M Dulo I - Braile
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CURSO DE
BRAILLE
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
BRAILLE
MÓDULO I
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
INTRODUÇÃO
1 CEGUEIRA
1.1 AMAUROSE
1.2 CAUSAS
2 HISTÓRICO DO BRAILLE NO MUNDO
3 BRAILLE NO BRASIL
MÓDULO II
4 SÍMBOLOS FUNDAMENTAIS DO BRAILLE
4.1 LEITURA
4.2 ANAGLIPTOGRAFIA
4.3 MUSICOGRAFIA
5 SIMBOLOGIA, ALFABETO E OUTROS SÍMBOLOS
5.1 ALFABETO
5.2 ESCRITA
5.3 OUTROS SÍMBOLOS
5.4 SISTEMA DE NUMERAÇÃO
MÓDULO III
6 ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE (OM)
7 O DEFICIENTE E A LEI
8 INSTITUTO BENJAMIN CONSTAM E SUA IMPORTÂNCIA
9 CONSELHO MUNDIAL PARA BEM-ESTAR DOS CEGOS
10 ACESSIBILIDADE NO BRASIL
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MÓDULO IV
11 A INFORMÁTICA ADAPTADA PARA ATENDIMENTO AOS CEGOS
11.1 DOSVOX
11.2 JAWS
11.3 VIRTUAL VISION
11.4 PROGRAMA BRAILLE FÁCIL
12 PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA UMA VIDA INDEPENDENTE (PEVI)
13 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
14 INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
INTRODUÇÃO
FIGURA 1
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Mas, nem sempre a vida segue essa ordem... Há vidas que são concebidas
com a ausência de um deles. E, seguindo seu curso normal, a vida pequenina com a
ausência de algum sentido cresce e participa de todas as situações possíveis com a
mesma destreza daquela vida que se formou completa. Pois habilidade e percepção
estão em cada um e cabe a cada ser motivar, explorar e desenvolver tais
habilidades.
O censo de 2010 nos mostra que no Brasil há 6,5 milhões de pessoas com
alguma deficiência visual, desses 582 mil são cegos e o restante têm baixa visão.
Brasileiros que necessitam de condições para viver num país que cresce a cada dia.
Hoje, por meio dos avanços tecnológicos, é possível detectar má formação,
anomalias e deficiências na vida intrauterina e, dessa forma, adaptar essa nova vida
em uma vida normal. Para isso tais situações precisam ser observadas: saber as
características do desenvolvimento do bebê, informações da gestação precisam ser
participadas aos pais e ao médico pediatra, caso seja necessário mudança clínica;
observar o meio onde o bebê crescerá e facilitar sua adaptação a ele. Portanto,
quanto mais cedo forem detectadas anomalias ou deficiências no bebê, mais fácil se
iniciará o tratamento e melhor será a sua integração no meio.
A ausência de algum sentido como visão, fala ou audição, pode acontecer.
Há meios e recursos para que integremos na sociedade de forma ativa e
participativa. Interagindo de todas as maneiras.
Cada um constrói a sua história de vida de maneira produtiva se houver
apoio de todos os que estão ao seu redor: pais, irmãos, amigos, colegas,
professores, dirigentes comunitários, governantes...
Este trabalho trata a deficiência visual e sua interação social considerando
os teóricos que abordam o tema inclusão e a comunicação por meio do Braille.
Também as inovações tecnológicas e a acessibilidade, entre outros.
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Como aborda Saint Exupéry, a visão é algo mensurável. Podemos sentir
tudo que se refere a ela por meio das sensações. A ausência de um sentido aguça
os outros sentidos; na ausência da visão o tato torna-se o principal instrumento de
percepção do deficiente. Há também a audição, pois o deficiente visual tende a
seguir seu caminho, muitas vezes guiado pela sonorização percebida.
A cegueira sempre foi preocupante. Sempre existiu, em todas as gerações e
com determinação e coragem marcou sua existência na história em todos os
tempos. Personalidades famosas como Louis Braille, o jovem que inventou o método
que leva seu nome e terá destaque neste material, o cantor, tenor e compositor
italiano Andrea Bocelli; Dorina Nowill, normalista cega que desde a juventude lutou
pela inclusão do deficiente visual; Ray Charles, cantor americano de blues; Galileu
Galilei cientista físico italiano; Stevie Wonder, cantor. Além de tantos outros que cita
a história, quem não ouviu falar do livro “Ilíada e Odisseia” do escritor grego Homero.
Pois é, Homero faleceu cego.
Em busca de facilidade para o cego instrumentos são disponibilizados no
comércio como bengalas (algumas sonorizadas), teclados telefônicos, piso tátil nas
ruas das cidades, sonorização em sinalização de trânsito, computadores com
teclado em Baille.
