Uma História Da Campanha Nacional Da AVIAÇÃO (1940-1949) :: o Brasil em Busca Do Seu Brevêt'
Uma História Da Campanha Nacional Da AVIAÇÃO (1940-1949) :: o Brasil em Busca Do Seu Brevêt'
Uma História Da Campanha Nacional Da AVIAÇÃO (1940-1949) :: o Brasil em Busca Do Seu Brevêt'
RESUMO ABSTRACT
Esse artigo visa analisar alguns aspectos da This paper intents to analyze some aspects
Campanha Nacional da Aviação (CNA), em of the National Aero Association (Campanha
curso durante a década de 1940 no Brasil, Nacional da Aviação - CNA), during the
através de notícias em periódicos da época. decade of 1940 in Brazil, through news at
Capitaneada pelo então presidente Getúlio press of that ages. Lead by the President
Vargas, seu ministro da aviação Joaquim Getúlio Vargas, his ministry of aeronautics
Pedro Salgado Filho e pelo empresário Assis Salgado Filho and the enterpriser Assis
Chateaubriand, a CNA fomentou a criação Chateaubriand, CNA allowed the rise of aero
de aeroclubes e formação de pilotos no país clubs, and has provided pilots inside all the
inteiro. country.
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UMA HISTÓRIA DA CAMPANHA NACIONAL DA AVIAÇÃO (1940-1949)
Visitando os Hangares
E
m pesquisa na Coordenadoria de Publicações Seriadas, da Fundação Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro, fruto de interesse acadêmico de uma colega de traba-
lho, me deparei com um importante acervo de periódicos que ajudam a contar a
trajetória de um movimento para se construírem as bases para a aviação nacional
e a sua consequente integração aérea.
Alguns desses impressos seriam Correio da Manhã, O Jornal e O Cruzeiro. Eles pertenciam
a cadeia jornalística dos Diários Associados, fundada por Assis Chateaubriand, e que até então
era aliada do presidente Vargas. Seus artigos funcionavam como veículos de propaganda do
Estado Novo (1937-1945) e permitem vislumbrar como a Campanha Nacional da Aviação, que
era visivelmente uma preocupação do Estado com a sua própria segurança e estabilidade em
tempos de guerra, tornou-se um apelo popular para a construção de aviões e formação de
pilotos. Trabalharemos aqui com notícias publicadas regularmente no jornal Correio da Manhã,
para apresentar uma das versões possíveis sobre o movimento, bem como extrair desse pe-
riódico contribuições que possam auxiliar no entendimento dos processos históricos daquele
momento.
Um sobrevoo
Período: década de 1940. País: Brasil. Principais articuladores: o próprio presidente Var-
gas, seu ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, e o jornalista e proprietário dos Diários Asso-
ciados, Assis Chateaubriand.
Muitos foram os projetos com a intenção de consolidar o Brasil enquanto nação moderna
ora influenciados pelo liberalismo norte-americano, ora pelo modelo fascista italiano: como
exemplo, podemos citar a criação da Companhia Siderúrgica Nacional – ainda na década de
1940. Havia também projetos culturais como o empreendido pelo maestro Vila Lobos que,
com o apoio de Vargas, procurava formar crianças aptas a representarem a música e a cultura
popular brasileira em grandes festivais de corais escolares – alguns apresentados em palcos
como o Estádio das Laranjeiras, sede do Fluminense Futebol Clube.
