Avaliacao de Alunos - Construindo Um Parecer Avaliativo

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R E V I S T A M E T A : A V A L I A Ç Ã O

Av a l i a ç ã o d e a l u n o s : c o n s t r u i n d o u m
parecer avaliativo de produção do
e - Av a l p u b l i c a d a e n t r e 2 0 0 8 e 2 0 1 0
MI CHELLE RIBEIRO LAG E DE AM ORIMI
L Ú C I A R E G I N A G O U L A R T V I L A R I N H O II
L Í G I A S I L V A L E I T E III
http://dx.doi.org/10.22347/2175-2753v12i37.3172
Resumo
Este Parecer, desenvolvido na disciplina Prática de Avaliação do Mestrado
Profissional em Avaliação, da Faculdade Cesgranrio, teve por objetivo analisar
14 artigos publicados nos anos de 2008 a 2010, classificados no eixo temático
Avaliação de Alunos, categoria Avaliação de Desempenho Cognitivo ou de
Aprendizagem e incorporados ao banco de dados e-Aval deste curso. Nele,
foram analisados os principais elementos constitutivos dessa produção
científica, entre outros: o problema; objeto e objetivo de estudo; abordagem
avaliativa e resultados. Verificou-se que apesar dos artigos apresentarem o
termo “avaliação” em suas palavras-chave ou no título e se relacionarem de
alguma forma à temática, não desenvolveram uma avaliação normativa que
privilegiasse os aspectos da metodologia da avaliação e adotados na análise
desses artigos.
Palavras-chave: Avaliação de Alunos. Avaliação de Desempenho Cognitivo
ou de Aprendizagem. Estado da Arte da Avaliação.

Submetido em: 09/10/2020


Ap rovad o em : 03/11 /2020

I Mestrado Profissional em Avaliação Faculdade Cesgranrio, Rio de Janeiro (RJ), Brasil;


https://orcid.org/0000-0003-3421-9177; e-mail: [email protected].
II Mestrado Profissional em Avaliação Faculdade Cesgranrio, Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
https://orcid.org/0000-0002-1246-6049; e-mail: [email protected].
III Mestrado Profissional em Avaliação Faculdade Cesgranrio, Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
https://orcid.org/0000-0003-1378-7933; e-mail: [email protected].
Evaluation of students: building an evaluative opinion
o n t h e p r o d u c t i o n o f e - Av a l p u b l i s h e d b e t w e e n 2 0 0 8
and 2010

Abstract
This Opinion, developed in the Evaluation Practice discipline of the Professional Master's
in Evaluation, at Faculdade Cesgranrio, aimed to analyze 14 articles, published in the
years 2008 to 2010, classified in the thematic axis Evaluation of Students, Cognitive or
Learning Performance Assessment category and incorporated into the e-Aval database
of this course. In it, the main constituent elements of this scientific production were
analyzed, among others: the problem; study object and objective; evaluative approach
and results. It was found that although the articles present the term “evaluation” in their
keywords or in the title and are related in some way to the theme, they did not develop
a normative evaluation that privileged the aspects of the evaluation methodology
adopted for the analysis of these articles.
Keywords: Student Evaluation. Cognitive or Learning Performance Assessment. State of
the art of evaluation.

Evaluación de e studiantes: constr ucción de un parecer


e v a l u a t i v o s o b r e l a p r o d u c c i ó n d e e - Av a l p u b l i c a d a
entre 2008 y 2010

Resumen
Esta Opinión, desarrollada en la disciplina Práctica de Evaluación del Máster
Profesional en Evaluación, de la Faculdade Cesgranrio, tuvo como objetivo analizar
14 artículos, publicados en los años 2008 a 2010, clasificados en el eje temático
Evaluación Estudiantes, categoría de evaluación del desempeño cognitivo o del
aprendizaje y incorporados a la base de datos e-Aval de este curso. En él se
analizaron los principales elementos constitutivos de esta producción científica, entre
otros: el problema; objeto de estudio y objetivo; enfoque evaluativo y resultados. Se
encontró que si bien los artículos presentan el término “evaluación” en sus palabras
clave o en el título y están relacionados de alguna manera con el tema, no
desarrollaron una evaluación normativa que privilegiara los aspectos de la
metodología de evaluación adoptada para el análisis de estos artículos.
Palabras clave: Evaluación del estudiante. Evaluación del desempeño cognitivo o del
aprendizaje. Evaluación del estado del arte.
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entre 2008 e 2010 1061

