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Taina Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA

GEO213  TRABALHO DE GRADUAÇÃO

GRAVIMETRIA DO DEPÓSITO DE

FERRO DE CORAÇÃO DE MARIA,

BAHIA, BRASIL

TAINÃ PINHEIRO DE OLIVEIRA

SALVADOR  BAHIA
FEVEREIRO  2018
Gravimetria do depósito de ferro de Coração de Maria, Bahia, Brasil
por

Tainã Pinheiro de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Marcos Alberto Rodrigues Vasconcelos

Co-orientador: MSc. Florivaldo Oliveira Sena

GEO213  TRABALHO DE GRADUAÇÃO

Departamento de Geofísica
do
Instituto de Geociências
da
Universidade Federal da Bahia

Comissão Examinadora

Dr. Marcos Alberto Rodrigues Vasconelos

Dr. Hédison Kiuity Sato

Dr. Joelson da Conceição Batista

Data da aprovação: 01/02/2018


in omnia paratus
Resumo

Na região de Coração de Maria existem corpos lenticulares de minério de ferro, que possuem

uma média de 25% de concentração de minério inseridos em um pacote de rochas mácas

e metamórcas de baixo grau, cobertos por sedimentos da Formação Barreiras. O minério

aora em algumas áreas, mas em toda a região é marcada por elevações suaves do relevo,

por solo muito avermelhado e alta concentração de ferricrosta. Apesar da área ter sido alvo

de estudos da empresa Ferrous, que já realizou furos de sondagem em grande parte da sua

extensão, a região permanece virgem de exploração do minério. Este trabalho visa estu-

dar os depósitos de ferro de Coração de Maria utilizando dados gravimétricos coletados e

pseudogravimétricos gerados a partir dos dados aeromagnéticos levantados pela empresa an-

teriormente citada. Localizada a 114 km de Salvador, na direção noroeste da capital baiana,

foram realizadas três viagens de campo com o objetivo de coletar os dados gravimétricos.

De posse dos dados, estes foram devidamente corrigidos, processados e interpretados. Os

dados gravimétricos foram então modelados de forma a se apresentar a relação do depósito

com as rochas encaixantes, utilizando-se para isso, informações geológicas disponíveis. A

gravimetria neste trabalho serviu para integrar as informações sobre o corpo mineralizado

juntamente com os dados magnéticos levantados pela empresa Ferrous, para, assim, melhor

delimilitá-lo horizontalmente e verticalmente. Deste modo, o uso conjunto de dados geofí-

sicos é importante para reduzir a ambiguidade, pois a resposta obtida pode ser proveniente

de variadas fontes.

1
Abstract

In Coração de Maria region there are lenticular bodies of iron ore, which have an average

of 25% of ore concentration inserted in a package of low grade mac and metamorphi rocks,

covered by Barreiras Formation sediments. The ore appears in some areas but throughout the

region is marked by elevations, besides to very high and huge concentration of ferricrosta.

The region remains a a virgin of ore exploration although the area has already been the

subject of studies by the Ferrous Company, which has already drilled drill holes in much of

its extension. This work aims to study the iron deposits of Coração de Maria using collected

gravimetric data and pseudogravimetric generated from the aeromagnetic data collected by

the the Company. Located 114 km from Salvador, in the northwestern direction of the

Capital of Bahia, three eld campaigns were carried out in order to collect the gravimetric

data. The data were duly corrected, processed and interpreted. The gravimetric data were

modeled in order to present the relation between the iron ore and the surrounding rocks, by

using geological information available.The gravimetry in this work served to integrate the

information about the mineralized body together with the magnetic data collected by the

company Ferrous, in order to better delimit it horizontally and vertically. Thus, the joint

use of geophysical data is important to reduce ambiguity, since the response obtained may

come from a variety of sources.

2
Sumário

Resumo 1

Abstract 2

Introdução 9

1 Introdução Teórica 11
1.1 Propriedades físicas das rochas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Teoria do Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.3 Correções Gravimétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.3.1 Correção de Latitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.3.2 Correção de Ar-livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.3.3 Correção Bouguer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.3.4 Correção de Terreno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.4 Instrumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.5 Campos regionais e anomalias residuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.6 Transformações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.6.1 Continuação pra cima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.6.2 Pseudogravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2 Depósito de Ferro 18
2.1 Depósitos associados a rochas ígneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2 Depósitos originados do intemperismo de rochas ígneas . . . . . . . . . . . . 18

2.3 Depósitos de sulfetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.4 Depósitos associados a rochas sedimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.4.1 Bog Irons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.4.2 Ironstones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.4.3 Banded Iron Formation (BIF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.5 Assinatura Gravimétrica nos Depósitos de Ferro . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3
4

3 Caracterização da Área de Estudo 24


3.1 Estudo Geológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.1 Contexto Geotectônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1.2 Geologia Regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.1.3 Geologia Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4 Aquisição e Tratamento de Dados 36


4.1 Dados Gravimétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.1.1 Levantamento dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.1.2 Tratamento dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.2 Dados Magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

5 Resultados e Discussões 52
5.1 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.2 Interpretação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

6 Conclusões 75

Agradecimentos 76

A Dados coletados 78

Referências 84

I Abas das Planilhas de Correção 86


Lista de Figuras

1.1 Zonas e Compartimentos de Hammer (1939) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.1 Modelo evolutivo e contexto tectônico das formações ferríferas do tipo Algoma,

Lago Superior e Rapitan (Robb, 2004). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

22gure.caption.8

23gure.caption.9

3.1 Localização para acesso simplicado a Coração de Maria, no estado da Bahia

(Google maps). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.2 Limites e principais unidades geotectônicas do Cráton do São Francisco -

modicado de Ferrous (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.3 Posições postuladas dos blocos Arqueanos antes e após a colagem/colisão no

Paleoproterozóico. Em rosa o bloco Gavião, em laranjta o bloco Jequipe, em

verde o bloco Serrinha e em azul o Bloco Itabuna-SSA-Curaçá (Barbosa e

Sabaté, 2002). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.4 Unidades geológicas das parte centro-sul do bloco Serrinha e seu limite, a

Oeste, com o Cinturão Salvador-Curaçá. O polígono vermelho marca a área

do projeto Jacuípe, desenvolvido pela empresa Ferrous, e do qual os dados

apresentados neste trabalho derivam (CPRM, 2003 - modicado). . . . . . . 29

31gure.caption.14

3.6 Paisagem típica da área do Projeto no Morro Zabelê. . . . . . . . . . . . . . 32

3.7 Aoramentos de Itabirito Silicoso, Fazenda São Domingos. Em (A) detalhe

do bandamento desenhando dobras apertadas por vezes com rompimentos dos

ancos, gerando em bandamento transposto. Em (B) detalhe do bandamento

de óxido de ferro alternado a bandas silicosas 2(1)(Ferrous, 2011). . . . . . . 33

3.8 Aoramento de Itabirito Anbolítico no Morro Zabelê. . . . . . . . . . . . . 34

3.9 Amostra de mão de Itabirito Goethítico. Nota-se as bandas alteradas de colo-

ração alaranjada possivelmente produto de alteração de bandas anbolíticas

(Ferrous, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5
6

4.1 Gravímetro utilizado para a coleta de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.2 GPS diferencial utilizado na coleta dos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

38gure.caption.21

4.4 Distância entre a Base e a área de Estudo (Google Maps). . . . . . . . . . . 39

4.5 Relatório de Estação Geodésica (IBGE). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.6 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 05/09/2017 compilados. 41

4.7 Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 05/09/2017. 43

4.8 Mapa Bouguer dos dados terrestres coletados neste trabalho com a localização

das estações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.9 Mapas (a) Anomalia Magnética de Campo Total e (b) Sinal Analítico refe-

rentes à área completa do Projeto Jacuípe. De vermelho, o polígono maior

é a área referente referente ao recorte dos dados aeromagnéticos. O polígono

menor refere-se à área dos dados terrestres coletados. . . . . . . . . . . . . . 46

4.10 Mapa magnético total referente à área recortada que corresponde à região de

estudo deste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4.11 Mapa do campo magnético anômalo (continuado para cima 500 metros) refe-

rente à área recortada para abordagem deste trabalho. . . . . . . . . . . . . 48

4.12 Mapa magnético residual referente à área recortada para abordagem deste

trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4.13 Mapa da pseudogravidade referente à área recortada para abordagem deste

trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.14 Mapa dos dados combinados: pseudogravidade e dados gravimétricos coleta-

dos. O polígono em preto destaca a área de dados terrestres coletados. . . . 51

5.1 Localização das seções inicial e nal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

5.2 Mapas 2D da anomalia Bouguer observada e a localização do furo de sondagem

de número 6 e de cada uma das seções dentro do programa IGMAS+. . . . . 53

5.3 Marcação do furo 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5.4 Furo de Sondagem de número 6, composição das amostras respeitando os

contatos litológicos 2(1)(Ferrous, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.5 Tabela de densidades aparentes das estruturas presentes na região do Projeto

Jacuípe 2(1)(Ferrous, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

5.6 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 0. A linha vermelha tracejada

é anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde a anomalia observada. 60

5.7 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 1. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
7

5.8 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 2. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

5.9 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 3. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.10 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 4. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5.11 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 5. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.12 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 6. A linha vermelha tracejada

é anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde a anomalia observada. 66

5.13 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 7. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

5.14 Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 8. A linha vermelha trace-

jada corresponde à anomalia calculada e a linha azul contínua corresponde à

anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5.15 Corpo mineralizado ao longo das seções a partir da triangulação de poliedros. 70

5.16 Seções modeladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.17 Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob

anomalia observada − vista nal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.18 Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob

anomalia observada − vista lateral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.19 Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista lateral. 73

5.20 Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista nal. . 73

A.1 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 06/09/2017 compilados. 78

A.2 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 07/09/2017 compilados. 79

A.3 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 08/09/2017 compilados. 79

A.4 Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 06/09/2017. 80

A.5 Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 07/09/2017. 81

A.6 Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 08/09/2017. 82
8

A.7 Dados bouguer corrigidos e compilados com as coordenadas e altitude para

inserir no Oasis Montaj. As marcações em amarelo são referentes às primeiras

medidas de cada dia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

I.1 Primeira aba da planilha de correção de dados: Gravity. . . . . . . . . . . . 86

I.2 Segunda aba da planilha de correção de dados: Bullard B. Table. . . . . . . . 87

I.3 Terceira aba da planilha de correção de dados: Meters. . . . . . . . . . . . . 87

I.4 Quarta aba da planilha de correção de dados: Calibration Table. . . . . . . . 88

I.5 Quinta aba da planilha de correção de dados: Absolute Base. . . . . . . . . . 88


Introdução

Em 5 de julho de 1687, foi publicada por Isaac Newton sua obra Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica que apresentava sobre a lei da Gravitação Universal. Ao propor tal

lei, além de conrmar a teoria de Galileu, Newton generalizou e completou as teorias de

Kepler. Posteriormente, em 1749, Pierre Bouguer estabeleceu algumas relações gravimé-

tricas com respeito à variação da gravidade justicadas pela elevação, latitude distribuição

de densidades no interior da Terra e à atração horizontal devido as montanhas. Publicou

Detérmination de la Figure de la Terre, relatos da viagem que fez aos Andes, e, a partir do
que foi observado, principalmente gravimétrica de altitude, pôs em evidência a anomalia que

tem o seu nome (Telford et al., 1990). Todo esse conjunto de ideias formaram a base teórica

do método gravimétrico.

