Resumo - Educação Especial e LIBRAS

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Resumo - Educação Especial e LIBRAS

Semana 1 – Educação Especial e LIBRAS: conhecendo a temática

*Declaração Universal dos Direitos Humanos*


As pessoas com deficiência foram excluídas do convívio social durante muito tempo, até que, em 1948, seus direitos
começaram a ser reconhecidos, após a publicação do documento nomeado por Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada em 1948, estabeleceu os princípios universais da liberdade
e igualdade de direitos entre os seres humanos, sendo um importante marco histórico na luta pelo fim da segregação social
das pessoas com deficiência.
O Brasil, país-membro da Organização das Nações Unidas (ONU), mesmo sendo aquele que escreve a documentação
aprovada pela entidade, anexa vagarosamente essa documentação nas políticas públicas nacionais.
Em 1949, cerca de 40 estabelecimentos de ensino prestavam atendimento às pessoas com deficiência mental no
país. Dentre esses 40, 27 estavam nas escolas públicas e os demais eram instituições particulares ou beneficentes.
Em 1959, o número de instituições voltadas às pessoas com deficiência era 190. 77% dessas instituições eram
públicas, o que caracterizava a responsabilidade do Estado pela educação de crianças com deficiência, ainda que a maioria
não tivesse diagnóstico claro.

*Campanhas Nacionais*
Devido à pouca preocupação com a conceituação e a classificação da deficiência - cujos critérios de seleção eram
vagos e baseados em desempenho escolar ruim e anos de repetência -, muitos estudantes eram encaminhados para escolas
e classes especiais.
No final da década de 1950, campanhas que tinham como objetivo sensibilizar a sociedade acerca das pessoas com
deficiência foram deflagradas.
Em 1957, foi elaborada uma campanha voltada para os deficientes auditivos, a Campanha para a Educação do Surdo
Brasileiro e, posteriormente, outra para os deficientes visuais, intitulada Campanha Nacional da Educação e Reabilitação do
Deficiente da Visão, em 1958.
Em 1960, foi veiculada a CADEME - Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais.

*Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN*


Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN), que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do
sistema geral de ensino.
A LDBEN de 1961 foi alterada em 1971, quando foi especificado “tratamento especial” para os alunos que
apresentassem deficiências físicas ou mentais, atraso escolar considerando sua idade e, também, os superdotados. Ainda
que o tratamento fosse indicado, não se observou a organização do sistema de ensino para atender as demandas
educacionais dessa população, reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.
Como resultado, por volta de 1970, havia mais de 800 estabelecimentos de ensino especial no Brasil.

O MEC, em 1973, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), com a responsabilidade de gerenciar a educação
especial no Brasil. Com a intenção de integrar os serviços, o CENESP impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas
com deficiência e às pessoas com Fundamentos históricos e legais da educação.
Porém, tais iniciativas não se efetivaram em uma política pública de acesso universal à educação e permanece, ainda,
a concepção de “políticas especiais” para tratar da educação de alunos com deficiência. No que se refere aos alunos com
superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não há um atendimento especializado que considere as suas
singularidades de aprendizagem.
Na trajetória política educacional brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 foi o
documento que definiu a Educação Especial enquanto modalidade de educação escolar e que, como tal, perpassa as demais
modalidades de ensino.
Afinada com as Diretrizes de Jomtien e de Salamanca, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de 1996, que destaca a Educação Especial enquanto modalidade de educação escolar para educandos portadores de
necessidades especiais que deve ser oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino.
No art. 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
organização específicos para atender às suas necessidades; a terminalidade específica para os estudantes que não atingiram
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e a aceleração de estudos aos
superdotados para conclusão do programa escolar.
Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e
nas séries mediante verificação do aprendizado” (BRASIL, 1996, art. 24) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames”
(BRASIL, 1996, art. 37).
A LDBEN de 1996 (BRASIL, 1996) também preconiza que todas as pessoas portadoras de necessidades especiais têm
direito à matrícula, sem discriminação de turnos, nas escolas regulares, com o objetivo de integrar equipes de todos os
níveis e graus de ensino com as equipes de educação especial, em todas as residências administrativas pedagógicas do
sistema educativo e desenvolver ações integradoras nas áreas de ação social, educação, saúde e trabalho.
Esses direitos são frutos de processos democráticos que indicam o reconhecimento da cidadania dessas pessoas.