Introdução

Estados da Arte ou Estados do Conhecimento são estudos de caráter


bibliográfico que procuram mapear e discutir a produção acadêmica sobre
determinada área do conhecimento, buscando entender os aspectos que se
destacam em um período temporal. Tais estudos, segundo Ferreira (2002, p. 258),
utilizam uma metodologia inventariante e descritiva do conteúdo relativo a um tema
em comum, utilizando “categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em
cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado”.
A partir do levantamento do conhecimento elaborado sobre um tema, os Estados da
Arte condensam a produção acadêmica existente (TEIXEIRA, 2006).
Considerando que a área de avaliação, a despeito de seus avanços, ainda é
recente no Brasil, pois conforme declara Vianna (1978 apud SOUSA, 2005) tem
relação com os processos seletivos da Fundação Carlos Chagas (SP) direcionados ao
ensino superior, nos anos sessenta do século passado, “justifica-se fortemente investir
em estudos sobre o estado da arte da Avaliação no Brasil que sejam capazes de
revelar o nível de desenvolvimento desta área, constituindo-se, também, fonte de
pesquisa para novos estudos.” (LEITE; FREITAS, 2018, p. 16). Por meio de processo
avaliativo, é possível verificar pontos fortes e fracos, objetivando a tomada de
decisões no que diz respeito à recomendação da continuidade, encerramento ou
alterações de determinada prática.
Assim, no ano de 2014, um grupo de professores e alunos do Mestrado Profissional
em Avaliação da Faculdade Cesgranrio iniciou a construção de um Estado da Arte,
focalizando o campo da Avaliação na área de Educação, desenvolvendo-o no
âmbito da disciplina Prática de Avaliação (FUNDAÇÃO CESGRANRIO, 2020). Por meio
de um processo estruturado de busca na biblioteca eletrônica SciELO, foram
levantadas e selecionadas publicações científicas nessa temática, no período de
2001 a 2018, e construído um banco de dados próprio do projeto de pesquisa Estado
da Arte da Avaliação, denominado e-Aval (http://mestrado.fge2.com.br/aval/), hoje
com mais de 1.000 artigos cadastrados.
A partir da análise do grupo de pesquisa, os artigos foram classificados em nove
eixos temáticos, a saber: avaliação de professores, avaliação de currículo, avaliação
de programas educacionais e de treinamento na área de educação, avaliação de
contexto educacional, avaliação institucional, avaliação de políticas públicas,

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avaliação da produção acadêmica, avaliação de gestão educacional e avaliação


de alunos.
De acordo com Leite, Ferreira e Freitas (2017, p. 229), a avaliação de alunos “está
relacionada a questões de aprendizagem e outros resultados instrucionais”. Leite e
Freitas (2018) ressaltam que devido ao grande número de publicações na área de
avaliação da aprendizagem, este segmento tem chamado a atenção de vários
estudiosos.
Visando contribuir para a construção do Estado da Arte da Avaliação,
desenvolveu-se o presente estudo que teve por objetivo analisar 14 artigos
classificados no eixo temático Avaliação de Alunos, categoria Avaliação de
Desempenho Cognitivo ou de Aprendizagem, do banco de dados e-Aval,
publicados nos anos de 2008, 2009 e 2010.
Esta análise foi construída por meio de um Parecer Avaliativo, desenvolvido em
três etapas. Inicialmente buscou-se responder a duas perguntas fundamentais: (a)
quais os tipos de produção dos artigos; e (b) quais os níveis educacionais abordados
nesses artigos. A partir daí, foi desenvolvida a metodologia que norteou a construção
do trabalho para, em seguida, elaborar-se o Parecer Avaliativo propriamente dito. A
análise se volta para itens entendidos como essenciais em um artigo científico, a
saber: o problema do estudo; o objeto; o objetivo, a fundamentação teórica, a
metodologia ou procedimentos metodológicos adotados, os resultados alcançados
e as recomendações apresentadas.

Respondendo às Perguntas Fundamentais

Ao observar as publicações no período especificado, verifica-se um aumento do


número de artigos em 2009. No ano de 2008 foram três publicações; em 2009 seis; e
em 2010 cinco, oferecendo um total de 14 artigos.
Em relação ao tipo de produção, os artigos científicos se distribuem em três
categorias, a saber: (a) resultados de pesquisa - são estudos nos quais os autores
aplicam técnicas de forma prática, coletando dados empiricamente, em um
processo que, segundo Scriven (2018), constitui uma investigação disciplinada,
estudando fenômenos e as relações entre variáveis relevantes a tais eventos (PENNA
FIRME, 2014); (b) relatos de experiência que, de acordo com Vilarinho, Perez e Ferreira
(2019), buscam uma solução para determinado problema ou analisam os resultados

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de uma intervenção na qual o autor participou; e (c) artigos teóricos, que discutem
um ou mais temas do campo conceitual.
Na análise da distribuição dos 14 artigos do período 2008 a 2010 quanto ao tipo
de produção, verifica-se que 13 são resultados de pesquisa e apenas um artigo é
classificado como relato de experiência. Não foram encontrados artigos teóricos.
A predominância de artigos que apresentam resultados de pesquisa pode ser
explicada pela valorização feita pelas revistas acadêmicas para este tipo de
trabalho(VILARINHO; PEREZ; FERREIRA, 2019), por essa ser uma das funções dos
professores de ensino superior (ELLIOT, 2018), ou pode também estar relacionada ao
fato de os docentes terem a oportunidade de realizar pesquisas de observação nos
ambientes das salas de aula, ao conviverem com os “diferentes espaços e ambientes
de ensino e de aprendizagem escolar.” (CARDOSO; PENIN, 2009, p. 116).
Em relação ao nível educacional, de acordo com a Lei nº 9.394/1996 de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 21: “a educação escolar
compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio; II - educação superior” (BRASIL, 1996). Dentre os 14
artigos analisados, constata-se que seis deles correspondem ao Ensino Fundamental,
um é sobre o Ensino Médio, três falam da Graduação, um se concentra na Pós-
Graduação e outros três não se aplicam a qualquer nível de ensino. Nenhum estudo
trata da educação infantil. Assim, a Educação Básica está contemplada em sete
artigos e a Educação Superior, em quatro.
Esses dados indicam que a maior concentração de artigos (sete) se refere ao
Ensino Fundamental, o que talvez possa ser explicado por ser nessa fase inicial da
educação forma que são adquiridos conhecimentos e habilidades de leitura, escrita
e cálculo, além do desenvolvimento da capacidade de aprendizagem (BRASIL,
1996). É também no Ensino Fundamental que a avaliação assume o papel de
promoção às séries posteriores.
Sobre a inexistência de estudos relacionados à educação infantil, Rosemberg
(2013, p. 46) observa que

