2007 DSC PEMM Roberto Da Costa Lima - Ferritas

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PROPRIEDADES ABSORVEDORAS DE MICROONDAS DE COMPÓSITOS

EPOXÍDICOS DE Y-HEXAFERRITAS DE BÁRIO OBTIDAS PELO MÉTODO DE


COMBUSTÃO DO GEL DE CITRATO

Roberto da Costa Lima

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS.

Aprovada por:

________________________________________________
Prof. Tsuneharu Ogasawara, D.Sc.

________________________________________________
Dra. Magali Silveira Pinho, D.Sc.

________________________________________________
Profa. Maria Cecília de Souza Nóbrega, D.Sc.

________________________________________________
Profa. Renata Antoun Simão, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Luiz Carlos de Carvalho Benyosef, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Ailton de Souza Gomes, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


DEZEMBRO DE 2007
LIMA, ROBERTO DA COSTA
Propriedades absorvedoras de microondas
de compostos epoxídicos de Y-hexaferritas
de bário obtidas pelo método de combustão
do gel de citrato [Rio de Janeiro] 2007
XVII, 180 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
D.Sc., Engenharia Metalúrgica e de
Materiais, 2007)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Y-hexaferrita de Bário
2. Absorvedores de Microondas
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
Aos meus três amores: Carla, Pedro e João.

iii
"A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É essa emoção
fundamental que está na raíz de toda ciência e toda arte."

Albert Einstein

iv
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me permitido realizar este trabalho.

Aos meus pais pelo incentivo ao estudo.

Ao Prof. Tsuneharu Ogasawara por ter acreditado e confiado em mim e por sua

orientação.

A Dra. Magali Silveira Pinho pelas longas conversas e orientação.

Ao Cmte. Emilson Paulo, Encarregado do Grupo de Materiais, por ter me

concedido esta oportunidade.

Ao colega e amigo Júlio César dos Santos Leandro pela ajuda no laboratório.

Ao colega e amigo Arnaldo Micele pelas análises térmicas.

Aos colegas e amigos Márcia Cavaco, Maria Aparecida, Regina, Constança,

Marta, Tadeu, Cassiano, Carlão, Guaracy, Geraldo,Luis, Neide, pelo apoio e incentivo.

Ao Prof. Dr. Manoel Ribeiro da Universidade de Itajubá e ao Prof. Luis Gustavo

Pereira da UFRGS pelas análises de VSM.

A Dra. Isabele Bulhões e ao Dr. Heiner pelas análises de Picnometria de Hélio.

A Funcionária Leonice do IQ/UFRJ pelas análises de FTIR.

Ao estagiário Bruno pelas análises de Fluorescência de Raios-X.

Ao Prof. Dr. Ronaldo Sergio de Biasi pelas análises de FMR.

A Profa. Dra. Mirabel Cerqueira e MSc. José Jesus da Divisão de Materiais do

Centro Tecnológico da Aeronáltica - CTA pelos testes de refletividade.

Ao Prof. Dr. Evandro Nohara pelas conversas sobre absorção de microondas.

A todos os professores, técnicos e demais funcionários do PEMM que

contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

v
Ao PEMM/COPPE/UFRJ, IPqM, CBPF, IF-UFRJ, IQ-UFRJ, IME, CTA,

UFRGS, CETEM e NUCAT, pela infraestrutura oferecida para realização deste

trabalho.

vi
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

PROPRIEDADES ABSORVEDORAS DE MICROONDAS DE COMPÓSITOS


EPOXÍDICOS DE Y-HEXAFERRITAS DE BÁRIO OBTIDAS PELO MÉTODO DE
COMBUSTÃO DO GEL DE CITRATO

Roberto da Costa Lima

Dezembro/2007
Orientadores: Tsuneharu Ogasawara
Magali Silveira Pinho.

Programa: Engenharia Metalúrgica e de Materiais

A pesquisa de materiais com propriedades magnéticas e dielétricas adequadas ao


uso como absorvedores de radiação eletromagnética é de grande importância para a área
de Defesa Nacional. A crescente necessidade de materiais absorvedores de microondas
(RAM) surgiu em decorrência do grande aumento no número de sistemas eletrônicos,
resultando em um aumento da interferência eletromagnética (EMI, Electromagnetic
Interference) e/ou do emprego destes na redução da seção reta radar (RCS, Radar Cross
Section) de plataformas navais. Desta forma, esta Tese teve como principais objetivos o
estudo da síntese das Y-hexaferritas de bário obtidas pelo método de combustão do gel
de citrato e de suas propriedades eletromagnéticas. Compósitos epoxídicos das Y-
hexaferritas de bário foram avaliados quanto ao desempenho como RAM. A
caracterização das hexaferritas foi realizada por diferentes técnicas dentre estas se
encontram a Fluorescência e Difração de Raios-X (XRF e XRD, respectivamente),
Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) e Microscopia Eletrônica de Varredura
(SEM). A eficiência destes materiais como RAM foi avaliada pelo emprego de um guia
de ondas, para a faixa de freqüência de 8,2 a 12,4 GHz (banda X). As composições
resultantes da incorporação simultânea de dois substituintes apresentaram um melhor
desempenho como RAM, com absorções de microondas superiores a 99%.

vii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

MICROWAVE ABSORPTION PROPERTIES OF Y-TYPE BARIUM


HEXAFERRITES:EPOXY COMPOSITES OBTAINED BY THE CITRATE SOL-
GEL COMBUSTION METHOD

Roberto da Costa Lima

December/2007

Advisors: Tsuneharu Ogasawara


Magali Silveira Pinho.

Department: Metalurgical and Materials Engineering

The research on materials possessing magnetic and dielectric properties adjusted


to the use as electromagnetic radiation absorbing materials is of great importance for the
National Defense. The increasing need for microwave absorbing materials (RAM)
resulted from the great increase in the number of electronic systems, which in turn
caused an increase of electromagnetic interference (EMI) and/or its use for reducing the
naval platforms’ Radar Cross Section. As a result, the main objectives of this Thesis
was to study the Y-type barium hexaferrites synthesis, obtained by the citrate gel
combustion method, and their electromagnetics properties. Y-type barium
hexaferrites:epoxy composites were evaluated for their RAM performance. The
hexaferrites characterization was carried out by different techniques, such as X-Ray
Fluorescence and Diffraction (XRF and DRX respectively), Vibrated Sample
Magnetometry (VSM) and Scanning Electron Microscopy (SEM). The efficiency of
these materials as RAM was evaluated by the use of a waveguide for the frequency
range 8.2 – 12.4 GHz (X-band). The simultaneous incorporation of two ions resulted in
compositions which presented the best RAM performance, with microwave absorptions
greater than 99%.

viii
ÍNDICE

1 - INTRODUÇÃO 1
1.1 - Objetivo 4
1.2– Justificativa e viabilidade 5
2 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
2.1 - Materiais absorvedores de radar (RAM) 11
2.1.1 - Tipos de RAM 13
2.1.1.1 - Absorvedores dielétricos 13
2.1.1.2 - Absorvedores condutivos 13
2.1.1.3 - Absorvedores magnéticos 14
2.1.2 - Propriedades dos RAM 15
2.2 – Magnetismo 18
2.2.1 - Origem 18
2.2.2 - Tipos 19
2.2.2.1 - Paramagnetismo 20
2.2.2.2 - Ferromagnetismo 20
2.2.2.3 - Antiferromagnetismo 21
2.2.2.4 - Ferrimagnetismo 21
2.2.2.5 - Diamagnetismo 21
2.2.3 - Domínios magnéticos 22
2.2.4 - Propriedades fundamentais 23
2.2.4.2 - Curva de histerese 23
2.2.4.3 - Anisotropia magnética 24
2.3 – Hexaferritas de bário 25
2.3.1 - Tipo Y 33
2.3.1.1 - Estrutura cristalina 38
2.4 - Métodos de obtenção de ferritas 40
2.4.1 - Sol-gel 42
2.4.1.1 - Método da combustão do gel de citrato 43
2.5 - Epoxi como matriz elastomérica 44
2.6 - Absorção de microondas 48
2.6.1 - Guia de ondas 50
2.6.2 - Sistema de medidas 53
2.6.3 - Espessura das amostras 56
3 - MATERIAIS E MÉTODOS 60
3.1 - Materiais 60

ix
3.2 - MÉTODO DE OBTENÇÃO DA Y-HEXAFERRITA 63
3.3 - Método de preparação dos compósitos poliméricos das Y-hexaferritas de bário 67
3.4 – Técnicas de caracterização 68
3.4.1- Microscopia eletrônica de varredura (MEV) 68
3.4.2 - Fluorescência de raios-X (FRX) 69
3.4.3 - Difração de raios-X (DRX) 70
3.4.4 - Determinação da superfície específica (BET) 73
3.4.5 - Análises térmicas 75
3.4.5.1 - Análise termogravimétrica (TGA) 75
3.4.5.2 - Calorimetria diferencial de varredura (DSC) 75
3.4.6 – Picnometria de hélio 76
3.4.7 – Magnetometria de amostra vibrante 76
3.4.8 - Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) 78
3.4.9 - Ressonância ferromagnética (FMR) 78
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 81
4.1 - PÓS DAS Y-HEXAFERRITAS DE BÁRIO 81
4.1.2 – Análises termogravimétrica e calorimétrica diferencial de varredura 81
4.1.3 – Difração de raios-X 91
4.1.3.1 – Efeito da temperatura de calcinação na obtenção de Cu2Y-
95
hexaferrita de bário
4.1.3.2 – Tamanho médio de cristalito 96
4.1.4 – Fluorescência de raios-X 97
4.1.5 – Microscopia eletrônica de varredura 101
4.1.5.1 - Espectroscopia de energia dispersiva (EDX) 104
4.1.6 - Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) 107
4.1.7 – Massa específica dos pós 110
4.1.8 – Superfície específica (BET) 111
4.1.9 – Caracterização magnética pelo VSM 112
4.1.10 - Ressonância ferromagnética 116
4.2 - COMPÓSITOS DE Y-HEXAFERRITA DE BÁRIO E RESINA EPOXI 118
4.2.1 – Microscopia eletrônica de varredura 120
4.2.2 - Permissividade complexa na banda X 122
4.2.3 - Permeabilidade complexa na banda X 125
4.2.4 - Fator de dissipação dielétrica (tan δε) 130
4.2.5 - Fator de dissipação magnética (tan δµ) 131
4.2.6 - Energia absorvida 132

x
4.2.7 - Medidas de refletividade para os compósitos de Y-hexaferritas de
bário:epoxi
134
4.2.8 - Estudo da confiabilidade do método empregado 153
5 - CONCLUSÕES 160
6 - SUGESTÕES 163
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 165
ANEXO A 176

xi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Corveta Israelense stealth da classe Eilat com superestrutura recoberta


com RAM 9

Figura 2 - Avião F-117 revestido com RAM 9


Figura 3 – Antena-radar revestida com RAM 10
Figura 4 - Câmara anecóica empregada em medidas de absorção em
radiofreqüência 10

Figura 5 - Gráfico do coeficiente de reflexão versus freqüência de um absorvedor


do tipo WF 12

Figura 6 - Gráfico do coeficiente de reflexão versus freqüência de um absorvedor


do tipo NF 12

Figura 7 - Metal revestido com o material absorvedor 17


Figura 8 - Principais tipos de magnetismo 20
Figura 9 - Domínios ferromagnéticos de uma granada 22
Figura 10 - Curva de histerese para um material ferromagnético 24
Figura 11 - Diagrama da composição de ferritas hexagonais onde B=BaFe2O4,
M=BaFe12O19, S=BaFe2O4, T=BaFe4O7, W=BaMe2Fe16O27, X= Ba2Me2Fe28O46,
Y= Ba2Me2Fe12O22 e Z=Ba3Me2Fe24O41 29

Figura 12 - O grupo (TS) na estrutura da Y-hexaferrita de bário 39


Figura 13 – Esquema ilustrativo da estrutura cristalina da Co2Y-hexaferrita de
bário (Ba2Co2Fe12O22) 40

Figura 14 - Grupos epoxis com 2, 3 e 4 átomos de carbono e oxigênio como


heteroátomo. 45

Figura 15 – Estrutura química da resina epoxídica a base do DGEBA 46


Figura 16 - Tipos de guia de ondas utilizados 50
Figura 17 - Modos de propagação de acordo com a magnitude do campo elétrico (E). 52
Figura 18 - Montagem utilizada nas medidas de refletividade por guia de ondas, sendo:
1 – acoplador da porta 1; 2 – porta amostra; 3 – trecho de guia de ondas da porta 2 54
Figura 19 - Porta amostra: (a) Dimensões do porta amostra em milímetros, (b)
Foto do porta amostra com corpo de prova [74] sendo: 1 – acoplador da porta 1; 2
– porta amostra; 3 – trecho de guia de ondas da porta 2 e 4 – corpo de prova. 56

xii
Figura 20 – Dimensões do corpo de prova para medidas de permissividade e
permeabilidade complexas de acordo com a quantidade da fase da onda
eletromagnética 57

Figura 21- Diagrama esquemático da obtenção das Y-hexaferritas de bário 64


Figura 22 – Aparelhagem utilizada para obtenção do complexo organo-metálico 65
Figura 23 - Complexo organo-metálico 66
Figura 24 – Produto da combustão do complexo organo-metálico (cinza) 67
Figura 25 - Compósitos poliméricos de Y-hexaferritas de bário para medidas em
guia de ondas 68

Figura 26 - Representação esquemática do magnetômetro de amostra vibrante


(VSM) 77

Figura 27 – Curva de ressonância ferromagnética 79


Figura 28 - Curvas de TGA e DSC para o gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de
bário, após secagem 82

Figura 29 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da Cu2Y-hexaferrita


de bário 83

Figura 30 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da Co2Y-hexaferrita


de bário 84

Figura 31 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da ZnCuY-hexaferrita


de bário 85

Figura 32 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da ZnCoY-hexaferrita


de bário 86

Figura 33 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da CuCoY-hexaferrita


de bário 87

Figura 34 - Curvas das análises termogravimétricas sendo: (a) Pó obtido após a


etapa de combustão; (b) Após a etapa de tratamento térmico e (c) Zn2Y-hexaferrita
de bário 89

Figura 35 - Curvas de TGA das cinzas obtidas após combustão e submetidas a


tratamento térmico de 450 oC por 1 hora com rampa de aquecimento de 1 oC/min 90

Figura 36 - Difratograma de raios-X da Zn2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC


por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 92

Figura 37 - Difratograma de raios-X da Cu2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC


por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 92

xiii
Figura 38 - Difratograma de raios-X da Co2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC
por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 93

Figura 39 - Difratograma de raios-X da ZnCuY-hexaferrita de bário calcinada a


950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 93

Figura 40 - Difratograma de raios-X da ZnCoY-hexaferrita de bário calcinada a


950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 94

Figura 41 - Difratograma de raios-X da CuCoY-hexaferrita de bário calcinada a


950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário) 94

Figura 42: Difratogramas para as Cu2Y-hexaferritas de bário obtidas em diferentes


temperaturas (Y, Y-hexaferrita de bário; M, M-hexaferrita de bário; S, Ferrita
espinélio) 95

Figura 43 - Fotomicrografia da Zn2Y-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 101


Figura 44 - Fotomicrografia da Cu2Y-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 101
Figura 45 - Fotomicrografia da Co2Y-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 102
Figura 46 - Fotomicrografia da ZnCuY-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 102
Figura 47 - Fotomicrografia da ZnCo-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 102
Figura 48 - Fotomicrografia da CuCoY-hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X 102
Figura 49 - Fotomicrografia da Zn2Y-hexaferrita de bário com ampliação de 10000 X 103
Figura 50 - Fotomicrografia da Cu2Y-hexaferrita de bário com ampliação de 10000 X 103
Figura 51 - Espectro de EDX da Zn2Y-hexaferrita de bário 104
Figura 52 - Espectro de EDX da Cu2Y-hexaferrita de bário 105
Figura 53 - Espectro de EDX da Co2Y-hexaferrita de bário 105
Figura 54 - Espectro de EDX da ZnCuY-hexaferrita de bário 106
Figura 55 - Espectro de EDX da ZnCoY-hexaferrita de bário 106
Figura 56 - Espectro de EDX da CuCoY-hexaferrita de bário 107
Figura 57 - Espectros de infravermelho: (a) gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de
bário; (b) pó obtido após a etapa de tratamento térmico e (c) Zn2Y-hexaferrita de bário 108

Figura 58 - Curvas de FTIR para os pós das Y-hexaferritas de bário 109


Figura 59: (a) Curvas de histerese magnética das Y-hexaferritas de bário; (b)
Ampliação das regiões de Ms; (c) Ampliação das regiões de Hc e Mr. 112

Figura 60: Influência da concentração de Cu2+ na magnetização de saturação (Ms),


magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Zn2(1-x)Cu2xFe12O22. 113

xiv
Figura 61: Influência da concentração de Co2+ na magnetização de saturação (Ms),
magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Zn2(1-x)Co2xFe12O22.
Ba2Zn2(1-x)Cu2xFe12O22 114

Figura 62: Influência da concentração de Co2+ na magnetização de saturação (Ms),


magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22 114

Figura 63 – Perfil das curvas de ressonância magnética das Zn2, Cu2 e Co2Y-
hexaferrita de bário 116

Figura 64 – Perfil das curvas de ressonância magnética das ZnCu, ZnCo e CuCoY-
hexaferrita de bário 116

Figura 65 - Fotomicrografia para o compósito Zn2Y-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 120

Figura 66 - Fotomicrografia para o compósito Cu2Y-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 120

Figura 67 - Fotomicrografia para o compósito Co2Y-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 120

Figura 68 - Fotomicrografia para o compósito ZnCuY-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 120

Figura 69 - Fotomicrografia para o compósito ZnCoY-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 121

Figura 70 - Fotomicrografia para o compósito CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi


80:20 com ampliação de 100 X 121

Figura 71 - Permissividade real e imaginária da Zn2Y-hexaferrita de bário 122


Figura 72 - Permissividade real e imaginária da Cu2Y-hexaferrita de bário 122
Figura 73 - Permissividade real e imaginária da Co2Y-hexaferrita de bário 123
Figura 74 - Permissividade real e imaginária da ZnCuY-hexaferrita de bário 123
Figura 75 - Permissividade real e imaginária da ZnCoY-hexaferrita de bário 124
Figura 76 - Permissividade real e imaginária da CuCoY-hexaferrita de bário 124
Figura 77 - Permeabilidade real e imaginária da Zn2Y-hexaferrita de bário 126
Figura 78 - Permeabilidade real e imaginária da Cu2Y-hexaferrita de bário 126
Figura 79 - Permeabilidade real e imaginária da Co2Y-hexaferrita de bário 127
Figura 80 - Permeabilidade real e imaginária da ZnCuY-hexaferrita de bário 127
Figura 81 - Permeabilidade real e imaginária da ZnCoY-hexaferrita de bário 128
Figura 82 - Permeabilidade real e imaginária da CuCoY-hexaferrita de bário 128

xv
Figura 83: Curvas do fator de dissipação dielétrica em função da freqüência 130
Figura 84 - Curvas do fator de dissipação magnética em função da freqüência 131
Figura 85 - Energia absorvida pelos compósitos de Y-hexaferrita de bário:epoxi 133
Figura 86 - Curvas de refletividade da Zn2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda
X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,
(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm 134

Figura 87 - Curvas de refletividade da Cu2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda


X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,
(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm 137

Figura 88 - Curvas de refletividade da Co2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda


X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,
(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm 140

Figura 89 - Curvas de refletividade da ZnCuY-hexaferrita de bário obtidas na


banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm,
(d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm 143

Figura 90 - Curvas de Refletividade da ZnCoY-hexaferrita de bário obtidas na


banda com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,
(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm 146

Figura 91 - Curvas de Refletividade do compósito de CuCoY-hexaferrita de


bário:epóxi obtidas na banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm,
(b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm,
149
(h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm
Figura 92 - Curvas da refletividade versus freqüência considerando-se os melhores
valores de atenuação da onda eletromagnética 152

Figura 93 – Configuração de medida de refletividade com placa metálica: (a) vista


ampliada do porta-amostra com corpo-de-prova e placa metálica. (b) esquema do
posicionamento do corpo-de-prova no porta-amostra. (1) acoplador da porta 1, (2)
porta-amostra, (3) placa metálica, (4) trecho de guia de ondas da porta 2 e (5)
154
corpo-de prova dentro do porta-amostra
Figura 94 - Curvas de refletividade do compósito Zn2Y-hexaferrita de bário:epóxi,
com espessura de 3,49mm, obtidas por medida direta e por intermédio da
simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 155

xvi
Figura 95 - Curvas de refletividade do compósito Cu2Y-hexaferrita de bário:epóxi,
com espessura de 4,00mm, obtidas por medida direta e por intermédio da
simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas. 155

Figura 96 - Curvas de refletividade do compósito Co2Y-hexaferrita de bário:epóxi,


com espessura de 3,30mm, obtidas por medida direta e por intermédio da
simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 156

Figura 97 - Curvas de refletividade do compósito ZnCuY-hexaferrita de


bário:epoxi, com espessura de 3,70mm, obtidas por medida direta e por intermédio
da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 156

Figura 98 - Curvas de refletividade do compósito ZnCoY-hexaferrita de


bário:epoxi, com espessura de 3,50mm, obtidas por medida direta e por intermédio
da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 157

Figura 99 - Curva de refletividade do compósito CuCoY-hexaferrita de bário:epóx,


com espessura de 4,30mm, obtidas por medida direta e por intermédio da
simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 157

Figura 100 - Curva de refletividade do compósito CuCoY-hexaferrita de


bário:epóxi, com espessura de 3,50mm, obtidas por medida direta e por intermédio
da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas 158

Figura A . 1 175

xvii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Especificações técnicas da resina epoxi e agente de cura utilizados 61


Tabela 2 – Temperaturas e calores de combustão dos géis precursores das
Y-hexaferritas de bário 91
Tabela 3 – Tamanho médio de cristalito dos pós das Y-hexaferritas de bário 97
Tabela 4 - Composição estequiométrica para a Zn2Y-hexaferrita de bário 98
Tabela 5 - Composição estequiométrica para a Cu2Y-hexaferrita de bário 98
Tabela 6 - Composição estequiométrica para a Co2Y-hexaferrita de bário 99
Tabela 7 - Composição estequiométrica para a ZnCuY-hexaferrita de bário 99
Tabela 8 - Composição estequiométrica para a ZnCoY-hexaferrita de bário 100
Tabela 9 - Composição estequiométrica para a CuCoY-hexaferrita de bário 100
Tabela 10 – Massa específica dos pós das Y-hexaferritas de bário pela picnometria
110
de hélio
Tabela 11 – Superfície específica dos pós das Y-hexaferritas de bário pela técnica
111
de BET
Tabela 12 – Valores de pico do campo magnético aplicado e larguras de linha de
ressonância das Y-hexaferritas de bário 117
Tabela 13 - Valores limites e ideais das espessuras dos compósitos poliméricos das
Y-hexaferritas de bário 119

xviii
1– INTRODUÇÃO

O emprego de materiais absorvedores de microonda, em particular os materiais

absorvedores de radar (RAM - Radar Absorbing Material) tornou-se um dos campos

mais fascinantes da engenharia de materiais embora ainda represente um grande desafio [1].

Um RAM é constituído por compostos, com elevada perda de energia, que

absorvem a radiação incidente em freqüências sintonizadas e dissipam a energia

absorvida sob a forma de calor, inibindo a energia necessária para o sinal de eco de

detecção por radar [1].

Absorvedores radar são materiais cujas propriedades elétricas e magnéticas

foram alteradas de forma a permitir absorção de microondas em freqüências discretas ou

em amplo espectro de freqüência.

A crescente necessidade de RAM surgiu por dois motivos:

a) O grande número de sistemas eletrônicos incorporados a veículos

(aeronaves, navios, tanques e etc.) que resultou em um correspondente aumento de

interferências eletromagnéticas. Alguns desses problemas incluem imagens falsas,

aumento de desordem em radares e queda de desempenho por causa do acoplamento

entre os diferentes sistemas, que podem causar danos de navegação e inabilidade

ocasional para o uso de equipamento radar. Materiais absorvedores de microondas

podem ser utilizados, com bastante eficácia, para eliminação ou minimização desses

problemas.

No meio civil, os RAM podem ser efetivamente usados para eliminar ruídos que

prejudicam a recepção de sinais de telecomunicação em edifícios de grandes cidades,

através do revestimento de suas paredes externas, assim como em fornos de microondas

1
e na telefonia celular. Outra aplicação na área médica consiste em utilização dos RAM

em marca passos.

b) No âmbito da defesa, os materiais absorvedores de radar vêm sendo

também empregados para redução da seção reta radar (RCS - Radar Cross Section) de

plataformas navais. A medida da seção reta radar, também conhecida como assinatura

radar, define o tamanho e a configuração de um alvo para a tela de um radar. Esta

medida varia com a direção segundo a qual o feixe radar "ilumina" o alvo, podendo ser

muito diferente da área física do mesmo [2].

Os RAM executam um papel chave na tecnologia de invisibilidade ao radar

(stealth technology) e o seu emprego é um dos principais fatores na redução da RCS.

Os RAM são produzidos alterando-se as propriedades magnéticas e

dielétricas de materiais já existentes. Materiais comuns, usados em absorvedores, como

espumas, plásticos e elastômeros, não possuem propriedades magnéticas desta forma, os

valores de permeabilidade são iguais a 1. A incorporação de uma ferrita como aditivo

magnético à matriz polimérica tem constituído tema de estudo de renomados centros de

pesquisa, a nível nacional e internacional.