O minério de ferro é componente básico e fundamental para industrialização de qualquer

país. Em virtude das suas propriedades físicas e químicas, é utilizado em cerca de 98% na

indústria siderúrgica. E por isso, a indústria da mineração do ferro tem grande importância

na economia mineral brasileira.

O ferro é o segundo metal e o quarto elemento mais abundante na crosta da Terra, tendo

como principais minerais a magnetita e hematita, com ferro presente em suas estruturas.

Embora uma grande quantidade de minerais possua ferro em sua estrutura, somente alguns

deles apresentam-no em concentrações adequadas, permitindo o seu aproveitamento econô-

mico (Luís, 2013).

Nas proximidades da cidade de Coração de Maria/BA, há depósitos de minério de ferro com

concentração da ordem de 25%, que tem sido alvo de pesquisas da empresa Ferrous. O mi-

nério ocorre em pequenas elevações topográcas que se encontram alinhadas formando um

padrão de morros suaves ao longo de cerca de 8 km de extensão. O trabalho desenvolvido pela

empresa foi baseado principalmente na análise de dados magnéticos e gamaespectométricos,

de maneira que o corpo mineralizado não foi analisado a partir de dados gravimétricos. O

método gravitacional é frequentemente empregado na exploração mineral associado a outros

métodos geofísicos, tais como eletromagnético e/ou elétrico. Sua aplicação fornece infor-

mações sobre o contraste de densidade entre o corpo mineralizado e a rocha encaixante,

9
10

reetindo, por consequência, em estimativas de excesso e/ou décit de massa.

Neste sentido, esse trabalho consistiu na coleta, processamento, modelagem e interpretação

de dados gravimétricos terrestres coletados ao longo de três etapas de trabalho de campo

realizados na região. Além disso, foram utilizados dados aeromagnéticos cedidos pela Fer-

rous para que a região pudesse ser analisada como um todo. Serão apresentadas as fases

das atividades de pesquisa: o projeto de campo, o processamento e consequente modelagem

geológica e avaliação dos recursos minerais existentes na área.


Capítulo 1

Introdução Teórica

1.1 Propriedades físicas das rochas

A base física do método gravimétrico é a da medição precisa do campo gravitacional para

inferir a distribuição da massa especíca ou da densidade na subsuperfície terrestre. Tal

distribuição tem estreita relação com a composição e a estrutura geológica da área, e a sua

determinação é obtida da inversão de dados gravimétricos (Kearey et al., 2009).

1.2 Teoria do Potencial

O método gravimétrico utiliza como princípio básico as leis da Gravitação Universal: a

magnitude de uma força gravitacional entre duas massas é proporcional ao produto dessas

massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância (Blakely, 1996). A força mútua

entre partículas de massa m centrada no ponto Q = (x0 , y 0 , z 0 ) e a partícula de massa mo em

P = (x, y, z) é dada por:


mmo
F =G , (1.1)
r2
1
onde r = [(x−x0 )2 +(y −y 0 )2 +(z −z 0 )2 ] 2 e G é a constante gravitacional que vale 6.67×10−11
3 −1 −2
m kg s .

Seja a massa mo uma partícula teste com magnitude unitária e divididindo a força da gravi-

dade por mo , obtém-se a atração gravitacional da massa m na localização da partícula teste

(Blakely, 1996):
m
~g (P ) = −G r̂, (1.2)
r2
onde r̂ é o vetor unitário na direção da massa m para o ponto de observação P. O sinal de

menos na equação acima se faz necessário porque, por convenção, r̂ é direcionado a partir

da fonte para o ponto de observação, logo, no sentido contrário ao da atração gravitacional.

11
12

Desse modo, o resultado em coordenadas cartesianas corresponde a:

1
r̂ = [(x − x0 )î + (y − y 0 )ĵ + (z − z 0 )k̂]. (1.3)
r
A atração gravitacional um campo irrotacional, então: ∇ × ~g = 0. A partir do Teorema de

Helmholtz, a aceleração gravitacional é um campo conservativo e pode ser representado pelo

gradiente de um potencial escalar:

~g (P ) = ∇U (P ), (1.4)

onde
m
U (P ) = G . (1.5)
r
Assim, a função U é conhecida como potencial gravitacional e a aceleração gravitacional ~g é

o campo potencial (Blakely, 1996).

1.3 Correções Gravimétricas

De modo que não resultem de diferenças de densidade nas rochas em subsuperfície, é ne-

cessário corrigir os dados para todas as variações do campo gravitacional da Terra antes de

interpretar os resultados de um levantamento gravimétrico. Desse modo, remover os efeitos

gravitacionais, seja pela latitude, altitude, massa, entre outros. Para descrever o conjunto de

correções, é melhor considerá-las como parcelas que contribuem para a gravidade observada

(Blakely, 1996).

1.3.1 Correção de Latitude

Por causa da forma não esférica do planeta e pelo fato da velocidade tangencial de um

ponto sobre a Terra diminuir a partir de um máximo no equador até zero nos polos, a ace-

leração centrípeta gerada por essa rotação tem um componente radial negativo que, como

consequência, causa uma diminuição da gravidade dos polos para o Equador (Kearey et al.,

2009). Como consequência, o formato do planeta é um elipsóide achatado nos polos, ocasi-

ando uma diferença entre os raios polar e equatorial. Essa diferença dos raios proporciona

uma diferença de gravidade entre esses pontos provocando nos pontos próximos do Equador,

maior distância do centro de massa da Terra que aqueles mais próximos dos polos, gerando,

desse modo, um aumento da gravidade do Equador para os polos.

Relacionando a gravidade à latitude sobre o esferoide de referência pela fórmula de

Clairaut obtém-se:

gθ = g0 (1 + k1 sin2 φ − k2 sin2 2φ), (1.6)


13

onde gθ é o valor de gravidade previsto na latitude φ, g0 é o valor da gravidade no Equador

e k1 , k2 são constantes dependentes da forma e velocidade de rotação da Terra, que valem,

respectivamente, 0,0053024 e 0,0000059, (IAG, 1971).

1.3.2 Correção de Ar-livre

Essa correção diz respeito às medidas de gravidade sobre a terra que devem ser ajustadas

para elevação acima ou abaixo do nível do mar (Blakely, 1996).

Sendo g(r) a atração gravitacional do geoide, o valor da gravidade a uma pequena

distância h acima do geoide é dada pela expansão em Taylor:


g(r + h) = g(r) + h g(r) + .... (1.7)
∂r
2
Supondo que a Terra é uniforme e esférica, então g(r) = −GM/r e a equação (1.7)

passa a ser:
2g(r)
g(r) = g(r + h) − h. (1.8)
r
2g(r)
O termo h é a diferença entre g(r) e g(r+h), conhecida como a correção de ar livre,
r
considerando que é o único ajuste de elevação necessário se não existirem massas entre o

ponto de observação e o nível do mar. A correção de Ar Livre é dada por:

gf a = −0.3086 × 10−5 h. (1.9)

É possível obter a anomalia de ar livre a partir da correção de ar livre:

∆gf a = gobs − gf a − g0 , (1.10)

onde gobs é a gravidade observada e g0 a gravidade no Equador.

Este tipo de correção trata somente da variação na distância do ponto de observação

ao centro da Terra, não considerando a massa adicional representada pela topograa.

1.3.3 Correção Bouguer

Diferente da correção de ar livre e a gravidade teórica que ignoram a massa que talvez exista

entre a estação observada e a o nível do mar, a correção Bouguer considera esse adicional

de massa am de eliminar o seu efeito. A massa levada em conta é considerada como uma

placa plana homogênea, com densidade ρ e de tamanho innito que equivale à altura de

observação do ponto acima do nível do mar.

gB = 2πGρh, (1.11)

onde h é a espessura da placa. Assim, a anomalia Bouguer é dada por:

∆gB = gobs − gf a − gB − go . (1.12)


14

1.3.4 Correção de Terreno

Raramente é o caso da topograa ao redor da estação gravimétrica ser plana, como consi-

dera a correção Bouguer, portanto, esta correção vai corrigir tal diferença na vizinhança do

terreno. Existem vários modos de cálculo da correção de terreno, todas elas requerem conhe-

cimentos detalhados do relevo próximo à estação e um bom mapa topográco. A forma mais

comum de calcular é dividindo a área em compartimentos circulares (Figura 1.1), através do

método de Hammer (1939).

Figura 1.1: Zonas e Compartimentos de Hammer (1939)

A diferença de altitude entre o ponto de cálculo e cada compartimento ao seu redor

é estimada, possibilitando o cálculo do efeito dessas massas. O efeito gravimétrico de um

simples setor é calculado a partir da fórmula (Telford et al., 1990):

∆gT = Σr Σθ δgt (r, θ), (1.13)

onde δgt (r, θ) é o efeito gravimétrico de um simples segmento.

1.4 Instrumentação

A medição dos valores de gravidade pode ser do tipo absoluto ou relativo. O primeiro caso,

requer um aparato complexo e um longo período de observação. As medições de valores

relativos de gravidade, ou seja, as diferenças de gravidade entre locais são mais simples e

constituem o procedimento padrão nos levantamentos gravimétricos. Os instrumentos capa-

zes de obter essas medidas gravimétricas são os gravímetros. Eles são basicamente balanças

de mola carregando uma massa constante. Variações no peso da massa causadas pelas vari-

ações na gravidade fazem variar o comprimento da mola e dão uma medida da mudança de

gravidade.
15

Com relação aos gravímetros relativos, eles podem ser: estáveis e astáticos ou instáveis. A

diferença deles é a conguração de equilíbrio da mola. O primeiro tipo é mais simples com re-

lação a sua mecânica, porém necessita de uma maior precisão na detecção do posicionamento

do corpo de prova. Como exemplos deste tipo de gravímetro existem o Scintrex CG-5. O

segundo opera perto de um equilíbrio instável, conferindo uma alta sensibilidade mecânica,

como exemplo tem-se o gravímetro LaCoste-Romberg (Seigel, 1995).

1.5 Campos regionais e anomalias residuais

Geralmente, nos levantamentos gravimétricos, são as anomalias locais que têm maior impor-

tância. Por conta disso, o primeiro passo para interpretação é a remoção do campo regional

para isolar a anomalia residual. As anomalias gravimétricas expressam a assinatura de fon-

tes em vários e distintos níveis de profundidade. Para prospecção geofísica, trabalha-se com

fontes que estão a centenas de metros de profundidade, de maneira que se torna necessário

remover o efeito das anomalias mais profundas do valor total observado. Essa anomalia

profunda é chamada de campo regional, e, se não removida, pode levar o intérprete a erros

de processamento e interpretação.

1.6 Transformações

Em geral, essas transformações não denem diretamente a distribuição de fontes, mas fre-

quentemente fornecem informações que ajudam a construir uma compreensão geral de sua

natureza (Blakely, 1996). Assim, as transformações realçam as características das fontes.

Isso pode ajudar na interpretação de anomalias do campo potencial, pois, esta se mostra

ambígua. Essa ambiguidade surge porque qualquer anomalia poderia ser causada por uma

innidade de fontes possíveis (Kearey et al., 2009).

1.6.1 Continuação pra cima

Essa transformação é empregada na gravimetria com a nalidade de atenuar as anoma-

lias causadas por fontes locais próximas da superfície em relação a anomalias causadas por

estruturas profundas (Blakely, 1996).