*Constituição de 88*
Em 1988, foi promulgada a Constituição Federativa do Brasil. Nela, constam elementos que buscam proporcionar
mais autonomia aos municípios, para que eles possam garantir melhores condições para os cidadãos que ali residem.
Considerando aquilo que cabe ao município:
Cabe ao município levantar as questões relevantes para o bem-estar dos cidadãos. Assim, ele deve planejar e
conceber, por meio de recursos e serviços, o aglomerado das necessidades para todas as áreas da atenção pública.

A sociedade brasileira tem elaborado, gradativamente, dispositivos legais que explicitam a opção política pela
construção de uma sociedade para todos e orientam as políticas públicas e sua prática social.

*Declaração de Jomtien*
O Brasil assinou, em 1990, a Declaração de Jomtien, assumindo, perante os demais signatários o compromisso de
erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental no país.
Para tanto, foram elaboradas ações norteadoras pautadas em documentos legais com o objetivo de tornar os
sistemas educacionais inclusivos, nos 3 domínios públicos: municipal, estadual e federal.

*Declaração de Salamanca*
A Declaração de Salamanca, elaborada na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em 1994, pode ser
considerada como o grande marco histórico da educação especial em perspectiva inclusiva.
Semana 2 – Características dos estudantes elegíveis à Educação Especial

*Público-alvo da Educação Especial*


Alunos com deficiência (aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou
sensorial);
Transtorno Global do Desenvolvimento;
Altas Habilidades/Superdotação;

São aqueles que podem ser considerados público-alvo da Educação Especial.

O professor da sala comum é o responsável pelos ajustes curriculares, porém, é papel do professor da Educação
Especial auxiliá-lo nessa tarefa, atuando de forma colaborativa para promover a acessibilidade ao currículo.

Reflexão coletiva sobre as possibilidades de serviços, organização familiar e papel de cada um dos membros no
cuidado da pessoa com deficiência é um dos benefícios alcançados com a parceria entre a escola e a família do aluno público-
alvo da Educação Especial.

*PCD - Pessoa com Deficiência*


As pessoas com deficiência são aquelas que têm um impedimento de médio ou de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial.
Esse impedimento, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir a participação plena e efetiva desse
sujeito na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
O conceito de deficiência vem sendo atualizado. É considerado, em quase todas as publicações, que a manifestação
pode acontecer até os 18 anos.
É importante acompanhar tanto a mãe quanto o filho durante a gestação e o pós-parto, pois as causas das
deficiências acontecem nas seguintes fases: pré-natal, perinatal e pós-natal. No entanto, em muitos casos, a origem da
Deficiência Intelectual (DI) não é constatada.
Na fase pré-natal, a deficiência pode ocorrer por princípios biológicos, sociais e ambientais. Também são fatores
determinantes: a incidência de infecções e anabolizantes, a falta de nutrição materna e paterna, e os problemas de
decorrência genética e o uso de drogas, por exemplo.

A Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva adota uma concepção de deficiência respaldada
na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Deixou de ser apenas um modelo médico.
A deficiência é entendida como uma limitação do indivíduo.
Trata-se de um modelo social mais inclusivo, que entende a deficiência como uma consequência das limitações e
das estruturas do corpo.
Contudo também abrange a influência dos fatores sociais e ambientais que permeiam o sujeito.

