Análise de Efetividade Das Políticas Públicas de APL
Análise de Efetividade Das Políticas Públicas de APL
Análise de Efetividade Das Políticas Públicas de APL
Márcio Jacometti
Universidade Tecnológica Federal do Paraná / Programa de Pós-Graduação em Administração
Curitiba / PR — Brasil
Marcos de Castro
Universidade Estadual do Centro-Oeste / Programa de Mestrado Profissional em Administração
Guarapuava / PR — Brasil
Sandro Aparecido Gonçalves
Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais
Curitiba / PR — Brasil
Mayla Cristina Costa
Universidade Federal do Paraná / Programa de Pós-Graduação em Contabilidade
Curitiba / PR — Brasil
O objetivo da pesquisa foi identificar como as políticas públicas explicam o acentuado desenvolvimento
econômico do Arranjo Produtivo Local (APL) de móveis de Arapongas (PR), no período de 2000 a 2012,
com base na perspectiva institucional de análise. Utilizou-se o estudo de caso com métodos qualitativos
e quantitativos. A fase qualitativa foi baseada na análise de conteúdo temática de documentos, realizada
em 2012, que subsidiou a elaboração do questionário estruturado aplicado em 2013 junto a 38 empresas
do APL. As condições do ambiente institucional alteraram o ambiente técnico no sentido de permitir
a sustentação do padrão de desenvolvimento observado, mas ficaram muito aquém da expectativa
para a melhoria de competitividade e benefícios econômicos esperados para empresas segundo um
modelo de APL disseminado, tendo em vista limitações nas relações sociais, frágeis para proporcionar
confiança entre os atores locais e reduzir o isolamento em pequenos grupos e concorrência individual.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612142712
Artigo recebido em 11 nov. 2014 e aceito em 20 abr. 2016.
Análisis de la efectividad de las políticas públicas de Arreglo Productivo Local para el desarrollo
local desde la teoría institucional
El objetivo de la investigación fue identificar las políticas públicas explican el fuerte desarrollo econó-
mico del Arreglo Productivo Local (APL) de muebles de Arapongas (PR), de 2000 a 2012, basado en
la perspectiva institucional. Por lo tanto, un estudio de caso se hizo, y la fase cualitativa se basó en el
análisis de contenido temático de documentos, realizado en 2012, que apoyó la fase cuantitativa me-
diante la aplicación de un cuestionario estructurado aplicado en 2013, junto con 38 empresas del APL.
Las condiciones del entorno institucional cambiaron el entorno técnico con el fin de permitir el apoyo
del patrón de desarrollo observado, pero estuvieron muy debajo de las expectativas para la mejora
de la competitividad y los beneficios económicos que se esperan para las empresas de acuerdo con un
modelo de APL, debido a las limitaciones en las relaciones sociales, para proporcionar la confianza
entre los actores locales y reducen el aislamiento en pequeños grupos y la competencia individual.
1. Introdução
Embora os estudos sobre políticas públicas sejam desenvolvidos em diferentes áreas do conhe-
cimento (economia, ciência política, geografia, administração pública, entre outras), ainda há
muita divergência acerca de seu significado, estimulando uma ampla gama de análises sobre
as instituições, regras e modelos (Souza, 2006; Bevir, 2011). As conceituações, em um sentido
mais amplo, que estão relacionadas com a concepção intrínseca de governança se referem às
questões de coordenação social e de padronização de regras que orientam ações.
Diante disso, os governos enfocam dois importantes aspectos, que são a tomada de
decisão e a utilização de recursos com vista à alteração das condições sociais (Peters, 2011).
Nesse contexto, adotar-se-á neste artigo o conceito de políticas públicas como ações imbuídas
de teor político que visam o desenvolvimento local e setorial, de modo a contribuir efetiva-
mente para a sustentabilidade das empresas, o aumento de suas vantagens competitivas e o
crescimento socioeconômico de uma região ou setor (Frey, 2000).
Nesse sentido, desenvolvimento local diz respeito à promoção de condições e/ou si-
tuações desejáveis para a sociedade, em âmbito socioterritorial, enquanto desenvolvimento
setorial visa a melhoria da competitividade de um determinado setor (Martinelli e Joyal,
2004). Esse processo, em uma visão racionalista, é considerado pensado, planejado, promo-
vido ou induzido; enquanto neste trabalho consideram-se o processo de recursividade entre
as instituições e a capacidade de agência dos atores sociais envolvidos. Em adição, a noção
de política pública empregada está restrita ao domínio econômico, o que não esgota, nem a
ela se reduz, outras de finalidades distintas, como saúde ou educação. Ainda para o caso es-
pecífico, optou-se pelo uso no plural, políticas públicas de APL, uma vez que envolvem ações
diversas, realizadas por atores também distintos. Entre os principais se destacam: Ministério
de Indústria e Comércio, Secretarias de Estado de Indústria e Comércio, Banco do Brasil, Se-
brae e Federações de Indústria, que convergem para que os arranjos produtivos locais sejam
incentivados como modelo de desenvolvimento econômico regional.
O objeto de análise foi o Arranjo Produtivo Local de Móveis de Arapongas, localiza-
do no Norte do Paraná. Investigações que considerem a análise econômica stricto sensu, ou
de modelos gerenciais imersos nas relações sociais, pressupõem esferas não autônomas dos
fenômenos, em conformidade com Weber (1994) e os pressupostos do institucionalismo de
base sociológica. Por sua vez, o fenômeno dos APLs, enquanto aglomeração de empresas que
buscam se desenvolver pelo compartilhamento de recursos ao longo do tempo, envolve, além
de aspectos geoeconômicos, uma dimensão simbólica que está implícita na interação social
entre os atores imersos socialmente.
De acordo com Porter (1998), clusters se constituem em concentrações geográficas de
empresas e instituições, ligadas por aspectos que podem ser compartilhados e complemen-
tados entre si. Essas empresas cooperam e colaboram para o desenvolvimento de vantagens
econômicas e estratégicas. Segundo La Rovere e Shehata (2007), a diferença básica entre o
conceito de cluster e de sistemas produtivos locais é que estes últimos, além de indicarem a
presença de externalidades, como vantagens de aglomeração, colocam em destaque o papel
das instituições, não apenas do governo, mas de instituições financeiras, de treinamento e
pesquisa. Colocam assim em evidência o papel dos agentes locais para mobilizar um setor pro-
dutivo. Além disso, o sistema produtivo local está relacionado com um determinado setor ou
atividade, enquanto cluster é definido como uma aglomeração de empresas, que podem ou
não pertencer ao mesmo setor.
Assim, os APLs seriam sistemas produtivos em formação (La Rovere e Shehata, 2007),
moldados por processos de aprendizado evolucionários, e caracterizados pela existência de
sistemas cognitivos de compartilhamento de conhecimento entre empresas e entidades (Cas-
siolato, Lastres e Vargas, 2002; Lastres, Cassiolato e Maciel, 2003).