Determina a forma da variação gravimétrica regional sobre uma área de levantamento,

uma vez que se supõe que o campo regional é originado por estruturas localizadas em relativa

profundidade. Também é útil na interpretação de campos de anomalia magnética sobre áreas

que possuem muitas fontes magnéticas próximas à superfície. Atenua as anomalias de alto
16

número de onda. Associado a esses fatores, melhora, relativamente, as anomalias de fontes

situadas em maiores profundidades (Kearey et al., 2009).

A partir da Terceira Identidade de Green é possível vericar a existência da Continuação

pra cima. Essa transformação, portanto, permite estimar o componente regional no processo

de separação das anomalias originados por corpos em diferentes profundidades. Este processo

é estável e tem como equação:


Z Z
T o(x, y, z) = T (kx , ky )e−ikx x−iky y ekz z dkx dky . (1.14)

A continuação para cima é muitas vezes útil para comparar dados de levantamentos de

altitudes distintas, fundindo-os a uma altitude comum.

1.6.2 Pseudogravidade

Os campos magnéticos podem ser denidos em termos de potenciais magnéticos, de um modo

semelhante aos campos gravitacionais. Para um único polo de intensidade m, o potencial

magnético V a uma distância r do polo é dado por:

µo m
V = , (1.15)
4πµr
−7 −2
onde µo é a constante de permeabilidade no vácuo (4π x10 NA ) e µ representa a perme-

abilidade magnética.

A consequência das leis de atração semelhantes que governam os corpos gravitacionais

e magnéticos é que essas duas equações (1.5 e 1.14) têm a variável de distância inversa

(1/r) em comum. Eliminando este termo das duas fórmulas, produz uma relação entre os

potenciais magnético e gravitacional conhecido como Equação de Poisson. Apesar de polos

magnéticos não existirem, a validade entre os dois campos potenciais permanece. A Equação

de Poisson fornece um método para transformar campos magnéticos em campos gravimé-

tricos e viceversa, uma vez que o campo gravimétrico ou magnético pode ser determinado

por diferenciação do respectivo potencial na direção desejada. Esses campos transforma-

dos são chamados de campos pseudogravitacional ou pseudomagnético. O primeiro é no

caso de transformar do campo magnético para gravitacional e o segundo caso, quando há

transformação do gravitacional para magnético (Kearey et al., 2009).

Essa transformação foi descrita por Baranov (1957) em que a anomalia magnética de

campo total é convertida em anomalia de gravidade que seria observada se a distribuição

de magnetização fosse substituída por uma distribuição de densidade identicada. Uma

aplicação da relação de Poisson transforma a anomalia ∆T em anomalia gravitacional que

seria observada se a distribuição da magnetização fosse substituída por uma distribuição de


17

densidade idêntica (isto é, M/ρ é uma constante no volume). Esta aplicação é conhecida

como transformação para pseudogravidade (Blakely, 1996).

A técnica da pseudogravidade foi aplicada para enriquecer a baixa resolução dos dados

de gravidade regionais da área de estudo. A pseudogravidade é, portanto, uma integração

vertical da intensidade magnética total do dado "grid"e utiliza a Transformada de Fourier

para relacionar as anomalias com as fontes verticais, mostrando ser uma excelente ferramenta

para a detecção de fontes magnéticas profundas (Panepinto et al., 2014).

A transformada da pseudogravidade é melhor compreendida usando a Transformada de

Fourier:
Gρ/M
F (θ) = , (1.16)
[sin(Ia ) + i cos(I) cos(D − θ)]2 r
onde I é a inclinação geomagnética, Ia é a inclinação para a amplitude de correção (onde I>
Ia ), ρ é a densidade em g/cm3 , G é a constante gravitacional, M é a magnetização em Gauss,

D é declinação geomagnética, θ é a direção do número de onda em azimute e r é o número

de onda em radiano/grau. O termo do numerador converte o potencial magnético para

pseudogravidade e o termo do denominador calcula a redução ao polo magnético (Panepinto

et al., 2014).

Portanto, a transformação de pseudogravidade pode ser uma estratégia útil na inter-

pretação de anomalias magnéticas, não porque acredita-se que uma distribuição de massa

realmente corresponde à distribuição magnética abaixo da pesquisa magnética, mas porque

as anomalias gravitacionais são, de certa forma, mais instrutivas e mais fáceis de interpretar

do que as magnéticas (Blakely, 1996).


Capítulo 2

Depósito de Ferro

Os minérios de ferro são explotados a partir de depósitos associados a rochas ígneas, sedi-

mentares, originários do intemperismo de rochas ígneas e depósitos de sulfetos. Em quase

todas as rochas sedimentares contêm uma quantidade signicativa de ferro. Podendo variar

de 1% a 65% e, as vezes, até mais. Entre esses extremos existe uma ampla faixa de tipos de

rochas sedimentares com ferro que, a depender da proporção, são chamadas de ferruginosas.

2.1 Depósitos associados a rochas ígneas

Os depósitos de ferro associados a rochas ígneas são normalmente formados a partir de

processos de concentração que podem envolver segregação magmática, metassomatismo de

contato ou substituição hidrotermal (Bateman e Jensen, 1950). Esses depósitos ocorrem

próximos à massa intrusiva a qual eles são geneticamente relacionados e apresentam controle

estrutural com sua geometria geralmente reetindo a interseção de duas ou mais feições de

controle (Hansen et al., 1966). Os depósitos são basicamente constituídos por magnetita,

hematita e titano-magnetita (Bateman e Jensen, 1950) e normalmente apresentam uma

razão magnetita/hematita elevada (Hansen et al., 1966). O teor em ferro nos depósitos varia

geralmente de 50% a 70% e eles podem ainda conter titânio, cromo, fósforo, cobre e enxofre.

2.2 Depósitos originados do intemperismo de rochas íg-

neas

Os depósitos originados do intemperismo de rochas ígneas são formados a partir da erosão

e lixiviação dos não ferrosos de rochas básicas e ultrabásicas, sob condições favoráveis de

clima e siograa (Hansen et al., 1966). O resultado desse processo gera corpos lateríticos

ricos em ferro, contendo, comumente, alumina, cromo e níquel (Bateman e Jensen, 1950). O

18
19

teor em ferro nos depósitos situa-se, normalmente, entre 45% e 50%. A contribuição desses

depósitos para a produção mundial é muito pequena.

2.3 Depósitos de sulfetos

A contribuição dos depósitos de sulfetos para a produção de ferro se dá de dois modos: pela

oxidação de sulfetos na natureza por ação do intemperismo ou pela recuperação de ferro e

enxofre obtida no tratamento das mineralizações de sulfetos. O ferro obtido dos sulfetos

contribui muito pouco para a produção mundial.

2.4 Depósitos associados a rochas sedimentares

Os depósitos sedimentares de ferro são os mais importantes por contribuírem com cerca de

90% para a produção mundial. Existem dois tipos principais de fontes de ferro na superfície

da Terra: a erosão continental e a atividade vulcânica. No primeiro caso, a grande parte do

ferro das massas continentais está presente nos silicatos  olivinas, piroxênios, anbolitos,

micas, etc. A minoria, por outro lado, está presente substancialmente nos óxidos. A maioria

destes óxidos ocorre em forma de magnetita e a menor parcela em forma de limonita e

titanomagnetita. No segundo caso, as atividades vulcânicas produzem ferro nas rochas seja

pela lava, como por exalações. Onde eles são produzidos na superfície do planeta, o ferro na

rocha é preso nos silicatos, óxidos e associados a minerais como produto da exalação, sendo

depositado nas paredes das ssuras ou perdido na atmosfera (Stanton, 1972).

De acordo com suas características geológicas, idade, forma, mineralogia e química, esses

depósitos podem ser classicados em três tipos: bog irons, ironstones e formações ferríferas

bandadas (ou Bandes Iron Formation, os BIFs) (Stanton, 1972).

Os depósitos associados a formações ferríferas destacam-se por serem mais abundantes e

de larga distribuição na Terra, sendo os que mais contribuem para a produção mundial de

ferro. A seguir, em importância, vêm os ironstones, que são os principais responsáveis pela
produção de ferro na Europa. Os Bog Irons, são os tipos de depósitos ferríferos com menor

importância, por conta disso, sua exploração tem sido restrita quase que exclusivamente à

Europa e Escandinávia. Os ironstones são similares às formações ferríferas e a principal

diferença está nos seus menores conteúdos em chert, o que implica em uma razão sílica-ferro
muito menor do que nas formações ferríferas.
20

2.4.1 Bog Irons

Com relação a sua distribuição, forma e características, o principal habitat desse grupo

sedimentar são os pântanos, lagos e rios pouco ativos de áreas glaciais recentes. Portanto,

são abundantes e concentradas em áreas de tundras, com glaciação recente. Muitas dessas

áreas não sofreram o processo erosional completo desde a glaciação e, como resultado, há

um desenvolvimento generalizado de sistemas de drenagem interna.

Os bog irons são compostos principalmente por oolitos/pisolitos de goetita/limonita

e, em menor quantidade, por siderita. Manganês, óxidos de manganês e fosfatos de ferro

também podem estar presentes, em muito menor quantidade (Stanton, 1972).

2.4.2 Ironstones

Existem dois tipos importantes deste tipo de depósito: o Minette, ou Loraine, que são irons-
tones associados a sequências sedimentares marinhas de águas rasas, próximas da costa. O

outro tipo é o Lahn-Dill, menos comum e menos extensivo e ocorre em sedimentos vulcâni-
cos. Com relação a sua constituição, os Ironstones exibem uma ampla variedade de minerais,

provavelmente reetindo a diversidade dos processos diagenéticos e as condições deposicio-

nais. Óxidos, carbonatos e silicatos são todos representados e com algumas aparições de

sulfetos conhecidos como menos constituinte das fácies. Os ironstones apresentam em sua

composição oolitos/pisolitos de limonita/goetitia e hematita, que são os óxidos mais abun-

dantes, e magnetita em pequenas quantidades; siderita e outros carbonatos são importantes

constituintes em alguns depósitos, enquanto a chamosita é um mineral frequentemente en-

contrado nos depósitos, assim como a glauconita. O teor em ferro nos depósitos pode variar

entre 25% e 60%. A mineralização pode ser encontrada em extensas camadas de espessura

variando de alguns centímetros a pouco mais de 10 metros, em lentes restritas que aparecem

e desaparecem ao longo de grandes extensões, ou, ainda, na forma de grupos de pequenas

camadas dentro de uma sequência sedimentar restrita (Stanton, 1972).

2.4.3 Banded Iron Formation (BIF)

Eles constituem a mais importante de todas as classes das concentrações de ferro. As for-

mações ferríferas são constituídas por bandeamentos de óxidos de ferro  principalmente

hematita e magnetita  e sílica, formando uma alternância de camadas com nas espessuras

que podem variar de 0.5 a 3 centímetros. A rocha possui origem sedimentar química e o seu

teor em ferro ca normalmente entre 25% e 35% de ferro, podendo chegar a mais de 65%

por enriquecimento através de processos diagenéticos, metamórcos ou metassomáticos. As

formações ferríferas recebem diversas denominações dependendo do local onde ocorrem. As


21

denominações mais comuns são Formação Ferrífera Bandada (BIF  banded iron formation),

Itabirito  no Brasil. Recebe essa denominação de BIF porque foram formados em ambiente

marinho, como resultado do oxigênio liberado por cianobactérias fotossintéticas combinando

com o ferro dissolvido do oceano. A partir daí foram formados e precipitados os óxidos de

ferro insolúveis. Então, gerou-se uma na camada no substrato, que pode ser lama anóxica

 produzindo folhelho e chert. Cada bandamento é suposto resultar de variações cíclicas na

disponibilidade de oxigênio.