No plano da política externa, outro momento crítico, como nos aponta o historiador Eric
Hobsbawm, em A Era dos Extremos2: o mundo assistia a Segunda Grande Guerra com olhos
atentos e preocupados. Não era para menos, pois milhares já haviam sido mortos em campos
de batalha. Civis também eram atingidos e sua agonia chegava aos noticiários. Sem contar
1 GOMES, Ângela de Castro. A Invenção do Trabalhismo. 2°ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
2 HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
As fontes consultadas para essa pesquisa informam que existiam diversos campos de
pouso, aeroportos e aeroclubes funcionando no país, antes mesmo da década de 1920. Bem
como as revistas e os jornais, das décadas de 1910 a 1940, já noticiavam as implicações da falta
de uma estrutura aérea em nosso país. Em 1916, Aerophilo, a Revista do Aero Clube Brasileiro,
trazia em uma de suas matérias o seguinte comentário:
Entretanto, segundo a Revista Brasileira de Aviação, órgão oficial do Aero Clube do Brasil, a
preocupação com o transporte aéreo brasileiro apareceu após a Primeira Guerra Mundial e só
tinha lugar entre empresas estrangeiras européias e norte-americanas. De acordo com a mes-
ma, os próprios brasileiros mostravam-se “frios” com relação ao assunto e o governo ainda não
havia sequer delineado as bases da aviação civil que deveria se subdividir em: “1º- construção
dos aparelhos, motores; 2º- preparação dos pilotos; 3º - estabelecimento dos portos aéreos e
serviços acessórios e 4º - manutenção das linhas” 5.
Nas décadas seguintes as notícias sobre aviação continuam crescentes nos meios de co-
municação e um desses jornais, o Correio da Manhã, desde janeiro de 1939 mantinha, na sua
quinta página, a coluna “Aviação Militar, Comercial e Civil: informações do país e do estran-
geiro”, encarregada de trazer aos leitores as informações sobre as novidades tecnológicas no
3 FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves (orgs.). O Brasil republicano - o tempo do nacional-
-estatismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
4 Aerophilo. Rio de Janeiro: Aero Club Brasileiro, fev/1916, s/p.
5 Revista Brasileira de Aviação . Rio de Janeiro: Aero Clube do Brasil, 1942.
campo da aviação nacional e estrangeira, militar ou não, e críticas à falta de consciência de en-
tidades nacionais sobre a importância do desenvolvimento aéreo nacional. Um dos colunistas
que escreviam ali, Pierre Henry Closterman (assinando como P. Henry C.), defendia a ideia da
formação de uma “Doutrina Aérea Brasileira” – ou seja, muito mais do que apenas desenvolver
a indústria aérea seguindo a tendência internacional de criação e incentivo estatal a aeroclu-
bes e a aeródromos, era crucial que se criasse uma cultura da aviação nacional, cultivando em
todos os brasileiros um sentimento de zelo e identificação com o assunto.
Na América Latina eram vários os países que possuíam aeroclubes, instituições privadas
e/ou mistas que angariavam recursos para a aviação e forneciam cursos de pilotagem para
civis e militares. Existiam aeroclubes na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e no Brasil, desde o
início do século XX. Na Europa, a França, a Inglaterra e a Alemanha empenhavam-se no assunto
e detinham conhecimento técnico de ponta. Os Estados Unidos, na América do Norte, eram
conhecidos pela fabricação de peças e exportação de aviões comerciais e militares6.
Diante desse panorama, durante a década de 1940 surgem novas perspectivas e mais um
projeto de integração aérea do Brasil, a partir de uma conversa entre Assis Chateaubriand e
o ministro da Aeronáutica7, Salgado Filho. Uns dizem que a ideia partiu de Chateaubriand e
outros de Salgado Filho. O caso é que se imaginava que a aviação nacional, contando com
acordos e patrocínios privados, poderia desenvolver-se e ajudar a solucionar sérios problemas
como: a falta de uma aviação civil abrangente, de oportunidades de treinamento para aviado-
res civis e militares, e a ausência de um monitoramento mais efetivo da nossa costa. Surgia,
então, a campanha que teve denominações como: “Campanha Nacional para Doar Aviões”,
“Campanha Nacional para dar Asas à Mocidade do Brasil” e “Campanha Nacional da Aviação
Civil”, dentre outras, até chegar ao nome atualmente conhecido de “Campanha Nacional da
Aviação”, ou CNA8. O primeiro avião da CNA foi doado ao aeroclube de Pesqueira-PE, em pri-
meiro de novembro de 1940.
