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Economia p/ ACE - TCDF

Teoria e exercícios comentados


Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 07

AULA 07 – A teoria keynesiana

SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA


Conceito e generalidades 02
Condições para o produto de equilíbrio 08
Determinação da renda nacional 12
Multiplicador keynesiano 20
Teorema do orçamento equilibrado 29
Intensidade dos instrumentos de política fiscal 31
Exercícios comentados 34
Lista de questões apresentadas na aula 47
Gabarito 51

Olá caros(as) amigos(as),

Hoje, nós estudaremos a teoria elementar de determinação da


renda (renda nacional de equilíbrio), onde é importante estudarmos o
modelo keynesiano simplificado, pois é ele o modelo que, em linhas
gerais, determina a renda nacional de equilíbrio. Também teremos
algumas noções sobre a economia clássica, noções estas que serão
aprimoradas em outros momentos do curso, ao estudarmos outros
modelos e a moeda.

Esta aula é bem tranquila. Portanto, aproveitem e tenham um


excelente e confortável estudo.

PS: Com essa aula, passamos da metade do curso! Adentramos, também,


no mês de fevereiro. A prova de vocês está cada vez mais perto.
Mantenham o ritmo e a motivação. Lembre também de fazer a revisão.

E aí, todos prontos? Então, aos estudos!

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TEORIA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA (Teoria
Keynesiana)

Antes de iniciarmos a abordagem do sistema keynesiano, em que


aprenderemos a determinar a renda nacional de equilíbrio, é importante
sabermos as diferenças entre as duas principais correntes de pensamento
econômico (clássicos e Keynes). Isto é justificado pelo fato de o
Keynesianismo ter nascido, inicialmente, como uma alternativa à teoria
clássica.

1. CONCEITO E GENERALIDADES. CLÁSSICOS X KEYNES

A ciência econômica surgiu como uma disciplina separada a partir


dos estudos de Adam Smith e a publicação de seu livro “A Riqueza das
Nações”, em 1776. A teoria propugnada em seu livro ficou conhecida por
Teoria Clássica, sendo seguida e aprimorada por uma série de
economistas ao longo do tempo até os dias de hoje (os aprimoramentos
mais atuais levaram ao que é chamado de teoria neoclássica).

O cerne desta teoria estava na “mão invisível” do mercado. Para os


clássicos, o mercado era auto-ajustável, e esse auto-ajuste se dava
pela hipótese da flexibilidade de preços e salários. Assim, qualquer
desequilíbrio que surgisse seria automaticamente combatido pelas
próprias forças do mercado, sem necessidade de intervenções por parte
do governo ou outras instituições quaisquer.

O raciocínio era este: imagine um tipo qualquer de desequilibro, por


exemplo, o aumento repentino do preço de um determinado produto no
mercado de bens. Para os clássicos, o mercado automaticamente traria o
preço deste produto para o patamar de equilíbrio, através do ajuste entre
a demanda e a oferta. O ajuste seria este: o aumento de preços
provocaria redução na demanda (procura). A partir desta redução,
haveria mais oferta (produção) que demanda (procura), ocasionando
excesso de oferta (excesso de estoques). Para vender os estoques em
excesso, os empresários seriam obrigados a reduzir os preços. Esta
redução de preços faria a demanda aumentar novamente, até o ponto em
que ela se igualasse com a oferta. Desta forma, quando o preço
retornasse ao patamar de equilíbrio, a oferta igualaria a demanda e o
mercado estaria equilibrado novamente, sem intervenções.

Imaginemos agora um desequilíbrio no mercado de trabalho.


Peguemos como exemplo o desequilíbrio mais relevante: o desemprego.
No mercado de trabalho, nós temos a “mercadoria” trabalho, os
ofertantes de trabalho (trabalhadores) e os demandantes de trabalho
(empresas). Segundo os clássicos, havendo desemprego na economia
(excesso de oferta de trabalhadores sobre a demanda), naturalmente os

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empresários reduziriam os salários nominais (leia o quadro abaixo para
ver a diferença entre salários nominais e reais). O raciocínio é de que
quem estava empregado aceitaria a redução de salários em virtude de o
desemprego estar alto (afinal, é melhor estar empregado recebendo
menos a estar desempregado recebendo nada!). Ao mesmo tempo, a
redução de salários provocaria redução na oferta de trabalhadores, até o
ponto em que um salário de equilíbrio mais baixo novamente faria com
que a demanda e a oferta de trabalhadores se igualassem, eliminando o
desemprego sem intervenções externas no mercado.

SALÁRIOS NOMINAIS X REAIS

Salário nominal (W1) é a remuneração medida em moeda corrente. É o


valor que os trabalhadores recebem pelo seu trabalho, e é bastante útil
quando comparamos os salários de diversos trabalhadores ou profissões
em um mesmo momento, ou no momento corrente.

Salário real (W/P) é a remuneração medida em moeda constante. É o


valor do salário nominal dividido pelo índice de preços, sugerindo assim o
poder real de compra. O uso do salário real ao invés do nominal é
obrigatório quando comparamos os salários de um mesmo trabalhador ou
profissão em uma série de tempo, de um ano para o outro, por exemplo.
Caso contrário, não teríamos uma correta ideia acerca da real variação do
poder de compra.

Vejamos um exemplo: suponha que você obtenha sucesso neste concurso


do TCDF e, digamos, em Junho de 2014, comece a trabalhar auferindo
um ganho mensal de R$ 14.000,00 (é para isso que está lendo esta
aula!). Em Junho de 2015, portanto no ano seguinte, se não houver
aumento salarial, seu salário nominal continuará sendo R$ 14.000,00.
Mas de Junho de 2014 a Junho de 2015, haverá aumento de preços na
economia (inflação). Assim, seu poder aquisitivo será menor em Junho de
2014, apesar de seu salário nominal continuar o mesmo. Em outras
palavras, seu salário real em Junho de 2015 será R$ 14.000/P (sendo P o
índice de inflação entre jun/2014 e jun/2015). Logo, concluímos que o
salário real (W/P) é o salário nominal (W) dividido pelo índice de preços
(P).

Nota  Se dividirmos o salário nominal (W) pelo preço do bem, ao invés


de dividirmos pelo índice de preços, também é considerado que
encontramos o salário real (W/P), que, nesta forma de cálculo, expressará
a quantidade de produtos que o salário nominal (W) pode comprar.

1
Utiliza-se a letra W devido à terminologia em inglês: salário=wage.

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Observe que, para os clássicos, o equilíbrio no mercado de bens e
no mercado de trabalho (onde temos ausência de desemprego) seria
alcançado através da livre interação entre oferta e demanda, e tal
interação ocorreria devido à hipótese da flexibilidade de preços e salários.
A flexibilidade de preços preveniria a situação de excessos de estoque ou
superprodução e a flexibilidade de salários preveniria o surgimento do
desemprego.

Então veja que, para os clássicos, a livre interação entre oferta e


demanda, além da hipótese da flexibilidade de preços e salários,
garantiria a economia sempre no pleno emprego e o mercado de
bens/trabalho em equilíbrio.

Outro importante ponto levantado pelos clássicos era o fato de que


a oferta agregada2 da economia determina a demanda agregada3.
Ou seja, o lema dos clássicos era: apenas produza, não importa o quanto
e o quê, pois alguém vai comprar o que você produzir! Esta condição é
chamada de Lei de Say – a oferta cria a sua própria
procura/demanda.