Os BIFs podem ser divididos em tipo Algoma e Superior. As Formações Ferríferas Banda-

das do tipo Algoma são os depósitos associados e relacionados a vulcanismo. Ocorreram

predominantemente no Arqueano e são associadas a Greenstone Belts. Por outro lado, as

Formações Ferríferas Bandadas do tipo Superior são característicos de depósitos de águas

rasas, plataformais. Associados a sedimentos clásticos terrígenos  quartzito, dolomito recifal

-, possui fácies ferruginosas oxidadas e ocorreram predominantemente no Paleoproterozóico.

São as principais fontes de minério do mundo.

Figura 2.1: Modelo evolutivo e contexto tectônico das formações ferríferas do tipo
Algoma, Lago Superior e Rapitan (Robb, 2004).

2.5 Assinatura Gravimétrica nos Depósitos de Ferro

O método gravimétrico encontra aplicação como técnica subsequente usada sobre um alvo

denido por outro método de melhor relação custo-benefício. Isso porque sua execução

é relativamente lenta e, portanto, cara. Uma importante aplicação deste em exploração


22

mineral é a determinação de tonelagem de minério pelo método de excesso de massa (Kearey

et al., 2009).

O contraste de densidade de interesse na prospecção geofísica do minério de ferro,

refere-se as variações entre as formações de ferro e a rocha encaixante ou o contraste entre

as formações que tem uma relação estrutural ou estratigráca com a ocorrência da formação

do minério de ferro (Hinze, 1966). A densidade do minério depende dos seus minerais, bem

como sua composição e suas relativas proporções.

As relações de densidade existentes vão gerar tipos diferentes de respostas. Para o

caso de anomalia gravimétrica positiva, normalmente é associada a um depósito de ferro

com maior densidade que as rochas adjacentes. Os principais minerais de ferro, magnetita

e hematita, possuem alta densidade e, contrastando, por exemplo, com uma encaixante

sedimentar - que possui comparativamente menor densidade - uma resposta positiva é gerada

(Hinze, 1966).

Figura 2.2: Perl geofísico do depósito de ferro no leste da Província Hebei, China -
modicado de Guoli et al. (2015).

Mesmo que a resposta positiva para um depósito de ferro seja comum, a anomalia gravi-

métrica negativa existe e, frequentemente, associada a uma importante formação geológica.

Neste caso, para obter esta resposta geofísica é necessário que a encaixante tenha uma den-

sidade maior que o minério de ferro. Um exemplo é a associação do BIF com o Greenstone
Belt (Figura 2.3) (Hinze, 1966).
23

Figura 2.3: BIF associado à Greenstone Belt - modicado de Hinze (1966).


Capítulo 3

Caracterização da Área de Estudo

A área de estudo está localizada no município de Coração de Maria no estado da Bahia, na

porção leste da mesorregião do centro norte baiano, sendo limitado por outros seis municí-

pios, com maior destaque para Feira de Santana que adquire regionalmente o papel de pólo

comercial e econômico. Em sua porção norte/nordeste, o município de Coração de Maria

faz limite com os municípios de Santanópolis e Irará. Em sua porção leste faz limite com

Pedrão e Teodoro Sampaio. Ao sul, com o município de Conceição do Jacuípe e a oeste com

Feira de Santana. A empresa Ferrous, que atua na área, possui sede na cidade de Coração

de Maria e a região estudada faz parte do Projeto Jacuípe.

De Salvador, via BR-324, são 114 km até a cidade de Coração de Maria, passando

por Amélia Rodrigues e Conceição do Jacuípe (Figura 3.1). A área total do município é de
2
315 km e a sede do município tem como coordenadas geográcas: latitude −12◦ 13'58 e

longitude −38 45'00.

Figura 3.1: Localização para acesso simplicado a Coração de Maria, no estado da


Bahia (Google maps).

24
25

3.1 Estudo Geológico

3.1.1 Contexto Geotectônico

O Cráton do São Francisco (CSF), consolidado no nal do Paleoproterozóico, é um seg-

mento da litosfera continental que foi posteriormente parcialmente retrabalhado no nal do

Neoproterozóico. Assim, constitui o substrato geológico de importante parcela do território

brasileiro. É uma unidade tectônica que engloba grande parte do estado da Bahia e uma

pequena parte dos estados de Sergipe, Pernambuco, Goiás, Tocantins e Minas Gerais (Figura

3.2).

Figura 3.2: Limites e principais unidades geotectônicas do Cráton do São Francisco -


modicado de Ferrous (2011).

A porção baiana do Cráton sempre foi objeto de inúmeros trabalhos abordando diversos
26

aspectos da natureza, bem como a gênese de seus recursos minerais. Os recentes trabalhos

efetuados por Barbosa e Sabaté (2002) retratam, em síntese, que o setor norte do cráton

teve sua atual estruturação desenvolvida, principalmente, durante a chamada Orogênese

Paleoproterozóica. Esta fase foi responsável pela amalgamação de quatro segmentos crustais

arqueanos: bloco Gavião, Jequié, Serrinha e Itabuna-Salvador-Curaçá (Figura 3.3) (Barbosa,

1996).

Como a colisão foi feita durante o Paleoproterozóico, este é considerado um período

com signicativa produção de rochas metamórcas e granitóides associados. Existem tam-

bém evidências geológicas, principalmente dados estruturais, metamórcos e radiométricos

que sugerem a colisão destes quatros blocos Arqueanos anteriormente citados durante o Pa-

leoproterozóico, resultando na formação de importante cadeia de montanha denominada de

Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa e Sabaté, 2002).

O Bloco Gavião, localizado na porção centro-leste do cráton, compreende seu núcleo

mais antigo. Sua composição é de terrenos tonalito-trondjehmito-granodioríticos (TTGs)

metamorzados nas fácies anbolito (Barbosa et al., 2003). Acrescenta-se ainda duas gera-

ções de granitóides e unidades supracrustais, exemplicados como alguns greenstones belts


da proximidade. Localizado a nordeste do CSF, o Bloco Jequié é formado por migmatitos e

rochas plutônicas, além de sequências vulcanossedimentares, sendo que todo o conjunto está

metamorzado na fácies granulito. O Bloco Serrinha é um segmento de crosta arqueana do

tipo granito-greenstone, formado por ortognaisses graníticos-granodioríticos e tonalíticos e


as sequências greenstone bel t do Rio Itapicuru e Capim. As intrusões de granitóides paleo-

proterozóicos presentes são relacionadas às fases deformacionais (Alves Da Silva, 1994). O

Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC) é uma extensa faixa de direção submeridiana, que

se estende desde o sul da Bahia até as imediações de Salvador (Ferrous, 2011).

De uma forma geral, o orógeno se distribui na Bahia desde as imediações da cidade

de Itabuna, ao sul, até a cidade de Curaçá ao norte e nas imediações da capital Salvador,

situada na parte intermediária. O Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá é produto da colisão

oblíqua, segundo a direção NW-SE, de quatro blocos arqueanos: Gavião, Serrinha, Jequié e

Itabuna-Salvador-Curaçá. A direção da colisão pode ser identicada pela presença de falhas

de empurrão e zonas transcorrentes tardias. As transcorrências tiveram uma cinemática em

geral sinistral (Alves Da Silva, 1994). As deformações do Orógeno são mais identicadas nos

dois últimos blocos, porque nestes elas foram mais fortes e obliteraram quase por completo,

sendo, portanto, evidências de deformações mais antigas (Barbosa et al., 2012).


27

Figura 3.3: Posições postuladas dos blocos Arqueanos antes e após a colagem/colisão
no Paleoproterozóico. Em rosa o bloco Gavião, em laranjta o bloco Jequipe, em verde
o bloco Serrinha e em azul o Bloco Itabuna-SSA-Curaçá (Barbosa e Sabaté, 2002).

3.1.2 Geologia Regional

A área da pesquisa está no limite do Bloco Serrinha e possui litologias do Cinturão Móvel

Salvador-Curaçá a oeste. Deste modo, para conhecimento da sua história metamórco de-

formacional é fundamental o conhecimento dessas duas unidades geotectônicas.

Bloco Serrinha
Este bloco compõe um segmento de crosta Arqueana granito-greenstone e é constituído prin-
cipalmente pelos complexos Uauá e Santa Luz que serviram de embasamento dos greenstone

belts paleoproterozóicos do Rio Itapicuru e do Rio Capim. O Complexo Uauá representa


a unidade mais antiga do Bloco Serrinha porém, está situada fora da área de interesse do

projeto Jacuípe (Ferrous, 2011).

a) O complexo Santa Luz


É a unidade mais extensa do Bloco Serrinha. Cobrindo o centro-sul do Bloco Serrinha, é visto

na área de atuação do Projeto Jacuípe (Figura 3.4), que se situa sobre rochas do Complexo
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Santa Luz e junto aos limites do bloco com o Cinturão Salvador-Curaçá, representado por

rochas do Complexo Caraíba. É considerado um conjunto gnáissico-granítico-migmatítico,

onde quatro associações foram individualizadas: três das quais metamorzadas nas fácies

anbolito localizadas nas porções centro-sul, sul e centro-norte do Complexo, e uma nas

fácies granulito a leste do Complexo Uauá (Ferrous, 2011).

b) Greenstone Belt do Rio Itapicuru  Complexo Rio Itapicuru


Formado por uma sequência de rochas vulcanossedimentares geradas, deformadas e meta-

morzadas no Paleoproterozóico que foram agrupadas em três unidades litoestratigrácas:

Unidade Vulcânica Máca, Unidade Vulcânica Félsica e Unidade Sedimentar.

O metamorsmo que ocorre neste greenstone belt são: metamorsmo hidrotermal de fundo

oceânico que atuou sobre parte das rochas vulcânicas mácas e félsicas; metamorsmo regi-

onal na fácies xisto-verde, associado à deformação que afetou toda a sequência e que local-

mente atingiu as fácies anbolito nas porções mais deformadas e no contato com os corpos

granitognáissicos sintectônicos; e metamorsmo de contato que atingiu a fácies hornblenda-

hornfels em auréolas relacionadas à intrusão de granitóides tarde a pós-tectônicos (Ferrous,

2011).

Cinturão Salvador-Curaçá
Constituído pela Suíte São José do Jacuípe e pelos complexos Caraíba e Tanque NovoIpirá.