De acordo com o Decreto nº 5.296/04, a deficiência física é caracterizada como: uma mudança completa ou
incompleta de uma ou mais seções do corpo humano. Isso proporciona o comprometimento da função física.
Tipos de comprometimento físico segundo o Decreto nº 5296/04:
i. Monoparesia: perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou posterior).
Em estudos específicos, são encontradas notícias de que as pessoas que nasciam com deficiência, especialmente na
Antiguidade, sofriam atrocidades e preconceitos. Isso continuou durante o tempo, o que exigiu políticas que promovessem
a inserção desses sujeitos na sociedade.
As civilizações antigas buscavam a valorização dos indivíduos que tinham características intelectuais e físicas
consideradas normais.
As deformidades eram consideradas aberrações ou castigos dos deuses.
A deficiência física era considerada demoníaca. Os deficientes físicos eram julgados com castigos físicos e
psicológicos.

*Deficiência Intelectual - DI*


A Deficiência Intelectual (DI) é caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no
comportamento adaptativo, que abrangem muitas habilidades sociais e práticas do dia a dia. Essa deficiência tem origem
antes dos 22 anos.
Habilidades conceituais, habilidades sociais e habilidades práticas, são às habilidades diretamente vinculadas à
Deficiência Intelectual (DI).

Ao definir e avaliar a deficiência intelectual, a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento


(AAIDD) enfatiza que:
I. Os profissionais devem considerar a variedade linguística e as diversidades culturais quando se trata da
maneira como as pessoas se comunicam, movem e se comportam.
II. As avaliações devem presumir que as limitações dos indivíduos frequentemente coexistem com os pontos
fortes e que o desempenho de uma pessoa é melhor se forem fornecidos suportes personalizados e
adequados durante um período sustentado.
III. Apenas com base nas avaliações multifacetadas, os especialistas podem averiguar se um sujeito tem
Deficiência Intelectual (DI) e elaborar um plano de suporte individualizado.
IV. Os fatores adicionais devem ser levados em consideração, como o ambiente comunitário típico dos pares e
a cultura.

*Modificações da Escola*
A fim de garantir a permanência e êxito dos alunos público-alvo da Educação Especial no ensino regular em
perspectiva inclusiva, a escola deverá promover algumas modificações, como:
Adaptação de mobiliário,
Adaptação de transporte e
Aquisição de materiais de tecnologia assistiva.

*Ensino Colaborativo*
O ensino colaborativo pode ser definido por uma filosofia de trabalho que propõe que profissionais compartilhem
seus diferentes conhecimentos, prevê a atuação conjunta entre professores da Educação Especial e do Ensino Regular, que
eles trabalhem juntos em prol da aprendizagem do aluno.

*Decreto 10.502*
O Decreto 10.502, que atualiza a Política de Educação Especial, representa um retrocesso, pois não reforça o princípio
de inclusão escolar.
*Abordagem Biopsicossocial*
E composta de movimentos sociais que envolvem pesquisadores, familiares e os sujeitos com deficiência que
consideram que a concepção de deficiência centrada no indivíduo deve ser superada.

Semana 3 – O Atendimento Educacional Especializado (AEE) e a família na escolarização do aluno com deficiência

*Atendimento Educacional Especializado - AEE*


A educação especial é transversal, pois, Segundo a Política Nacional de Educação Especial de 2008, é uma modalidade
de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza
os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas
comuns do ensino regular.
É assegurado aos alunos do público da educação especial o Atendimento Educacional Especializado (AEE),
conceituado pelo Decreto Federal 7.611/11, no § 1º do Art. 2º, alíneas I e II como:
(…) conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente,
prestado das seguintes formas:
I - complementar a formação dos alunos com deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento, como apoio
permanente e limitado, no tempo e na frequência dos estudantes às Salas de Recursos Multifuncionais - SRM;
II - suplementar a formação de alunos com Altas Habilidades/ Superdotação.

*Família*
Szymanski (2002) destaca 9 principais tipos de composição familiar:
(a) família nuclear com filhos biológicos;
(b) família extensa, incluindo 3 ou 4 gerações;
(c) família adotiva temporária;
(d) família adotiva que pode ser birracial ou multicultural;
(e) casal sem filhos;
(f) família monoparental, chefiada por pai ou mãe;
(g) casal homossexual com ou sem filhos;
(h) família reconstituída depois do divórcio;
(i) várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.