Isso não significa, porém, que o tema da avaliação na educação


infantil não tenha mobilizado gestores, pesquisadores(as) e ativistas da
educação, mas sim que essa preocupação ainda não demarca um
‘problema social’ para integrar a agenda de política de avaliação
na/da educação infantil.

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Cabe salientar que alguns artigos não se enquadraram nos níveis educacionais
considerados uma vez que seus autores não informaram em qual nível o estudo foi
realizado. No entanto, consideraram algum aspecto do desenvolvimento cognitivo.
Assim, foram classificados como “não se aplica” na categorização do presente
estudo

Análise dos itens constitutivos dos artigos

Para o desenvolvimento do Parecer Avaliativo foi utilizada uma metodologia de


análise quantitativa que considerou a presença (ou não) dos principais elementos
constitutivos de artigos científicos da área da Avaliação: problema, objeto, objetivo
de estudo, referencial teórico, metodologia, resultados e recomendações. Esta
análise permitiu, também, o estabelecimento de relações entre os artigos, em um
prisma qualitativo. Em seguida, foi discutida a inserção desses artigos na categoria
Avaliação de Desempenho Cognitivo ou de Aprendizagem e, mais especificamente,
como se relacionam com o Estado da Arte da Avaliação construído na disciplina
Prática de Avaliação.

O Problema do estudo
Segundo Moura e Barbosa (2008), o problema de pesquisa é um questionamento
ligado ao tema que procura apontar um aspecto relevante para ser estudado. Para
os autores, o problema deve ser “bem definido e contextualizado, sendo interessante
sintetizá-lo sob a forma de uma indagação ou questão de pesquisa [...]” (MOURA;
BARBOSA, 2008, p. 1). Para Leite (2019), o problema consiste em identificar uma
situação que gera a necessidade do estudo. Vilarinho, Perez e Ferreira (2019, p. 128)
esclarecem que “a existência de um problema representa a motivação para a
elaboração do estudo”.
Dos 14 artigos analisados, observou-se que em 13 havia a presença do problema,
necessidade ou motivação, mas em apenas dois as questões centrais foram
apresentadas claramente. Nos outros artigos, não há uma menção específica sobre
qual é o problema ou necessidade. Em alguns deles, o problema foi identificado no
resumo ou na introdução. Em outros, foi necessário realizar leituras sucessivas de todo
o artigo para se compreender o cerne do estudo. Já em outros casos, a motivação
se confundiu com a necessidade e o problema.

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Verificou-se, ainda, que nenhum dos 13 estudos apresentou o problema em


seção específica. Em um dos artigos não foi constatada sequer a existência de
problema, necessidade ou motivação para sua realização. Acredita-se que, em
artigos científicos, os autores deveriam procurar explicitar claramente como surgiu a
necessidade para seu desenvolvimento, pois a partir da definição do problema, os
objetivos dos estudos podem ser delineados, sendo de suma importância que os
leitores compreendam plenamente o porquê do desenvolvimento dos trabalhos.
Os dados referentes à existência de problema nesses estudos se resumem a: com
problema – nove artigos; esclarecendo a necessidade – dois artigos; falando da
motivação do estudo – dois artigos; sem problema – um artigo.
A problemática predominante em 13 estudos envolveu questões relacionadas às
dificuldades de aprendizagem, habilidades de leitura, escrita e uso da linguagem
(seis artigos). Quatro desses estudos foram desenvolvidos com alunos do Ensino
Fundamental, nível em que tais dificuldades e habilidades são mais evidentes. Outros
três artigos analisaram aspectos referentes à metodologia de avaliação: a etapa de
uma seleção; competências avaliadas em um estágio; e adaptação de instrumento
de avaliação.
Segundo Esteban (2012, p. 577), a reflexão sobre “a avaliação precisa incorporar
suas múltiplas dimensões e as questões relativas ao ensino, à aprendizagem e à
concepção de infância que se entrelaçam na composição da vida escolar [...]”. A
análise desses artigos evidencia o interesse e a preocupação dos autores com
aspectos da aprendizagem.

O objeto do estudo
Um objeto de estudo, seja na pesquisa ou na avaliação, constitui-se no foco, no
eixo central que se investiga ou avalia; é um ponto específico que está sendo
estudado dentro de um tema abrangente. Para Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004,
p. 35), a avaliação determina o “valor ou mérito de um objeto de avaliação (seja o
que for que estiver sendo avaliado)”. Tais objetos podem ser pessoas, programas,
políticas, produtos e outros.
Constatou-se que todos os 14 artigos analisados apresentam um objeto de
estudo, ainda que 13 deles não digam claramente qual é. Notou-se, também, que
nenhum estudo conta com uma seção específica para descrever o objeto, o que
acaba sendo feito no decorrer do artigo, sobretudo na introdução.