Além da acessibilidade de locomoção há projetos que tratam da
acessibilidade de comunicação envolvendo cinema, teatros e televisão. Para lazer
há produções cinematográficas que foram adaptadas com audiodescrição (AD) para
cegos. A audiodescrição é um recurso que permite a compreensão detalhada
daquilo que é visual, adaptado na linguagem oral. Há livros e filmes que estão sendo
adaptados em audiodescrição para cegos.
Em 2012, aconteceu a primeira sessão de cinema com audiodescrição
especialmente para que o cego possa ter qualidade em suas horas de lazer. Em São
Carlos, interior de São Paulo, são transmitidas quinzenalmente sessões de
audiodescrição, gratuitas, como parte do projeto Cine+Sentidos.
A tecnologia a serviço da informação já está pronta a atender aos deficientes
com os programas DOSVOX, JAWS e VIRTUAL VISION, todos com leitor de voz e
dispositivo altamente potente para transformar leitura escrita em oral. Há também
programas que criam textos na linguagem Braille a partir de software, como o
Dolphin Creator, que permite a leitura.
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A Samsung empresa de eletrônicos conhecida no mundo já disponibiliza
aparelhos de telefonia celular para deficiente visual, é o Braille Phone. Serviço que
permite a comunicação entre todos.
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disponível em sua empresa, escola e até mesmo em casa, permitindo que todos
conheçam e naveguem nele.
FIGURA 3
1 CEGUEIRA
O ser humano através dos olhos percebe imagens, cores, brilhos e tudo que
está ao seu redor e lhe permite interagir de acordo com sua necessidade.
Observe o desenho do olho humano representado abaixo:
FIGURA 4
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O olho possui como partes principais a córnea, o cristalino, a íris e a retina.
Observando a figura é possível ver outras partes como a conjuntiva, a esclerótica,
pupila, nervos e vasos. Esse conjunto que forma o olho humano é o responsável em
receber a imagem e transmiti-la até o cérebro.
A Córnea é a parte central do olho, sem coloração, porém com uma discreta
curvatura. A córnea tem como característica um aspecto transparente e forma
esférica.
O Cristalino apresenta aspecto gelatinoso, tem a forma elástica e é o
responsável por focar a luz que entra no olho e leva-la até a retina para se formar a
imagem.
A Íris, ou a cor de nossos olhos, apresenta coloração opaca, com uma
abertura muito pequena ao centro chamado de Pupila, por onde entra a luz. A pupila
é elástica se estendendo com a ausência da luminosidade e reduzindo de tamanho
na presença intensa da luz; esse mecanismo acontece automaticamente protegendo
assim as células fotossensíveis presentes na retina, denominadas de cones e
bastonetes.
A Retina é responsável pela formação das imagens que serão transmitidas
até o cérebro por meio do Nervo Óptico.
O olho de uma pessoa que apresenta a visão normal possui todas essas
partes. Há defeitos na visão, que não são considerados doenças, como a Miopia
quando não se é possível perceber objetos e pessoas distantes com nitidez; a
hipermetropia quando não se consegue distinguir objetos ou seres próximos. Para
esses casos há a necessidade de corrigir tais defeitos com lentes externas –
conhecidos como lentes de contato e óculos.
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FIGURA 5
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=NeHKLDVQdMU/watch?v=_exVMrYdLeM&feature=related
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De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 1966, foram
registrados aproximadamente, 66 definições para cegueira. Em 1972, a mesma
instituição estabeleceu normas para uniformizar sua definição. Mesmo assim
surgiram inúmeros conceitos e definições, inclusive “cegueira”, “cegueira parcial”,
“cegueira total” e “visão subnormal”, entre outros.
1.1 AMAUROSE
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Em se tratando de cegueira parcial, também conhecida como Legal ou
Profissional, se enquadram aqueles que possuem algumas percepções, como
vultos, pontos luminosos, permitindo perceber direções e noções de claridade e
escuridão. Há casos de a cegueira ocorrer em apenas um dos olhos.
Algumas pessoas são portadoras de visão chamada de reduzida. São
aquelas que usam óculos, lentes de contato e têm seu problema corrigido por
cirurgias para redução de grau e implante de lente de contato. Aqui também se
enquadram os que têm a possibilidade de realizar transplante de córnea.
1.2 CAUSAS
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2 HISTÓRICO DO BRAILLE NO MUNDO
FIGURA 6
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Barbier criou um código considerado extremamente difícil para ser
decodificado pelos militares em situações de guerra. Durante a noite, na escuridão,
a comunicação não acontecia e seu código não foi aprovado pelos militares
franceses. Porém, seu código foi mostrado ao Instituto Real de Jovens Cegos, onde
foi bem recebido.
Nessa época Louis Braille, então jovem de aproximadamente quinze anos,
frequentava o Instituto e se mostrava atento à novidade apresentada. Braille fez
sugestões interessantes e para o espanto e desaprovação de Barbier alterou o seu
sistema. Ele adaptou a quantidade de pontos reduzindo de 12 para seis pontos e de
seis em três pontos, o que facilitou a percepção por meio do tato. Adaptou ao
sistema alfanumérico fazendo a combinação de pontos em autorrelevo, em
aproximadamente 63 combinações.
