Taina Oliveira
Taina Oliveira
Taina Oliveira
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA
GRAVIMETRIA DO DEPÓSITO DE
BAHIA, BRASIL
SALVADOR BAHIA
FEVEREIRO 2018
Gravimetria do depósito de ferro de Coração de Maria, Bahia, Brasil
por
Departamento de Geofísica
do
Instituto de Geociências
da
Universidade Federal da Bahia
Comissão Examinadora
Na região de Coração de Maria existem corpos lenticulares de minério de ferro, que possuem
aora em algumas áreas, mas em toda a região é marcada por elevações suaves do relevo,
por solo muito avermelhado e alta concentração de ferricrosta. Apesar da área ter sido alvo
de estudos da empresa Ferrous, que já realizou furos de sondagem em grande parte da sua
extensão, a região permanece virgem de exploração do minério. Este trabalho visa estu-
pseudogravimétricos gerados a partir dos dados aeromagnéticos levantados pela empresa an-
foram realizadas três viagens de campo com o objetivo de coletar os dados gravimétricos.
gravimetria neste trabalho serviu para integrar as informações sobre o corpo mineralizado
juntamente com os dados magnéticos levantados pela empresa Ferrous, para, assim, melhor
sicos é importante para reduzir a ambiguidade, pois a resposta obtida pode ser proveniente
de variadas fontes.
1
Abstract
In Coração de Maria region there are lenticular bodies of iron ore, which have an average
of 25% of ore concentration inserted in a package of low grade mac and metamorphi rocks,
covered by Barreiras Formation sediments. The ore appears in some areas but throughout the
region is marked by elevations, besides to very high and huge concentration of ferricrosta.
The region remains a a virgin of ore exploration although the area has already been the
subject of studies by the Ferrous Company, which has already drilled drill holes in much of
its extension. This work aims to study the iron deposits of Coração de Maria using collected
gravimetric data and pseudogravimetric generated from the aeromagnetic data collected by
the the Company. Located 114 km from Salvador, in the northwestern direction of the
Capital of Bahia, three eld campaigns were carried out in order to collect the gravimetric
data. The data were duly corrected, processed and interpreted. The gravimetric data were
modeled in order to present the relation between the iron ore and the surrounding rocks, by
using geological information available.The gravimetry in this work served to integrate the
information about the mineralized body together with the magnetic data collected by the
company Ferrous, in order to better delimit it horizontally and vertically. Thus, the joint
use of geophysical data is important to reduce ambiguity, since the response obtained may
2
Sumário
Resumo 1
Abstract 2
Introdução 9
1 Introdução Teórica 11
1.1 Propriedades físicas das rochas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Instrumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.6 Transformações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6.2 Pseudogravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2 Depósito de Ferro 18
2.1 Depósitos associados a rochas ígneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4.2 Ironstones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3
4
5 Resultados e Discussões 52
5.1 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.2 Interpretação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6 Conclusões 75
Agradecimentos 76
A Dados coletados 78
Referências 84
2.1 Modelo evolutivo e contexto tectônico das formações ferríferas do tipo Algoma,
22gure.caption.8
23gure.caption.9
(Google maps). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Sabaté, 2002). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4 Unidades geológicas das parte centro-sul do bloco Serrinha e seu limite, a
31gure.caption.14
(Ferrous, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5
6
38gure.caption.21
4.6 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 05/09/2017 compilados. 41
4.7 Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 05/09/2017. 43
4.8 Mapa Bouguer dos dados terrestres coletados neste trabalho com a localização
das estações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.9 Mapas (a) Anomalia Magnética de Campo Total e (b) Sinal Analítico refe-
4.10 Mapa magnético total referente à área recortada que corresponde à região de
4.11 Mapa do campo magnético anômalo (continuado para cima 500 metros) refe-
4.12 Mapa magnético residual referente à área recortada para abordagem deste
trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
7
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
anomalia observada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.17 Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob
5.18 Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob
A.1 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 06/09/2017 compilados. 78
A.2 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 07/09/2017 compilados. 79
A.3 Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 08/09/2017 compilados. 79
A.4 Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 06/09/2017. 80
A.5 Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 07/09/2017. 81
A.6 Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 08/09/2017. 82
8
Em 5 de julho de 1687, foi publicada por Isaac Newton sua obra Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica que apresentava sobre a lei da Gravitação Universal. Ao propor tal
tricas com respeito à variação da gravidade justicadas pela elevação, latitude distribuição
Detérmination de la Figure de la Terre, relatos da viagem que fez aos Andes, e, a partir do
que foi observado, principalmente gravimétrica de altitude, pôs em evidência a anomalia que
tem o seu nome (Telford et al., 1990). Todo esse conjunto de ideias formaram a base teórica
do método gravimétrico.
país. Em virtude das suas propriedades físicas e químicas, é utilizado em cerca de 98% na
indústria siderúrgica. E por isso, a indústria da mineração do ferro tem grande importância
O ferro é o segundo metal e o quarto elemento mais abundante na crosta da Terra, tendo
como principais minerais a magnetita e hematita, com ferro presente em suas estruturas.
Embora uma grande quantidade de minerais possua ferro em sua estrutura, somente alguns
concentração da ordem de 25%, que tem sido alvo de pesquisas da empresa Ferrous. O mi-
de maneira que o corpo mineralizado não foi analisado a partir de dados gravimétricos. O
métodos geofísicos, tais como eletromagnético e/ou elétrico. Sua aplicação fornece infor-
9
10
realizados na região. Além disso, foram utilizados dados aeromagnéticos cedidos pela Fer-
rous para que a região pudesse ser analisada como um todo. Serão apresentadas as fases
Introdução Teórica
distribuição tem estreita relação com a composição e a estrutura geológica da área, e a sua
magnitude de uma força gravitacional entre duas massas é proporcional ao produto dessas
Seja a massa mo uma partícula teste com magnitude unitária e divididindo a força da gravi-
(Blakely, 1996):
m
~g (P ) = −G r̂, (1.2)
r2
onde r̂ é o vetor unitário na direção da massa m para o ponto de observação P. O sinal de
menos na equação acima se faz necessário porque, por convenção, r̂ é direcionado a partir
11
12
1
r̂ = [(x − x0 )î + (y − y 0 )ĵ + (z − z 0 )k̂]. (1.3)
r
A atração gravitacional um campo irrotacional, então: ∇ × ~g = 0. A partir do Teorema de
~g (P ) = ∇U (P ), (1.4)
onde
m
U (P ) = G . (1.5)
r
Assim, a função U é conhecida como potencial gravitacional e a aceleração gravitacional ~g é
De modo que não resultem de diferenças de densidade nas rochas em subsuperfície, é ne-
cessário corrigir os dados para todas as variações do campo gravitacional da Terra antes de
gravitacionais, seja pela latitude, altitude, massa, entre outros. Para descrever o conjunto de
correções, é melhor considerá-las como parcelas que contribuem para a gravidade observada
(Blakely, 1996).