Abriga corpos máco-ultramácos, de modo que alguns deles são mineralizados, além de di-

versas gerações de granitóides intrusivos paleoproterozóicos (Ferrous, 2011).

a) Suíte São José do Jacuípe


Aorando na porção sudoeste do cinturão Salvador-Curaçá, é uma associação máco-ultramá-

ca. Aparece em forma de lentes descontínuas, com direções N-S a NNW-SSE, imbricadas

tectonicamente com rochas dos complexos Caraíba e Tanque Novo-Ipirá (Ferrous, 2011).

b) Complexo Caraíba
Este complexo é a unidade litoestratigráca de maior representatividade do cinturão. A leste,

sua área de distribuição aparece de forma contínua, interrompida por corpos granitóides. A

oeste, seus litotipos formam megalentes em maioria imbricadas tectonicamente com rochas

das suíte São José do Jacuípe, do Complexo Tanque Novo-Ipirá e granitóides intrusivos

(Ferrous, 2011).

c) Complexo Tanque Novo-Ipirá


Este Complexo representa uma sequência vulcanossedimentar metamorzada nas fácies an-

bolito a granulito e evoluída provavelmente do arqueano ao proterozóico (Ferrous, 2011).

d) Corpos máco-ultramácos
Estes corpos associados ao Complexo Caraíba e ao Complexo Tanque Novo-Ipirá apresentam
29

dimensões variadas sendo alguns de importância metalogenética, como, por exemplo, os

corpos do Vale do Rio Curaçá, que são mineralizados em Cobre (Ferrous, 2011).

e) Granitóides Paleoproterozóicos
Estes corpos alojados no cinturão ocorrem em várias idades relacionadas aos eventos reversos

e transcorrentes. Nesse caso, são agrupados em dois conjuntos: sintectônicos e pós-tectônicos

(Ferrous, 2011).

Figura 3.4: Unidades geológicas das parte centro-sul do bloco Serrinha e seu limite, a
Oeste, com o Cinturão Salvador-Curaçá. O polígono vermelho marca a área do projeto
Jacuípe, desenvolvido pela empresa Ferrous, e do qual os dados apresentados neste
trabalho derivam (CPRM, 2003 - modicado).

O contexto tectônico regional, ao qual se atribuiu a origem do Orógeno, está relacio-


30

nado ao estágio nal da colisão continente-continente, resultado da edicação de um arco

continental e geração de cadeia montanhosa, atualmente com sua raiz exposta devido à

erosão.

A aproximação do Bloco Serrinha em direção ao Bloco Gavião promoveu um importante

encurtamento crustal E-W ao longo de um eixo. Tal encurtamento gerou o que é conhecido

como mistura tectônica com lâminas de rochas imbricadas dos Complexos citados anterior-

mente: Complexo Caraíba, São José do Jacuípe e Ipirá. Estas lâminas sofreram estiramento

N-S, identicadas por contínuas bandas de cisalhamento sinistral onde ocorrem sucessivas

colocações de granitos sin-tectônicos, ou seja, durante os eventos tectônicos (Ferrous, 2011).

O encurtamento resultou também na obducção do Cinturão sobre o Bloco Serrinha, a leste,

e sobre o Bloco Gavião a oeste, evidenciando uma feição tectônica do tipo or positiva

baseado em Padilha e Melo (1991).

3.1.3 Geologia Local

Conforme as especicações da Ferrous (2011), de forma ampla, os corpos de minério de

ferro da localidade estudada estão inseridos em um pacote de anbólio xistos de geometria

lenticular, orientados na direção geral NNE-SSW (Figura 3.5) e tendo como encaixantes

paragnaisses, parcial ou totalmente cobertos pelos sedimentos da Formação Barreiras ou por

sedimentos do rift Cretáceo das Bacias do Recôncavo-Tucano-Jatobá.

Os paragnaisses encaixantes da mineralização aparentemente se encontram associados

a rochas tipo TTG (tonalito-trondjemito-granodiorito) e intrusivas miloníticas dispostas la-

teralmente a oeste e leste em relação à área de interesse.


31

Figura 3.5: Mapa Geológico da área do Projeto Jacuípe. A área marcada de vermelho
é referente ao foco do estudo deste trabalho - modicado de Ferrous (2011).

As formações ferríferas mapeadas na área do projeto ocorrem como corpos dobrados

com espessura média de 50 metros na área central, 20 metros no norte e 30 metros no sul. As

principais áreas de ocorrência das formações ferríferas são localizadas na Fazenda Cerqueira

ao norte, Morro Zabelê e Morro Mangalô no centro e Morro da Fazenda São Domingos

e Fazenda Lagoa dos Porcos ao sul (Figura 3.6).

Os dados coletados se concentram no Morro Zabelê, onde em toda sua extensão é

observado um solo bem avermelhado, característico do depósito de ferro.


32

Figura 3.6: Paisagem típica da área do Projeto no Morro Zabelê.

Levando-se em consideração os aspectos mineralógicos e texturais das formações ferrí-

feras ocorrentes na área, o minério pode ser caracterizado em três tipos principais: Itabirito

Silicoso (ISI) e Itabirito Anbolitico (IAN) e, de forma secundária, o Itabirito Goethítico.

O primeiro tipo, com aparição no sul, que não é o foco deste trabalho e o segundo tipo

encontra-se espalhado por toda a região.

Itabirito Silicoso (ISI)


De coloração variando do cinza claro a escuro, bandada, e cujo bandamento tem espessura

variável (milimétrica a centimétrica), o Itabirito Silicoso é denido pela alternância de cama-

das de óxidos de ferro com quartzo (Figura 3.7). Com base no estudo mineralógico da Ferrous

(2011), o ISI é formado predominantemente por magnetita martitizada, ou seja, oxidação

prolongada da magnetita a baixas temperaturas, e quartzo que, formando bandas, constitui


33

uma foliação tectono-metamórca que oblitera totalmente a estruturação sedimentar original.

Figura 3.7: Aoramentos de Itabirito Silicoso, Fazenda São Domingos. Em (A) detalhe
do bandamento desenhando dobras apertadas por vezes com rompimentos dos ancos,
gerando em bandamento transposto. Em (B) detalhe do bandamento de óxido de ferro
alternado a bandas silicosas (Ferrous, 2011).

Itabirito Anbolítico (IAN)


Neste tipo de itabirito, a coloração também varia do cinza claro a escuro, porém com tons es-

verdeados. Da mesma forma, apresenta bandamento e, similar ao ISI, de espessura variável.

O Itabirito Anbolítico (Figura 3.8) é denido pela alternância de horizontes de óxidos de

ferro, predominantemente magnetita martitizada, com níveis de anbólios e grunerita, esta

última conferindo tons e bandas esverdeadas à rocha. O principal componente é a magnetita,

ocorrendo como cristais. Também são observados cristais de pirrotita. Algumas amostras

apresentam quartzo, produto da recristalização de nódulos de chert de origem diagenética

(Ferrous, 2011).
34

Figura 3.8: Aoramento de Itabirito Anbolítico no Morro Zabelê.

Itabirito Goethítico
Rocha semi-alterada a alterada, semi-compacta a friável, resultante da ação do intemperismo

sobre, principalmente, itabiritos anbolíticos e silicosos. Sua coloração varia do castanho

claro ao amarelo ocre; este tipo de itabirito ainda mostra estrutura bandada original, sendo

característica a oxidação total ou quase total das bandas de óxido de ferro (Figura 3.9).

Estes itabiritos derivados dos IANs mostram-se alterados a uma massa na, a limonita e

argila, com raro quartzo. Nos derivados dos ISIs, o quartzo das bandas quartzosas tende à

desagregação e encontra-se eventualmente soldado por limonita (Ferrous, 2011).

Figura 3.9: Amostra de mão de Itabirito Goethítico. Nota-se as bandas alteradas de co-
loração alaranjada possivelmente produto de alteração de bandas anbolíticas (Ferrous,
2011).
35

Rocha encaixante
Com relação à rocha encaixante, existe sobre e subjacente aos itabiritos um espesso pacote

de rochas xistosas que variam desde anbólio xistos com muita ou pouca biotita, de textura

grossa a xistos gratosos sulfetados. Esse conjunto de rochas corresponde ao litotipo mais

expressivo de toda a área do projeto Jacuípe ocorrendo em toda sua extensão. Associado

aos contatos dos itabiritos com o pacote xisto aparecem lentes descontínuas com espessuras

médias de sequência de cherts. Essas lentes distribuem-se de forma aleatória em toda a área

tendo sua maior relevância nas porções norte e central. Toda essa sequência está em contato

com um pacote carbonático mais a leste, com espessuras e relações de contato bem pouco

conhecidas. Como composição da Rocha Encaixante são encontrados Anbólio-biotita Xisto

(AB_XTO), Xisto Granatíferos (GRN_XTO), Grata Xisto (GRF_XTO), Chert (CHT) e

Mármore (MAR).

Segundo Ferrous (2011) o pacote Anbólio-biotita Xisto (AB_XTO) é marcado por

xistos de coloração verde amarronzada a esbranquiçada, granulação média, constituídos es-

sencialmente por anbólios de coloração verde envolvidos por uma xistosidade de morfologia

anastomosada denida por cristais alongados; o Xisto Granatíferos (GRN_XTO) é uma

rocha xistosa de cor verde acinzentado a cinza e granulação grosseira, constituída de anbó-

lio, granada de dimensões sub-centimétricas e palhetas de biotita. Por vezes essas granadas

ocorrem disseminadas tanto nos xistos como nos itabiritos anbolíticos; a Grata Xisto

(GRF_XTO) é uma rocha cinza escura, na, constituída de grata, biotita, micas brancas

e, às vezes, pseudomorfos de granada. São rochas muito sulfetadas, de modo que seus níveis

de sulfeto distribuem-se concordantemente com a foliação conferindo um aspecto bandado à

rocha. Os principais aspectos observados são pirita, pirrotita e arsenopirita; o Chert (CHT)

é uma rocha esbranquiçada, na e namente foliada, compacta e constituída essencialmente

por nos cristais de quartzo (metachert); o Mármore (MAR) é uma rocha cinza esbranqui-

çada, na a média, constituída essencialmente por cristais muito pequenos de dolomita. Na

porção sul da área ocorre com níveis onde desenvolve uma foliação dada pela presença de

biotita, marcando uma zona de deformação próxima ao contato com o pacote de xisto.
Capítulo 4

Aquisição e Tratamento de Dados

4.1 Dados Gravimétricos

4.1.1 Levantamento dos dados

O equipamento usado para a coleta de dados foi o gravímetro modelo Autograv CG5 produ-

zido pela SCINTREX Limited e pertencente ao CPGG-UFBA (Figura 4.1).

Figura 4.1: Gravímetro utilizado para a coleta de dados.

O gravímetro é um medidor de gravidade automatizado baseado em microprocessador

que tem uma faixa de medição de 8000 mGals sem reiniciar e uma leitura de resolução

de 0.001 mGal. Isso permite que o aparelho seja usado para as investigações de campo

detalhadas e levantamento regionais ou geodésicos em larga escala.

Mesmo o gravímetro possuindo um GPS próprio, que serve para atualizar a localização

do ponto medido, foi necessário um GPS diferencial, modelo Geo XT (Figura 4.2), fabricado

36
37

pela Trimble, para corrigir o efeito da variação gravimétrica com a topograa.

Figura 4.2: GPS diferencial utilizado na coleta dos dados.

Foram realizados três trabalhos de campo na cidade de Coração de Maria. Entre os

dias 19 e 21 de janeiro de 2017 foi realizada a Etapa I para levantamento teste de dados mas,

principalmente, para reconhecimento da área. Entre 06 e 09 de julho de 2017 foi realizada

a segunda viagem com o objetivo de coletar os dados. Entretanto, por motivos técnicos do

primeiro GPS utilizado no projeto, os dados foram perdidos. A terceira e última viagem

de campo, no período de 05 a 08 de setembro de 2017, os dados foram levantados e com

qualidade, com o GPS da Trimble.