Até 1930, as ideias clássicas reinaram sozinhas, de forma que as


economias de mercado independentes (com exceção dos países
socialistas e das colônias) seguiam os ditames clássicos. No entanto, veio
a crise de 1929 e o crack da bolsa de Nova York. A causa da crise foi a
superprodução americana, resultante da aplicação da Lei de Say, de
cunho clássico.

Após a primeira guerra mundial, os EUA se tornaram os grandes


produtores mundiais e adotaram a tática do “produz que alguém vai
comprar”. Este “alguém” era a Europa, que estava com a capacidade
produtiva devastada pela primeira guerra. Entretanto, ao longo da década
de 1920, o parque industrial europeu foi sendo recuperado, de tal
maneira que a Europa foi cada vez menos comprando os produtos
americanos. Como se acreditava, à época, que a oferta criava a demanda,
os americanos continuaram a sua superprodução, até o momento em que
a Europa deixou de comprar definitivamente os produtos americanos (no
final da década de 1920, o parque industrial europeu já estava
recuperado, de tal forma que não era mais necessário importar produtos
dos americanos).

O desequilíbrio entre o excesso de mercadorias produzido pelos EUA


forçou as empresas a reduzirem a produção. Isso fez com que a economia
norte-americana entrasse em recessão, provocando a demissão de
milhões de trabalhadores. Como os EUA também eram importantes

2
Tudo o que é produzido; oferta agregada=produção.
3
Tudo o que é demandado/procurado/consumido.

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compradores do resto do mundo (principalmente matéria-prima), a
redução do poder aquisitivo americano afetou seriamente a economia
mundial, provocando uma crise sem precedentes, que ficou conhecida
como a “Grande Depressão”.

Neste ponto da história, os economistas não conseguiam explicar


como a economia tinha chegado àquele nível de desemprego, ou melhor,
a teoria clássica não explicava tamanho desemprego.

Daí surgiu a revolucionária teoria keynesiana, da obra do


economista inglês John Maynard Keynes. De acordo com Keynes, o alto
desemprego nos países industrializados era resultado de uma insuficiência
de demanda agregada. A demanda agregada estaria muito baixa e as
políticas econômicas deveriam ser delineadas de forma a estimulá-la. Na
época da Depressão, Keynes adotou medidas de política fiscal para
estimular a demanda, principalmente os gastos do governo com obras
públicas. De um modo geral, a teoria keynesiana defende o uso de
políticas fiscal e monetária4 para regular o nível de demanda agregada.
Então, para Keynes, era a demanda agregada que criava a sua
oferta e não o contrário como afirmavam os clássicos. Isto era a
chamada Lei da demanda efetiva – a demanda cria a sua oferta.

Nesse raciocínio, temos um dos principais contrapontos entre a


teoria keynesiana e a teoria clássica: para Keynes, a demanda
agregada era a principal variável a regular o nível de
renda/emprego; para os clássicos, a oferta agregada era a
principal variável a regular o nível de renda/emprego. Em outras
palavras, para os clássicos valia a lei de Say, para Keynes, valia a
lei da demanda efetiva.

Outro choque de ideia era a hipótese da flexibilidade dos salários.


Para os clássicos, eles eram flexíveis; para Keynes, os salários eram
rígidos no curto prazo. Ou seja, Keynes afirmava que, no curto prazo, os
empregados não aceitariam reduções em seus salários. Lembremos que
essa redução de salários, no caso de desemprego, era pressuposto do
equilíbrio automático propagado pelos clássicos. Essa não aceitação de
reduções salariais decorria de inúmeros aspectos, dentre os quais
podemos destacar as próprias questões institucionais (legislação do
salário mínimo, existência de sindicatos, etc).

Por fim, como já sabemos, os clássicos acreditavam no equilíbrio


automático. Tal equilíbrio, na economia clássica, ocorria sempre no
produto de pleno emprego (ausência de desemprego). Ou seja, os
clássicos acreditavam que a economia tendia automaticamente ao pleno
emprego. Para Keynes, entretanto, isto não era necessariamente correto.
Para ele, o equilíbrio acontecia quando a oferta agregada igualasse a
4
N

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demanda agregada e isto poderia ocorrer em uma situação onde a
economia não estivesse em pleno emprego (presença de desemprego).

Então, para Keynes, o equilíbrio não acontecia necessariamente


junto com o pleno emprego. Tal situação até poderia ocorrer, mas o mais
provável é que a economia se equilibrasse mesmo com a existência de
algum nível de desemprego.

Diante do exposto, podemos inferir o seguinte sobre os principais


choques de ideia entre a teoria clássica e keynesiana, levando-se em
conta a flexibilidade de preços e salários, a situação de equilíbrio da
economia e as leis de Say e da demanda efetiva. Para Keynes, valia o
seguinte:

 Os salários nominais eram rígidos no curto prazo. Keynes


afirmava que havia imperfeições no mercado que não permitiam livre
flexibilização de preços e salários, ao mesmo tempo em que aqueles
que permaneciam empregados também não aceitavam reduções
salariais. Ao mesmo tempo em que, na teoria keynesiana, os salários
nominais (W) são fixos, não podemos dizer o mesmo em relação aos
salários reais (W/P). Se houver inflação, apesar dos salários nominais
serem fixos, os salários reais (W/P) serão alterados para menor (serão
reduzidos). Se houver deflação, os salários reais serão aumentados.
Ou seja, no modelo keynesiano os salários nominais são fixos e
os salários reais são flexíveis, enquanto no modelo clássico os
salários nominais e reais são flexíveis.

 A demanda determina a oferta: Lei da Demanda Efetiva. Ou seja,


para Keynes, valia exatamente o contrário propugnado pelos clássicos.
A oferta (produção) é que deveria se adaptar à demanda (consumo) e
não o contrário.

 Para Keynes, a economia não tendia automaticamente ao pleno


emprego, como afirmavam os clássicos. O equilíbrio acontecia quando
a oferta agregada da economia (produção) se igualava à demanda
agregada (consumo), e isso, para a teoria keynesiana, poderia
acontecer mesmo que houvesse desemprego. Ou seja, para Keynes,
era possível haver equilíbrio e desemprego ao mesmo tempo.
No entanto, veja bem, também haveria a possibilidade de equilíbrio e
pleno emprego, porém, tal condição era menos provável.

A teoria keynesiana, à época, triunfou sobre a teoria clássica, de


forma que as ideias keynesianas5 sobre como fazer a economia crescer

5
Não é nosso objetivo discutir quais eram essas ideias, mas entre elas podemos destacar: a
intervenção do governo na economia através do gasto público (política fiscal) como forma de
aquecê-la e reduzir o desemprego.

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foram importantíssimas para a superação da Grande Depressão. No
entanto, isto não significa que a teoria clássica esteja enterrada e não
seja mais usada. Pelo contrário, hoje, ainda assim, a maioria dos
economistas segue a corrente clássica de pensamento (teoria
neoclássica). O que temos, de fato, é que cada corrente se aplica melhor
em determinadas situações.

Hoje, é pacífico que a teoria keynesiana é mais aplicável no curto


prazo, quando os preços e salários tendem a ser rígidos. No longo prazo,
há tempo suficiente para os preços e salários se acomodarem, isto é, há
flexibilidade de preços e salários, indicando que a teoria clássica é mais
aplicável para o longo prazo.