Por causa da forma não esférica do planeta e pelo fato da velocidade tangencial de um
ponto sobre a Terra diminuir a partir de um máximo no equador até zero nos polos, a ace-
leração centrípeta gerada por essa rotação tem um componente radial negativo que, como
consequência, causa uma diminuição da gravidade dos polos para o Equador (Kearey et al.,
2009). Como consequência, o formato do planeta é um elipsóide achatado nos polos, ocasi-
ando uma diferença entre os raios polar e equatorial. Essa diferença dos raios proporciona
uma diferença de gravidade entre esses pontos provocando nos pontos próximos do Equador,
maior distância do centro de massa da Terra que aqueles mais próximos dos polos, gerando,
Clairaut obtém-se:
Essa correção diz respeito às medidas de gravidade sobre a terra que devem ser ajustadas
∂
g(r + h) = g(r) + h g(r) + .... (1.7)
∂r
2
Supondo que a Terra é uniforme e esférica, então g(r) = −GM/r e a equação (1.7)
passa a ser:
2g(r)
g(r) = g(r + h) − h. (1.8)
r
2g(r)
O termo h é a diferença entre g(r) e g(r+h), conhecida como a correção de ar livre,
r
considerando que é o único ajuste de elevação necessário se não existirem massas entre o
Diferente da correção de ar livre e a gravidade teórica que ignoram a massa que talvez exista
entre a estação observada e a o nível do mar, a correção Bouguer considera esse adicional
de massa am de eliminar o seu efeito. A massa levada em conta é considerada como uma
placa plana homogênea, com densidade ρ e de tamanho innito que equivale à altura de
gB = 2πGρh, (1.11)
Raramente é o caso da topograa ao redor da estação gravimétrica ser plana, como consi-
dera a correção Bouguer, portanto, esta correção vai corrigir tal diferença na vizinhança do
terreno. Existem vários modos de cálculo da correção de terreno, todas elas requerem conhe-
cimentos detalhados do relevo próximo à estação e um bom mapa topográco. A forma mais
1.4 Instrumentação
A medição dos valores de gravidade pode ser do tipo absoluto ou relativo. O primeiro caso,
relativos de gravidade, ou seja, as diferenças de gravidade entre locais são mais simples e
zes de obter essas medidas gravimétricas são os gravímetros. Eles são basicamente balanças
de mola carregando uma massa constante. Variações no peso da massa causadas pelas vari-
ações na gravidade fazem variar o comprimento da mola e dão uma medida da mudança de
gravidade.
15
Com relação aos gravímetros relativos, eles podem ser: estáveis e astáticos ou instáveis. A
diferença deles é a conguração de equilíbrio da mola. O primeiro tipo é mais simples com re-
lação a sua mecânica, porém necessita de uma maior precisão na detecção do posicionamento
do corpo de prova. Como exemplos deste tipo de gravímetro existem o Scintrex CG-5. O
segundo opera perto de um equilíbrio instável, conferindo uma alta sensibilidade mecânica,
Geralmente, nos levantamentos gravimétricos, são as anomalias locais que têm maior impor-
tância. Por conta disso, o primeiro passo para interpretação é a remoção do campo regional
tes em vários e distintos níveis de profundidade. Para prospecção geofísica, trabalha-se com
fontes que estão a centenas de metros de profundidade, de maneira que se torna necessário
remover o efeito das anomalias mais profundas do valor total observado. Essa anomalia
profunda é chamada de campo regional, e, se não removida, pode levar o intérprete a erros
de processamento e interpretação.
1.6 Transformações
Em geral, essas transformações não denem diretamente a distribuição de fontes, mas fre-
quentemente fornecem informações que ajudam a construir uma compreensão geral de sua
Isso pode ajudar na interpretação de anomalias do campo potencial, pois, esta se mostra
ambígua. Essa ambiguidade surge porque qualquer anomalia poderia ser causada por uma
lias causadas por fontes locais próximas da superfície em relação a anomalias causadas por
uma vez que se supõe que o campo regional é originado por estruturas localizadas em relativa
que possuem muitas fontes magnéticas próximas à superfície. Atenua as anomalias de alto
16
pra cima. Essa transformação, portanto, permite estimar o componente regional no processo
de separação das anomalias originados por corpos em diferentes profundidades. Este processo
A continuação para cima é muitas vezes útil para comparar dados de levantamentos de
1.6.2 Pseudogravidade
µo m
V = , (1.15)
4πµr
−7 −2
onde µo é a constante de permeabilidade no vácuo (4π x10 NA ) e µ representa a perme-
abilidade magnética.
e magnéticos é que essas duas equações (1.5 e 1.14) têm a variável de distância inversa
(1/r) em comum. Eliminando este termo das duas fórmulas, produz uma relação entre os
magnéticos não existirem, a validade entre os dois campos potenciais permanece. A Equação
tricos e viceversa, uma vez que o campo gravimétrico ou magnético pode ser determinado
Essa transformação foi descrita por Baranov (1957) em que a anomalia magnética de
densidade idêntica (isto é, M/ρ é uma constante no volume). Esta aplicação é conhecida
A técnica da pseudogravidade foi aplicada para enriquecer a baixa resolução dos dados
para relacionar as anomalias com as fontes verticais, mostrando ser uma excelente ferramenta
Fourier:
Gρ/M
F (θ) = , (1.16)
[sin(Ia ) + i cos(I) cos(D − θ)]2 r
onde I é a inclinação geomagnética, Ia é a inclinação para a amplitude de correção (onde I>
Ia ), ρ é a densidade em g/cm3 , G é a constante gravitacional, M é a magnetização em Gauss,
et al., 2014).
pretação de anomalias magnéticas, não porque acredita-se que uma distribuição de massa
as anomalias gravitacionais são, de certa forma, mais instrutivas e mais fáceis de interpretar
Depósito de Ferro
Os minérios de ferro são explotados a partir de depósitos associados a rochas ígneas, sedi-
todas as rochas sedimentares contêm uma quantidade signicativa de ferro. Podendo variar
de 1% a 65% e, as vezes, até mais. Entre esses extremos existe uma ampla faixa de tipos de
rochas sedimentares com ferro que, a depender da proporção, são chamadas de ferruginosas.