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O único artigo que apontou explicitamente seu objeto de estudo trata de uma
das avaliações em larga escala realizada no Brasil, o Exame Nacional de
Desempenho do Estudante (ENADE), e se refere “à avaliação do conhecimento
adquirido ao longo do curso universitário e é o foco do presente estudo” (SILVA;
VENDRAMINI; LOPES, 2010, p. 186).
Assim, a análise revelou que: quatro artigos tratam de questões relacionadas à
aquisição de conhecimentos em estudos da área da educação; três abordam a
aquisição de conhecimentos em cursos/treinamentos voltados à saúde; seis se
relacionam à aprendizagem do aluno com questões de saúde, evidenciando a
interdisciplinaridade entre esse campo e a educação; e um artigo relata a
experiência em uma etapa de seleção para a residência médica. Destes, sete tratam
da aquisição de conhecimentos verificada por meio de provas e testes.
Cabe salientar que 10 artigos da área de educação são, de algum modo,
relacionados à saúde, às áreas de medicina, enfermagem e fonoaudiologia. Esta
concentração de artigos relacionados à educação em saúde vai ao encontro dos
dados pesquisados na base e-Aval no período de 2001 a 2013, ao mostrar que essa
área do conhecimento “é a que mais se utiliza de processos e estudos avaliativos [...],
de certa forma zelando pela prática da saúde na sociedade” (LEITE; AGUIAR;
OLIVEIRA; TESSEROLLI; DANTAS, 2018).

Objetivo de estudo
Para Scriven (2018, p. 386), o objetivo é “uma descrição bastante específica de
um resultado pretendido”. Vilarinho, Perez e Ferreira (2019, p. 129) destacam que “a
clareza dos objetivos é fundamental para o desenvolvimento das demais partes do
estudo”. A especificação de objetivos claros tende a minimizar as dificuldades dos
autores no desenvolvimento da metodologia e obtenção dos resultados.
Todos os 14 artigos apresentaram seus objetivos ao final da introdução, sendo
que em sete deles, ainda no resumo, são explicitadas as metas. Em apenas um dos
estudos o propósito não é exposto claramente, sendo a identificação realizada a
partir de (re)leituras da introdução.
Verificou-se que em alguns artigos há mais de um objetivo explicitado, seja na
mesma frase ou em locais distintos do texto. Em determinados casos, as metas
apresentadas são sinônimas, não implicando em alteração significativa no conteúdo

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do estudo, tratando-se muito mais de uma diferenciação em relação ao nível de


detalhamento do objetivo.
Já em outros artigos, são apresentados propósitos realmente diferentes entre si,
como: “conhecer a percepção dos adolescentes sobre os programas de prevenção
ao uso de drogas, e com quem eles aprendem e conversam sobre as drogas.
Relacionar o consumo de drogas com essas informações” (PAVANI; SILVA; MORAES,
2009, p. 204).

Referencial teórico
O referencial teórico é o alicerce de um trabalho científico e, de acordo com
Marconi e Lakatos (2003), deve se correlacionar com o estudo para que haja um
embasamento nas interpretações do significado dos dados levantados. Segundo
Vergara (1998), o referencial tem por objetivo apresentar os estudos sobre o tema ou
problema já desenvolvidos por outros autores. “Dessa forma, o autor [...] e o leitor [...]
tomam conhecimento do que já existe sobre o assunto, ou seja, sobre o estado da
arte” (VERGARA, 1998, p. 34), o que, para a autora, oferece contextualização e
consistência ao estudo.
Percebeu-se que todos os 14 estudos analisados utilizaram artigos de revistas
científicas e que 12 deles consultaram livros para construir seu referencial teórico.
Anais de eventos, teses de Doutorado, dissertações de Mestrado, legislação,
publicações de Associações e Conselhos, jornais e relatórios técnicos/de atividades
também foram examinados, em maior ou menor quantidade em cada estudo.
A partir da lista de referências dos artigos, verificou-se que cada autor consultado
aparece no referencial teórico até, no máximo, quatro vezes. Em alguns estudos é
utilizada apenas uma de suas publicações, já em outros eles foram referenciados por
mais de um trabalho.
Destaca-se o fato de os autores mais citados datarem dos anos 2000 e de apenas
dois deles serem estrangeiros, o que sugere uma tendência a construção do
referencial a partir da produção nacional. Além disso, em vários artigos não há
utilização de todo o potencial de suas referências, pois os autores citam brevemente
grande quantidade de publicações, em detrimento de uma análise mais profunda.
Em relação ao nível educacional dos artigos, verifica-se que alguns autores são
consultados em diferentes estudos, o que mostra a preferência por tais estudiosos em
determinado nível de ensino. Por exemplo, dentre os sete artigos analisados, que

