LIVRO PT-BR Way Truth Life Rev2021!03!10
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VERDADE
VIDA
O Discipulado
como uma Jornada
da Graça
David A. Busic
Uma vida que segue a Jesus nunca deve ser monótona ou
estagnada, nem deve ser vivida sozinha. Ao procurarmos
tornar-nos cada vez mais como Jesus, descobrimos que o
discipulado cristão é uma jornada contínua da graça. No
Caminho, Verdade, Vida David Busic convida-nos a considerar
as várias maneiras que a graça de Deus – que busca, salva,
santifica, sustém e é suficiente – nos encontra onde estamos
nas nossas vidas. Quando respondemos fielmente Àquele que
amorosamente nos chama e equipa para a Jornada da Graça,
desfrutaremos de um relacionamento mais profundo com Jesus
Cristo, que é Ele mesmo o Caminho, a Verdade e a Vida.
David A. Busic
Direitos Autorais © 2021
The Foundry Publishing
Kansas City, MO 64141
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada num sistema
de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio sem a
permissão prévia por escrito do editor, por exemplo, digitalização, fotocópia e
gravação. Exceptuam-se as breves citações em revisões impressas.
Design da Capa: Matt Johnson
Design do Interior: Sharon Page
Equipe editorial: Priscila Guevara, Paulo de Melo Duarte, Susana Reis Gomes,
Joyce Temple, Paulo Neto
Todas as citações das Escrituras, excepto as indicadas, são extraídas da versão João
Ferreira de Almeida Revista e Corrigida.
Os endereços da Internet neste livro eram precisos no momento da publicação
do mesmo, mas podem não estar disponíveis em todos os idiomas. Esses links
são fornecidos como um recurso. O editor não os confirma nem garante o seu
conteúdo ou permanência.
Em memória de Robert E. Busic, um pai que me ensinou que o
discipulado é uma jornada inundada de graça e que a semelhança
com Cristo é o nosso destino.
- Salmo 86:11
ÍNDICE
Agradecimentos ............................................................... 7
Introdução ....................................................................... 9
1. A Graça Maravilhosa ............................................. 19
O Caminho
2. A Graça que Busca ................................................ 33
A Verdade
3. A Graça Salvadora ................................................ 51
A Vida
4. A Graça Santificadora ............................................ 75
5. A Graça Sustentadora .......................................... 109
6. A Graça Suficiente ............................................... 145
Posfácio: Jesus Cristo é o Senhor .................................... 163
AGRADECIMENTOS
Os agradecimentos podem abranger desde o reconhecimento da-
queles que tornaram algo possível até dívidas de gratidão que não
podem ser pagas. Assim é aqui.
Quando eu fui eleito para servir como superintendente ge-
ral na Igreja do Nazareno, sabia que os meus colegas da Junta de
Superintendentes Gerais iriam influenciar a minha vida, mas o grau
desse impacto tem sido inestimável. Embora ocorram quase sempre
diferenças de opinião nas nossas inúmeras conversas como liderança,
o nosso compromisso para fazer, fielmente, e em oração, o que é me-
lhor para a igreja — mesmo com um custo — e a minha confiança
absoluta na força do caráter e na pureza dos seus corações são o que
perdurarão. Obrigado Filimão Chambo, Gustavo Crocker, Eugénio
Duarte, David Graves, Jerry Porter, Carla Sunberg e J.K. Warrick. A
influência de vocês tem me inspirado a escrever este livro no serviço
à igreja, para nos ajudar a cumprir a nossa missão de ‘fazer discípulos
à semelhança de Cristo nas nações”.
Obrigado ao Scott Rainey, diretor global dos ministérios de dis-
cipulado da Igreja do Nazareno, pelo convite para escrever um livro
simples que enfatiza o discipulado de santidade como uma jornada
da graça. Obrigado a Bonnie Perry, diretora editorial da The Foundry
Publishing, pela sua crença inabalável de que uma boa teologia escrita
e transmitida às nossas crianças é uma tarefa importante o suficiente
para investir o melhor de sua vida. Obrigado a Audra Spiven, por
editar com um objetivo de clareza e de sempre trazer a pergunta, “E se
7
C A MINHO • VERDADE • VIDA
Nota do Autor
Como tem sido o meu estilo em escritos anteriores, encorajo o
leitor a consultar as notas dos capítulos para uma maior abrangência
de compreensão quanto ao discipulado e a jornada da graça. As ano-
tações abundantes refletem a minha dívida ao pensamento de outros
e o meu desejo em oferecer um discernimento adicional que seria um
fardo ao corpo principal do texto. Para melhor acessibilidade, as cita-
ções completas são oferecidas cada vez que um novo capítulo inicia,
mesmo que esse autor ou fonte tenha sido reconhecido antes.
8
INTRODUÇÃO
Jesus nos convida a uma jornada. “Venha e siga-me.” É um simples
convite para uma aventura com um amigo querido. A vida cristã é
mais do que a crença correta. É mais do que um consentimento inte-
lectual. É um convite para uma jornada com Jesus.
Outra palavra para a jornada com Jesus é discipulado. O discipu-
lado é seguir o caminho de Jesus enquanto se viaja com Ele. O cami-
nho tem muitas voltas, curvas e contracurvas inesperadas na estrada.
Às vezes, o caminho parece fácil, outras vezes, parece uma difícil
subida. No entanto, o objetivo final (em grego, telos) do discipulado é
sempre o mesmo: ser como Cristo.
Se isso parece impossível, está realmente em um ponto muito bom
para começar. De fato, seria impossível se não fosse por uma certeza
muito importante: fazemos a jornada com Jesus. É por isso que é uma
jornada da graça.
Quando Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João
14.6), Ele estava falando sobre mais do que uma equação intelectual
sequencial ou um acordo transacional que fazemos com Deus. Ele
estava descrevendo a maneira relacional em que o discipulado acon-
tece. De fato, o Caminho, a Verdade e a Vida não são abstrações
filosóficas ou princípios de vida. O Caminho, a Verdade e a Vida são
uma Pessoa.
Jesus estava apontando para o telos (objetivo) apropriado da jor-
nada: a verdadeira vida como Deus pretendia, e os meios pelos quais
9
C A MINHO • VERDADE • VIDA
1. Richard John Neuhaus define telos como “o objetivo final que dá sentido ao
aspecto em questão”. Neuhaus, Death on a Friday Afternoon: Meditations on the
Last Words of Jesus from the Cross (New York: Basic Books, 2000), 127.
2. James K. A. Smith, You Are What You Love: The Spiritual Power of Habit (Grand
Rapids: Brazos Press, 2016), 66.
3. The Pilgrim’s Progress (1678), de John Bunyan, foi uma primeira versão fictícia desse
mesmo conceito de jornada que se toma para mudar de país ou de reino.
4. Smith, You Are What You Love, 66.
10
INTRODUÇ ÃO
como uma placa na parede. Pelo contrário, foi uma resposta a uma
pergunta levantada por discípulos assustados e incertos. Vem de uma
seção do Evangelho de João que os estudiosos da Bíblia se referem
como “o último discurso” (João, capítulos 14 a 17). Esses quatro ca-
pítulos de João, mais do que qualquer um dos outros três evangelhos
do Novo Testamento, nos dão uma visão interna do que Jesus estava
pensando e ensinando aos Seus discípulos durante as horas imediata-
mente anteriores à Sua Paixão e morte na cruz. Assim, eles poderiam
muito bem ser descritos como a última vontade e testamento de Jesus
Cristo.5
Lembre-se que os discípulos ouviram notícias incrivelmente más.
Eles se reuniram em um espaço emprestado. Todos estavam condicio-
nados a espaços apertados. Jesus lava os pés dos Seus doze discípulos,
o que deixa todos desconfortáveis. Então lhes diz que muito em breve
um deles O trairá (13.21). Para piorar a situação, depois de vários anos
viajando por todos os lugares juntos, Jesus declara que está indo em-
bora e que eles não poderão ir com Ele (13.33).
Tudo isto é muito perturbador! Jesus consegue sentir o peso de
Suas palavras sobre eles. Não é de admirar que diga: “Não se perturbe
o coração de vocês” (14.1). A palavra traduzida para “perturbe” é a
mesma palavra usada para descrever as águas do mar da Galileia du-
rante uma tempestade violenta. Quando o vento soprou, as águas fi-
caram turbulentas e agitadas. Os discípulos se sentiam assim. Os seus
estômagos estão agitados. As suas cabeças estão às voltas. As suas
emoções estão sobrecarregadas. Jesus tenta consolar os seus furiosos
corações: “Não se perturbe o coração de vocês. (…)Vou preparar-lhes
lugar. (…)voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde
eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou” (João 14.1-4).
5. Frederick Dale Bruner refere-se a João 14-16 como sermões do discipulado de Jesus,
com o capítulo 17 servindo como uma oração de encerramento e, no total, como
“a teologia sistemática compacta de Jesus para Sua igreja missionária”. Bruner, The
Gospel of John: A Commentary (Grand Rapids: Eerdmans, 2012), 78.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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INTRODUÇ ÃO
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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INTRODUÇ ÃO
10. Ninguém é mais sincero sobre a sua verdade do que homens-bombas suicidas. No
entanto, a sinceridade — não importa quão apaixonadamente comprometida a
pessoa esteja com a sua verdade — não é suficiente se não estiver fundamentada
na realidade final.
