna, grande responsável
longamente curvado-ascendentes, ligeiramente pela larga dispersão dessa espécie (WIESBAUER
salientes em ambas as faces; a reticulação das et al., 2008). Também, encontrada na chuva
veias e das veinhas é ligeiramente proeminente, de sementes na Floresta Ombrófila Mista, em
até obscuramente saliente em ambas as faces; o Caçador, SC (CALDATO et al., 1996).
pecíolo mede de 2 mm a 10 mm de comprimento;
as estípulas são linear-subuladas, subglabras,
medindo de 3 mm a 5 m de comprimento, Ocorrência Natural
e caducas.
Latitudes: de 7ºN em Honduras, a 31ºS no
Inflorescência: ocorre em fascículo séssil, Brasil, no Rio Grande do Sul. No Brasil, o limite
pouco ou multifloral, geralmente nos nós Norte dá-se no Amapá, a aproximadamente 1ºN.
desfolhados em brotos anótinos, surgindo com
ou um pouco antes das folhas novas, com Variação altitudinal: de 10 m, em Santa
10 a 15 flores (em cada inflorescência). Catarina, a 1.450 m, em Minas Gerais.
Flores: são brancas e exalam aroma forte Distribuição geográfica: Casearia decandra
ocorre nas Antilhas (SLEUMER, 1989), no
e peculiar. O botão floral é elipsoide.
extremo nordeste da Argentina (MARTINEZ-
Fruto: é uma cápsula globosa, tricostulada, de CROVETTO, 1963), na Bolívia (KILLEEN et al.,
coloração vermelha a alaranjada, muitas vezes 1993), na Colômbia, no Equador, em Guadalupe,
luzente, glabra ou muito laxamente pilosa, no México, na Guiana, na Guiana Francesa,
medindo de 8 mm a 12 mm de diâmetro, no Haiti, em Honduras, nas Ilhas Virgens, no
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Panamá, no Paraguai, no Peru (WOODCOCK, • Minas Gerais (CARVALHO, 1987; CARVALHO
2000), em Porto Rico, na República Dominicana, et al., 1992; GAVILANES et al., 1992;
no Suriname, em Trinidad e Tobago, no norte do OLIVEIRA-FILHO et al., 1994; CARVALHO
Uruguai e na Venezuela. et al., 1995; GAVILANES et al., 1995; VILELA
No Brasil, essa espécie ocorre nas seguintes et al., 1995; DRUMOND, 1996; ALMEIDA;
Unidades da Federação (Mapa 27): SOUZA, 1997; CARVALHO, 1997; FONTES,
1997; PEDRALLI et al., 1997; MEIRA-NETO
• Acre (SLEUMER, 1989). et al., 1998; CARVALHO et al., 2000;
• Alagoas (RIZZINI, 1976). LOMBARDI; GONÇALVES, 2000; MEIRA
NETO; MARTINS, 2000; WERNECK et al.,
• Amapá (ALMEIDA et al., 1995).
2000b; RODRIGUES, 2001; BOTREL et al.,
• Amazonas (SLEUMER, 1989). 2002; LOPES et al., 2002; CARVALHO, 2002;
• Bahia (FERNANDES; VINHA, 1984; FERNANDES, 2003; MEIRA NETO et al., 2003;
SLEUMER, 1989). ROCHA, 2003; SAPORETTI JUNIOR
et al., 2003b, SILVA et al., 2003; COSTA, 2004;
• Distrito Federal (PROENÇA et al., 2001). GOMIDE, 2004; CARVALHO et al., 2005;
• Espírito Santo (PEIXOTO et al., 1995; RIZZINI OLIVEIRA-FILHO et al., 2005; PEREIRA et al.,
et al., 1997). 2006; SOARES et al., 2006; REIS et al., 2007).
• Goiás (SLEUMER, 1989). • Pará (ALMEIDA; VIEIRA, 2001; COELHO
et al., 2003).
• Maranhão (SLEUMER, 1989).
• Paraná (KLEIN, 1962; DOMBROWSKI;
• Mato Grosso (SLEUMER, 1989).