Braille é uma combinação de pontos para facilitar a percepção e
proporcionar a leitura, segue a sequência de pontos sempre de cima para baixo, na
horizontal. A combinação parte com sequência numérica observando a contagem,
inicialmente a esquerda, de cima para baixo estão distribuídos os pontos 1, 2 e 3
que continua a esquerda os pontos 4, 5 e 6. Essa tábua é denominada de “Cela
Braille”. O exemplo abaixo representa o que chamamos de “Cela Braille”.
FIGURA 7
1 4
2 5
3 6
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Abaixo apresentamos o alfabeto distribuído na sequência de pontos que são
percebidos pelo tato:
FIGURA 8
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Foi na França, em 1809, que nasceu Louis Braille, filho de artesão fabricante
de arreio. Louis Braille nasceu saudável e forte. Criança esperta, inteligente e ativa
gostava de passar horas do dia brincando na loja de seus pais. Acidentalmente, com
uma das ferramentas e em meio a uma brincadeira em sua própria casa o pequeno
Louis, com aproximadamente dois anos; perfurou o olho esquerdo. Conta a história
que ele perdeu a visão esquerda, mas contraiu uma infecção forte no olho direito.
Seus pais, na dificuldade da época em conseguir médico, trataram a enfermidade
com remédios caseiros que de nada adiantou. Louis ficou cego aos cinco anos de
idade.
Passou a infância usando a inteligência para criar seu mundo imaginário.
Questionador demonstrava a inteligência que era percebida por todos. Na idade
escolar teve dificuldade em realizar sua matrícula para estudar numa escola regular
em razão da falta da visão. Seus pais e o padre da cidade onde vivia foram
incentivadores da aprendizagem, pois percebiam tal facilidade do garoto em
aprender.
Com aproximadamente dez anos foi contemplado com uma bolsa de
estudos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris (Institut Royal des Jeunes
Aveugles de Paris). No instituto Louis realizava leitura com o auxílio de grandes
letras impressas em grossos papéis, programa criado pelo próprio diretor do
instituto. Dessa forma simples muitos deficientes visuais aprenderam a ler. Mas era
somente atividade de leitura, pois a escrita (desejo de muitos) tinha maior dificuldade
para ser realizada.
Em registros de Louis foi encontrado em seu diário escolar: “Se os meus
olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e
doutrinas, terei de encontrar uma outra forma".
Louis com sua determinação e coragem foi um jovem vencedor, mostrou que
se pode integrar socialmente e se tornou conhecido universalmente pelo seu método
de escrita e leitura em Braille. Em quase dois séculos, a quantidade de pessoas que
foram beneficiadas pela cela Braille é muito grande e cresce a cada dia. Podemos
dizer que a luz da sabedoria estava iluminando a vida do deficiente visual.
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3 BRAILLE NO BRASIL
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Elza Paula de Souza era que o prédio tivesse o nome “Padre Chico”. Uma
homenagem ao Monsenhor Francisco de Paula Rodrigues, que a havia atendido.
Hoje, o instituto Padre Chico é uma sociedade filantrópica de assistência
social que proporciona a escolaridade ao cego e portador de baixa visão, desde os
primeiros anos de vida até quatorze anos; proporcionando condições de alfabetizar-
se nos primeiros anos do ensino fundamental, por meio do sistema Braille.
Desenvolvendo atividades artísticas, religiosas e musicais o instituto já não se dá
conta de quantos deficientes atendeu em quase um século de atividade.
O Ministério da Saúde com a Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989 garantiu
acessibilidade aos portadores de deficiências visuais, integração ao mercado de
trabalho e educação adequada e adaptada como um de seus direitos. O “CORDE”
Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência é o
responsável em coordenar e fiscalizar o cumprimento da lei em todos os níveis de
gestão federal, estadual e municipal.
Desde a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
normativas, decretos e leis foram regulamentados, citamos:
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PORTARIA N.º 319, de 26 de fevereiro de 1999:
A Fundação Dorina Nowill para cegos (FDNC) é referência aos cegos por
proporcionar leitura. Criou a Fundação para o Livro Cego no Brasil juntamente com
amigas normalistas em 1946. Dorina, ainda jovem, participou de uma reunião nos
Estados Unidos onde expôs a necessidade de acervo bibliográfico aos portadores
de deficiência visual e recebeu daquele evento, uma imprensa Braille totalmente
equipada com papéis, materiais diversos e outros materiais para a fundação do livro
que, posteriormente passou a receber seu nome.
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FIGURA 10
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FIGURA 11
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FIGURA 12
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FIGURA 13
FIM DO MÓDULO I
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