O texto “Escola e Família: parceria possível e necessária”, expõe que Bowlby (1990), destaca a relevância dos
cuidados, tanto da família, quanto de outros cuidadores específicos realizam aos seus filhos e é algo considerado natural,
deixando de lado sua grandiosidade.
A família deve ser fonte de referência e apoio a todos os seus membros, sejam eles bebês, adolescentes ou idosos.
Uma família superprotetora, geralmente, não incentiva a autonomia e a independência dos netos, dado que fazem
tudo por eles.

Quando há a união entre 2 pessoas, com intuito de construir uma família, são promovidos desejos em conjunto.
Dentre eles, é possível destacar a formação de uma união matrimonial, mesmo diante de pensamentos
diversificados, e a readaptação da rotina e dos laços familiares, com a finalidade de agregar o novo companheiro no quadro
familiar.
É tarefa dos(as) genitores(as) de ambos os companheiros facilitar a entrada do novo membro na família.

Com o passar do tempo, é normal que os filhos saiam da casa dos pais. O filho amadurece e tem independência para
trilhar o próprio caminho. Essa fase é chamada de “ninho vazio”.
O objetivo geral é a aceitação de várias entradas e saídas no sistema familiar. Para isso, várias tarefas são requeridas.
Dentre elas, é possível destacar o desenvolvimento de um relacionamento, de adulto para adulto, com os filhos já crescidos.

Ao detectar uma deficiência em uma criança, que pode ocorrer em qualquer estágio, incluindo antes, durante ou
após o nascimento, é difícil para os pais aceitarem a criança especial.
O nascimento de um filho com deficiência altera as metas e os objetivos da família, além de exigir uma reformulação
dos papéis dos membros na dinâmica familiar. O teor e a intensidade dessas alterações dependem de alguns fatores.
A maioria dos familiares se comporta como se aquele membro não existisse.
Os cuidados são destinados a uma só pessoa, em geral, a mãe.
A dinâmica pode se fixar: tudo gira ao redor do filho. Pais e irmãos se desdobram para atender às necessidades dele.

Semana 4 – Surdez: contextualização histórica

*Educação de Surdos*
Os primeiros registros de educação de pessoas surdas na Europa são atribuídos ao educador Pedro Ponce de León.
Foi o primeiro educador europeu a realizar experiências educativas formais com pessoas surdas, o que ocorreu entre
1520 e 1584.
De acordo com Goldfeld (2002, p. 2), “Tudo começou quando um monge (Pedro Ponce de Leon) educou algumas
pessoas com surdez. Utilizou métodos que desenvolveu com a datilologia (representação manual e letras do alfabeto),
escrita e oralização que criou, e assim nasceu uma escola de professores de surdos.”
Foram utilizadas diferentes metodologias para ensinar os estudantes:
Oral, Língua de Sinais e Códigos Visuais.

A partir de 1821, todas as escolas de surdos passaram a seguir o mesmo padrão. Diante disso, consideramos o uso
de sinais para a comunicação entre professores e alunos.