KUNIYOSHI, 1967; ROTTA, 1997; KLEIN
• Mato Grosso do Sul (LEITE et al., 1986; SALIS et al., 1979; CARVALHO, 1980; LEITE
et al., 2004; BATTILANI et al., 2005; ARRUDA; et al., 1986; SILVA, 1990; BRITEZ et al., 1992;
DANIEL, 2007). SILVA et al., 1992; SILVA et al., 1995; SOUZA
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et al., 1997; DIAS et al., 1998; LORENZI, sub-bosque dos pinhais, no Planalto Meridional
1998; SOARES-SILVA et al., 1998; SONDA, do Sul do Brasil, onde se torna particularmente
1999; AMBIOTECH...2002; RONDON abundante.
NETO et al., 2002; SANQUETTA et al., 2002;
É colonizadora, ocorrendo em clareiras com
CALDEIRA, 2003; RONDON NETO, 2003;
mais de 100 m2 (COSTA; MANTOVANI, 1992;
BARDDAL et al., 2004; BORGHI et al., 2004;
INOUE; PUTTON, 2007). Encontrada no Pará,
HATSCHBACH et al., 2008; CERVI et al.,
em Floresta secundária com 70 anos de idade
2007).
(ALMEIDA; VIEIRA, 2001). Num povoamento
• Pernambuco (SLEUMER, 1989). de Araucaria angustifolia, em Telêmaco Borba,
PR, Speltz (1976) observou 1.225 indivíduos em
• Rio Grande do Norte (CESTARO; SOARES,
regeneração natural.
2004).
• Rio Grande do Sul (BAPTISTA; IRGANG,
1972; KNOB, 1978; MARTAU et al., 1981; Biomas (IBGE, 2004a) /
AGUIAR et al., 1982; BRACK et al., 1985; Tipos de Vegetação (IBGE,
JARENKOW, 1985; BENEDETTI et al.,
1990; TABARELLI, 1992; JARENKOW, 2004b) e Outras Formações
1994; BALBUENO; ALENCASTRO, 1996; Vegetacionais
MARCHIORI, 1997a; NASCIMENTO et al.,
2001; BACKES; IRGANG, 2002; JURINITZ; Bioma Mata Atlântica
JARENKOW, 2003, DORNELES; WAECHTER, • Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical
2004; ANDREIS et al., 2008; SHERER et al., Caducifólia), na formação das Terras Baixas,
2005; MARCHIORETTO et al., 2007; em Mato Grosso do Sul, no Rio Grande do
MOCHIUTTI et al., 2008; NARVAES et al., Norte e no Rio Grande do Sul, e na formação
2008; WIESBAUER et al., 2008). Submontana, no Rio Grande do Sul, com
• Estado do Rio de Janeiro (SÁ, 1996; PEREIRA frequência de até quatro indivíduos por hectare
(DIAS et al., 1992; VASCONCELOS et al.,
et al., 2006).
1992; DIAS et al., 1996).
• Roraima (SLEUMER, 1989).
• Floresta Estacional Semidecidual (Floresta
• Santa Catarina (KLEIN, 1960; KLEIN; Tropical Subcaducifólia), nas formações
SLEUMER, 1984; FLEIG et al., 1996; NAU; Submontana e Montana, em Mato Grosso
SEVEGNANI, 1997; BELOTTI et al., 2002; do Sul, em Minas Gerais, no Paraná, no Rio
FORMENTO et al., 2004). Grande do Sul (JURINITZ; JARENKOW, 2003)
e no Estado de São Paulo (CERQUEIRA et al.,
• Estado de São Paulo (TORRES; YAMAMOTO, 2008), com frequência de até 50 indivíduos
1986; MATTHES et al., 1988; RODRIGUES adultos por hectare (GALVÃO et al., 1984;
et al., 1989; SILVA, 1989; ROBIM et al., 1990; IVANAUSKAS et al., 1999; RODRIGUES,
GANDOLFI, 1991; COSTA; MANTOVANI, 2001; LOPES et al., 2002; MARTINS
1992; SALIS et al., 1994; DURIGAN; LEITÃO et al., 2002) ou 100 indivíduos com
FILHO, 1995; TOLEDO FILHO et al., 1997; Circunferência à Altura do Peito (CAP) menor
TORRES, 1997; CAVALCANTI, 1998; que 10 cm ou com altura maior que 20 cm
STRANGHETTI; RANGA, 1998; DURIGAN (MEIRA NETO; MARTINS, 2003).