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abordam a Educação Básica, três citam o mesmo estudo dos autores Paula, Mota e
Keske-Soares (2005), sobre consciência fonológica e alfabetização. Ainda sobre a
mesma temática, o artigo de Mota e Keske-Soares é citado novamente em dois dos
artigos analisados, agora ao lado Gindri (GINDRI; KESKE-SOARES; MOTA, 2007).
Outros autores que se destacam na produção bibliográfica da Educação Básica,
especificamente no Ensino Fundamental, são Stivanin e Scheuer (2008), cujo trabalho
sobre leitura de palavras é citado em três dos artigos. Já Smythe e Everatt, são citados
em três artigos sobre o nível de palavras de crianças alfabetizadas em diferentes
línguas.
Já nos quatro artigos de Educação Superior, não há predominância de qualquer
autor. Contudo, há certa convergência em três desses estudos ao utilizarem como
referencial publicações produzidas por Conselhos, seja de acreditação, Conselho
Regional de Medicina de São Paulo, Conselho Nacional de Educação ou Conselho
Nacional de Saúde. A maior parte desses estudos consultou as diretrizes específicas
dos cursos para seu desenvolvimento.
Ao considerar os cinco artigos que possuem o objetivo de avaliar algum objeto,
verificou-se que três deles utilizam referências próprias da avaliação, sobretudo
relacionadas ao desempenho cognitivo de indivíduos com necessidades especiais e
dificuldades de aprendizagem.
Uma dificuldade encontrada na análise foi a falta de padronização de
referências em alguns artigos, já que são utilizados formatos diferentes para o mesmo
autor, dentro do mesmo artigo. Foram encontrados, ainda, casos de autocitação
que, embora permitidos, devem ser cuidadosamente utilizados dentro do necessário
para situar o leitor sobre achados anteriores do autor do texto.

Metodologia
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 83), “método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que [...] permite alcançar o objetivo [...], traçando o caminho a
ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões [...]”. Dessa forma, a metodologia
científica se constitui em uma série de processos e etapas a serem seguidos para
desenvolver o estudo pretendido. Para Scriven (2018, p. 41), “metodologia é o estudo de
procedimentos investigativos ou práticos que visam melhorar a prática – e os métodos
que resultam deste estudo”.

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Em pesquisa científica são utilizados métodos e técnicas específicos adotando uma


abordagem quantitativa ou qualitativa. Na primeira, a coleta e organização de dados
se restringe a fatos que podem ser quantificados, usa métodos estatísticos de análise de
dados e “enfatiza a padronização, a precisão, a objetividade e a confiabilidade da
mensuração, bem como a possibilidade de reproduzir e generalizar suas conclusões”
(SCHOFIELD; ANDERSON, 1984 apud WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p. 113). Já
na abordagem qualitativa, são utilizados múltiplos métodos de coleta de dados,
preocupando-se em compreender significados e características da realidade dos
participantes, ainda que subjetivos e para além de uma quantificação objetiva.
Todos os 14 artigos analisados utilizam uma abordagem quantitativa para coleta e
análise dos dados, apresentada em uma seção específica de metodologia. Em oito
artigos os autores informam o tipo de estudo realizado: um deles é descritivo e
correlacional, outro é um estudo de coorte contemporâneo e outros seis estudos são
transversais, sejam descritivos, por análise secundária de dados, com corte histórico ou
de coorte. Dentre os estudos transversais, em dois deles é explicitado que os
procedimentos adotados caracterizam o artigo como experimental. Nota-se que alguns
autores utilizam metodologias muito características do campo da saúde e, ainda que os
estudos em questão se relacionem à educação, no presente parecer tais abordagens
não serão analisadas.
Na avaliação, Scriven (2018) salienta que grande parte da metodologia deriva de
outras disciplinas. Assim, são utilizados instrumentos e técnicas da pesquisa científica,
selecionados e adaptados pelo avaliador segundo o contexto e características do
estudo, isto é, a metodologia é escolhida a partir da finalidade da avaliação, conforme
preconiza Penna Firme (2014). Contudo, existem outros aspectos metodológicos que
diferenciam a avaliação da pesquisa e que indicam se a pretensão do estudo é mesmo
julgar o mérito ou valor de um objeto. São eles: a abordagem avaliativa, questões
avaliativas, instrumentos avaliativos e critérios de avaliação.
Para Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004), as abordagens avaliativas referem-se às
diversas formas propostas de como se faz uma avaliação. Assim, de acordo com os
diferentes olhares e definições do que é a avaliação e seu contexto, são adotados
métodos, técnicas e seguido determinado percurso metodológico a fim de se atingir o
objetivo principal de avaliar um objeto. Do mesmo modo, as questões ou perguntas
avaliativas possuem um importante papel na medida em que são responsáveis por

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orientar o estudo e dar a base de sustentação necessária, direcionando o foco para o