O marco histórico que caracteriza o início da educação de surdos no Brasil foi a fundação do Instituto Nacional de
Educação de Surdos, em 1857 por D. Pedro II.
A prática pedagógica é relevante para o processo de ensino-aprendizagem. Na educação inclusiva, isso é primordial
para o desenvolvimento do aluno e da comunidade escolar. Portanto, é necessário conhecer os aspectos formativos
inclusivos.
I. A escola do INES era o ponto de aproximação e a matriz dos docentes de surdos e dos próprios surdos da época.
II. Era utilizada a língua de sinais francesa, trazida por Huet. Ela era mesclada com a existente no país.
III. A mesclagem de línguas originou a Língua Brasileira de Sinais.
IV. Assim como as línguas orais, as línguas de sinais são constituídas a partir de outras existentes.
Durante as décadas de 1980 e 1990, os grupos de defesa da comunidade surda começaram a se organizar e pedir ao
governo brasileiro para que houvesse uma integração mais democrática e ampla da comunidade surda brasileira. Nesse
contexto, a língua de sinais ainda não é compreendida em nível nacional como língua franca.
A filosofia educacional pode ser entendida como: comunicação total.
A filosofia da comunicação total tem como principal preocupação os processos comunicativos entre surdos e surdos
e entre surdos e ouvintes, acredita que somente o aprendizado da língua oral não assegura que a criança surda irá
desenvolver-se plenamente e valoriza muito a família da criança surda, acreditando no papel que ela tem, de compartilhar
seus valores e significados às crianças.
Márcia Goldfeld (1997), afirma que uma das grandes diferenças entre essa filosofia e as outras filosofias educacionais
é “defender a utilização de qualquer recurso linguístico, seja a língua de sinais, linguagem oral ou códigos manuais, para
facilitar a comunicação com pessoas surdas”.

A professora Cristina Broglia Feitosa de Lacerda discorre sobre os avanços e desafios atuais da escolarização do aluno
com deficiência auditiva/surdez e explica que, conforme o Decreto n. 5626/2005, no Brasil existem 3 modelos vigentes na
educação de surdos:
1) inclusão na sala regular;
2) salas bilingues; e
3) escolas de surdos.

Os princípios linguísticos “oralismo e comunicação total” e “língua de sinais” retratam respectivamente as


concepções clínico-terapêutica e socioantropológica.

Segundo Moura (2016, p. 16), “A surdez traz consigo modos e formas de relacionar-se pautadas numa comunicação
visual. Isso requer conhecê-las, bem como compreender as necessidades e tecnologias advindas de quem se comunica sem
o som. Algo que parece intrigar as pessoas ouvintes é a forma como chamar a atenção de uma pessoa surda. É preciso
compreender que gritar, falar mais alto ou mais devagar nem sempre produz o efeito esperado.”
Durante a comunicação com um estudante surdo, uma das estratégias que podem ser utilizadas pelo professor é
acender e apagar a luz algumas vez para chamar a atenção do estudante.

*Modelo Oralista - Alemanha*


O modelo oralista surgiu na Alemanha, com Samuel Heinick, enquanto a França já usava o método combinado a
partir da língua de sinais utilizada pelos surdos nos guetos franceses.
Na Alemanha, criou-se uma escola em Leipzig. Nela, o representante da educação de surdos é Samuel Heinick, de
onde surgem as primeiras ideias sobre a educação oralista, rejeitando a língua de sinais.

Sobre o oralismo, podemos afirmar que:


I. Segundo a filosofia oral, os sinais atrapalham a fala, impedindo os surdos de falar.
II. Os simpatizantes dos signos os usavam para transmitir informações e ideias abstratas.
III. Hoje, é reconhecido que a comunidade surda de cada país tem a própria língua de sinais.

*Método Combinado - França*


O professor francês L'Epée queria salvar os surdos de acordo com um ponto de vista religioso, uma história que nos
coloca paralelamente a um documento redigido pelos jesuítas, o Ratio Studiorum, que contém datações dos anos 1551 e
1559, e exibe um conjunto de métodos e guias didáticos e informativos com a finalidade de organizar, unificar e planejar os
estudos da Companhia de Jesus aos jesuítas docentes.
O educador Charles-Michel de l’Epée aprendeu, nos anos 50, na França, como interagir e se comunicar com surdos
e mudos. Nessa época, era utilizada uma linguagem peculiar. Ele utilizou uma metodologia que foi bem-sucedida, dos Sinais
Metódicos – Língua de sinais mais Gramática Sinalizada, e a partir disso ele se interessou e começou a usar sua casa como
escola.