et al., 1999; IVANAUSKAS et al., 1999; • Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical
AGUIAR et al., 2001; BERTANI et al., 2001; Pluvial Atlântica) ou floresta, nas formações das
BERTONI et al., 2001; MARTINS et al., 2002; Terras Baixas, Montana e Alto-Montana,
GOMES et al., 2005; ALCALÁ et al., 2006; na Bahia, no norte do Espírito Santo, em Minas
OGATA; GOMES, 2006; CERQUEIRA et al., Gerais, no Estado do Rio de Janeiro, e no
2008; DURIGAN et al., 2008; MARTINS et al., Estado de São Paulo, com frequência de até
2008). 30 indivíduos por hectare (CARVALHO, 1997;
GOMES, 2005).
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Bioma Amazônia Clima
• Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical
Pluvial Amazônica), de terra firme no Amapá e Precipitação pluvial média anual: de
no Pará, com frequência de um indivíduo por 1.100 mm, em Mato Grosso do Sul e no Rio
hectare (ALMEIDA et al., 1995). Grande do Sul, a 3.200 mm, no litoral do Estado
de São Paulo.
Bioma Cerrado
Regime de precipitações: chuvas
• Savana ou Cerrado stricto sensu, em Minas uniformemente distribuídas, no Sul do Brasil
Gerais e no Estado de São Paulo. (exceto no norte do Paraná) e no sudoeste do
Estado de São Paulo. Chuvas uniformes ou
• Savana Florestada ou Cerradão, no sudoeste
periódicas, na faixa costeira do sul da Bahia e
de Minas Gerais e no Estado de São Paulo.
chuvas periódicas, nos demais locais.
Outras Formações Vegetacionais
Deficiência hídrica: nula, no Sul do Brasil
• Ambiente fluvial ou ripário (mata ciliar), em (exceto no norte do Paraná) e no sudoeste do
Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Estado de São Paulo. Nula ou pequena, na faixa
Paraná, em Santa Catarina e no Estado de São costeira da Bahia. Pequena, no inverno, no norte
Paulo, com frequência de até 59 árvores por do Paraná e no extremo sul de Mato Grosso do
hectare (SILVA et al., 1992; SOARES-SILVA Sul. De pequena a moderada, no inverno, no
et al., 1998). Distrito Federal, no sul de Minas Gerais e no
centro e no leste do Estado de São Paulo. De
Dos 43 levantamentos florísticos e pequena a moderada, em Roraima. Moderada,
fitossociológicos de floresta ciliar do Brasil no inverno, no sudeste e no leste de Minas
extra-amazônico, Rodrigues e Nave (2001) Gerais, no norte do Paraná e no oeste do Estado
encontraram essa espécie em 14 levantamentos, de São Paulo. De moderada a forte, no inverno,
ou seja em 30,4% de trabalhos em que essa no oeste de Minas Gerais.
espécie foi amostrada.
Temperatura média anual: 16,2 ºC (Castro,
• Área alagável, em Londrina, PR (BIANCHINI PR) a 25 ºC (Corumbá, MS).
et al., 2003).
Temperatura média do mês mais frio:
• Contato Floresta Estacional Semidecidual / 12,4 ºC (Castro, PR) a 22,1 ºC (Ilhéus, BA).
Estepe Gramíneo-Lenhosa e Formações
Temperatura média do mês mais quente:
Pioneiras, no Rio Grande do Sul (MOCHIUTTI
19,7 ºC (Bocaina de Minas, MG / Resende, RJ)
et al., 2008).
a 27,2 ºC (Corumbá, MS).
• Contato Floresta Estacional Semidecidual /
Temperatura mínima absoluta: -8,4 ºC.
