M Dulo I - Braile

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
BRAILLE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
BRAILLE

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
INTRODUÇÃO
1 CEGUEIRA
1.1 AMAUROSE
1.2 CAUSAS
2 HISTÓRICO DO BRAILLE NO MUNDO
3 BRAILLE NO BRASIL

MÓDULO II
4 SÍMBOLOS FUNDAMENTAIS DO BRAILLE
4.1 LEITURA
4.2 ANAGLIPTOGRAFIA
4.3 MUSICOGRAFIA
5 SIMBOLOGIA, ALFABETO E OUTROS SÍMBOLOS
5.1 ALFABETO
5.2 ESCRITA
5.3 OUTROS SÍMBOLOS
5.4 SISTEMA DE NUMERAÇÃO

MÓDULO III
6 ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE (OM)
7 O DEFICIENTE E A LEI
8 INSTITUTO BENJAMIN CONSTAM E SUA IMPORTÂNCIA
9 CONSELHO MUNDIAL PARA BEM-ESTAR DOS CEGOS
10 ACESSIBILIDADE NO BRASIL

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MÓDULO IV
11 A INFORMÁTICA ADAPTADA PARA ATENDIMENTO AOS CEGOS
11.1 DOSVOX
11.2 JAWS
11.3 VIRTUAL VISION
11.4 PROGRAMA BRAILLE FÁCIL
12 PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA UMA VIDA INDEPENDENTE (PEVI)
13 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
14 INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

INTRODUÇÃO

Desde a concepção no ventre materno é possível perceber que os sentidos


estão presentes em nossas vidas: a audição nos colocando em contato com sons; o
paladar diversificando os sabores; olfato nos interagindo aos cheiros; tato nos
permitindo sentir as sensações e a visão que traz para a nossa vida cores, formas e
tamanhos.

FIGURA 1

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_N8cr-


8D5Z1s/SaVj7xfRXrI/AAAAAAAAAEc/hkIkYNBbfP0/s320/vida+intra-uterina.bmp>.
Acesso em: 4 jun. 2012.

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Mas, nem sempre a vida segue essa ordem... Há vidas que são concebidas
com a ausência de um deles. E, seguindo seu curso normal, a vida pequenina com a
ausência de algum sentido cresce e participa de todas as situações possíveis com a
mesma destreza daquela vida que se formou completa. Pois habilidade e percepção
estão em cada um e cabe a cada ser motivar, explorar e desenvolver tais
habilidades.
O censo de 2010 nos mostra que no Brasil há 6,5 milhões de pessoas com
alguma deficiência visual, desses 582 mil são cegos e o restante têm baixa visão.
Brasileiros que necessitam de condições para viver num país que cresce a cada dia.
Hoje, por meio dos avanços tecnológicos, é possível detectar má formação,
anomalias e deficiências na vida intrauterina e, dessa forma, adaptar essa nova vida
em uma vida normal. Para isso tais situações precisam ser observadas: saber as
características do desenvolvimento do bebê, informações da gestação precisam ser
participadas aos pais e ao médico pediatra, caso seja necessário mudança clínica;
observar o meio onde o bebê crescerá e facilitar sua adaptação a ele. Portanto,
quanto mais cedo forem detectadas anomalias ou deficiências no bebê, mais fácil se
iniciará o tratamento e melhor será a sua integração no meio.
A ausência de algum sentido como visão, fala ou audição, pode acontecer.
Há meios e recursos para que integremos na sociedade de forma ativa e
participativa. Interagindo de todas as maneiras.
Cada um constrói a sua história de vida de maneira produtiva se houver
apoio de todos os que estão ao seu redor: pais, irmãos, amigos, colegas,
professores, dirigentes comunitários, governantes...
Este trabalho trata a deficiência visual e sua interação social considerando
os teóricos que abordam o tema inclusão e a comunicação por meio do Braille.
Também as inovações tecnológicas e a acessibilidade, entre outros.