Em relação aos APLs paranaenses, no levantamento realizado pela Rede de Pesquisa
em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist, 2009:11-13), em 2003,
2. Contexto institucional
Na teoria institucional, os norteadores das práticas sociais são as instituições que configuram
e conferem certas probabilidades maiores de ação em detrimento de outras. Não se trata de
predeterminação, no sentido de que as coisas vão acontecer de modo uniforme, independente
da vontade dos atores sociais, e sim que eles nascem numa realidade institucionalizada com
tipificações que dizem como as coisas devem ser, exercendo assim pressão de configuração.
Mas não se pressupõe a passividade dos sujeitos, muito menos que sujeitos em realidades dis-
tintas, sob a mesma pressão, irão manifestar a mesma intensidade de conformidade.
Meyer e Rowan (1977) observaram que valores institucionalizados na sociedade per-
meiam as estruturas e formas organizacionais, destacando que a análise de aspectos instru-
mentais deve ser mais complexa, incluindo a presença de elementos culturais e simbólicos no
estudo organizacional. As organizações são direcionadas para incorporarem as práticas e os
procedimentos definidos por conceitos racionalizados predominantes e institucionalizados na
sociedade. Assim, as organizações são influenciadas pelos contextos institucional e relacional
e tornam-se isomórficas para assegurar aprovação social (legitimidade), que provê benefícios
de sobrevivência, mesmo sendo as práticas institucionalizadas contrárias à eficiência (Gre-
enwood et al., 2008).
Sobre a relação do trinômio instituição-legitimidade-aceitação, duas considerações são
oportunas. A primeira é autoevidente: instituições são guias da ação na medida em que são
legítimas, e são legítimas na medida em que são aceitas, e isso se aplica aos atores envolvidos
no escopo da instituição, mas não para todos e quaisquer atores. Contudo, esse entendimento
razoavelmente comum é tautológico: o que aceito é legítimo, e o que é legítimo é aceito.
Recorrendo a Weber (1994), há uma questão anterior à aceitação que é relevante.
Para os casos concretos, alguns dos participantes atribuem o mesmo significado, a motivação
individual é diversa para os indivíduos, pode ser utilitária pela percepção de vantagens, por
amizade em apoio ao outro que aceita, por fidelidade contratual, por sentimento de solidarie-
dade, entre outros. Além disso, não precisam ser estáveis no tempo, o que aceita por apoio a
um amigo pode posteriormente aceitar pela percepção dos benefícios, ou pode evoluir conjun-
tamente para um senso coletivo.
Desse modo, o contexto institucional se refere ao conjunto dos elementos ambientais
de natureza institucional e técnica que envolve as organizações e com o qual elas inte-
ragem. Por exemplo, as empresas são motivadas a assegurar a legitimidade pela aparên-
cia do “moderno, eficiente e racional, mesmo por meio de procedimentos não funcionais”
(Greenwood et al., 2008:8). Pode apresentar-se em três níveis: local/regional, nacional e
internacional, formando, assim, o contexto institucional de referência adotado por uma or-
ganização (Scott, 1983; Guarido Filho e Machado-da-Silva, 2001; Greenwood et al., 2008;
Machado-da-Silva e Fonseca, 2010), uma vez que os dirigentes, ao definirem suas ações,
levam em conta o nível do contexto. Cabe acrescentar que não é uma livre escolha, o nível
depende das crenças, valores que permeiam os atores com os quais interagem, ou pelo
menos são afetados.
passivos e atuam também na arena institucional, buscando alterar regras em seu favor. Por
exemplo, o lobby de setores para criar barreiras tributárias que os proteja de concorrência
internacional ou negociação de benefícios de redução de carga tributária, entre outras, que,
uma vez alteradas, mudam o jogo em que atuam. Nesse plano, trata-se do ambiente institu-
cional, com suas crenças, valores, normas e coerções, que se tornam guias da ação. É indis-
pensável mencionar, principalmente para o caso estudado, que as ações (ambiente técnico),
de forma continuada e recursiva, é que de fato conferem às instituições sua concretude, em
oposição a permanecer apenas como potência de possibilidades.
Como complemento, visando maior clareza do estudo feito, as políticas públicas de APL
foram consideradas parte do ambiente institucional. Nesse sentido, apenas um modelo de gestão
cooperada e compartilhada, que envolve ações estratégicas coletivas, que são incentivadas por
atores do campo, mas não executadas por eles. De outro lado, existe o que efetivamente ocorre
no nível local, no locus de interação dos atores, isto é, a efetividade alcançada por essas políticas.
Admite-se, portanto, que os sujeitos e suas ações não são passivos diante de pressões
para mudança (sem julgar o mérito de que suas escolhas sejam melhores para esses próprios
sujeitos). Essa questão tem recebido cada vez mais atenção nos estudos institucionais que
privilegiam o entendimento das organizações, relações interorganizacionais e ambientes mais
complexos, e inclui os atores que são reconhecidos e possuem alguma capacidade de influên-
cia mútua. É certo que esse entendimento já está contido no conceito de campo organizacio-
nal; contudo, notadamente nos anos de 1970 e 1980, as análises de mudança e persistência
concentram-se em mecanismos isomórficos, conferindo um caráter estrutural-funcional o qual
esta abordagem procura atenuar. A microanálise, que vem se esboçando, trata da interação
no local da ação, de comunidades (Marquis, Glynn e Davis, 2007; Marquis, Lounsburry e
Greenwood, 2011) e até mesmo da constituição do sujeito por meio da ação, permeado por
lógicas institucionais mais marcantes para os casos concretos. É nesse escopo que este traba-
lho se posiciona, nem sendo relevante a natureza ou conceituação de políticas públicas, mas
tomá-las como fenômeno que, por meio de atores indutores do campo, geram pressão insti-
tucional para a conformidade e, aí sim como questão central, os atores locais reagem a elas.
Tal pressuposto é válido em APLs, e essa concepção possibilita uma análise que pode
abranger tanto aspectos relativos à ação quanto à interpretação, ou seja, admite que as orga-
nizações criam uma representação de seu ambiente e que possuem a capacidade de modificá-
‑lo, ressaltando a interdependência do ambiente e da organização (Scott, 1983).
O ambiente técnico, por sua vez, caracteriza-se pelo espaço de competição na ótica eco-
nômica, cuja dinâmica de funcionamento desencadeia-se por meio da troca de bens e serviços,
de modo que as organizações que nele se incluem são avaliadas pelo processamento tecni-
camente eficiente do trabalho (Machado-da-Silva e Fonseca, 2010). Constitui-se dos fatores
que suprem as dependências econômico-funcionais das organizações que vão determinar sua
posição no mercado e seu potencial de concorrência (DiMaggio e Powell, 1983; Guarido Filho
e Machado-da-Silva, 2001).
É oportuno destacar que pela expressão “espaço de competição na ótica econômica”
não se podem entender apenas organizações estritamente voltadas para a produção de ri-
queza, mas quaisquer organizações na medida em que estão sujeitas a captação de recursos e
pessoas para consecução de seus objetivos, e não estão livres das limitações da escassez, que
é provavelmente a nota mais definidora da economia como ciência.