Assim, utilizamos a teoria clássica para estudarmos o longo prazo e


a teoria keynesiana para estudarmos o curto prazo. Em Macroeconomia, a
diferença entre o curto e o longo prazo está no comportamento dos
preços, e não no tempo cronológico6. Consideramos o curto prazo um
período de tempo no qual os preços e salários são rígidos. No longo
prazo, os preços e salários são flexíveis. Como, na teoria clássica, os
preços e salários são flexíveis (longo prazo), utilizamo-la no estudo do
longo prazo. De maneira inversa, utilizamos o sistema keynesiano para
descrever o curto prazo.

Em livros acadêmicos, esta divisão normalmente norteia a divisão


dos capítulos e das unidades didáticas. Ao abrir o sumário da maioria dos
livros utilizados nas faculdades, você verá que existe uma unidade para o
estudo do longo prazo (teoria clássica) e outra unidade para o estudo do
curto prazo (Keynes).

Para finalizar a discussão, segue um quadro com as diferenças7


entre as abordagens clássica e keynesiana:

6
Na Macroeconomia, curto prazo é a situação onde preços e salários são rígidos. Longo prazo é a
situação onde preços e salários são variáveis ou flexíveis.
7
Só estão presentes as principais diferenças para o nosso estudo no momento. Em outras aulas,
veremos que há outras diferenças que também são importantes (papel da moeda, da taxa de juros,
etc).

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Variável/Teoria Clássicos Keynes


Salário nominal Flexível Fixo
Salário real Flexível Flexível
Ocorre quando oferta agregada é
igual à demanda agregada e isto
Equilíbrio Pleno emprego pode ocorrer no pleno emprego, mas
a maior probabilidade é de que
ocorra havendo desemprego.
Determinante Lei de Say: oferta Lei da demanda efetiva: demanda
da renda cria a demanda cria a oferta.
Aplicação Longo prazo Curto prazo
Papel do Neutro (não Intervenção na economia a fim de
governo na intervenção no regular o nível da demanda
economia mercado) agregada.

Nosso estudo do sistema keynesiano prossegue desta forma: nesta


aula, analisamos uma versão simplificada do modelo, onde vemos apenas
os elementos básicos da teoria da demanda agregada de Keynes. Nesse
modelo simplificado, não levamos em conta as complicações que
resultam na incorporação da taxa de juros e do nível de preços; ao
mesmo tempo, pressupomos que existe desemprego (ausência de
pleno emprego). Tais complicações serão vistas quando estudarmos o
modelo IS-LM e o modelo de oferta/demanda agregada, respectivamente.

2. MODELO KEYNESIANO SIMPLES: CONDIÇÕES PARA O


PRODUTO DE EQUILÍBRIO

Keynes desenvolveu uma teoria que nos dá uma explicação para a


permanência de uma economia, por um período prolongado, em
condições de depressão. Como já vimos, Keynes acreditava que a
despesa (demanda agregada) induzia as firmas a produzir bens e
serviços. A partir dessa percepção, ele argumentava que, se o total da
demanda agregada (despesa) caísse, as firmas responderiam, reduzindo
sua produção. Menor despesa/demanda agregada levaria a economia a
um menor produto.

Keynes rejeitava a visão clássica de que a redução nos salários e


nos preços trouxesse novamente a economia à situação de pleno
emprego. Para ele, os preços e salários eram rígidos no curto prazo.
Mesmo quando a demanda fosse baixa, as grandes firmas e os sindicatos
poderosos resistiriam a reduções de preços e salários e,
conseqüentemente, retardariam o movimento da economia de volta ao
pleno emprego.

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Assim, na teoria keynesiana, nós temos um novo conceito de
equilíbrio, assim como um mecanismo diferente para que a economia
chegasse a ele. Na visão keynesiana, o equilíbrio ocorre quando o nível de
despesa (demanda agregada) é igual ao produto (oferta agregada).
Quando isso ocorre, os produtores não terão estímulos nem para expandir
nem para contrair o produto. Desta forma, percebe-se que, para Keynes,
são as mudanças no produto que direcionam a economia ao equilíbrio. Se
o produto (oferta agregada) estiver acima da despesa agregada, os
empresários reduzirão a produção a fim de atingir o equilíbrio. Se o
produto estiver abaixo da despesa agregada, os empresários aumentarão
a produção a fim de atingir o equilíbrio.

O equilíbrio da renda no modelo keynesiano passa uma mensagem


clara: os empresários produzirão apenas a quantidade de bens e serviços
que eles acreditam que os compradores planejam comprar.

Segue abaixo a condição algébrica deste equilíbrio keynesiano:

Oferta agregada (OA) = produção = PIB = Renda = Y


Despesa agregada (DA) = C + I + G + (X – M)
I (investimento) = S (poupança)8

Como, em equilíbrio, OA=DA, então:

Y = C + I + G + (X – M)

Portanto, o equilíbrio no modelo Keynesiano simplificado é atingido


quando a oferta agregada (produção) é igual à demanda agregada.
Obviamente, se a produção está acima do equilíbrio macroeconômico,
então, a produção supera a demanda (oferta agregada > demanda
agregada). Se a produção está abaixo do equilíbrio, a demanda supera a
produção (demanda agregada > oferta agregada).

Agora, falaremos sobre a diferenciação9 entre despesa planejada


e despesa realizada (ou despesa efetiva).

Despesa realizada (ou despesa efetiva) corresponde ao montante


que os agentes gastam com bens e serviços. Conforme nós vimos na aula
de contas nacionais, tal despesa (realizada) corresponde ao PIB da
economia. Assim, despesa realizada é igual ao somatório de C, I, G e (X-
M).

8
Na aula sobre Contas Nacionais, nós vimos que essa identidade I=S é mero desenvolvimento da
identidade produto=renda=despesa.
9
Esta análise é um pouco complicada. O importante é que você apenas guarde a ideia que, para
K
e realizadas que provocam as flutuações econômicas.

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Despesa planejada corresponde ao montante que os agentes


planejam ou gostariam de gastar com bens e serviços.

Nota  a variável relevante para Keynes era a variável planejada e


não a variável realizada.

Mas, por que razão a despesa realizada seria diferente da despesa


planejada? A resposta é que as firmas poderiam passar a ter um
investimento não planejado em estoques10, pelo fato de as vendas não
corresponderem às suas expectativas. Quando as empresas vendem uma
quantidade de produtos menor do que planejavam, o volume de estoques
automaticamente cresce; de forma inversa, quando as empresas vendem
uma quantidade de produtos maior do que planejavam, o volume de
estoques diminui. Como essas mudanças não planejadas nos estoques
são contabilizadas como despesas realizadas com investimentos por parte
das empresas (alteram o I da equação do PIB=C+I+G+X-M), a despesa
realizada pode estar acima ou abaixo da despesa planejada.

Assim, a diferença entre os conceitos de despesa realizada e


despesa planejada estaria na variação de estoques. Quando a variação de
estoques for igual a 0 ( E=0), então, temos a situação em que as
despesas realizada e planejada serão iguais. Ao mesmo tempo, quando a
variação nos estoques é nula, também estamos em equilíbrio
(OA=DA). Pense comigo: se a oferta agregada (tudo o que se produz) é
igual à despesa agregada (tudo o que se consome), então, não temos
nem aumento nem redução nos estoques ( E=0). Assim, temos o
seguinte para a condição de equilíbrio keynesiano:

OA = DA
Y = Gasto/despesa planejada
Gasto/despesa realizada (ou efetiva) = Gasto/despesa planejada
E=0

Podemos entender que a despesa efetiva representa a oferta


agregada da economia, então: despesa efetiva = Y. Por outro lado, a
despesa planejada representa os gastos que os agentes pretendem
gastar. Assim, DA = (C + I + G + X – M) = despesa planejada.

