A História de Arroar
A História de Arroar
A História de Arroar
A HISTÓRIA INFANTIL
Na forma original, a história é apresentada em pequenos textos escritos com letras
grandes, para não cansar a criança com a leitura. Os desenhos ilustram a narrativa
do bloco para atrair a atenção e estimular a imaginação da criança. Os personagens
ajudam o terapeuta a investigar o padrão familiar, comparando os dados da história
com o padrão de educação da criança. Por exemplo, o personagem narrador
(ratinho) faz perguntas que o terapeuta pode direcionar à criança para questionar
os padrões de comportamentos de arrogo mimado dela. Quando solicita à criança
que responda às indagações do ratinho, o terapeuta acessa pensamentos
automáticos, crenças secundárias e centrais da criança. Além disso, a mudança do
leãozinho ao longo da narrativa permite ao terapeuta estabelecer, a partir da
história, diálogos socráticos com a finalidade de modificar pensamentos e crenças.
Essa técnica tem sido trabalhada com crianças que apresentam transtorno
desafiador de oposição e transtorno da conduta, apresentando bons resultados. A
técnica é aplicada assim que o terapeuta tem uma conceituação de caso que aponta
para esses tipos de transtornos. A leitura da história é trabalhada ao longo de três
sessões, como uma "mininovela". Na primeira sessão trabalha-se com os quadros
que envolvem a chegada da família de leões à mata até a preocupação dos pais
com a ausência do leãozinho na caverna. Na segunda sessão trabalha-se do quadro
em que o ratinho se propõe a procurar pelo leãozinho até a fuga do leãozinho e do
ratinho. Na terceira sessão trabalham-se os motivos ligados ao abandono do bando
até o final. Em todas essas sessões a história é utilizada para ensinar o modelo
cognitivo, estabelecer diálogos socráticos, conferir a conceituação cognitiva
estabelecida, ensinar distorções cognitivas e trabalhar as mudanças de
pensamento. A seguir, apresentaremos o texto completo e as ilustrações utilizadas
nessa técnica.
A HISTÓRIA DE ARROAR: O LEÃOZINHO SEM LIMITES
Enquanto discutiam o que fazer, resolvi subir numa árvore. Talvez pudesse ver
onde estava Arroar.
Mas o que eu estava fazendo? - pensei comigo mesmo. De repente me vi envolvido
na busca de um leãozinho que mal conhecia...
Tive sorte! Vi o filhote lá longe, perto da "Grande Árvore", onde vivia Sibile, a
grande serpente da mata.
Nossa! Aquele filhote corre grande perigo. Preciso ajudar! - pensei rapidamente.
Corri bem depressa em direção da Grande Árvore!
Ainda bem que nós ratos somos bem ligeiros! Caso contrário Arroar teria se metido
em grandes problemas!
Cheguei lá e, para minha surpresa, Arroar já estava conversando com Sibile - a
perigosa serpente da mata.
Ela vivia ali há anos e todos a evitavam, pois era traiçoeira.
Com muito medo, fiquei de longe vendo o que se passava.
Comecei a ouvir o que Sibile dizia ao leãozinho.
- Sabe, meus pais vivem colocando regras para tudo: "Não faça isso, Arroar", "Isso
é perigoso, Arroar", "Não vá tão longe, Arroar", "Hora de dormir, Arroar"... - disse
o leãozinho rindo de si mesmo ao imitar seus pais.
- Hi, hi, hi... Muito engraçado mesmo... - riu junto a serpente.
- E com tantas regras eles vivem atrapalhando as minhas aventuras.
- É mesmo muito chato! Quem precisa de regras?- replicou a serpente.
- Gosto de fazer tudo que tenho vontade! Meu lema é fazer o que eu quero, quando
eu quero e do jeito que eu quero! - riu poderosamente Arroar. - Afinal, sou ou não
sou um rei?
E a serpente concordava com tudo que Arroar dizia. E Arroar ficava cada vez mais
encantado pela falsa bajulação da serpente, que fazia de tudo para atender a seus
pedidos e caprichos... Arroar só não percebia o que estava por trás de tanta
bondade. É isso que dá só enxergar a si mesmo e desejar se sentir um leão melhor
do que todos os outros.
- Mas acho que já sei quem você "pensa que é": um rei em busca de súditos!
- Ah, agora, sim. Você começa a falar a minha língua.
- Ai, ai... Arroar não entendeu nada! - suspirei comigo mesmo.
- Bem, vamos deixar essa conversa para depois... Não temos muito tempo. Se eu
for chamar seus pais, talvez eles apenas cheguem para servir de sobremesa para
Sibile. Então, fique quieto e faça exatamente o que eu disser, certo?
- Não sei por que, mas eu sempre encontro gente que quer me dar ordens... -
reclamou o leãozinho.
- Silêncio! Vou tentar roer todo esse cipó. Não se mexa e não faça barulhos.
Havia muito cipó e meus dentes ficaram doendo de tanto roer! Terminando, Arroar
e eu fugimos sem olhar para trás.
Você pode imaginar a cara de Sibile ao acordar e ver que seu jantar "real" havia
escapado?
- Sim, Arroar, ter autocontrole... ter paciência... saber esperar o tempo para cada
coisa. Como o sol que aparece de dia e a lua que aparece de noite. Tudo no seu
tempo!
- Ou como as estações do ano, não é? Outono, inverno, verão e primavera. Eu
gosto do verão! - disse o leãozinho.
- Sim, muito bem! Não é gostoso esperar pelo verão?
- Muuuiiito. E quando ele chega, eu aproveito bastante!
- E veja que cada estação tem o momento certo de vir e realizar as coisas da
estação! Na mata não há bagunça e atropelos. Até a mãe natureza tem regras!
Continuamos nossa caminhada, e Arroar continuava pensativo sobre tudo que
falamos.
Depois de um tempo, ele me disse:
- Sabe, ratinho, acho que agora entendo melhor o que aconteceu com minha
família. Antes de vir para a mata, eu, papai e mamãe vivíamos juntos com um
bando de leões...
- Como numa grande família. - completei.
- Sim, mas eu achava todos muito estúpidos e chatos por colocarem regras no
bando...
Quem sabe algum dia eu volte a encontrar com Arroar, mas agora como um grande
leão-rei?
Espero que ele nunca se esqueça do verdadeiro sentido de sua realeza: ninguém é
rei para si mesmo. Um verdadeiro rei não exige ser servido. Um verdadeiro rei
compartilha com os outros seus talentos e sua sabedoria. Isso o torna muito
especial.
Como o sol, nosso astro rei, que ilumina e aquece a todos e permite que a vida
floresça aqui na mata!
FIM