que deve ser julgado.
Quanto aos instrumentos avaliativos, são recursos utilizados para coletar os dados
necessários ao julgamento de valor, devendo ser selecionados de acordo com a
abordagem avaliativa utilizada e as características do estudo em questão (SILVA, 2014).
Já os critérios de avaliação são princípios ou características de referência que servem
de base para julgar o valor de um objeto, definindo a quantidade ou qualidade a ser
alcançada. Devem ser claros e definidos em função do objetivo do estudo e das
questões avaliativas (LEITE, 2019), desdobrando-se em categorias, indicadores e
padrões.
Embora os 14 artigos se relacionem de algum modo a avaliações, verifica-se que
nenhum adota uma abordagem avaliativa de fato. Martins, Pinto, Miranda e Moço
(2008) relatam a experiência de um modelo avaliativo de prova prática para residência
médica adotado em uma instituição de ensino. Contudo, em seu artigo, nenhuma
abordagem é utilizada para julgar o valor, limitando-se a comparar as notas de provas
e analisar a importância da etapa prática. Já no estudo desenvolvido por Macêdo,
Lima, Cardoso e Beresford (2009), apesar de ser explicitado que se utiliza o método de
uma avaliação de contexto, os autores aplicam dois testes nos participantes e analisam
a correlação entre o estado de atenção e o desempenho da conduta grafo-motora,
não emitindo um juízo.
Da mesma forma, nenhum artigo apresenta uma questão avaliativa. No objetivo do
estudo conduzido por Silva, Vendramini e Lopes (2010, p. 185), “verificar em que medida
o desempenho dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes –
ENADE, do Brasil, variou segundo gênero, e variáveis socioeconômicas”, parece haver
uma pergunta avaliativa. Contudo, por não serem definidos critérios válidos para
julgamento e não haver a adoção de uma abordagem avaliativa específica,
considera-se que não há uma avaliação, de fato.
Em quatro artigos analisados não há a indicação de utilização de instrumento
avaliativo. Em um caso, apesar de os dados terem sido coletados a partir de um
questionário, ele foi utilizado sem qualquer tipo de critério para julgamento e serviu
apenas para o levantamento de informações sobre drogas entre estudantes de ensino
médio. Já em outros três estudos, a coleta se deu por meio de fontes documentais: em
um artigo a partir da análise secundária de dados de desempenho registrados por

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entre 2008 e 2010 1071

supervisores de estágio em uma lista de verificação; em outro artigo, a partir de planilhas


Excel de registro de notas e, por último, a partir do banco de dados do ENADE. Os três
últimos estudos são de educação superior (dois de Graduação e um de Pós-
Graduação).
Nos outros 10 artigos foram utilizados testes e provas para coleta de dados. Neles
foram especificados critérios de avaliação, sobretudo porque em oito são aplicados
testes já reconhecidos e validados na literatura (ou em validação à época), o que
contribui para que tais instrumentos tenham parâmetros relevantes e defensáveis. Sobre
os padrões de julgamento, destaca-se o estudo de Brião, Souza, Castro e Rabelo (2009)
que estabelece um mínimo de 75% de acertos em um questionário para considerar
satisfatório o desempenho da equipe de enfermagem, conforme literatura da área.
Considerando os cinco artigos que se propõem a avaliar algum aspecto estudado,
nenhum explicita ter adotado uma abordagem avaliativa nem tampouco questões
avaliativas para embasar os estudos. Quanto aos instrumentos utilizados, todos os
estudos foram desenvolvidos a partir da aplicação de testes e provas para aferir o
desempenho dos participantes, os quais são estruturados em determinadas categorias
nas quais as respostas dos respondentes são analisadas.

Resultados
Os dados coletados em um estudo e apresentados de forma organizada constituem
seus resultados e devem ser interpretados segundo evidências. No que diz respeito às
avaliações, Scriven (2018, p. 452) salienta que “resultados normalmente são os efeitos
pós-tratamento”. “A forma como [...] serão utilizados depende das decisões tomadas
pelos sistemas e indivíduos que detêm o poder” (SILVA, 2014, p. 55).
Em artigos científicos,

a apresentação e a análise dos dados, assim como a interpretação


dos resultados, encaminham naturalmente às conclusões. Estas
devem: evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo. [...]
apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria (MARCONI;
LAKATOS, 2003, p. 232).

Já “o avaliador, para chegar às conclusões, utiliza tanto os fatos e dados coletados,


como atribui valores ao julgar, por exemplo, a relevância desses dados” (ELLIOT, 2011, p.
947).
Os 14 artigos analisados apresentam seus resultados em uma seção específica. Em
13 deles há ainda outras duas seções, uma para a discussão dos achados e outra para

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1072 Michelle Ribeiro Lage de Amorim, Lúcia Regina Goulart Vilarinho e Lígia Silva Leite

as considerações finais do estudo. Diferente dos demais, um único artigo não apresenta
conclusão.
Em 13 artigos são apresentados ou analisados os desempenhos dos estudantes em
testes e provas aplicados, a partir do número de acertos. Os estudos fazem, ainda, uma
comparação dos achados dentre os grupos amostrais, seja entre alunos de diferentes
séries, de escola pública ou particular, ou ainda, entre indivíduos que possuem algum
distúrbio/dificuldade com um grupo de controle. Em apenas um estudo os resultados
obtidos decorrem da aplicação de questionário para levantamento de informações e
opiniões sobre drogas entre escolares, não resultando de teste de desempenho.
Na seção destinada à discussão dos resultados, os autores comparam os achados
com a literatura, elaborando possíveis hipóteses para explicação dos dados.
Domingues, Amaral e Zeferino (2009), por exemplo, analisam as notas obtidas nos quatro
tipos de avaliação a que são submetidos alguns estagiários de medicina, percebendo
que há uma tendência de concentração dos conceitos na parte superior da escala.
Dizem eles:

Esse resultado pode demonstrar que a maioria dos estudantes atingiu


satisfatoriamente o nível de competência esperada no Módulo
Atenção Integral à Saúde ou ainda sugerir um efeito de leniência
entre os supervisores/docentes, especialmente para os domínios
humanísticos. De fato, a literatura aponta para uma tendência entre
os docentes de supervalorizarem as habilidades técnicas e serem mais
condescendentes na avaliação das habilidades humanísticas9. Além
disso, parece ser mais difícil justificar notas baixas em aspectos não
cognitivos do que apontar e explicar o que precisa ser melhorado
dentre os atributos técnicos (DOMINGUES; AMARAL; ZEFERINO, 2009, p.
460).