Machado-da-Silva e Lima (2002) constataram que a competitividade não depende ape-
nas de fatores econômicos, mas também de uma conduta socialmente valorizada que garanta
a legitimidade e a sobrevivência no contexto ambiental, resultando num “isomorfismo com-
petitivo” (Machado-da-Silva e Fonseca, 2010:40). Esse pressuposto deve ser levado em conta
ao se investigarem os fatores determinantes do ambiente técnico, conforme observado no
caso investigado. Cada uma dessas facetas explica parte da competitividade empresarial, pois
revela não apenas a luta das organizações por diversos recursos, mas também os diferentes
significados atribuídos ao próprio constructo (Scott, 2008).
Para Machado-da-Silva e Fernandes (1998:49), “indústrias tendem a se modelar mais
pelos ambientes técnicos, uma vez que o controle ambiental é exercido sobre os resultados
em termos de quantidade e qualidade de bens”. O presente trabalho, ao investigar o setor
industrial moveleiro de Arapongas, corrobora essa tendência quando identifica de que modo
as políticas públicas influenciaram o desempenho das empresas do APL para explicar o acen-
tuado desenvolvimento econômico constatado.
Nesse âmbito, conforme comenta Gonçalves (2007:8), “quando se fala em eficiência, e
em arranjos estruturais que maximizam a eficiência, pode-se tratar tanto da estrutura orga-
nizacional quanto da estrutura da indústria e do mercado no qual se insere a organização”.
Segundo Scott (1983), ao se abordar um segmento da indústria, pode-se alcançar razoável
consenso sobre o conceito de ambiente técnico, em função das noções de dependência e de in-
certeza. Essas duas condições, além de caracterizarem o desenho das relações desse ambiente,
também estabelecem formas estruturais e de comportamento para as organizações que nele se
inserem. Assim, os aspectos econômicos do ambiente técnico utilizados para descrever o APL
foram: benefícios econômicos, competitividade do setor, políticas públicas e situação do mer-
cado; que foram identificadas empiricamente, por meio da análise de conteúdo temática, no
nível do campo organizacional, conforme descrito na seção da metodologia. Tais constructos
são explicitados na sequência.
Sobre as políticas públicas, Souza (2006:26) resume o tema como o campo do conhecimento
que busca “colocar o governo em ação” nas diversas esferas, para produzir resultados ou mu-
danças no mundo real. “Após desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas,
projetos, bases de dados ou sistema de informação e pesquisas. Quando postas em ação, são
implementadas, ficando [...] submetidas a sistemas de acompanhamento e avaliação.” As po-
líticas públicas para APLs focam o desenvolvimento local e setorial de modo a contribuir efe-
Percebe-se que, em APLs, o foco de análise deixa de ser a empresa individual passando a
preocupação a ser mais concentrada nas relações entre as empresas e entre elas e as demais
instituições, dentro de um espaço geograficamente definido, assim como busca-se privilegiar
as características do ambiente onde as mesmas se encontram (Rocha e Bursztyn, 2006). Des-
sa forma, para fortalecer as relações, o APL é instituído por meio de uma governança local
formada por representantes das entidades participantes e pelas empresas que fazem parte do
arranjo. A governança de APLs, segundo o Ipardes (2006b), diz respeito aos diferentes modos
de coordenação, intervenção e participação nos processos de decisão locais dos diferentes
agentes (Estado, empresas, cidadãos e trabalhadores, organizações não governamentais) e às
diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção, bem como o processo
de geração, disseminação e uso de conhecimentos.
Segundo o Sebrae (2003), é fundamental a instância da governança e o estabelecimen-
to de um modelo de gestão para a condução das atividades no âmbito do APL. Essa instância
tem função executiva de coordenar e alinhar as iniciativas, observando prazos, atividades,
atribuições e responsabilidades, motivação, comprometimento, entre outros. O grupo gestor
da governança pode ser formado por empresários e representantes de entidades presentes
no APL, que tem como objetivo promover integração entre empresas e entidades mediante a
execução de várias ações de interesse coletivo.
Assim, o contexto relacional se refere ao histórico das relações entre atores sociais de-
finido como o conjunto de fatores perenes ao longo do tempo para preservar e fortalecer o
comportamento reciprocamente referido, quanto ao seu conteúdo de sentido, entre atores so-
ciais imersos num determinado campo organizacional e que têm a probabilidade de repetição
contínua (Granovetter, 1992; Weber, 1994).
Neste trabalho, o contexto relacional foi descrito por meio do desenvolvimento das re-
lações sociais que dizem respeito à evolução e intensificação dos laços entre os atores imersos
no campo e é fator decisivo para que um conjunto de padrões, como os que fundamentam
Figura 1
Esquema de análise proposto
Condições do
ambiente técnico
H3
Desenvolvimento Políticas públicas e
das relações sociais (con- situação do mercado
sonância) (efetividade)
H1
Benefícios econômicos e
competitividade do setor
H2 (consonância)
3. Metodologia
Segundo a pesquisa do Ipardes (2006a), até meados dos anos 1970, a economia de Arapon-
gas era baseada na agropecuária, particularmente na extração de madeira, criação de gado e
plantações de café. Após a grande geada de 1975, que destruiu a maior parte dos cafezais, os
a origem da teoria interpretativa moderna e da visão construtivista que dela decorre pode ser re-
metida à obra de Weber (1994) e sua proposta de sociologia interpretativa. Max Weber [...] ado-
ta uma posição intermediária entre o objetivismo e o subjetivismo, quando propõe a adoção de
um modo capaz de combinar estes dois polos. [...] se posiciona distintamente contra a validade
absoluta das leis gerais em ciências sociais sem, no entanto, negar que os métodos quantitativos
têm importante papel na generalização do conhecimento.
Uma vez delimitado o arcabouço teórico e após uma aproximação com o campo, foi
possível elaborar a seguinte pergunta de pesquisa: qual a efetividade das políticas públicas de
APL para incrementar o desenvolvimento econômico do APL de Móveis de Arapongas, no pe-
ríodo de 2005 a 2012? Para responder a essa pergunta e testar as três hipóteses, foi adotada a
estratégia de estudo de caso simples seccional (Yin, 2005), que levou em consideração dados
históricos e os contextos institucional e relacional do setor. Para Chaffee e Tierney (1988:14),
“estudos de caso envolvem essencialmente pesquisa qualitativa, ainda que empreguem téc-
nicas quantitativas como forma de confirmar, modificar e estender as observações”. Ainda,
segundo Stake (2000), o estudo de caso não é uma escolha metodológica, mas uma escolha
do que será estudado.
Ao levar em conta o pressuposto da predominância das condições do ambiente técnico
em indústrias, a análise privilegiou o isomorfismo competitivo. Assim, foram realizados os
seguintes procedimentos para operacionalizar as dimensões desse ambiente, bem como do
contexto relacional.