Se o gasto/despesa planejada é menor que o produto, Y, isto


significa que as empresas estão vendendo menos do que estão
produzindo. Essa perspectiva de variação positiva dos estoques (uma vez
que a produção supera o gasto planejado) induz as empresas a dispensar

10
Lembre que a variação de estoques faz parte do agregado investimento, uma vez que
I F E.

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3. DETERMINAÇÃO DA RENDA NACIONAL DE EQUILÍBRIO

Na análise da determinação da renda no modelo keynesiano,


adotaremos algumas premissas para facilitar o nosso estudo:

i. Taxa de juros constante (ou seja, não a levaremos em conta)


ii. Nível de preços constante
iii. Inexistência de depreciação
iv. Inexistência de RLEE (renda líquida enviada ou recebida do exterior)
v. O governo arrecada somente impostos diretos (sobre as pessoas)
vi. Não temos impostos indiretos nem subsídios

Em virtude das quatro últimas suposições, nós temos que todos os


conceitos de produto/renda/despesa vistos na aula de conta nacionais
serão iguais. Por exemplo, renda nacional=PIBCF; PNLPM=RIBCF;
DILCF=PNLPM; etc. As taxas de juros e o nível de preços serão levados em
consideração em outros modelos, que serão vistos mais à frente em
nosso curso.

Conforme sabemos, o foco da teoria keynesiana está no controle do


nível da demanda agregada. É sobre ela que a política econômica do
governo deve estar voltada a fim de corrigir resultados indesejáveis na
economia. Vejamos então detalhadamente a composição desta DA.

1.1. Composição da demanda agregada

A demanda/despesa agregada é o somatório das despesas dos


quatro agentes da economia (famílias, empresas, governo e resto do
mundo):

DA = C + I + G + X – M

Vejamos cada um desses itens, a começar pela variável C:

1.1.1. Consumo (C)

O consumo das famílias é dividido em duas partes. Uma parte é


dependente da renda disponível. A outra parte é uma variável
independente, que não depende da renda disponível. Esta última seria um
nível de consumo das famílias que seria gasto qualquer que fosse a renda
disponível. Poderíamos, assim dizer, que essa parte independente ou
autônoma seria relacionada a um consumo mínimo de subsistência.
Algebricamente, temos a função consumo:

C = C0 + c.YD

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A partir da função de consumo abaixo, montemos um quadro com
os valores do consumo, da propensão marginal a consumir e da
propensão média a consumir:

C = 100 + 0,8YD

YD C PMgC ( C/ Y D) PMeC (C/YD)


1000 900 - 0900/1000 = 0,90
1200 1060 160/200 = 0,8 1060/1200 = 0,88
1400 1220 160/200 = 0,8 1220/1400 = 0,87
1600 1380 160/200 = 0,8 1380/1600 = 0,86
1800 1540 160/200 = 0,8 1540/1800 = 0,86
2000 1700 160/200 = 0,8 1700/2000 = 0,85
Obs: os valores da última coluna foram aproximados

A partir da verificação dos dados, podemos inferir algumas


conclusões:

 O consumo cresce junto com a renda (disponível);

 A função de consumo apresentada é uma função linear11, e a


propensão marginal a consumir é constante para uma função dada;

 A propensão marginal a consumir só assume valores entre 0 e 1


(0≤c≤1);

 À medida que a renda aumenta, a parcela da mesma que é gasta


com o consumo diminui. Isto é, quanto maior a renda, menor a
propensão média a consumir12.

 A propensão média a consumir também assume valores entre 0 e


1. Isto é 0≤PMeC≤1.

1.1.1.1. Poupança (S)

11
Função linear é uma função cujo gráfico é representado por uma reta ou uma linha (daí o nome
função linear). Como decorrência disso, são aquelas também em que o expoente da variável é 1. Por
exemplo, na função consumo C=C0+c.YD, a variável da função é YD (temos o consumo em função da
renda disponível). Em questões de concursos, a menos que o enunciado diga o contrário, considere a
função consumo como uma função linear.
12
Podemos raciocinar da seguinte maneira: uma pessoa com pouca renda, provavelmente, irá
destinar grande parte dessa renda ao consumo. Uma pessoa rica, com renda mais alta, irá destinar,
em termos proporcionais, uma parte bem menor de sua renda com consumo. Por exemplo, alguém
que tem renda de R$ 1000, provavelmente, irá gastar grande parte dessa renda com consumo. Por
outro lado, alguém que tem renda de R$ 1.000.000 irá gastar uma parcela proporcionalmente
menor de sua renda com consumo. Assim, quanto maior a renda, menor tenderá a ser a propensão
média a consumir.

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Compare este quadro com aquele apresentado no item 3.1.1 e veja
que as propensões marginais/médias a poupar, somadas às propensões
marginais/médias a consumir, são iguais a 1. Assim:

PMgC + PMgS = c + (1 – c)
PMgC + PMgS = 1

PMeC + PMeS = C/YD + S/YD


PMeC + PMeS = (C + S)/YD = YD/YD
PMeC + PMeS = YD/YD
PMeC + PMeS = 1

A razão para o que foi verificado acima é simples: o consumo e a


poupança se complementam e o que não é poupado pelas famílias vira
consumo e vice-versa. Assim, se tivermos uma PMgC igual a, digamos,
0,6, então, já sabemos que a PMgS vale 0,4. Se tivermos uma PMeC igual
a 0,5, então, já sabemos que a PMeS também vale 0,5, pois, em ambos
os casos, o somatório das propensões deve ser igual a 1.

Por fim, as mesmas conclusões acerca das propensões a consumir


valem para as propensões a poupar, com exceção daquela que fala que a
propensão média diminui com o aumento da renda. Veja as conclusões
para a função poupança:

 A poupança cresce junto com a renda (disponível);

 A função poupança apresentada é uma função linear, e a


propensão marginal a poupar é constante;

 A PMgS assume valores entre 0 e 1 (0≤c≤1);

 À medida que a renda aumenta, a parcela da mesma que é gasta


com a poupança aumenta. Isto é, quanto maior a renda, maior a
propensão média a poupar13.

 A propensão média a consumir também assume valores entre 0 e


1. Isto é 0≤PMeC≤1.

13
Podemos raciocinar da seguinte maneira: uma pessoa com pouca renda, provavelmente, irá
destinar uma pequena (ou até mesmo nenhuma) parte dessa renda para a poupança. Uma pessoa
rica, com renda mais alta, irá destinar, em termos proporcionais, uma parte bem maior de sua renda
para a poupança. Por exemplo, alguém que tem renda de R$ 1000, provavelmente, irá gastar grande
parte dessa renda com consumo e irá poupar muito pouco. Por outro lado, alguém que tem renda
de R$ 1.000.000 irá gastar uma parcela proporcionalmente menor de sua renda com consumo e
poupará uma parte bem maior de sua renda. Assim, quanto maior a renda, menor tenderá a ser a
propensão média a consumir e maior será a propensão média a poupar.