15
C A MINHO • VERDADE • VIDA
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INTRODUÇ ÃO
14. Lesslie Newbigin, The Light Has Come: An Exposition of the Fourth Gospel (Grand
Rapids: Eerdmans, 1987), 181.
17
C A MINHO • VERDADE • VIDA
15. Thomas à Kempis, Of the Imitation of Christ, Book 3, chapter 56 (c. 1418–1427).
18
1
GRAÇA MARAVILHOSA
A graça está em toda parte.
— Georges Bernanos
19
C A MINHO • VERDADE • VIDA
O que é graça?
O que é a Graça de Deus? Como é que ela entra nas nossas vidas,
nos afeta, nos muda e nos capacita a viver vidas semelhantes a Cristo?
Existem muitas definições de graça:
• O favor imerecido de Deus.
• O amor imerecido de Deus.
• O favor dado a alguém que merece o contrário.
• A expressão absolutamente livre do amor de Deus encontrando
seu único motivo na generosidade e benevolência do Doador.2
• A bondade ilimitada de Deus.
Todas essas definições de graça tentam descrever aqueles aspectos in-
descritíveis e surpreendentes da resposta amorosa de Deus à imerecida
20
GR AÇ A M AR AVILHOSA
3. A palavra grega charis é traduzida em latim para gratia, a partir da qual muitas
línguas recebem a palavra “graça”.
4. Thomas A. Langford, Reflections on Grace (Eugene, OR: Cascade Books, 2007.
21
C A MINHO • VERDADE • VIDA
ação de graças e uma vida consagrada. Isto não quer dizer que a graça
divina é uma transação relacional. O desejo (ou expectativa) de re-
tribuir o favor nega o poder do presente.5 O pensamento transacional
sempre enfraquece e desvaloriza as intenções de um presente.
5. Em Paul and the Gift (Grand Rapids: Eerdmans, 2015), John M. G. Barkley defende
que a ideia de “presente” como algo entregue “gratuitamente” é um conceito
ocidental moderno. Durante toda a antiguidade, e ainda hoje em muitas partes do
mundo, os presentes são dados com fortes expectativas de retorno — mesmo para
obter algo que fortaleça a solidariedade social. O entendimento do Evangelho do
Novo Testamento sobre o “presente” da salvação é que, embora não seja merecido
e não possa ser conquistado, a graça gera justiça e a justiça gera obediência.
6. Philip Yancey, What’s So Amazing about Grace? (Grand Rapids: Zondervan, 1997),
70.
7. “A característica mais essencial de Deus é o amor. ‘Deus é amor’, diz João de
22
GR AÇ A M AR AVILHOSA
23
C A MINHO • VERDADE • VIDA
foi encontrada. Ele descreve Deus como uma mulher que vira a casa
do avesso para procurar uma moeda preciosa. Quando a encontra,
fica tão feliz que faz uma festa para comemorar com os seus amigos.
E descreve Deus como um pai apaixonado que procura no horizonte
por sinais de um filho rebelde. Quando vê o rapaz errante “ainda
longe” (Lucas 15.20), fica cheio de compaixão e corre para o receber
em casa. Todas essas são ideias sobre a natureza e o coração de Deus.
“Ser encontrado” deleita o coração de Deus! A graça supera a peram-
bulação, a perda e a infidelidade.
Jesus contou outra parábola sobre os trabalhadores de uma vi-
nha cujo empregador paga a todos os trabalhadores o mesmo salá-
rio, embora alguns trabalhem muito menos horas que outros (Mateus
20.1-16). Esta história não faz sentido a nível econômico. Parece uma
prática empresarial imprudente. Este tipo de comportamento impru-
dente de um empresário corre o risco de alienar os funcionários que
mais trabalham e incentivar a preguiça dos menos motivados. No
entanto, esta não é uma parábola sobre as melhores práticas de negó-
cio; é uma parábola sobre a extravagante graça de Deus. A graça não
é uma equação matemática que registra as horas dos funcionários,
segue princípios contabilísticos ou recompensa os trabalhadores mais
esforçados. A graça não é sobre quem merece ser pago; se trata de
pessoas que não merecem receber presentes de forma nenhuma. Se
isso é escandaloso para os seus ouvidos e ridículo para o seu senso
comum, então, está começando a entender a questão da graça.
A graça é pessoal
Podemos falar da experiência da graça porque ela é profundamen-
te pessoal e relacional. A graça é pessoal por dois motivos importan-
tes. Primeiro, a graça não é uma coisa. Não é uma mercadoria. Não é
uma substância sagrada derramada em nós como um “óleo de motor
cristão” para ajudar o nosso “motor” de discipulado a funcionar com
24
GR AÇ A M AR AVILHOSA
10. Quando o Evangelho de João fala do Espírito Santo como “outro” consolador,
significa que o Espírito da Verdade continuará o ministério de Jesus, a Verdade
(14.6, 16–17).
11. Langford, Reflections on Grace, 18.
12. Diarmaid MacCulloch, Christianity: The First Three Thousand Years (New York:
Penguin Books, 2009), 9.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
13. Dikaioun, “ser feito justo” (ou na frase que ficou famosa pela Reforma Protestante
no século XVI, “ser justificado”), denota que há uma graça que vem de fora de nós
mesmos.
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GR AÇ A M AR AVILHOSA
14. Strong’s Concordance of the New Testament indica que charis, “graça”, aparece pelo
menos oitenta e oito vezes nas cartas de Paulo às igrejas do primeiro século.
15. Agradeço a Daniel Gomis, diretor regional da Igreja do Nazareno na África, por
esta importante distinção.
16. Dietrich Bonhoeffer, The Cost of Discipleship (New York: Macmillan Company,
1949), 63–64.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
A graça é dispendiosa
Dietrich Bonhoeffer nos lembra que, embora a graça seja livre,
ela não vem sem um custo. Em um parágrafo penetrante do seu livro
mais conhecido, The Cost of Discipleship [O Custo do Discipulado],
Bonhoeffer destaca a diferença entre a graça barata e graça custosa
como a falta de exigência por um discipulado real ou uma expectativa
acerca dele: “A graça barata é uma graça sem discipulado, uma graça
sem a cruz, uma graça sem Jesus Cristo, vivo e encarnado”.17 Além
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GR AÇ A M AR AVILHOSA
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
A graça é maravilhosa
Philip Yancey relata uma cena do filme The Last Emperor [O Último
Imperador], do jovem ungido como o último imperador da China. Ele
vive uma vida de luxo com muitos servos sob seu comando.
“O que acontece quando você erra?” — pergunta o irmão.
“Quando eu erro, alguém é punido” — responde o imperador.
Para demonstrar, o menino imperador quebra um precioso artefato e
um dos servos é espancado pela transgressão.22
Esse era o costume antigo dos reis e imperadores. Não era justo
nem misericordioso. Então, chegou alguém de outro mundo. Ele era
um Rei que trouxe um novo significado ao conceito de autoridade.
Ele reverteu a antiga ordem e inaugurou um novo reino. Quando os
seus servos caem no pecado, este Rei recebe o que lhes é devido.
Yancey reflete: “A graça é gratuita apenas porque o próprio doador
arcou com o custo”.23
Isso não é justiça ou misericórdia — é graça. Graça dispendiosa.
Talvez seja por isso que ainda gostamos de cantar o hino de Newton.
A graça é maravilhosa.
Então, como é que a graça extravagante de Deus se manifesta nas
nossas vidas diárias? Uma coisa é saber o que ela significa. É ótimo
saber que Deus nos ama desta forma, mas que diferença é que isso faz
na minha vida? Qual é a aparência da graça quando olho para ela? O
que é que a graça faz quando a experimento? Que diferença a graça
faz na minha vida quotidiana?
A graça é experimentada de maneiras multifacetadas, diferencia-
das e diversas. O restante deste livro explorará as múltiplas expressões
da jornada da graça.
30
△
O CA MINHO
Através da graça que busca (também
chamada de graça preveniente), Deus vai
adiante de nós para abrir um caminho e nos
atrair para um relacionamento com Ele.
△
2
A GRAÇA QUE BUSCA1
Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido.
— Lucas 19.10
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
9. Jackson, Offering Christ, 43–44. Ver também Randy Maddox, Responsible Grace:
John Wesley’s Practical Theology, (Nashville: Kingswood, 1994), p. 8.
10. Na tradição católica, a “graça atual” é dividida em duas partes: “graça preveniente
operacional” e “graça cooperante subsequente”.
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
11. Lovett H. Weems, Jr., John Wesley’s Message Today (Nashville: Abingdon Press,
1991), 23.
12. N. T. Wright, Paul: A Biography (San Francisco: HarperOne, 2018), 96.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
13. Observe que Deus é tanto o iniciador como o facilitador da jornada da graça.
14. Adiciono aqui “a igreja” porque a palavra “vocês” está no plural.
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
mais tarde na sua carta à igreja filipense, ele teve que desenvolver o
que Deus estava operando nele.