Aquele projeto era bastante audacioso, pois tencionava angariar recursos privados para
fomentar a aviação nacional, doando aviões de pequeno e médio porte para aeroclubes es-
palhados pelo Brasil afora. Inicialmente, contava-se com menos de cinqüenta aeroclubes em
território brasileiro – praticamente cada estado e território possuíam apenas um aeroclube na
capital, excetuando-se os estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Bahia, que possuíam dois ou três aeroclubes além do da capital. Após a CNA, foram
fundados cerca de 300 aeroclubes em todo o país.
A campanha não estaria totalmente entregue nas mãos de particulares. O Estado controla-
ria todas as atividades dos aeroclubes através de sua “base mãe”: o Aeroclube do Brasil, sedia-
do no Rio de Janeiro. Ele ficaria responsável por controlar entregas de aviões, repassar verbas
e insumos, fiscalizar subscrições de sócios, formar pilotos e monitores de outros estados que
seguiriam para seus aeroclubes de origem e repassariam o que aprenderam etc. Além disso,
para obter crédito junto ao governo, todos os aeroclubes deveriam filiar-se ao Aeroclube do
Brasil – por sua vez, filiado à francesa Fédération Aéronautique Internacionale (FAI) que avali-
zava brevês concedidos por ele e atestava a qualidade de seus serviços. Importante destacar
que por meio do Decreto 10.314 de 22 de agosto de 1942, divulgado no Boletim do Ministério da
Aeronáutica, fica patente o interesse do governo nessa empreitada: “Art. 1º: fica estabelecido
que o exercício, em comissão do cargo de Presidente do Aeroclube do Brasil por oficial da For-
6 SOUZA, José Garcia de. A verdade sobre a História da Aeronáutica. Rio de Janeiro: Gráfica Leuzinger S.A. 1944.
7 Ministério criado em 20 de janeiro de 1941, pelo Estado Novo.
8 INSTITUTO Histórico-Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira. Rio de Janeiro: INCA-
ER, 1991, p. 174.
Momento em que o ministro aproveitou para declarar que para manter contratos comer-
ciais de qualquer espécie com o Aeroclube do Brasil, e seus filiados, empresas e negociantes
deveriam tornar-se sócios do mesmo alistando-se, por conseqüência, em subscrição para com-
pra de aviões para doação à campanha.
Caminhando “de vento em popa”, a CNA sofre um pesado golpe em 1944: segundo conta
Morais, Assis Chateaubriand teria sido acusado por jornais concorrentes de que
Nem sempre o auxílio vinha em dinheiro ou aviões, campanhas por doações de artefatos
de alumínio mobilizaram o país de Norte a Sul, levando cidadãos comuns a depositarem à sede
da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos – na Rua Primeiro de Março – e em todas as
suas agências, os objetos doados. Em setembro de 1941, o Correio da Manhã relata que a cam-
panha na Bahia já havia atingido a marca de 227 quilos do material e em outubro conta que:
12 MORAIS, Fernando. Chatô: o Rei do Brasil. 13ª Ed. São Paulo: Cia das Letras, 1994, p.441
13 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 26/07/1942, p. 5
14 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 26/07/1941, p. 5
15 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 02/10/1941, p. 5
Parece evidente que a campanha atingia em cheio a comoção popular e ganhava adeptos
entre estudantes, profissionais da saúde, universitários, cidadãos comuns, enfim, todos que-
riam de alguma maneira participar. Alguns, com vistas a promover sua imagem frente à socie-
dade, também participam da campanha fornecendo subsídios a ela. São doadores provenien-
tes do comércio, da indústria e do setor financeiro: estabelecimentos comerciais e indústrias,
além de casas bancárias, são compelidos por Chateaubriand a participarem da campanha –
deixavam o cheque e batizavam aviões, em nome de suas empresas.