As ferritas são utilizadas em aplicações de microondas porque elas interagem com a

componente magnética da radiação eletromagnética para produzir perdas e mudanças de

fase, que podem variar com o campo magnético externo e com a freqüência [3]. Por

apresentarem uma elevada perda magnética, elas constituem materiais largamente utilizados

na tecnologia stealth, em EMI (Electromagnetic Interference) e em sistemas de vigilância e

continuam atraindo a atenção dos pesquisadores envolvidos com esta área. As ferritas não

devem ser substituídas por outro material magnético, pois apresentam como vantagens o

fato de serem relativamente baratas, quimicamente estáveis e com uma enorme gama de

aplicações tecnológicas como por exemplo em núcleo de transformadores, filtros de elevada

2
qualidade, circuitos de elevada (VHF) e super elevada freqüência (UHF) e dispositivos de

operação. As propriedades físicas das ferritas são controladas por suas condições de

obtenção: composição química, temperatura e tempo de calcinação, tipo e quantidade de

substituições [4]. As ferritas, embora não sejam materiais condutores, têm sido geralmente

aplicadas na obtenção de compósitos. Podem também ser obtidas sob a forma de pigmentos

para formulações de tintas [5], que devem ser aplicadas por pistola, pincel ou rolo,

necessitando de uma agitação constante, uma vez que as partículas de ferrita são densas e,

desta forma, tendem a sedimentar [1].

Embora as ferritas sejam materiais de alta densidade, uma vantagem consiste na

sua habilidade em fornecer uma boa performance de absorção eletromagnética,

utilizando-se uma pequena espessura do material. O emprego de hexaferrita de bário

dopada é outro exemplo que pode ser citado para a obtenção de RAM [6, 7]. As

hexaferritas são classificadas em cinco tipos principais em função de suas fórmulas

químicas e estruturas cristalinas, a saber: tipo-M (BaFe12O19), tipo-W (BaMe2F16O27),

tipo-Y (Ba2Me2Fe12O22), tipo-Z (Ba3Me2Fe24O41), e tipo-X (Ba2Me2Fe28O46) onde Me

representa um cátion divalente da primeira série de transição, a citar Zn, Cu, Co, Mg,

Mn [8].

Dentre as ferritas utilizadas como RAM, a hexaferrita de bário do tipo M merece

um papel de destaque, pois vem sendo estudada em larga escala, enquanto as demais

hexaferritas dos tipos U, X, W e Y têm sido muito pouco estudadas.

As ferritas hexagonais do tipo-Y são excelentes materiais para aplicações na área de

microondas, tendo sido, inicialmente descobertas por Jonker in 1956 [4]. Devido à sua

anisotropia magnetocristalina planar e alto valor de permeabilidade inicial, este material

tem como principal aplicação os dispositivos de microondas [9].

3
1.1 – Objetivo

Esta Tese teve como principais objetivos o estudo da síntese de hexaferritas de bário

do tipo Y (Ba2Me2Fe12O22), pelo método de combustão do gel de citrato, utilizando-se

temperaturas inferiores àquelas necessárias no método cerâmico convencional de misturas

de óxidos, além do estudo de suas propriedades eletromagnéticas. Foram obtidas diferentes

composições estequiométricas em função do substituinte empregado Me=Zn, Cu e Co, que

foram utilizados de forma individual e simultânea pela combinação de dois desses

substituintes. As condições de síntese foram otimizadas de forma a produzir partículas com

elevada pureza. Os materiais obtidos foram devidamente caracterizados por diversas

técnicas instrumentais, permitindo-se inferir a influência destes íons substituintes nas

características dos materiais. Os pós obtidos em tamanhos nanométricos foram

posteriormente, incorporados à matriz de resina epóxi, resultando na obtenção de

compósitos poliméricos para avaliação do desempenho como RAM, através de medidas de

refletividade. Como caráter inovador, além da de obtenção de Y-hexaferritas de bário pelo

método de combustão do gel de citrato, que por sua vez foi otimizado pela utilização do

evaporador rotatório que agilizou o processo de obtenção do gel de citrato seco em

comparação com o método de combustão do gel de citrato tradicional, tem-se o estudo das

propriedades eletromagnéticas, principalmente no que diz respeito a permeabilidade

magnética, permissividade elétrica, dissipações magnéticas e dielétricas, energia absorvida e

4
refletividade dos compósitos poliméricos para a faixa de freqüência de 8,2 a 12,4 GHz

(banda X), avaliando-se, desta forma, a possibilidade da utilização, destes compósitos,

como absorvedores de microondas.

1.2 – Justificativa e viabilidade

O desenvolvimento da nanociência e da nanotecnologia tem provido oportunidades

para a obtenção de materiais com propriedades únicas. Materiais em tamanhos

nanométricos têm causado impacto relevante em diversas áreas, sendo úteis tanto para

aplicações civis quanto militares.

Conforme descrito no item 1, o aumento da interferência eletromagnética e

conseqüentemente o controle dos níveis de radiação eletromagnética espúria por parte dos

governos mundiais em adição do emprego estratégico destes materiais para redução de

RCS, têm aumentado em muito o interesse pela obtenção de materiais absorvedores de

microondas por vários centros de pesquisas nacionais e internacionais.

Esta Tese torna-se viável, devido a enorme lacuna de conhecimento no que diz respeito

ao estudo das Y-hexaferritas de bário e de sua utilização na formação de compósitos

absorvedores de microondas. Além do grande interesse da Marinha do Brasil na utilização

destes tipos de compósitos em plataformas navais, em adição ao relevante impacto dos

nanocompósitos na indústria de cerâmicas magnéticas.

5
6
2 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os primeiros absorvedores de microondas datam antes da segunda grande guerra

mundial. Desde então, Estados Unidos, Alemanha e Grã-Bretanha têm trabalhado

exaustivamente nessa área. O principal trabalho feito pelos alemães foi o de reduzir a seção

reta radar (RCS) de periscópios de submarinos. Dois tipos de materiais foram

desenvolvidos para esta finalidade. O primeiro, um material ressonante, composto por

folhas de borracha carregadas com material magnético, projetado para ser ressonante na

freqüência de 3 GHz. O segundo projetado por J. Jauman era um material do tipo banda

larga, isto é, com absorção em uma faixa mais ampla de freqüência, com espessura de

aproximadamente 3 polegadas, sendo composto por folhas resistivas e espaçadores de

plástico de baixo valor dielétrico. Esse tipo de absorvedor, conhecido como absorvedor de

Jauman, ainda é utilizado. A condutividade elétrica de folhas resistivas cresce

exponencialmente com o número de folhas utilizadas, sendo este número determinante na

largura da banda de absorção. Esse tipo de absorvedor geralmente opera na faixa de

freqüência de 2 a 18 GHz.

Os esforços dos Estados Unidos também resultaram na produção de novos

absorvedores de microondas. O primeiro chamado pano de HARP foi desenvolvido no

laboratório de radiação do MIT (Massachusetts Institute of Technology). O material foi

patenteado por Otto Halpern e nomeado Tinta Anti-Radiação Halpern (HARP). Sua patente

abordou a produção de absorvedores ressonantes através de alinhamento de flocos

condutores de alumínio, ou materiais ferromagnéticos em uma matriz polimérica não

condutiva (elastômero ou plástico). Esta mistura resultante foi pulverizada em finas

camadas, com as sucessivas camadas alinhadas a 90 graus umas das outras, para minimizar

a anisotropia. O fato dos absorvedores estarem envolvidos em plásticos ou em matrizes

elastoméricas os tornava resistentes a intempéries possibilitando seu uso em navios ou em

6
aviões. Entretanto, esses materiais, funcionavam em uma faixa de freqüência muito estreita

sendo melhor utilizados na blindagem contra a interferência eletromagnética (EMI), do que

na redução de RCS. Um outro produto também desenvolvido nesta época foi o absorvedor

de tela Salisbury, que também opera com base no princípio de 1/4 de onda ressonante. É

colocada uma folha fina, resistiva de 377 ohms/polegada quadrada separada de 1/4 do

comprimento de onda de uma superfície plana condutiva. O primeiro absorvedor Salisbury

patenteado consistia de uma face dianteira de lona grafitada, onde um espaçador de madeira

fornecia a distância de 1/4 de onda da base metálica. Atualmente, este absorvedor de

microondas utiliza uma folha frontal de fibra de vidro impregnada com grafite, um leve

espaçador de espuma e um revestimento condutor protetor [10].

Em 1947, o laboratório de pesquisas Plessey, em Caswell, Inglaterra, formou uma

equipe sob a orientação de Harold Stubbs, para fazer experiências inovadoras. Este trabalho

foi patrocinado pelo Estabelecimento Britânico de Pesquisas de Sinal e Radar em Malvern.

O primeiro produto bem sucedido foi um material ressonante. A matriz polimérica utilizada

foi a borracha natural (NR). Adicionou-se negro de fumo para obter a perda dielétrica

apropriada. Este material, DX1, foi usado no radar do bombardeiro Vulcam para impedir

danos ao radar, causados por reflexões provenientes do anteparo. Nos anos 50, a Marinha

Britânica contratou o Laboratório Plessey para desenvolver absorvedores magnéticos

ressonantes para uso em navios, projetados para a redução de falsos ecos e desordens

produzidas por reflexões de energia eletromagnética provenientes da superestrutura de

navios devido ao funcionamento dos próprios radares. A interferência eletromagnética

causou perigos navegacionais e inabilidade de uso do equipamento radar. Os materiais

utilizados como base foram as borrachas de cloropreno (CR) e natural (NR). A estas

borrachas foram incorporadas ferritas e ferrocarbonila, para produzir uma linha de RAM

que operasse na faixa de freqüência de 1 a 8 GHz. Quando fixados à superestrutura

7
metálica, estes materiais reduziam reflexões em 10 a 30 dB. Devido ao sucesso destes

materiais, foram confeccionados RAM padrões para estoque da Marinha Britânica, até hoje

utilizados em quase todos os navios de sua frota. Posteriormente, o Laboratório Plessey

desenvolveu esta tecnologia para área de reduções de RCS. Porém, neste caso, tornou-se

necessário o uso de materiais do tipo banda larga. Desta forma, para esta aplicação, foi

desenvolvida uma série de absorvedores ressonantes multicamadas. Estes absorvedores,

também compostos por elastômeros, puderam ser usados no exterior de quaisquer

embarcações. Nos anos 50, também houve o desenvolvimento na área de materiais

anecóicos de banda larga, que adotaram a forma piramidal e proporcionaram uma mudança

gradual no valor da impedância. Essa pesquisa foi realizada para reduzir a freqüência de

operação desses materiais e aperfeiçoar a geometria piramidal.

O grande interesse da força aérea americana pela redução da seção reta radar,

começou nos anos 60. A Base Aérea de Wright-Patterson patrocinou um número de

programas de pesquisa e desenvolvimento de materiais absorvedores de radar. O trabalho

foi realizado para materiais que operam em alta temperatura, tais como materiais estruturais,

objetivando a melhoria de desempenho. Muitos destes trabalhos foram conduzidos por

companhias aeroespaciais, a maioria de natureza classificada como sigilosa. Nos anos 70,

os interesses foram renovados quando a administração Carter anunciou que os Estados

Unidos estavam desenvolvendo um bombardeiro com tecnologia de invisibilidade ao radar

(stealth technology) que poderia ultrapassar as defesas Soviéticas sem ser detectado. Desde

então, todas as áreas militares mostraram interesse em redução RCS pelo uso de materiais

absorvedores radar e de estruturas absorvedoras radar (RAS) [10].

Nas Figuras 1, 2, 3 e 4 encontram-se ilustrados alguns exemplos de utilização de

materiais absorvedores de microondas.

8
Figura 1 – Corveta Israelense stealth da classe Eilat com superestrutura recoberta

com RAM

Figura 2 - Avião F-117 revestido com RAM

Torna-se importante ressaltar que além do recobrimento absorvedor, as

embarcações militares mais modernas são construídas com formas geométricas

específicas, que reduzem a probabilidade do feixe radar ser refletido na direção da

antena, que o emitiu [11].

9
Figura 3 – Antena-radar revestida com RAM

Partes estratégicas de radares e das superestruturas de algumas plataformas

navais são revestidas com material absorvedor de microondas para minimizar o efeito

de reflexões múltiplas, que dificultam seus funcionamentos.

Figura 4 - Câmara anecóica empregada em medidas de absorção em radio

freqüência
10
A câmara anecóica, dispositivo utilizado para medidas de absorção em radio

freqüência (RF), utiliza espumas piramidais de poliuretano impregnadas com negro de

fumo para minimizar as reflexões em seu interior.

2.1 - Materiais absorvedores de radar (RAM)

Um RAM ideal deve apresentar como características principais a durabilidade, baixa

densidade, baixo custo, a abrangência de uma ampla faixa de freqüência e ser de fácil

aplicação, possibilitando a obtenção de camadas finas, quando aplicado sob a forma de

tinta.

De uma maneira simplificada, os RAM’s podem ser agrupados em duas classes, de

acordo com a abrangência espectral [12]:

a - Absorvedores de amplo espectro ou banda larga (“broadband”): Estes materiais

apresentam como característica o fato de tornarem-se ineficientes fora da faixa de

freqüência, para a qual estes foram designados, decorrente de mudanças em suas

propriedades. Estes também podem ser chamados de absorvedores tipo WF (Wide

Frequency). Na Figura 5 [10], é ilustrado o gráfico do coeficiente de reflexão versus

freqüência para um absorvedor do tipo WF.

11
Tipo WF

Onde:
Γ = Coeficiente de reflexão
Γo = Coeficiente de reflexão limite
f = freqüência
fL = freqüência limite

Figura 5 - Gráfico do coeficiente de reflexão versus freqüência de um absorvedor

do tipo WF.

b - Absorvedores ressonantes de banda estreita (“resonant”): O absorvedor ressonante

apresenta, de forma satisfatória, as condições de redução da reflexão para uma ou

mais freqüências específicas. Estes também podem ser chamados de absorvedor tipo

NF (Narrow Frequency). A Figura 6 [10] ilustra o gráfico do coeficiente de reflexão

versus freqüência de um absorvedor do tipo NF.

Tipo NF

fo = freqüência de ressonância

Figura 6 - Gráfico do coeficiente de reflexão versus freqüência de um absorvedor

do tipo NF.

12
2.1.1 - Tipos de RAM

2.1.1.1 - Absorvedores dielétricos

Os absorvedores dielétricos fazem uso de materiais com diferentes valores de

resistividade. O absorvedor Salisbury utiliza uma folha resistiva separada da base

metálica por um espaçador de baixa constante dielétrica como, por exemplo, espuma ou

colméia (honeycomb). Por utilizar uma folha resistiva, este material opera apenas em

uma faixa de freqüência discreta (absorvedor do tipo NF). Já o absorvedor de Jauman,

por fazer uso de múltiplas camadas, com valores decrescentes de resistividade, opera em

uma ampla faixa de freqüência (absorvedor tipo WF) [10].

2.1.1.2 - Absorvedores condutivos

O absorvedor condutivo caracteriza-se por apresentar perda por condução e é do

tipo NF.

Um dos tipos mais comuns de absorvedores condutivos é o absorvedor à base de

negro de fumo (forma de carbono amorfo que tem uma área superficial extremamente

alta em relação ao volume). A sua espessura pode ser controlada pelo tipo de borracha e

pela quantidade de carga condutiva, mas, de um modo geral, a largura da banda de

absorção é estreita. Este absorvedor é útil para a banda Ku (12 - 16 GHz) sendo suas

características aperfeiçoadas pelo aumento do número de camadas, em detrimento do

aumento de espessura [10 ].

13
Um outro tipo de absorvedor condutivo recentemente utilizado é à base de

polímeros condutores. Os polímeros intrinsecamente condutores (ICP - intrinsically

conducting polymers) têm atraído a atenção de inúmeros pesquisadores desde a sua

descoberta nos anos 70, tanto pela importância científica no entendimento desse novo

fenômeno, como pelo seu potencial em diversas aplicações tecnológicas. Estes materiais

podem combinar as propriedades mecânicas e a processabilidade dos polímeros

convencionais com um comportamento elétrico, ótico e/ou mecânico semelhante ao de

metais e semicondutores inorgânicos. Esta característica é responsável pelo

enquadramento destes materiais na categoria dos referidos “metais sintéticos” ou “metais

orgânicos” [13].

Polímeros que possuem ligações duplas e simples alternadas ao longo da cadeia

principal, apresentam elétrons p, que se deslocam ao longo da mesma, sendo

conhecidos como polímeros conjugados [13]. Os elétrons p podem ser facilmente

removidos ou adicionados para formar um íon polimérico, sem que ocorra a destruição

das ligações necessárias para a estabilidade da macromolécula [14]. Estes materiais

podem ser facilmente oxidados ou reduzidos através do emprego de agentes de

transferência de cargas (dopantes), resultando na obtenção de polímeros condutores [15].

A polianilina e polímeros derivados da anilina têm recebido grande atenção, nos

últimos anos, pela sua estabilidade química nas condições ambientais, fácil obtenção e

baixo custo de produção [15]. Estes polímeros têm sido investigados quanto ao emprego

como absorvedores de microondas na faixa de freqüência de 2 a 18 GHz [16].

2.1.1.3 - Absorvedores magnéticos:

Os absorvedores magnéticos baseiam-se na interação do material absorvedor

14
com o campo magnético da onda eletromagnética incidente, ocorrendo, desta forma, a

transformação de parte da energia eletromagnética incidente em calor (perda

magnética), por intermédio de mecanismos internos ao material absorvedor, embora

ocorram também, perdas dielétricas em menores proporções. Usualmente, eles são

preparados utilizando-se ferritas e ferrocarbonila como cargas magnéticas veiculadas à

matriz polimérica, quer em forma de placas, quer em forma de tintas para aplicação em

superestruturas navais. Sua principal aplicação é na redução de falsos ecos produzidos

por reflexões radar dos próprios mastros e por partes de superestruturas de embarcações

navais e também para a redução da RCS. Estes materiais geralmente operam na faixa de

freqüência de 1 a 18 GHz. Apesar de serem materiais relativamente pesados, têm como

virtude a obtenção de eficientes RAM com baixa espessura. Este tipo de absorvedor

também pode ser confeccionado na forma de multicamadas, utilizando-se diferentes

camadas destes 2 tipos de cargas magnéticas.

2.1.2 - Propriedades dos RAM

Com o objetivo de avaliar o desempenho de um material absorvedor, com

espessura conhecida, sobre uma estrutura metálica, em termos de sua refletividade, os 4

termos referentes à permeabilidade complexa (µ*, Equação 1) e à permissividade

complexa do material (ε*, Equação 3) devem ser conhecidos. Estes parâmetros

determinam a absorção e o espalhamento da energia eletromagnética [17].

A permeabilidade magnética, é a facilidade com que um material permite

estabelecer, através dele, um fluxo magnético.

15
µ* = µ’ - j µ” (1)

onde

µ’ → parte real da permeabilidade complexa, que indica a energia

absorvida,

µ” → parte imaginária da permeabilidade complexa, que indica a energia

dissipada.

A tan δµ é uma medida da energia dissipada, sendo definida pela Equação 2:

tan δµ= µ”/µ’ (2)

A permeabilidade complexa é uma propriedade de suma importância para os

materiais magnéticos. Para as ferritas é dependente da freqüência.

A permissividade complexa é definida pela Equação 3:

ε* = ε’ – j ε” (3)

onde:

ε’ → parte real da permissividade complexa,

ε” → parte imaginária da permissividade complexa.

A tan δε é uma medida da perda dielétrica, sendo definida pela Equação 4:

tan δε= ε”/ε’ (4)

16
A permissividade complexa de um determinado material está relacionada às suas

propriedades dielétricas e condutivas. A resistividade de um material decresce para as

altas freqüências, por causa do efeito de capacitância nos contornos de grãos.

Um material absorvedor ideal deve apresentar-se sob a forma de uma fina

camada (Figura 7), com valores numericamente iguais de µ*, ε* e com elevados fatores

de dissipação magnética e dielétrica, expressos pela tan δµ (Equação 2) e tan δε

(Equação 4), em uma ampla faixa de freqüência [12].

metal

Zx

Z0

Figura 7 - Metal revestido com o material absorvedor

A radiação eletromagnética que penetra num material absorvedor pode ser

parcialmente absorvida ou refletida por ele. A absorção depende da espessura do

material absorvedor, bem como, de suas propriedades, sendo que a espessura e o

mecanismo de absorção independem entre si. Em ferritas, por exemplo, esse

comportamento depende de alguns parâmetros como a sua composição química,

estrutura cristalina, presença de fases secundárias, tamanho de grãos e anisotropia

cristalina.

A absorção de microondas ocorre parcialmente através das correntes de Foucault

(eddy currents) e da transferência de energia dos campos magnéticos


17
alternados para os elétrons de precessão em movimento no absorvedor. Os elétrons em

precessão dissipam a energia em forma de calor.

2.2 – Magnetismo

O magnetismo pode ser definido como o fenômeno físico que consiste nas forças

de atração e repulsão exercidas por certos materiais, como, por exemplo, o ferro,

cobalto e o níquel, devido à presença de cargas elétricas em movimento. No entanto, os

princípios e mecanismos básicos que explicam tal fenômeno são muito complexos,

dificultando um total esclarecimento [18].

Para que seja possível a compreensão das propriedades dos pós cerâmicos

magnéticos (pós de ferritas), que compõem os absorvedores magnéticos, é fundamental

a revisão de alguns conceitos sobre magnetismo.

2.2.1 - Origem

O elétron, em todos os elementos, tem um movimento de rotação em torno do

próprio eixo e ao mesmo tempo revolve em torno do núcleo atômico. Porém, o spin do

elétron não é explicado por essa figura simplória, mas sim, através da mecânica

quântica. Nos elementos comuns ferromagnéticos (tais como o ferro, níquel, e cobalto),

o movimento orbital dos elétrons não contribui substancialmente para o magnetismo

observado. Os efeitos magnéticos observados são atribuídos ao elétron. Desta forma, os

átomos dessas substâncias agem como minúsculos magnetos. Uma concepção

importante no magnetismo é considerar um átomo como sendo um anel de arame

infinitesimal que transporta corrente. Esse movimento gera um campo magnético que é

18
chamado de dipolo magnético. Essa concepção possibilita a visualização do

comportamento magnético dos átomos de uma maneira simples [19].

O momento magnético nuclear representa tipicamente 10-3 do momento

magnético do elétron e desta forma, deve ser desprezado. Uma boa aproximação pode

ser feita descrevendo-se o momento magnético de um sólido, em termos de sua estrutura

eletrônica [20].

Uma concepção chave para a descrição dos elétrons em um átomo baseia-se na

natureza ondulatória, introduzida por Broglie em 1925, constituindo a base de toda a

mecânica quântica.

2.2.2 - Tipos

Em geral, existem cinco tipos diferentes de magnetismo. A Figura 8 ilustra

alguns destes tipos.

19
Figura 8 - Principais tipos de magnetismo

2.2.2.1 - Paramagnetismo

No paramagnetismo ideal não existem interações ou acoplamentos entre os

dipolos atômicos e os momentos magnéticos são livres e independentes uns dos outros.

É geralmente impossível magnetizar completamente este tipo de material, pois a energia

devida à agitação térmica dos átomos é tão grande que não se pode suprir uma energia

de um campo magnético suficiente para neutralizá-la [19,21].

2.2.2.2 - Ferromagnetismo

O ferromagnetismo ocorre quando a energia de interação entre os dipolos

magnéticos é positiva e os momentos magnéticos possuem mesma direção e sentido. É

20
relativamente fácil a magnetização destes materiais, pois esta interação ajuda

enormemente o processo de magnetização. A energia associada a essas interações é de

natureza eletrostática, sendo chamada de energia de supertroca. Esta energia está

sempre presente quando existe o ferromagnetismo [19, 21].

2.2.2.3 - Antiferromagnetismo

O Antiferromagnetismo ocorre quando a energia de interação é negativa e os

momentos magnéticos em sentidos opostos são iguais em módulo. Estes materiais são

de difícil magnetização e têm baixa permeabilidade magnética [19].

2.2.2.4 - Ferrimagnetismo

Este tipo ocorre quando as interações são negativas, mas os momentos

magnéticos, em sentidos opostos, não possuem valores iguais em módulo. Esses

materiais são facilmente magnetizados e têm muitas das características dos materiais

ferromagnéticos [19].

2.2.2.5 - Diamagnetismo

Diamagnetismo é o efeito de indução eletromagnética, que ocorre quando o

campo magnético aplicado age no movimento orbital dos elétrons em torno do átomo. O

efeito magnético dos materiais diamagnéticos é muito pequeno sendo o mesmo, oposto

ao campo aplicado [19].

21
2.2.3 - Domínios Magnéticos

Os materiais ferromagnéticos são compostos que apresentam algumas pequenas

regiões onde ocorre o alinhamento dos dipolos magnéticos em uma mesma direção,

limitadas por um volume finito do material. Estes domínios são separados dos domínios

adjacentes por uma camada de transição chamada de parede de domínio magnético.

Materiais que são facilmente magnetizados e desmagnetizados são chamados de

materiais magnéticos moles. Materiais que são de difícil magnetização são denominados

de materiais magnéticos duros e são utilizados como magnetos permanentes. Os

domínios magnéticos destes materiais são muito pequenos e não são observados em

detalhes por um microscópio comum [19].

A Figura 9 apresenta os domínios magnéticos de uma granada evidenciados por

intermédio da Microscopia de Força Magnética.

Figura 9 - Domínios ferromagnéticos de uma granada

22
2.2.4 - Propriedades fundamentais

2.2.4.1 - Curva de histerese

Quando um campo magnético é aplicado a um material ferromagnético, suas

paredes de domínio se movimentam, aumentando a região de momentos magnéticos na

mesma direção do campo aplicado e causando uma diminuição de sua energia interna.

Para baixos valores de campo, este processo é reversível. Entretanto, para valores

elevados, o processo torna-se irreversível, quando o campo é removido, o sistema não

retorna a sua configuração inicial. Este fenômeno é chamado de histerese.