O ambiente técnico foi operacionalizado mediante análise de conteúdo temática para
a identificação: dos (1) benefícios econômicos advindos da aglomeração de empresas (exter-
nalidades positivas); das (2) políticas públicas disseminadas pelos agentes públicos (ações de
governo); dos indicadores quantitativos de qualidade, produtividade, eficiência e desempenho
econômico que caracterizam a (3) competitividade do setor; e da (4) situação do mercado no
respectivo setor em termos de amplitude, taxa de crescimento, padronização de produtos e
serviços e quantidade de contratos de trabalho, de forma a identificar os atributos econômicos
e técnicos exigidos das organizações pertencentes ao APL e sob os quais sua eficiência é ava-
liada. O contexto relacional, por sua vez, foi operacionalizado mediante análise de conteúdo
temática para a identificação do nível de desenvolvimento das relações sociais entre os atores
imersos no APL.
Para tanto, foram utilizadas as seguintes fontes: documentos internos do APL, contendo
dados sobre os indicadores de desenvolvimento em relação à região de localização, entrevis-
tas semiestruturadas com os membros da governança do APL e notas de campo. Os resultados
obtidos na fase qualitativa da pesquisa foram desdobrados em indicadores que foram avalia-
dos pelas empresas de cada APL por meio de questionário estruturado.
Para maior garantia de confiabilidade dos dados, além de a fase qualitativa ter sido
conduzida pessoalmente por dois dos autores deste trabalho, decidiu-se que a aplicação dos
questionários estruturados não seria por meio eletrônico, por não permitir controlar quem
foram, de fato, os respondentes, nem por técnica de snow ball, pelo risco de envio dos ques-
tionários ser alterado por relações de amizade ou proximidade entre os sujeitos. Dessa forma,
foram aplicados pessoalmente pelos pesquisadores.
A população de APLs, foco de políticas públicas no estado do Paraná, na ocasião da
pesquisa, era de 22 aglomerados e a classificação desses APLs foi definida a partir de estudo
realizado pelo Ipardes (2006b) e coordenado pela Secretaria de Estado do Planejamento e
Coordenação Geral, objetivando identificar e caracterizar as aglomerações geográficas e seto-
riais de empresas que poderiam constituir APLs. Em um segundo momento, construiu-se uma
tipologia adequada às especificidades do estado, levando-se em conta a respectiva importân-
cia das aglomerações para o setor em que estão inseridas e para a economia da região em que
se localizam, resultando na classificação apresentada no quadro 1.
Quadro 1
Tipologia dos APLs
Classificação Características do APL
Núcleo de Desenvolvimento Aglomerações que se destacam pela importância para uma dada região e pela sua
Setorial e Regional (NDSR) importância para o setor de atividade econômica no estado
Vetor de Desenvolvimento Local Aglomerações com importância para o desenvolvimento local/regional, porém de menor
(VDL) relevância para o setor no estado
Vetor Avançado (VA) Aglomerações com elevada importância setorial, mas com pouca importância para a
região, porque se encontram num tecido econômico maior e mais diversificado
Embrião (E) Aglomerações com potencial para o desenvolvimento, porém ainda pouco importantes
para o setor e a região
Assim, a segunda fase da coleta de dados foi realizada de março a maio de 2013, quan-
do foram aplicados um total de 38 questionários, representando 23% do total de empresas
locais. Os dados foram tratados quantitativamente, de modo a complementar a análise qua-
litativa inicial.
O questionário estruturado foi elaborado a partir de indicadores das dimensões dos
constructos identificadas na análise de conteúdo temática realizada na fase qualitativa da
pesquisa e considerados adequados, uma vez que a consistência interna das dimensões foi
considerada alta, conforme mostra a tabela 1 que apresenta os Alpha de Cronbach1 com valo-
res acima de 0,7, não havendo necessidade de remover itens das dimensões discriminados no
questionário.
1
É o coeficiente de confiabilidade que avalia a consistência de uma escala. O consenso geral sobre o limite inferior
para o coeficiente é 0,7, embora possa diminuir para 0,6 em pesquisas exploratórias (Hair et al., 2010).
Ta b e l a 1
Confiabilidade das dimensões dos constructos
Constructo Dimensões Alpha de Cronbach
Benefícios Econômicos 0,838
Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa processados no SPSS (2011).
4. Resultados e discussões
Na análise dos dados, buscou-se o teste de hipóteses para verificar que, apesar de ter havido
um significativo desenvolvimento econômico no APL de Móveis de Arapongas, isso não signi-
ficou aumento de competitividade e nem de benefícios econômicos entre as empresas. Ao se
testar a hipótese 1, a mesma foi rejeitada, pois não houve significância estatística para indicar
influência da situação do mercado e das políticas públicas sobre a competitividade do setor
e benefícios econômicos (p > 0,05). O coeficiente de Pearson foi de -0,21, indicando baixa
correlação.
Essa rejeição mostra que as políticas públicas e a situação do mercado não têm afe-
tado a competitividade do setor de móveis e nem gerado benefícios econômicos coletivos,
apesar de o desempenho econômico das empresas do APL ter apresentado crescimento no fa-
turamento, no período de 2000 a 2012, conforme mostra o gráfico 1. Nota-se que, no período
entre 2000 e 2004, anterior à implementação e formalização do APL, o faturamento cresceu
86,05%; já entre 2005 e 2012, com o APL em funcionamento, o crescimento foi de 64,67%.
Gráfico 1
Evolução do faturamento do APL de Móveis de Arapongas
1600
1400
1200
Milhões de R$
1000
800
600
400
200
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Ano
Essa constatação mostra que as empresas de Móveis de Arapongas atuam de forma mais
isolada no setor, mantendo relações predominantemente comerciais suficientes para garantir
o faturamento sem haver uma preocupação com a competitividade derivada da ação coletiva,
um dos efeitos esperados do APL. Conforme Machado-da-Silva e Lima (2002) já haviam iden-
tificado, a competitividade não depende apenas de fatores econômicos, mas também de uma
conduta socialmente valorizada que garanta a legitimidade, o que equivale a dizer efetivida-
de, ou seja, ações condicionadas que conferem concretude às instituições na medida em que
dependem de serem reafirmadas recursivamente.
Essa característica observada no APL investigado, que atua mais no mercado interno,
corrobora a observação de Greenwood e colaboradores (2008) de que as organizações se
tornam mais isomórficas para assegurar legitimidade que provê benefícios de sobrevivência,
mesmo sendo as práticas institucionalizadas contrárias à eficiência (Greenwood et al., 2008),
contudo com caráter mais simbólico e cerimonial do que como prática.
Em termos de taxa de crescimento do faturamento do APL, o gráfico 2 faz uma compa-
ração com a taxa de crescimento da indústria nacional. Percebe-se que o crescimento do setor
moveleiro de Arapongas acompanhou o crescimento da indústria nacional, com exceção dos
anos de 2003 em que o APL teve um crescimento menor em 2009, quando houve um encolhi-
mento da indústria nacional, mas com crescimento estável e positivo no período.
Gráfico 2
Comparação entre a taxa de crescimento do faturamento do APL de
Móveis e a da indústria nacional de 2001 a 2011
30
25
20
Milhões de R$
15
10
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
–5
–10
Ano
as variáveis; logo, a hipótese 3 foi rejeitada. Isso pode ser explicado pelo fato de que houve
uma dissonância entre os atores sociais imersos no APL de Arapongas com respeito ao desen-
volvimento das relações sociais, enquanto os indicadores da situação do mercado obtiveram
um nível médio de importância.