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Como aborda Saint Exupéry, a visão é algo mensurável. Podemos sentir
tudo que se refere a ela por meio das sensações. A ausência de um sentido aguça
os outros sentidos; na ausência da visão o tato torna-se o principal instrumento de
percepção do deficiente. Há também a audição, pois o deficiente visual tende a
seguir seu caminho, muitas vezes guiado pela sonorização percebida.
A cegueira sempre foi preocupante. Sempre existiu, em todas as gerações e
com determinação e coragem marcou sua existência na história em todos os
tempos. Personalidades famosas como Louis Braille, o jovem que inventou o método
que leva seu nome e terá destaque neste material, o cantor, tenor e compositor
italiano Andrea Bocelli; Dorina Nowill, normalista cega que desde a juventude lutou
pela inclusão do deficiente visual; Ray Charles, cantor americano de blues; Galileu
Galilei cientista físico italiano; Stevie Wonder, cantor. Além de tantos outros que cita
a história, quem não ouviu falar do livro “Ilíada e Odisseia” do escritor grego Homero.
Pois é, Homero faleceu cego.
Em busca de facilidade para o cego instrumentos são disponibilizados no
comércio como bengalas (algumas sonorizadas), teclados telefônicos, piso tátil nas
ruas das cidades, sonorização em sinalização de trânsito, computadores com
teclado em Baille.
Além da acessibilidade de locomoção há projetos que tratam da
acessibilidade de comunicação envolvendo cinema, teatros e televisão. Para lazer
há produções cinematográficas que foram adaptadas com audiodescrição (AD) para
cegos. A audiodescrição é um recurso que permite a compreensão detalhada
daquilo que é visual, adaptado na linguagem oral. Há livros e filmes que estão sendo
adaptados em audiodescrição para cegos.
Em 2012, aconteceu a primeira sessão de cinema com audiodescrição
especialmente para que o cego possa ter qualidade em suas horas de lazer. Em São
Carlos, interior de São Paulo, são transmitidas quinzenalmente sessões de
audiodescrição, gratuitas, como parte do projeto Cine+Sentidos.
A tecnologia a serviço da informação já está pronta a atender aos deficientes
com os programas DOSVOX, JAWS e VIRTUAL VISION, todos com leitor de voz e
dispositivo altamente potente para transformar leitura escrita em oral. Há também
programas que criam textos na linguagem Braille a partir de software, como o
Dolphin Creator, que permite a leitura.

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A Samsung empresa de eletrônicos conhecida no mundo já disponibiliza
aparelhos de telefonia celular para deficiente visual, é o Braille Phone. Serviço que
permite a comunicação entre todos.

FIGURA 2

FONTE: Disponível em: <http://ikaro.net.br/wp-content/uploads/2009/08/braille-phone1.jpg.


Acesso em: 26 jun. 2012.

A sociedade já se mobiliza no sentido de integrar o deficiente com atitudes


reais e visíveis. Em lojas de fast-food, como Mc Donald’s e restaurantes, cardápios
disponíveis na linguagem Braille são disponibilizados aos clientes. Medicamentos
apresentam em suas embalagens sua nomenclatura em Braille. Cosméticos
produzidos pela Natura, por exemplo, já apresentam a acessibilidade em sua
embalagem. Em escolas públicas, todos os municípios contam com pelo menos uma
sala de aula especial e professores capacitados para atendimento em todos os
níveis de ensino, desde o fundamental até a universidade. Provas e concursos
podem ser elaborados para facilitar a leitura do deficiente visual; é necessário
comunicar no ato da matrícula ou inscrição tal deficiência.
Muitas vezes, o alto custo de alguns produtos gera inacessibilidade aos
carentes, porém eles estão aí. Em muitos casos o que se percebe é a questão da
atitude em relação à situação, pois alguns sites são gratuitos como o
www.pocketvoice.com. Basta o primeiro acesso para baixar o programa e torná-lo

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disponível em sua empresa, escola e até mesmo em casa, permitindo que todos
conheçam e naveguem nele.

FIGURA 3

FONTE: Disponível em:


<http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTWIKQy_yEqW5ecb7d1oAJPwQDRrlDAUbDfc8YC8mQ
buaH2ncdosTOTO3Q. Acesso em: 19 jun. 2012.

1 CEGUEIRA

O ser humano através dos olhos percebe imagens, cores, brilhos e tudo que
está ao seu redor e lhe permite interagir de acordo com sua necessidade.
Observe o desenho do olho humano representado abaixo:

FIGURA 4

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/upload/conteudo/images/anatomia-olho-


humano-4faa7bec6ab10.jpg. Acesso em: 19 jun. 2012.