Por intermédio da obtenção da curva de histerese, podem ser definidos vários

parâmetros utilizados no magnetismo, a saber:

Ms = Magnetização de saturação

Mr = Magnetização remanente

Hc = Campo coercitivo

Hs = Campo de saturação

É relevante lembrar que histerese magnética não ocorre em materiais

paramagnéticos, sendo apenas observada nos materiais ferromagnéticos e

ferrimagnéticos.

A Figura 10 ilustra a curva de histerese para um material ferromagnético.

23
Figura 10 - Curva de histerese para um material ferromagnético

O deslocamento dos domínios em um material ferromagnético não é

completamente reversível e uma parte da magnetização permanece, mesmo quando H se

reduz a zero (Mr) conforme ilustra a Figura 10 [19, 22].

2.2.4.2 - Anisotropia Magnética

As propriedades magnéticas de um determinado material exibem dependência

direcional. Nos materiais cristalinos, o momento magnético tende a alinhar-se mais

rapidamente ao longo de certos eixos cristalográficos, chamados de direções de fácil

magnetização ou direções de mínima energia anisotrópica. Se o vetor magnetização for

24
removido da direção de mais fácil magnetização para uma mais difícil, a energia deve

ser suprida por um campo magnético externo. A medida desta energia é expressa pela

constante anisotrópica. Adicionalmente à anisotropia cristalina intrínseca do material,

existem outros tipos de anisotropia: de forma, de tensão, induzida pelo reordenamento

magnético e pela deformação plástica [23].

2.3 – Hexaferritas de bário

A história do magnetismo é tão antiga quanto a do homem. O termo magneto, de

origem grega, indicava um depósito de magnetita (Fe3O4) encontrado no distrito de

Magnésia, na Tessália.

A descoberta da bússola foi um marco na história do magnetismo, somente no

século XIII, a bússola, conhecida pelos chineses, pelo menos, desde o século XI. Foi

introduzida no Ocidente.

Curiosamente, o personagem responsável pela fundação do magnetismo como

ciência, não foi um físico conhecido, mas, o médico particular da rainha Elizabeth I,

Willian Gilbert. Em 1600, publicou a obra “De Magnete, Magneticisque Corporibus, et

de Magno Magnete Tellure” [24 , 25].

Um significativo desenvolvimento do magnetismo foi observado em 1825,

quando Hans Cristian Oersted relatou que campos magnéticos poderiam ser produzidos

por correntes elétricas [26, 27]. Tal descoberta abriu caminhos para as primeiras

aplicações do magnetismo, onde descobertas, modelos e teorias foram desenvolvidos.

Uma grande variedade de materiais magnéticos e suas propriedades tiveram sua origem,

principalmente, em três elementos que são ferromagnéticos à temperatura ambiente: o

ferro, cobalto e níquel [24, 28].

25
As cerâmicas ferrimagnéticas, ou seja, as ferritas, consistem de um grupo de

materiais magnéticos cujo interesse em sua pesquisa tem se intensificado nos últimos 50

anos desde a sua descoberta, induzindo ao estabelecimento de muitas teorias e modelos

adicionais, que complementam os já obtidos nas pesquisas de materiais metálicos [24,27].

As ferritas são materiais complexos, uma vez que combinam duas áreas de

grande complexidade: a microestrutura cerâmica e o fenômeno de magnetismo. As

microestruturas cerâmicas, resultantes de processos físico-químicos, tais como, a

sinterização no estado sólido, são afetadas por um grande número de variáveis

interativas e a essência da natureza mecânica-quântica de suas propriedades magnéticas

torna díficil uma compreensão imediata [24].

A ciência de materiais representa uma interface entre a física e a química,

tornando-se uma poderosa ferramenta para o entendimento científico, culminando com

a produção, teste e aplicação destes materiais [24].

A importância industrial das ferritas deve-se à diversidade de aplicações. De

1990 a 2005 esteve previsto um aumento anual de 5 a 15 % na produção de ferritas

moles e duras em relação aos 1,7 bilhões de dólares referentes a 1989. Através dos anos

a demanda tem aumentado grandemente, evidenciando uma tendência da China tornar-

se até 2010 a maior consumidora mundial de ferritas, assumindo a posição atualmente

ocupada pelos japoneses.

Várias características de desempenho das ferritas são necessárias para as

diversas aplicações, sendo as mais requisitadas: alta permeabilidade, elevada saturação

magnética, alta temperatura de Curie (temperatura crítica abaixo da qual os momentos

magnéticos encontram-se alinhados) e baixa perda por histerese. As vantagens das ferritas

usadas em sistemas eletrônicos consistem da elevada resistividade em relação aos metais,

estabilidade química e baixo custo [29].

26
As ferritas são materiais que absorvem a radiação eletromagnética na faixa de

freqüência de 100 MHz a 100 GHz, convertendo-a em energia térmica [30]. Ishino e

col. [30] descobriram que o efeito da absorção de microondas depende tanto da

freqüência quanto do tamanho da partícula. Desta forma, um pó contendo menor

tamanho de partículas pode absorver a radiação de microondas, de forma mais eficiente [30].

O termo ferrita é empregado, de maneira genérica, para a classe de componentes

óxidos magnéticos, contendo o óxido férrico (Fe2O3) como o principal constituinte, em

combinação com um óxido metálico bivalente [31].

Mais especificamente, existem diferentes classes de estrutura cristalina para as

ferritas, a saber: de espinélio, granada e a hexagonal [28].

As ferritas do tipo espinélio consistem de um grande grupo de óxidos, que

apresentam a estrutura do espinélio natural, MgAl2O4. Muitas das principais ferritas do

tipo espinélio são sintéticas, porém um dos mais importantes e, provavelmente, o

material magnético mais antigo, com inúmeras aplicações, a magnetita, consiste de um

óxido natural. A grande abundância destes materiais pode ser atribuída à estabilidade de

sua forma cristalina [31, 32].

Diversas combinações de diferentes cátions podem formar a estrutura espinélica,

sendo quase suficiente a combinação de 3 cátions com uma carga total de 8 para que

ocorra o balanço entre as cargas dos ânions. Os respectivos sítios ocupados por cátions

são, contudo, influenciados por diversos fatores, incluindo, dentre outros, os efeitos de

ligação covalente [28].

As ferritas do tipo granada (garnet) apresentam como estrutura cristalina aquela

do mineral garnet, Mn3Al2Si3O12, onde o silício (Si) e manganês (Mn) podem ser

substituídos pelo ítrio (Y) e alumínio (Al) por um mecanismo duplo de substituição,

para obter-se Y3Al5O12 [31], conforme abaixo ilustrado [ 33]:

27
Mn3Al2Si3O12 + 3Y3+ + 3Al3+ = Y3Al5O12 + 3Mn2+ + 3Si4+ (5)

As ferritas do tipo granada apresentam o Fe3+ no lugar do Al3+. A fórmula

genérica destes materiais consiste de R3Fe5O12, onde R é um cátion trivalente de terras

raras ou de ítrio. A estrutura cristalina apresenta simetria cúbica e relativa complexidade [33].

As ferritas hexagonais constituem uma ampla classe de óxidos ferrimagnéticos,

onde o principal componente é o óxido férrico, em combinação com um óxido bivalente

(BaO, SrO ou PbO) e um óxido bivalente de um metal de transição.

Estes materiais foram inicialmente sintetizados pelos laboratórios da Philips na

Holanda, com exceção de plumbita (Pb(Fe,Mn)12O19), cuja fórmula aproximada consiste

de PbFe7,5Mn3,5Al0,5Ti0,5O19, que constitui o único composto natural com morfologia

semelhante à da hexaferrita de bário do tipo M (BaFe12O19) [32].

As hexaferritas de bário com composição BaFe12O19 são os materiais magnéticos

mais largamente utilizados na manufatura de ímãs permanentes, sendo de importância

vital para a indústria como componentes de uma variedade de dispositivos utilizados em

gravação magnética, eletrônicos para geração e distribuição de energia elétrica, dentre

outras aplicações. Tal diversidade pode ser atribuída ao baixo custo, alta anisotropia,

elevado campo coercitivo (2-6 kOe), alta magnetização de saturação (72 emu/g), além

da excelente estabilidade química e resistência à corrosão [33]. Adicionalmente à sua

comercialização, estes materiais demonstram potencialidade em aplicações na área de

gravação magnética avançada, tal como em vídeos de alta definição e em discos

flexíveis, devido à alta densidade de gravação [28, 32].

As propriedades magnéticas de ferritas encontram-se diretamente relacionadas às

configurações dos íons e as suas interações. Contudo, o estudo de sua estrutura

28
cristalina é de suma importância para o entendimento do comportamento destes

materiais. Desta forma, as propriedades magnéticas das hexaferritas de bário são

determinadas por sua estrutura cristalográfica. Adelskold demonstrou que estes

materiais possuem uma estrutura hexagonal [32 - 34].

A composição química das principais ferritas de bário hexagonais encontra-se

ilustrada na Figura 11, que apresenta parte do triângulo de composição MeO-Fe2O3-

BaO, onde Me representa um metal divalente [12].

100 0

90 10
M

X 20
80
Fe O .mol% W MeO.mol%
2 3
30
70 Z

T 40

60

B 50 S
40 30 20 10

BaO.mol%

Figura 11 - Diagrama da composição de ferritas hexagonais onde B=BaFe2O4,

M=BaFe12O19, S=BaFe2O4, T=BaFe4O7, W=BaMe2Fe16O27, X= Ba2Me2Fe28O46,

Y= Ba2Me2Fe12O22 e Z=Ba3Me2Fe24O41

O emprego de hexaferritas como absorvedores de microondas tem sido citado,

embora a literatura específica seja escassa [35, 36].

O fenômeno de absorção de microondas em ferritas pode ser explicado com base

29
no movimento de precessão dos elétrons (semelhante ao movimento de um pião),

quando um campo magnético alternante é aplicado a estes materiais. A magnetização

das ferritas é um fenômeno causado pelo momento do spin dos elétrons dos íons

magnéticos, e como qualquer corpo que gira em torno do seu próprio eixo, o elétron

comporta-se como um giroscópio, de modo que, quando um elétron é imerso em um

campo magnético, seu momento magnético tende a se alinhar segundo a direção do

campo aplicado, assim sendo, o elétron entra em um movimento de precessão, segundo

a teoria do giromagnetismo [28].

A magnetização do íon (M) corresponde à soma dos momentos magnéticos

individuais de cada elétron. Deste modo, o momento magnético total (magnetização) irá

precessionar em torno do eixo de equilíbrio com a mesma freqüência do campo. Dá-se

então, uma transferência de energia entre o campo magnético alternante e os elétrons

que precessionam e a energia radiante é transformada em energia calorífica quando

ocorre a absorção de microondas. A ressonância ferrimagnética, que corresponde à

absorção de um fóton de energia, ocorrerá quando a freqüência do campo alternado

aplicado transversalmente for igual à freqüência de precessão [28].

A aplicação de um campo magnético (H) ocasiona um aumento da magnetização

(M) na direção do campo aplicado. Se H for aumentando gradativamente, a

magnetização alcançará a saturação em um dado valor conhecido como magnetização

de saturação (Ms), que representa a condição em que todos os dipolos magnéticos

encontram-se alinhados na direção de H [37]. Desta forma, Ms depende da magnitude

dos momentos magnéticos atômicos (m) e do número de átomos por unidade de volume

(n), segundo a Equação 6 [38]:

Ms = nm (6)

30
A hexaferrita de bário pertence a uma classe de materiais ferrimagnéticos cujas

propriedades magnéticas são basicamente as mesmas apresentadas pelos materiais

ferromagnéticos [36-38].

Os materiais ferro e ferrimagnéticos diferem-se principalmente no que diz

respeito à facilidade com que estes podem ser magnetizados. Se um pequeno campo

magnético (Oe) for suficiente para produzir uma saturação da magnetização, o material

é identificado como magneticamente mole. Para o caso da magnetização de saturação

(Ms) ocorrer mediante a aplicação de um campo elevado, tal material é considerado

como duro [38].

Os materiais ferromagnéticos, em temperaturas inferiores à temperatura crítica

(temperatura de Curie, Tc), os momentos magnéticos dentro dos domínios encontram-se

alinhados paralelamente. Exemplos de elementos ferromagnéticos consistem dos três

ferromagnetos: ferro (Tc = 770 °C), níquel (Tc = 358 °C) e cobalto (Tc= 1131 °C), enquanto

alguns metais de terras raras também exibem o ferromagnetismo, tais como o gadolínio

(Tc = 293 K), disprósio (Tc = 85 K), térbio (Tc = 219 K), hôlmio (Tc = 19 K), érbio (Tc =

19,5 K ) e túlio (Tc = 32 K) [37].

Em um material ferrimagnético, o vetor de magnetização apresenta direções

preferenciais e um campo finito torna-se necessário para alterar tais direções. Este

comportamento é descrito pelo campo anisotrópico. Desta forma, segundo a teoria de

Néel [39], este material é formado por duas redes cristalinas interpenetrantes, cada uma

com seus momentos alinhados em paralelo, porém, as interações entre as duas redes

cristalinas secundárias apresentam-se direcionadas de forma oposta. De forma análoga

aos materiais ferromagnéticos, as ferritas também exibem o fenômeno de saturação do

momento magnético e de histerese. Em uma dada temperatura crítica (Tc), a

31
magnetização espontânea desaparece e estas tornam-se paramagnéticas. Uma diferença

reside no fato de que ferromagnetos são, normalmente, metálicos enquanto as ferritas são

não-metais.

No que tange às características da histeresimetria magnética as ferritas podem

ser classificadas em moles ou duras. Os materiais magnéticos moles devem apresentar

alta pemeabilidade inicial (µi) e baixa coercividade, desta forma sendo facilmente

magnetizados e desmagnetizados [40-42]. Torna-se relevante mencionar que baixa

coercividade corresponde ao fácil movimento das paredes de domínio, à medida

que o campo magnético varia em magnitude e/ou sentido. Conforme já

mencionado, a região do espaço na qual os momentos de dipolos magnéticos estão

alinhados é denominada domínio [43].

A magnetização (M) pode ser reduzida a zero através da aplicação de um campo

magnético oposto. A força deste campo denomina-se coercividade, que depende das

condições de obtenção da amostra. A força coercitiva representa o campo necessário

para reduzir a magnetização a zero a partir de um nível arbitrário, enquanto a

coercividade representa o campo magnético necessário para reduzir a magnetização a

zero a partir da saturação. Com base nestas definições, a coercividade representa o valor

limite superior para os valores de forças coercitivas [44].

Stuijts [45] demonstrou que a hexaferrita de bário do tipo M é magneticamente

anisotrópica e que a substituição de alguns íons na estrutura cristalina pode alterar a

constante de anisotropia deste material.

A fórmula básica de uma ferrita hexagonal do tipo M é MeFe12O19, onde Me é

um metal divalente, a citar como exemplos Ba, Sr ou Pb.

As hexaferritas do tipo W (MaMe2Fe16O27, onde Me é um cátion divalente de

um metal de transição, tal como Co, Cu, Ni, Zn, etc.) apresentam propriedades

32
giromagnéticas satisfatórias; as hexaferritas do tipo Z (Ma3Me2Fe24O41) e Y

(Ma2Me2Fe12O22) são materiais magnéticos moles com ampla aplicação em VHF e

UHF.

2.3.1 - Tipo Y

Hexaferritas de bário do tipo Y são materiais magnéticos moles com excelentes

propriedades magnéticas, tais como a anisotropia magnética planar resultando em uma

freqüência de corte (cutoff frequency) muito superior às do tipo espinélio, propiciando

inúmeras aplicações em VHF e UHF. Atualmente, o crescente desenvolvimento de

informação e de comunicação tecnológica induz à grande demanda por componentes

eletrônicos à base de hexaferritas moles: MLCIs e MLCBs (multilayer chip inductors e

multilayer chip beads, respectivamente) [46].

Alguns trabalhos relevantes encontrados na literatura referentes ao estudo de Y-

hexaferritas de bário são apresentados:

Bai e colaboradores [4] investigaram as propriedades magnéticas em VHF da Y-

hexaferrita de bário contendo os elementos Co, Zn e Cu para aplicação em chips com o

objetivo de otimizar sua operação nesta faixa de freqüência. Esse material foi

sintetizado pelo método tradicional de mistura de óxidos. Observou-se que BaFe2O4 é a

principal impureza dessas hexaferritas quando sintetizadas em temperaturas muito

baixas e o seu desaparecimento com a elevação da mesma. Os resultados experimentais

apontaram que a substituição do Co pelo Zn elevou a anisotropia magnética do material.

A substituição pelo Zn também reduziu o movimento das paredes de domínio magnético

e deslocou o pico de ressonância para valores de freqüência mais elevados. A

substituição pelo Cu reduziu o valor da permeabilidade desta hexaferrita e também

proporcionou a redução de sua temperatura de sinterização.

33
Haijun e colaboradores [47] estudaram as propriedades magnéticas da Y-

hexaferrita de bário (Ba2ZnzCo2-zFe12O22), obtida pelo processamento cerâmico

convencional. Como, via de regra, as ferritas do tipo espinélio, só podem ser utilizadas

em freqüências inferiores a 300 MHz, optou-se pelo estudo da Y-hexaferrita de bário,

que é uma ferrita com característica mole, porém que apresentou boas propriedades

magnéticas em freqüências elevadas (VHF e UHF). Desta forma, este material pode ser

utilizado em núcleos de indutores e em dispositivos de comunicações em VHF. Os

resultados experimentais mostraram que a constante dielétrica e a perda dielétrica

diminuem com o aumento da freqüência. À medida que se eleva a concentração de

cátions Zn2+ ocorre uma queda no valor da permissividade. A concentração de cátions

Zn2+ afetou fortemente a freqüência de ressonância natural da hexaferrita, deslocando-a

para valores menores (489 MHz), em relação aos anteriormente observados em 6 GHz,

com aumento da concentração de cátions Zn2+ (de 0 até 2).

Bai e colaboradores [46] estudaram o comportamento magnético das Y-

hexaferritas de bário, contendo cobalto, zinco e cobre, com a variação da freqüência. As

amostras foram preparadas pelo método cerâmico convencional. Os resultados

experimentais mostraram que a composição e o processamento determinaram o

mecanismo de magnetização deste material em VHF e UHF. O processo de

magnetização foi realizado pelos mecanismos de movimento de parede de domínio e

rotação de magnetização. Com o aumento da concentração de Co ocorreu um

conseqüente aumento da anisotropia magnética direcionando o pico de ressonância para

maiores valores de freqüência e o desaparecimento da ressonância de parede do domínio

magnético.

34
Chang e colaboradores [9] estudaram a presença de fases e propriedades

magnéticas da Y-hexaferrita de bário dopada com cobalto e titânio (Ba2Zn2(Ti,Co)yFe12-

2yO22) e cromo (Ba2Zn2CrxFe12-xO22). As hexaferritas foram sintetizadas pelo método de

mistura de óxidos. Na hexaferrita dopada com Co e Ti ocorreu o aparecimento de uma

segunda fase do tipo espinélio (Zn1-ηCoη)(Fe2-δCoδ)O4, para valores de y maiores ou

iguais a 0,6. Foram também observados dois picos de ressonância pela técnica de ESR

(“Electron Scattering Ressonance”) com um campo de 1020 e 2430 Oe,

respectivamente, em uma freqüência de 9,684 GHz. A largura do pico aumentou com a

adição dos dopantes. Na hexaferrita dopada com cromo foram identificadas duas fases

do tipo espinélio (Zn(Fe2-εCrε)O4 e ortorrômbica BaCr2O4, para uma concentração de

cromo superior a 0,2. A quantidade de cromo utilizada não teve influência no campo

ressonante do único pico das curvas obtidas pela técnica de ESR.

Lee & Kwon [48] prepararam partículas de Ba2Co2(1-x)Zn2xFe12O22 pelo método

de coprecipitação para aplicação em dispositivos de microondas. Foram estudados os

valores de magnetização de saturação (σs, 0K) e Temperatura crítica (Tc). σs, 0K e Tc

mudam linearmente com o aumento da concentração de zinco. Ba2Co2Fe12O22

apresentou os valores mais elevados de Tc (595 K) e os mais baixos valores de σs, 0K

(32,1 emu/g), enquanto que a Ba2Zn2Fe12O22 apresentou valores mais baixos de Tc (373

K) e mais elevados de σs, 0K (73,6 emu/g). Na temperatura ambiente, porém, o valor

máximo de σs surge em torno de x=0,75 sendo este de 34,9 emu/g. A presença de zinco

diminuiu a interação de supertroca sem modificar a direção dos spins dos outros cátions,

para todas as composições estudadas.

35
Abo El Ata & Attia [49] prepararam uma série de Y-hexaferritas policristalinas

com composição Ba2Ni2-xZnxFe12O22 (onde 0,0 < x < 2,0) pelo método cerâmico

tradicional com o objetivo de estudar o efeito da freqüência e das diferentes

composições nas propriedades elétricas. Descobriram que a condutividade em corrente

alternada (ca) é influenciada pela dispersão em freqüências elevadas. Essa dispersão foi

atribuída ao surgimento da polarização interfacial a partir da estrutura não homogênea

do material. A constante dielétrica apresentou um caráter anormal sendo elevada em

baixas freqüências e se reduziu rapidamente com a elevação da freqüência. Observaram

também picos de relaxação dielétrica nas curvas de tangente de perda dielétrica (tan δε).

Bai e colaboradores [50] estudaram as propriedades elétricas da Y-hexaferrita de

bário não estequiométrica (Ba2Zn0,6Co0,6Cu0,8Fe12-xO22-1,5x onde 0,0 < x < 2,0) preparada

pelo método da reação no estado sólido (mistura de óxidos). Os resultados

experimentais apontaram que para a deficiência catiônica igual ou inferior a 1,0, a

formação da fase tipo-Y não foi prejudicada, contribuindo sim com o processo de

sinterização. As amostras que apresentaram deficiência catiônica densificaram-se em

temperaturas menores. Também ocorreu uma tendência à formação de grãos maiores em

temperaturas menores. A deficiência de Fe2+ teve como resultado a elevação da

resistência intergranular. As amostras bem sinterizadas e com deficiência catiônica

apresentaram baixa permissividade e alta resistividade em corrente contínua (cc). As Y-

hexaferritas de bário exibiram excelentes propriedades magnéticas em UHF. Uma

deficiência catiônica apropriada pode resultar em uma melhoria das propriedades

dielétricas.

36
Pramanik e colaboradores [51] estudaram a obtenção da Y-hexaferrita de bário

com composição Ba2Co2Fe12O22 pelo método sol-gel. Concluíram que é possível a

obtenção desta hexaferrita na temperatura de 900 oC com tempo de calcinação de 2 a 6 h

porém, por intermédio da análise de difração de raios-X, foi observada a presença de

outras fases. Acima de 1000 oC o difratograma apresentou somente picos da Y-

hexaferrita de bário. Também foram observadas as propriedades magnéticas da

Ba2Co2Fe12O22 com a temperatura obtendo valores de magnetização de saturação entre

30,9 a 47,6 emu/g e valores de campo coercitivo de 0,13 a 1,6 kOe.

Li e colaboradores [52] sintetizaram as Y-hexaferritas de bário com composição

Ba2CuxCo2-xFe12O22 com x=0,1, pelo método cerâmico convencional. Estudaram o

efeito da variação de tamanho de partícula e concentração nas propriedades

absorvedoras de microondas dos compósitos elastoméricos das com estas ferritas. Os

parâmetros de espalhamento foram medidos usando cabos coaxiais, os corpos de prova

possuíam formato toroidal. Foram observadas perdas por reflexão de –38 dB em 11,8

GHz para amostra com x = 0, concentração de 75% p/p e tamanho médio de partícula de

1 µm. Foi observado também que a adição de Cu deslocou o pico de absorção para

freqüências maiores.

Segundo a escassa literatura existente, a síntese de Y-hexaferritas de bário é,

principalmente, realizada pelo processamento cerâmico convencional e não por métodos

químicos. Bai e colaboradores [4] chegaram a citar a importância da utilização da Y-

hexaferrita para absorção de microondas em freqüências acima de 10 GHz. Haijun e

colaboradores [8] apresentaram um pequeno estudo sobre a refletividade até 6 GHz da

Zn2Y-hexaferrita substituída por Co no qual eles mostraram um único gráfico de

37
refletividade. Neste trabalho a Y-hexaferrita foi veiculada em parafina. Li e

colaboradores [52], no final de 2006, apresentaram um estudo da absorção de

microondas na banda X de compósitos poliméricos de níquel com hexaferritas tipos Y e

Z, obtidas pelo método cerâmico convencional, obtendo bons resultados em função da

adição de níquel metálico. Observaram o efeito da variação do tamanho de partícula e

da concentração das Y-hexaferritas de bário (Ba2CuxCo2-xFe12O22 sendo x=0,1) nas

propriedades de absorção de microondas utilizando a técnica de reflexão e transmissão

por cabos coaxiais. Apesar da descoberta da Y-hexaferrita de bário (1956 por Jonker)

não ser recente, poucos foram os trabalhos publicados sobre este material. Observa-se

que a maioria de artigos foi recentemente publicada (2003 e 2007) principalmente

devido ao crescente avanço tecnológico onde os dispositivos de microondas atuam cada

vez mais em freqüências mais elevadas. A Y-hexaferrita de bário possui a importante

característica de ser um material magnético mole que pode atuar em freqüências

elevadas.

2.3.1.1 - Estrutura cristalina

A Y-hexaferrita de bário (Me2Ba2Fe12O22) possui um bloco T com quatro

camadas de oxigênio com a fórmula Ba2Fe8O14 e um bloco S com Me2Fe4O8. A célula

unitária é composta por três desses blocos TS ((TS)3) [20].