A partir de 1821 novas escolas públicas americanas começaram a usar a Língua Americana de Sinais (ASL), a qual
teve influência francesa, concomitante a tudo isso, foram criados instituições e métodos para garantir a melhoria da
educação para os surdos norte-americanos.
Desde então, a utilização da Língua de Sinais foi reconhecida como algo proibido, espalhando-se a ideia de que a não
é uma língua, mas a comunicação em língua de sinais sem a capacidade de criar condições para o desenvolvimento do
cognitivo.
Durante o século XIX, houve vários movimentos e alterações na metodologia utilizada no ensino a surdos e mudos,
mas foi apenas a partir do ano de 1821 que todas as escolas públicas passaram a utilizar uma linguagem “universal”, a Língua
Americana de Sinais (ASL).

Semana 5 – Deficiência auditiva / surdez

*Paradigma de Serviços*
O paradigma de serviços se caracteriza pela criação de serviços de avaliação e intervenção para reabilitação,
buscando a integração dessas pessoas nos mais variados segmentos sociais, como a escola, o mercado de trabalho, entre
outros.

*Paradigma da Institucionalização*
O paradigma da institucionalização se caracteriza pela retirada das pessoas com deficiência de suas comunidades
de origem, para mantê-las segregadas em instituições ou escolas especiais.

*Paradigma de Suportes*
O paradigma de suportes se caracteriza pela compreensão de que caberia à sociedade reorganizar-se, a fim de
garantir a acessibilidade de todos os cidadãos.

*Surdez*
Surdez é o termo para incapacidade ou dificuldade em ouvir.
A audição consiste em um sistema de canais que levam o som ao ouvido interno, em que as ondas são convertidas
em impulsos elétricos que são enviados ao cérebro, órgão responsável por detectar e interpretar o que ouvimos.
Sobre as causas da surdez, pensamos que: no período de pré-natal, não é possível determinar a surdez por meio de
testes. Esse reconhecimento ocorre após o nascimento da criança. No período perinatal, e durante o parto, fatores como
infecções hospitalares, falta de oxigênio no cérebro, parto prematuro ou tardio podem causar perda auditiva.
De acordo com Gesser (2009), há 2 formas de conceber a surdez: patologicamente ou culturalmente.
Os surdos e ouvintes que usam e valorizam a língua de sinais assumem uma postura positiva diante da surdez.

A pessoa com deficiência auditiva não participou ativamente das atividades sociais e familiares.
A falta de repertório linguístico impedia o acesso a questões acadêmicas, estruturas psicológicas e experiências que,
segundo Vygotsky, estão diretamente relacionadas à aquisição do mundo, à formação social da mente e à cognição.
Segundo Moura (2016, p. 9): “Para muitos, o Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) auxiliaria o surdo a
ouvir melhor, entretanto isso dependerá do grau e do tipo de perda auditiva, além da época da vida em que ela tenha
ocorrido. Isso significa que a pessoa com perda auditiva pré-linguística, ou seja, anterior à aquisição de uma língua oral, pode
ter um aproveitamento diferente daquele apresentado pela pessoa surda pós-linguística, isto é, que já teve a experiência
auditiva significativa, no que diz respeito à construção de pensamento mediada por uma língua oral auditiva.”.

Com relação à localização da alteração auditiva, a surdez pode ser classificada em:
- Condutiva;
- Neurossensorial;
- Mista ou Central.

Moura (2016), em sua obra "Introdução à


surdez e à Libras", define e conceitua os diferentes
graus de perda auditiva:
Normal; leve; moderado; moderadamente
severo; severo; profundo.

Os aparelhos auditivos servem apenas para as


pessoas com surdez profunda perceberem ruídos, será
o grau que o aparelho terá maior eficácia.

De acordo com Moura (2016, p. 14), “A identidade surda é um tema muito estudado por vários pesquisadores. A
autora Gladis Perlin descreve vários tipos de identidade que podem desenvolver-se dependendo da experiência social e
cultural vivenciada pelos surdos.”.
Veja as identidades surdas e suas características:
1. Identidade flutuante: O surdo aceita sua condição de deficiente e age para tentar superar essa perda.
2. Transição: O deficiente auditivo tem contato mais tarde do que o normal com a comunidade.
3. Híbrida: É definida como a perda da audição ao longo da vida e o aprendizado da utilização da Língua de Sinais
como língua secundária.