O eunuco da África em uma estrada deserta na Judeia (Atos 8),
Cornélio em uma visão às três horas da tarde (Atos 10), Lídia à beira
do rio (Atos 16): o que têm todos eles em comum? Estas e muitas
outras histórias semelhantes mostram pessoas respondendo com fé ao
Deus que primeiro veio a elas. Todos estavam desenvolvendo o que
Deus estava operando neles.
Existe um padrão consistente de Deus em agir com Sua graça
preveniente e pessoas que respondem em fé. O missiólogo britânico
Lesslie Newbigin disse: “Fé é a mão que agarra a obra consumada de
Cristo e a torna minha”. Não elimina a necessidade de resposta, mas a
graça preveniente vem sempre em primeiro lugar. Mesmo Agostinho,
que era um firme defensor da predestinação, afirmou: “Aquele que nos
fez sem nós mesmos, não nos salvará sem nós mesmos”.15
Providência e preveniência
Há uma diferença entre graça providencial e graça preveniente.
Providência é como Deus provê o sustento e a provisão de Sua cria-
ção, incluindo os seres humanos.16 Deus “provê” ou “assiste” (Gênesis
22.8, 14) o que é necessário para sustentar o mundo e prover às pes-
soas individualmente.
Como a providência de Deus cruza a vida de cada pessoa é pro-
fundamente misterioso. Quando, onde e em que família uma pessoa
nasce é uma questão de providência. Por que uma pessoa nasce em
uma família hindu na Índia em 1765, enquanto outra pessoa nasce
15. Citado em John Wesley, The Works of the Rev. John Wesley (Kansas City, MO:
Nazarene Publishing House, n.d.; and Grand Rapids: Zondervan Publishing
House, 1958, concurrent editions), VI, 513.
16. A palavra “providência” vem de duas palavras latinas: pro, que significa
“encaminhar” ou “em nome de”; e videre, que significa “ver”. A providência às
vezes é distinguida em duas categorias: “providência geral”, o cuidado de Deus pelo
universo; e “providência especial”, a intervenção de Deus na vida das pessoas.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
ilumina cada homem que vem ao mundo. E cada pessoa (...) se sente
mais ou menos desconfortável quando age de maneira contrária à luz
da sua própria consciência. Então, ninguém peca porque não tem gra-
ça, mas porque não usa a graça que tem”.17 Uma consciência inquieta,
o aumentar da consciência acerca do certo e do errado e o despertar
da consciência espiritual, são presentes graciosos de Deus para todos.
Essa confiança tem implicações importantes para o evangelismo no
espírito wesleyano.
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
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A GR AÇ A QUE NOS BUSC A
Escala montanhas
Pra me encontrar
Derruba muralhas
Destrói as mentiras
Pra me encontrar18
Esmagador. Interminável. É até este ponto que Deus irá para al-
cançar uma pessoa.
18. Algumas pessoas expressaram preocupação com o uso da palavra “ousado” nesta
música. Se significa descuidado, é problemático. Se significa surpreendente e
extravagante, aproxima-se da descrição do amor de Deus.
47
△◻
A VERDADE
Jesus nos resgata do pecado e nos guia para a
verdade que nos liberta através da graça salvadora.
△
◻
3
A GRAÇA SALVADORA
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
— Romanos 6.23
Moralismo
Essa tendência de se superestimar espiritualmente é chama-
da de moralismo. O moralismo é a crença de que tudo está bem
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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A GR AÇ A SALVADOR A
A Expiação
A cruz é talvez o símbolo mais conhecido e reconhecido no mun-
do de hoje. Quando vemos a cruz, somos lembrados da vida e da
morte de Jesus na crucificação. A crucificação foi a forma de execu-
ção mais horrenda e torturante inventada pela humanidade. Por essa
razão, uma pessoa no primeiro século acharia estranho ver pessoas
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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A GR AÇ A SALVADOR A
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
O que é o pecado?
Primeiro, pecado é rebelião. Talvez a definição mais reconhecível
de pecado venha de John Wesley: “uma transgressão voluntária de
uma lei conhecida de Deus”.4 O pecado é algo que é conhecido e vo-
luntário — algo que sabemos estar errado, mas fazemos de qualquer
forma porque podemos. É desobediência voluntária.
Quando 1 João 3.4 nos diz que “Todo aquele que pratica o pecado
transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei” não se
refere apenas ao sentido legalista, como em “violação da lei”. Tem a
ver com a atitude por trás da violação da lei. Uma analogia pode nos
ajudar a entender. Uma coisa é ultrapassar o limite de velocidade por-
que você não sabia qual era o limite. Tecnicamente, você pode estar
infringindo a lei, mas não está agindo sem lei. Isso é muito diferente
de uma pessoa que diz: “Esqueça esses regulamentos estúpidos de li-
mite de velocidade. Eles estão aí apenas para tentarem me controlar.
Vou fazer o que quero, porque estou no comando da minha vida.” A
ilegalidade é a atitude de rebelião por trás da violação da lei — um
espírito rebelde.
Quando minha filha mais nova era pequena, ela não gostava de
ter que responder aos seus irmãos mais velhos quando mamãe e papai
não estavam por perto. Quando minha esposa e eu os deixávamos
sozinhos, nossa mais nova desafiadoramente erguia sua vozinha es-
tridente e dizia aos irmãos: “Vocês não mandam em mim!” Embora
4. Wesley, The Works of John Wesley, vol. 12 (Kansas City, MO: Beacon Hill Press of
Kansas City, 1978), 394. Ver também Tiago 4.17.
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6. O povo wesleyano de santidade entende que o pecado envolve mais do que uma
ação tomada. Susanna Wesley é conhecida pela sua declaração escrita numa carta
ao seu filho João em 8 de junho de 1725: “Use esta regra: o que enfraquece a sua
razão, prejudica a ternura de sua consciência, obscurece seu senso de Deus ou tira
seu prazer de coisas espirituais; em resumo, o que quer que aumente a força e a
autoridade de seu corpo sobre a sua mente, isso é pecado, por mais inocente que
seja em si mesmo.”
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A GR AÇ A SALVADOR A
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por Sua justiça; nossa condenação por Sua salvação; nossos fracassos
por Seu sucesso; nossa derrota por Sua vitória. A expiação é o ato do
Deus Trinitário que derruba todas as barreiras que nossa rebelião e
pecado ergueram entre nós. “Nisto consiste o amor: não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu
Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.10).
O que isto significa? A expiação esteve sempre no coração de
Deus. Todos os cordeiros, todos os sacerdotes e todos os sacrifícios
no templo estavam apontando, estavam nos levando a Jesus, que Se
tornou nosso grande Sumo Sacerdote e que derramou Seu próprio
sangue pelo perdão de nossos pecados.
N. T. Wright o expressa bem: “Ao longo de todo o Novo
Testamento, esta morte é vista como um ato de amor, tanto o amor
do próprio Jesus (Gálatas 2.20) quanto o amor de Deus que O enviou
e cuja auto expressão corporal era Ele (João 3.16; 13.1, Romanos 5.6-
11; 8.31-39; 1 João 4.9-10).”8 Deus Pai, enviou Cristo, o Filho, pelo
poder do Espírito Santo, para fazer por nós o que nunca poderíamos
fazer por nós mesmos.
Jesus tira os nossos pecados — passado, presente e futuro. Deus
já não Se lembra deles. “Quanto o Oriente está longe do Ocidente,
assim ele afasta de nós as nossas transgressões” (Salmos 103.12). A
morte de Jesus na cruz quebrou o poder do pecado em nossas vidas.
Estávamos escravizados em nossos pecados, em servidão e seguindo
“o príncipe da potestade do ar” (Efésios 2.2) e ao “deus deste mun-
do” (2 Coríntios 4.4). Através de Sua morte na cruz, Jesus entrou em
combate mortal com as forças demoníacas e as venceu de uma vez
por todas.9 Ele quebrou o poder da morte, do inferno e da sepultura.
8. N. T. Wright, Evil and the Justice of God (Downers Grove, IL: InterVarsity Press,
2006), 9.
9. A crença de que na cruz Jesus conquistou a vitória sobre os poderes do mal
é chamada de teoria da expiação de Christus victor . N. T. Wright comenta:
“Estou inclinado a ver o tema de Christus victor, a vitória de Jesus Cristo sobre
todos os poderes do mal e das trevas, como tema central da teologia da expiação,
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10. Para obter uma explicação detalhada do significado da “carne”, consulte o capítulo
4, “Graça Santificadora”.
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A GR AÇ A SALVADOR A
11. Dietrich Bonhoeffer, Life Together (New York: HarperCollins Publishers, 1954),
21–22.
12. Sou grato por esta definição num sermão pregado por Tim Keller, mas não consigo
me lembrar que sermão foi.
13. “Deísmo terapêutico moralista” é um termo introduzido por Christian Smith
e Melinda Lundquist Denton para descrever os adolescentes americanos na
mudança do século XXI e a estrutura cultural resultante de como as pessoas pós-
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
Se Paulo estivesse vivo hoje, diria assim: Se Jesus não é quem disse
que é, se não é o Filho de Deus que Se tornou humano, se realmente
não morreu na cruz pela nossa salvação, se não ressuscitou fisicamen-
te dos mortos, se realmente não subiu ao céu e Se sentou à direita de
Deus Pai, então, deixemos de brincar de ir à igreja. Nenhum dos prin-
cípios faz sentido por si só. Fé na fé? Fé nas generalidades? Não. Porque
a fé na verdade, fé no amor e fé na justiça não nos mudarão nem nos
darão nova vida. É a fé em Jesus. Não somos salvos pelas nossas obras,
pela nossa bondade ou pelos nossos princípios. Somos salvos por cau-
sa de Cristo e somente Cristo. A fé n’Ele é o que importa, porque Ele
é a nossa única esperança.