Floresta Ombrófila Mista, no Planalto de Poços
Essas temperaturas foram obtidas em Castro, PR,
de Caldas, MG (NAPPO et al., 2000). em 6 de agosto de 1963 (BRASIL, 1992) e em
• Floresta de Brejo, no Estado de São Paulo Guarapuava, PR (EMBRAPA, 1986).
(IVANAUSKAS et al., 1997). Geadas: são frequentes no inverno, no Planalto
• Floresta higrófila, no Paraná (HATSCHBACK Sul-Brasileiro, a raras ou pouco frequentes, no
et al., 2005). litoral do Paraná e de Santa Catarina. O número
médio varia de 0 a 13,4, com o máximo absoluto
• Floresta Psamófila, no Rio Grande do Sul de 35 geadas, na região Sul. Há também a
(MARCHIORETTO et al., 2007). possibilidade de ocorrência de neve na região de
• Floresta Turfosa, no Rio Grande do Sul ocorrência dessa espécie.
(DORNELES; WAECHTER, 2004). Classificação Climática de Köppen: Af
• Vegetação com Influência Marinha (Restinga), (tropical, úmido ou superúmido), no sul da
no Estado do Rio de Janeiro (SÁ, 1996), no Bahia, no Estado do Rio de Janeiro e no litoral
Rio Grande do Sul, e no Estado de São Paulo do Estado de São Paulo. Am (tropical, úmido
(MARTINS et al., 2008), com frequência de até ou subúmido), no Espírito Santo e no Pará.
25 indivíduos por hectare (SCHERER et al., As (tropical, com verão seco), no Rio Grande
do Norte. Aw (tropical, com inverno seco), no
2005).
sudoeste de Mato Grosso do Sul, em Minas
Fora do Brasil, ocorre na Argentina, na Selva Gerais e no noroeste do Estado de São Paulo.
Misionera (MARTINEZ-CROVETTO, 1963) e Cfa (subtropical, com verão quente), no maciço
na Bolívia, no bosque amazônico e na savana do Itatiaia, em Minas Gerais e no Estado do
florestada (KILLEEN et al., 1993). Rio de Janeiro, no noroeste do Paraná, no
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nordeste do Rio Grande do Sul e nos contrafortes Cuidados especiais: na produção de mudas
ocidentais da serra da Mantiqueira, no Estado de em sacos de polietileno, recomenda-se adubação
São Paulo. Cfb (temperado, com verão ameno), orgânica (25% do volume de solo) ou química
em Bocaina de Minas e no Planalto de Poços (4 kg.m-3 de NPK formulado 4:14:8).
de Caldas, MG, no Estado de São Paulo, no
Na produção de mudas em tubetes de
Paraná, em Santa Catarina, e no Rio Grande do
polipropileno, devem-se aplicar 100 g de adubo
Sul. Cwa (subtropical, com inverno seco e verão
comercial de liberação lenta, para cada saco de
quente), em Mato Grosso do Sul, no sudoeste
25 kg de substrato (MARTINS et al., 2004).
de Minas Gerais e no Estado de São Paulo.
Cwb (subtropical de altitude, com inverno seco
e verão ameno), no centro-sul e no sudeste de Características Silviculturais
Minas Gerais.
A guaçatunga-miúda é uma espécie lucífera até
esciófila (KLEIN; SLEUMER, 1984; INOUE;
Solos PUTTON, 2007).
Casearia decandra ocorre, naturalmente, em Hábito: Casearia decandra tem forma tortuosa,
solos muito úmidos de várzeas ou em solos sem dominância apical definida, com ramificação
compactos, onde não raro predomina (KLEIN; pesada, bifurcações e com multitroncos.
SLEUMER, 1984). Apresenta, também, derrama natural fraca,
devendo sofrer podas frequentes de condução e
dos galhos. Essa espécie rebrota da touça, com a
Tecnologia de Sementes formação de vários brotos.