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O olho possui como partes principais a córnea, o cristalino, a íris e a retina.
Observando a figura é possível ver outras partes como a conjuntiva, a esclerótica,
pupila, nervos e vasos. Esse conjunto que forma o olho humano é o responsável em
receber a imagem e transmiti-la até o cérebro.
A Córnea é a parte central do olho, sem coloração, porém com uma discreta
curvatura. A córnea tem como característica um aspecto transparente e forma
esférica.
O Cristalino apresenta aspecto gelatinoso, tem a forma elástica e é o
responsável por focar a luz que entra no olho e leva-la até a retina para se formar a
imagem.
A Íris, ou a cor de nossos olhos, apresenta coloração opaca, com uma
abertura muito pequena ao centro chamado de Pupila, por onde entra a luz. A pupila
é elástica se estendendo com a ausência da luminosidade e reduzindo de tamanho
na presença intensa da luz; esse mecanismo acontece automaticamente protegendo
assim as células fotossensíveis presentes na retina, denominadas de cones e
bastonetes.
A Retina é responsável pela formação das imagens que serão transmitidas
até o cérebro por meio do Nervo Óptico.
O olho de uma pessoa que apresenta a visão normal possui todas essas
partes. Há defeitos na visão, que não são considerados doenças, como a Miopia
quando não se é possível perceber objetos e pessoas distantes com nitidez; a
hipermetropia quando não se consegue distinguir objetos ou seres próximos. Para
esses casos há a necessidade de corrigir tais defeitos com lentes externas –
conhecidos como lentes de contato e óculos.

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FIGURA 5

FONTE: Disponível em: <http://omnis.if.ufrj.br/~coelho/DI/olho.html. Acesso em: 12 jun. 2012.

Outro defeito comum que podemos citar é o astigmatismo. Nesse caso, o


foco da imagem no centro do olho é levemente distorcido, ou seja, a imagem fica
desfocada em nosso olho. O astigmatismo pode ocorrer em apenas um dos olhos –
às vezes, é tão discreto que não se sabe que se tem tal defeito.

ASSISTA AO VÍDEO SOBRE “COMO FUNCIONA A VISÃO”


ACESSE:

Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=NeHKLDVQdMU/watch?v=_exVMrYdLeM&feature=related

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De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 1966, foram
registrados aproximadamente, 66 definições para cegueira. Em 1972, a mesma
instituição estabeleceu normas para uniformizar sua definição. Mesmo assim
surgiram inúmeros conceitos e definições, inclusive “cegueira”, “cegueira parcial”,
“cegueira total” e “visão subnormal”, entre outros.

1.1 AMAUROSE

A palavra “cegueira” é um nome que define vários estágios da deficiência:


perda total da visão; visão parcial, conhecida de legal ou profissional, e apresenta
como característica a perda de graus de visão. Apresenta em níveis denominados:
leve, moderada, severa e profunda ou total.
A cegueira total ou incapacidade visual é a que causa limitações ao dia a dia
do deficiente – quando são necessários recursos externos para a realização de
trabalhos. Também chamada de Amaurose, que significa não haver visão alguma;
também não se percebe nem mesmo a luminosidade da luz, ou clarão. Em
vocabulário de oftalmologia, a perda total da visão é chamada de “visão zero”.
A cegueira é uma doença que acomete a visão e apresenta um quadro
irreversível, no qual não há possibilidade de reversão, mesmo após tentativas de
intervenções cirúrgicas e clínicas. Para esses casos é necessário aprender o Braille,
que é a comunicação escrita utilizando o tato. Dessa forma, é possível executar
trabalhos em seu dia a dia, exercer atividades profissionais e atuar integralmente na
sociedade em que vive.
De acordo com a OMS, pode-se afirmar que uma pessoa é cega observando
a relação dos seguintes critérios: estabelecendo a relação 20/200; isto significa que
comparando o deficiente visual e uma pessoa normal, o deficiente visual pode ver a
20 pés (ou seis metros), o que uma pessoa com visão normal veria a 200 pés
(correspondente a 600 metros).
Para os acometidos de cegueira total, severa ou amaurose, o meio de
comunicação é o sonoro e para a leitura e a escrita há o Braille, que possibilita
individualidade nas ações, interação e comunicação com o meio.