Todos os estudos utilizam estatística descritiva para apresentação dos resultados,


como média, desvio-padrão, correlação, análise multivariada de variância, teste qui-
quadrado, teste t-student, dentre outros. Observa-se, ainda, a utilização de quadros,
gráficos e tabelas para melhor organizar os dados. Considerando que os 14 estudos
adotam uma abordagem quantitativa, os procedimentos metodológicos mostram-se
adequados aos resultados alcançados.

Relação dos objetivos com os resultados


Em estudos científicos, “resultados principais são os diretamente relacionados ao
objetivo do artigo” (PEREIRA, 2013). Assim, a partir da apresentação dos resultados

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Avaliação de alunos: construindo um parecer avaliativo de produção do e-Aval publicada
entre 2008 e 2010 1073

encontrados é possível verificar se os estudos atingiram, de fato, os objetivos definidos


previamente.
Conforme já apresentado no tópico referente aos objetivos, nove artigos possuiam
os propósitos de comparar, descrever, analisar, caracterizar, conhecer, relacionar e/ou
verificar um ou mais aspectos relacionados a determinado objeto de estudo. Dentre
eles, oito estudos cumprem seus objetivos e chegam a conclusões, conforme
estabelecido por Cronbach e Suppes (1969 apud PENNA FIRME, 2014). Já outro artigo
pretende verificar em que medida o desempenho no ENADE variou segundo fatores
socioeconômicos e de gênero (SILVA; VENDRAMINI; LOPES, 2010). Contudo, observa-se
que os autores apenas comparam os resultados da prova com os aspectos citados, não
sendo possível atingir o propósito estabelecido.
Cinco artigos se propõem a avaliar determinado objeto de estudo. Contudo, após
a análise, verifica-se que nenhum deles realiza uma avaliação de fato, isto é, não há
nenhum tipo de julgamento de valor ou mérito. A própria metodologia utilizada não é
estruturada de forma a conduzir a uma avaliação normativa, por não possuir uma
abordagem avaliativa e questões avaliativas. Assim, apesar de serem utilizados
instrumentos com critérios para coleta de dados (testes e provas para aferir o
desempenho dos participantes), observa-se que o objetivo de avaliar não é
contemplado nos resultados dos artigos.
Apesar desses cinco estudos não atingirem seus propósitos nem tampouco os de
uma metodologia avaliativa, se aproximam até certo ponto de uma avaliação.
Macêdo, Lima, Cardoso e Beresford (2009) aplicam testes para medir o déficit de
atenção e o desempenho grafo-motor em estudantes com Síndrome de Down,
contudo, apenas relacionam esses resultados. Mól e Wechsler (2008) aplicam um teste
para avaliar as habilidades cognitivas de dois grupos de crianças, mas apenas
comparam os resultados, não julgando o mérito ou valor. Nesse caso, o objetivo poderia
ser alterado para apenas relacionar os desempenhos entre os diferentes grupos, por
exemplo. Já Brião, Souza, Castro e Rabelo (2009) estabelecem um padrão de 75% de
acertos para considerar satisfatório o desempenho da equipe de enfermagem,
contudo, por focar na comparação do resultado de cada grupo entre si, em épocas
distintas, acabam por conduzir uma pesquisa avaliativa. No caso em questão, o objetivo
poderia ter sido o de comparar os desempenhos.
Já Pinheiro, Diógenes, Filgueiras, Andon e Lopes (2009) aplicam um teste para medir
acertos, enquanto Dias, Silva, Pereira, Perissinoto e Bergamini (2009) trabalham com

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provas para comparação de desempenho. Nesses dois estudos, apesar de não


cumprirem seu propósito de avaliar, há um objetivo adicional que é alcançado:
“identificar o nível de conhecimento dos graduandos do curso de Fisioterapia da
Universidade de Fortaleza quanto à origem, princípios doutrinários e organizacionais,
objetivos e financiamento do SUS” (PINHEIRO;DIÓGENES; FILGUEIRAS; ANDON; LOPES,
2009, p. 211) e “[...] caracterizar provas fonoaudiológicas de linguagem oral e escrita de
sujeitos com Síndrome de Asperger comparativamente a um grupo de sujeitos com
desenvolvimento típico.” (DIAS; SILVA; PEREIRA; PERISSINOTO; BERGAMINI, 2009, p. 240). O
Gráfico a seguir sintetiza estas ideias.

Gráfico 1 – Distribuição dos artigos quanto ao alcance dos seus objetivos

4 artigos
8 artigos
2 artigos

Atingido totalmente
Atingido parcialmente (pelo menos 1 objetivo não atingido)
Não atingido

Fonte: As autoras (2020).

Dessa forma, verifica-se que em oito artigos os objetivos propostos nos artigos são
alcançados e contemplados nos resultados apresentados. Já em dois estudos os
resultados atingem parcialmente os propósitos e em quatro artigos não se verifica o
cumprimento dos objetivos dos estudos na seção destinada aos resultados.