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1.1.3. Os gastos do governo (G)

Agora, temos um caso diferente. Isso porque os gastos do governo


são considerados 100% autônomos, isto é, não dependem em nada da
renda (pessoal, isso é uma suposição do modelo, ok?!). Assim, a função
gastos do governo será:

G = G0

A explicação de Keynes é de que os governos possuem os seus


gastos com determinadas atividades (educação, saúde, defesa nacional,
administração pública, etc) e o montante destes gastos é fixo, devendo
ser realizados de qualquer maneira, independentemente de variações na
renda dos agentes econômicos.

1.1.4. Exportações (X)

As exportações, assim como os gastos do governo, são


consideradas 100% autônomas. Assim, a função exportações será:

X = X0

As exportações são dependentes do nível de renda do resto do


mundo e não do nível de renda interna. Como a renda do resto do mundo
é uma variável externa ao modelo (variável exógena – é determinada por
outras forças que não estão mensuradas dentro do modelo), não
podemos colocá-la na função exportações.

1.1.5. Importações (M)

Da mesma forma que a função tributação e investimento, temos a


função importação:

M = M0 + mY

Onde m é a propensão marginal a importar (é a parcela do


acréscimo de renda destinada a consumir produtos importados.
Algebricamente: m= M/ Y); M0 é o nível de importação autônoma, que é
independente do nível de renda.

Nota  veja que, na função importação, nós também utilizamos a


renda (Y) e não a renda disponível (YD).

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tributação, também não temos propensão marginal a
tributar.

o Veja que a função investimento é totalmente autônoma,


ou seja, não temos a propensão marginal a investir.

o O valor da propensão marginal a consumir é 0,7; da


propensão marginal a poupar é 0,3 (1 – 0,7); da
propensão marginal a importar é 0,2.

o A economia considerada é aberta e com governo (temos as


variáveis G, X e M). Por exemplo, se tivéssemos uma
economia fechada, não teríamos as funções X e M. Se
tivéssemos uma economia sem governo, não teríamos G.

o Ainda pelos dados, podemos concluir que o consumo


autônomo (C0) vale 100, investimento autônomo (I0) vale
200 e a importação autônoma (M0) vale 100.

1.3. O multiplicador Keynesiano

Pegue como exemplo os dados da questão resolvida no item


passado, onde a renda de equilíbrio calculada era equivalente a 900.
Agora, aumente os gastos do governo de 200 para 250, ou seja, aumento
de 50 ( G=50). Calculemos então qual seria a nova renda de equilíbrio:

Y =C+I+G+ G+X–M
Y = (100 + 0,7Y) + 200 +50 + 50 + 200 – (100 + 0,2Y)
Y – 0,7Y + 0,2Y = 500
Y = 1000 (nova renda de equilíbrio)

Observe que, apesar de aumentarmos em 50 os gastos do governo,


a renda de equilíbrio aumentou em 100 (foi de 900 para 1000), ou seja,
duas vezes maior. Esse aumento a maior na renda de equilíbrio foi
provocado pelo multiplicador keynesiano. Ele pode ser definido
algebricamente desta maneira:

Y = k. G
100 = k.50
K=2

Assim, vemos que, neste caso, o multiplicador K equivale a 2,


indicando que qualquer aumento que façamos nos gastos do governo terá
um impacto duas vezes maior na renda de equilíbrio. Experimente você
mesmo aumentar os gastos do governo, só que desta vez de 200 para
400. Depois, calcule a nova renda de equilíbrio e veja que o aumento na

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Suponha a equação do equilíbrio Y=C+I+G+X-M, onde

C=C0+c(YD)=C0+c(Y-T)
I=I0+iY
G=G0
X=X0
M=M0+mY

Para derivarmos a fórmula do multiplicador, inicialmente,


consideraremos as funções investimento e importações como sendo
totalmente autônomas, de forma que I=I0 e M=M0. Além disso,
suporemos T=0, de forma que Y=YD. Veja:

Y = C0+cY + I0 + G0 + X0 – M0
Y – cY = C0 + I0 + G0 + X0 – M0
Y(1 – c) = C0 + I0 + G0 + X0 – M0

Veja que o termo 1/(1-c) está multiplicando todos os componentes


autônomos da equação da demanda agregada (todos os gastos
agregados autônomos). Este termo é o nosso multiplicador keynesiano:

Como nós sabemos que c (propensão marginal a consumir) é um


valor entre 0 e 1, percebe-se então que o multiplicador keynesiano
nunca15 será menor que 1 e não tem limite superior de valor.

Pela simples análise matemática da fórmula, nós verificamos que,


quanto maior a propensão marginal a consumir (maior o c), maior será o
multiplicador keynesiano. Isto é bastante intuitivo: quanto mais as
pessoas forem propensas a gastar a renda adicional que obtiverem, mais
facilmente a renda será circulada e multiplicada. Quanto menos as
pessoas forem propensas a gastar, isto é, quanto maior a propensão
marginal a poupar (1 – c), menos a renda adicional será circulada e
multiplicada entre os agentes econômicos.

Esta fórmula do multiplicador vista acima é o caso mais simples, em


que consideramos as funções I e M totalmente autônomas e
consideramos a ausência de tributação. No entanto, se considerarmos

15
Se a propensão marginal a consumir for igual a 0 (c=0), o multiplicador keynesiano será igual a 1.
Se a propensão for igual a 1, o multiplicador será infinito (1/1-

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Pelas funções apresentadas na questão, vemos que I é totalmente
autônomo (então, a propensão marginal a investir i=0). Ao mesmo
tempo, não temos função tributação. Neste caso, Y=YD, T=0 e
propensão marginal a tributar t=0. Ao mesmo tempo, pelas funções
apresentadas, também sabemos que a propensão marginal a
consumir c=0,7 e propensão marginal a importar m=0,2.

A fórmula do multiplicador será:

Utilizando a fórmula do multiplicador, então, chegamos a conclusão


de que o multiplicador vale 2. Sabendo o valor do multiplicador, já
sabemos que um aumento de qualquer variável autônoma da
demanda agregada (C0, I0, G0 ou X0) proporcionará um aumento
duas vezes maior no nível de renda de equilíbrio. Isso pode ser
verificado na expressão abaixo:

Veja que qualquer aumento em C0, I0, G0 ou X0 será multiplicado


por 1/(1-c-i+ct+m), que é justamente o nosso multiplicador keynesiano
k. É importante destacarmos as duas exceções: os agregados autônomos
M0 e T0.

Assim, nós podemos dizer que o multiplicador k se aplica a


qualquer aumento (ou redução) dos gastos autônomos (C0, I0, G0 ou X0)
com exceção da importação autônoma M0 (que está multiplicada por -1) e
da tributação autônoma T0 (que está multiplicada por –c). Desta feita,
nós temos um multiplicador diferente para as importações e para a
tributação. Ambos serão negativos; o multiplicador das importações KM
será o multiplicador k vezes -1 (KM=-K); e o multiplicador da tributação
KT será o multiplicador K vezes –c (KT=-cK). Observe as formulações:

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Keynesiano da Somente ao gasto autônomo
tributação com tributação (ao T0).

Nossa sugestão é que você memorize somente o multiplicador


completo (K). A partir daí, saiba que o multiplicador das importações (K M)
é o mesmo valor do multiplicador completo com sinal negativo (KM=-K); o
multiplicador da tributação (KT) será o multiplicador completo
multiplicado pela propensão marginal a consumir com sinal contrário
(KT=-cK).