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Em se tratando de cegueira parcial, também conhecida como Legal ou
Profissional, se enquadram aqueles que possuem algumas percepções, como
vultos, pontos luminosos, permitindo perceber direções e noções de claridade e
escuridão. Há casos de a cegueira ocorrer em apenas um dos olhos.
Algumas pessoas são portadoras de visão chamada de reduzida. São
aquelas que usam óculos, lentes de contato e têm seu problema corrigido por
cirurgias para redução de grau e implante de lente de contato. Aqui também se
enquadram os que têm a possibilidade de realizar transplante de córnea.

1.2 CAUSAS

Não há uma causa para exemplificar. A cegueira tem inúmeras causas


como: genéticas, hereditárias, por má formação, infecções acometidas na mãe que
reflete no feto em formação (como rubéola, toxoplasmose e sífilis), traumas, tumores
oculares, entre outras. Não podemos deixar de citar aqui os acidentes infantis,
aqueles que acontecem em casa, com uma simples brincadeira com tesoura,
brinquedos pontiagudos, talheres, palitos, estilhaços de vidros de garrafas,
bombinhas de festas juninas, etc. Uma lesão nos olhos pode levar à cegueira.
No adulto, entre as principais causas da cegueira estão: catarata, glaucoma,
diabetes e a degeneração macular de causas diversas e relacionadas com a idade
como descolamento de retina, infecções oculares e tumores. Além dos acidentes
automobilísticos, de trabalho, entre outros.
A catarata é uma doença que acomete o cristalino, tornando a visão opaca
até desaparecer. Pode ser corrigida com cirurgia de implante de lente artificial
substituindo a natural que temos nos olhos. O glaucoma é o aumento da pressão
ocular e lesiona os nervos óticos.
A falta de acesso a médicos por grande parte da população pobre de nosso
país e do mundo pode ter como consequência doenças, que podem ser tratadas e
curadas, como a cegueira. O descaso em ir ao médico, ou seja, deixar para depois é
também causa de problemas graves. Estabelecer uma rotina de visita ao médico é
importante para ter saúde.

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2 HISTÓRICO DO BRAILLE NO MUNDO

Braille é um código reconhecido universalmente como forma de


comunicação para cegos e se utiliza da percepção tátil para leitura e escrita. Há
registros de que países europeus se preocupavam em conseguir uma forma de
comunicação para cegos, porém sem sucesso.
O sistema mais antigo de que se tem registro é o baseado no Sistema de
Letra Latina. Consistia num complicado sistema de relevo no qual se misturavam
retas e curvas.
Na França, Valentin Hauy, pioneiro da primeira escola para cegos,
denominada de “Instituto Real de Jovens Cegos”, adaptou caracteres usando o
autorrelevo, em tamanho grande, o que permitia aos cegos realizar a leitura de
textos.
O oficial da artilharia militar francesa Charles Barbier, inventou uma forma de
comunicação denominada de escrita noturna, usando pontos em autorrelevo para
que realizasse leituras durante a noite, em batalhas, usando apenas o tato. Seu
código era composto de 12 pontos distribuídos em duas colunas de seis pontos.
Dessa forma, ele realizava as combinações, totalizando 36.

FIGURA 6

••
••

FONTE: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Barbier>. Acesso em: 27/08/2012.

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Barbier criou um código considerado extremamente difícil para ser
decodificado pelos militares em situações de guerra. Durante a noite, na escuridão,
a comunicação não acontecia e seu código não foi aprovado pelos militares
franceses. Porém, seu código foi mostrado ao Instituto Real de Jovens Cegos, onde
foi bem recebido.
Nessa época Louis Braille, então jovem de aproximadamente quinze anos,
frequentava o Instituto e se mostrava atento à novidade apresentada. Braille fez
sugestões interessantes e para o espanto e desaprovação de Barbier alterou o seu
sistema. Ele adaptou a quantidade de pontos reduzindo de 12 para seis pontos e de
seis em três pontos, o que facilitou a percepção por meio do tato. Adaptou ao
sistema alfanumérico fazendo a combinação de pontos em autorrelevo, em
aproximadamente 63 combinações.
Braille é uma combinação de pontos para facilitar a percepção e
proporcionar a leitura, segue a sequência de pontos sempre de cima para baixo, na
horizontal. A combinação parte com sequência numérica observando a contagem,
inicialmente a esquerda, de cima para baixo estão distribuídos os pontos 1, 2 e 3
que continua a esquerda os pontos 4, 5 e 6. Essa tábua é denominada de “Cela
Braille”. O exemplo abaixo representa o que chamamos de “Cela Braille”.