Então, a fé produz boas obras. As boas obras não nos salvam —
nem nada que se pareça. No entanto, as boas obras fluem da nossa
fé. É impossível dizer que recebemos a graça de Deus e que temos
verdadeira fé bíblica se não há nada de diferente nas nossas vidas. A
Bíblia é prática neste ponto. Somos salvos pela graça, mas se não há
algo realmente acontecendo algo de concreto no nosso caráter e com-
portamento existente, então, não é fé verdadeira. Porque, enquanto a
graça leva à fé, a fé leva às boas obras. “Pois somos feitura dele, criados
em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou
para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).
Os cristãos são obra de Deus. Poiema é a palavra grega para “o que
Ele fez em nós”, ou “obra manual”. Esta palavra é raiz da palavra em
inglês “poem”. Os cristãos são exclusivamente “peoms” de Deus —
obras de arte de Deus. A arte é bela, a arte é valiosa e a arte é uma
expressão do ser interior do artista. O que significa Paulo dizer que
os cristãos são obras de Deus? Em Cristo, somos vistos como belos,
valiosos e criados para ser uma expressão de nosso Criador, o Artista
Divino.
modernas pensam sobre Deus. Smith and Denton, Soul Searching: The Religious
and Spiritual Lives of American Teenagers (New York: Oxford University Press,
2005).
68
A GR AÇ A SALVADOR A
14. Um artigo do New York Times detalha um grupo de jornalistas que tiveram
permissão para subir andaimes e inspecionar de perto a escultura restaurada antes
do público. “A reconstrução do véu danificado, da área dos olhos, do nariz, do
braço e da mão parecia impecável, exceto em pequenas linhas que eram visíveis
69
C A MINHO • VERDADE • VIDA
É isso que Deus faz por todos que Ele salva pela graça. Somos Sua
obra-prima, Sua amada magnum opus, e Ele não permitirá que o dano
do pecado tenha a última palavra. Para provar o nosso valor, Deus
não apenas nos refaz à imagem de Jesus Cristo, mas também nos dá
um trabalho a fazer em Seu mundo. Fazemos esse trabalho porque
Deus nos reformulou. Quando sabemos disso profundamente, quando
realmente o compreendemos, nunca mais podemos dizer que são as
nossas boas obras que nos salvam. O moralismo nunca mais poderá
ser a nossa melhor resposta. Nossas boas obras são o subproduto do
que Deus fez em nós. Elas refletem a glória de Deus, não a nossa.
Aprecio as ideias que Eugene Peterson oferece na sua paráfrase da
equação de Paulo sobre a graça:
Agora Deus nos tem onde sempre quis. Tanto neste mundo
como no próximo, Ele quis derramar sobre nós graça e bonda-
de, em Cristo Jesus. A salvação foi ideia e obra d’Ele. Tudo o
que fazemos é confiar n’Ele o suficiente para permitir que Ele
aja na nossa vida. É um presente de Deus do início ao fim. Não
somos protagonistas nessa história. Se fosse o caso, andávamos
nos gabando de termos feito tudo! Não! Nada fizemos, nem nos
salvamos. Deus faz tudo e nos salva, Ele criou cada um de nós
por meio de Cristo Jesus, para nos juntarmos à obra que Ele faz,
a boa obra que Ele deseja que executemos e que faremos bem em
realizar.15
Deus, em Cristo, nos salva da condenação, julgamento e inferno.
Deus, em Cristo, nos redime e somos totalmente reconciliados.
Deus, em Cristo, nos justifica, corrigindo o que estava errado.
Deus, em Cristo, nos refaz e nascemos de novo.
apenas por uma inspeção minuciosa. Não houve diferença perceptível na cor
das peças restauradas e na superfície de mármore circundante da escultura.
‘Trabalhamos como dentistas’, disse Deoclecio Redig de Campos”. Paul Hoffman,
“Restored Pieta Show; Condition Near Perfect” New York Times, January 5, 1973,
https://www.nytimes.com/1973/01/05/archives/restored-pieta-shown-condition-
near-perfect-marks-on-marys-cheek.htm
15. Peterson, Eugene. A Mensagem, Efésios 2.7-10.
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A GR AÇ A SALVADOR A
71
△◻○
A VIDA
Através da graça santificadora, o Espírito
Santo nos capacita a viver uma vida totalmente
consagrada a Deus. Através da graça
sustentadora, o Espírito Santo coopera conosco
para permitir uma vida fiel e disciplinada no serviço
a Deus. Através da graça suficiente, o poder
de Deus é aperfeiçoado em nossa fraqueza.
△
◻
○
4
A GRAÇA
SANTIFICADORA
O mesmo Deus da paz os santifique em tudo. E que o
espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo. Fiel é aquele que os chama, o qual também o fará.
— 1 Tessalonicenses 5.23–24
1. A justificação é ficar bem com Deus, pela Sua graça, pela qual os nossos pecados
são perdoados e a nossa culpa é removida pelo sacrifício expiatório da morte de
Jesus na cruz. Ver o capítulo 3, “Graça Salvadora”.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
Por natureza
Ao longo de suas cartas no Novo Testamento, Paulo ensina ex-
plicitamente que os seres humanos nascem com uma natureza deso-
bediente e pecaminosa (Romanos 7.18, 35; Efésios 2.1-3; Colossenses
3.5). Não aprendemos a pecar. Ninguém precisa nos ensinar a pecar.
Não há nenhuma aula na escola chamada “Introdução ao Pecado”.
Ele vem naturalmente, e somos bons nisso. Esta não é uma visão
popular recente, nem nunca foi.
Nascido no século IV, Pelágio foi um monge irlandês que mais
tarde se tornou cidadão romano. Ele ensinou que as pessoas não ti-
nham uma natureza pecaminosa, mas que as crianças aprendem a
ser pecaminosas pelos maus exemplos que lhes são dados quando são
jovens. Pelágio argumentou que nascemos com uma natureza neutra
e que as crianças se tornam boas ou más devido, em grande parte, aos
seus modelos. Portanto, de acordo com Pelágio, os pecados são ações
deliberadas da vontade e, se aplicarmos nossos melhores esforços, po-
demos viver uma vida muito boa, longe do pecado.
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
4. N. T. Wright, The Day the Revolution Began: Reconsidering the Meaning of Jesus’s
Crucifixion (New York: HarperCollins Publishers, 2016), 76–77.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
As obras da carne
Como observado anteriormente, os escritos do Novo Testamento
— particularmente os atribuídos ao apóstolo Paulo — costumam se
referir a um aspecto da queda catastrófica do pecado original como
“obras da carne.” A palavra “carne” deriva de uma única palavra gre-
ga, sarx.5 Para não ser confundida com o corpo, a carne é usada no
sentido espiritual para se referir à inclinação egocêntrica que procu-
ra ser gratificada, ao amor desordenado do ‘eu’ que vive por si mes-
mo, em vez de se render totalmente à vontade e propósitos de Deus.6
Martinho Lutero — e, antes dele, Agostinho — descreveu isto grafi-
camente como o estado de “estar voltado para si mesmo” (incurvatus
in se). Pense profundamente no quadro mental que Lutero pinta ao
voltar-se para si mesmo: “Nossa natureza, pela corrupção do primeiro
pecado, [está] tão profundamente voltada para si mesma que não ape-
nas dobra os melhores dons de Deus para si mesma, como os desfruta
(como é evidente nas boas obras e hipócritas), ou melhor, até usa o
próprio Deus para obter estes dons, mas também falha em perceber
que busca de maneira tão perversa, distorcida e perniciosa todas as
coisas, até Deus, a seu próprio favor”.7
Quando Paulo diz: “(...) quero fazer o que é certo, mas não con-
sigo” (Romanos 7.18, NVT), está se referindo à impotência em sua
5. Uma teoria das duas naturezas da vida cristã foi introduzida através de um ponto
de vista dispensacional amplamente popular do final do século XIX e início do
século XX, que teve uma influência de longo alcance entre muitos evangélicos,
incluindo vários notáveis pregadores e professores evangélicos. Essa influência
levou o comitê da mais antiga tradução (1973) da Nova Versão Internacional
a traduzir “carne” (sarx) como “natureza pecaminosa”. Dunning ressalta que,
subsequentemente, Greathouse sugeriu que era “virtualmente impossível usar [essa
versão da tradução] como base para uma interpretação fiel do grego original”. A
comissão de tradução de 2011 da NVI reviu a sua tradução para “carne”. Dunning,
Pursuing the Divine Image: An Exegetically Based Theology of Holiness (Marrickville,
New South Wales: Southwood Press, 2016), Kindle Location 786.
6. Greathouse e Dunning definem carne como “‘eu’ vivendo para mim mesmo”.
Greathouse e Dunning, An Introduction to Wesleyan Theology, 53.