próximos à massa intrusiva a qual eles são geneticamente relacionados e apresentam controle
estrutural com sua geometria geralmente reetindo a interseção de duas ou mais feições de
controle (Hansen et al., 1966). Os depósitos são basicamente constituídos por magnetita,
razão magnetita/hematita elevada (Hansen et al., 1966). O teor em ferro nos depósitos varia
geralmente de 50% a 70% e eles podem ainda conter titânio, cromo, fósforo, cobre e enxofre.
neas
e lixiviação dos não ferrosos de rochas básicas e ultrabásicas, sob condições favoráveis de
clima e siograa (Hansen et al., 1966). O resultado desse processo gera corpos lateríticos
ricos em ferro, contendo, comumente, alumina, cromo e níquel (Bateman e Jensen, 1950). O
18
19
teor em ferro nos depósitos situa-se, normalmente, entre 45% e 50%. A contribuição desses
A contribuição dos depósitos de sulfetos para a produção de ferro se dá de dois modos: pela
enxofre obtida no tratamento das mineralizações de sulfetos. O ferro obtido dos sulfetos
Os depósitos sedimentares de ferro são os mais importantes por contribuírem com cerca de
90% para a produção mundial. Existem dois tipos principais de fontes de ferro na superfície
ferro das massas continentais está presente nos silicatos olivinas, piroxênios, anbolitos,
micas, etc. A minoria, por outro lado, está presente substancialmente nos óxidos. A maioria
titanomagnetita. No segundo caso, as atividades vulcânicas produzem ferro nas rochas seja
pela lava, como por exalações. Onde eles são produzidos na superfície do planeta, o ferro na
rocha é preso nos silicatos, óxidos e associados a minerais como produto da exalação, sendo
De acordo com suas características geológicas, idade, forma, mineralogia e química, esses
depósitos podem ser classicados em três tipos: bog irons, ironstones e formações ferríferas
de larga distribuição na Terra, sendo os que mais contribuem para a produção mundial de
ferro. A seguir, em importância, vêm os ironstones, que são os principais responsáveis pela
produção de ferro na Europa. Os Bog Irons, são os tipos de depósitos ferríferos com menor
importância, por conta disso, sua exploração tem sido restrita quase que exclusivamente à
diferença está nos seus menores conteúdos em chert, o que implica em uma razão sílica-ferro
muito menor do que nas formações ferríferas.
20
Com relação a sua distribuição, forma e características, o principal habitat desse grupo
sedimentar são os pântanos, lagos e rios pouco ativos de áreas glaciais recentes. Portanto,
são abundantes e concentradas em áreas de tundras, com glaciação recente. Muitas dessas
áreas não sofreram o processo erosional completo desde a glaciação e, como resultado, há
2.4.2 Ironstones
Existem dois tipos importantes deste tipo de depósito: o Minette, ou Loraine, que são irons-
tones associados a sequências sedimentares marinhas de águas rasas, próximas da costa. O
outro tipo é o Lahn-Dill, menos comum e menos extensivo e ocorre em sedimentos vulcâni-
cos. Com relação a sua constituição, os Ironstones exibem uma ampla variedade de minerais,
nais. Óxidos, carbonatos e silicatos são todos representados e com algumas aparições de
sulfetos conhecidos como menos constituinte das fácies. Os ironstones apresentam em sua
contrado nos depósitos, assim como a glauconita. O teor em ferro nos depósitos pode variar
entre 25% e 60%. A mineralização pode ser encontrada em extensas camadas de espessura
variando de alguns centímetros a pouco mais de 10 metros, em lentes restritas que aparecem
Eles constituem a mais importante de todas as classes das concentrações de ferro. As for-
hematita e magnetita e sílica, formando uma alternância de camadas com nas espessuras
que podem variar de 0.5 a 3 centímetros. A rocha possui origem sedimentar química e o seu
teor em ferro ca normalmente entre 25% e 35% de ferro, podendo chegar a mais de 65%
denominações mais comuns são Formação Ferrífera Bandada (BIF banded iron formation),
Itabirito no Brasil. Recebe essa denominação de BIF porque foram formados em ambiente
com o ferro dissolvido do oceano. A partir daí foram formados e precipitados os óxidos de
ferro insolúveis. Então, gerou-se uma na camada no substrato, que pode ser lama anóxica
disponibilidade de oxigênio.
Os BIFs podem ser divididos em tipo Algoma e Superior. As Formações Ferríferas Banda-
Figura 2.1: Modelo evolutivo e contexto tectônico das formações ferríferas do tipo
Algoma, Lago Superior e Rapitan (Robb, 2004).
O método gravimétrico encontra aplicação como técnica subsequente usada sobre um alvo
denido por outro método de melhor relação custo-benefício. Isso porque sua execução
et al., 2009).
as formações que tem uma relação estrutural ou estratigráca com a ocorrência da formação
do minério de ferro (Hinze, 1966). A densidade do minério depende dos seus minerais, bem
com maior densidade que as rochas adjacentes. Os principais minerais de ferro, magnetita
e hematita, possuem alta densidade e, contrastando, por exemplo, com uma encaixante
sedimentar - que possui comparativamente menor densidade - uma resposta positiva é gerada
(Hinze, 1966).
Figura 2.2: Perl geofísico do depósito de ferro no leste da Província Hebei, China -
modicado de Guoli et al. (2015).
Mesmo que a resposta positiva para um depósito de ferro seja comum, a anomalia gravi-
Neste caso, para obter esta resposta geofísica é necessário que a encaixante tenha uma den-
sidade maior que o minério de ferro. Um exemplo é a associação do BIF com o Greenstone
Belt (Figura 2.3) (Hinze, 1966).
23
porção leste da mesorregião do centro norte baiano, sendo limitado por outros seis municí-
pios, com maior destaque para Feira de Santana que adquire regionalmente o papel de pólo
faz limite com os municípios de Santanópolis e Irará. Em sua porção leste faz limite com
Pedrão e Teodoro Sampaio. Ao sul, com o município de Conceição do Jacuípe e a oeste com
Feira de Santana. A empresa Ferrous, que atua na área, possui sede na cidade de Coração
De Salvador, via BR-324, são 114 km até a cidade de Coração de Maria, passando
por Amélia Rodrigues e Conceição do Jacuípe (Figura 3.1). A área total do município é de
2
315 km e a sede do município tem como coordenadas geográcas: latitude −12◦ 13'58 e
◦
longitude −38 45'00.
24
25
brasileiro. É uma unidade tectônica que engloba grande parte do estado da Bahia e uma
pequena parte dos estados de Sergipe, Pernambuco, Goiás, Tocantins e Minas Gerais (Figura
3.2).