Recomendações
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 232), “as recomendações consistem em
indicações, de ordem prática, de intervenções na natureza ou na sociedade”. Devem
ser baseadas nos resultados encontrados. Por vezes são acompanhadas de sugestões
que podem, por exemplo, propor novas temáticas de estudo.
No que diz respeito às avaliações, seus resultados levam a “recomendações cuja
meta é otimizar o objeto [...] em relação a seu(s) propósito(s) futuro(s).” (WORTHEN;
SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p. 36).
Ao analisar os artigos, verifica-se que em 13 deles existem recomendações e/ou
sugestões, tanto no sentido de dar continuidade aos estudos sobre o tema, caso de seis

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Avaliação de alunos: construindo um parecer avaliativo de produção do e-Aval publicada
entre 2008 e 2010 1075

artigos, quanto para orientar o trabalho de profissionais de saúde e educação ou, ainda,
para possibilitar uma melhoria no objeto analisado. Contudo, apenas em um artigo é
dito de forma explícita:

Sugere-se ainda a promoção de cursos, palestras, debates,


envolvendo coletivamente universidade (docentes e discentes), setor
saúde, entidades de classe e a sociedade organizada, com o objetivo
de aprimorar o conhecimento e o preparo para atuação no SUS
(PINHEIRO; DIÓGENES; FILGUEIRAS; ANDON; LOPES, 2009, p. 211).

Nos outros 12 estudos, embora as palavras “recomendação” ou “sugestão” não


tenham sido usadas, percebe-se sua presença. Domingues, Amaral e Zeferino (2009, p.
461) salientam que “faz-se necessário, portanto, estabelecer critérios de referência para
a avaliação do desempenho esperado dos estudantes ao longo do curso”. Já Brião,
Souza, Castro e Rabelo (2009, p. 45) concluem que:

Esses resultados reforçam dados da literatura, mostrando a


necessidade de manter treinamentos periódicos e regulares em
reanimação cardiorrespiratória. As instituições devem investir em
programas de treinamentos em intervalos regulares, implementando
sessões teóricas e práticas, com exposição aumentada a possíveis
enredos de PCR. Além disso, os profissionais devem buscar estratégias
de estudo para melhorar e manter seu próprio desempenho ao longo
do tempo. Acredita-se que um estudo adicional, comparando
diferentes tempos decorridos de treinamento, além da avaliação de
desempenho individual, seja necessário.

Nota-se, ainda, a inexistência de padronização em relação à seção do artigo na


qual as indicações são apontadas, pois em alguns estudos encontram-se na conclusão,
em outros na discussão e existem casos em que as recomendações estão distribuídas
pelas duas seções.

O parecer avaliativo

Após a análise dos artigos, procurou-se responder a seguinte questão: em que


medida tais estudos, classificados na categoria Avaliação de Desempenho Cognitivo
ou de Aprendizagem, do eixo Avaliação de Alunos, se integram ao Estado da Arte da
avaliação?
Para Teixeira (2006, p. 60), o Estado da Arte “procura compreender o conhecimento
elaborado, acumulado e sistematizado sobre determinado tema, num período temporal
que, além de resgatar, condensa a produção acadêmica numa área de
conhecimento específica”. Nesse sentido, a partir da apreciação dos artigos foi possível

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1076 Michelle Ribeiro Lage de Amorim, Lúcia Regina Goulart Vilarinho e Lígia Silva Leite

tecer algumas considerações sobre como os estudos se relacionam ao Estado da Arte


da avaliação, principalmente ao se considerar o ato de avaliar como o “processo de
determinação do mérito, importância e valor” (SCRIVEN, 2018, p. 29).
Ao analisar os 14 artigos a partir de seus itens e seções fundamentais, verificou-se que
13 estudos trataram de objetos relacionados a algum problema, necessidade ou
motivação. Em um artigo, contudo, não houve a identificação de situação geradora
da necessidade do estudo. Para o desenvolvimento dos trabalhos, todos os autores
utilizaram a metodologia quantitativa. Porém, nenhum estudo apresentou uma
abordagem e questões próprias de uma avaliação, apesar de 10 artigos terem utilizado
instrumentos avaliativos com critérios para coleta de dados.
Dessa forma, ainda que três artigos tenham utilizado referencial teórico voltado à
avaliação e que 13 estudos tenham emitido recomendações, pela análise dos
resultados constatou-se que nenhum estudo realizou uma avaliação, de fato. Assim, os
cinco artigos cujos objetivos foram o de avaliar um objeto não cumpriram seus
propósitos. Apesar de todos os artigos apresentarem reflexões e resultados relevantes
para os objetos analisados, não houve evidências de contribuição significativa para o
campo da avaliação.
Nesse sentido, verificou-se que há uma integração parcial, em menor ou maior grau,
dos artigos analisados ao Estado da Arte da Avaliação em construção contínua no e-
Aval. Isso porque, apesar de apresentarem o termo “avaliação” em suas palavras-chave
ou no título e se relacionarem de alguma forma à temática, não desenvolveram uma
avaliação normativa.
Considera-se muito importante a redação de trabalhos sobre as abordagens
avaliativas, que possam divulgar a natureza do ato de avaliar, seu escopo, a sua
ubiquidade, suas práticas metodológicas, entre outros aspectos, para que a produção
nesta área supere a atual dicotomia observada no presente estudo.

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Avaliação de alunos: construindo um parecer avaliativo de produção do e-Aval publicada
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