7. Martin Luther, Lectures on Romans, WA 56.304.
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10. Embora a “regeneração” não seja uma palavra bíblica em si, os teólogos criaram-
na para descrever a nova vida que é dada pela graça a uma pessoa como resultado
do seu novo nascimento em Cristo. Num sentido muito real, alguém é elevado a
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
uma nova vida, ocorre uma ressurreição espiritual e acontecem mudanças reais de
maneiras tangíveis e intangíveis.
11. “Wesley nunca usou este termo [santificação inicial], mas simboliza a sua crença
de que o momento da salvação começa o processo de ser justificado.” LeClerc,
Discovering Christian Holiness, 318.
12. “O termo grego traduzido para ‘mente’ é um dos mais significativos termos
antropológicos usados por Paulo. Refere-se ao aspecto de raciocínio de uma pessoa
quando os poderes do julgamento estão a ser exercidos.” Dunning, Pursuing the
Divine Image, Kindle Location 814. A capacidade, dada por Deus, de cada pessoa
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
nossa parte carnal que deseja administrar nossas próprias vidas, para
que o Espírito de Jesus possa assumir o controle completo.16
O aclamado professor escocês e escritor devocional Oswald
Chambers chega à essência de morrer para si mesmo, para que Cristo
seja conhecido cada vez mais:
Devo aceitar as minhas opiniões emocionais e crenças intelec-
tuais e estar disposto a transformá-las em um veredito moral con-
tra a natureza do pecado; isto é, contra qualquer reivindicação
que tenho do meu direito a mim mesmo. (...) Quando eu chego
a essa decisão moral e ajo de acordo com ela, tudo o que Cristo
realizou por mim na cruz é feito em mim. Meu compromisso
irrestrito de mim mesmo com Deus dá ao Espírito Santo a opor-
tunidade de me conceder a santidade de Jesus Cristo. (...) Minha
individualidade permanece, mas minha principal motivação
para viver e a natureza que me governa mudam radicalmente.17
A carne não precisa governar nossas vidas. A liberdade é ofereci-
da para uma vida santa. A graça santificadora é o meio e o remédio.
Então, como é que a graça santificadora realmente funciona na jorna-
da da graça? Para esse fim, temos o restante do capítulo.
16. Oswald Chambers se refere à noção de morrer para si mesmo como identificação
com a morte de Jesus e uma “co-crucificação” voluntária. Da mesma maneira, o
cristão pode unir-se a Jesus na Sua ressurreição e partilhar uma “co-ressurreição”
para uma nova vida. A vida de ressurreição de Jesus é agora experimentada na
vida de santidade. Chambers, My Utmost for His Highest (Uhrichsville, OH:
Barbour and Company, 1935), 73.
17. Chambers, My Utmost for His Highest, 58.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
incomodado com isso. Eles aceitaram esse fato. “Oh, George é assim
mesmo”, diziam. Ninguém esperava que ele se tornasse mais parecido
com Jesus.
Ao pensar nele, passei a acreditar que a pergunta errada a ser feita
sobre a saúde de uma igreja é: “quantas pessoas estão frequentando?”.
A melhor pergunta, ou pelo menos aquela que se move na direção
certa é: “como são essas pessoas?”18. Quando alguém se torna cristão,
o objetivo não é apenas aprender a seguir a Cristo, mas também viver,
de fato, uma vida cristã. Este é o objetivo do discipulado na jornada
da graça.
O objetivo do discipulado
Quando Paulo expôs os dons de ministério, disse que haveria
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, mas que seu pro-
pósito unificado seria “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para
o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”
(Efésios 4.12). Há muito a dizer sobre essas palavras em relação ao
discipulado, mas vamos começar com o conceito de “corpo”.
O corpo é uma analogia intrigante, porque sempre que o cresci-
mento espiritual é mencionado, supõe-se que algo esteja vivo. Todas
as coisas vivas crescem. Coisas mortas permanecem estáticas ou
deterioradas. Apenas coisas vivas crescem. Coisas inanimadas não
crescem. Uma peça de mobília não cresce. Uma rocha não cresce.
Apenas organismos crescem.
Um organismo pode ser: (1) uma coisa viva, como uma planta,
animal ou pessoa; ou (2) um sistema funcional de partes interdepen-
dentes que compreendem uma criatura ou coisa viva. As plantas são
organismos. As plantas não podem crescer sem luz solar, água e nu-
trientes. Elas precisam de um ecossistema para sustentar seu cresci-
mento ou morrem. Nossos corpos humanos também são organismos.
18. Bill Hull, The Disciple-Making Pastor (Old Tappan, NJ: Revell, 1988), 13.
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19. James Emery White, Rethinking the Church: A Challenge to Creative Redesign in an
Age of Transition (Grand Rapids: Baker Books, 1997), 55.
20. White, Rethinking the Church, 56.
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
são “a esta altura”, podemos presumir que essa parte das Escrituras foi
escrita para crentes que já eram cristãos há algum tempo. Em vez de
se tornarem professores da jornada da graça através de suas palavras
e exemplo, eles ainda estavam comendo comida de bebê. O cami-
nho para seguirem uma dieta adulta e tornarem-se cristãos maduros
é através do treinamento em retidão — treinamento que os ajude a
reconhecer a diferença entre o certo e o errado e a distinguir entre
o bom e o melhor. Isso é estar caminhando em direção à perfeição
cristã, ou uma maturidade em Cristo que permite que os crentes ar-
rependidos se desviem dos aspectos da carne que ainda permanecem
no coração.28
A frase “pela prática constante, são capazes” nas Escrituras de
Hebreus é intrigante. Implica esforço intencional e implica que os
cristãos participem do próprio crescimento espiritual em Cristo.
Outros exemplos são abundantes: “Equipe-se! Edifique a sua fé!
Corra! Guarde o seu coração!” Todos estes exemplos são mandamen-
tos bíblicos para desenvolver, no mundo, o que Deus está fazendo em
nós. Este treinamento é realizado por práticas específicas — ou meios
da graça — que John Wesley chamou de obras de piedade e obras
‘prosseguir até à perfeição’. (Hebreus 6.1). (3) Não acontece tão tarde como a
morte; pois Paulo fala de homens vivos que eram perfeitos (Filipenses 3.15)”.
Wesley, A Plain Account of Christian Perfection, Annotated, eds. Randy L. Maddox
and Paul W. Chilcote (Kansas City, MO: Beacon Hill Press of Kansas City, 2015).
28. John Wesley, num sermão intitulado “The Repentance of Believers”
[O Arrependimento dos Crentes], enfatizou a contínua necessidade de
arrependimento para os cristãos que buscam a vida santa. Num artigo apresentado
em uma conferência de santidade, um dos meus professores de teologia do
seminário, Rob L. Staples, disse: “A inteira santificação pode ser entendida como
um compromisso total do nosso destino da theosis [renovação à imagem de Deus]
com um contínuo arrependimento por, e resultante limpeza de qualquer coisa que
impeça ou dilua esse compromisso, ou o que Wesley chamou de ‘arrependimento
dos crentes’ que disse ser ‘necessário em todas as etapas subsequentes do nosso
percurso cristão’”. Staples, “Things Shakable and Things Unshakable in Holiness
Theology,” Revisioning Holiness Conference, Northwest Nazarene University,
February 9, 2007.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
29. “Por ‘meios da graça’ entendo sinais externos, palavras ou ações, ordenadas por
Deus e designadas para esse fim, como os meios comuns pelos quais Ele pode
transmitir aos homens a graça preveniente, justificadora ou santificadora.” Wesley,
“Sermon 16: The Means of Grace,” II.1, http://wesley.nnu.edu/john-wesley/the-
sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-16-the-means-of-grace/. Os meios de
graça são também às vezes chamados de disciplinas espirituais.
30. Joel B. Green and William H. Willimon, eds., Wesley Study Bible New Revised
Standard Version (Nashville: Abingdon Press, 2009), 1488, footnote “Going on to
Perfection”.
31. Para obter mais informações sobre os meios da graça, consulte o capítulo 5, “Graça
Sustentadora”.
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
mais fácil dormir. Eles podem se preparar para tal. Podem deitar na
cama, apagar as luzes, fechar os olhos, ouvir música suave e o sono
acabará chegando! Eles não podem controlar o sono, mas não ficam
desamparados. Eles podem estar disponíveis para dormir e deixar que
o sono os invada. O mesmo se aplica ao crescimento espiritual. Não
podemos nos santificar ou nos tornar como Jesus. O Santo é que nos
torna santos. Deus é o nosso santificador. No entanto, tal como em
nossa salvação, é necessário haver cooperação. Nós não nos salva-
mos, mas devemos dizer sim à graça salvadora.
O eminente professor de discipulado Dallas Willard disse: “A gra-
ça não se opõe ao esforço; é contrária a ganhar”.32 Graça é mais do
que regeneração, justificação e perdão. A graça é necessária para toda
a jornada do discipulado. Mesmo assim, talvez o grande perigo de
nosso tempo não seja pensar que estamos fazendo muito em nossa
jornada de discipulado, mas supor que não devemos fazer nada. A
passividade pode ser tão perigosa quanto o legalismo. Quando Paulo
diz para tirar o velho eu e vestir o novo, certamente quer dizer que
devemos fazê-lo com a ajuda de Deus. Paulo é enfático em relação a
isso: “Exercite-se, pessoalmente, na piedade” (1 Timóteo 4.7) e no-
vamente: “Vocês não sabem que os que correm no estádio, todos, na
verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Corram de tal maneira
que ganhem o prêmio” (1 Coríntios 9.24).