Os resultados obtidos com os testes das três hipóteses podem ser explicados pela análise
qualitativa das dimensões envolvidas. Em relação às dimensões do ambiente técnico, os atores
sociais que participam da governança indicaram que, com relação a benefícios econômicos, há
uma ausência de linhas específicas de crédito para o setor moveleiro e dificuldades para que
as MPEs tenham acesso ao crédito para aquisição de máquinas, equipamentos e tecnologias de
ponta, por exemplo; e desconhecimento dos programas de financiamento. Além disso, duran-
te a realização da pesquisa junto às empresas, percebeu-se que o conceito de APL, conforme
já comentado, não é conhecido entre as próprias empresas do setor, pois suas ações não são
difundidas.
Observou-se que poucas empresas fazem parte da governança e se beneficiam dos sub-
sídios para expor e participar de feiras, como a Movelpar, que ocorre nos anos ímpares no
Pavilhão Expoara, em Arapongas. O APL está restrito a um pequeno grupo de empresas que
não se preocupa em desenvolver as relações de forma generalizada, para alavancar a difusão
de conhecimentos na rede e incrementar a cooperação.
A governança, ainda que tenha sido elaborada como constructo e mensurada no mo-
delo, é um dos elementos constitutivos do APL. É pela participação dos membros individuais
nela que a gestão do conjunto de empresas se engajaria em ações coletivas, cooperativas, de
compartilhamento. Tanto como instância de gestão supraorganizacional como ritual periódi-
co de propostas e avaliação de resultados, que permitiria a emergência do senso coletivo in-
dispensável para que os benefícios, tanto em tese quanto em evidências de casos reais, do APL
pudessem ser alcançados. Ainda que não esgote o universo, a governança é parte responsável
para ampliação e diversificação de relações sociais fundamentais para que o desenvolvimento
econômico seja sustentável, conforme atestam Granovetter (1992) e Weber (1994). O históri-
co das relações entre atores sociais fortalece o comportamento reciprocamente referido num
determinado campo organizacional e tem a probabilidade de repetição contínua.
Contudo, foi justamente nesse estabelecimento de uma rede de relações que os atores
locais não obtiveram êxito, mesmo que racionalmente consigam perceber as vantagens da
cooperação, em especial no que se refere a redução dos custos e visibilidade mercadológica.
Cabe ressaltar que não existem relações sociais plenas no APL investigado, tampouco as de
natureza política, não havendo relações específicas que são requisitos para o funcionamento
do APL, tais como intercâmbio de tecnologia, ou disposição coletiva para capacitação de mão
de obra. Pode-se resumir a natureza das relações que seriam necessárias da seguinte forma:
diminuir e mudar decisões individuais sobre as próprias empresas, em favor de uma decisão
coletiva que orientaria as ações do conjunto delas.
Em relação à competitividade do setor, constatou-se que o grau de inovação nas em-
presas do APL é diferenciado e não sistematizado, e os esforços inovativos estão mais concen-
trados entre as médias e grandes empresas que representam apenas 12,2% do total (Ipardes,
2006a). Foi possível elencar alguns problemas, que são discriminados no quadro 2.
Quadro 2
Problemas que afetam a competividade do setor
Problemas Principais consequências
Desconhecimento de técnicas modernas de gestão, por A maioria dos empresários utiliza, como metodologia de custos,
exemplo, Kanban, PCP, redução do set up, CEP, entre outras métodos contábeis tradicionais
Falta de adequação do Senai/Cetman à realidade do APL Falta de parcerias com institutos e centros de tecnologia no
exterior, subutilização da capacidade produtiva instalada, recur-
sos tecnológicos não consorciados entre as empresas, falta de
assessoria para a aquisição de tecnologia
Produtos similares concentrados nos mesmos mercados Identidade do polo como de produtos populares (baixa qua-
lidade), baixo nível de investimento e/ou ausência de design,
ausência de pesquisas sobre o perfil da demanda do consumidor
e de sua capacidade de absorver inovações, transporte e monta-
gem inadequados do produto, assistência técnica deficiente, falta
de assessoria aos empresários para atuar no mercado externo,
carência de informação mercadológica
Dificuldades por parte dos empresários em procurar diferenciar A maior parte da produção tem como destino as classes de
os produtos baixa renda e o produto tornou-se uma commodity
Conjugados, esses fatores reunidos contribuem para uma baixa competitividade do se-
tor, impondo uma margem pequena de lucro, reforçando o isolamento entre as empresas.
Como essa é uma característica do setor, o isomorfismo competitivo atua no sentido de man-
ter essa situação, ao reforçar esse comportamento entre as empresas.
Para que a competitividade se desenvolva, segundo Rodrigues (2003), é necessário que
as empresas do APL incrementem seus processos produtivos por meio do compartilhamento
dos meios de produção e de investimentos na busca por melhores tecnologias, e isso tem ocor-
rido somente de forma discreta no APL de Arapongas.
Sobre as políticas públicas, evidencia-se que, de acordo com os entrevistados, há uma
falta de continuidade das ações de apoio ao setor após o poder público ter incentivado a cria-
ção do APL. Isso foi observado por alguns atores responsáveis pela coordenação do APL, que
se sentem abandonados:2
2
Observa-se que o entendimento dos entrevistados sobre as políticas públicas não reflete o entendimento dos auto-
res. Apenas mostra que os empresários têm uma visão errônea sobre o que são políticas públicas e querem sempre
obter vantagens no processo.
O governo do Estado é muito fraco em relação ao APL, tem uma rede APL criada [...], mas não
vejo grandes movimentos estruturais, vejo movimentos quando tem eventos. Na minha leitura
isso não é uma coisa só do Paraná, é do Brasil. Ninguém liga para ações estruturais. [ENT-2]
Tem coisas que o governo federal poderia fazer e não está fazendo e nem ouvindo as nossas
carências. Há um discurso do governo estadual de que apoia, mas na prática não se observa isso.
[ENT-5]
Apesar dessa reclamação, observou-se que há políticas públicas que subsidiam o seg-
mento industrial. De acordo com Souza (2006) e Frey (2000), as políticas públicas para APLs
focam o desenvolvimento local e setorial de modo a contribuir efetivamente para a susten-
tabilidade das empresas e seu crescimento socioeconômico. Nesse sentido, alguns fatores do
ambiente técnico podem ser elencados para justificar o crescimento contínuo do faturamento
no setor moveleiro de Arapongas. Outras políticas públicas do governo federal para o setor
industrial buscaram promover o crescimento da atividade econômica, convergiram positiva-
mente para as de APL, resumidas, segundo a Abinee (2013), as seguintes medidas válidas
para a indústria:
t Adequação das taxas de câmbio para patamares mais realistas (desvalorização média do
real em relação ao dólar de aproximadamente 17% em 2012, em relação a 2011);
t Redução da taxa juros, tanto por meio da redução da taxa Selic como pela atuação dos
bancos estatais, que competiram com os privados praticando taxas mais baixas. A taxa Selic
no final de 2011 que estava em 11% ficou em 7,25% no final de 2012;
t Lançamento do Programa Brasil Maior, em agosto de 2011, que estabeleceu uma Política
Industrial com objetivos claros e métodos de gerenciamento, cujo escopo é a inovação e o
fortalecimento das cadeias produtivas dos setores industriais;
t Redução dos encargos da folha de pagamento, que favoreceu a fabricação de produtos cuja
receita corresponde a cerca de 40% do faturamento do setor;
t Redução dos custos do financiamento ao investimento pelo BNDES, com o Programa de
Sustentação do Investimento (PSI), que contempla a aquisição de máquinas e equipamen-
tos, e cuja taxa de juros ficou em 2,5% ao ano em 2012;
t Redução do IPI para produtos da “linha branca”, materiais de construção e móveis;
t Lançamento do Programa Minha Casa Melhor da Caixa Econômica Federal com financia-
mentos para aquisição de móveis e eletrodomésticos.