1.3.2. Observações teóricas sobre o multiplicador

Em provas, a cobrança sobre este assunto nem sempre ocorre por


meio de questões de cálculo, mas também por meio de questões teóricas.
Analisando inúmeras assertivas de concursos, separamos algumas sobre
as quais podemos tecer alguns comentários (todas são verdadeiras):

i) Se a propensão marginal a consumir for igual à propensão


marginal a poupar, o valor do multiplicador será igual a 2.

Em primeiro lugar, é muito importante que você tenha em mente


que, em questões sobre este assunto, se nada for falado acerca das
propensões marginais a tributar, investir e importar, devemos
considerá-las iguais a 0. Desta forma, salvo disposição expressa do
enunciado da questão, a fórmula do multiplicador será:

A propensão marginal a consumir é c; a propensão marginal a


poupar é (1-c). Se ambas são iguais, então c=1–c  c=1/2 e (1-
c)=1/2. Substituindo o valor de c no multiplicador temos k=2. Veja:

ii) O multiplicador da renda numa economia fechada é maior do


que em uma economia aberta.

A fórmula completa do multiplicador é:

Em uma economia fechada, nós temos a certeza de que não haverá


m (propensão marginal a importar). Como m reduz o

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O multiplicador, na pior das hipóteses, será igual a 1 (caso em que
todos os agentes não gastarão nem uma parte de sua renda
adicional, poupando tudo).

A única exceção poderia acontecer no caso em que tivéssemos uma


economia aberta. Nesta situação, poderia ocorrer de os agentes
destinarem toda a renda adicional para o consumo de bens
importados, fato que faria com que a renda (Y) da economia
diminuísse (o multiplicador seria menor18 que 1). Quando a
economia é fechada, não temos nenhuma probabilidade de tal fato
ocorrer (k ser menor que 1). Assim, numa economia fechada, o
multiplicador não pode ser menor que um; numa economia aberta,
o multiplicador pode ser menor que um.

vii) O valor do multiplicador não pode ser menor que zero.

Nós já vimos que, em uma economia fechada, k será sempre maior


que 1 (ou seja, positivo). Em uma economia aberta, mesmo que k
seja menor que 1, não há qualquer possibilidade de ele ser negativo
(mesmo que m seja um valor muito grande, bem próximo de 1).
Assim, independente se a economia é aberta ou fechada, k será
sempre positivo.

1.4. Injeções e vazamentos

Veremos neste item o que significam os termos injeções e


vazamentos. Sabe-se que:

Y=C+I+G+X–M (1)

Por definição, tem-se que:

Y = YD + T

E,

YD = C + S (a renda disponível é gasta com consumo e/ou com


poupança)

Então,

Y=C+S+T (2)

18
Se a propensão marginal a importar (m) for muito alta, o denominador do multiplicador
keynesiano pode ser maior que 1, conseqüentemente, o multiplicador k seria menor que 1. Quando
a economia é fechada, esta situação (K<1) é impossível de acontecer, tendo em vista inexistir a
propensão marginal a importar (m).

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Antes de falar neste teorema, devemos conceituar o que é
orçamento neste modelo keynesiano simplificado. Ora, o orçamento
representa a política fiscal (política de arrecadação e gastos) do governo.
Como, neste modelo, só temos a tributação e os gastos do governo, o
orçamento será (T – G), onde T representa os ingressos de receitas e G
os gastos do governo. Se T=G, então, o orçamento está equilibrado. Se
T>G, temos superávit orçamentário. Se G>T, então, temos déficit
orçamentário.

O teorema do orçamento equilibrado nos diz o seguinte: se o


governo aumenta os gastos públicos em G, e a tributação é aumentada
exatamente neste mesmo valor ( T= G), então, a renda nacional de
equilíbrio será aumentada neste mesmo montante ( Y= G= T). Ou seja,
se ocorrer uma variação equilibrada no orçamento ( G= T), então, o
impacto na renda nacional será exatamente igual ao valor do aumento do
gastos do governo.

Ou seja, se os gastos do governo e a tributação são aumentados no


mesmo montante, então, o multiplicador de gastos é igual a 1. Isto
significa que se houver um choque19 de gastos públicos em 100, mas, por
outro lado, a tributação também aumenta em 100, de tal forma que o
orçamento não seja apenado ( G= T), a renda nacional de equilíbrio
aumentará neste mesmo montante de 100. Ou seja, o multiplicador de
gastos é igual a 1.

Nota 1: veja que o teorema do orçamento equilibrado não diz que a


renda nacional não vai aumentar. Ou seja, se o governo aumenta gastos
e tributação no mesmo montante, a renda nacional aumenta sim, mas
este aumento será em intensidade bem menor, isto é, o aumento da
renda nacional não terá o mesmo efeito multiplicativo que teria caso não
houvesse aumento da tributação no mesmo montante do aumento de
gastos.
Nota 2: estamos supondo que a função tributação é totalmente
autônoma (T=T0).
Nota 3: para que o teorema seja válido, basta que G= T. Veja,
então, que inicialmente o orçamento não precisa estar equilibrado (para
que o teorema valha, não é necessário que T=G, mas sim G= T). Ou
seja, se o governo estiver em uma situação de déficit ou superávit
orçamentário, e decidir aumentar os gastos e, da mesma maneira, a
tributação for aumentada no mesmo montante ( G= T), isto significa
que a renda nacional será aumentada no mesmo montante ( Y= G= T).
A situação anterior (de déficit ou superávit) vai persistir, já que está
ocorrendo um choque20 equilibrado no orçamento.

19
Choque de gastos públicos = aumento de gastos públicos.
20
Choque equilibrado no orçamento = variação equilibrada no orçamento.

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do seu multiplicador (KR) seria: KR=cK. Ou seja, KR possuiria o mesmo
valor absoluto do KT, só que com sinal positivo, tendo em vista que uma
transferência de renda aumenta a renda da economia.

Mas veja que o multiplicador da transferência de renda (KR)


também é multiplicador pela propensão marginal a consumir, que é um
valor entre 0 e 1. Ou seja, o KR também será menor que o K, de tal modo
que um aumento de gastos do governo possuirá impacto maior sobre a
renda nacional do que uma transferência de renda no mesmo montante.
Assim, se o governo decidir, por exemplo, aumentar os gastos públicos
em 100, ou fazer uma distribuição de renda para as famílias no valor de
100, o impacto do aumento dos gastos públicos sobre a renda da
economia será maior que o impacto da transferência de renda, na
proporção inversa da propensão marginal a consumir21.

Quando o governo toma atitudes em sentido contrário (por


exemplo, aumenta gastos e aumenta tributos; ou reduz gastos e aumenta
transferência de renda), nós dizemos que ele está adotando medidas de
política fiscal compensatória. Alguns exemplos destas medidas
compensatórias são os impostos progressivos e as políticas
assistenciais, como o seguro-desemprego.

Em relação a estes instrumentos, também os chamamos de


estabilizadores automáticos, pois quando a renda e o emprego da
economia diminuem, eles atuam no sentido de aumentar a renda; e
quando a renda aumenta, eles atuam no sentido de frear esse aumento.

Pegue, por exemplo, o seguro-desemprego22. Em uma situação de


desemprego, com muita gente desempregada, ele funciona como um
impulso para que a economia volte a ter renda circulando, evitando,
assim, que haja mais redução nos níveis de emprego.