Sabendo que existem aoramentos no Morro Zabelê, a coleta de dados foi feita nessa

zona principalmente pela fácil localização e pelas primeiras sondagens de poço terem sido

realizadas pela Ferrous nessa localidade. Com isso, foi possível correlacionar os dados da

sondagem com os dados gravimétricos terrestres adquiridos. O Morro Zabelê não é de difícil

acesso e sua topograa não é muito íngreme. O projeto de levantamento de dados (Figura

4.3) consistiu em coletar dados ao longo do perl A-A' (de amarelo) com o objetivo de cobrir

o corpo e além dele para obter o contraste de densidade com a encaixante. Com esse primeiro

perl retirado, coletar dados ao longo de linhas paralelas a ela, em azul, com o objetivo de

gerar uma malha de dados gravimétricos. Além das linhas paralelas foram coletados dados

também ao longo de uma linha transversal (linha em roxo).


38

Figura 4.3: Projeto de campo para levantamento de dados, com localização dos pers
ao longo os quais os dados gravimétricos terrestres foram coletados. O ponto preto
corresponde à localização aproximada do furo de sondagem número 6, utilizado para
auxiliar nas modelagens - modicado de Ferrous (2011).

A metodologia das atividades de campo, no primeiro dia de atividades, consistiu em

ir até a Vila Bessa (Figura 4.4) onde possui o marco Geodésico do IBGE que dista até a

cidade de Coração de Maria aproximadamente 22 km. Em seguida, ir até a zona de estudo

e fazer a coleta de dados gravimétricos. No m do dia de coletas no Morro Zabelê, voltar

até a Base e retirar outro dado para efeito de correção. Foram coletados dados ao longo de

cinco pers. A Base de Vila Bessa foi transportada para o ponto próximo à antena da área

de estudo, que foi utilizada nos dias posteriores como base para correção dos demais dados.
39

A gura 4.5 mostra as informações da estação Geodésica do IBGE utilizada como base para

correção dos dados gravimétricos.

Figura 4.4: Distância entre a Base e a área de Estudo (Google Maps).


Figura 4.5: Relatório de Estação Geodésica (IBGE).
40
41

4.1.2 Tratamento dos Dados

Os dados levantados pelo gravímetro são passados para o computador através do cabo RS-232

ou pelo cabo USB. Ambas as opções podem ser acessadas pelo programa SCTUTIL, que deve

ser instalado primeiro no computador e acompanha o sistema do equipamento. Os dados

obtidos pelo GPS são baixados em formato .txt. Para relacionar os dados gravimétricos e

do GPS é necessário vericar o horário das medidas, já que as estações são medidas com os

instrumentos quase que simultaneamente. O gravímetro foi ajustado para a realização de

duas medidas para cada estação, e a média dos valores foi utilizada como valor para a estação

(Figura 4.6). As tabelas de dados coletados nos outros dias encontram-se no Apêndice A.

Figura 4.6: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 05/09/2017 compi-
lados.

Para corrigir os dados, não só pelo efeito da topograa, mas também que seja possível

fazer as correções de Ar livre e Bouguer, foi utilizada uma planilha em Excel de calibração

proposta por Derek I. Holom e John S. Oldow do Departamento de Ciências Geológicas da

Universidade de Idaho, EUA em 2007 (Holom e Oldow, 2007). As equações usadas nesta

planilha são derivadas de um código FORTRAN escrito por Mike Webring da USGS. Dentro

dessa planilha de gravidade existem abas que servem para congurar o resultado nal. A

Gravity que usa equações e valores a partir


primeira, e mais importante, aba de cálculo é a

das outras quatro abas secundárias: Bullard B. Table, Meters, Calibration Table, Absolute

Base. Essas abas podem ser encontradas no Anexo 1. A aba Bullard B. Table é uma lista de
constantes utilizadas para calcular a correção Bouguer Esférica (LaFehr, 1991) e não pode

ser modicada. A terceira aba, entitulada de Meters é a lista dos três métodos possíveis de
calcular a anomalia Bouguer. A quarta aba, Calibration Table, é uma tabela de conversão
42

de valores de gravidade para valores de gravímetro do tipo LaCoste-Romberg. A última aba,

Absolute Base, referencia os valores de gravidade medidos para um valor absoluto.


Para calcular a anomalia Bouguer, é necessário inserir dados como as estações gravi-

métricas, a data, o horário e a duração da medida, as coordenadas de acordo com o WGS

 World Geodetic System -, a altura da estação medida e selecionar o método do cálculo

baseado no gravímetro utilizado bem como adicionar o valor da gravidade observada em

cada estação. A partir desses dados de entrada serão gerados os dados de saída, as corre-

Theoretical Gravity (mGal),  Height Correction (mGal),  Atm Eect


ções gravimétricas: 

(mGal),  Bouguer Spherical Cap (mGal),  Terrain Correction (mGal), Observed Absolute

Gravity (mGal),  Complete Bouguer Anomaly (mGal).


Para cada dia de aquisição, uma planilha de correção de gravidade foi gerada (Figura

4.7), desse modo, obteve-se a Anomalia Bouguer referente. Após os resultados de todas as

planilhas obtidas, uma planilha com os dados compilados  latitude, longitude, altitude e

bouguer  foi feita. Essas planilhas são apresentadas no Apêndice A.


Figura 4.7: Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 05/09/2017.
43
44

A planilha, após concluída e os dados corrigidos e compilados, foi importada para uma

tabela de banco de dados do Oasis Montaj. Nos dados de campo foram aplicados primeira-

mente a continuação pra cima de 100 metros, porque, para que os dados terrestres cassem

corrigidos na mesma altura do aerolevantamento, que correspondeu a aproximadamente 100

metros. Com esse dado continuado, foi gerada a interpolação dessa pequena região com os

pontos das estações coletadas (Figura 4.8).

Figura 4.8: Mapa Bouguer dos dados terrestres coletados neste trabalho com a locali-
zação das estações.

4.2 Dados Magnéticos

A empresa Ferrous cedeu os dados aerolevantados da região, que constituíra as principais

ferramentas utilizadas para melhor conhecimento da distribuição espacial das formações

ferríferas. Os dados consistem em aeromagnetometria e aerogamaespectrometria e foram

realizados em duas etapas. A primeira foi executada em setembro de 2009 e recobrindo


2
cerca de 320 km com linhas de voo orientadas no sentido Norte-Sul com espaçamento de
2
2000 metros. A segunda etapa, englobando a área do primeiro, recobriu 3129 km e foi

executada de abril a maio de 2010 e suas linhas de voo orientadas no sentido Leste-Oeste

com espaçamento de 200 metros. Para as duas etapas, a altura média do voo foi de 100

metros.
45

A partir dos dados aeromagnéticos (Figura 4.9), foi recortada uma área para que o

depósito de ferro pudesse ser melhor abordado neste trabalho (Figura 4.10 - polígono maior

em vermelho). Nos dados recortados foi aplicada a continuação pra cima com 500 metros

(Figura 4.11), 1000 metros, 1500 metros e 2000 metros, com o objetivo de retirar algumas

informações muito rasas. Os dados perderam conteúdo signicativo de informação, não se

mostrando adequado para remoção do campo regional. Desta maneira, os dados continuados

de 500 metros foram escolhidos para serem utilizados neste trabalho.

Os dados gravimétricos terretres coletados neste trabalho se concentram dentro do pró-

prio limite do corpo mineralizado. Para que o corpo mineralizado pudesse ser modelado

observando seu contraste com as rochas encaixantes, os dados aeromagnéticos foram trans-

formados em dados de pseudogravidade e fundidos com os dados terretres coletados. O

conjunto destas duas malhas foi utilizado para modelagem dos dados. A Figura 4.9 mostra

os polígonos referentes aos dois bancos de dados. O polígono maior referente ao recorte apli-

cado aos dados aeromagnéticos e o menor referente à área em que os dados terrestres foram

coletados. Na gura 4.9(a) de Anomalia Magnética de Campo Total é possível vericar a

presença do corpo mineralizado seguindo a tendência NNE-SSW. Na gura 4.9(b) de Sinal

Analítico verica-se a localização aproximada das bordas do corpo.


46

Figura 4.9: Mapas (a) Anomalia Magnética de Campo Total e (b) Sinal Analítico
referentes à área completa do Projeto Jacuípe. De vermelho, o polígono maior é a área
referente referente ao recorte dos dados aeromagnéticos. O polígono menor refere-se à
área dos dados terrestres coletados.
47

Figura 4.10: Mapa magnético total referente à área recortada que corresponde à região
de estudo deste trabalho.
48

Figura 4.11: Mapa do campo magnético anômalo (continuado para cima 500 metros)
referente à área recortada para abordagem deste trabalho.

Em seguida, foi gerado o mapa magnético residual (Figura 4.12), a partir da diferença

do magnético total com o continuado pra cima de 500 metros. Com este mapa mapa magné-

tico residual foi aplicada a pseudogravidade (Figura 4.13). Para fazer essa transformação, os

parâmetros de entrada utilizados foram: Declinação Magnética = -21,704, Inclinação Mag-

nética = -30,04, contraste de densidade escolhido foi de 0,22 e a Magnetização igual a 0,01.
49

Para calcular a magnetização, foi utilizada a diferença entre os valores máximo e mínimo do
−4
campo magnético, em nT, e transformou de Tesla para Gauss, onde 1 Gauss=10 T .

A partir da malha interpolada, foi realizado um recorte nos dados magnéticos, que

após transformados em pseudogravidade foram unidos aos dados gravimétricos coletados em

campo.

Figura 4.12: Mapa magnético residual referente à área recortada para abordagem deste
trabalho.
50

Figura 4.13: Mapa da pseudogravidade referente à área recortada para abordagem deste
trabalho.

Apenas na fase de tratamento de dados percebeu-se a perda de alguns dados coletados.

Os vazios deixados nas linhas pode ser visto também na Figura 4.8, de modo que elas não

estão completas. Portanto, aplicou-se os dados terrestres coletados em campo no recorte

criado nos dados da pseudogravidade. Essa união foi feita a partir da transformação do

"grid" da pseudogravidade recortado em um novo banco de dados. Neste novo banco de


51

dados, uma nova linha foi criada para que fosse possível colocar os dados terrestres coletados.

Em seguida foi feita a interpolação dos dados e gerado o mapa dos dados combinados (Figura

4.14). Deste modo, o polígono em preto representa a área de dados terrestres coletados, cujos

dados foram interpolados com os dados da pseuogravidade.

Figura 4.14: Mapa dos dados combinados: pseudogravidade e dados gravimétricos co-
letados. O polígono em preto destaca a área de dados terrestres coletados.
Capítulo 5

Resultados e Discussões

5.1 Modelagem

O programa Interactive Geophysical Modelling Assistant, IGMAS+, se baseia na integração


dos dados de cada seção para que seja possível determinar a extensão e o formato do corpo

mineralizado em 3D. Os modelos tridimensionais são construídos utilizando triangulação de

poliedros aos quais são atribuídas densidades constantes, paro o caso de modelagem de dados

gravimétricos (Schmidt et al., 2007). Utilizando o programa IGMAS+ para a modelagem,

o dado é inserido no programa de forma conjunta por duas formas: o grid de formato .grd

exportado do Oasis Montaj e o banco de dados deste grid no formado .csv.

Ao inserir o dado para realizar a modelagem no IGMAS+, é necessário selecionar a

localização da primeira e da última seção (Figura 5.1). Entretanto, a localização das seções

intermediárias não podem ser determinadas pelo usuário. Assim, para que as seções esti-

vessem nas anomalias mais signicativas, foi necessário o ajuste de 7 seções intermediárias

obrigatoriamente equiespaçadas (Figura 5.2). Começando pela seção 0 e terminando na seção

8, o importante era que qualquer mínima modicação em uma seção, fosse feita nas anteriores

e posteriores. Assim, o modelo continuaria consistente com base na triangulação dos polie-

dros. Além disso, é necessário estabelecer a espessura da rocha encaixante, que, neste caso,

corresponde à placa Bouguer frequentemente utilizadas nos modelos gravimétricos. Para os

modelos gerados neste trabalho, foi utilizada a espessura de 1000 metros.