Por sua vez, observou-se que essas políticas macroeconômicas foram aproveitadas pelo
Ministério da Indústria e Comércio, que concebeu acordo com as Secretarias Estaduais e o
Sebrai nacional, que ficou responsável pela análise dos projetos e avaliação da qualificação
dos mesmos, para avaliar quais empresas participantes dos APLs teriam acesso a crédito do
BNDES, resultando em programa de influência da política pública nacional em âmbito local.
É digno de nota que tais políticas convergentes não estiveram presentes continuamente
ao longo da implantação e do funcionamento do APL, uma vez reconhecido formalmente.
Parte delas oscilou em termos de constância e recursos, outras desapareceram, com destaque
para altas sucessivas da taxa Selic e a redução do IPI. Em adição, sem impacto no ambiente
técnico, apenas facilitaram as condições econômicas, mas não possuem relação causal com
o estabelecimento das relações sociais necessárias, aumento de confiança e ação coletiva e
cooperativa inerentes à proposta do APL.
Todas essas ações foram positivas e contribuíram para manter o faturamento do setor
moveleiro num nível de crescimento relativamente estável. Contudo, isso não significa dizer
que houve melhoria da competitividade, ou seja, o crescimento econômico (estimado em
termos de faturamento) foi determinado pela situação do mercado e pelas políticas públicas
do governo federal que subsidiaram a indústria, e não por aquelas que foram objetos deste
estudo, relacionadas com o APL.
O principal público-alvo das indústrias araponguenses é a classe de baixo poder aquisi-
tivo, ou seja, classes C e D, representando cerca de 92% do consumo; os indivíduos de médio
poder aquisitivo representam 7%; já para a classe A representam apenas 1% do consumo
desses móveis. Segundo um dos entrevistados:
De acordo com outro entrevistado, isso pode ser explicado da seguinte forma:
O desaquecimento do setor... O móvel em si, não é tudo igual. Há o ouro de mercado quando
está vendendo muito um tipo de móvel. Por exemplo, rack/estante vendeu muito, foram os que
mais se destacaram e o que mais cresceu. Se pegar a curva ABC, rack/estante foram rápidos,
fizeram uma curva bastante em ascensão e essa curva entrou em declínio em 2012. Depois veio
guarda-roupa junto com cozinha planejada e com menos intensidade, estofado. Isso foi depois
da ressaca de 2008/2009. O mercado é bem por conta de acasos. O consumidor vai ver cozinha,
sala, jogo de quarto e a fábrica não tem a todo tempo todos os tipos de produtos disponíveis. A
linha branca também tem um apelo muito grande de consumo, assim como a linha marrom. O
consumidor, às vezes, vai para trocar o sofá, mas chega lá e vê que ele não tem a televisão de LED
e aí ele é pego por uma promoção e deixa o sofá pra depois que ele terminar de pagar a televisão.
O móvel não tem tanto apelo de consumo. Segundo um estudo do Sebrae, o móvel no passado
era o terceiro item de consumo. Primeiro era a casa própria, depois o carro, depois o móvel.
Nós perdemos espaço para eletrodomésticos, celular, viagem de férias e previdência. Se não me
engano a última vez que olhei, tínhamos caído para sétimo em desejo de consumo, perdendo
até para cosméticos [...]. Só que as classes emergentes que não tinha móveis aqueceram o setor,
principalmente de móveis populares. [ENT-4]
Um fator mercadológico que impõe margem de lucro pequena para as empresas mo-
veleiras é a estrutura de mercado oligopolista dos principais fornecedores de matéria-prima
para móveis; basicamente, são apenas sete fornecedores de aglomerados e MDF, que impõem
cotas às fábricas de móveis. Além disso, os principais compradores — redes varejistas como
Casas Bahia, Magazine Luiza, entre outras — também possuem grande poder de barganha
sobre as empresas de móveis, pois ditam o design e o preço final de muitos dos móveis (Ipar-
des, 2006b). Assim, o setor de móveis é pressionado nos dois lados da cadeia. Essa pressão
mercadológica afeta a competitividade e limita investimentos na infraestrutura fabril, prin-
cipalmente para as MPEs; e talvez gere temeridade e insegurança para plena efetividade
do APL, que envolve o aumento do poder de barganha diante dos fornecedores e grandes
distribuidores, mas nem é garantia certa de negociações mais favoráveis, nem afasta o risco
de perda de contratos. Ainda que não seja o propósito aqui abordar os conceitos recentes do
institucionalismo na constituição dos sujeitos, parece razoável a hipótese de preferir uma
condição já conhecida e que tem sido suficiente para a sobrevivência dos negócios, do que se
mobilizar para outro modelo de gestão que tem potencial para maiores resultados, mas que
exige confiança e relações sociais desenvolvidas. A postura individual dos empresários acabou
por restringir fortemente o processo de consolidação do APL no tempo.
Por isso, a remuneração da mão de obra fica prejudicada, os que trabalham no setor
possuem baixa qualificação. Segundo um dos entrevistados, o quadro geral de instrução dos
empregados do setor não ultrapassa o segundo grau completo. Assim, os salários que o setor
paga não são atrativos e isto provoca escassez de mão de obra qualificada e, consequentemen-
te, a competitividade do setor. As condições do ambiente técnico estão pressionando o APL a
desenvolver ações para amenizar a situação. Tais ações têm sido paliativas, uma vez que não
há um amplo envolvimento das empresas do setor para se encontrarem as melhores soluções.
Diante dessa estrutura mercadológica, é difícil melhorar a competitividade do setor, explican-
do por que a hipótese 1 foi rejeitada.
Quanto ao contexto relacional, o desenvolvimento das relações sociais foi investigado
para explicar parte do fenômeno e ajudar a responder a pergunta de pesquisa. A situação
do baixo desenvolvimento das relações sociais também foi citada por Leonello (2001:103),
ao concluir que “as relações interfirmas para troca de informações no cluster de Arapongas
são pouco densas [...]”. O estudo constatou que a tendência à cooperação é maior entre as
MPEs, enquanto “[...] as médias e grandes empresas não são sensíveis à cooperação”. Um dos
entrevistados mencionou que “com a formação do APL, aumentou a confiança, contudo ela é
restrita aos participantes da governança”.