A porção baiana do Cráton sempre foi objeto de inúmeros trabalhos abordando diversos
26
aspectos da natureza, bem como a gênese de seus recursos minerais. Os recentes trabalhos
efetuados por Barbosa e Sabaté (2002) retratam, em síntese, que o setor norte do cráton
Paleoproterozóica. Esta fase foi responsável pela amalgamação de quatro segmentos crustais
1996).
que sugerem a colisão destes quatros blocos Arqueanos anteriormente citados durante o Pa-
metamorzados nas fácies anbolito (Barbosa et al., 2003). Acrescenta-se ainda duas gera-
rochas plutônicas, além de sequências vulcanossedimentares, sendo que todo o conjunto está
de Itabuna, ao sul, até a cidade de Curaçá ao norte e nas imediações da capital Salvador,
oblíqua, segundo a direção NW-SE, de quatro blocos arqueanos: Gavião, Serrinha, Jequié e
geral sinistral (Alves Da Silva, 1994). As deformações do Orógeno são mais identicadas nos
dois últimos blocos, porque nestes elas foram mais fortes e obliteraram quase por completo,
Figura 3.3: Posições postuladas dos blocos Arqueanos antes e após a colagem/colisão
no Paleoproterozóico. Em rosa o bloco Gavião, em laranjta o bloco Jequipe, em verde
o bloco Serrinha e em azul o Bloco Itabuna-SSA-Curaçá (Barbosa e Sabaté, 2002).
A área da pesquisa está no limite do Bloco Serrinha e possui litologias do Cinturão Móvel
Salvador-Curaçá a oeste. Deste modo, para conhecimento da sua história metamórco de-
Bloco Serrinha
Este bloco compõe um segmento de crosta Arqueana granito-greenstone e é constituído prin-
cipalmente pelos complexos Uauá e Santa Luz que serviram de embasamento dos greenstone
na área de atuação do Projeto Jacuípe (Figura 3.4), que se situa sobre rochas do Complexo
28
Santa Luz e junto aos limites do bloco com o Cinturão Salvador-Curaçá, representado por
onde quatro associações foram individualizadas: três das quais metamorzadas nas fácies
anbolito localizadas nas porções centro-sul, sul e centro-norte do Complexo, e uma nas
O metamorsmo que ocorre neste greenstone belt são: metamorsmo hidrotermal de fundo
oceânico que atuou sobre parte das rochas vulcânicas mácas e félsicas; metamorsmo regi-
onal na fácies xisto-verde, associado à deformação que afetou toda a sequência e que local-
mente atingiu as fácies anbolito nas porções mais deformadas e no contato com os corpos
2011).
Cinturão Salvador-Curaçá
Constituído pela Suíte São José do Jacuípe e pelos complexos Caraíba e Tanque NovoIpirá.
Abriga corpos máco-ultramácos, de modo que alguns deles são mineralizados, além de di-
ca. Aparece em forma de lentes descontínuas, com direções N-S a NNW-SSE, imbricadas
tectonicamente com rochas dos complexos Caraíba e Tanque Novo-Ipirá (Ferrous, 2011).
b) Complexo Caraíba
Este complexo é a unidade litoestratigráca de maior representatividade do cinturão. A leste,
sua área de distribuição aparece de forma contínua, interrompida por corpos granitóides. A
oeste, seus litotipos formam megalentes em maioria imbricadas tectonicamente com rochas
das suíte São José do Jacuípe, do Complexo Tanque Novo-Ipirá e granitóides intrusivos
(Ferrous, 2011).
d) Corpos máco-ultramácos
Estes corpos associados ao Complexo Caraíba e ao Complexo Tanque Novo-Ipirá apresentam
29
corpos do Vale do Rio Curaçá, que são mineralizados em Cobre (Ferrous, 2011).
e) Granitóides Paleoproterozóicos
Estes corpos alojados no cinturão ocorrem em várias idades relacionadas aos eventos reversos
(Ferrous, 2011).
Figura 3.4: Unidades geológicas das parte centro-sul do bloco Serrinha e seu limite, a
Oeste, com o Cinturão Salvador-Curaçá. O polígono vermelho marca a área do projeto
Jacuípe, desenvolvido pela empresa Ferrous, e do qual os dados apresentados neste
trabalho derivam (CPRM, 2003 - modicado).
continental e geração de cadeia montanhosa, atualmente com sua raiz exposta devido à
erosão.
encurtamento crustal E-W ao longo de um eixo. Tal encurtamento gerou o que é conhecido
como mistura tectônica com lâminas de rochas imbricadas dos Complexos citados anterior-
mente: Complexo Caraíba, São José do Jacuípe e Ipirá. Estas lâminas sofreram estiramento
N-S, identicadas por contínuas bandas de cisalhamento sinistral onde ocorrem sucessivas
e sobre o Bloco Gavião a oeste, evidenciando uma feição tectônica do tipo or positiva
lenticular, orientados na direção geral NNE-SSW (Figura 3.5) e tendo como encaixantes
Figura 3.5: Mapa Geológico da área do Projeto Jacuípe. A área marcada de vermelho
é referente ao foco do estudo deste trabalho - modicado de Ferrous (2011).
com espessura média de 50 metros na área central, 20 metros no norte e 30 metros no sul. As
principais áreas de ocorrência das formações ferríferas são localizadas na Fazenda Cerqueira
ao norte, Morro Zabelê e Morro Mangalô no centro e Morro da Fazenda São Domingos
feras ocorrentes na área, o minério pode ser caracterizado em três tipos principais: Itabirito
O primeiro tipo, com aparição no sul, que não é o foco deste trabalho e o segundo tipo
das de óxidos de ferro com quartzo (Figura 3.7). Com base no estudo mineralógico da Ferrous
Figura 3.7: Aoramentos de Itabirito Silicoso, Fazenda São Domingos. Em (A) detalhe
do bandamento desenhando dobras apertadas por vezes com rompimentos dos ancos,
gerando em bandamento transposto. Em (B) detalhe do bandamento de óxido de ferro
alternado a bandas silicosas (Ferrous, 2011).
ocorrendo como cristais. Também são observados cristais de pirrotita. Algumas amostras
(Ferrous, 2011).
34
Itabirito Goethítico
Rocha semi-alterada a alterada, semi-compacta a friável, resultante da ação do intemperismo
claro ao amarelo ocre; este tipo de itabirito ainda mostra estrutura bandada original, sendo
característica a oxidação total ou quase total das bandas de óxido de ferro (Figura 3.9).
Estes itabiritos derivados dos IANs mostram-se alterados a uma massa na, a limonita e
argila, com raro quartzo. Nos derivados dos ISIs, o quartzo das bandas quartzosas tende à
Figura 3.9: Amostra de mão de Itabirito Goethítico. Nota-se as bandas alteradas de co-
loração alaranjada possivelmente produto de alteração de bandas anbolíticas (Ferrous,
2011).