FIGURA 7

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2 5
3 6

FONTE: Arquivo pessoal.

Louis Braille iniciou a sua combinação de pontos analisando uma cela.


Minuciosamente ele adaptou o modelo de Barbier reduzindo a quantidade de pontos
ele realizou combinações e foi nomeando letras, números, notas musicais.
Ficou o código Braille disposto em seis pontos em autorrelevo.

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Abaixo apresentamos o alfabeto distribuído na sequência de pontos que são
percebidos pelo tato:

FIGURA 8

FONTE: Disponível em: <http://www.padrechico.org.br/img/img_alfabetob.gif>.


Acesso em: 19 jun. 2012.

FIGURA 9 - LOUIS BRAILLE

FONTE: Disponível em: <http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT-IE-


D1pnZz1b5zC5YAssKT3l13QTq3oHQ7RgjV9mYzY3Z6cvA>. Acesso em: 17 jun. 2012.

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Foi na França, em 1809, que nasceu Louis Braille, filho de artesão fabricante
de arreio. Louis Braille nasceu saudável e forte. Criança esperta, inteligente e ativa
gostava de passar horas do dia brincando na loja de seus pais. Acidentalmente, com
uma das ferramentas e em meio a uma brincadeira em sua própria casa o pequeno
Louis, com aproximadamente dois anos; perfurou o olho esquerdo. Conta a história
que ele perdeu a visão esquerda, mas contraiu uma infecção forte no olho direito.
Seus pais, na dificuldade da época em conseguir médico, trataram a enfermidade
com remédios caseiros que de nada adiantou. Louis ficou cego aos cinco anos de
idade.
Passou a infância usando a inteligência para criar seu mundo imaginário.
Questionador demonstrava a inteligência que era percebida por todos. Na idade
escolar teve dificuldade em realizar sua matrícula para estudar numa escola regular
em razão da falta da visão. Seus pais e o padre da cidade onde vivia foram
incentivadores da aprendizagem, pois percebiam tal facilidade do garoto em
aprender.
Com aproximadamente dez anos foi contemplado com uma bolsa de
estudos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris (Institut Royal des Jeunes
Aveugles de Paris). No instituto Louis realizava leitura com o auxílio de grandes
letras impressas em grossos papéis, programa criado pelo próprio diretor do
instituto. Dessa forma simples muitos deficientes visuais aprenderam a ler. Mas era
somente atividade de leitura, pois a escrita (desejo de muitos) tinha maior dificuldade
para ser realizada.
Em registros de Louis foi encontrado em seu diário escolar: “Se os meus
olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e
doutrinas, terei de encontrar uma outra forma".
Louis com sua determinação e coragem foi um jovem vencedor, mostrou que
se pode integrar socialmente e se tornou conhecido universalmente pelo seu método
de escrita e leitura em Braille. Em quase dois séculos, a quantidade de pessoas que
foram beneficiadas pela cela Braille é muito grande e cresce a cada dia. Podemos
dizer que a luz da sabedoria estava iluminando a vida do deficiente visual.

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3 BRAILLE NO BRASIL

A história do Braille no Brasil é muito especial, pois há registros de histórias


de ações comunitárias sem fins lucrativos que beneficiaram os acometidos pela
cegueira, desde o período imperial.
A cegueira sempre existiu e era um desafio integrar os cegos à sociedade.
No século XIX, era comum o uso da lupa para conseguir ler. José Álvares de
Azevedo nasceu cego na cidade do Rio de Janeiro. Recebeu estímulo e incentivo de
seus pais, pois percebiam sua inteligência e vivacidade. José foi enviado a Paris e
frequentou o Instituto Real de Jovens Cegos, no período em que Louis Braille
divulgava seu método. Aprendeu o sistema e voltou ao Brasil com o desejo de abrir
aqui uma escola nos modelos do Instituto.
Foi pioneiro no trabalho de divulgação do Braille com publicações e
palestras. Seus textos e comentários chegaram ao palácio do Imperador D. Pedro II
na cidade do Rio de Janeiro. D. Pedro II demonstrou interesse, incentivou e apoiou o
trabalho de José Álvares, fundando o Instituto Imperial de Meninos Cegos, que
posteriormente foi nomeado de Instituto Benjamin Constant, o atual IBC.
José Álvares de Azevedo é conhecido como Patrono da Educação de Cegos
no Brasil. Foi o primeiro professor cego brasileiro e com seu trabalho de dedicação e
coragem proporcionou a escolaridade a muitos cegos desde Brasil.
No Brasil, o dia Nacional do Braille é comemorado em 9 de abril. Esta data
marca o nascimento de José Álvares de Azevedo. Hoje, na cidade de São Paulo,
além de clínicas e hospitais para tratamentos oftalmológicos está o Instituto de
Cegos “Padre Chico”.
Desde 1927, autoridades locais da cidade de São Paulo, como governo
estadual, municipal, religiosos, leigos e médicos se reuniram para amparar
portadores de deficiência visual que estariam à margem da sociedade.
A senhora Elza Paula de Souza, uma paulistana muito atuante no início do
século passado e que naquela cidade deixou sua presença, doou o terreno onde se
iniciou a construção da sede concluída e entregue em 1929 à população, sob a
direção das irmãs da congregação São Vicente de Paula. A única exigência de dona