Já o imposto progressivo23 atua como freio ao crescimento


excessivo da renda, uma vez que a renda adicional é taxada mais
pesadamente quando ela começa a crescer. Ou seja, assim como o
seguro-desemprego, ele funciona como um estabilizador automático. Se a
renda das pessoas diminui, elas passam a ser tributadas menos
pesadamente, impulsionando novamente a renda da economia. Se a

21
Será na proporção inversa da proporção marginal a consumir pois KR=cK. Portanto, K=KR/c.
22
O seguro-desemprego é uma quantia financeira que o desempregado recém demitido recebe do
governo, durante um curto período de tempo, com o objetivo de se manter financeiramente até que
arrume outro emprego.
23
Imposto progressivo é o imposto que possui alíquotas mais altas para rendas maiores, e alíquotas
menores para rendas menores. Assim, quanto maior a renda, maior é a alíquota paga.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS

Acerca dos conceitos econômicos abaixo e da teoria keynesiana,


julgue os itens subsecutivos.

01. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - De


acordo com o modelo keynesiano simples, em uma economia
fechada e sem governo, a função consumo é linear,
estabelecendo-se que a relação entre consumo e renda seja dada
pela propensão média a consumir mais o consumo autônomo não
negativo.

Comentários:
A função consumo é, de fato, linear (é uma função de primeiro grau, cujo
gráfico será um linha reta):

C = C0 + c.YD

Em uma economia sem governo, YD é igual a Y, pois não temos


tributação.

A relação entre consumo (C) e renda (Y) será igual à propensão média
consumir:

PmeC = C/Y

Veja que a relação entre consumo e renda é igual à propensão média


consumir, somente. Não precisamos somar o consumo autônomo na
equação acima.

Gabarito: Errado

02. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - No


modelo keynesiano simples, a situação em que ocorre excesso de
demanda agregada em relação à capacidade de produção implica
no excesso de fatores de produção e redução da inflação.

Comentários:
Se temos excesso de demanda agregada em relação à capacidade de
produção, temos uso excessivo dos fatores de produção. A situação em
que a economia opera a pleno emprego (com uso excessivo dos fatores) é
potencialmente inflacionária. Isto é, tende a aumentar a inflação.

PS: a situação em que temos capacidade ociosa (fatores de produção não


utilizados) é que tende a reduzir a inflação. Na existência de capacidade
ociosa, é possível que a demanda agregada aumente sem provocar

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Y = 7150

Gabarito: Certo

05. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - Uma expansão


dos gastos do governo em uma unidade monetária trará como
efeito a expansão do produto em magnitude inferior a uma
unidade monetária, o que demonstra a ineficiência dos gastos do
governo.

Comentários:
Uma expansão dos gastos do governo em 01 unidade monetária trará
uma expansão do produto superior a 01 unidade monetária, devido ao
efeito do multiplicador keyensiano. Logo, haverá eficiência dos gastos do
governo.

Gabarito: Errado

06. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - O multiplicador


dos gastos autônomos é igual ao multiplicador da tributação, de
modo que, se o governo efetuar uma política de expansão dos
gastos financiados por aumento na tributação, o efeito final sobre
o produto de equilíbrio será nulo.

Comentários:
O multiplicador dos gastos autônomos (K) é superior ao multiplicador da
tributação (KT), tendo em vista que:

KT = -c.K

Como “c” (propensão marginal a consumir) é um número entre 0 e 1,


com certeza, KT, em valor absoluto, será menor que K.

Gabarito: Errado

07. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - Se o produto


potencial dessa economia for de 9 mil unidades monetárias, então
a economia estará operando acima do produto potencial.

Comentários:
Se o produto potencial (de pleno emprego) dessa economia for igual a
9.000, então, a economia está operando abaixo do produto potencial,
uma vez que Y=7150.

Gabarito: Errado

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10. (CESPE/Unb – Auditor – TCDF – 2012) - Em uma economia


hipotética, cuja propensão marginal a consumir seja igual a 0,6,
se o governo ampliar o crédito de tal forma que o consumo
aumente em R$ 1 bilhão, o produto dessa economia aumentará
em R$ 2,5 bilhões.

Comentários:
Se c=0,6; então, o multiplicador será:

Assim, se o consumo aumenta em R$ 1 bilhão, o produto da economia vai


aumentar em:

Y = C.K
Y = 1 x 2,5
Y = 2,5

Gabarito: Certo

Crise faz PIB da Rússia diminuir quase 8% - A economia da


Rússia, duramente afetada pela crise mundial, sofreu em 2009
uma contração de 7,9%, depois de ter registrado um crescimento
de 5,6% em 2008, segundo dados divulgados nesta segunda-feira
pela agência russa Rosstat. Internet: <www.r7.com> (com
adaptações). Com referência ao assunto abordado no texto acima,
julgue os itens que se seguem.

11. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -


Considere que o estado do Acre tenha um nível de investimento de
10 bilhões de reais, de acordo com função poupança S = -10 +
0,2y, em que y é a renda do estado, e que o Banco da Amazônia
resolva emprestar 1 bilhão de reais para os empresários que
desejarem investir naquele estado. Nesse caso, a renda y desse
estado aumentará em 5%.

COMENTÁRIOS:

Pela função poupança descrita, a propensão marginal a poupar é igual a


0,2. Se esta vale 02, então, necessariamente, a propensão marginal a

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Julgue o item com relação à política fiscal, que constitui


importante meio de o governo atenuar as flutuações econômicas.

13. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)


- O fato de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autônomas
elevar o PIB em R$ 1.000,00 é incompatível com uma propensão
marginal a poupar igual a 0,20.

COMENTÁRIOS:

Se a PMgS é 0,2, então o multiplicador é k=1/(1-c)  K=1/02=5. Se o


multiplicador é 5, então é perfeitamente compatível que o aumento de
200 nas exportações autônomas aumente o PIB (renda) em um valor 5
vezes maior, o que nos daria um aumento de 1000.

GABARITO: ERRADO

Considerando uma economia fechada e sem governo, descrita


pelas seguintes relações: Y = C + I; C = 80 + 0,8Y; I = 120, em
que Y é a renda interna bruta, C representa o consumo das
famílias e I corresponde ao investimento autônomo, julgue os
itens:

14. (CESPE/Unb – Ciências Econômicas – UEPA – 2008) - A


propensão média a consumir é superior à propensão marginal, e o
nível de consumo é igual a 880.

COMENTÁRIOS:
Se a economia é fechada e sem governo, a renda de equilíbrio será
quando:
Y=C+I
Então,
Y = 80 + 0,8Y + 120
Y = 1000

O nível de consumo será C=80+0,8Y  C=880

A propensão média a consumir é C/Y=880/1000  C/Y=0,88

A propensão marginal a consumir é 0,8, de acordo com a função


consumo, logo, é MENOR que a propensão média.

GABARITO: CERTO

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18. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -
O multiplicador keynesiano do consumo é igual a 1,333 e o PIB de
equilíbrio dessa economia é igual R$ 800 bilhões.

COMENTÁRIOS:
Foram dados:
C0=150
I=50
c=0,75

A partir destes dados, sabemos que a função consumo será:


C=150+0,75Y

Como a economia é fechada e sem governo, G, X e M são iguais a 0.


Logo, a renda de equilíbrio será:

Y = 150 + 0,75Y + 50
Y = 800

O multiplicador será 1/(1-c)=1/0,25=4.

GABARITO: ERRADO

19. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -


A função de poupança (S) dessa economia é dada pela expressão
S =-150+0,25Y, em que Y é o PIB.