35
Rocha encaixante
Com relação à rocha encaixante, existe sobre e subjacente aos itabiritos um espesso pacote
de rochas xistosas que variam desde anbólio xistos com muita ou pouca biotita, de textura
grossa a xistos gratosos sulfetados. Esse conjunto de rochas corresponde ao litotipo mais
expressivo de toda a área do projeto Jacuípe ocorrendo em toda sua extensão. Associado
aos contatos dos itabiritos com o pacote xisto aparecem lentes descontínuas com espessuras
médias de sequência de cherts. Essas lentes distribuem-se de forma aleatória em toda a área
tendo sua maior relevância nas porções norte e central. Toda essa sequência está em contato
com um pacote carbonático mais a leste, com espessuras e relações de contato bem pouco
Mármore (MAR).
sencialmente por anbólios de coloração verde envolvidos por uma xistosidade de morfologia
rocha xistosa de cor verde acinzentado a cinza e granulação grosseira, constituída de anbó-
lio, granada de dimensões sub-centimétricas e palhetas de biotita. Por vezes essas granadas
ocorrem disseminadas tanto nos xistos como nos itabiritos anbolíticos; a Grata Xisto
(GRF_XTO) é uma rocha cinza escura, na, constituída de grata, biotita, micas brancas
e, às vezes, pseudomorfos de granada. São rochas muito sulfetadas, de modo que seus níveis
rocha. Os principais aspectos observados são pirita, pirrotita e arsenopirita; o Chert (CHT)
por nos cristais de quartzo (metachert); o Mármore (MAR) é uma rocha cinza esbranqui-
çada, na a média, constituída essencialmente por cristais muito pequenos de dolomita. Na
porção sul da área ocorre com níveis onde desenvolve uma foliação dada pela presença de
biotita, marcando uma zona de deformação próxima ao contato com o pacote de xisto.
Capítulo 4
O equipamento usado para a coleta de dados foi o gravímetro modelo Autograv CG5 produ-
que tem uma faixa de medição de 8000 mGals sem reiniciar e uma leitura de resolução
de 0.001 mGal. Isso permite que o aparelho seja usado para as investigações de campo
Mesmo o gravímetro possuindo um GPS próprio, que serve para atualizar a localização
do ponto medido, foi necessário um GPS diferencial, modelo Geo XT (Figura 4.2), fabricado
36
37
dias 19 e 21 de janeiro de 2017 foi realizada a Etapa I para levantamento teste de dados mas,
a segunda viagem com o objetivo de coletar os dados. Entretanto, por motivos técnicos do
primeiro GPS utilizado no projeto, os dados foram perdidos. A terceira e última viagem
zona principalmente pela fácil localização e pelas primeiras sondagens de poço terem sido
realizadas pela Ferrous nessa localidade. Com isso, foi possível correlacionar os dados da
sondagem com os dados gravimétricos terrestres adquiridos. O Morro Zabelê não é de difícil
acesso e sua topograa não é muito íngreme. O projeto de levantamento de dados (Figura
4.3) consistiu em coletar dados ao longo do perl A-A' (de amarelo) com o objetivo de cobrir
o corpo e além dele para obter o contraste de densidade com a encaixante. Com esse primeiro
perl retirado, coletar dados ao longo de linhas paralelas a ela, em azul, com o objetivo de
gerar uma malha de dados gravimétricos. Além das linhas paralelas foram coletados dados
Figura 4.3: Projeto de campo para levantamento de dados, com localização dos pers
ao longo os quais os dados gravimétricos terrestres foram coletados. O ponto preto
corresponde à localização aproximada do furo de sondagem número 6, utilizado para
auxiliar nas modelagens - modicado de Ferrous (2011).
ir até a Vila Bessa (Figura 4.4) onde possui o marco Geodésico do IBGE que dista até a
até a Base e retirar outro dado para efeito de correção. Foram coletados dados ao longo de
cinco pers. A Base de Vila Bessa foi transportada para o ponto próximo à antena da área
de estudo, que foi utilizada nos dias posteriores como base para correção dos demais dados.
39
A gura 4.5 mostra as informações da estação Geodésica do IBGE utilizada como base para
Os dados levantados pelo gravímetro são passados para o computador através do cabo RS-232
ou pelo cabo USB. Ambas as opções podem ser acessadas pelo programa SCTUTIL, que deve
obtidos pelo GPS são baixados em formato .txt. Para relacionar os dados gravimétricos e
do GPS é necessário vericar o horário das medidas, já que as estações são medidas com os
duas medidas para cada estação, e a média dos valores foi utilizada como valor para a estação
(Figura 4.6). As tabelas de dados coletados nos outros dias encontram-se no Apêndice A.
Figura 4.6: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 05/09/2017 compi-
lados.
Para corrigir os dados, não só pelo efeito da topograa, mas também que seja possível
fazer as correções de Ar livre e Bouguer, foi utilizada uma planilha em Excel de calibração
Universidade de Idaho, EUA em 2007 (Holom e Oldow, 2007). As equações usadas nesta
planilha são derivadas de um código FORTRAN escrito por Mike Webring da USGS. Dentro
dessa planilha de gravidade existem abas que servem para congurar o resultado nal. A
das outras quatro abas secundárias: Bullard B. Table, Meters, Calibration Table, Absolute
Base. Essas abas podem ser encontradas no Anexo 1. A aba Bullard B. Table é uma lista de
constantes utilizadas para calcular a correção Bouguer Esférica (LaFehr, 1991) e não pode
ser modicada. A terceira aba, entitulada de Meters é a lista dos três métodos possíveis de
calcular a anomalia Bouguer. A quarta aba, Calibration Table, é uma tabela de conversão
42
cada estação. A partir desses dados de entrada serão gerados os dados de saída, as corre-
(mGal), Bouguer Spherical Cap (mGal), Terrain Correction (mGal), Observed Absolute
4.7), desse modo, obteve-se a Anomalia Bouguer referente. Após os resultados de todas as
planilhas obtidas, uma planilha com os dados compilados latitude, longitude, altitude e
A planilha, após concluída e os dados corrigidos e compilados, foi importada para uma
tabela de banco de dados do Oasis Montaj. Nos dados de campo foram aplicados primeira-
mente a continuação pra cima de 100 metros, porque, para que os dados terrestres cassem
metros. Com esse dado continuado, foi gerada a interpolação dessa pequena região com os
Figura 4.8: Mapa Bouguer dos dados terrestres coletados neste trabalho com a locali-
zação das estações.
executada de abril a maio de 2010 e suas linhas de voo orientadas no sentido Leste-Oeste
com espaçamento de 200 metros. Para as duas etapas, a altura média do voo foi de 100
metros.