As hexaferritas do tipo Y apresentam um sistema cristalográfico trigonal cujo

grupo espacial é R3m e os parâmetros de célula, expressos nos eixos hexagonais, são: a

≅5,9 Å, c ≅ 43,5 Å; nessa célula existem seis unidades de fórmula. A estrutura contém

18 camadas de oxigênio e pode ser considerada como um empilhamento de blocos T e

espinélios S ao longo do eixo hexagonal c, de acordo com a seqüência

38
(TS)’’|(TS)(TS)’(TS)”|(TS). onde as haspas significam uma rotação de 120o em torno

desse eixo [53]. A Figura 12 [53] ilustra o grupo (TS) da hexaferrita tipo-Y.

Figura 12 - O grupo (TS) na estrutura da hexaferrita de bário tipo-Y.

A Figura 13 [54] apresenta a estrutura da Co2Y-hexaferrita (Ba2Co2Fe12O22).

39
Bário

Oxigênio
Eixo c
43,5 Angstron

FeO4 ou CoO4

eO6ou CoO6

Figura 13 – Esquema ilustrativo da estrutura cristalina da Co2Y-hexaferrita de

bário (Ba2Co2Fe12O22) .

A estrutura cristalina da Co2Y-hexaferrita de bário é composta por blocos S

(CoFe2O4 – estrutura espinélio) e T (BaFe4O7) alternados. Os blocos S possuem

estrutura cúbica de face centrada (cfc, ABCABC) e os blocos T possuem estrutura

hexagonal de empacotamento compacto (hc, ABAB). Desta forma, a estrutura

magnetopumblita tipo Y pode ser descrita como ABCBCBCAB [54].

2.4 - Métodos de obtenção de ferritas

Um dos métodos mais simples e mais utilizados para obtenção de ferritas é o

método cerâmico usualmente chamado de mistura de óxidos. O pó é preparado a partir

dos óxidos ou carbonatos dos óxidos de interesse pela mistura/moagem dos mesmos,

geralmente empregando-se um meio líquido formando-se uma suspensão do material,

com o intuito de promover uma melhor mistura. O pó, depois de seco, é calcinado na

40
temperatura de formação da fase cristalina da ferrita. Embora este seja o método mais

utilizado de obtenção de ferritas devido ao seu baixo custo e simplicidade de execução,

ele possui algumas importantes limitações como por exemplo: existe um limite no

tamanho de partículas devido a utilização da moagem mecânica. Geralmente são

empregados moinhos de bolas e à medida que estas esferas vão cominuindo o material

também se aquece e são introduzidas quantidades significativas de impurezas

indesejáveis. Sem contar com a utilização de elevadas temperaturas para a obtenção da

fase cristalina desejada. Além disso, a distribuição de tamanhos de partículas se torna

extremamente ampla. Para tentar superar as deficiências deste método têm sido

utilizados diversos métodos químicos principalmente em escala laboratorial. A

característica em comum é que a mistura dos componentes ocorre em escala atômica ou

molecular. Em um dos grupos destas técnicas, é formada uma solução com os cátions da

ferrita desejada em proporções estequiométricas, ou seja, uma precipitação controlada

(coprecipitação) dá origem a uma mistura contendo pequenas partículas dos cátions, de

interesse, na forma de hidróxidos, por exemplo. O tamanho das partículas pode ser

controlado, de forma acurada, por intermédio do pH da solução. Em um outro grupo, a

precipitação ocorre pela remoção do solvente por evaporação (spray-drying) ou

solidificação (freeze-drying), ou pela adição de um solvente (sol-gel). No caso de um

precursor molecular, a técnica é baseada na preparação de um composto orgânico

contendo os cátions de interesse nas devidas proporções estequiométricas (precursor

orgânico). Em todos estes casos, as partículas de ferritas são obtidas pelo aquecimento

do precipitado.

Um problema comum a todos estes métodos é a tendência das partículas

aglomerarem durante a precipitação ou remoção do solvente [20].

41
O método de preparação da Y-hexaferrita nesta tese tem como base a

metodologia sol-gel.

2.4.1 - Sol-gel

O método sol-gel possibilita a síntese de cerâmicas e materiais vítreos por

intermédio da formação de um sol, gerado por uma solução de precursores, que sofre

condensação, transformando-se em gel com posterior retirada do solvente.

A produção do sol pode ter início por intermédio de precursores orgânicos ou

inorgânicos, e todo o processo é conduzido à temperatura ambiente. A peculiaridade

desse método é que o estado sólido pode ser alcançado em baixas temperaturas tendo

sido iniciado por uma solução. Esse fato expande enormemente a possibilidade de

desenvolvimento de novos materiais otimizando, até mesmo, suas propriedades.

Um sol é definido como uma suspensão coloidal em um líquido de partículas

sólidas, cuja dimensão se encontra na faixa de 1 – 1000 nm. Sendo assim, a interação

entre as partículas é predominantemente através de forças de Van der Waals e cargas

superficiais. Um gel pode ser definido como uma estrutura sólida contínua que contém

uma fase líquida contínua. Também pode ser descrito como uma macromolécula

formada por todos os monômeros inicialmente presentes na solução, que também

contém parte da própria solução.

O processo sol-gel é caracterizado por diferentes fases:

- hidrólise do precursor

- condensação

42
- secagem

- calcinação

Todas essas fases têm uma enorme influência nas propriedades do produto

obtido e o grande número de variáveis envolvidas torna o controle do processo como

um todo, ainda muito empírico. [55]

2.4.1.1 - Método da combustão do gel de citrato

O método por combustão apresenta algumas vantagens em comparação com

outros métodos de obtenção de ferritas, quais sejam: o uso de reagentes comuns, a

utilização de equipamentos simples, rapidez de processamento e pós com alto grau de

desaglomeração. Este método apresenta como principal vantagem econômica a

utilização da energia produzida pela decomposição exotérmica de uma mistura redox de

nitratos metálicos com um composto orgânico. Nesta mistura, nitratos e compostos

orgânicos comportam-se como oxidantes e combustíveis. A reação ocorre dissolvendo-

se os nitratos metálicos e o combustível em uma quantidade mínima de água, em

seguida, aquece-se a mistura para evaporação do excesso de água. Com a elevação da

temperatura, o líquido viscoso resultante entra em combustão auto-sustentável,

produzindo uma cinza volumosa contendo óxidos dos cátions desejados. Durante a

combustão, ocorre a formação de uma volumosa estrutura flocular com elevada

porosidade associada à decomposição dos nitratos e a oxidação do combustível. Os

gases formados são o N2, H2O, e CO2 que favorecem a formação de uma cinza

volumosa e porosa semelhante a um biscoito de polvilho, que se desfaz em finas

partículas de óxidos, precursores da Y-hexaferrita de bário, sob ação de um débil

43
esforço mecânico. As propriedades do produto final tais como tamanho de partícula,

área superficial, e porosidade dependem do modo como a combustão é conduzida. A

formação dos gases favorece a desagregação dos produtos e a dissipação do calor. A

exotermicidade da combustão é controlada pela natureza do combustível e pela razão

oxidante/combustível. Os combustíveis são compostos orgânicos, muitos deles

derivados da hidrazina, com ligações N-N que propiciam uma combustão altamente

exotérmica. [56]. O método por combustão do gel de citrato utiliza como combustível o

ácido cítrico. A combustão do gel de citrato combina o método de Pechini com uma

combustão do gel. Em termos sumários, é baseado no processo de gelificação, onde

ocorre o seqüestro dos cátions metálicos para a fase orgânica/combustível e a

combustão do gel para obter uma cinza volumosa e friável de óxidos precursores da Y-

hexaferrita de bário [57].

Uma vez obtido o pó de hexaferrita é veiculado a uma matriz elastomérica à base

de resina epoxi.

2.5 - Epoxi como matriz elastomérica

A resina epoxi (resina oxirânica), comercialmente disponível sob uma enorme

gama de variedade, com propriedades diversificadas, é geralmente aplicada com um

segundo componente, designado comercialmente como endurecedor e tecnicamente

como agente de cura.

A necessidade de desenvolvimento de materiais para revestimento de ambientes

altamente corrosivos é o que sustenta o grande crescimento comercial das resinas epoxi.

Além disso, a indústria de revestimentos e tintas tem passado por grandes mudanças

tecnológicas, devido à grande demanda por produtos de alto desempenho. A procura por

materiais com propriedades desejáveis, tais como: aparência, resistência à corrosão e

44
durabilidade tem sido a força motriz para o desenvolvimento de compósitos à base de

resina epoxi.

Resinas epoxi curadas exibem excelente adesão a um grande número de

substratos, excelente isolamento elétrico e estabilidade térmica, além da resistência à

corrosão, já mencionada.

Em um sentido mais amplo, o termo epoxi refere-se a um grupo constituído por

um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de carbono. Conforme ilustra a Figura 14, o

grupo epoxi mais simples é aquele formado por um anel de três elementos conhecido

como 1,2-epoxi, enquanto os termos 1,3 e 1,4-epoxi são aplicados aos óxidos de

trimetileno (oxetano) e tetrametileno (tetrahidrofurano) [58].

Figura 14: Grupos epoxi com 2, 3 e 4 átomos de carbono e oxigênio como

heteroátomo.

Os epoxi podem ser designados como óxidos, como no caso do óxido de etileno

(1,2-epoxi, epoxietano ou oxirano) ou óxido de ciclohexano (1,2-óxido de

ciclohexano).

Existem atualmente disponíveis no mercado vários tipos de resina epoxídica,

porém a mais comum é a derivada da reação entre bisfenol A (4,4´-difenilol-propano) e

epicloridrina, comumente chamada de diglicidil éter de bisfenol A (DGEBA-

45
DIGlycidil Ether of Bisphenol A), cuja estrutura é ilustrada na Figura 15. As

características dessas resinas são derivadas do bisfenol A (resistência e rigidez), de suas

ligações (resistência química) e dos grupos hidroxil e epoxídico (propriedade adesiva e

reatividade com uma variedade de agente de cura) [59].

De forma sinóptica, apresentam grande adesividade, resistência à abrasão e baixa

contração após cura. Devido ao baixo custo, são amplamente utilizadas na forma

líquida, semi-sólida ou sólidas em função do peso molecular.

Figura 15 – Estrutura química da resina epoxídica à base do DGEBA

A conversão da resina epoxídica a partir do estado líquido viscoso, em sólidos

termorrígidos ocorre a partir de mecanismos de formação de ligações cruzadas

(processo de cura).

Dois fenômenos macroscópicos importantes ocorrem durante o processo de cura:

a geleificação e vitrificação.

A geleificação está associada à brusca variação da viscosidade, que caracteriza

uma tranformação: líquido → sólido gel. Esta transformação ocorre em um momento

específico das reações químicas, dependendo da funcionalidade, reatividade e

estequiometria dos reagentes. O tempo em que ocorre essa transformação brusca é

conhecido como ponto de gel.

A vitrificação pode ocorrer ou não após a geleificação e consiste na

transformação sólido gel → sólido vítreo. Nesta etapa do processo de cura ocorre a

46
densificação macromolecular devido ao aumento do número de ligações cruzadas,

levando à formação de um sólido insolúvel e infusível.

A resina epoxídica curada apresenta alta resistência a intempéries, baixo

coeficiente de expansão, boa estabilidade térmica, entre outras propriedades. Entretanto,

estes polímeros possuem baixa resistência ao impacto e à fratura devido principalmente

a sua característica vítrea, que na maioria das vezes é otimizada por um processo de

tenacificação.

Os agentes de cura para resina epoxídica podem ser divididos em duas principais

classes: alcalinos e ácidos. Os agentes alcalinos incluem as bases de Lewis, aminas e

poliaminas alifáticas primárias e secundárias, e outros compostos contendo nitrogênio.

Agentes de cura ácidos incluem: ácidos de Lewis, fenóis, ácidos orgânicos, anidrido,

ácido carboxílico e tióis.

As poliaminas alifáticas constituem os endurecedores (agentes de cura) mais

comuns devido à capacidade de produzir reticulações à temperatura ambiente ou

inferior. Dentre elas, as mais populares são a dietileno triamina (DETA-DIEthylene

TriAmine); trietileno tetramina (TETA-TriEthylene TetrAmine) e trietileno pentamina

(TEPA-TetraEthylene PentAmine). Estas possuem cura rápida a temperatura ambiente,

menor custo, baixa viscosidade, são rapidamente miscíveis, não são higroscópicas e

proporcionam boas propriedades físicas à resina curada, incluindo excelente resistência

química e a solvente. Sua rápida ação a temperatura ambiente é, em alguns casos, um

fator limitante, devido ao curto tempo de manuseio (pot-life).

As aminas aromáticas são agentes de cura que contribuem para melhorar as

propriedades mecânicas e a rigidez das resinas epoxídicas. Os principais tipos são:

metafenileno diamina (MPDA-MetaPhenylene DiAmine) e diamino-difenil-sulfona

(DADS-DiAmino Diphenyl Sulfone). Estes agentes de cura aumentam a resistência à

47
alta temperatura e a ataques químicos e aumentam o tempo de manuseio, porém

requerem aquecimento para a reação de cura [60].

2.6 - Absorção de microondas

Tem aumentado nos últimos anos, o interesse por medidas acuradas de

propriedades elétricas e magnéticas, para diferentes tipos de materiais na freqüência de

microondas. A caracterização eletromagnética destes materiais, pelas medidas de

absorção da radiação eletromagnética na faixa de microondas requer, em geral, uma

aparelhagem sofisticada.

A técnica empregada nas medidas de refletividade (R), com base nos valores de

permeabilidade magnética (µ) e permissividade elétrica (ε), baseia-se nas linhas de

transmissão, sendo conhecida como método de Transmissão/Reflexão (T/R) [61, 62] e

pode ser realizada em espaço aberto (câmara anecóica) [63-65], em guia de ondas [66-

68] ou por linhas coaxiais [69, 70].

A câmara anecóica consiste de um local cujas paredes, teto e piso são revestidos

com uma espuma, contendo material absorvedor de microondas. Como a maior

dificuldade encontrada nas medidas de seção transversal de radar (RCS) é decorrente da

necessidade de remoção dos efeitos provenientes de sinais indesejáveis nos resultados

obtidos, estas medidas consistem do método mais preciso. Nestas medidas a energia

(radiação) incidente pode ser absorvida pelas paredes, teto e piso impedindo a reflexão

da mesma por parte destas superfícies, minimizando desta forma, a interferência nos

parâmetros monitorados [71, 72].

Este método tem como preceito básico a comparação entre as potências

refletidas por uma placa metálica limpa (isenta de material) e outra revestida com o

48
material cuja absorção deseja-se estudar. O emprego desta técnica de medição exige

maiores quantidades de amostra para a realização das análises em relação às demais

técnicas [73].

Desta forma, este item constitui a principal ferramenta para a avaliação do

desempenho dos materiais absorvedores de microondas. Essa medida indica se o

material apresenta pico de absorção na faixa de freqüência estudada.

As medidas dos parâmetros de permeabilidade e permissividade desta Tese

foram realizadas na Divisão de Materiais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do

Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). A técnica de medida utilizada é a

de linhas de transmissão, conhecida também como Método de Transmissão /Reflexão

(T/R), que pode ser conduzida em guia de ondas ou linhas coaxiais. Este método

apresenta a vantagem econômica sobre as medidas em espaço aberto por utilizar apenas

pequenas quantidades de material na preparação dos corpos de prova.

Os problemas encontrados em medidas por linhas de transmissão são

provenientes de erros sistemáticos e imperfeições na conformação de amostras. Este

último tem efeitos mais prejudiciais quando adotam-se linhas coaxiais como meio

eletromagnético, pois as amostras de geometria cilíndrica demandam um maior apuro

nas técnicas de conformação do que as amostras retas.

O método adotado nesta Tese utiliza guias de onda com características não

ressonantes, dispersão integral e medição por duas portas. Neste método a amostra

retangular é acomodada em uma seção de guia de onda e os parâmetros de

espalhamento são medidos em um analisador automático de redes. As equações de

espalhamento relatam os parâmetros de dispersão medidos para permissividade e

permeabilidade do material de acordo com as equações de Nicolson-Ross, que se

encontram no ANEXO A. Este modelo é mais eficiente quando utilizado para

49
caracterização eletromagnética de materiais magnéticos. As simplificações adotadas por

este método consideram que os materiais a serem testados são isotrópicos, homogêneos

e encontram-se no estado desmagnetizado caso contrário, deverá ser realizada uma série

de medidas para cada amostra e considerado como resultado a média aritmética.

2.6.1 - Guia de ondas

Guia de ondas é o modo mais eficiente para transferir energia eletromagnética

em microondas. Ele é construído de material condutivo e pode possuir formas

retangulares, circulares, ou elípticas, tal como ilustra a Figura 16. Os guias de ondas

consistem basicamente de tubos ocos metálicos com seção reta uniforme.

ELÍPTICO

CIRCULAR RETANGULAR

Figura 16 - Tipos de guia de ondas utilizados

A utilização de guia de ondas tem como vantagens:

a - Fácil usinagem da amostra sob teste, quando comparada com a de um cilindro oco

50
utilizado em medidas feitas em cabo coaxial;

b - A grande área interna do guia de ondas reduz consideravelmente as perdas de

potência (RI2) por aquecimento no cobre;

c - O dielétrico usado no guia de ondas é o ar, que possui uma perda dielétrica muito

menor do que aquela de materiais isolantes convencionais.

As desvantagens em sua utilização são:

a - Tem como limitação primária o tamanho físico;

b - Dificuldade de instalação por causa da sua estrutura rígida.

As ondas, no interior de um guia de ondas, podem se propagar de diferentes

modos. Entende-se por modos as diferentes configurações de linhas de campo elétrico

(E) e magnético (H) e que se propagam no guia de ondas, caso as condições de

excitação e/ou a presença de obstáculos sejam favoráveis à sua existência.

Para a propagação transversal elétrica (modos TE), utiliza-se a Equação 7.

Hz = Hmn cos (mπx/a) cos (nπy/b) ej(wt-βz) (7)

Para a propagação transversal magnética (modos TM), utiliza-se a Equação 8.

Ez = Emn sen (mπx/a) sen (nπy/b) ej(wt-βz) (8)

Onde Hz é o campo magnético na direção z

51
Ez é o campo elétrico na direção z

w é a freqüência angular

e β o coeficiente de mudança de fase da onda

Os diferentes modos de propagação encontram-se representados na Figura 17.

Figura 17 - Modos de propagação de acordo com a magnitude do campo elétrico (E)

As principais formas de gerar diferentes modos de propagação consistem de:

a - Colocação de postes ao longo do guia

b - Mudança no posicionamento da antena

52
2.6.2 - Sistema de medidas

Um analisador vetorial de redes é usado para medir a magnitude e a fase de

resposta das amostras sob teste pela comparação dos sinais incidentes com sinais

transmitidos pelas amostras e que refletem a partir de seu "input". O "set-up" para estas

medidas é apresentado na Figura 18 [12, 74].

As medidas são feitas por um sistema de analisador de redes tipo 8510 que

consiste de um analisador vetorial de redes (“ANA”) tipo 8510C, um "synthesized

sweeper" tipo 83621A e um dispositivo para os parâmetros S tipo 8515A. Todos da

marca Agilent Technologies. A precisão e reprodutibilidade dos resultados referentes às

medidas de S11 e S21, podem ser alcançadas através de uma calibração eficiente.

53
Varredor

Sintetizado

8510C
ANA

8515A
Conjunto de
teste RF

Porta-amostra+Transições de guia de ondas ("SUT")

Figura 18 - Montagem utilizada nas medidas de refletividade por guia de ondas, sendo: 1

– acoplador da porta 1, 2 – porta amostra, 3 – trecho de guia de ondas da porta 2

Para a medida da permissividade (εr*) e permeabilidade (µr*) complexas usando

o HP 8510, o porta amostras deverá acomodar a amostra bem moldada no seu interior.

Os parâmetros εr* e µr* são calculados a partir dos parâmetros de espalhamento da

correspondente linha de transmissão. A Figura 19 [12, 74] apresenta as dimensões

físicas do porta amostras padronizadas para medidas na faixa de freqüência desejada

(banda-X). É importante que a superfície do flange esteja a mais nivelada e lisa

possível, para que um bom contato seja obtido. A medida de calibração usa padrões

54
típicos: um λgm/4 "off-set" ("line"), um curto circuito ("reflect") e uma medida thru

(onde λgm é o comprimento de onda do guia de ondas na freqüência principal

geométrica).

As medidas através do ANA consistem basicamente de dois passos: calibração e

medidas das amostras.

A calibração consiste em medir a conexão direta entre as portas, o curto circuito

e a seção de linha com extensão finita através da instalação do guia de ondas adequado.

Padrões como o PTFE (Teflon) e ferrocarbonila, devem ser utilizados uma vez que suas

propriedades já são conhecidas.

Após certificar-se de que a superfície da amostra está faceando paralelamente o

plano de referência incidente, o programa é conduzido para remover matematicamente

as reflexões múltiplas ao longo da linha de transmissão. Feito isto, os dados de

parâmetros de espalhamento são gravados em DOS para posterior processamento.

Os dados de parâmetros de espalhamento medidos pelo 8510C são convertidos

em propriedades magnéticas e dielétricas e são processados por um microcomputador,

realizando as conversões requeridas, listando-se e plotando-se os resultados.

55
41,4 φ= 4,255

22,86
16,26
41,4 10,16

15,49 8,0

(a) (b)

Figura 19 - Porta amostra. (a) Dimensões do porta amostra em milímetros, (b)

Foto do porta amostra com corpo de prova sendo: 1 – acoplador da porta 1; 2 –

porta amostra; 3 – trecho de guia de ondas da porta 2 e 4 – corpo de prova

O porta amostra retangular apresenta a vantagem de moldar facilmente a

amostra.

2.6.3 - Espessura das Amostras

Pelo fato do analisador detectar não somente ondas refletidas da superfície da

amostra, mas também ondas transmitidas através do material, existem algumas

restrições quanto à espessura das amostras.

A espessura da amostra para as medidas de permeabilidade e permissividade

complexas é determinada por intermédio do comprimento de onda (λ) da onda

eletromagnética. A Figura 20 (a) mostra um corpo de prova utilizado em guia de ondas

retangular, onde a é a dimensão maior, b a dimensão menor e c o sentido de propagação

da onda eletromagnética. A dimensão c do corpo de prova deve ser tal que contenha

56
no mínimo 20o (λ/18) da fase de um comprimento de onda λ (Figura 20 (b)), mas

idealmente 180o (λ/2) da fase de um comprimento de onda λ (Figura 20 (c)) [74].

Figura 20 – Dimensões do corpo de prova para medidas de permissividade e

permeabilidade complexas de acordo com a intensidade da fase da onda

eletromagnética.

A espessura do corpo de prova para conter uma determinada intensidade da fase

da onda eletromagnética é determinada pela espessura elétrica. A espessura elétrica é

calculada pelo comprimento de onda guiada (λg), apresentada na Equação 9 [70].

(9)

57
onde:

λx – Comprimento de onda da freqüência de interesse (m);

λc – Comprimento de onda de corte (m);

εr’ – Componente real da permissividade complexa relativa do meio;

µr’ – Componente real da permeabilidade complexa relativa do meio.

Para o cálculo do comprimento de onda da freqüência de interesse, utiliza-se a

Equação 10.

λx = c/fx (10)

onde:

c = Velocidade da luz no vácuo;

fx = Freqüência de interesse (Hz).

Para o cálculo do comprimento de onda de corte, utiliza-se a Equação 11.

λc =c/fc (11)

onde:

fc - freqüência de corte (GHz)

Para o guia de ondas que opera na banda X (8,2 a 12,4 GHz):

fc = 6,557 GHz

Devem ser obedecidos alguns critérios para confecção dos corpos de prova

pertinentes ao modelo Nicolson-Ross:

As dimensões do corpo de prova devem atender às dimensões internas do porta

amostra adotado para as medidas, sendo que as superfícies do corpo de prova

devem ser paralelas. Quando o corpo de prova não é perfeitamente

acondicionado no porta amostra, podem ocorrer erros nas

58
medidas dos parâmetros S, devido à propagação da onda eletromagnética pelas

imperfeições entre o corpo de prova e as dimensões internas do guia de ondas.

A espessura máxima do corpo de prova, dimensão c (Figura 23 (a)), é limitada

pelo comprimento de onda que causa o cancelamento de fase da onda

eletromagnética em λg/2, ou seja, 180o da fase da onda eletromagnética. As

medidas efetuadas com corpos de prova com espessura próxima de λg/2

provocam erros no cálculo dos valores de permissividade e permeabilidade

complexa, devido ao cancelamento de fase da onda eletromagnética entre a onda

refletida na superfície frontal do corpo de prova e a sua superfície traseira. Este

cancelamento provoca uma diminuição nos valores do parâmetro S11 ou S22 desta

forma, são gerados valores não intrínsecos ao material estudado.

A espessura ótima do corpo de prova é igual a λg/4, correspondente a 90o de fase

do comprimento de onda guiado no interior do corpo de prova [74].

59
3 - MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 - MATERIAIS

As Y-hexaferritas de bário foram obtidas segundo a Equação 12.

2Ba(NO3)2 + 2Me(NO3)2.6H2O + 12Fe(NO3)3.9H2O + (30/9)C6H8O7 →

Ba2Me2Fe12O22 + (1200/9)H2O + 44NO + (180/9)CO2 (12)

Foi utilizada a relação molar 1:1 de metais:ácido cítrico [75]. Sendo assim, de

acordo com a Equação 12 foram utilizados 16 moles de metais e, conseqüentemente, 16

moles de ácido cítrico.