*Bilinguismo*
No ano de 2000, iniciou-se a utilização do bilinguismo no Brasil, com pesquisas realizadas pela professora Lucinda
Ferreira de Brito, a respeito da Língua Brasileira de Sinais.
Essas pesquisas buscaram fazer com que a pessoa se informe sobre as 2 línguas, no caso, LIBRAS (como primária) e
a 2ª língua (a que é falada pelo próprio país).

Dentre as propostas sugeridas para a educação de surdos, a educação bilíngue tem sido alvo de reflexões pelos
profissionais que se dedicam ao atendimento de estudantes surdos.
O que vem a ser essa proposta educacional? Que características ela possui?
Atualmente, muito se discute a respeito da educação bilíngue. Um grande número de pesquisadores em educação
de surdos, principalmente aqueles que se dizem defensores da cultura surda, têm lutado para que os surdos sejam educados
através da abordagem educacional bilíngue, mais conhecida como bilinguismo.
Contudo, alguns autores afirmam não ser conveniente o uso do termo “Educação Bilíngue”, alegando que seria mais
correto nos referirmos a essa abordagem como “Abordagem Educacional com Bilinguismo”, pois bilíngue é o falante, é a
pessoa.
A abordagem educacional com bilinguismo é, portanto, aquela que estabelece, acima de tudo, um trabalho escolar
feito em duas línguas, com diferentes privilégios entre ambas, sendo: a Língua de Sinais como 1ª língua (L1) e a língua da
comunidade ouvinte local como 2ª língua (L2).
Caracterizando-se, assim, como uma abordagem realmente sólida que propõe o uso separado da língua de sinais e
da língua oral (apenas na modalidade escrita em alguns casos), postulando que o surdo tem capacidade para fazer uso de
ambas.

No desenvolvimento dessa pesquisa, foi compreendido que o histórico desse processo apresenta, 3 diferentes
momentos de atenção a essas pessoas com deficiência:
1. Primeiro momento: Um momento de exclusão total, quando a sociedade percebe que as pessoas com deficiência
devem ser transformadas em instituições de ensino.
2. Segundo momento: Estabelecer propostas de avaliação e intervenção sobre oportunidades de integração.
3. Terceiro momento: Uma escola inclusiva avalia os alunos de acordo com suas necessidades e capacidades e deve
estar pedagogicamente preparada para garantir o direito à educação.

Entende-se por bilinguismo o uso concomitante e/ou a sobreposição das línguas.


Essa observação atesta um desconhecimento da proposta pedagógica para surdos e faz com que eles continuem
sendo prejudicados no espaço escolar, mesmo tendo seus direitos linguísticos garantidos legalmente.
- O bilinguismo não é a utilização de duas ou mais línguas.
- O bilinguismo não teve boas constatações em seu entendimento.
- O bilinguismo acarretou positivismo aos surdos.
- O bilinguismo é não uma língua obrigatória na França.

Semana 6 – Introdução à LIBRAS

*Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS*


Passeatas, reivindicações, formulação e entrega de documentos, manifestos e abaixo-assinados a autoridades
públicas foram ações fundamentais para o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais.
A oficialização da LIBRAS tornou-se a bandeira que engendrou ou que esteve presente nas mais expressivas ações
coletivas produzidas pelo movimento surdo entre os anos de 1990 e 2002, tais como a promoção de cursos dessa língua para
a formação de intérpretes e capacitação de instrutores surdos, as passeatas, reivindicações e busca de apoio junto a órgãos
estatais, a constituição do Comitê Pró-oficialização da Libras, a formulação e entrega de documentos, manifestos e abaixo-
assinados a autoridades públicas, a condução das associações locais e regionais de surdos para se obter a aprovação de leis
municipais e estaduais de reconhecimento da libras e o lobby junto a parlamentares.