Graça significa que Deus fez tudo o que não poderíamos fazer
por nós mesmos, mas isso não significa que agora nos tornamos con-
sumidores que nada contribuem para o relacionamento. Esta ideia
equivocada explica a abordagem do discipulado sem ações de muitos
cristãos e, como resultado, a falta de crescimento e maturidade espiri-
tual. Assim, Dallas Willard também disse, “sabemos, como Jesus diz:
‘porque sem mim vocês não podem fazer nada’ (João 15.5) (...) mas é
32. Dallas Willard, The Great Omission: Reclaiming Jesus’s Essential Teachings on
Discipleship (New York: HarperCollins, 2006), 61.
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melhor acreditarmos que o contrário deste versículo diz: ‘Se não fize-
rem nada, será sem mim’. E esta é a parte que temos mais dificuldade
em ouvir”.33 Cooperamos com a graça ativa de Deus reordenando as
nossas vidas em torno das atividades, disciplinas e práticas que foram
modeladas por Jesus Cristo. Além disso, participamos delas não para
ganhar nossa santificação, mas para alcançar, por meio do treinamen-
to o que não podemos fazer meramente “tentando com mais afinco”.
4. O crescimento espiritual é um esforço comunitário. Os lei-
tores ocidentais tendem a se surpreender com a ênfase comunitária
da descrição de Paulo da jornada da graça, embora muitas culturas
não ocidentais já saibam que não podemos fazer a jornada sozinhos.
Lendo novamente a partir de seu principal tratado teológico em re-
lação à igreja: “Ele faz que todo o corpo se encaixe perfeitamente. E
cada parte, ao cumprir sua função específica, ajuda as demais a cres-
cer, para que todo o corpo se desenvolva e seja saudável em amor”(E-
fésios 4.16, NVT, ênfase adicionada). Por mais inesperados que estes
versículos possam ser para as culturas acostumadas a curvar-se no
altar do individualismo, incluindo a espiritualidade individualista,
Paulo não pede desculpas pelo fato de que o nosso discipulado nunca
teve a intenção de ser um ato solo. Cada “parte” (individual) do corpo
é importante e tem um trabalho único a ser feito, mas todo o trabalho
individual tem um propósito combinado: ajudar as outras partes a
crescerem.
É sinergia sagrada. “Sinergia” vem da palavra grega synergos, que
significa “trabalhar juntos”. Já foi dito que o trabalho de um todo é
maior do que a soma individual de suas partes ou que a combinação
das partes individuais produz um impacto maior do que se poderia
fazer sozinho. A sinergia é encontrada na natureza, nos negócios, nos
33. Willard, “Spiritual Formation: What It Is, and How It Is Done,” n.d., http:// www.
dwillard.org/articles/individual/spiritual-formation-what-it-is-and-how-it-is-done.
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
A equação da santidade:
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
“Santidade significa que não há uma área de sua vida que este-
ja fora do controle de Jesus Cristo”.37 Tiramos as mãos do volante
e deixamos Jesus assumir o comando e dar as ordens. Dizemos: “Tu
és o meu Salvador (salvação); agora dobro os meus joelhos e faço de
Ti o meu Senhor (santificação)”. Somos separados para um propó-
sito santo, e o perfeito amor de Deus começa a fluir através de nós.
Começamos a amar a Deus verdadeiramente com todo nosso cora-
ção, mente e força, e nosso próximo como a nós mesmos.
37. A primeira vez que ouvi Dennis Kinlaw usando essa expressão foi num sermão
da capela do seminário de 1991. Foi também a primeira vez que me lembro
de entender que o controle de Deus sobre a minha vida não era um desejo de
manipulação da Sua parte, mas um desejo de intimidade. Na minha opinião,
Kinlaw foi um dos melhores pregadores de santidade do final do século XX e início
do século XXI, até à sua morte em 2017.
38. A “glorificação” refere-se ao estado de um crente após a morte e a ressurreição
final de todas as coisas. “Pela graça de Deus, seremos finalmente glorificados
— ressuscitados com Cristo quando Ele voltar e transformados à Sua completa
semelhança, para desfrutar da Sua glória para sempre”. Greathouse and Dunning,
An Introduction to Wesleyan Theology, 54. Além disso, Diane LeClerc refere-se à
glorificação como a santificação final em “que uma pessoa é removida da própria
presença do pecado”. LeClerc, Discovering Christian Holiness, 318.
103
C A MINHO • VERDADE • VIDA
39. Em referência à ideia de que a inteira santificação implica toda uma vida de
negar a si mesmo (carne) e levar a cruz, “J. O. McClurkan, líder de um dos ramos
do sul do início do Movimento de Santidade, referia-se a este último aspecto da
vida santificada como ‘uma morte mais profunda do eu’, que na realidade deveria
acontecer durante toda a vida cristã. Por experiência, ele reconheceu que nem
toda a vida podia ser comprimida num momento de experiência”. Dunning,
Pursuing the Divine Image, Kindle Location 853. Para obter uma discussão mais
aprofundada sobre isto, consulte William J. Strickland and H. Ray Dunning, J.
O. McClurkan: His Life, His Theology, and Selections from His Writings (Nashville:
Trevecca Press, 1998).
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A GR AÇ A SANTIFIC ADOR A
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C A MINHO • VERDADE • VIDA
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△
◻
○
5
A GRAÇA
SUSTENTADORA
E ao Deus que é poderoso para evitar que vocês tropecem
e que pode apresentá-los irrepreensíveis diante da sua
glória, com grande alegria, a este que é o único Deus,
nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam
a glória, a majestade, o poder e a autoridade, antes de
todas as eras, agora, e por toda a eternidade. Amém!
— Judas 1.24–25
109
C A MINHO • VERDADE • VIDA
Nossa primeira resposta pode ser: “Tudo pode ser seu, exceto
(preencher o espaço em branco). Eu dei a Ti 99% de mim. Não há
nada que eu possa guardar para mim? Espera que eu Lhe dê tudo?”1
Com amor paciente e dedicação inabalável para cumprir o objeti-
vo final (telos) do nosso discipulado, o Espírito de Jesus sussurra: “Sim,
tudo de ti. Cem por cento. Sem conter nada”.
Ser totalmente de Deus é compartilhar em tudo a vida prometida
de Deus. Quanto mais do nosso eu é entregue a Deus, maior é a paz e
a alegria. Oswald Chambers acredita que a vida eterna não é uma dá-
diva originada em Deus, mas uma dádiva pertencente a Deus. Além
disso, o poder espiritual que Jesus prometeu aos Seus discípulos após
a Sua ressurreição e em antecipação ao Pentecostes não é um dom
do Espírito Santo, mas sim o poder do Espírito Santo (Atos 1.8). O
resultado é um suprimento infinito da vida abundante que aumenta
a cada renúncia para Deus. Mais uma vez, a visão de Chambers é es-
clarecedora: “Mesmo o santo mais fraco pode experimentar o poder
da divindade do Filho de Deus, quando está disposto a ‘entregar-se’.
Mas qualquer esforço para ‘nos apegar’ ao mínimo de nosso próprio
poder só diminuirá a vida de Jesus em nós. Temos que continuar nos
entregando, e a vida de Deus nos invadirá, pouco a pouco, mas de
forma segura, penetrando em todas as partes”.2
O coração humano é o lugar do pecado e da desobediência,
mas também é o lugar da graça e da santidade. Na graça que busca,
Deus corteja nosso coração; na graça salvadora, Deus o captura; na
graça santificadora, Deus o limpa. Nossa predisposição se move do
coração de um servo para o coração de um filho. Descobrimos que
já não servimos a Deus por medo do que poderia acontecer se não
1. “Cuidado para nunca pensar: ‘Oh, isto na minha vida não importa muito’. O fato
de que não importa muito para você pode significar que importe muito para Deus.
Nada deve ser considerado um assunto trivial por um filho de Deus. Nada nas
nossas vidas é um mero detalhe insignificante para Deus”. Chambers, My Utmost
for His Highest, 76–77.
2. Chambers, My Utmost for His Highest, 74–75.
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A GR AÇ A SUSTENTADOR A
A justiça transmitida
Talvez seja útil dizer algumas palavras sobre a diferença entre a
justiça imputada e a transmitida. Segundo Diane LeClerc, a justiça
imputada é “a justiça de Jesus creditada ao cristão, que permite que o
cristão seja justificado. Deus vê a pessoa através da justiça de Cristo,
mas não se refere à transformação interior e à limpeza do indivíduo
feita por Deus.” A justiça concedida, por outro lado, é “um dom gra-
cioso de Deus dado no exato momento do novo nascimento de um
indivíduo. Deus começa o processo de nos tornar santos”.4
A diferença entre as duas não é tão sutil como se imagina. Uma é
uma justiça creditada — aplicada, por assim dizer; a outra é uma jus-
tiça que habita. A justiça concedida pode ser entendida como o dom
de Deus que capacita e dá poder ao discípulo de Cristo para se esfor-
çar pela santidade, santificação e amor perfeito. Mais precisamente,
Timothy Tennent capta bem a diferença: “Como cristãos, sabemos
que Deus toma os pecadores e os veste com a justiça de Cristo (im-
putada). Depois, Deus opera em nós toda boa obra, para que a justiça
que antes nos foi imputada, se torne, em tempo real, transmitida a
nós, em medidas cada vez maiores”.5
O otimismo da graça
A justiça concedida é o que tornou John Wesley tão otimista
quanto ao potencial da transformação. Reconhecendo plenamente a
devastação do pecado original, Wesley não estava otimista quanto a
4. LeClerc, Discovering Christian Holiness, 312. É por isso que John Wesley se referiu
ao novo nascimento como santificação inicial. Embora não negue a outra, a
tradição reformada tende a enfatizar a justiça imputada, enquanto a teologia
wesleyana de santidade coloca a principal ênfase na justiça transmitida.