Os cátions divalentes utilizados foram: Me2+ = Zn2+, Cu2+ e Co2+. Resultaram

nas composições estudadas:

Ba2Zn2Fe12O22

Ba2Cu2Fe12O22

Ba2Co2Fe12O22

Ba2ZnCuFe12O22

Ba2ZnCoFe12O22

Ba2CuCoFe12O22

Os seguintes reagentes (VETEC S.A.) com 99,9% de grau de pureza foram

utilizados para a síntese das Y-hexaferritas de bário:

Ba(NO3)2

Fe(NO3)3.9H2O

Zn(NO3)2.6H2O

60
Cu(NO3)2.3H2O

Co(NO3)2.6H2O

HO2CCH2C(OH)(CO2H)CH2CO2H.H2O)

NH4OH

O solvente utilizado no preparo das soluções dos nitratos e de ácido cítrico foi água

deionizada.

A resina epoxi utilizada para confecção dos compósitos poliméricos foi a EP 2100

com o agente de cura 46 à base de poliamina alifática da Epoxtec. Para agilizar a cura,

esta foi realizada em estufa a 40 °C por 2 horas. As especificações técnicas encontram-

se na Tabela 1.

Tabela 1 – Especificações técnicas da resina epoxi e agente de cura utilizados

Resina epoxi (EP 2100) Agente de cura (46)

Aspecto visual Levemente amarelado Líquido incolor

Cor (Gardner) <2 01 máx

Densidade a 25 °C (g/ml) 1,110 1,005 – 1,015

Viscosidade a 25 °C (cps) 500 60

Além das vidrarias e equipamentos, de uso comum em qualquer laboratório


químico, foram utilizados os seguintes equipamentos:

(a) Evaporador rotatório Büchi do Grupo de Materiais/IPqM;

(b) Banho de aquecimento Quimis do Grupo de Materiais/IPqM;

(c) Estufa Fabbe do Grupo de Materiais/IPqM;

(d) Forno Thermolyne 46200 do Grupo de Materiais/IPqM;

61
(e) Prensa hidráulica DAN-PRESSE, modelo Versa Tester 30 do Grupo de

Materiais/IPqM;

(f) Molde, em aço, para confecção dos corpos de prova poliméricos com

dimensões de (23 x 11 x 10)mm;

(g) Microscópio eletrônico de varredura ZEISS, modelo DSM 940 A do

PEMM/COPPE/UFRJ;

(h) Magnetômetro de amostra vibrante (VSM) modelo 4500 da PAR do Instituto de

Física (IF) da UFRGS;

(i) Difratômetro de raios-X da PANalytical com geometria Bragg-Brentano,

modelo X´Pert - PRO do Grupo de Materiais/IPqM;

(j) Espectrômetro de fluorescência de raios-X dispersivos em comprimento de onda

da Rigaku, modelo RIX 3100 com tubo de ródio (Rh) de 4 kW do Núcleo de

Catálise (NUCAT) da COPPE/UFRJ;

(k) Picnômetro de hélio Micromeritics, modelo AccuPyc 1330 do Centro de

Tecnologia Mineral (CETEM);

(l) Analisador termogravimétrico ShimaDzu H-50 do Grupo de Materiais/IPqM;

(m) Calorímetro Diferencial de Varredura Shimadzu DCS 50 do Grupo de

Materiais/IPqM;

(n) Espectrômetro de Infravermelho por Transformada de Fourier Nicolet modelo

Magna IR 760 do Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química

da UFRJ;

62
(o) Espectrômetro de ressonância paramagnética nuclear (ESR) Brucker, modelo

300E do Instituto Militar de Engenharia (IME);

(p) Analisador vetorial de rede da Agilent Technologies 8510C;

(q) Cabo Coaxial flexível tipo 85132F, marca Agilent Technologies com conectores

de 7mm (APC-7) e 3,5 mm;

(r) Conjunto de Calibração para a banda X tipo WR 90 marca Agilent

Technologies, contendo: adaptadores, cargas, trecho de guia de onda, placa

metálica, porta-amostra, parafusos-guia e parafusos convencionais;

(s) Computador PC com placa GPIB;

(t) Software para cálculo de permissividade e permeabilidade 85071E, da Agilent

Technologies.

3.2 - MÉTODO DE OBTENÇÃO DAS Y-HEXAFERRITAS DE BÁRIO

A Figura 21 apresenta o esquema representativo da obtenção das Y-hexaferritas

de bário pelo método da combustão do gel de citrato.

63
Nitrato férrico Nitrato de Me

Nitrato de bário

Solução Aquosa

Ácido cítrico
70oC
Hidróxido de amônio

Solução dos cátions precursores


(Sol)
pH ≅ 7,5

80oC

Gel

Gel seco Combustão


Cinzas

450 oC/1h
Rampa de
Tratamento

1oC/min
Térmico

Calcinação
Ba2Me2Fe12O22 Pó
950 oC/4h Tratado

Figura 21- Diagrama esquemático da obtenção das Y-hexaferritas de bário

Os sais dos cátions de interesse foram pesados em balança analítica de acordo com os

cálculos estequiométricos para a formação das Y-hexaferritas de bário desejadas. Foram

preparadas soluções aquosas desses cátions e estas foram misturadas à solução aquosa de

ácido cítrico em balão volumétrico. Conforme mencionado anteriormente, foi utilizada a

razão estequiométrica 1:1 entre os cátions de interesse e o ácido cítrico.

64
O balão volumétrico contendo a solução resultante foi acoplado a um evaporador

rotatório e aquecido a aproximadamente 70 oC por 1 hora, sob intensa agitação magnética, tal

como ilustra a Figura 22. Posteriormente, adicionou-se solução de hidróxido de amônio

concentrada elevando-se o pH da solução até aproximadamente 7,5, permitindo a completa

dissociação do ácido cítrico. Nesta etapa a mistura foi aquecida a 80 oC, sob vácuo e agitação

intensa até a formação de um gel viscoso. Mantendo-se o aquecimento a vácuo, este gel foi

rapidamente seco resultando em um complexo organo-metálico sólido (Figura 23).

Banho
Refrigerante
Evaporador
Rotatório
Bomba de vácuo

Figura 22: Aparelhagem utilizada na obtenção do complexo organo-metálico

65
Figura 23: Complexo organo-metálico

O balão volumétrico contendo o complexo organo-metálico foi levado à estufa,

previamente aquecida em torno de 250 oC, onde ocorreu a reação de auto-combustão. Devido

à liberação dos gases, ergueu-se um pó finamente dividido (cinza), como pode ser observado

na Figura 24. Posteriormente, o referido pó foi colocado em cadinho de alumina e submetido

a tratamento térmico em forno na temperatura de 450 oC por 1 hora com rampa de

aquecimento de 1oC/min para garantir a eliminação de quaisquer resíduos orgânicos. Por fim,

o pó resultante foi calcinado para obtenção da Y-hexaferrita de bário.

66
Figura 24: Produto da combustão do complexo organo-metálico (cinza)

3.3 - Método de preparação dos compósitos poliméricos das Y-hexaferritas

de bário

Os diferentes tipos de Y-hexaferritas de bário foram veiculados a uma matriz

epoxídica na proporção 80:20 (Y-hexaferrita de bário:resina epoxi). Alguns autores

[76,77] relatam a utilização desta proporção como sendo a ideal, considerando-se o

limite máximo de incorporação de partículas sólidas a essa matriz polimérica. Desta

forma, a concentração de 400 phr (80% em peso) foi utilizada.

A mistura dos componentes para confecção dos compósitos poliméricos foi

efetuada, em vidro de relógio, adicionando-se a resina epoxi e o catalisador à Y-

hexaferrita de bário. Esse material foi exaustivamente homogeneizado com espátula e

conformado em molde de aço. Sendo posteriormente prensado com uma pressão de

431 kgf/cm2 e seco em estufa a 40 oC/2h. Na Figura 25 é possível a visualização de

alguns corpos de prova para a caracterização eletromagnética.

67
Figura 25: Compósitos poliméricos de Y-hexaferritas de bário para medidas em guia de

ondas

3.4 – Técnicas de caracterização

3.4.1- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Para a observação da microestrutura das Y-hexaferritas de bário, utilizou-se a

técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV), que permite uma boa

amostragem acerca da morfologia, tamanho e arranjo das partículas do material em

estudo. Os diversos tipos de Y-hexaferritas de bário foram caracterizados por MEV

objetivando correlacionar os parâmetros microscópicos com as propriedades magnéticas

observadas.

68
A composição química qualitativa pontual das amostras de Y-hexaferritas de bário

foi determinada pela técnica de MEV acoplada à espectroscopia de energia dispersiva de

raios-X (EDS), utilizando o detector de elétrons retro-espalhados (QBSD).

Os compósitos de Y-hexaferrita:resina epoxi também foram analisados por esta

técnica a fim de se observar a dispersão das partículas de Y-hexaferrita de bário na

matriz epoxídica. O equipamento utilizado foi o microscópio eletrônico de varredura

ZEISS, modelo DSM 940 A, do PEMM/COPPE/UFRJ, operando com tensões

aceleradoras de elétrons de 20 a 25 kV, com poder de amplificações de imagens de 200

a 20.000 vezes.

3.4.2 - Fluorescência de raios-X (FRX)

Esta técnica é de grande valia para atestar a presença de elementos químicos

qualitativamente e quantitativamente na amostra analisada, podendo-se determinar a

estequiometria exata do material, bem como detectar qualquer traço de interferentes na

composição.

Durante a análise, a amostra finamente triturada e prensada com um aglomerante

polimérico é excitada por raios-X primários, ocorrendo a ionização por arrancamento

dos elétrons das camadas próximas do núcleo. O átomo assim excitado é extremamente

instável e elétrons das camadas eletrônicas mais externas preenchem os buracos

deixados. Neste processo, é emitida uma radiação X, secundária, de energia definida

pela diferença energética entre as posições inicial e final do elétron que ocupou a vaga

deixada. O espectrômetro identifica as energias emitidas e, portanto, quais os elementos

químicos que estão presentes na amostra. Além disto, ele também mede as intensidades

69
das energias emitidas, que são proporcionais às quantidades dos elementos presentes na

amostra [78].

O emprego desta técnica teve como objetivo a determinação das composições

percentuais em peso das Y-hexaferritas de bário obtidas e também possibilitou a

confirmação da eliminação total do precursor orgânico. Foi utilizado o espectrômetro de

fluorescência de raios-X da Rigaku, modelo RIX 3100, com tubo de ródio (Rh) de 4 kW

do Núcleo de Catálise da COPPE/UFRJ.

3.4.3 - Difração de raios-X (DRX)

A identificação das fases cristalinas presentes é de grande importância para a

caracterização de pós, sendo realizada pela técnica de difratometria de raios-X.

O emprego desta técnica foi importante para a caracterização das amostras de Y-

hexaferritas de bário obtidas pelo método do citrato, possibilitando inclusive, a

identificação de possíveis fases não reagidas. Pelo emprego desta técnica foi possível

estabelecer a temperatura de calcinação, responsável pela formação apenas da fase

cristalina de interesse.

Os raios-X, são ondas eletromagnéticas cujo comprimento de onda varia de 0,1 a

100,0 Angstrons, sendo normalmente considerados como uma forma de radiação

possuidora de grande poder de penetração [79 - 82].

Um feixe de raios-X incide sobre a amostra ao longo de uma ampla faixa angular

(5 a 70°) gerando picos característicos para as distâncias dos arranjos cristalinos do

material analisado.

Os padrões de difração de materiais inorgânicos apresentam-se sob a forma

cristalina, isto é, com reflexões de Bragg distintas e características e encontram-se

70
disponíveis em bibliotecas de difratogramas, sob a forma de software [82]. O aparelho

utilizado nas medidas de raios-X é o difratômetro, sendo, basicamente, um equipamento

onde o feixe de raios-X incide sobre uma amostra e medem-se os ângulos das linhas

difratadas. Portanto, em difração de raios-X, cada valor de ângulo em cada pico

corresponde a um espaçamento, conhecido como distância interplanar d [81].

Nesta Tese, os difratogramas foram fornecidos por um difratômetro de raios-X

da PANalytical com geometria Bragg-Brentano, modelo X´Pert PRO, equipado com

espelho do tipo Göbel para feixe paralelo de raios-X e detector de NaI de estado sólido,

com voltagem de 35 kV e intensidade de 40 mA. A velocidade do goniômetro

(varredura de passo) foi de 0,02°, 2θ por passo com tempo de contagem de 1,0 segundo

por passo e para ângulos de 2θ entre 20 a 70°.

A interpretação foi efetuada por comparação com padrões contidos no banco de

difração PDF 02 (ICDD, 1996) em software Siemens Diffrac Plus.

De forma simplificada, a difratometria de raios-X foi utilizada para a

identificação das fases e caracterização dos produtos obtidos, mediante a determinação

das distâncias interplanares e intensidades relativas e comparação dos resultados com

fichas padrões JCPDS. Esta técnica possibilitou a identificação das fases cristalinas

presentes nas amostras de Y-hexaferritas de bário, analisadas sob a forma de pós

compactados no porta amostra.

Por intermédio da difratometria de raios-X, também foi possível a determinação

do valor estimativo do tamanho de cristalito das Y-hexaferritas de bário, utilizando-se,

para isso, o método de Scherrer. Este método é bastante simples e considera apenas o

alargamento devido de pico devido ao tamanho médio do cristalito. Scherrer relaciona o

tamanho do cristalito (tc) com a largura a meia altura do pico (βc):

71
(13)

sendo que tc é proporcional à distância dhkl e Ks, denominada de constante de Scherrer,

depende da forma dos cristalitos e admite valores próximos da unidade e λ é o

comprimento de onda da radiação X. A principal inconveniência deste método é atribuir

β somente ao tamanho de cristalito, desprezando a contribuição das microdeformações.

Para determinação de β com precisão satisfatória, deve-se corrigir o alargamento

instrumental. A partir dos valores de β medido dos perfis do padrão e da amostra pode-

se calcular o alargamento devido ao tamanho do cristalito. Portanto, para perfis com

forma Gaussiana considera-se a relação:

βG2 = βa2 - βp2 (14)

ou Lorentziana:

βL2 = (βa - βp)2 (15)

com βa igual a largura a meia altura da amostra e βp do padrão. Como na

maioria dos casos os perfis apresentam tanto uma componente Gaussiana quanto uma

Lorentziana, pode-se considerar a média:

βC = ( (βa2 - βp2)1/2 + (βa - βp)2 )/2 (16)

Desta forma, nesta Tese, foi utilizado o valor de βC corrigido da Equação

16 aplicando-o na Equação 13, obtendo-se, assim, o valor do tamanho médio do cristalito

[83].

72
3.4.4 - Determinação da superfície específica (BET)

A técnica mais empregada para medir a área de superfície específica de pós

consiste no emprego do método de BET (Braunner, Emmet & Teller). Esse método

consiste em obter o volume da monocamada, a partir da isoterma de adsorção física,

determinada experimentalmente [84 - 86], onde os vapores e umidade das amostras são

eliminados através de um pré-tratamento pela aplicação de calor e evacuação com gás

não adsorvente, assegurando-se que toda a superfície onde ocorrerá a adsorção de

nitrogênio deverá permanecer completamente seca [86].

As amostras são condicionadas à temperatura do nitrogênio líquido e, então, o

gás adsorvente é admitido em doses incrementais para formar uma monocamada

molecular a partir da isoterma de adsorção física, experimentalmente determinada desta

maneira [87]. Calcula-se o volume da monocamada com o auxílio da equação de BET

[19]. Esta equação só deve ser aplicada para isotermas do tipo II e IV [87], assegurando-

se que toda a superfície, onde ocorrerá a adsorção de nitrogênio, esteja completamente

seca. Com este intuito, torna-se necessário um pré-tratamento da amostra a ser analisada

[133]. Nesta Tese, as amostras foram pré-tratadas à 100 °C por 6 horas, sob vácuo

inferior à 10-2 mm de Hg.

A equação de BET empregada neste estudo foi a seguinte:

P 1 C−1 P
= + × (17)
V(P − P) V C V C P
o m m o

73
onde:

V = volume de nitrogênio adsorvido, determinado experimentalmente através de um

detector de condutividade térmica, cm3/g;

Vm = volume necessário para cobrir a superfície do adsorvente (partículas de Y-

hexaferritas de bário) com uma monocamada, cm3/g;

Po = pressão de saturação do nitrogênio líquido, mm Hg;

P = pressão atmosférica reduzida, mm Hg;

C = constante.

A curva P/ (V (Po -P)) versus P/ Po nos fornece uma reta do tipo y= a+ bx. A

região de validade da equação de BET é restrita a uma parte da isoterma, geralmente

para valores de P/ Po entre 0,05 e 0,30. Determinou-se, graficamente, os valores de a e b

e a partir destes, o valor de volume necessário para cobrir a superfície de 1 g de

adsorvente com uma monocamada (Vm).

O cálculo da área específica foi feito a partir da Equação 18:

SoVm
S = (18)
sp Ma

onde:

So = área recoberta por mol de nitrogênio nas CNTP, m2/mol;

Ssp = área específica, m2/g;

M = volume molar do gás, cm3/mol.


a

74
3.4.5 - Análises térmicas

3.4.5.1 - Análise termogravimétrica (TGA)

A análise termogravimétrica é uma técnica para a determinação de variações na

massa da amostra sob aquecimento, em uma faixa de temperatura ou quando mantida

em uma temperatura específica. É possível observar, portanto, a perda de água

porventura existente no material, decomposição, oxidação, redução, adsorção e

dessorção de gás. O equipamento utilizado foi o Shimadzu H-50 do IPqM, utilizando

alumina (Al2O3) como padrão , taxa de aquecimento de 10 °C/min ao ar e fluxo de 100

ml/min.

3.4.5.2 - Calorimetria diferencial de varredura (DSC)

Na calorimetria diferencial de Varredura (DSC) a amostra e a referência

(alumina) são aquecidas simultaneamente, procurando-se manter um diferencial de

temperatura nulo entre ambas. Assim, quando ocorrem reações ou transformações

endotérmicas ou exotérmicas durante o aquecimento, torna-se necessário fornecer ou

retirar energia de um dos fornos, registrando-se o fluxo de calor em função da

temperatura.

Esta técnica registra o fluxo de calor em função da temperatura e permite

realizar estudos cinéticos bem como a determinação de temperaturas características, tais

como: temperatura de fusão cristalina ou de transição vítrea. Outras aplicações

consistem na determinação de diagramas de equilíbrio, o calor de reação, o grau de

pureza de um elemento, a quantificação de componentes, o estudo de estabilidade

térmica ou de reações de oxidação/redução.

75
Para a realização destas análises foi utilizado o equipamento Shimadzu DSC

50 do IPqM, em atmosfera de N2 com vazão de 50,00 ml/min e taxa de aquecimento de

10 °C/min.

3.4.6 –Picnometria de hélio

As medidas de massa específica das amostras sob a forma de pós foram


realizadas pela picnômetro de Hélio da Micromeritics, modelo AccuPyc 1330,
pertencente ao Centro de Tecnologia Mineral (CETEM).
Neste ensaio, os volumes dos corpos de prova foram determinados pelo
volume de gás deslocado por adsorção e desorção. O Hélio por ser um gás inerte e de
tamanho pequeno é capaz de penetrar até mesmo em poros diminutos.
O preparo da amostra consistiu em pesagem e secagem em estufa a vácuo a
60°C até peso constante.
Os corpos de prova foram previamente pesados e colocados no porta amostra
de volume conhecido. Foram selados pra serem submetidos a uma série de inserções de
gás Hélio a alta pressão (≅ 134,45 MPa). O gás penetrou nos poros aparentes dos corpos
de prova e depois foi expelido. Através do volume de gás liberado, foi possível calcular
o volume da amostra. Dividindo-se a massa por esse volume, obtém-se o valor de massa
específica.

3.4.7 – Magnetometria de amostra vibrante

As curvas de histerese foram obtidas pelo magnetômetro de amostra vibrante

(VSM), que consiste de um equipamento padrão para a caracterização de materiais

ferro, ferri e diamagnéticos. Uma representação esquemática de um VSM encontra-se na

Figura 26 [12].

76
Amostra de
referência Vibração

Bobinas de re-
rência

Bobinas de
captação
Campo magne-
tizante 5T

Amostra analisada

Figura 26: Representação esquemática do magnetômetro de amostra vibrante

(VSM)

Nesta técnica, a medida é realizada utilizando uma caixa acústica, que faz

vibrar a amostra magnetizada paralelamente a um campo magnético homogêneo

(freqüência fixa de 67 Hz). Uma vez que a amostra move-se próxima à bobina, o fluxo

magnético através do núcleo é alterado e uma voltagem é induzida em uma bobina de

captação. Após a calibração, esta voltagem é diretamente proporcional ao momento

magnético da amostra em função do campo magnético aplicado, da temperatura e do

tempo, com sensibilidade de 10–5 emu.

Utilizando-se os ciclos de histerese obtidos torna-se possível a determinação

de parâmetros magnéticos, tais como o campo coercitivo (Hc) e a magnetização de

saturação (Ms).

77
3.4.8 - Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

(FTIR)

A espectroscopia de absorção na região de infravermelho tem sido muito

utilizada na caracterização de produtos sintetizados em laboratórios, por ser uma técnica

rápida e de fácil realização, além do fator econômico.

A radiação na região de infravermelho (IR) corresponde aproximadamente à

parte do espectro eletromagnético situada entre as regiões do visível e de microondas.

Os espectros de absorção na região de infravermelho foram medidos em um

Espectrômetro de Infravermelho por Transformada de Fourier Nicolet modelo Magna

IR 760, pertencente ao Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química da

UFRJ, utilizando-se como referência um filme de poliestireno para a calibração [158].

As amostras dos pós de Y-hexaferrita de bário (aproximadamente 1 mg) foram

analisadas sob a forma de pastilhas prensadas com cerca de 100 mg de brometo de

potássio (KBr).

Os espectros foram obtidos no modo transmitância (%T).

3.4.9 - Ressonância ferromagnética (FMR)

A ressonância ferromagnética descreve a absorção ressonante da radiação de

microondas em um material magnético. A absorção é medida em função de um campo

magnético aplicado.[88]. O experimento de Ressonância Ferromagnética (FMR),

consiste na saturação da amostra com um forte campo magnético em corrente contínua

(cc) aplicando-se perpendicularmente um pequeno campo em corrente alternada (ca) de

freqüência constante. O campo em cc é então lentamente variado até encontrar as

condições de ressonância, observando-se então, as linhas de absorção ressonante. Este

78
constitui o melhor ajuste para experimentos de ressonância uma vez que todos os spins

estão orientados em uma dada direção na amostra saturada e o campo em ca efetua uma

perturbação nos spins, exercendo um torque na componente perpendicular, desviando-

os da posição de equilíbrio. Quando a freqüência da radiação está próxima da

freqüência do modo uniforme, o campo de radiofreqüência produz o movimento de

precessão dos spins e a amostra absorve energia da radiação.[88,89].

A ressonância ferromagnética é caracterizada por dois parâmetros, o campo

ressonante, Hres e a largura de linha, ∆H, indicados na Figura 27 [90]. Medidas

meticulosas de Hres em várias freqüências e em diferentes geometrias de amostra podem

ser usadas para o cálculo da magnetização (M) e do constante anisotrópica (K) [88].

Figura 27 – Curva de ressonância ferromagnética

. A curva hachurada, apresentada na Figura 27, possui como eixo das ordenadas a

susceptibilidade magnética imaginária que é diretamente proporcional à potência média

absorvida pela amostra por unidade de volume como mostra a Equação 19 [89].

P(ω) = ½ ω χ xx”hx2 (19)

79
Onde: ω = Freqüência angular

P(ω) = Potência média absorvida por unidade de volume

χ xx” = Susceptibilidade magnética imaginária

hx = Campo aplicado

A curva de ressonância ferromagnética é formada pela derivada da

susceptibilidade magnética imaginária com relação ao campo (dχ xx”/dH), eixo das

ordenadas e pelo próprio campo, eixo das abscissas .

Nesta Tese, as curvas de ressonância ferromagnética foram obtidas no espectro

de ressonância ferromagnética que opera na banda X com freqüência de 9,5 GHz. Uma

pequena quantidade de amostra é colocada em um tubo de vidro que é introduzido no

interior da cavidade de microondas. A freqüência foi mantida em 9,5 GHz e variou-se o

campo magnético externo em cc de 0 até 10 kOe.

80
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são apresentados e discutidos em duas etapas. Na primeira etapa

ocorreu a caracterização dos pós formados, tal como a identificação de possíveis fases

presentes pela técnica de difração de raios-X (DRX), estudo de morfologia pela

microscopia eletrônica de varredura (MEV); determinação da área superficial pela

técnica de BET, da massa específica pela picnometria de hélio, etc. Na segunda etapa,

estes pós foram incorporados à matriz de resina epoxi, resultando na obtenção de

compósitos poliméricos para avaliação das propriedades elétricas e magnéticas, com

base nos valores de permissividade e permeabilidade complexas, determinados por

medidas de refletividade em guia de ondas.

4.1 - PÓS DAS Y-HEXAFERRITAS DE BÁRIO

4.1.2 – Análises termogravimétrica e calorimétrica diferencial de

varredura

O comportamento da decomposição térmica do gel de citrato dos pós, após

secagem, foi estudado por intermédio das técnicas de análise termogravimétrica (ATG)

e pela calorimetria diferencial de varredura (DSC).

A Figura 28 apresenta o comportamento térmico do gel precursor da Zn2Y-

hexaferrita de bário.

81
DSC
TGA

100
15

80

Perda Mássica (%)


10

DSC/(mW/mg)
60

40 5

20
0

0
0 200 400
o
Temperatura ( C)

Figura 28 - Curvas de TGA e DSC para o gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de

bário, após secagem.

Observa-se que de 39 °C até 148 oC ocorre perda de massa devido à eliminação

de água e de voláteis. A decomposição do ácido cítrico livre pode ser observada no

intervalo de 150o C a 190o C. Na faixa de temperatura de 190o C até 240 oC, ocorre

acentuada perda de massa, aproximadamente de 68%, devido à decomposição dos

citratos metálicos aos óxidos metálicos e a CO2 mais fragmentos de carbono. Hong et

al. [91] afirmam que o pico exotérmico localizado na faixa de temperatura entre 215 oC

e 255 oC é devido à reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono, NO3− e O2.