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Elza Paula de Souza era que o prédio tivesse o nome “Padre Chico”. Uma
homenagem ao Monsenhor Francisco de Paula Rodrigues, que a havia atendido.
Hoje, o instituto Padre Chico é uma sociedade filantrópica de assistência
social que proporciona a escolaridade ao cego e portador de baixa visão, desde os
primeiros anos de vida até quatorze anos; proporcionando condições de alfabetizar-
se nos primeiros anos do ensino fundamental, por meio do sistema Braille.
Desenvolvendo atividades artísticas, religiosas e musicais o instituto já não se dá
conta de quantos deficientes atendeu em quase um século de atividade.
O Ministério da Saúde com a Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989 garantiu
acessibilidade aos portadores de deficiências visuais, integração ao mercado de
trabalho e educação adequada e adaptada como um de seus direitos. O “CORDE”
Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência é o
responsável em coordenar e fiscalizar o cumprimento da lei em todos os níveis de
gestão federal, estadual e municipal.
Desde a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
normativas, decretos e leis foram regulamentados, citamos:

 Lei Federal nº. 7853/89, tratando da acessibilidade;


 Lei nº. 9394/96, garantindo escolaridade gratuita a todos em seu Capítulo V;
 Decreto Federal nº. 3298/99, que regulamenta a Lei 7853 e garante direitos
legais a todos os cidadãos brasileiros portadores de deficiência em solo
brasileiro a educação, saúde, lazer, trabalho, desporto, turismo, transportes,
construções públicas, habitação, cultura e outros;
 Lei nº. 10.17, que institui o Dia Nacional da Educação e estabelece
avaliações nacionais periódicas.
 Resolução CNE nº. 02, de 11 de setembro de 2001, traçando as Diretrizes
para Educação Especial na Educação Básica, assegurando acessibilidade
aos alunos.
 Portaria nº 3.284, de 07 de novembro de 2003 traçando Diretrizes de
acessibilidade ao ensino superior de portadores de deficiências.

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PORTARIA N.º 319, de 26 de fevereiro de 1999:

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas


atribuições e considerando o interesse do Governo Federal em adotar para
todo o País, uma política de diretrizes e normas para o uso, o ensino, a
produção e a difusão do Sistema Braille, em todas as modalidades de
aplicação, compreendendo especialmente a Língua Portuguesa, a
Matemática e outras Ciências, a Música e a Informática; considerando a
permanente evolução técnico-científica que passa a exigir sistemática
avaliação, alteração e modificação dos códigos e simbologia Braille,
adotados nos Países de língua portuguesa e espanhola; e, finalmente,
considerando a necessidade do estabelecimento de permanente
intercâmbio com comissões de Braille de outros países, de acordo com a
política de unificação do Sistema Braille, a nível internacional.

FONTE: <http://ibcserver0c.ibc.gov.br/index.php?blogid=1&query=ubc>. Acessado em: 24 jun. 2012.

A Fundação Dorina Nowill para cegos (FDNC) é referência aos cegos por
proporcionar leitura. Criou a Fundação para o Livro Cego no Brasil juntamente com
amigas normalistas em 1946. Dorina, ainda jovem, participou de uma reunião nos
Estados Unidos onde expôs a necessidade de acervo bibliográfico aos portadores
de deficiência visual e recebeu daquele evento, uma imprensa Braille totalmente
equipada com papéis, materiais diversos e outros materiais para a fundação do livro
que, posteriormente passou a receber seu nome.