45
A partir dos dados aeromagnéticos (Figura 4.9), foi recortada uma área para que o
depósito de ferro pudesse ser melhor abordado neste trabalho (Figura 4.10 - polígono maior
em vermelho). Nos dados recortados foi aplicada a continuação pra cima com 500 metros
(Figura 4.11), 1000 metros, 1500 metros e 2000 metros, com o objetivo de retirar algumas
mostrando adequado para remoção do campo regional. Desta maneira, os dados continuados
prio limite do corpo mineralizado. Para que o corpo mineralizado pudesse ser modelado
observando seu contraste com as rochas encaixantes, os dados aeromagnéticos foram trans-
conjunto destas duas malhas foi utilizado para modelagem dos dados. A Figura 4.9 mostra
os polígonos referentes aos dois bancos de dados. O polígono maior referente ao recorte apli-
cado aos dados aeromagnéticos e o menor referente à área em que os dados terrestres foram
Figura 4.9: Mapas (a) Anomalia Magnética de Campo Total e (b) Sinal Analítico
referentes à área completa do Projeto Jacuípe. De vermelho, o polígono maior é a área
referente referente ao recorte dos dados aeromagnéticos. O polígono menor refere-se à
área dos dados terrestres coletados.
47
Figura 4.10: Mapa magnético total referente à área recortada que corresponde à região
de estudo deste trabalho.
48
Figura 4.11: Mapa do campo magnético anômalo (continuado para cima 500 metros)
referente à área recortada para abordagem deste trabalho.
Em seguida, foi gerado o mapa magnético residual (Figura 4.12), a partir da diferença
do magnético total com o continuado pra cima de 500 metros. Com este mapa mapa magné-
tico residual foi aplicada a pseudogravidade (Figura 4.13). Para fazer essa transformação, os
nética = -30,04, contraste de densidade escolhido foi de 0,22 e a Magnetização igual a 0,01.
49
Para calcular a magnetização, foi utilizada a diferença entre os valores máximo e mínimo do
−4
campo magnético, em nT, e transformou de Tesla para Gauss, onde 1 Gauss=10 T .
A partir da malha interpolada, foi realizado um recorte nos dados magnéticos, que
campo.
Figura 4.12: Mapa magnético residual referente à área recortada para abordagem deste
trabalho.
50
Figura 4.13: Mapa da pseudogravidade referente à área recortada para abordagem deste
trabalho.
Os vazios deixados nas linhas pode ser visto também na Figura 4.8, de modo que elas não
criado nos dados da pseudogravidade. Essa união foi feita a partir da transformação do
dados, uma nova linha foi criada para que fosse possível colocar os dados terrestres coletados.
Em seguida foi feita a interpolação dos dados e gerado o mapa dos dados combinados (Figura
4.14). Deste modo, o polígono em preto representa a área de dados terrestres coletados, cujos
Figura 4.14: Mapa dos dados combinados: pseudogravidade e dados gravimétricos co-
letados. O polígono em preto destaca a área de dados terrestres coletados.
Capítulo 5
Resultados e Discussões
5.1 Modelagem
poliedros aos quais são atribuídas densidades constantes, paro o caso de modelagem de dados
o dado é inserido no programa de forma conjunta por duas formas: o grid de formato .grd
localização da primeira e da última seção (Figura 5.1). Entretanto, a localização das seções
intermediárias não podem ser determinadas pelo usuário. Assim, para que as seções esti-
vessem nas anomalias mais signicativas, foi necessário o ajuste de 7 seções intermediárias
8, o importante era que qualquer mínima modicação em uma seção, fosse feita nas anteriores
e posteriores. Assim, o modelo continuaria consistente com base na triangulação dos polie-
dros. Além disso, é necessário estabelecer a espessura da rocha encaixante, que, neste caso,
52
53
A empresa Ferrous realizou, ao longo de mais de uma década, 174 furos de sondagem em
toda a região (Ferrous, 2011). Alguns destes furos se encontram dentro da área de estudo. A
representar o corpo ferroso em profundidade. Para uma estimativa de modelos mais precisos
foi utilizada a informação do furo de sondagem número 6 (Figuras 5.3 e 5.4) do qual foram
campo (Figura 4.3). Essa sondagem mostra a intercalação de camadas de minério de ferro,
IANC, IGOC e IGOF, com pacotes da encaixante - marcados por Xisto Granatíferos Com-
pacto, Anbólio-Biotita Xisto Friável e Compacto, até o topo marcado pela cobertura do
solo avermelhado muito presente e típico na região. Com a descrição geológica deste furo
foi possível gerar o modelo e, foi entendido que, algumas das diversas rochas que existem
ao longo da formação poderiam ser unidas e representadas como uma só unidade: como
rocha encaixante poderia unir dois tipos diferentes de rocha, bem como o Itabirito, já que
na região aparecem cinco tipos diferentes. Deste modo, considera-se BIF a união de todos os
tipos de Itabirito presente na região, Itabirito Silicoso, Anbolítico e Goethítico; como rocha
encaixante foi utilizada o pacote mais signicativo da região, ou seja, o Anbólio Biotita
Xisto Friável.
Segundo o relatório da Ferrous (2011), para que se fosse possível determinar as densidades
de cada tipo de pacote, foi necessário utilizar o método de cálculo de densidade aparente:
antes e depois de secar a amostra, baseado no Princípio de Arquimedes. Por conta disso, os
valores inseridos no modelo deste trabalho são baseados no valor aparente de cada unidade
utilizada. O valor utilizado de densidade em cada pacote não corresponde aos valores da
(GRN_XTO) e Grata Xisto (GRF_XTO). É possível perceber na Tabela 5.5 que tais
termos geológicos, "F, "C"e "S", fazem alusão ao nível de compactação da rocha. Respecti-
vamente signicam ser uma rocha Friável − possível de sofrer fragmentação−, Compacta e
Semi-Compacta.
Em torno do poço 6 não são todos os tipos de rocha encaixante e de itabirito que po-
dem ser vistos. Nesta localidade, apenas alguns pacotes aparecem e, alguns deles aparecem
56
de forma mais signicativa que outros. Assim, para realizar o modelamento foi necessário
unir rochas que possuem a mesma característica, de forma a serem representadas por um
apresentada na Figura 5.5: o que está de verde representa a união das encaixantes mais
signicativas nessa janela, AB_XTOF com GRF_XTOC , sendo utilizada como base a den-
sidade da mais representativa; os que estão marcados de amarelo, são os corpos que, unidos
amostras diferentes e com teores variados de ferro, existe uma unidade mais representativa,
IANC, e foi com base nesta que foi utilizada para modelagem. O que é considerado como
não magnético. Não aparecendo no furo 6, o que está representado de rosa, MAR, é a rocha
Figura 5.5: Tabela de densidades aparentes das estruturas presentes na região do Projeto
Jacuípe (Ferrous, 2011).