Mas, deve incluir também a retardada dissipação devido a oxidação dos metais. Em

torno de 300 oC carbono residual é oxidado a CO2, originando uma perda de massa de

6% [91]. Acima de 440 oC não há perda de massa significativa indicando que todo o

material orgânico já foi eliminado.

A Figura 29 apresenta o comportamento térmico da Cu2Y-hexaferrita de bário.

82
DSC
TGA

40

100

30

Perda de massa (%)


80

DSC/(mW/mg)
20
60

10
40

20 0

0 200 400
o
Temperature( C)

Figura 29 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da Cu2Y-hexaferrita

de bário

É possível observar que a decomposição térmica da Cu2Y-hexaferrita de bário se

desenvolve em quatro etapas distintas. De 45 oC até aproximadamente 170 oC ocorre

uma redução de massa de aproximadamente 10 % devido à evaporação de água (45 a

100 oC) e de voláteis (100 a 170 oC). A perda de massa na faixa de (170 a 190 oC) pode

ser atribuída ao ácido cítrico livre. Ocorre uma grande perda de massa de

aproximadamente 60%, entre 190 oC até 215 oC. Nessa faixa de temperatura, os citratos

metálicos são decompostos a óxidos metálicos e a CO2 mais fragmentos de carbono. Em

seguida ocorre a reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono, NO3- e O2

evidenciada pelo pico exotérmico na curva de DSC localizado na faixa de temperatura

entre 215oC e 255oC, incluindo a contribuição da oxidação dos metais. Em torno de

300oC inicia-se uma perda de massa de aproximadamente 4% associada à oxidação do

carbono residual [91]. Acima de 400o C não é observada perda de massa.

83
A Figura 30 apresenta o comportamento térmico da Co2Y-hexaferrita de bário.

DSC
TGA

100 40
perda de massa (%)
30
80

DSC/(mW/mg)
20
60

10
40

0
20

-10
0 200 400
o
Temperatura ( C)

Figura 30 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da Co2Y-hexaferrita

de bário

Observa-se que a decomposição térmica da Co2Y-hexaferrita de bário se

desenvolve em quatro etapas distintas. De 50o C até aproximadamente 180o C ocorre

uma redução de massa de aproximadamente 9 % devido à evaporação de água

fisicamente absorvida e de material volátil. A decomposição do ácido cítrico livre pode

ser observada na faixa de 180 a 200 oC. Pode ser observada uma grande perda de massa,

em torno de 67%, entre 200 oC até 220 oC, atribuída à decomposição dos citratos

metálicos aos óxidos metálicos e a CO2 mais fragmentos de carbono. Na seqüência

ocorre a reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono, NO3- e O2 evidenciada

na curva de DSC pelo pico exotérmico localizado na faixa de temperatura entre 220 o C

e 250 oC, incluindo a contribuição da oxidação dos metais. Em torno de 300o C observa-

84
se uma perda de massa de aproximadamente 6% associada à oxidação do carbono

residual. [91]. Acima de 445o C não ocorre mais perda de massa.

A Figura 31 apresenta o comportamento térmico da ZnCuY-hexaferrita de bário.

DSC
TGA

25

100
20
Perda de massa (%)

80
15

DSC/(mW/mg)
60
10

40
5

20 0

0 -5
0 200 400
o
Temperatura ( C)

Figura 31 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da ZnCuY-

hexaferrita de bário

De forma análoga às ferritas monosubstituídas, a hexaferrita de bário combinada

ZnCuY se decompõe térmicamente em quatro etapas distintas. De 50oC até

aproximadamente 190o C ocorre uma redução de massa de 9,5% devido à evaporação de

água absorvida pelo material e de voláteis. A decomposição do ácido cítrico livre pode

ser observada na faixa de 190 a 200 oC. Posteriormente, ocorre uma grande perda de

massa, em torno de 67%, entre 200 oC até 220 oC, atribuída à decomposição dos citratos

metálicos aos óxidos metálicos e a CO2 mais fragmentos de carbono. Em seguida ocorre

a reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono, NO3- e O2 evidenciada pelo

pico exotérmico localizado na faixa de temperatura entre 220 oC e 250 oC, incluindo a

85
contribuição da oxidação dos metais. Em torno de 300 oC observa-se uma perda de

massa de aproximadamente 6% associada à oxidação do carbono residual [91]. Acima

de 445o C não há mais perda de massa.

A Figura 32 apresenta o comportamento térmico da ZnCoY-hexaferrita de bário.

TGA
DSC

35
100

30

80
25
Perda mássica (%)

DSC/(mW/mg)
20
60
15

40 10

5
20
0

0 -5
0 200 400
o
Temperatura ( C)

Figura 32 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da ZnCoY-

hexaferrita de bário

Observa-se que a decomposição térmica da ZnCoY-hexaferrita de bário se

desenvolve em quatro etapas distintas. De 50 oC até 160 oC ocorre uma redução de

massa devido à evaporação de água fisicamente absorvida pelo material (50 a 100 oC) e

de voláteis (100 a 150 oC). A perda de massa na faixa de 150 a 200 oC é atribuída a

decomposição de ácido cítrico livre. Na faixa de temperatura entre 200 oC e 220 oC

pode ser observada a decomposição dos citratos metálicos ao óxidos metálicos e a CO2

mais fragmentos de carbono, com uma perda de massa em torno de 55%. Em seguida,

ocorre a reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono, NO3- e O2 evidenciada

86
pelo pico exotérmico localizado na faixa de temperatura entre 210 oC e 250 oC,

incluindo a contribuição da oxidação dos metais. Em torno de 350 oC observa-se uma

perda de massa de aproximadamente 5% associada à oxidação de carbono residual

[91]. Em temperatures superiores a 400 oC não é observada perda de massa.

A Figura 33 apresenta o comportamento térmico da CuCoY-hexaferrita de bário.

DSC
TGA

25

100
20

80
Perda mássica (%)

15

DSC/(mW/mg)
60
10

40
5

20 0

0 -5
0 200 400
o
Temmperatura ( C)

Figura 33 - Curvas de TGA e DSC para o gel seco precursor da CuCoY-

hexaferrita de bário

Conforme o termograma apresentado na Figura 33, pode ser observado que a

decomposição térmica da CuCoY-hexaferrita de bário se desenvolve em quatro etapas

distintas. De 50 oC até 150 oC ocorre uma redução de massa devido à evaporação de

água fisicamente absorvida pelo material e de voláteis. Na faixa de 150 a 180 oC a

decomposição térmica, de forma análoga às demais Y-hexaferritas de bário é atribuída à

decomposição de ácido cítrico. A perda de massa de aproximadamente 62%, entre 180


o
C e 220 oC está relacionada com a decomposição dos citratos metálicos aos óxidos

87
metálicos e a CO2 mais fragmentos de carbono, seguida pela decomposição na faixa

entre 210 oC e 240 oC atribuída à reação de oxi-redução entre os fragmentos de carbono,

NO3- e O2, incluindo a contribuição da oxidação dos metais. Em torno de 350 oC

observa-se uma perda de massa de aproximadamente 4% associada à oxidação de

carbono residual [91]. Acima de 400 oC não há perda de massa significativa.

Huang et al. [92] sugeriram a realização de um tratamento térmico, descrito no

item 3.2, previamente à etapa de calcinação.

Com base nessas análises e na literatura, foi escolhida a temperatura de 450 oC e

o tempo de 1 hora com rampa de subida de 1oC/min para garantir a eliminação de

quaisquer resíduos orgânicos. Estas condições foram utilizadas na obtenção de todas as

Y-hexaferritas de bário sintetizadas nesta Tese.

A eficiência do tratamento térmico foi evidenciada pela análise

termogravimétrica. A Figura 34 mostra o comportamento térmico do pó obtido em seus

três estados : (a) após o processo de combustão, (b) submetido a um tratamento térmico

posterior à combustão e (c) da fase Zn2Y-hexaferrita de bário formada (após a

combustão + tratamento térmico seguido da etapa de calcinação a 950oC/4 horas).

88
%

Figura 34 - Curvas das análises termogravimétricas sendo: (a) Pó obtido após a

etapa de combustão; (b) Após a etapa de tratamento térmico e (c) Zn2Y-

hexaferrita de bário

Observa-se na curva referente ao pó obtido após a etapa de combustão (a) a

eliminação de resíduos orgânicos à temperatura de aproximadamente 350 oC e o início

da formação da Y-hexaferrita de bário em torno de 650 oC, que é caracterizada pela

decomposição do carbonato de bário que em decorrência do aumento da temperatura é

convertido, juntamente com o óxido de ferro (alfa), a BaFe2O4, para o pó obtido após o

processo de combustão. A curva (b) evidencia a eficiência do tratamento térmico devido

à ausência de perda de massa em torno de 350oC. Observa-se apenas a perda de massa

em 650 oC relacionada ao início da formação da Y-hexaferrita de bário. A curva (c)

ilustra a estabilidade da Y-hexaferrita de bário na faixa de temperatura estudada.

A análise termogravimétrica das cinzas oriundas da combustão e submetidas ao

tratamento térmico aponta que o processo de formação das demais Y-hexaferritas de

89
bário também se inicia em torno de 600 oC, como ilustra a Figura 35. A total

eliminação dos resíduos orgânicos também é evidenciada.


%

Figura 35 - Curvas de TGA das cinzas obtidas após combustão e submetidas a

tratamento térmico de 450 oC por 1 hora com rampa de aquecimento de 1 oC/min

Por intermédio da análise calorimétrica diferencial, também foi possível

verificar os calores e as temperaturas de combustão dos géis precursores das Y-

hexaferritas de bário, tal como apresenta a Tabela 2.

90
Tabela 2 - Temperaturas e calores de combustão dos géis precursores das Y-

hexaferritas de bário

Gel Precursor Temperatura da Combustão Calor de Combustão

(oC) (kJ/g)

Zn2Y-hexaferrita de bário 234 0,54

Cu2Y-hexaferrita de bário 225 0,47

Co2Y-hexaferrita de bário 229 0,47

ZnCuY-hexaferrita de bário 226 0,47

ZnCoY-hexaferrita de bário 227 0,32

CuCoY-hexaferrita de bário 224 0,32

O calor liberado na combustão da Zn2Y-hexaferrita de bário foi superior as

demais, apresentando uma temperatura de aproximadamente 234 oC. Como já foi

descrito no item 3.2, o gel precursor foi colocado em estufa previamente aquecida a

250 oC. Observa-se, pela Tabela 2, que esta temperatura é suficiente para que o processo

de combustão ocorra com todos os géis precursores das diferentes Y-hexaferritas de

bário.

4.1.3 – Difração de raios-X

Os pós das Y-hexaferritas de bário obtidos pelo método da combustão do gel de

citrato foram submetidos à análise de difração de raios-X. As Figuras de 36 a 41

apresentam os resultados das análises.

91
600
Y
550

500
Zn2Y-hexaferrita de bário
450 Y Y

Intensidade (u.a.)
400
Y
350

300 Y
Y
250

200 YY Y
Y
150
Y Y
100 YY
YY Y Y Y
YY Y Y Y
50

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 36 - Difratograma de raios-X da Zn2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC

por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

500 Y

450 Y
Y Y Cu2Y-hexaferrita de bário
400
Intensidade (u.a.)

350

300 Y Y
250

YY Y
200

Y Y
150 Y
YY
100 YY YY Y Y Y
YY Y
YY Y
50

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 37 - Difratograma de raios-X da Cu2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC

por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

92
200 Y
Co2Y-hexaferrita de bário

150

Intensidade (u.a.)
Y

Y Y
100 Y
Y
Y
Y Y Y
50 Y Y
YY YY YY
Y Y Y
YY Y Y
0

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 38 - Difratograma de raios-X da Co2Y-hexaferrita de bário calcinada a 950 oC

por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

250
Y
Y
200 ZnCuY-hexaferrita de bário
Y
Y
Intensidade (u.a.)

150

Y Y
100
YY
Y Y
Y
Y
50 Y YY Y
Y Y YY Y YY
YY Y

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 39 - Difratograma de raios-X da ZnCuY-hexaferrita de bário calcinada a

950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

93
500
Y
450

400 ZnCoY-hexaferrita de bário


Y
350

Intensidade (u.a.)
Y
300 Y

250
Y
200 Y
Y
150 Y Y
Y
YY Y
100 Y
Y YY Y Y
YY YY
50 Y

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 40 - Difratograma de raios-X da ZnCoY-hexaferrita de bário calcinada a

950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

250

Y
200 CoCuY-hexaferrita de bário
Y
Y
Y
Intensidade (u.a.)

150

Y Y

100 Y
Y Y
Y
50 YY Y Y
Y YY YY Y Y
Y
YY Y

20 30 40 50 60 70
2θ graus

Figura 41 - Difratograma de raios-X da CuCoY-hexaferrita de bário calcinada a

950 oC por 4 horas (Y, Y-hexaferrita de bário)

94
Pelos resultados obtidos, observa-se a completa formação das Y-hexaferritas de

bário desejadas sem a presença de fases secundárias, o que pode ser comprovado pelas

fichas JCPDS 00-025-1193, 00-052-1861, 01-082-0472, 01-082-0361, 00-44-0206, e

01-084-1857, corroborando a estabilidade térmica ilustrada pelas curvas de TGA das

cinzas provenientes da combustão e submetidas a tratamento térmico (Figura 35).

4.1.3.1 – Efeito da temperatura de calcinação na obtenção de

Cu2Y-hexaferrita de bário

O efeito da temperatura de calcinação na formação de Cu2Y-hexaferrita de bário

foi avaliado pela técnica de difração de raios-X., tal como ilustra a Figura 42.

YY

Y Y

Y Y
Y
Y Y
M
YM
YS Y YY Y
300
YY
280
260 YS MM M
240 M o
900 C
Y
220
YY
200
180 S
Y Y MM M o
850 C
Intensidade (u.a.)

160
M
140 Y M SS
S YY
120
S
100 M MM o
80 Y M 800 C
60 M SS
Y
40 S YY
20 o
0 750 C
-20
20 30 40 50 60 70 80

Figura 42: Difratogramas para as Cu2Y-hexaferritas de bário obtidas em

diferentes temperaturas (Y, Y-hexaferrita de bário; M, M-hexaferrita de bário; S,

Ferrita espinélio)

É possível observar, por intermédio dos difratogramas das Cu2Y-hexaferritas de

bário obtidas em diferentes temperaturas, que a formação da fase da Y-hexaferrita de

95
bário origina-se das ferritas tipo espinélio e da hexaferrita tipo M. Bai e colaboradores

[93] afirmam que uma das etapas intermediárias da síntese da Y-hexaferrita de bário

pode ser descrita da seguinte forma:

2BaO + 6Fe2O3 + 2CuO → BaFe2O4 + BaFe12O19 + CuFe2O4 → Ba2Cu2Fe12O22 (20)

Sendo que o óxido de bário origina-se da decomposição do carbonato de bário

corroborando os resultados da análise térmica, item 4.1.2 que apontam a decomposição

do carbonato de bário em torno de 650 oC.

Bai e colaboradores, em outro artigo [94], afirmam que a adição do cátion Cu2+

na Y-hexaferrita de bário, reduz sua temperatura de formação, o que pôde ser

comprovado, nesta Tese, por intermédio da análise de difração de raios –X. Verificou-se

que a formação da Cu2Y-hexaferrita de bário ocorre a 900 oC. Porém, para que fosse

possível a comparação das Y-hexaferritas de bário nas mesmas condições de síntese,

todas elas foram calcinadas a 950 oC/4horas.

4.1.3.2 – Tamanho médio de cristalito

Utilizou-se a equação de Scherrer, descrita no item 3.4.3, para o cálculo do

valor estimativo do tamanho de cristalito das Y-hexaferritas de bário. Como padrão de

difração foi utilizada uma amostra padrão de silício. Os resultados de tamanho médio

de cristalito para o plano (110) dos pós das Y-hexaferritas de bário são apresentados na

Tabela 3.

96
Tabela 3: Tamanho médio de cristalito dos pós das Y-hexaferritas de bário.

Amostra Tamanho de
cristalito (nm)

Zn2Y-hexaferrita de bário 140

Cu2Y-hexaferrita de bário 305

Co2Y-hexaferrita de bário 70

ZnCuY-hexaferrita de bário 209

ZnCoY-hexaferrita de bário 139

CuCoY-hexaferrita de bário 140

Observa-se que a Cu2Y-hexaferrita de bário apresenta maior tamanho de

cristalito e que a adição do cátion Cu2+ nas Zn2 e Co2Y-hexaferritas de bário teve como

conseqüência a elevação do tamanho de cristalito desses materiais. O item 4.1.3.1

corrobora os resultados de tamanho de cristalito apresentados na Tabela 2 pois, foi

comprovado que a adição de Cu2+ reduz a temperatura de calcinação das Y-

hexaferritasde bário sendo assim, como a temperatura de calcinação utilizada,

correspondente a 950oC, é superior à temperatura necessária para obtenção das Y-

hexaferritas compostas pelo cátion Cu2+, ocorre um aumento no tamanho de cristalito.

4.1.4 – Fluorescência de raios-X

Os resultados da análise de fluorescência de raios-X, explicitados em

porcentagem mássica, são apresentados nas Tabelas de 4 a 9.

97
Tabela 4 - Composição estequiométrica para a Zn2Y-hexaferrita de bário

% em peso

Óxidos Teórica Experimental

ZnO 11,40 11,10 ± 1

BaO 21,48 21,90 ± 2

Fe2O3 67,12 67,05 ± 7

Tabela 5 - Composição estequiométrica para a Cu2Y-hexaferrita de bário

% em peso

Teórica Experimental
Óxidos

CuO 11,17 11,69 ± 1

BaO 21,54 21,47 ± 2

Fe2O3 67,29 66,84 ± 7

98
Tabela 6 - Composição estequiométrica para a Co2Y-hexaferrita de bário

Óxidos % em peso

Teórico Experimental

CoO 10,59 10,53 ± 1

BaO 21,68 21,70 ± 2

Fe2O3 67,73 67,77 ± 7

Tabela 7 - Composição estequiométrica para a ZnCuY-hexaferrita de bário

Óxidos % em peso

Teórica Experimental

ZnO 5,71 5,88 ± 0,6

CuO 5,58 5,60 ± 0,6

BaO 21,51 21,62 ± 2

Fe2O3 67,20 66,90 ± 7

99
Tabela 8 - Composição estequiométrica para a ZnCoY-hexaferrita de bário

Óxidos % em peso

Teórica Experimental

ZnO 5,73 5,60 ± 0,6

CoO 5,27 5,22 ± 0,5

BaO 21,58 21,74 ± 2

Fe2O3 67,42 67,44 ± 7

Tabela 9 - Composição estequiométrica para a CuCoY-hexaferrita de bário

Óxidos % em peso

Teórica Experimental

CoO 5,28 5,34 ± 0,5

CuO 5,61 5,80 ± 0,6

BaO 21,61 21,56 ± 2

Fe2O3 67,51 67,30 ± 7

As composições estequiométricas para as Y-hexaferritas de bário foram

confirmadas pela técnica de fluorescência de raios-X (Tabelas de 4 a 9). Os resultados

100
referentes a cada Y-hexaferrita estudada praticamente coincidem com os valores

teóricos.

4.1.5 – Microscopia eletrônica de varredura

A morfologia dos grãos das Y-hexaferritas de bário foi estudada pela técnica de

microscopia eletrônica de varredura (Figuras 43 a 48).

Figura 43 - Fotomicrografia da Zn2Y-hexaferrita Figura 44 - Fotomicrografia da Cu2Y-hexaferrita

de bário com ampliação de 1000 X de bário com ampliação de 1000 X

101
Figura 45 - Fotomicrografia da Co2Y-hexaferrita Figura 46 - Fotomicrografia da ZnCuY-

de bário com ampliação de 1000 X hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X

Figura 47 - Fotomicrografia da ZnCo-hexaferrita Figura 48 - Fotomicrografia da CuCoY-

de bário com ampliação de 1000 X hexaferrita de bário com ampliação de 1000 X

Pode-se observar que os aglomerados possuem característica semelhante à de

flocos porosos. No processo de combustão ocorre grande liberação de gases que facilita

a formação de poros. Verificou-se, por intermédio da manipulação dos pós, que estes

102
são facilmente desaglomerados, apesar da característica magnética da Y-hexaferrita de

bário. Deste modo, estas hexaferritas de bário comportam-se como materiais de grande

moabilidade, isto é, são altamente friáveis. Observa-se que as Y-hexaferritas de bário

compostas pelo cátion Cu2+ , de uma forma geral, possuem uma quantidade mais

elevada de poros. Verificou-se também, por intermédio da observação dos pós após a

etapa de calcinação, que a Cu2Y-hexaferrita de bário possui um grau de desaglomeração

menor que as outras Y-hexaferritas de bário obtidas. Este comportamento é verificado,

em menor grau, para as demais Y-hexaferritas de bário com o cátion Cu2+. Autores [3,

94] verificaram que a adição de Cu2+ na formação de hexaferritas de bário reduz a

temperatura de obtenção da mesma. Com base na literatura e nos resultados obtidos foi

feito um estudo detalhado da temperatura de formação da Cu2Y-hexaferrita de bário,

conforme apresentado no item 4.1.3.1.

As Figuras 49 e 50 apresentam as fotomicrografias das Zn2Y e Cu2Y-

hexaferritas de bário com ampliação de 20000 e 5000 respectivamente.

Figura 49 - Fotomicrografia da Zn2Y-hexaferrita Figura 50 - Fotomicrografia da Cu2Y-hexaferrita

de bário com ampliação de 20000 X de bário com ampliação de 5000 X

103
É possível observar que a morfologia das partículas da Zn2Y e Cu2Y-

hexaferritas de bário contém plaquetas hexagonais modificadas. Verifica-se, na Figura

49, contornos de grão bem definidos porém, na Figura 50, as partículas mostram

elevado grau de sinterização.

4.1.5.1 - Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDX)

As Figuras de 51 a 56 mostram os espectros de EDX obtidos pelas análises de

MEV/EDX para as Y-hexaferrita de bário. Esta técnica possibilita a verificação da

presença ou não de elementos indesejáveis na composição do material obtido.

Figura 51 - Espectro de EDX da Zn2Y-hexaferrita de bário

104
Figura 52 - Espectro de EDX da Cu2Y-hexaferrita de bário

Figura 53 - Espectro de EDX da Co2Y-hexaferrita de bário

105
Figura 54 - Espectro de EDX da ZnCuY-hexaferrita de bário

Figura 55 - Espectro de EDX da ZnCoY-hexaferrita de bário

106
Figura 56 - Espectro de EDX da CuCoY-hexaferrita de bário

Os elementos químicos detectados por esta técnica são pertinentes à composição

de cada Y-hexaferrita de bário. Não foi observada a presença de impurezas nos pós

obtidos, corroborando os resultados fornecidos pela fluorescência de raios-X (FRX).

Verifica-se a presença de carbono atribuída ao emprego da fita adesiva, utilizada como

base para a deposição dos pós das Y-hexaferritas de bário e também a presença de ouro

devido à metalização da amostra.

4.1.6 - Espectroscopia no infravermelho com transformada de

Fourier (FTIR)

As transformações químicas e estruturais e a presença da fase cristalina desejada

nas Y-hexaferritas de bário, durante o processo de combustão, foram observadas através

dos espectros de infravermelho do gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de bário, do pó

obtido após a etapa de tratamento térmico e da Zn2Y-hexaferrita de bário propriamente

dita, como mostra a Figura 57.

107
300
280
260
Transmitância (u.a.)

(c)
%

240
220
200
180
160
140 (b)
120
100
80
60
40
(a)
20
0

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500


-1
Comprimento de onda (cm )

Figura 57 - Espectros no infravermelho: (a) gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de

bário; (b) pó obtido após a etapa de tratamento térmico e (c) Zn2Y-hexaferrita de

bário

O espectro do gel seco (Figura 57a) ilustra a banda de absorção na faixa de 3700

– 2700 cm-1, que pode ser atribuída ao estiramento vibracional de O-H do ácido cítrico e

à presença de água. O estiramento vibracional do –CO2 assimétrico e simétrico

encontram-se respectivamente ilustrados pelas bandas de absorção em 1650-1570 cm-1 e

em, aproximadamente, 1400 cm-1. As bandas de absorção em 1400-1380 e 860-820 cm-1

são relacionadas ao estiramento vibracional de N=O e a deformação vibracional de

N-O, ambas do NO3-. Desta forma, pode-se constatar a presença de NO3-, -CO2- e

grupos funcionais –COOH no gel precursor da Zn2Y-hexaferrita de bário. Conforme o

esperado, a banda vibracional O-H não está presente no pó após tratamento térmico

108
(Figura 57b) e nem na Zn2Y-hexaferrita de bário (Figuras 57c). As bandas vibracionais

de absorção do –CO2- (1637 e 1400 cm-1) e NO3- (1384 cm-1) estão presentes, de forma

branda, no pó após tratamento térmico. A presença da banda 860–820 cm-1

característica da vibração angular de N-O do NO3- não é encontrada no pó após

tratamento térmico e nem na Y-hexaferrita de bário. A Figura 57b mostra que o

grupamento –COOH reagiu completamente e a maior parte dos grupos funcionais –CO2-

e NO3- sofreram decomposição. A formação da Zn2Y-hexaferrita de bário (Figura 57c)

pode ser confirmada pela presença da banda de absorção a 590 cm-1, característica do

estiramento vibracional metal-oxigênio.

A Figura 58 apresenta as curvas de FTIR para os pós de Y-hexaferrita de bário

obtidos.