Falta mais reunião do APL e mais participação, pois não existe confiança. Essa questão de merca-
do, do medo de dividir mercado, isso tinha que fortalecer, mas ainda existe essa cultura de que
se você passar determinadas informações, você pode perder mercado [...] [ENT-1]
Percebe-se que as reuniões são menos frequentes e mais direcionadas para resolver
problemas do setor e para colocar ações em prática, como a realização e a participação em
feiras, do que para desenvolver relações sociais mais fortes e efetivas. A cooperação ocorre
timidamente no APL, mas todos os entrevistados reconheceram que ela é importante para de-
senvolver o setor, tanto que as empresas procuram manter contatos com algumas empresas do
APL, com quem têm mais confiança e reciprocidade, para realizar ações em conjunto e obter
benefícios econômicos. Isso explica por que a hipótese 2 foi aceita e a 3, rejeitada.
Ou seja, as relações sociais entre os atores produzem os resultados, mas são restritas e
geram externalidades positivas entre as empresas que as desenvolvem. Por outro lado, elas
pouco afetam a situação do mercado, nem se constituem em feedback para as políticas públi-
cas definidas nas esferas de governo, tornando-se pressões institucionais unilaterais.
5. Conclusão
considerando como questão de grau, pode-se apenas dizer que é restrita, com êxito limitado,
a não mais do que um quarto das empresas moveleiras de Arapongas.
Em termos do modelo de APL, o APL de Arapongas pode-se considerar no período anali-
sado um caso de fracasso. O foco se deu sobre os atores locais e sua capacidade de produzirem
novas relações sociais, ou alterarem algumas normas vigentes incompatíveis e, portanto, não
versou sobre métodos, recursos e dedicação dos agentes indutores. Algumas menções, tanto
nesta pesquisa quanto em outras (Jacometti, 2013; Castro, 2013), citam falhas no material de
orientação, poucas reuniões coletivas e visitas in loco. Além disso, a falta de acompanhamen-
to periódico pelos responsáveis pelo treinamento para dirimir dúvidas foi notória, apesar do
esforço do Sebrae Nacional e de suas agências regionais. Em que pese essa menção, um maior
êxito não pode ser atribuído a apenas um dos indutores, pois houve também menções quanto
a dificuldades de liberação de crédito, via Banco do Brasil e BNDES. Assim, como já citado,
as Secretarias de Estado foram pouco permeáveis em rever os cursos de ação, não tendo feed
back representativo, muito além dos levantamentos puramente descritivos e classificatórios
fornecidos pela Fiep no caso do Paraná. Por isso, essa questão merece ser investigada para
averiguar o quanto a forma de condução e assistências desses atores indutores pode ter con-
tribuído negativamente para o caso em pauta.
No âmbito total da pesquisa, outro APL investigado foi o de Tecnologia da Informação
(TI) de Londrina, sujeito à mesma influência dos indutores, que constituiu governança pró-
pria, ampliou mercados e produziu inovações; ao contrário da governança do APL de Arapon-
gas que se estruturou sob a influência do Sima. Como hipótese a ser testada em estudo futuro,
talvez o fato de a maior parte dos empresários de TI naquela localidade ser egressa dos cursos
de computação ou engenharia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) tenha facilitado
o estabelecimento das relações sociais relevantes para o APL, tanto pela formação semelhante
quanto pela identidade que a universidade confere aos seus egressos, e até mesmo relações de
amizades existentes antes da implantação do modelo.
Em retrospecto, os estudos que predominaram nos anos de 1970 e 1980 enfatizaram
o caráter coercitivo das instituições, tornando comuns as críticas sobre a limitação da capa-
cidade explicativa do institucionalismo organizacional, por se concentrar na homogeneidade
dentro de um grupo de organizações e atores que inferem nas ações uns dos outros, e também
nos mecanismos isomórficos. Contudo, aceitando-se a segunda ilustração, a língua, pode ser
pleiteado que a heterogeneidade não está excluída, ao contrário, o locus da interação, seu
contexto reage com força no sentido oposto, e se tornou mais comum nos estudos a partir dos
anos de 1990.
Para efeito prático, a preocupação é explicar o sucesso de ações estratégicas coletivas,
sua apropriação e ajustes à realidade imediata, visando ampliar o escopo de variáveis a serem
consideradas para sua implementação. Isto vai além das justificativas a partir dos benefícios
econômicos que podem ser obtidos, incluindo as condições comunitárias que reforçam a coo-
peração, a estrutura de governança, critérios de decisão conjunta e a participação de outras
organizações locais relevantes.
Adverte-se que este setor, no caso estudado de Arapongas (PR), devido aos produtos
padronizados, de qualidade limitada, voltada para consumidores de classe C e D, com mar-
gem de lucro pequena e sem poder de barganha com os principais fornecedores e comprado-
res, está propenso à crise em função do cenário econômico mais recente, com aumento dos
juros, inflação, taxas negativas que reduzem o PIB, desemprego, fim dos benefícios fiscais e
contração de renda. Sem pretender que essas menções sejam uma projeção fatalista inevitá-
vel, gradativamente, todas essas variáveis vêm se manifestando de forma visível desde 2013
até o momento.
Mesmo que sejam superadas em um horizonte de alguns anos, do ponto de vista práti-
co, o esforço imediato para um APL mais efetivo tem potencial tanto para atenuar o impacto
de condições econômicas adversas quanto para aproveitar oportunidades em condições mais
favoráveis. Por fim, entre outras investigações que podem ser propostas, seria o levantamento
de indicadores qualitativos e quantitativos de comparação entre APLs para explicar o sucesso
ou o fracasso de diversos casos.
Referências
ABINEE. Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Desempenho setorial. 2013. Dispo-
nível em: <www.abinee.org.br/abinee/decon/decon15.htm>. Acesso em: 15 jul. 2013.
AGRESTI, Alan; FINLAY, Barbara. Métodos estatísticos para as ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre:
Penso, 2012.
ATLAS.TI. Qualitative data analysis. Release 6.2.27. Berlin, ATLAS.ti GmbH, 2012. Disponível em:
<www.atlasti.com>. Acesso em: 4 out. 2012.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 5. ed. Lisboa: Edições 70, 2009.
BEVIR, Mark. Governance as theory, practice and dilemma. In: BEVIR, Mark (Ed.). The Sage hand
book of governance. Londres: Sage Publications, 2011. Cap. 1, p. 1-16.
CARSTENS, Danielle D. S.; MACHADO-DA-SILVA, Clóvis L. Estratégia e estrutura de relacionamentos
na rede de Empresas Alpha. In: ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO, 30., 2006, Salvador. Anais… Rio de Janeiro: Anpad, 2006. p. 1-13.
CASSIOLATO, José E.; LASTRES, Helena M. M.; VARGAS, Marco A. Cooperação e competitividade
de MPME: uma proposta de instrumentos financeiros voltados a arranjos locais. In: FÓRUM INTE-
RAMERICANO DA MICROEMPRESA, 5., 2002, Rio de Janeiro. Anais... Washington: MIF/BID, 2002.