52
53

Figura 5.1: Localização das seções inicial e nal.

Figura 5.2: Mapas 2D da anomalia Bouguer observada e a localização do furo de son-


dagem de número 6 e de cada uma das seções dentro do programa IGMAS+.

A empresa Ferrous realizou, ao longo de mais de uma década, 174 furos de sondagem em

toda a região (Ferrous, 2011). Alguns destes furos se encontram dentro da área de estudo. A

partir dos dados de pseudogravidade foram gerados modelos gravimétricos de maneira a se


54

representar o corpo ferroso em profundidade. Para uma estimativa de modelos mais precisos

foi utilizada a informação do furo de sondagem número 6 (Figuras 5.3 e 5.4) do qual foram

extraídas informações de descrição geológica, espessura e densidade das camadas.

A Figura 5.4 representa o furo de sondagem número 6 localizado no mapa do projeto de

campo (Figura 4.3). Essa sondagem mostra a intercalação de camadas de minério de ferro,

IANC, IGOC e IGOF, com pacotes da encaixante - marcados por Xisto Granatíferos Com-

pacto, Anbólio-Biotita Xisto Friável e Compacto, até o topo marcado pela cobertura do

solo avermelhado muito presente e típico na região. Com a descrição geológica deste furo

foi possível gerar o modelo e, foi entendido que, algumas das diversas rochas que existem

ao longo da formação poderiam ser unidas e representadas como uma só unidade: como

rocha encaixante poderia unir dois tipos diferentes de rocha, bem como o Itabirito, já que

na região aparecem cinco tipos diferentes. Deste modo, considera-se BIF a união de todos os

tipos de Itabirito presente na região, Itabirito Silicoso, Anbolítico e Goethítico; como rocha

encaixante foi utilizada o pacote mais signicativo da região, ou seja, o Anbólio Biotita

Xisto Friável.

Segundo o relatório da Ferrous (2011), para que se fosse possível determinar as densidades

de cada tipo de pacote, foi necessário utilizar o método de cálculo de densidade aparente:

antes e depois de secar a amostra, baseado no Princípio de Arquimedes. Por conta disso, os

valores inseridos no modelo deste trabalho são baseados no valor aparente de cada unidade

utilizada. O valor utilizado de densidade em cada pacote não corresponde aos valores da

gura 5.5, mas são bem próximos.

Figura 5.3: Marcação do furo 6


55

Figura 5.4: Furo de Sondagem de número 6, composição das amostras respeitando os


contatos litológicos (Ferrous, 2011).

Como dito no Capítulo 3, como composição da Rocha Encaixante são encontrados

Chert (CHT), Mármore (MAR), Anbólio-biotita Xisto (AB_XTO), Xisto Granatíferos

(GRN_XTO) e Grata Xisto (GRF_XTO). É possível perceber na Tabela 5.5 que tais

rochas têm o acréscimo de um radical em sua nomenclatura. O acréscimo de radicais nos

termos geológicos, "F, "C"e "S", fazem alusão ao nível de compactação da rocha. Respecti-

vamente signicam ser uma rocha Friável − possível de sofrer fragmentação−, Compacta e

Semi-Compacta.

Em torno do poço 6 não são todos os tipos de rocha encaixante e de itabirito que po-

dem ser vistos. Nesta localidade, apenas alguns pacotes aparecem e, alguns deles aparecem
56

de forma mais signicativa que outros. Assim, para realizar o modelamento foi necessário

unir rochas que possuem a mesma característica, de forma a serem representadas por um

único polígono. Dessa forma, baseado no furo de sondagem 6, na modelagem e na tabela

apresentada na Figura 5.5: o que está de verde representa a união das encaixantes mais

signicativas nessa janela, AB_XTOF com GRF_XTOC , sendo utilizada como base a den-

sidade da mais representativa; os que estão marcados de amarelo, são os corpos que, unidos

(IGOF, IGOC,IANC, IANS e ISIC), representam o corpo mineralizado. Apesar de serem

amostras diferentes e com teores variados de ferro, existe uma unidade mais representativa,

IANC, e foi com base nesta que foi utilizada para modelagem. O que é considerado como

COB, de roxo, é a cobertura, o solo avermelhado areno-argiloso muito presente na região,

não magnético. Não aparecendo no furo 6, o que está representado de rosa, MAR, é a rocha

carbonática de contato ainda pouco desconhecido, encontrado à leste do modelo.


57

Figura 5.5: Tabela de densidades aparentes das estruturas presentes na região do Projeto
Jacuípe (Ferrous, 2011).

O alto gravimétrico marcado nas seções (Figuras 5.6 a 5.14) demonstra um excesso de

massa correlacionado à área de ocorrência do corpo ferroso. Podendo ser explicado pela

alta densidade dos corpos em subsuperfície, bem como a sua signicativa espessura e maior

proximidade do corpo mineralizado com a superfície e agregando-se também a uma menor

espessura da cobertura do solo, COB. Analogamente, o baixo gravimétrico pode ser explicado

ou como uma grande camada de cobertura areno-argilosa (COB), como a localização do corpo

mineralizado mais profundo e de menor espessura quando relacionada com sua vizinhança,

AB_XTOF. Portanto, um décit de massa.

Foi visto que as mudanças feitas durante a modelagem representavam uma grande

variação na anomalia calculada, portanto, o programa IGMAS+ se mostrou muito sensível a

tais mudanças. Essas mudanças são referentes aos polígonos criados nos modelos, onde era
58

possível aumentá-los ou diminuí-los e aproximar ou distanciar da superfície.

Sabendo que, ao longo de toda a região aparecem aoramentos, a faixa do corpo mi-

neralizado − que se estende ao longo do modelo − surge próximo da superfície em todas as

seções, e vai sendo adelgaçada tanto quando se aprofunda e se aproxima do corpo carbonático

à leste quando para a encaixante à oeste.

Partindo da seção 0 (Figura 5.6) pode-se observar dois corpos mineralizados mais pró-

ximos da superfície. A formação ferrífera tende a se anar lateralmente para leste em di-

reção à rocha carbonática e para a esquerda em meio a encaixante. Acima da encaixante,

AB_XTOF, existe um pacote no de COB, o terreno avermelhado muito comum na região.

Os dois corpos mineralizados da superfície são sobrepostos por essa camada de COB, que

aparece ainda mais adelgaçada. A seção 0, por ser limite frontal do modelo, está muito pró-

xima da seção 1 (Figura 5.7). Por isso, suas anomalias observadas são muito semelhantes.

Similar à seção anterior, percebe-se dois corpos localizados supercialmente, com o COB

acima pouco espesso. A tendência de anamento lateral se mantém tanto para a oeste como

para leste. A queda da anomalia gravimétrica existente entre os dois altos pode ser jus-

ticada pelo segmento de formação ferrífera ser pouco espesso, mesmo que muito próximo

da superfície, criando um contraste com a sua vizinhança. A seção 2 (Figura 5.8) tem um

bloco de corpo mineralizado em sua superfície marcado pelo encontro grosseiro na direita

com a camada de COB, marcando a queda no pico gravimétrico para um outro menor, que

corresponde a outro bloco de BIF, também espesso porém mais profundo. A tendência de

anamento lateral é mantida também nesta seção. A seção 3 (Figura 5.9) também possui um

alto gravimétrico localizado. Este também é marcado pela formação ferrífera se encontrar

mais próxima da superfície e com uma na espessura de COB sobre ela. Além disso, o padrão

de anamento lateral é mantido em direção à encaixante. A seção 4 (Figura 5.10), assim

como as seções anteriores, possui uma concentração de BIF próximo da superfície, marcando

o alto gravimétrico. Esse BIF concentrado, assim como nas seções anteriores, mantém um

anamento lateral marcando a queda do pico gravimétrico. O segmento correspondente ao

BIF que ana favorece com a queda do valor da gravidade não só pelo anamento, como

por se encontrar em profundidade. A seção 5 (Figura 5.11) possui dois altos gravimétricos

marcados pelo corpo ferroso estar mais supercial. Mesmo com uma considerável camada

de COB acima dela, a anomalia é bem marcada. A tendência de anamento lateral e em

profundidade também é aparente nessa seção, justicando a redução da gravidade, quando

contrastado com a vizinhança. A seção 6 (Figura 5.12) tem um alto gravimétrico de grande

proporção. Neste caso, pode ser justicado por um pacote considerável de corpo minerali-

zado próximo da superfície e um COB muito adelgaçado sobre ele. Além disso, possui um

considerável contato com COB à direita, justicando a redução do valor da gravidade. Assim
59

como em todas as seções anteriores, o anamento lateral aparece. A seção 7 (Figura 5.13)

possui uma grande concentração de minério de ferro muito próximo da superfície para que

fosse possível obter uma anomalia tão marcada. O COB circundando o corpo mineralizado

favorece a queda da anomalia residual, representando o contraste de densidade que existe

entre esses dois pacotes. O padrão de anamento lateral é mantido para a oeste e, em maior

proporção, para a leste. A seção 8 (Figura 5.14), que é o limite nal do modelo, possui ano-

malia observada semelhante a da seção 7. Por conta disso, o corpo mineralizado concentrado

perto da superfície e circundado por COB nas suas laterais, também marca essa seção. Há

um anamento lateral do BIF enquanto distancia da superfície, como em todas as seções

anteriores.

Com relação aos parâmetros estatísticos dos modelos, o programa IGMAS+ determina

o valor do erro médio entre as anomalias calculada e observada dos pers de todas as seções,

bem como o Coeciente de Correlação de Pearson. No m de todas as seções modeladas,

o valor do erro foi de 0,036 mGal, sendo, portanto, um valor aceitável. O coeciente de

Correlação ρ mede o grau da correlação entre duas variáveis. Variando de 0 a 1, onde 0

é uma correlação bem fraca e 1 uma correlação muito forte, o programa determinou que

o Coeciente de Correlação existente entre as anomalia observada e calculada vale 0.703,

sendo, portanto, uma correlação forte.


Figura 5.6: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 0. A linha vermelha tracejada é anomalia calculada e a linha azul contínua
corresponde a anomalia observada.
60
Figura 5.7: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 1. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
61
Figura 5.8: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 2. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
62
Figura 5.9: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 3. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
63
Figura 5.10: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 4. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
64
Figura 5.11: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 5. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
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Figura 5.12: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 6. A linha vermelha tracejada é anomalia calculada e a linha azul contínua
corresponde a anomalia observada.
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Figura 5.13: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 7. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
67
Figura 5.14: Modelo gravimétrico gerado ao longo da seção 8. A linha vermelha tracejada corresponde à anomalia calculada e a linha
azul contínua corresponde à anomalia observada.
68
69

5.2 Interpretação

O corpo mineralizado aparece de maneira mais expressiva nas seções 1, 2, 6, 7 e 8 devido

ao maior alto gravimétrico quando comparado com as outras seções. Entre as seções 1 e 2

existe uma grande concentração de minério de ferro que reduz em proporção até aproximar

da seção 6, onde ca mais espesso novamente. Esse espessamento ao longo das seções pode

ser visualizado na Figura 5.15, onde é possível ver o corpo ferroso a partir da triangulação

de poliedros.