300
280
260
240 Cu2Y-Hexaferrita
220 Co2Y-Hexaferrita
200 ZnCuY-Hexaferrita
ZnCoY-Hexaferrita
Transmitância (%)

180
160 CuCoY-Hexaferrita
140
120
100
80
60
40
20
0

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500


-1
Comprimento de onda (cm )

Figura 58 - Curvas de FTIR para os pós das Y-hexaferritas de bário

109
Para todos os pós é possível confirmar a obtenção das Y-hexaferritas de bário

evidenciada pela presença da banda de absorção a 590 cm-1, característica do

estiramento vibracional metal-oxigênio.

4.1.7 – Massa específica dos pós

A Tabela 10 apresenta os valores de massa específica dos pós das

Y-hexaferritas de bário obtidos pela técnica de picnometria de hélio.

Tabela 10 – Massa específica dos pós das Y-hexaferritas de bário pela picnometria

de hélio

Amostra Massa específica Desvio padrão


(g/cm3) (g/cm3)

Zn2Y-hexaferrita de bário 5,7359 0,1051

Cu2Y-hexaferrita de bário 5,3985 0,0196

Co2Y-hexaferrita de bário 5,7150 0,1196

ZnCuY-hexaferrita de bário 5,3606 0,0242

ZnCoY-hexaferrita de bário 5,6524 0,0911

CuCoY-hexaferrita de bário 5,4016 0,0214

Observa-se que os valores de massa específica das Y-hexaferritas de bário

apresentaram uma pequena variação (≅ 5,4 a 5,7 g/cm3). Verifica-se que os valores de

massa específica mais baixos são das Y-hexaferritas de bário compostas pelo cátion

Cu2+. Isto se deve ao fato desta técnica utilizar como volume dos corpos de prova, o

volume de gás hélio deslocado por adsorção e desorção do gás na amostra, que por ser

um gás inerte e de tamanho pequeno, é capaz de penetrar nos poros mais diminutos dos

corpos de prova. Como foi ilustrado no item 4.1.5, as Y-hexaferritas de bário

110
compostas pelo cátion Cu2+ apresentam uma elevada quantidade de poros, deslocando,

desta forma, uma quantidade elevada de gás hélio, gerando assim, baixos valores de

massa específica.

4.1.8 - Superfície específica (BET)

A Tabela 11 apresenta os resultados de superfície específica de algumas das

composições estudadas.

Tabela 11 – Superfície específica dos pós das Y-hexaferritas de bário pela técnica

de BET.

Amostra Superfície específica


(m2/g)

Zn2Y-hexaferrita de bário 4,3052

Cu2Y-hexaferrita de bário 0,0694

ZnCuY-hexaferrita de bário 0,5210

ZnCoY-hexaferrita de bário 3,0310

CuCoY-hexaferrita de bário 0,6171

Os resultados de superfície específica apresentados podem ser atribuídos

principalmente à temperatura de obtenção das Y-hexaferritas de bário estudadas. Como

foi constatado no item 4.1.3.1, as Y-hexaferritas de bário que apresentam em sua

composição o cátion Cu2+, podem ser obtidas em temperatura inferior àquela utilizada

(950oC/4horas) portanto, o tamanho de cristalito dessas Y-hexaferritas sofreu uma

elevação, elevação esta constatada no item 4.1.3.2. Sendo assim, os valores de

superfície específica dessas Y-hexaferritas de bário são menores dos que as compostas

pelos cátions Zn2+, Co2+ e suas combinações.

111
4.1.9 – Caracterização magnética pelo VSM

A Figura 59a apresenta as curvas de histerese magnética das Y-hexaferritas de


bário obtidas a 950oC por 4 horas, submetidas a campos magnéticos de até 15 kOe, á
temperatura ambiente, sendo evidenciadas, as regiões indicadoras dos valores da
magnetização de saturação Ms (Figura 59b), do campo coercitivo Hc (Figura 59b) e da
magnetização remanente Mr (Figura 59c).

40
ZnCuY-Hexaferrita
ZnCoY-Hexaferrita
Cu2Y-Hexaferrita
Magnetização (emu/g)

Co2Y-Hexaferrita
20
Zn2Y-Hexaferrita
CuCoY-Hexaferrita

-20

-40

-10 -5 0 5 10
Campo Magnético Aplicado (kOe)

(a)
20
45

40
Magnetização (emu/g)
Magnetização (emu/g)

35

30

25
0
20

15

10

0
10 11 12 13 14 0.0 0.1 0.2 0.3
Campo Magnético Aplicado (kOe)
Campo Magnético Aplicado (kOe)

(b) (c)

Figura 59: (a) Curvas de histerese magnética das Y-hexaferritas de bário; (b)

Ampliação das regiões de Ms; (c) Ampliação das regiões de Hc e Mr

112
Todas as curvas de histerese apresentadas possuem perfil característico de

material magnético mole, isto é, possuem baixos valores de campo coercitivo.

Para melhor compreensão da influência dos cátions substituintes nas

propriedades magnéticas das diferentes Y-hexaferritas de bário estudadas, são ilustrados

gráficos relacionando-se à composição com valores de Ms, Mr e Hc para as Y-

hexaferritas de bário de fórmula geral: Ba2Zn2(1-x)Cu2xFe12O22 (Figura 60),

Ba2Zn2(1-x)Co2xFe12O22 (Figura 61) e Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22 (Figura 62), com x

variando de 0 até 1,0.

45
0.30
40

35 0.25

30 0.20
Ms
M (emu/g)

Hc (kOe)
25
Mr
0.15
Hc
20

0.10
15

10 0.05

5
0.00
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
2+
Concentração de Cu

Figura 60: Influência da concentração de Cu2+ na magnetização de saturação (Ms),

magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Zn2(1-x)Cu2xFe12O22

113
40
0.30
35

0.25
30

0.20
25
M (emu/g) Ms

Hc (kOe)
Mr
20 0.15
Hc

15 0.10

10 0.05

5
0.00
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
2+
Concentração de Co

Figura 61: Influência da concentração de Co2+ na magnetização de saturação (Ms),

magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Zn2(1-x)Co2xFe12O22

35
0.30

30
0.25

25
0.20
Ms
M (emu/g)

Hc (kOe)

20
Mr
0.15
Hc
15
0.10

10
0.05

5
0.00
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
2+
Concentração de Co

Figura 62: Influência da concentração de Co2+ na magnetização de saturação (Ms),

magnetização remanente (Mr) e campo coercitivo (Hc) na Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22

114
Verifica-se, por intermédio da Figura 60, que a magnetização de saturação da

Ba2Zn2(1-x)Cu2xFe12O22 passa de 35,6 a 24,2 emu/g, com o aumento da concentração

de Cu2+, passando por um máximo em x = 0,5. De uma forma geral ocorre uma redução,

não muito expressiva nos valores de Mr e Hc, com o aumento da concentração de Cu2+.

O cátion Co2+ possui uma forte anisotropia planar [94], desta forma, o aumento

de sua concentração na Ba2Zn2(1-x)Co2xFe12O22 promove uma elevação na anisotropia

planar desta ferrita dificultando o movimento das paredes de domínio magnético do

material. Como conseqüência, observou-se um aumento nos valores de Hc.

A Figura 62 mostra a influência da concentração do cátion Co2+ nas

propriedades magnéticas de amostras de Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22. Os cátions Cu2+ e Co2+

possuem aproximadamente o mesmo raio iônico desta forma, possuem distribuições

catiônicas similares. Os dois cátions ocupam parcialmente os sítios A e B sendo que o

cátion Co2+ possui magnetismo e anisotropia planar mais elevados que o cátion Cu2+.

Sendo assim, o aumento da concentração de Co2+ promove uma elevação nos valores de

Ms, Mr e Hc, sendo esta elevação mais acentuada para x ≥ 0,5.

As propriedades magnéticas de um material sofrem uma enorme influência pelo

tipo de síntese realizado. Yang Bai e colaboradores [94] estudaram as propriedades

magnéticas de diversas Y-hexaferritas de bário obtidas pelo método convencional de

mistura de óxidos. Observa-se que os valores de magnetização de saturação das Y-

hexaferritas de bário obtidas pelo método da combustão do gel de citrato atingem, de

forma geral, valores superiores aos das Y-hexaferritas de bário obtidas pelo método de

mistura de óxidos. Observa-se também, conforme o esperado, a influência do cátion

Co2+, que possui uma forte anisotropia planar, na elevação dos valores de campo

coercitivo das Y-hexaferritas de bário obtidas por intermédio dos dois métodos.

115
4.1.10 - Ressonância ferromagnética

. As Figuras 63 e 64 apresentam o perfil das curvas obtidas pelas análises de


ressonância ferromagnética das Y-hexaferritas de bário.

4 H1
3
2
dχ''/dH (u.a.)

1
0
-1
-2
-3
H2
-4

0 1000 2000 3000 4000


H (u.a.)

Figura 63 – Perfil das curvas de ressonância ferromagnética das Zn2, Cu2 e Co2Y-

hexaferrita de bário

4
H1
3
dχ''/dH (u.a.)

2
1
0
-1
-2
-3
-4

1000 2000 3000 4000


H (u.a.)

Figura 64 – Perfil das curvas de ressonância ferromagnética das ZnCu, ZnCo e

CuCoY-hexaferrita de bário

116
As análises de FMR das Y-hexaferritas de bário geraram dois tipos distintos de

curvas: As curvas de ressonância propriamente ditas, obtidas para as Y-hexaferritas de

bário formadas pela introdução de apenas um cátion divalente (Zn2+, Cu2+ e Co2+)

(perfil ilustrado na Figura 63) e as curvas, de caráter não ressonante, geradas a partir das

Y-hexaferritas de bário formadas pela introdução simultânea de dois desses cátions

(Zn2+ e Cu2+, Zn2+, e Co2+, Cu2+ e Co2+) (perfil ilustrado na Figura 64). A introdução

simultânea de dois cátions diferentes gera modificações e tensões na rede cristalina,

principalmente a introdução de um cátion com caráter magnético como o Co2+ com

cátions de caráter não magnético e elétrico como Zn2+ e Cu2+, respectivamente. Tais

modificações exercem grande influência no perfil das curvas de ressonância

ferromagnética das ferritas (Figura 64), resultando em perfil diferente do

comportamento padrão ilustrado pela Figura 63.

A Tabela 12 mostra os valores de pico do campo magnético aplicado (H1 e H2) e

as larguras de pico, ∆H para as diferentes Y-hexaferritas de bário estudadas.

Tabela 12 – Valores de pico do campo magnético aplicado e larguras de linha de

ressonância das Y-hexaferritas de bário

Amostra H1 (Oe) H2 (Oe) ∆H (Oe)

Zn2Y-hexaferrita de bário 763 1421 658

Cu2Y-hexaferrita de bário 2293 3933 1640

Co2Y-hexaferrita de bário 2005 4366 2361

ZnCuY-hexaferrita de bário 704 - -

ZnCoY-hexaferrita de bário 864 - -

CuCoY-hexaferrita de bário 914 - -

117
Braden [95] evidencia que valores elevados de linha de ressonância apontam

para materiais com altas perdas magnéticas. Esta característica é altamente desejável

para materiais absorvedores de microondas.

Como foi apresentado no item 3.4.9, χ” é diretamente proporcional à potência

média absorvida por unidade de volume. Sendo assim, uma curva de FMR que não

apresenta o pico correspondente ao campo H2, perfil este característico das Y-

hexaferritas de bário formadas pela substituição simultânea de dois cátions (Figura 63),

constituído pela derivada negativa da susceptibilidade magnética imaginária em relação

ao campo externo aplicado (- dχ”/dH), possui seus valores de potência de absorção por

unidade de volume praticamente constantes e diferente de zero. Ou seja, estes materiais

continuam absorvendo microondas a medida que o campo magnético externo aplicado é

elevado. Para que isso aconteça, as perdas magnéticas desses materiais devem ser bem

elevadas para a freqüência de 9,5 GHz, freqüência esta de operação da cavidade

utilizada no equipamento. Desta forma, pode-se atribuir, para estes materiais, valores de

∆H tendendo ao infinito. De forma contrária, as Y-hexaferritas de bário

monosubstituídas apresentaram valores de ∆H mensuráveis sendo que a Zn2Y-

hexaferrita de bário, nas condições estudadas, possuiu a menor largura de linha de

ressonância.

4.2 - COMPÓSITOS DE Y-HEXAFERRITA DE BÁRIO E RESINA

EPOXI

Para o estudo das características elétricas e magnéticas das Y-hexaferrita de

bários foram confeccionados compósitos à base de resina epóxi com concentração

118
percentual em peso de 80:20 (Y-hexaferrita de bário:resina epoxi). Como, as ferritas

obtidas por esta técnica possuem uma área superficial elevada, esta foi a concentração

máxima de Y-hexaferrita de bário que pôde ser incorporada à matriz polimérica, pois o

objetivo foi acrescentar a maior quantidade possível do material absorvedor de

microondas, para alcançar a atenuação máxima das ondas eletromagnéticas. Autores

como Gregori, Pinhoe Lima, [12,13,96], obtiveram resultados satisfatórios utilizando

esta concentração percentual em peso.

Com o intuito de não haver descontinuidades nas medidas dentro da faixa de

freqüência estudada, os corpos de prova foram confeccionados rigorosamente dentro

dos limites de espessura e com medidas bem próximas às espessuras ideais. A Tabela 13

apresenta os valores limites e ideais das espessuras para a confecção dos corpos de

prova poliméricos das Y-hexaferritas de bário calculados por intermédio das Equações

apresentadas no item 2.6.3.

Tabela 13 - Valores limites e ideais das espessuras dos compósitos poliméricos das

Y-hexaferritas de bário

Amostra Esp. Mínima (mm) Esp. Máxima (mm) Esp. Ideal (mm)

Zn2Y-hexaferrita de bário 1,20 6,50 4,20

Cu2Y-hexaferrita de bário 0,92 5,10 3,20

Co2Y-hexaferrita de bário 0,94 5,60 3,40

ZnCuY-hexaferrita de bário 1,20 5,20 3,70

ZnCoY-hexaferrita de bário 1,00 6,30 3,70

CuCoY-hexaferrita de bário 0,87 5,60 3,30

119
4.2.1 – Microscopia eletrônica de varredura

As superfícies de fratura dos compósitos poliméricos das Y-hexaferrita de bário


foram documentadas por meio de microscopia eletrônica de varredura (Figuras 65 a 70).

Figura 65 - Fotomicrografia do compósito Zn2Y- Figura 66 - Fotomicrografia do compósito Cu2Y-

hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com ampliação hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com ampliação

de 100 X de 100 X

Figura 67 - Fotomicrografia do compósito Co2Y- Figura 68 - Fotomicrografia do compósito

hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com ampliação ZnCuY-hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com

de 100 X ampliação de 100 X

120
Figura 69 - Fotomicrografia do compósito Figura 70 - Fotomicrografia do compósito

ZnCoY-hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi 80:20 com

ampliação de 100 X ampliação de 100 X

Conforme ilustram as fotomicrografias dos compósitos epoxídicos das Y-

hexaferritas de bário (Figuras 65 a 70), a introdução da resina epoxi como matriz

polimérica possibilitou a incorporação de elevado percentual em peso correspondente a

80% das Y-hexaferritas de bário. Desta forma, a matriz de resina epoxi atuou de forma

satisfatória como um meio dispersante para as partículas magnéticas de Y-hexaferritas

de bário, que apresentam elevada tendência à formação de aglomerados. Pode ser

observada uma distribuição homogênea com elevada porosidade característica dos

materiais obtidos pelo processo de combustão do gel de citrato.

121
4.2.2 - Permissividade complexa na banda X

Os compósitos de Y-hexaferrita de bário:resina epoxi (80:20, % em peso) foram

avaliados quanto à propriedade elétrica de permissividade na faixa de freqüência de 8,2

a 12,4 GHz (banda X), conforme ilustram as Figuras de 71 a 76.

Permissividade real 0.3


6.5 Permissividade imaginária
0.2

Permissividade imaginária
6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

9 10 11 12

Freqüência (GHz)

Figura 71 - Permissividade real e imaginária da Zn2Y-hexaferrita de bário

Permissividade real 0.3


6.5 Permissividade imaginária

0.2
Permissividade imaginária

6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

10 12

Freqüência (GHz)

Figura 72 - Permissividade real e imaginária da Cu2Y-hexaferrita de bário

122
0.3
Permissividade real
6.5 Permissividade imaginária
0.2

Permissividade imaginária
6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

10 12

Freqüência (GHz)

Figura 73 - Permissividade real e imaginária da Co2Y-hexaferrita de bário

0.3
6.5
Permissividade real
Permissividade imaginária 0.2
Permissividade imaginária

6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

10 12

Freqüência (GHz)

Figura 74 - Permissividade real e imaginária da ZnCuY-hexaferrita de bário

123
Permissividade real
0.3
Permissividade imaginária
6.5

0.2

Permissividade imaginária
6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

10 12

Freqüência (GHz)

Figura 75 - Permissividade real e imaginária da ZnCoY-hexaferrita de bário

Permissividade real
Permissividade imaginária 0.3
6.5

0.2
Permissividade imaginária

6.0
Permissividade real

0.1

5.5
0.0

5.0
-0.1

4.5
-0.2

10 12

Freqüência (GHz)

Figura 76 - Permissividade real e imaginária da CuCoY-hexaferrita de bário

124
A parte real da permissividade complexa, também chamada de constante

dielétrica, está relacionada com o armazenamento de energia elétrica e a parte

imaginária com a sua dissipação.

Para os compósitos à base dos elementos químicos Zn e Co, os valores

referentes às partes real (ε`) e imaginária (ε``) da permissividade complexa

permaneceram praticamente constantes, para toda a faixa de freqüência analisada. Tal

comportamento não foi observado para os compósitos à base do elemento Cu, pois a

substituição parcial e total por este elemento químico resultou em variação das

propriedades elétricas, devido ao seu caráter mais condutivo, em relação aos elementos

Zn e Co. A combinação dos elementos Zn e Cu na ZnCuY-hexaferrita de bário resultou

na obtenção de valores mais elevados de ε`. Deste modo, a adição do elemento Cu,

aumentou o poder de armazenamento de energia elétrica dos compósitos poliméricos,

de forma mais acentuada para o compósito ZnCuY-hexaferrita de bário:epóxi.

O compósito polimérico que apresentou o maior valor de permissividade

imaginária foi o CuCoY-hexaferrita de bário:epoxi.

4.2.3 - Permeabilidade complexa na banda X

As Figuras de 77 a 82 apresentam os gráficos da permeabilidade complexa dos

compósitos poliméricos das Y-hexaferritas de bário. De forma análoga à permissividade

complexa, a parte real da permeabilidade complexa, está relacionada com o

armazenamento de energia magnética e sua parte imaginária com a dissipação desta

energia.

125
1.2 Permeabilidade real 0.6
Permeabilidade imaginária
1.0
0.5

Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real

0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 77 - Permeabilidade real e imaginária da Zn2Y-hexaferrita de bário

1.2 Permeabilidade real


Permeabilidade imaginária 0.6

1.0
0.5
Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real

0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 78 - Permeabilidade real e imaginária da Cu2Y-hexaferrita de bário

126
1.2
0.6

1.0 Permeabilidade real


0.5
Permeabilidade imaginária

Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real

0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 79 - Permeabilidade real e imaginária da Co2Y-hexaferrita de bário

1.2
Permeabilidade real 0.6
Permeabilidade imaginária
1.0
0.5
Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real

0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 80 - Permeabilidade real e imaginária da ZnCuY-hexaferrita de bário

127
1.2 Permeabilidade real 0.6
Permeabilidade imaginária
1.0
0.5

Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real
0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 81 - Permeabilidade real e imaginária da ZnCoY-hexaferrita de bário

1.2
Permeabilidade real 0.6
Permeabilidade imaginária
1.0
0.5 Permeabilidade imaginária
Permeabilidade real

0.8
0.4

0.6 0.3

0.4 0.2

0.2 0.1

0.0 0.0
10 12

Freqüência (GHz)

Figura 82 - Permeabilidade real e imaginária da CuCoY-hexaferrita de bário

Os compósitos poliméricos das Y-hexaferritas de bário contendo o cátion Co2+

possuem comportamento próximo do linear com um pequeno decaimento nos valores de

permeabilidade real, com o aumento da freqüência da onda eletromagnética. Estes

compósitos possuem maiores valores de permeabilidade real até a freqüência de

128
aproximadamente 10 GHz sendo que o compósito CoY-hexaferrita de bário:epóxi

possui valores mais elevados em toda a faixa de freqüência estudada. Segundo Naito

[97], a permeabilidade complexa pode apresentar dispersão do tipo relaxação ou

ressonância. Na relaxação, a parte real da permeabilidade é inicialmente alta e decai

lentamente com o aumento da freqüência. A relaxação da magnetização está relacionada

com o amortecimento da precessão do spin durante o movimento da parede magnética.

Quanto maior o amortecimento da precessão, maior será a perda magnética na ferrita e

maior será a absorção de microondas [98]. Globus [99] afirma que mesmo no

mecanismo de ressonância há contribuição da relaxação. Para a ZnCuY-hexaferrita de

bário é possível verificar a existência de um pico de ressonância próximo à banda X,

que se manifesta na parte imaginária (Figura 80) da permeabilidade complexa,

indicando a possibilidade de existência de um pico de absorção de microondas em uma

determinada espessura, na faixa de freqüência estudada.

As curvas de permeabilidade complexa dos compósitos de Zn2Y-hexaferrita de

bário:epóxi e Cu2Y-hexaferrita de bário:epóxi apresentaram discreta elevação do valor

de permeabilidade real com o aumento da freqüência. Não foi possível observar o

fenômeno de ressonância para estes materiais.

Observa-se, por intermédio das Figuras 77 e 82, que os maiores valores de

permeabilidade imaginária foram encontrados para os compósitos de Y-hexaferrita de

bário:epóxi que contêm o cátion Co2+, para quase toda faixa de freqüência estudada.

129
4.2.4 - Fator de dissipação dielétrica (tan δε)

O fator de dissipação dielétrica (tan δε), também conhecido como tangente de

perda dielétrica, caracteriza o potencial de perda ôhmica de energia que está relacionada

à condutividade do material e da corrente de deslocamento em função da freqüência

[74]. É o resultado da relação entre os valores de permissividade

imaginária/permissividade real. A Figura 83 mostra os gráficos do fator de dissipação

dielétrica em função da freqüência para os compósitos poliméricos de Y-hexaferritas de

bário:epóxi.

0,06

0,05

Zn
Fator de dissipação dielétrica

0,04
Cu
Co
0,03 ZnCu
ZnCo
CuCo
0,02

0,01

0,00

-0,01
9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 83: Curvas do fator de dissipação dielétrica em função da freqüência

O compósito CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi apresentou a maior perda

dielétrica com valores superiores a 0,03. De uma maneira geral, os compósitos contendo

Cu apresentaram maiores valores para a tan δε. Todos os valores do fator de dissipação

dielétrica foram inferiores a 0,06 isto é, bem próximos de zero, indicando que a

contribuição dielétrica do material para atenuação da onda eletromagnética não é muito

130
significativa. Isto será comprovado por intermédio do estudo da energia absorvida

pelos compósitos poliméricos (item 4.2.6).

4.2.5 - Fator de dissipação magnética (tan δµ)

O fator de dissipação magnética (tan δµ), também conhecido como tangente de

perda magnética, caracteriza as perdas em decorrência dos mecanismos de absorção

devido ao alinhamento e rotação de spins de magnetização dentro dos domínios do

material [100]. As curvas de tan δµ em função da freqüência para os compósitos de Y-

hexaferrita de bário:epóxi são ilustradas pela Figura 84.

Zn
Cu
Co
0.6 ZnCu
ZnCo
CuCo
0.5
Fator de dissipação magnética

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 84 - Curvas do fator de dissipação magnética em função da freqüência

Os valores do fator de dissipação magnética para a ZnCuY-hexaferrita de bário

diminuem com o aumento da freqüência até aproximadamente 11 GHz, permanecendo

constante a partir deste valor. A ZnCoY-hexaferrita de bário apresenta valores

constantes e elevados ao longo da faixa de freqüência analisada. De uma forma geral,

131
observa-se que os valores mais baixos para os fatores de dissipação magnética

correspondem às Y-hexaferritas de bário constituídas por um único elemento

substituinte (Zn2Y, Cu2Y e Co2Y-hexaferrita de bário).

4.2.6 - Energia absorvida

A onda eletromagnética interage fundamentalmente com o material conforme a Equação 21:

Ei = Et + Er + Ea + Ed (21)

onde :

Ei = Energia incidente, que representa o total da energia emitida pelo equipamento.

Considera-se 100% para efeito de cálculo;

Et = Energia transmitida, que representa a parcela da energia que atravessa a estrutura

do material sem ser refletida ou absorvida;

Er = Energia refletida, que representa a parcela da energia que é refletida pelo material;

Ea = Energia absorvida, que representa a parcela da energia que é atenuada pelo

material.

Ed = Energia dissipada, que representa a parcela da energia que é dissipada no meio

ambiente no caminho entre a fonte e o detector da onda eletromagnética. Esta parcela é

considerada desprezível para efeito de cálculo.

A energia absorvida é a componente que é convertida em energia térmica devido

às propriedades dielétricas e magnéticas do material [74]. A energia absorvida é uma

propriedade intrínseca do material que está relacionada com sua perda dielétrica e

magnética [101].

A Figura 85 evidencia a quantidade de energia absorvida pelos compósitos de Y-

hexaferrita de bário:epoxi para a faixa de freqüência de 8,2 a 12,4 GHz.

132
12
Zn2Y-Hexaferrita
Cu2Y-Hexaferrita
10
Co2Y-Hexaferrita
Energia absorvida/mm (%)

ZnCuY-Hexaferrita
8 ZnCoY-Hexaferrita
CuCoY-Hexaferrita

0
9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 85 - Energia absorvida pelos compósitos de Y-hexaferrita de bário:epoxi

Observa-se que o perfil das curvas de energia absorvida dos compósitos de Y-

hexaferrita de bário:epoxi é bem próximo ao das curvas de dissipação magnética,

evidenciando sua maior contribuição para a energia absorvida dos materiais estudados.