5. Timothy Tennent, “Living in a Righteousness Orientation: Psalm 26” Seedbed
Daily Text, September 1, 2019, https://www.seedbed.com/living-in-a-righteousness-
orientation-psalm-26/. Tennent acrescenta: “Somente na nova criação é que isto
é totalmente completo, mas a santificação é o chamado de cada crente — em ser
separado como santos — para que com todo o coração possamos louvar ao Senhor
‘nas congregações’ (Salmos 26.12).
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Perdão e poder
A jornada da graça é a transformação da pessoa como um todo.
A justiça é transmitida; a santidade é dada. Não é “se esforçar mais”
ou “se recompor”, mas uma verdadeira mudança que resulta em uma
vida de poder. Em outras palavras, a graça de Deus é necessária para
o perdão e para o poder. Precisamos do perdão de nossos pecados
(absolvição) e precisamos de força (poder) para viver uma vida que
honre a Deus. Um sem o outro leva a extremos perigosos. Se disser-
mos: “Deus nos perdoará, mas Ele realmente não Se importa com a
maneira como vivemos nossas vidas imperfeitas, porque, afinal, tudo
está coberto pela graça”, corremos o risco de antinomianismo. Por
outro lado, se presumirmos que a graça é necessária apenas para per-
doar nossos pecados, mas depois cabe a nós seguir em frente sozinhos,
corremos o risco de legalismo. Ambos são extremos perigosos que im-
pedem a jornada da graça. O apóstolo Paulo fala desses dois extremos
quando diz: “desenvolvam a sua salvação com temor e tremor, porque
Deus é quem efetua em vocês tanto o querer como o realizar, segundo
a sua boa vontade” (Filipenses 2.12b-13). Quem é o responsável pelo
nosso crescimento espiritual? É trabalho nosso ou de Deus? A respos-
ta de Paulo é sim para ambas as perguntas e isso não é contraditório.
Considere o extremo do legalismo. O legalismo em sua defini-
ção teológica mais estrita é a noção exagerada de que a obediência
a regras, regulamentos e códigos específicos de conduta é necessária
para a salvação. Na prática, diz o legalismo, sabemos que Deus provi-
denciou nossa salvação através da cruz de Jesus, mas a sua realização
6. “Como Wesley diria, negar este otimismo tornaria o poder do pecado maior que
o poder da graça — uma opção que deveria ser impensável para uma teologia
wesleyana de santidade”. LeClerc, Discovering Christian Holiness, 27.
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8. John Wesley, “Letter on Preaching Christ”, The Works of the Rev. John Wesley,
Volume 6.
9. Ver a ênfase do capítulo 2 em “desenvolver no mundo o que Deus está fazendo em
nós”.
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10. John Wesley, “Sermon 85: On Working Out Our Own Salvation”, 3.2, http://
wesley.nnu.edu/john-wesley/the-sermons-of-john-wesley-1872-edition/sermon-85-
onworking-out-our-own-salvation.
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11. Mildred Bangs Wynkoop nos lembra que a ênfase principal de John Wesley estava
mais na graça livre do que no livre arbítrio. Portanto, os da tradição wesleyana
falariam com mais precisão da “vontade libertada”, que se refere à vontade
autorizada e tornada livre pelo Espírito Santo, possibilitando que uma pessoa
confesse ativamente a fé em Jesus Cristo. Ao longo de todo o caminho, a salvação
é de Deus, somente pela graça. Wynkoop, Foundations of Wesleyan-Arminian
Theology, 69.
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ciclo vicioso de não querer fazer algo, mas ser incapaz de resistir, e de
querer fazer algo, mas ser incapaz de fazê-lo. “Quem me livrará do cor-
po desta morte?” (7.24). Agora estando sob o poder do Espírito Santo,
continua Paulo, ele pode dizer sim a Deus e não à tentação. “Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De maneira que eu, de mim
mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a car-
ne, sou escravo da lei do pecado” (7.25). Sem o Espírito Santo, nossa
vontade humana é fraca e impotente para obedecer; com o Espírito
Santo, somos capacitados a obedecer. Não é que quem seja santifica-
do nunca mais possa pecar, mas agora tem o poder para não pecar.
A diferença é a graça sustentadora de Deus que nos impede de cair.
A fidelidade se baseia na fé e na plenitude. Como Wesley foi rá-
pido em acrescentar, o Espírito Santo fortalece a nossa vontade, para
que possamos produzir “todo bom desejo, esteja relacionado ao nosso
temperamento, palavras ou ações, à santidade interna e externa.”12
12. Wesley, “Sermon 85: On Working Out Our Own Salvation”, III.2.
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13. Wright, After You Believe: Why Christian Character Matters (New York:
HarperCollins Publishers, 2010), 18-20.
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crises; é sim revelado nelas. Quando não temos tempo para pensar,
quem realmente somos é constantemente exposto.
H. Ray Dunning mostrou como alguns dos termos de Wesley do
século XVIII diferem do uso contemporâneo. Por exemplo, no que
diz respeito à nossa discussão sobre o livre arbítrio, “liberdade” foi
o termo que ele usou para liberdade de escolha, enquanto o termo
“vontade” foi usado para se referir ao que chamou de “afeições”, ou as
inclinações que motivam a ação humana. As afeições não se referiam
a sentimentos que vêm e vão, nem eram alteradas por modificações
temporárias de comportamento. Elas tinham mais a ver com o nível
mais profundo da razão de uma pessoa escolher certas coisas ou ações.
Intimamente relacionado às afeições estava o uso de Wesley do termo
“temperamento”. Um temperamento no século XVIII não significava
que uma pessoa estivesse irritada ou que se chateasse facilmente. Pelo
contrário, estava mais de acordo com a forma como usamos o termo
“temperamento” hoje em dia. Wesley usou temperamento no sentido
de “uma disposição duradoura ou habitual de uma pessoa”.18 Ou, mais
exatamente, aquelas afeições humanas que são focadas e desenvolvi-
das em aspectos duradouros do caráter de alguém, cultivadas pelos
meios da graça, até que não sejam mais situações momentâneas, mas
se tornam virtudes estáveis a longo prazo e, quando feitas com a in-
tenção justa, sejam “ temperamentos santos”.
“Temperamentos santos” era uma expressão frequentemente
usada nos ensinos de Wesley sobre o discipulado, especialmente em
suas reflexões sobre o fruto do Espírito em Gálatas. “Mas o fruto do
Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bonda-
de, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5.22–23). Vale a
pena destacar vários aspectos deste texto. Para começar, Wesley foi
enfático em mencionar que o fruto era singular, não plural (“frutos”).
Se fosse plural, a pessoa podia se sentir tentada a focar em um “fruto”
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Vício e virtude
Paulo admoesta os cristãos de Corinto: “Examinem-se para ver se
realmente estão na fé; provem a si mesmos. Ou não reconhecem que
Jesus Cristo está em vocês?” (2 Coríntios 13.5). No seu estilo percepti-
vo habitual, a paráfrase de Eugene Peterson é apropriada: “Testem-se
para saber se estão firmes na fé. Não se enganem, pensando que tudo
está garantido. Criem o hábito do autoexame. Vocês precisam de evi-
dências em primeira mão, não apenas de ouvir dizer que Jesus Cristo
está em vocês. Façam o teste. Se o resultado não for bom, tomem
alguma providência” (versículos 5-9).
Exames regulares de saúde são sempre melhores do que ataques
cardíacos ou derrames. Um problema que é encontrado cedo o su-
ficiente geralmente é tratável. Da mesma forma, uma manutenção
rotineira no automóvel geralmente pode prevenir falhas catastrófi-
cas do motor. Ao longo da história bíblica, os períodos de quarenta
dias foram reconhecidos como tempos de preparação, purificação e
inventário espiritual.24 Alguém poderia argumentar que o objetivo
23. “A linguagem de Wesley das ações santas a ‘fluir’ dos temperamentos santos sugere
que ele apreciou o sentido em que as afeições habituais trazem ‘liberdade’ às ações
humanas — a liberdade que vem da prática disciplinada (por exemplo, a liberdade
de tocar um concerto de Bach)”. Maddox, Responsible Grace, 69.
24. A época da Quaresma no calendário cristão é baseada no conceito de quarenta
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dias de autoexame.