O fato é que os objetivos da CNA pareciam estar sendo atingidos: cada vez mais aeropla-
nos eram doados; candidatos às aulas de pilotagem e manutenção de aviões passavam por fila
de espera; cursos lotados concediam brevês aos pilotos; havia batismo em série de aviões...
Estariam sendo consolidadas a bases da aviação civil nacional, assim como já se propunha
pelos idos de 1916?
Conflitos? Sim, havia muitos conflitos. Alguns de ordem das políticas regionais, outros de
ordem da política nacional. As doações de aviões vão acentuar as diferenças políticas entre
municípios de um mesmo estado que, vez por outra, disputam a construção de novas pis-
tas para seus aeroclubes, a doação de aviões e/ou pleiteiam aviões do município vizinho. Um
exemplo é o da disputa envolvendo os municípios de Garanhuns e Recife, dado ao público no
Correio da Manhã de oito de fevereiro de 1941 quando, ao construir seu campo de aviação,
Garanhuns pede a ida de “um dos diversos aviões do aeroclube do Recife para lá”.
Até 1949, serão 107 aeroclubes em São Paulo, cerca de 67 em Minas Gerais e 45 no Rio
Grande do Sul. Chama atenção a liderança de São Paulo e Minas Gerais na manutenção de
aeroclubes. Mesmo que cada aeroclube destes estados tenha recebido apenas um avião du-
rante a campanha, e há registros de que aeroclubes como o de São Paulo e o de Juiz de Fora
tenham recebido mais de cinco aviões cada, percebe-se que na ordem das políticas regionais
ainda “mandavam” os estados da Federação que tivessem grupos sociais com maior poder
aquisitivo. Como se pode observar no gráfico e na tabela abaixo, a preponderância daqueles
estados e mais do Rio Grande do Sul é evidente. E, a quem recorrer caso o aeroclube ainda não
tivesse ganho, através da CNA, o seu avião de treinamento? Uma das saídas era apelar para os
membros do governo.
Alguns responsáveis por pastas ministeriais eram convocados a conseguirem verbas para
a CNA, mesmo sem possuir caixa específico para isto, como sugere a citação abaixo:
Semanas depois da publicação da notícia, uma medida é baixada e Dulphe Pinheiro Ma-
chado, ministro do Trabalho, consegue a liberação da verba para atender a ordem presidencial
para que fossem adquiridos 10 aviões:
17 Gráfico montado com base em informações colhidas das fontes pesquisadas para este artigo: AERO Maga-
zine. São Paulo: Fundação Santos Dumont, 1958 – 1959; AEROPHILO: Revista do Aero Club Brasileiro. ‘A aviação
e a guerra européia’. Rio de Janeiro, Ano 1,n.9, fev/1916; AEROVISÃO. Rio de Janeiro, Ano 1, n.1[mar. 1973?];
AVIAÇÃO. Rio de Janeiro, 1941-1950; ASAS. Rio de Janeiro, 1941 – 1948; BERTAZZO, Roberto Portella. A crise da
Indústria Aeronáutica Brasileira: 1945-1968. Minas Gerais: Universidade Federal de Juiz de Fora (Monografia de
Bacharelado em História), 2003; BOLETIM do Ministério da Aeronáutica. Rio de Janeiro, 1942; CORREIO da Manhã.
Rio de Janeiro, 1941 – 1942; INSTITUTO Histórico-Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasi-
leira. Rio de Janeiro: INCAER,1991; MORAIS, Fernando. Chatô: o Rei do Brasil. 13ª Ed. SP: Cia das Letras, 1994;
SOUZA, José Garcia de. A verdade sobre a História da Aeronáutica. RJ: Gráfica Leuzinger S.A. 1944.