Entende-se como Língua Brasileira de Sinais — Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema
linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

No Art. 18 da Lei nº 10.098/00, a formação dos profissionais intérpretes da escrita em braille, da língua de sinais e
de guias-intérpretes deve estar presente para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa com deficiência
sensorial e com dificuldade de comunicação no cotidiano escolar.

A Língua Brasileira de Sinais, é uma língua com o mesmo estatuto linguístico que qualquer outra língua, é definida
não apenas como uma forma de comunicação, mas, também, como uma forma de expressão.
De acordo com Brito (1995, p. 36), “A estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros primários
e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea”.
Isso significa dizer que ela é mais que sinais representados graficamente, a Libras não pode ser reduzida a
representações gráficas, ela é espaço-visual e sua representação vai além da apresentada na atividade selecionada.
Assim como não se deve utilizar sinais da Libras na estrutura da Língua Portuguesa, não se deve também utilizar as
palavras da Língua Portuguesa na estrutura da Libras.
Cada uma das línguas deve manter sua integridade e ser utilizada nos contextos adequados.

A Libras apresenta 5 parâmetros:


Configuração de mãos – que é o formato em que a mão deve estar para a execução do sinal;
Ponto de articulação – região do corpo em que incide a mão predominante durante a execução do sinal (podendo
ser as duas mãos), sendo que essa região poderá ser também em um espaço neutro;
Movimento – executado ou não pela mão predominante, na realização do sinal;
Orientação – sentido na direção em que a mão se dirige na execução do sinal; e
Expressão facial/corporal – que se relaciona ao contexto do sinal realizado.

Semana 7 – A escolarização do aluno com deficiência auditiva / surdez

*Estratégias Pedagógicas*
Entre as estratégias pedagógicas que podem auxiliar no processo inclusivo do aluno com surdez, pode-se citar
recursos visuais, como vídeos e figuras.
Segundo Vieira e Molina (2018, p. 8), “Durante o período em que o Oralismo esteve presente nas escolas, ou seja, de
1952, com a fundação da atual EMEBS Helen Keller, até a década de 1990, os professores tinham uma caixinha de
imagens, geralmente quadrada e de madeira, com muitas figuras que recortavam de revistas, livros e panfletos. As
fichas geralmente tinham o mesmo tamanho e eram separadas por letras na ordem alfabética, um recurso
interessante para ampliação de vocabulário. No entanto, o que era cobrado dos alunos ultrapassava seus limites
físicos/biológicos: neste caso, não tinham a audição.”.

A Datilologia, é a soletração de uma palavra, utilizando o alfabeto digital ou manual de língua de sinais.

Para garantir a acessibilidade do estudante surdo que utiliza a Libras, é fundamental a presença do Intérprete de
Libras em sala de aula.

A utilização do método fônico na educação de estudantes surdos é uma prática pedagógica baseada na abordagem
oralista.

Segundo Vieira e Molina (2018, p. 6), conforme a metodologia de Leituras visual e labial, “Pistas visuais imitando as
formas da boca na produção dos fonemas eram constantemente trabalhadas. Considerava-se que as crianças
pudessem imitar as figuras e, dessa forma, fossem estimuladas a repetir reproduzindo os sons. Essa atividade fazia
parte da rotina semanal de aprendizagem dos alunos surdos na escola. A cada fonema aprendido, as imagens eram
apresentadas para que fossem assimiladas, repetidas e observadas. Além de colar nos cadernos as imagens e repeti-
las na escola e em casa, deveriam, com base nas pistas, também escrever o fonema produzido, depois as sílabas e,
enfim, as palavras.”.
*Correntes Educacionais*
I. Oralismo - Os surdos aprendem a fazer a leitura facial e a falar utilizando a mesma língua que as pessoas do seu
país.
II. Bilinguismo - Apregoa que a Língua de Sinais é a língua materna do surdo.
III. Comunicação Total - Propõe o uso do Português Sinalizado.

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