Pereira [74] afirmam que a energia absorvida é a componente da energia da onda

eletromagnética que sofre conversão para energia térmica devido as propriedades

magnéticas e dielétricas do material. Nohara [101], afirma que a energia absorvida está

relacionada com a absorção intrínseca do material isto é, depende da tan δµ e da tan δε.

Observa-se que os compósitos de ZnCoY-hexaferrita de bário:epoxi e CuCoY-

hexaferrita de bário:epoxi possuem valores elevados em toda a faixa de freqüência.

Observa-se também o caráter ressonante do compósito de ZnCuY-hexaferrita de

bário:epoxi, que se manifesta entre 8,0 a 9,0 GHz. De forma sumária, os compósitos que

apresentaram os valores mais elevados de energia absorvida deverão apresentar o

melhor desempenho como RAM.

133
4.2.7 - Medidas de Refletividade para os compósitos de Y-

hexaferritas de bário:epoxi

O desempenho como material absorvedor de microondas (RAM) pode ser

explicado pelas alterações nos valores dos fatores de dissipação dielétrica (tan δε.) e

magnética (tan δµ). A Figura 86 mostra o resultado das análises de refletividade do

compósito polimérico da Zn2Y-hexaferrita de bário.

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 86 - Curvas de refletividade da Zn2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm


134
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 86 - Curvas de refletividade da Zn2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

135
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 86 - Curvas de refletividade da Zn2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda

X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,

(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

Pelo perfil das curvas de refletividade da Zn2Y-hexaferrita de bário observa-se

uma pequena tendência de maior atenuação das ondas eletromagnéticas, em freqüências

próximas e inferiores a 8,2 GHz. Esse mesmo comportamento foi observado nas curvas

do fator de dissipação magnética e energia absorvida (Figuras 77 e 78), evidenciando

que esta maior atenuação se deve as maiores perdas magnéticas e aos maiores valores

de energia absorvida. O mau desempenho deste compósito como RAM pode ser

atribuído aos baixos valores de tan δµ (entre 0,05 e 0,2) e ainda mais baixos valores de

tan δε (0,01 a 0,02).

A Figura 87 mostra o resultado das análises de refletividade do compósito

polimérico da Cu2Y-hexaferrita de bário.

136
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 87 - Curvas de refletividade da Cu2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

137
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 87 - Curvas de refletividade da Cu2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

138
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 87 - Curvas de refletividade da Cu2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda

X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,

(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

Pelas curvas apresentadas na Figura 80, observa-se que, nesta faixa de

freqüência, o compósito de Cu2Y-hexaferrita de bário:epóxi praticamente não atenuou

as ondas eletromagnéticas. Os mais baixos valores de tan δµ em torno de 0,025 e de tan

δe (entre 0,015 e 0,035) vem corroborar tais resultados. Verifica-se, por intermédio da

curva de absorção deste material, que este possui os mais baixos valores de energia

absorvida por milímetro de material corroborando os resultados de refletividade.

A Figura 88 mostra o resultado das análises de refletividade do compósito

polimérico da Co2Y-hexaferrita de bário.

139
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 88 - Curvas de refletividade da Co2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

140
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 88 - Curvas de refletividade da Co2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda X com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

141
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 88 - Curvas de refletividade da Co2Y-hexaferrita de bário obtidas na banda

X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,

(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

Verifica-se uma pequena tendência do compósito de Co2Y-hexaferrita de

bário:epóxi em absorver microondas em freqüências superiores a 12,4 GHz,

evidenciada pelo aumento gradativo dos valores de tan δµ. Dentre os demais compósitos

contendo um único elemento substituinte, esse apresentou os menores valores para a

tan δε em função da freqüência.

A Figura 89 mostra o resultado das análises de refletividade do compósito

polimérico da ZnCuY-hexaferrita de bário.

142
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 89 - Curvas de refletividade da ZnCuY-hexaferrita de bário obtidas na banda X

com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

143
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 89 - Curvas de refletividade da ZnCuY-hexaferrita de bário obtidas na banda X

com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

144
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 89 - Curvas de refletividade da ZnCuY-hexaferrita de bário obtidas na

banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm,

(d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

(Cont.)

Este compósito polimérico com espessura de 4,0 mm foi o único que apresentou

curva de refletividade com freqüência de ressonância na faixa de freqüência de 8,2 a 9,0

GHz, evidenciada pelos elevados valores da parte imaginária (µ” com valores de 0,4 a

0,6) da permeabilidade complexa, com posterior queda.

A Figura 90 mostra o resultado das análises de refletividade do compósito

polimérico da ZnCoY-hexaferrita de bário.

145
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 90 - Curvas de Refletividade da ZnCoY-hexaferrita de bário obtidas na banda com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

146
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 90 - Curvas de Refletividade da ZnCoY-hexaferrita de bário obtidas na banda com

diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm,

(f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

147
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 90 - Curvas de Refletividade da ZnCoY-hexaferrita de bário obtidas na

banda com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm, (d)=3,0mm,

(e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

Observa-se que a curva da permeabilidade complexa deste compósito (Figura

74), não apresentou indício de freqüência de ressonância. Este compósito foi o que

apresentou os maiores valores para a tan δµ, em torno de 0,5 para toda a faixa de

freqüência analisada. Desta forma, este compósito apresentou característica de absorção

de microondas do tipo banda larga, pois apresenta redução de reflexão para um ampla

faixa de freqüência. Observou-se que a dispersão da permeabilidade é do tipo relaxação

o que contribuiu para uma absorção ao longo de uma ampla faixa de freqüência.

A Figura 91 mostra o resultado das análises de refletividade do compósito

polimérico da CuCoY-hexaferrita de bário.

148
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(a) (b)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(c) (d)

Figura 91 - Curvas de Refletividade do compósito de CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi

obtidas na banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm,

(d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm

149
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(e) (f)

5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(g) (h)

Figura 91 - Curvas de Refletividade do compósito de CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi

obtidas na banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm, (c)=2,5mm,

(d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm, (j)=7mm (Cont.)

150
5 5
Refletividade (dB)

Refletividade (dB)
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
-30 -30
-35 -35
-40 -40
-45 -45
8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12
Freqüência (GHz) Freqüência (GHz)

(i) (j)

Figura 91 - Curvas de Refletividade do compósito de CuCoY-hexaferrita de

bário:epóxi obtidas na banda X com diferentes espessuras: (a)=1,0mm, (b)=2,0mm,

(c)=2,5mm, (d)=3,0mm, (e)=3,5mm, (f)=4,0mm, (g)=4,5mm, (h)=5,0mm, (i)=6mm,

(j)=7mm (Cont.)

O compósito CuCoY-hexaferrita de bário:epoxi apresentou comportamento

semelhante ao anteriormente observado, com características de absorção de microondas

em banda larga. A curva de permeabilidade complexa (Figura 75) também não

apresentou freqüência de ressonância com dispersão dos valores de permeabilidade do

tipo relaxação, corroborando uma absorção ao longo de uma ampla faixa de freqüência.

Os menores valores para a tan δµ, em torno de 0,35 para toda a faixa de freqüência

analisada, em relação ao compósito de ZnCoY-hexaferrita de bário:epoxi foram

compensados pelo aumento dos valores de tan δε (maiores valores encontrados na faixa

de 0,03 a 0,055). Como resultado, estes compósitos apresentaram basicamente o mesmo

comportamento como RAM.

151
Para efeitos comparativos, a Figura 92 apresenta as curvas de refletividade

versus freqüência considerando-se os melhores valores de atenuação da onda

eletromagnética incidente.

ZnCuY-hexaferrita de bário - Espessura=4mm


ZnCoY-hexaferrita de bário - Espessura=3mm
CuCoY-hexaferrita de bário - Espessura=3mm
0

-5

-10
Refletividade (dB)

-15

-20

-25

-30

-35
8.5 9.0 9.5 10.0 10.5 11.0 11.5 12.0
Freqüência (GHz)

Figura 92 - Curvas da refletividade versus freqüência considerando-se os melhores

valores de atenuação da onda eletromagnética

O compósito que apresentou a melhor atenuação foi o ZnCuY-hexaferrita de

bário:epoxi com espessura de 4,0 mm, cujo valor de refletividade foi de –30,7 dB para a

freqüência de 8,7 GHz, indicando que 99,98% da onda eletromagnética incidente foi

atenuada.

O compósito formado pela ZnCoY-hexaferrita de bário com 3,0 mm na

freqüência de 10,8 GHz apresentou uma atenuação de –15,4 dB, que corresponde a uma

atenuação de 97,12% da onda eletromagnética incidente. Já o compósito formado pela

CuCoY-hexaferrita de bário também com 3,0 mm na freqüência de 10,4 GHz

152
apresentou uma atenuação de –14,12 dB, que corresponde a uma atenuação de 96,13%

da onda eletromagnética incidente.

Os compósitos formados pela ZnCoY-hexaferrita de bário e CuCoY-hexaferrita

de bário apresentaram absorção do tipo banda larga, o que é muito desejável para a

aplicação como um absorvedor de microondas.

4.2.8 - Estudo da confiabilidade do método empregado

As curvas de refletividade apresentadas nas Figuras 86 a 91 foram obtidas por

intermédio do cálculo dos valores de permissividade e permeabilidade complexas pelas

medidas em guia de ondas dos compósitos epoxídicos das Y-hexaferritas de bário. A

partir desses valores é feita uma simulação considerando-se a incidência da onda

eletromagnética na amostra em contato com uma placa metálica. Para avaliação dos

resultados obtidos fez-se um experimento utilizando-se o guia de ondas, porém em um

sistema fechado, com o porta amostra entre o adaptador e uma placa metálica. O corpo

de prova é posicionado em contato com a placa metálica, como mostra a Figura 93 [74],

sendo: (1) acoplador da porta 1; (2) porta-amostra; (3) placa metálica; (4) trecho de guia

de ondas da porta 2 e (5) corpo-deprova dentro do porta-amostra. Desta forma, por

intermédio do parâmentro de espalhamento S11 obtém-se a refletividade do material.

153
(a) (b)

Figura 93 – Configuração de medida de refletividade com placa metálica: (a) vista

ampliada do porta-amostra com corpo-de-prova e placa metálica. (b) esquema do

posicionamento do corpo-de-prova no porta-amostra.

As curvas de refletividade teóricas e experimentais são apresentadas nas Figuras

94 a 100.

154
0

-10
Experimental
Teórico

Refletividade (dB)
-20

-30

-40

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 94 - Curvas de refletividade do compósito Zn2Y-hexaferrita de bário:epoxi,

com espessura de 3,49mm, obtidas por medida direta e por intermédio da

simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

-10 Experimental
Teórico
Refletividade (dB)

-20

-30

-40

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 95 - Curvas de refletividade do compósito Cu2Y-hexaferrita de bário:epoxi,

com espessura de 4,00mm, obtidas por medida direta e por intermédio da

simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

155
0

-10

Experimental
Teórico

Refletividade (dB)
-20

-30

-40

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 96 - Curvas de refletividade do compósito Co2Y-hexaferrita de bário:epoxi,

com espessura de 3,30mm, obtidas por medida direta e por intermédio da

simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

-10
Experimental
Teórico
Refletividade (dB)

-20

-30

-40

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 97 - Curvas de refletividade do compósito ZnCuY-hexaferrita de

bário:epoxi, com espessura de 3,70mm, obtidas por medida direta e por intermédio

da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

156
0 Experimental
Teórico
-5

-10

-15

Refletividade (dB)
-20

-25

-30

-35

-40

-45
9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 98 - Curvas de refletividade do compósito ZnCoY-hexaferrita de

bário:epoxi, com espessura de 3,50mm, obtidas por medida direta e por intermédio

da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

-10
Experimental
Teórico
Refletividade (dB)

-20

-30

-40

9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 99 - Curva de refletividade do compósito CuCoY-hexaferrita de

bário:epoxi, com espessura de 4,30mm, obtidas por medida direta e por intermédio

da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

157
0 Experimental
Teórico
-5

-10

-15
Refletividade (dB)

-20

-25

-30

-35

-40

-45
9 10 11 12
Freqüência (GHz)

Figura 100 - Curva de refletividade do compósito CuCoY-hexaferrita de

bário:epoxi, com espessura de 3,50mm, obtidas por medida direta e por intermédio

da simulação com os valores de permeabilidade e permissividade complexas

As curvas experimentais dos compósitos de Zn2Y-hexaferrita de bário:epoxi,

Cu2Y-hexaferrita de bário:epoxi, Co2Y-hexaferrita de bário:epoxi e CuCoY-hexaferrita

de bário:epoxi apresentaram valores e perfis bem próximos as curvas teóricas. Devido a

irregularidades na amostra com 3,3 mm de espessura para o compósito de ZnCuY-

hexaferrita de bário:epoxi houve um deslocamento do pico de absorção deste material

porém, o perfil da curva é similar ao da obtida experimentalmente. As amostras dos

compósitos epoxídicos de ZnCoY-hexaferrita de bário e CuCoY-hexaferrita de bário

com 3,5mm de espessura mostraram o valor mínimo da curva localizado na mesma

freqüência nas respectivas curvas teóricas e práticas. Ambas apresentaram uma

158
atenuação da onda eletromagnética muito elevada em comparação com as curvas

teóricas. Segundo Pereira [74], para as curvas de atenuação em “V”, pode estar

ocorrendo uma contribuição do mecanismo de cancelamento de fase da onda

eletromagnética. Nesse mecanismo ocorre o cancelamento da onda refratada na

superfície externa do material absorvedor com as originadas na superfície interna ao se

fazer a espessura do mesmo igual a ¼ do comprimento de onda ou múltiplo impar deste,

desde que o material apresente perdas eletromagnéticas para a faixa de freqüência

estudada. Observa-se também que para a compósito de CuCoY-hexaferrita de

bário:epoxi com espessura de 4,3 mm este fenômeno não é observado.

159
5 – CONCLUSÕES

Este trabalho fornece contribuições científicas de grande valia para o estudo das

Y-hexaferritas de bário. Principalmente devido à existência de uma enorme lacuna de

trabalhos científicos abordando a síntese, caracterização e estudos de propriedades

eletromagnéticas em especial, o estudo da atenuação de ondas eletromagnéticas

realizada por estas hexaferritas.

Foram alcançados todos os objetivos propostos por esta Tese cujo principal deles

foi a síntese dos pós de Y-hexaferritas de bário pelo método de combustão do gel de

citrato utilizando-se, desta forma, temperatura bem inferior àquela empregada no

método convencional de mistura de óxidos (1100 a 1200 oC). A temperatura eleita para

a síntese dos pós dói de 950 oC.

O tempo para a obtenção do gel seco precursor foi consideravelmente reduzido,

em relação ao método de combustão do gel de citrato convencional, em decorrência da

modificação introduzida no processo de obtenção da Y-hexaferrita de bário, com a

utilização de vácuo pelo evaporador rotatório.

Foram obtidas Y-hexaferritas de bário com elevado grau de pureza comprovado

pelas análises de FRX e DRX.

A introdução do cátion Cu2+ reduziu a temperatura de formação da Y-hexaferrita

de bário para 900 oC segundo a análise de DRX, o que vem corroborar as afirmações

realizadas na literatura sobre a adição de Cu2+ em hexaferritas, sendo que, neste caso,

apontou-se sua temperatura de formação.

O aumento da concentração do cátion Co2+ nas Y-hexaferritas de bário de

fórmula geral Ba2Zn2(1-x)Co2xFe12O22 e Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22, teve como principal

resultado a elevação dos valores de Hc devido a forte anisotropia planar deste cátion.

160
Para as amostras de Ba2Cu2(1-x)Co2xFe12O22 esta elevação ocorreu de forma mais

acentuada para x ≥ 0,5.

Conclui-se também que os valores de Ms das Y-hexaferritas de bário, obtidas

pelo método de combustão do gel de citrato, atingem, de forma geral, valores superiores

àqueles das Y-hexaferritas de bário obtidas pelo método de mistura de óxidos.

Pôde-se inferir, pelas fotomicrografias dos compósitos epoxídicos, que a matriz

de resina epoxi atuou de forma satisfatória como um meio dispersante para as partículas

de Y-hexaferritas de bário, que por serem magnéticas, apresentam elevada tendência à

formação de aglomerados.

A substituição de Cu2+ pelo Co2+ aumentou os valores da permeabilidade

complexa conforme previsto por Bai e colaboradores [4].

Inferiu-se também, baseado nos valores de permissividade complexa e fator de

dissipação dielétrica que a maior contribuição dielétrica para a atenuação da onda

eletromagnética foi do compósito CuCoY-hexaferrita de bário:epoxi, com valores

superiores a 0,03 para toda a banda X. Porém, esta contribuição não foi significativa

perante os valores de dissipação magnética obtidos pelos compósitos poliméricos das Y-

hexaferritas de bário. Comparando-se as curvas de energia absorvida pelos compósitos

poliméricos das Y-hexaferritas de bário:epoxi com as curvas de fator de dissipação

dielétrico e fator de dissipação magnético, pôde-se inferir que o perfil das curvas da

energia absorvida é bem próximo ao das curvas de dissipação magnética. Evidenciando,

desta forma, sua maior contribuição para absorção de energia dos compósitos

poliméricos estudados.

As composições epoxídicas resultantes da incorporação simultânea de dois

substituintes apresentaram os mais elevados valores de perda magnética verificados

pelas curvas de tan δµ e FMR, resultando em um bom desempenho como um RAM.

161
O compósito ZnCuY-hexaferrita de bário:epóxi com espessura de 4,0 mm

apresentou a maior atenuação das ondas eletromagnéticas com absorção de 99,92 % da

onda eletromagnética incidente e refletividade de –30,7 dB na freqüência de 8,7 GHz.

Os compósitos ZnCoY-hexaferrita de bário:epóxi e CuCoY-hexaferrita de

bário:epóxi apresentam absorção do tipo banda larga, o que é extremamente desejável

para um material absorvedor de microondas, com absorções superiores a 80,77% e

75,05% respectivamente em toda a faixa de freqüência estudada.

As curvas experimentais dos compósitos ZnCoY-hexaferrita de bário:epóxi e

CuCoY-hexaferrita de bário:epóxi com espessuras de 3,5 mm, apresentaram resultados

ainda melhores. Atenuação de 99,98% (refletividade de -37,3 dB e -37,7 dB

respectivamente) da onda eletromagnética incidente devido, provavelmente, a

contribuição do mecanismo de cancelamento de fase da onda eletromagnética.

A eficiência do método empregado para o cálculo dos valores de refletividade

dos compósitos epoxídicos das Y-hexaferritas de bário foi corroborado pela medida

direta de amostras por intermédio da utilização do guia de ondas em sistema fechado.

162
6 – SUGESTÕES

• Estudo da síntese da Y-hexaferrita de estrôncio pelo método de

combustão do gel de citrato. Poucos artigos abordam a síntese da Y-

hexaferrita de estrôncio e dos artigos encontrados, nenhum abordou a

síntese, deste material, pelo método de combustão do gel de citrato;

• A síntese da Y-hexaferrita de bário variando-se a concentração dos íons

utilizados na elaboração desta Tese possibilitaria o estudo, mais

aprofundado, da microestrutura e propriedades eletromagnéticas das Y-

hexaferritas de bário com diferentes concentrações dos íons substituintes;

• Revestimento, por intermédio dos compósitos poliméricos que

apresentaram os melhores resultados, de materiais com Seção Reta Radar

conhecida, para avaliação da redução de seu valor. Isto implicaria na

realização de medidas de refletividade em espaço aberto possibilitando,

de forma direta, aferir o quão eficiente é o revestimento absorvedor de

microondas;

• Síntese das Y-hexaferritas de bário substituídas por três íons

simultaneamente. Como as três Y-hexaferritas formadas pela

combinação de dois íon substituintes apresentaram bons valores de

atenuação da onda eletromagnética incidente, espera-se que a

substituição simultânea dos três íons também apresente bons resultados.

• Avaliação do efeito do pH e da concentração de ácido cítrico na

temperatura de formação e propriedades das Y-hexaferritas. Os valores

de pH assim como a concentração de ácido cítrico estão relacionados

com o tamanho de partícula das Y-hexaferritas de bário e com a

existência de fases secundárias. O ajuste destes valores possibilitará a

163
obtenção de menores tamanhos de partícula sem a formação de fases

secundárias.

164
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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175
ANEXO A

Determinação da Permissividade e da Permeabilidade utilizando-se Guia de Ondas

Retangulares [12]

A Figura A.1 ilustra como é uma medição T/R através do emprego de um guia
de ondas retangular. A amostra é colocada no guia de onda e submetida a um campo
eletromagnético incidente [72]. As distribuições dos campos elétricos incidentes (inc) e
refletido (ref) são indicadas nas regiões I, II e III. As portas 1 e 2 denotam a calibração
das posições do plano de referência. Considera-se que:
• há uma direção de propagação no guia que é x ; e

• a área da seção reta do guia de onda é perpendicular a x e constante ao

longo da espessura do guia.

x1 x2
I II III
E inc
E
E ref trans

1 2
Port 1 Port 2

Figura A.1: Medição T/R através do emprego de um guia de ondas retangular [12]

176
As equações utilizadas no método T/R, através do emprego de um guia de ondas

encontram-se abaixo relacionadas, onde as equações de espalhamento são deduzidas a

partir de um análise dos campos elétricos na interface das amostras. A distribuição

espacial dos campos elétricos EI , EII e EIII num guia de onda ( com tempo de

dependência de exp(jwt) ) nas regiões I, II e III são:

EI = exp(-γ0x) + C1 exp(γ0x) (A.1)

EII = C2 exp(-γx) + C3 exp(γx) ; (A.2)

EIII = C4 exp(-γ0x). (A.3)

ω 2 µ *r ε *r 4π 2
γ= j − (A.4)
c2 λ2c

ω2 4π2
γ0 = j − (A.5)
c2 λ2c

ε * = ε 'r − jε ''r ε 0 = ε *r ε 0 (A.6)

µ * = µ 'r − jµ ''r µ 0 = µ *r µ 0 (A.7)

j= −1 ,

c = veloc. da luz

177
ω = freqüência angular,

λc = comprimento de onda de corte,

ε0 = permissividade do vácuo,

µ0 = permeabilidade do vácuo,

εr* = permissividade complexa relativa ao vácuo

µr* = permeabilidade complexa relativa ao vácuo

As constantes Ci são determinadas a partir das condições de contorno que pelo

campo elétrico são a continuidade das componentes tangenciais nas interfaces. Estes

componentes podem ser calculados pelas equações de Maxwell considerando-se um

campo elétrico com apenas um componente transverso. A condição de contorno sobre o

campo magnético requer que nenhuma corrente de superfície seja gerada, de tal forma

que, a componente tangencial do campo magnético deve ser contínuo através da

interface.

Em relação a um dispositivo de 2 portas, as expressões para os parâmetros de

espalhamento (parâmetros S) são obtidas solucionando as equações A.1, A.2 e A.3 sob

as condições de contorno. É assumido que S12 = S21. Para uma amostra em um guia de

onda onde x1 e x2 são as distâncias entre os planos de referência de calibração e as

extremidades da amostra, utilizam-se as equações abaixo relacionadas:

Γ(1 − z 2 )
S11 = R2
1
1 − Γ 2 z2 (A.8)

178
Γ(1 − z 2 )
S22 = R2
2
1− Γ z (A.9)
2 2

(
⎡ z 1 − Γ2 ⎤
S 21 = R1 R2 ⎢
) (A.10)
2 2 ⎥
⎣1 − Γ z ⎦

R1 = exp (- γ 0 x1 ) (A.11)

R2 = exp (- γ 0 x2 ) (A.12)

R1 e R2 são as expressões do plano de referência

O coeficiente de transmissão Z é dado pela equação:

Z = exp (-γx) (A.13)

O coeficiente de reflexão na interface é definido por:

γ0 γ (A.14)

µ 0 µ∗
Γ=
γ0 γ
+
µ 0 µ∗

179
Considerando-se o fato que a amostra deve estar faceando o plano do flange do

guia de ondas, pode-se supor que x1 é zero e consequentemente R1 é igual a 1.

Algorítimo de Nicolson-Ross-Weir (NRW) [12]

Nicolson & Ross, 1970 e Weir, 1974, combinaram as equações para S11 e S12 e

desenvolveram a fórmula para a Permeabilidade e Permissividade de um material [102].

No algorítimo NRW, o coeficiente de reflexão é dado por:

Γ = X ± X 2 −1 (A.15)

1 − V1V2 (A.16)
X =
V1 − V2

V1 = S21 + S11 (A.17)

V2 = S21 - S11 (A.18)

Onde: X e V são variáveis auxiliares.

Na solução de NRW, os parâmetros S devem ser rebatidos para o plano das faces

da amostra para que o retardamento do grupo correto seja calculado. A equação A.15 é

calculada assumindo que ⏐Γ⏐≤1. O coeficiente de transmissão z é dado pela Equação

A.19.

180
S11 + S21 − Γ (A.19)
z=
1 − (S11 + S21) Γ

A permeabilidade é dada pela Equação A.20.

1+ Γ (A.20)
µ *r =
1 1
(1 − Γ ) Λ −
λ 20 λ 2c

onde λ0 é o comprimento de onda no espaço livre e λc é o comprimento de onda de

corte.

Λ é calculado a partir da Equação A.21.

⎡ 1 ⎛ 1 ⎞⎤
2
(A.21)
1
= − ⎢ ln ⎜⎜ ⎥
Λ2 ⎣ 2 πx ⎝ Z 1 ⎠⎦

A permeabilidade é dada pela Equação A.22.

λ2 1 1 1
2 (A.22)
ε = 0* 2 −
*
ln
r
µr λc 2 πx z

181

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