É possível compreender, a partir das seções mostradas anteriormente, que o corpo

mineralizado se estende por toda a área seja de forma mais signicativa, espessa, ou de

forma mais na. Todo ele é circundado pela rocha encaixante Anbólio Biotita Xisto. A sua

borda direita está em contato com a rocha carbonática cuja espessura e relações de contato

ainda são pouco conhecidas. Essa rocha carbonática vai perdendo dimensão ao longo das

camadas. O corpo ferroso ainda está sob o solo avermelhado, o COB (Figura 5.16)

É possível vericar o mapa de anomalia observada ao longo das seções com o corpo

mineralizado após triangulação de poliedros ao longo das seções. Além disso, é possível

ver a interação desta formação ferrífera com a encaixante, o solo de cobertura e a rocha

carbonática (Figuras 5.18 e 5.17).

Também é possível ver a triangulação através dos poliedros que o programa IGMAS+

produziu no corpo de importância: o BIF. As Figuras 5.19 e 5.20 mostram essa triangulação

de poliedros sob o mapa da anomalia observada em 3D. Pode ser percebido também a

direção de lineamento do corpo mineralizado, mantendo uma tendência SSW-NNE (Figura

5.20), que também é percebido nos mapas magnético total produzido pela ferrous, como no

mapa gravimétrico do recorte produzido para foco neste trabalho - com os dados unidos de

pseudogravivade e coletados em campo. Diferentemente do mapa magnético produzido pela

empresa que marca a presença do corpo de forma muita extensa, o método gravimétrico

serviu para unir com o dado já existente e localizar com mais precisão o corpo mineralizado,

além de dimensionar suas extensões de forma mais realista.


Figura 5.15: Corpo mineralizado ao longo das seções a partir da triangulação de poliedros.
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Figura 5.16: Seções modeladas
71
Figura 5.17: Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob anomalia observada − vista nal.

Figura 5.18: Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob anomalia observada − vista lateral.
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Figura 5.19: Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista lateral.

Figura 5.20: Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista nal.
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74

Como visto teoricamente no Capítulo 2, a resposta geofísica será positiva quando o

minério de ferro possuir uma densidade maior que os pacotes da sua vizinhança e assim

ocorreu neste modelo. Com base no furo de sondagem do poço 6, foi possível modelar

de acordo com as densidade o mais próximo da realidade e, então, o BIF do depósito de

ferro de Coração de Maria se mostrou mais denso que a sua encaixante marcando os altos

gravimétricos observados nos pers das seções.

Conclui-se, assim, que o corpo mineralizado é mais presente nos extremos do modelo,

ou seja, próximos das seções 2 e 7, seguindo a direção SSW-NNE. Com relação à região

intermediária, a formação ferrífera é também bem marcada, porém essa zona central contém

a maior concentração de solo não argiloso supercial, o COB. Em todo o modelo, segue a

tendência signicativa de anamento lateral e, principalmente, para a direita direcionado

para o corpo carbonático.

Por m, os modelos apresentados mostraram um bom ajuste entre os dados observados

e calculados, e a conguração geral das fontes magnéticas é relativamente similar à congura-

ção apresentada na modelagem magnética no relatório da Ferrous. Sendo assim, entende-se

que as fontes magnética e gravimétrica são de certa forma correlacionáveis, o que valida a

modelagem dos dados gravimétricos e de pseudogravidade.


Capítulo 6

Conclusões

Com base na modelagem dos dados reais foi possível observar que o método gravimétrico é

de fundamental importância como método secundário am de acrescentar mais informações

e ajudar na interpretação do depósito de ferro. Apenas com o método magnético, levantado

pelo empresa Ferrous, foi possível saber a presença do depósito de ferro, entretanto, agre-

gando com os resultados obtidos com a pseudogravidade e o campo para coleta dos dados

foi possível delimitar o corpo com mais precisão.

Com relação à modelagem, o método da pseudogravidade se mostrou bastante ecaz

nesse sentido, pois as seções se mostraram bem coerentes com os dados observados. O pro-

grama de modelagem, o IGMAS+, se mostrou muito sensível à variação, pois a mínima

mudança realizada no modelo, proporcionava uma grande mudança na anomalia calculada,

distorcendo da anomalia observada. Então, o resultado nal obtido com as anomalias calcu-

lada, observada e residual se mostraram de boa qualidade.

Como foi discutido no Capítulo 4, os resultados do levantamento aeromagnético identi-

caram o corpo com lineamento SSW-NNE. Os resultados dos mapas gravimétricos também

demonstram um resultado semelhante seguindo essa direção, e, logo, com dois picos de ano-

malia localizadas nas suas extremidades. Pois, assim, o corpo é mais presente nos seus

extremos e menos espesso - mais suave - no seu intermédio. Então, a união dos métodos gra-

vimétricos reais e a transformada dos dados aeromagnéticos em pseudogravidade produziu

um bom resultado.

A coleta de dados terrestres foi fundamental para o meu treinamento e melhor com-

preensão do método, bem como acrescentou muito na minha formação. Apesar dessa coleta

ter sido em uma pequena porção da área, a coleta dos dados gravimétricos continuará a ser

realizada na região nos próximos anos am de aumentar o conhecimento sobre o depósito ali

presente.

75
Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus por toda a força colocada em mim, pra que eu conseguisse

chegar até aqui, porque não foi fácil, e pela luz ao longo de todo o caminho.

À minha base: meu pai, Mário, minha mãe, Rose, meu irmão Thiago e a minha irmã,

Juliana. Obrigada por toda paciência, compreensão, suporte e TODO amor. Eu amo vocês!

Obrigada por todas as vezes que eu precisava de café para virar a noite estudando; por me

acordar quando eu perdia o horário; pelas palavras de motivação calma, você vai conse-

guir. . . Todo semestre é isso!, saia de casa, menina, vá descansar um pouco. Desculpa

principalmente, pelo mau humor dos ns de semestre! ACABOU!!

A meu irmão, especialmente, agradeço principalmente por ter me mostrado essa ciência

linda. Obrigada por sempre ser meu porto seguro. Apesar da distância, você é meu maior

ídolo.

Obrigada minhas avós por toda a doçura, meu avô materno pelo incrível conhecimento

geofísico e meu avô paterno, in memorian, por todo aquele carinho, principalmente com

aquela página de jornal que eu sempre vou guardar: a lista de aprovados da UFBA que ele

me deu com tanto orgulho.

Obrigada meus tios, tias, primos e primas por todo o apoio nessa caminhada e por

entender a minha ausência quando necessária, principalmente, nos nais de semestre e pe-

ríodos pré prova. Em especial, meus tios Pedro e Dadau pelo carinho especial comigo. Nesses

quatro anos o que eu mais ouvi foi quando eu vou na Reitoria gritar por você?. Eu amo

cada um de vocês.

Aos meus amigos: vocês são os melhores que alguém pode ter! Mima (migona!), Jeu,

Mille, Isa, Bia, Kiu e Jana: minhas meninas, obrigada por se fazerem tão presentes! Obrigada

por me ouvirem e me apoiarem tanto! Eu amo vocês! Obrigada por toparem tudo comigo!

Meus meninos, Cabeça (Filipe Neri), meu Corta ˘ Luquinhas, Murilo e Guilherme ˘, Patrick,
Juninho: obrigada por todas as conversas, todas as risadas, por me ajudarem tanto e, claro,

todas as nossas gordices quando eu não aguentava mais estudar. Com Luquinhas eu tive as

melhores caronas pra UFBA, com o melhor repertóri para aula das 7h. Obrigada por cada

um de vocês ser essa pessoa especial!

76
77

Um obrigada imensurável a meu orientador, Marcos Vasconcelos, meu co-orientador

Florivaldo Sena e a meu amigo Adevilson Alves por abraçarem a ideia de Coração de Maria,

por todo suporte, atenção, comprometimento nesse trabalho e por estarem até o m nessa

jornada... Só nós sabemos o que passamos nesses campos: medo de cobra, espinhos, perda

de dado, chuva. . . → ∞. Deu tudo certo!

Ainda falando em Coração, de coração, Tia Céu e Dona Pepita por acreditarem no

trabalho. Por sempre me receberem de braços abertos e com todo carinho possível.

Aos meus amigos e colegas de geofísica que entendem a minha loucura, vocês são ma-

ravilhosos! 2012, 2013 e 2014 nós somos uma geofamily. Minha turma de 2014, vocês são

os melhores. Obrigada por caminharem comigo esses 4 anos! Cada um de vocês tem papel

fundamental na minha formação. Em especial, Maia (bê), Lucas e Minicrack, pelas risadas,

pelos estudos de madrugada e pela ajuda mútua. Mini, você é um ser de luz! Obrigada por

todo companheirismo. Em especial, Pri e Loma, que faziam a rotina car mais leve, sem

vocês não daria. Eu amo vocês! (TURMALIN(D)A VAI FORMAR!!)


Eu não podia deixar de agradecer em especial a Léo Barril (o mais gato da Geofísica,

o mito mor !)! Ele me salvou e me ajudou como nunca com o latex! Obrigada!

Aos professores dessa caminhada: muito obrigada!

Agradeço também à Ferrous por ceder todos os dados necessários ao longo deste trabalho

de conclusão de curso, sendo sempre disponíveis em toda e qualquer dúvida.

À Sabine Schmidt, por ceder a licença do programa IGMAS.

E agora... partiu ON!


Apêndice A

Dados coletados

Os dados coletados com o gravímetro, como discutido no Capítulo 4, foram baixados em

formato .txt e unidos com os dados do GPS. Ao longo do trabalho foram mostrados apenas

os dados e a planilha de dados apenas do dia 05/09/2017. Abaixo seguem os dados (Figuras

A.1, A.2 e A.3) e planilhas (Figuras A.4, A.5 e A.6) dos outros dias, bem como a tabela com

os dados compilados (Figura A.7):

Figura A.1: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 06/09/2017 compi-
lados.

78
79

Figura A.2: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 07/09/2017 compi-
lados.

Figura A.3: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 08/09/2017 compi-
lados.
Figura A.4: Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 06/09/2017.
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Figura A.5: Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 07/09/2017.
81
Figura A.6: Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 08/09/2017.
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Figura A.7: Dados bouguer corrigidos e compilados com as coordenadas e altitude para
inserir no Oasis Montaj. As marcações em amarelo são referentes às primeiras medidas
de cada dia.
Referências

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Itapicuru (Bahia, Brésil): importance des granitoides syntectoniques, contrôle des mine-

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Telford, W. M.; Geldart, L. e Sheri, R. E. (1990) Applied geophysics, Cambridge University

Press.
Anexo I

Abas das Planilhas de Correção

Como discutido no Capítulo 4, a Planilha de Correção precisa ser preenchida por valores que

vão congurar no valor nal. Antes de inserir os valores do campo, cada uma das abas se

mostra nos seguintes formatos (Figuras I.1, I.2, I.3, I.4 e I.5):

Figura I.1: Primeira aba da planilha de correção de dados: Gravity .

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87

Figura I.2: Segunda aba da planilha de correção de dados: Bullard B. Table .

Figura I.3: Terceira aba da planilha de correção de dados: Meters .


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Figura I.4: Quarta aba da planilha de correção de dados: Calibration Table .

Figura I.5: Quinta aba da planilha de correção de dados: Absolute Base .

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