Colheita e beneficiamento: os frutos devem Sistemas de plantio: a guaçatunga-miúda
ser coletados quando passam da coloração verde desenvolve-se melhor em plantios sob cobertura
para amarela, devendo ser beneficiados no ou em plantios mistos.
mesmo dia da coleta, pois se deixados de um dia
para outro, ficam pretos e começam a embolorar.
Crescimento e Produção
Número de sementes por quilo: 47 mil
(LORENZI, 1998). Existem poucas informações sobre o crescimento
Tratamento pré-germinativo: não há da guaçatunga-miúda em plantios. No entanto,
necessidade. seu crescimento é lento (Tabela 15).
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Tabela 15. Crescimento de Casearia decandra, em plantios mistos, no Paraná.
Idade Espaçamento Plantas vivas Altura DAP médio Classe de
Local
(anos) (m x m) (%) média (m) (cm) solo (a)
espécie são comestíveis (KLEIN; SLEUMER, (MARQUES, 2009). Essa espécie foi encontrada
1984). via regeneração natural, em Ouro Preto, MG
(FARIAS et al., 1993).
Apícola: as flores de Casearia decandra
apresentam potencial apícola, fornecendo pólen
que proporciona mel de excelente qualidade Espécies Afins
(KLEIN; SLEUMER, 1984). Segundo Backes e
Irgang (2002), a guaçatunga-miúda é uma das Casearia Jacq. é um dos maiores gêneros da
poucas espécies arbóreas melíferas de inverno, família Salicaceae (ex Flacourtiaceae), com
principalmente na região do Planalto Meridional aproximadamente 180 espécies distribuídas na
Sul-Brasileiro. região neotropical, África, Malásia, Austrália e
Celulose e papel: Casearia decandra é uma ilhas do Pacífico.
espécie inadequada para esse fim.
Nas regiões tropical e subtropical das Américas,
Energia: a madeira dessa espécie é usada encontra-se a maior diversidade desse gênero,
também para lenha e carvão (LORENZI, 1998). com cerca de 75 espécies, agrupadas em 6
seções.
Madeira serrada e roliça: na região
metropolitana de Cutitiba, PR, a madeira da Só a seção Casearia – com aproximadamente 62
guaçatunga-miúda é usada na confecção de espécies – está também representada em outras
cabos de ferramentas ou de utensílios domésticos áreas tropicais do mundo (SLEUMER, 1980).
(BAGGIO; CARPANEZZI, 1998). Destas, cerca de 10 espécies ocorrem no Brasil.
Medicinal: no Paraná e em Santa Catarina, Casearia decandra distingue-se das demais
os índios de várias etnias usavam a casca do espécies de Casearia, principalmente pela
caule dessa espécie no tratamento de problemas ramificação racemosa, hábito, decidualidade das
do estômago, dores em geral, reumatismo, folhas, consistência membranácea e cor (KLEIN;
afta (sapinho) e feridas (MARQUESINI, 1995). SLEUMER, 1984).
Em uso externo, as folhas dessa espécie têm
propriedades anti-sépticas (GAVILANES; Algumas vezes é difícil distinguir C. decandra
BRANDÃO, 1998). A maceração da casca em de C. sylvestris (TORRES; YAMAMOTO, 1986).
álcool é aplicada topicamente em mordeduras Contudo, em material botânico fértil, ambas
de cobras e em picadas de insetos (BACKES; apresentam a seguinte distinção:
IRGANG, 2002). • Casearia decandra apresenta botões florais
Paisagístico: por apresentar pequeno porte e elipsoides, flores com sépalas lanceoladas,
por ter crescimento rápido, a guaçatunga-miúda pedicelos maiores, medindo de 6 mm a 8 mm
é apropriada para arborização urbana (LORENZI, de comprimento e sementes com testa lisa.
1998). • Casearia sylvestris tem botões florais
Plantios com finalidade ambiental: Casearia arredondados, flores com sépalas oblongas,
decandra é uma espécie muito importante na pedicelos em geral menores, medindo de 2 cm
recuperação de ecossistemas degradados e na a 6 cm de comprimento e sementes com testa
restauração de ambientes fluviais ou ripários foveolada.
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Referências Bibliográficas
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