O alto gravimétrico marcado nas seções (Figuras 5.6 a 5.14) demonstra um excesso de
massa correlacionado à área de ocorrência do corpo ferroso. Podendo ser explicado pela
alta densidade dos corpos em subsuperfície, bem como a sua signicativa espessura e maior
espessura da cobertura do solo, COB. Analogamente, o baixo gravimétrico pode ser explicado
ou como uma grande camada de cobertura areno-argilosa (COB), como a localização do corpo
mineralizado mais profundo e de menor espessura quando relacionada com sua vizinhança,
Foi visto que as mudanças feitas durante a modelagem representavam uma grande
tais mudanças. Essas mudanças são referentes aos polígonos criados nos modelos, onde era
58
Sabendo que, ao longo de toda a região aparecem aoramentos, a faixa do corpo mi-
seções, e vai sendo adelgaçada tanto quando se aprofunda e se aproxima do corpo carbonático
Partindo da seção 0 (Figura 5.6) pode-se observar dois corpos mineralizados mais pró-
ximos da superfície. A formação ferrífera tende a se anar lateralmente para leste em di-
AB_XTOF, existe um pacote no de COB, o terreno avermelhado muito comum na região.
Os dois corpos mineralizados da superfície são sobrepostos por essa camada de COB, que
aparece ainda mais adelgaçada. A seção 0, por ser limite frontal do modelo, está muito pró-
xima da seção 1 (Figura 5.7). Por isso, suas anomalias observadas são muito semelhantes.
Similar à seção anterior, percebe-se dois corpos localizados supercialmente, com o COB
acima pouco espesso. A tendência de anamento lateral se mantém tanto para a oeste como
para leste. A queda da anomalia gravimétrica existente entre os dois altos pode ser jus-
ticada pelo segmento de formação ferrífera ser pouco espesso, mesmo que muito próximo
da superfície, criando um contraste com a sua vizinhança. A seção 2 (Figura 5.8) tem um
bloco de corpo mineralizado em sua superfície marcado pelo encontro grosseiro na direita
com a camada de COB, marcando a queda no pico gravimétrico para um outro menor, que
corresponde a outro bloco de BIF, também espesso porém mais profundo. A tendência de
anamento lateral é mantida também nesta seção. A seção 3 (Figura 5.9) também possui um
alto gravimétrico localizado. Este também é marcado pela formação ferrífera se encontrar
mais próxima da superfície e com uma na espessura de COB sobre ela. Além disso, o padrão
como as seções anteriores, possui uma concentração de BIF próximo da superfície, marcando
o alto gravimétrico. Esse BIF concentrado, assim como nas seções anteriores, mantém um
BIF que ana favorece com a queda do valor da gravidade não só pelo anamento, como
por se encontrar em profundidade. A seção 5 (Figura 5.11) possui dois altos gravimétricos
marcados pelo corpo ferroso estar mais supercial. Mesmo com uma considerável camada
contrastado com a vizinhança. A seção 6 (Figura 5.12) tem um alto gravimétrico de grande
proporção. Neste caso, pode ser justicado por um pacote considerável de corpo minerali-
zado próximo da superfície e um COB muito adelgaçado sobre ele. Além disso, possui um
considerável contato com COB à direita, justicando a redução do valor da gravidade. Assim
59
como em todas as seções anteriores, o anamento lateral aparece. A seção 7 (Figura 5.13)
possui uma grande concentração de minério de ferro muito próximo da superfície para que
fosse possível obter uma anomalia tão marcada. O COB circundando o corpo mineralizado
entre esses dois pacotes. O padrão de anamento lateral é mantido para a oeste e, em maior
proporção, para a leste. A seção 8 (Figura 5.14), que é o limite nal do modelo, possui ano-
malia observada semelhante a da seção 7. Por conta disso, o corpo mineralizado concentrado
perto da superfície e circundado por COB nas suas laterais, também marca essa seção. Há
anteriores.
Com relação aos parâmetros estatísticos dos modelos, o programa IGMAS+ determina
o valor do erro médio entre as anomalias calculada e observada dos pers de todas as seções,
o valor do erro foi de 0,036 mGal, sendo, portanto, um valor aceitável. O coeciente de
é uma correlação bem fraca e 1 uma correlação muito forte, o programa determinou que
5.2 Interpretação
ao maior alto gravimétrico quando comparado com as outras seções. Entre as seções 1 e 2
existe uma grande concentração de minério de ferro que reduz em proporção até aproximar
da seção 6, onde ca mais espesso novamente. Esse espessamento ao longo das seções pode
ser visualizado na Figura 5.15, onde é possível ver o corpo ferroso a partir da triangulação
de poliedros.
mineralizado se estende por toda a área seja de forma mais signicativa, espessa, ou de
forma mais na. Todo ele é circundado pela rocha encaixante Anbólio Biotita Xisto. A sua
borda direita está em contato com a rocha carbonática cuja espessura e relações de contato
ainda são pouco conhecidas. Essa rocha carbonática vai perdendo dimensão ao longo das
camadas. O corpo ferroso ainda está sob o solo avermelhado, o COB (Figura 5.16)
É possível vericar o mapa de anomalia observada ao longo das seções com o corpo
mineralizado após triangulação de poliedros ao longo das seções. Além disso, é possível
ver a interação desta formação ferrífera com a encaixante, o solo de cobertura e a rocha
Também é possível ver a triangulação através dos poliedros que o programa IGMAS+
produziu no corpo de importância: o BIF. As Figuras 5.19 e 5.20 mostram essa triangulação
de poliedros sob o mapa da anomalia observada em 3D. Pode ser percebido também a
5.20), que também é percebido nos mapas magnético total produzido pela ferrous, como no
mapa gravimétrico do recorte produzido para foco neste trabalho - com os dados unidos de
empresa que marca a presença do corpo de forma muita extensa, o método gravimétrico
serviu para unir com o dado já existente e localizar com mais precisão o corpo mineralizado,
Figura 5.18: Triangulação de poliedros com os pacotes de rocha ao longo das seções sob anomalia observada − vista lateral.
72
Figura 5.19: Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista lateral.
Figura 5.20: Distribuição do corpo mineralizado sob a anomalia observada − vista nal.