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FIGURA 10

FONTE: Disponível em:


<http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTrRvGjXxLk2vBRsQyJQtoNp1MjhQJ957TM3Ckc3gs9Z4
2XIbBx>. Acesso em 26 jun. 2012.

Hoje a Fundação Dorina Nowill possui a imprensa Braille referência na


América do Sul, por suas publicações didáticas e pedagógicas, livros digitais em
Braille, livro falado; a fundação publica em Braille, semanalmente, as edições da
Revista Veja de forma falada.
É uma das maiores do mundo em capacidade produtiva sendo referência
mundial em qualidade de produção. Além de prestar trabalho em assessoria,
consultoria e desenvolvimento de projetos na área de inclusão. A fundação também
tem por objetivo qualificar portadores de deficiência visual para o mercado de
trabalho, para isso promove cursos de computação por meio do sistema Braille
durante o ano.
Não podemos deixar de comentar que em todos os estados brasileiros há
instituições voltadas a atendimento, apoio e orientações para a população. Ações
são desenvolvidas não somente nas grandes metrópoles, mas em todas as capitais
brasileiras.
Já são visíveis as adaptações realizadas nos centros das cidades brasileiras
em calçadas acessíveis e no trânsito já podemos verificar a sinalização sonora.
Atitudes cada vez mais presentes para benefício de todos, como mostram as
imagens seguintes.

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FIGURA 11

FONTE: Disponível em:


<http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcReRqHtwDDRDuR3lSPvD6Zk6MKQzTBHh38IJgQeeRrj
MaFYOzxE>. Acessado em: 20 jun. 2012.

O Instituto Benjamin Constant (IBC) é o pioneiro no trabalho de atendimento


aos cegos no Brasil. Desde a época imperial, D. Pedro II, em 1854, já se preocupava
com a enfermidade que acometia a cegueira no império. Criou o Imperial Instituto de
Meninos Cegos e foi este o início de uma série de trabalhos voltados à integração de
deficientes visuais na sociedade brasileira, com sede na cidade do Rio de Janeiro,
onde era a sede do governo.
Em 1891, o Instituto mudou seu nome para o que é referência nacional em
atendimento ao deficiente visual no país, como uma homenagem ao seu diretor
Benjamin Constant. Em 1945, iniciou o curso ginasial proporcionando escolaridade a
essa população.
Atualmente, o Instituto Benjamin Constant (IBC) além da escolarização aos
deficientes em nível de ensino fundamental realiza estimulação precoce para
crianças, realiza atividade artística, física e musical e desenvolve cursos de
capacitação profissional para atender deficientes visuais. Presta assessoria a
instituições de ensino, oferece consulta oftalmológica para a população e produz
material em Braille, entre outras ações.

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FIGURA 12

FONTE: Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/media/common/ibc_fachada.jpg>.


Acesso em: 27/08/2012.

Toda capital brasileira possui um Centro de Apoio Pedagógico para


Atendimento a Pessoas com Deficiência Visual, conhecido como CAP, uma iniciativa
do Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Especial (SEESP) e
em parceria com as entidades filantrópicas citadas neste material como o IBC,
Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC) e outras filiadas a UBC (União
Brasileira de Cegos).
O Ministério da Educação desenvolve e incentiva projetos com objetivo de
tornar o dia a dia do deficiente visual confortável. Disponibiliza gratuitamente o
programa Braille Fácil que consiste na impressão de textos em Braille. O programa
Braille Fácil será comentado posteriormente neste material.
Para facilitar a escrita em Braille podemos contar com uma máquina
manualmente operada. A indústria Perkins produtora dessa máquina foi inaugurada
no Brasil em 1988, sendo a primeira máquina a ser fabricada na América do Sul.

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FIGURA 13

FONTE: Disponível em: <http://www.bengalabranca.com.br/webphp/fotos/g/1100046g.jpg>.


Acessado em: 26 jun. 2012.

O trabalho de inclusão no Brasil está caminhando em parcerias públicas e


privadas. Muito ainda há por fazer em prol dos portadores de deficiências. A
principal atitude está em cada cidadão de nosso país.

FIM DO MÓDULO I

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