18 Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 13/07/1941, p.5
Mas, apesar das disputas e das diferenças entre os estados, havia também a boa e velha
cordialidade entre eles, como segue o exemplo dado pelo interventor do estado de São Paulo,
Adhemar de Barros, e seus irmãos:
Contando ainda com a movimentação nos aeroclubes que eram regularmente relatadas
na mídia impressa, como na Revista Brasileira de Aviação e no Correio da Manhã, do qual se
extraiu o exemplo abaixo:
Podemos observar que uma grande soma de recursos financeiros e de recursos humanos
eram dedicados ao funcionamento dos aeroclubes, movimentando o mercado de trabalho, de
importação de tecnologia e de incremento científico. Em suma: a CNA, incentivando as ativida-
des aviatórias, trouxe para o país o gérmen da integração aérea nacional e, segundo as fontes
consultadas, atingiu marcas numéricas significativas, como a doação de mais de mil aviões a
aeroclubes do país que ajudaram a brevetar cerca de 3700 aviadores. Também trouxe incenti-
vos financeiros, tecnológicos e fomento de empresas ligadas à aviação, como a Companhia de
Navegação Aérea Brasileira, a VARIG, a Panair do Brasil, dentre outras.
Preparando o pouso
Avancemos cerca de dez anos no tempo. Em artigo escrito para a revista Aero Magazine, em
1959, o Brigadeiro do Ar João Mendes da Silva atentava para a necessidade de resgatarem-se,
no Brasil, campanhas aeronáuticas tais como as que ocorreram na década de 1940. Ressaltava
ele que a franca decadência dos aeroclubes, levada a efeito com o fim da CNA, deixaria de pro-
jetar no cenário nacional a “mentalidade aeronáutica”, essencial para a manutenção do poder
brasileiro sobre o seu espaço aéreo.
Após observar vários depoimentos e artigos, percebe-se que o Brigadeiro Mendes fazia
parte de um grupo de defensores da CNA que viu na campanha de incentivo aos aeroclubes
a possibilidade de ganhos nacionais tanto para a aviação comercial, quanto para a aviação
militar e até para a aviação postal - outro tema não abordado diretamente neste artigo, por ter
caráter bem diferenciado. Estariam aquelas pessoas equivocadas? Quais seriam os benefícios
políticos, econômicos, sociais, de tal empreitada?
Então, a CNA mostra sua lógica: com a campanha e com os aeroclubes haveria o desenvol-
vimento de uma mentalidade aeronáutica, assim, a sociedade entenderia que a manutenção
dos aeroclubes seria em seu próprio benefício, pois quanto mais pilotos formados melhores
seriam as condições da aviação no Brasil e mais fácil seria viajar de avião. Já que não dava para
o Estado manter aquelas organizações, então o apelo seria feito a sociedade civil por meio de
campanhas.
Porém, não foi tão fácil assim. Se, por um lado, a campanha teve o mérito de incentivar
a mentalidade aviatória no país, por outro, após o fim da campanha os aeroclubes entraram
em franca decadência. Vários apelos foram feitos: subsídio aos aeroclubes através de parte do
valor pago nas passagens aéreas da aviação comercial, redistribuição da verba recebida pela
Diretoria de Aeronáutica Civil (D.A.C.). Não houve uma boa repercussão para essas propostas.
Segundo L. Nobre de Almeida, em artigo publicado na revista Aviação25, os aeroclubes corriam
risco ao dedicar toda a sua atenção apenas a receberem doações da sociedade civil. Sugestões
importantes foram dadas como, por exemplo, a criação de cursos, transportes, eventos, que
os clubes poderiam promover para sustentar suas altas despesas com manutenção de aerona-
ves, combustível e pagamento de funcionários. Infelizmente, a confiança nas doações parece
ter falado mais alto. Entretanto, nenhuma campanha pode durar para sempre. Assim que os
propósitos que a criaram se encerraram, junto com o fim da Segunda Guerra e a chegada de
novas preocupações no Brasil, em pouco tempo muitos clubes já haviam fechado suas portas.