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limites no que assistir no Netflix. O pai sábio sabe que isto não é
punição; é preparação para o futuro deles. Pode parecer injusto para
o filho, até cruel, mas chega o dia em que ele aprende a apreciar os
limites estabelecidos por pais amorosos para protegê-lo e ajudá-lo a se
tornar um adulto saudável e em pleno funcionamento. De maneira
semelhante, Deus nos disciplina para a santidade. Pode não parecer
agradável no momento, mas planta sementes para o fruto pacífico de
uma vida justa, e — não perca esta parte — temos que ser treinados
nela.
E. Stanley Jones disse sabiamente: “Você não pode obter a salvação
por meio de disciplinas — é o dom de Deus. Mas você não pode retê-
-la sem as disciplinas”.25 Quanto à formação do caráter, Agostinho é
creditado por definir a virtude como “um bom hábito condizente com
a nossa natureza”. Além disso, Jones cita os hábitos simples de Jesus
como exemplo de alguém que era totalmente dependente de Deus e
pessoalmente disciplinado em seus hábitos: “Ele fazia três coisas por
hábito: (1) ‘Ele se levantava para ler como era seu costume’ — Ele leu
a Palavra de Deus por hábito. (2) ‘Ele saiu para a montanha para orar
como era seu costume’ — Ele orava por hábito. (3) ‘Ele os ensinou
novamente como era seu costume’ — Ele transmitiu aos outros por
hábito o que Ele tinha e o que Ele tinha encontrado. Esses hábi-
tos simples foram os hábitos básicos de sua vida”.26 Hábitos sagrados
formam discípulos saudáveis. Voltando à ideia de Wesley acerca dos
temperamentos santos, ele acreditava que eram formados nos cristãos
ao participarem da vida da igreja através de práticas habituais que ele
chamava de “meios da graça”, também conhecidos como disciplinas
espirituais. Os meios da graça são canais da graça transformadora de
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27. James K. A. Smith, You Are What You Love: The Spiritual Power of Habit (Grand
Rapids: Brazos Press, 2016), 68-69.
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28. Rob L. Staples, Outward Sign and Inward Grace: The Place of Sacraments in
Wesleyan Spirituality (Kansas City, MO: Beacon Hill Press of Kansas City, 1991),
21. Ênfase acrescentada.
29. Wright, After You Believe, 223.
30. A justificativa para os dois sacramentos é uma preferência por praticar apenas os
instituídos por Jesus Cristo (também conhecidos como “sacramentos dominicais”).
31. Wesley, A Plain Account of Christian Perfection, Annotated, 45.
32. Maddox, Responsible Grace, 202.
33. “Quando Jesus diz ‘memória’, a palavra grega é anamnese. É muito mais que
uma lembrança histórica. Aponta para uma lembrança inspirada pelo Espírito
Santo que introduz o evento do passado no presente de tal forma que ele está,
literalmente, ‘acontecendo novamente’”. J. D. Walt, “Wonder Bread”, Seedbed
Daily Text, April 24, 2020, https://www.seedbed.com/ wilderness-wonder-bread/.
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34. “Ordenança de Conversão” é uma expressão que John Wesley usou pessoalmente.
Staples, Outward Sign and Inward Grace, 252. Pelo testemunho da sua própria mãe,
de que ela recebeu plena certeza da sua fé ao participar na Santa Ceia e por muitos
outros testemunhos de experiências como essa, Wesley ficou convencido de que
o momento da Santa Ceia “re-apresenta” o sacrifício, de uma vez por todas, de
Cristo numa apresentação dramática, transmitindo o seu poder salvífico”. Maddox,
Responsible Grace, 203.
35. Ver Staples, Outward Sign and Inward Grace, 201–249.
36. Wright, After You Believe, 281.
37. Wright, After You Believe, 281.
38. Staples, Outward Sign and Inward Grace, 98; Maddox, Responsible Grace, 222.
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41. Esta seção sobre as classes é adaptada do meu livro sobre ministério urbano.
Para obter mais detalhes sobre a conferência cristã e o impacto das classes no
Metodismo, consulte David A. Busic, The City: Urban Churches in the Wesleyan-
Holiness Tradition (Kansas City, MO: The Foundry Publishing, 2020).
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42. Harry S. Stout, The Divine Dramatist: George Whitefield and the Rise of Modern
Evangelicalism (Grand Rapids: Eerdmans, 1991), xiii–xvi.
43. J. W. Etheridge, The Life of the Rev. Adam Clarke (New York: Carlton and Porter,
1859), 189.
44. Etheridge, The Life of the Rev. Adam Clarke, 189.
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A misericórdia do autocontrole
Aprender a orar, jejuar, ler as Escrituras, refletir, estudar, sim-
plicidade, solidão, submissão, serviço, confissão, adoração e a pres-
tação de contas relacional são exemplos de meios da graça. Essas e
outras disciplinas espirituais como elas, são parte integrante da graça
sustentadora.
Você pode dizer: “Não tenho aptidão para essas coisas!”. Junte-se
ao clube. O fato é que ninguém tem aptidão para elas, no início. Elas
não são glamorosas e exigem muito trabalho e prática contínua. Não
se esqueça, com o Espírito ajudando, nossa velha natureza está sendo
transformada em uma nova até que o que antes não vinha natural-
mente, se torne uma segunda natureza e “até que Cristo seja formado
em vocês” (Gálatas 4.19). Talvez seja por isto que o domínio próprio
esteja listado como a última característica do fruto do Espírito. O do-
mínio próprio é necessário porque o fruto não é automático. As flores
mostram sinais iniciais de potencial, mas sem a concentração sinto-
nizada e a atenção deliberada, é improvável que o fruto amadureça.
Wright enfaticamente afirma que alguns frutos podem ser simu-
lados: “As variedades do fruto que Paulo menciona aqui são com-
parativamente fáceis de falsificar, especialmente em pessoas jovens,
saudáveis e felizes — exceto o domínio próprio. Se essa característica
não existe, sempre vale a pena perguntar se a aparência das outras
características do fruto é apenas isso, uma aparência, em vez de um
45. John Wesley, “The Nature, Design, and General Rules of the United Societies”,
Works, 9.69.
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48. Woods apareceu num bem conhecido programa de televisão aos dois anos de idade
e mostrou a sua habilidade no golfe.
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49. Jones, Conversion, quoted in Foster and Smith, Devotional Classics, 281.
50. The Book of Common Prayer (Cambridge: Cambridge University Press, n.d.),
97–98.
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△
◻
○
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Então ele me disse: “A minha graça é o que basta para
você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”
— 2 Coríntios 12.9
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2. Douglas Ward, “The ‘Third Heaven’”, The Voice: Biblical and Theological Resources
for Growing Christians, 2018, https://www.crivoice.org/thirdheaven.html. Muitos
estudiosos afirmam que a visão que Paulo descreve em 2 Coríntios é uma
referência ao seu encontro na estrada de Damasco com o Cristo ressuscitado.
3. Alguns especularam que o espinho na carne de Paulo era físico: uma condição
da pele, um problema agudo de visão ou epilepsia. Outros sugerem que o espinho
era uma memória do seu passado como perseguidor da igreja e as dificuldades
relacionais que poderiam ocorrer com os cristãos judeus.
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Não, Paulo. Você vai continuar com o espinho, mas quero que você
saiba disto: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfei-
çoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9). Você é mais forte em seus mo-
mentos mais fracos quando estou contigo do que nos seus momentos
mais fortes sem mim. A minha força é aperfeiçoada em sua fraqueza.
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Eu respondi: “Você tem razão. Você não tem forças agora, porque
ainda não precisou passar por isso. Espero que nunca precise, mas se
precisar, haverá graça suficiente.”
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5. Richard John Neuhaus, Freedom for Ministry (Grand Rapids: Eerdmans, 1979), 90.
6. Neuhaus, Freedom for Ministry, 88.
7. Langford, Reflections on Grace, 107.
8. Ouvi esta ilustração num sermão pregado pelo Rev. Dr. Thomas Tewell nos anos
90 chamado “A Tenacidade de um Bulldog”.
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A graça do lamento
A graça suficiente não elimina todos os nossos medos e dúvidas.
Não há como evitar: mesmo na esperança, há espaço para perguntas.
É possível ter fé mesmo quando há mais perguntas do que respostas. É
possível lamentar e manter a esperança ao mesmo tempo. Não é ape-
nas possível — também é bíblico. Chamamos isso de lamento. Dos
150 salmos no livro de orações que chamamos de Saltério, existem
diferentes variedades de salmos, incluindo ação de graças, realeza, as-
censão, lamento e até imprecatórios (orações que fazemos quando es-
tamos com ira). Os salmos nos oferecem exemplos, como a inspirada
Palavra de Deus, de como orar em toda e qualquer situação da vida.
Os salmos de ação de graça (hallel — de onde obtemos nossa pa-
lavra “aleluia”) são orações de louvor que oferecemos quando a vida
está bem ordenada e a presença de Deus parece estar especialmente
próxima. Os salmos de lamento, por outro lado, são as orações que cla-
mamos a Deus em nossa dor, quando a vida está difícil e turbulenta,
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JESUS CRISTO É
O SENHOR
Uma vida totalmente dedicada a Deus tem
mais valor para Ele do que cem vidas que foram
simplesmente despertadas pelo seu Espírito.
— Oswald Chambers
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