73
74
minério de ferro possuir uma densidade maior que os pacotes da sua vizinhança e assim
ocorreu neste modelo. Com base no furo de sondagem do poço 6, foi possível modelar
ferro de Coração de Maria se mostrou mais denso que a sua encaixante marcando os altos
Conclui-se, assim, que o corpo mineralizado é mais presente nos extremos do modelo,
ou seja, próximos das seções 2 e 7, seguindo a direção SSW-NNE. Com relação à região
intermediária, a formação ferrífera é também bem marcada, porém essa zona central contém
a maior concentração de solo não argiloso supercial, o COB. Em todo o modelo, segue a
Por m, os modelos apresentados mostraram um bom ajuste entre os dados observados
que as fontes magnética e gravimétrica são de certa forma correlacionáveis, o que valida a
Conclusões
Com base na modelagem dos dados reais foi possível observar que o método gravimétrico é
pelo empresa Ferrous, foi possível saber a presença do depósito de ferro, entretanto, agre-
gando com os resultados obtidos com a pseudogravidade e o campo para coleta dos dados
nesse sentido, pois as seções se mostraram bem coerentes com os dados observados. O pro-
distorcendo da anomalia observada. Então, o resultado nal obtido com as anomalias calcu-
caram o corpo com lineamento SSW-NNE. Os resultados dos mapas gravimétricos também
demonstram um resultado semelhante seguindo essa direção, e, logo, com dois picos de ano-
malia localizadas nas suas extremidades. Pois, assim, o corpo é mais presente nos seus
extremos e menos espesso - mais suave - no seu intermédio. Então, a união dos métodos gra-
um bom resultado.
A coleta de dados terrestres foi fundamental para o meu treinamento e melhor com-
preensão do método, bem como acrescentou muito na minha formação. Apesar dessa coleta
ter sido em uma pequena porção da área, a coleta dos dados gravimétricos continuará a ser
realizada na região nos próximos anos am de aumentar o conhecimento sobre o depósito ali
presente.
75
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por toda a força colocada em mim, pra que eu conseguisse
chegar até aqui, porque não foi fácil, e pela luz ao longo de todo o caminho.
À minha base: meu pai, Mário, minha mãe, Rose, meu irmão Thiago e a minha irmã,
Juliana. Obrigada por toda paciência, compreensão, suporte e TODO amor. Eu amo vocês!
Obrigada por todas as vezes que eu precisava de café para virar a noite estudando; por me
acordar quando eu perdia o horário; pelas palavras de motivação calma, você vai conse-
guir. . . Todo semestre é isso!, saia de casa, menina, vá descansar um pouco. Desculpa
A meu irmão, especialmente, agradeço principalmente por ter me mostrado essa ciência
linda. Obrigada por sempre ser meu porto seguro. Apesar da distância, você é meu maior
ídolo.
Obrigada minhas avós por toda a doçura, meu avô materno pelo incrível conhecimento
geofísico e meu avô paterno, in memorian, por todo aquele carinho, principalmente com
aquela página de jornal que eu sempre vou guardar: a lista de aprovados da UFBA que ele
Obrigada meus tios, tias, primos e primas por todo o apoio nessa caminhada e por
entender a minha ausência quando necessária, principalmente, nos nais de semestre e pe-
ríodos pré prova. Em especial, meus tios Pedro e Dadau pelo carinho especial comigo. Nesses
quatro anos o que eu mais ouvi foi quando eu vou na Reitoria gritar por você?. Eu amo
cada um de vocês.
Aos meus amigos: vocês são os melhores que alguém pode ter! Mima (migona!), Jeu,
Mille, Isa, Bia, Kiu e Jana: minhas meninas, obrigada por se fazerem tão presentes! Obrigada
por me ouvirem e me apoiarem tanto! Eu amo vocês! Obrigada por toparem tudo comigo!
Meus meninos, Cabeça (Filipe Neri), meu Corta ˘ Luquinhas, Murilo e Guilherme ˘, Patrick,
Juninho: obrigada por todas as conversas, todas as risadas, por me ajudarem tanto e, claro,
todas as nossas gordices quando eu não aguentava mais estudar. Com Luquinhas eu tive as
melhores caronas pra UFBA, com o melhor repertóri para aula das 7h. Obrigada por cada
76
77
Florivaldo Sena e a meu amigo Adevilson Alves por abraçarem a ideia de Coração de Maria,
por todo suporte, atenção, comprometimento nesse trabalho e por estarem até o m nessa
jornada... Só nós sabemos o que passamos nesses campos: medo de cobra, espinhos, perda
Ainda falando em Coração, de coração, Tia Céu e Dona Pepita por acreditarem no
trabalho. Por sempre me receberem de braços abertos e com todo carinho possível.
Aos meus amigos e colegas de geofísica que entendem a minha loucura, vocês são ma-
ravilhosos! 2012, 2013 e 2014 nós somos uma geofamily. Minha turma de 2014, vocês são
os melhores. Obrigada por caminharem comigo esses 4 anos! Cada um de vocês tem papel
fundamental na minha formação. Em especial, Maia (bê), Lucas e Minicrack, pelas risadas,
pelos estudos de madrugada e pela ajuda mútua. Mini, você é um ser de luz! Obrigada por
todo companheirismo. Em especial, Pri e Loma, que faziam a rotina car mais leve, sem
o mito mor !)! Ele me salvou e me ajudou como nunca com o latex! Obrigada!
Agradeço também à Ferrous por ceder todos os dados necessários ao longo deste trabalho
Dados coletados
formato .txt e unidos com os dados do GPS. Ao longo do trabalho foram mostrados apenas
os dados e a planilha de dados apenas do dia 05/09/2017. Abaixo seguem os dados (Figuras
A.1, A.2 e A.3) e planilhas (Figuras A.4, A.5 e A.6) dos outros dias, bem como a tabela com
Figura A.1: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 06/09/2017 compi-
lados.
78
79
Figura A.2: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 07/09/2017 compi-
lados.
Figura A.3: Dados coletados com o GPS e com o gravímetro no dia 08/09/2017 compi-
lados.
Figura A.4: Planilha de Correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 06/09/2017.
80
Figura A.5: Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 07/09/2017.
81
Figura A.6: Planilha de correção dos dados gravimétricos coletados referente ao dia 08/09/2017.
82
83
Figura A.7: Dados bouguer corrigidos e compilados com as coordenadas e altitude para
inserir no Oasis Montaj. As marcações em amarelo são referentes às primeiras medidas
de cada dia.
Referências
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Mineral.
four Archean crustal segments of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil: a synthesis,
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Magnetic Modeling: the new IGMAS Software, In: EGM 2007 International Workshop,
Alemanha.
Seigel, H. (1995) High precision gravity survey guide, Scintrex Limited, Canada.
Press.
Anexo I
Como discutido no Capítulo 4, a Planilha de Correção precisa ser preenchida por valores que
vão congurar no valor nal. Antes de inserir os valores do campo, cada uma das abas se
mostra nos seguintes formatos (Figuras I.1, I.2, I.3, I.4 e I.5):
86
87