CASTRO, Marcos de. Contexto institucional de referência, governança de redes e processos de coope
ração e competição: estudo em arranjos produtivos locais do Estado do Paraná. Tese (doutorado
em administração) — Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2013.
CHAFFEE, Ellen E.; TIERNEY, William G. Collegiate culture and leadership strategies. Nova York:
American Council on Education and Macmillan, 1988.
D’AUNNO, Thomas; SUCCI, Melissa; ALEXANDER, Jeffrey A. The role of institutional and market
forces in divergent organizational change. Administrative Science Quarterly, v. 45, n. 4, p. 679-703,
2000.
DAVIS, Gerald F.; DIEKMANN, Kristina A.; TINSLEY, Catherine H. The decline and fall of the
conglomerate firm in the 1980s: the deinstitutionalization of an organizational form. American
Sociological Review, v. 59, n. 4, p. 547-570, 1994.
DIMAGGIO, Paul J.; POWELL, Walter W. The iron cage revisited: institutional isomorphism and
collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 8, p. 147-160,
1983.
DOVER, Graham; LAWRENCE, Thomas B. A gap year for institutional theory: integrating the study
of institutional work and participatory action research. Journal of Management Inquiry, v. 19, n. 4,
p. 305-316, 2010.
ERBER, Fábio. Eficiência coletiva em arranjos produtivos locais: comentando o conceito. Nova
Economia, v. 18, n. 1, p. 11-32, 2008.
FONSECA, Valéria S.; MACHADO-DA-SILVA, Clóvis L. Conversação entre abordagens da estratégia
em organizações: escolha estratégica, cognição e instituição. Revista de Administração Contemporâ
nea, v. 14, n. spe., p. 51-75, set. 2010.
FREY, Klaus. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de
políticas públicas no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas, v. 21, p. 211-259, 2000.
GONÇALVES, S. A. Mudança estratégia, esquemas interpretativos e contexto institucional: um
estudo de caso longitudinal. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 6, n. 2, p. 1-28, 2007.
GRANOVETTER, Mark. Economic institutions as social constructions: a framework for analysis.
Acta Sociologica, v. 35, n. 1, p. 3-11, 1992.
GREENWOOD, Royston et al. (Ed.). Introduction. In: GREENWOOD, Royston et al. The Sage hand
book of organizational institutionalism. Los Angeles: Sage, 2008. p. 1-46.
GUARIDO FILHO, Edson R.; MACHADO-DA-SILVA, Clóvis L. A influência dos valores ambientais e
organizacionais sobre a aprendizagem organizacional na indústria alimentícia paranaense. Revista
de Administração Contemporânea, v. 5, n. 2, p. 33-63, 2001.
HAIR JR., Joseph F. et al. Multivariate data analysis. 7. ed. Nova Jersey: Prentice Hall, 2010.
HAYEK, Friedrich A. von. Competition as a discovery procedure. In: HAYEK, Friedrich A. von. New
studies in philosophy, politics, economics and the history of ideas. Londres: Routledge & Kegan Paul,
1978. p. 179-190.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas do cadastro central de empresas,
2009. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/cadastroempresa/2009/
default.shtm>. Acesso em: 25 jun. 2013.
IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. APLs do estado do Paraná:
arranjo produtivo local de móveis de Arapongas. Nota técnica. Curitiba: Secretaria de Estado do
Planejamento e Coordenação Geral/Ipardes, 2006a.
OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
PACI, Raffaele; USAI, Stefano. The role of specialisation and diversity externalities in the agglome-
ration of innovative activities. Revista Italiana degli Economisti, v. 5, n. 2, p. 237-268, 2000.
PETERS, B. G. Institutional theory. In: BEVIR, Mark (Ed.). The Sage handbook of governance. Lon-
dres: Sage Publications, 2011. p. 78-90.
PORTER, Michael E. Clusters and the new economics of competition. Harvard Business Review,
v. 76, n. 6, p. 77-90, 1998.
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. 5. ed. Rio de Ja-
neiro: Fundação Getulio Vargas, 2006.
REDESIST. Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais. Análise do
mapeamento e das políticas para arranjos produtivos locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Relatório final: síntese dos resultados, conclusões e recomendações. Paraná, 2009.
ROCHA, Juliana D.; BURSZTYN, Marcel. Território, saberes locais e sustentabilidade: a busca do
desenvolvimento via arranjos produtivos locais. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE, 3., 2006, Brasília. Anais... Brasília:
2006. p. 1-16.
RODRIGUES, Andréia M. Cluster e competitividade: uma análise da concentração de micro e pequenas
empresas de alimentos no município de Marília/SP. Tese (doutorado) — Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2003.
SAUSEN, Jorge O. et al. Gestão estratégica e inserção no processo de desenvolvimento local e
regional: estratégias de intervenção na dinâmica do desenvolvimento econômico e social. Revista
Gestão Organizacional, v. 7, n. 1, p. 95-111, 2014.
SCOTT, William R. Institutions and organizations: ideas and interests. 3. ed. Los Angeles: Sage, 2008.
SCOTT, William R. Organizations: rational, natural and open systems. 5. ed. Englewood Cliffs, New
Jersey: Prentice Hall, 2002.
SCOTT, William R. The organization of environments: network, cultural, and historical elements.
In: MEYER, John W.; SCOTT, William R. (Ed.). Organizational environments: ritual and rationality.
Beverly Hills, CA: Sage, 1983. p. 155-175.
SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Termos de referência para
atuação do Sistema Sebrae em Arranjos Produtivos Locais. Brasília: Sebrae, 2003. Disponível em:
<http://cppg.am.sebrae.com.br/apl/popup.htm>. Acesso em: 15 set. 2012.
SILVA, Christian L. et al. Políticas de desenvolvimento e descentralização do Paraná: um estudo
sobre APL Cal e Calcário da RMC. Informe Gepec, v. 13, n. 2, p. 104-120, 2009.
SIMA. Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas. Dados do setor, 2013. Disponível em:
<www.sima.org.br/dadosdosetor.html>. Acesso em: 14 jan. 2013.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, v. 8, n. 16, p. 20-45, 2006.
SPSS. Statistical Package for the Social Sciences ® for Windows: base system user’s guide & profes-
sional statistics. Release 20.0. Ontario, IBM, 2011.
STAKE, Robert E. Case studies. In: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Ed.). Handbook of
qualitative research. Londres: Sage, 2000. p. 435-454.
SUZIGAN, Wilson et al. Clusters ou sistemas locais de produção: mapeamento, tipologia e sugestões
de políticas. Revista de Economia Política, v. 24, n. 4, p. 543-562, 2004.
TSEBELIS, G. Jogos ocultos. São Paulo: Edusp, 1998.
VASCONCELOS, Flávio C. de. A institucionalização das estratégias de negócios: o caso das start-ups
na internet brasileira em uma perspectiva construtivista. Revista de Administração Contemporânea,
v. 8, n. 2, p. 159-179, 2004.
VICARI, Flávio M. Uma proposta de roteiro para diagnóstico de clusters. Tese (doutorado) — Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 3. ed. Brasília: UnB,
1994. v. 1.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.