COMENTÁRIOS:
Se a função consumo é C=150+0,75Y, então a função poupança é
S=-150 + 0,25Y.

Lembre-se de que:
 função consumo: C=C0+cY  poupança: S=-C0+(1-c)Y

GABARITO: CERTO

20. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -


Se o consumo autônomo cair para R$ 100 bilhões, então a renda
disponível dessa economia será igual a R$ 600 bilhões.

COMENTÁRIOS:
Se o consumo autônomo cair em 50 bilhões (de 150 para 100), a renda
de equilíbrio cairá num valor 4 vezes maior (o multiplicador é igual a 4).
Logo, a renda de equilíbrio cairá em 200 bi, como a renda inicial era 800,
então, a renda, após a queda do consumo autônomo, será de 600 bi.

GABARITO: CERTO

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A questão da escolha em situação de escassez, abordada pela


microeconomia, as interações entre governo e mercados privados
e os problemas macroeconômicos são temas relevantes para a
ciência econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

21. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2004) - Quando


ocorre, simultaneamente, aumento dos impostos e das
importações, o multiplicador keynesiano se eleva, contribuindo,
assim, para a expansão do nível de equilíbrio do produto.

COMENTÁRIOS:
O multiplicador keynesiano se eleva ou se reduz em virtude de alterações
das propensões marginais, somente. Assim, para que haja alteração do
multiplicador keynesiano, deveríamos ter alteração das propensões
marginais a tributar e a importar e isto não pode ser concluído pela leitura
da assertiva. Ademais, se as propensões marginais a tributar e a importar
aumentassem, haveria redução do multiplicador.

GABARITO: ERRADO

A análise de questões macroeconômicas básicas, tais como o


comportamento de seus principais agregados e a atuação do
governo na economia, mediante o uso de políticas fiscais e
monetárias, é crucial para se entender os fenômenos econômicos.
Com relação a esse assunto, julgue os itens subseqüentes.

22. (CESPE/Unb – Economista – FUNCAP – 2004) - No modelo


keynesiano básico, no qual a demanda agregada é composta
unicamente pelas demandas de consumo e investimento, se a
propensão marginal a consumir for igual a 0,6, então o valor do
multiplicador keynesiano será igual a 2,5.

COMENTÁRIOS:
Se c=0,6, então o multiplicador k=1/(1-c) vale 1/0,4=2,5.

GABARITO: CERTO

A análise das decisões de consumo, de poupança e de


investimento é importante na determinação da renda e do produto
de equilíbrio.

23. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009)


- A volatilidade, que caracteriza o investimento tornando-o o
componente mais instável do PIB, explica-se, em parte, pela
irregularidade da inovação tecnológica e pela durabilidade dos
bens de capital.

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COMENTÁRIOS:
É exatamente aquilo que foi colocado na nota 3, da página 17:

“Dentre os componentes da demanda agregada, o investimento é o


componente mais instável, pois está sujeito às expectativas dos
empresários, à depreciação do estoque de capital e à própria
irregularidade com que as inovações tecnológicas acontecem.”

GABARITO: CERTO

Em relação aos conceitos básicos de macroeconomia, julgue os


itens a seguir.

24. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) -


Se o grupo responsável pela reforma tributária que ainda se
encontra em discussão no Congresso Nacional optasse pelo
aumento dos impostos indiretos no Brasil, permanecendo
constantes os demais impostos, deveriam ser observadas
alterações nas propensões médias a consumir da população,
embora a propensão marginal a consumir não fosse afetada.

COMENTÁRIOS:
Levando-se em conta que a função consumo é linear, devemos consider
que a propensão marginal a consumir é constante. Logo, ela não é
afetada pelo aumento dos impostos.

No entanto, esta mesma elevação dos impostos tende a reduzir a renda


disponível dos cidadãos, uma vez que Yd=Y - T.

Como PMeC=C/Yd, então, o aumento de impostos reduz a propensão


média a consumir.

GABARITO: CERTO

25. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) - A


relação entre o nível de taxa real de juros e a propensão a poupar
das famílias é sempre diretamente proporcional.

COMENTÁRIOS:
No modelo Keynesiano simplificado, a propensão marginal a consumir é
constante. Logo, a propensão marginal a poupar também será constante.

Ao mesmo tempo, a propensão média a consumir é dada pela relação


entre consumo e renda disponível (PMeC=C/Yd). Logo, a propensão
média a poupar também dependerá das mesmas variáveis.

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Veja que as variáveis “em jogo” não dependem da taxa de juros. Assim,
está errada a assertiva. Corroborando os comentários desta assertiva,
você pode conferir os próprios pressupostos do modelo keynesiano
simplificado (considera-se a taxa de juros constante – ou seja, ela não
influencia as variáveis do modelo).

GABARITO: ERRADO

Julgue as opççoes com relação à política fiscal, que constitui


importante meio de o governo atenuar as flutuações econômicas.

26. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)


Do ponto de vista do impacto sobre o PIB, um aumento de R$
1.000.000,00 nos gastos públicos com investimentos em infra-
estrutura é equivalente à expansão, da mesma magnitude, dos
gastos no âmbito do programa Bolsa Família.

COMENTÁRIOS:
Nós vimos que a política fiscal via gastos é mais intensa que a política
fiscal via tributação. Se racionarmos que a transferência de renda é uma
tributação “ao contrário”, também podemos concluir a política fiscal via
gastos é mais intensa que a política fiscal via transferência de renda.

Assim, o impacto sobre o PIB a partir de gastos públicos de R$ 1 milhão é


superior àquele verificado a partir de transferência de renda no mesmo
montante de R$ 1 milhão.

GABARITO: ERRADO

27. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009)


O fato de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autônomas
elevar o PIB em R$ 1.000,00 é incompatível com uma propensão
marginal a poupar igual a 0,20.

COMENTÁRIOS:
Se a propensão marginal a poupar é 0,2; então, a propensão marginal a
consumir é 0,8 (c=0,8). Neste caso, o valor do multiplicador será:

K=1/(1-c)
K=1/0,2
K=5

Ou seja, um aumento de R$ 200 em qualquer dos agregados autônomos


(C0, I0, G0 e X0) elevará o PIB em um montante cinco vezes superior (200
x 5 = 1000).

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Logo, a assertiva é errada, pois um aumento de R$ 200,00 nas
exportações autônomas elevar o PIB em R$ 1.000,00 é compatível com
uma propensão marginal a poupar igual a 0,20.

GABARITO: ERRADO

A respeito das políticas fiscais e monetárias, que influenciam,


significativamente, o desempenho da economia, julgue os itens
subseqüentes.

28. (CESPE/Unb – Analista de Meio Ambiente – Economia – SEAMA


– 2007) - Estabilizadores automáticos, como o seguro-
desemprego e o imposto de renda progressivo, embora não
eliminem as flutuações econômicas, concorrem para atenuá-las,
reduzindo, assim, a necessidade de se recorrer a políticas fiscais
discricionárias.

COMENTÁRIOS:
Medidas como o seguro-desemprego e o imposto progressivo são
chamados de estabilizadores automáticos, pois tendem a atenuar as
flutuações econômicas.

O seguro-desemprego tende a atenuar o aumento de desemprego, e o


imposto progressivo tende a atenuar o crescimento econômico. Quanto
menos a economia flutua (excesso ou escassez de emprego), menos
necessária é a intervenção do governo na economia.

GABARITO: CERTO

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LISTA DE QUESTÕES

Acerca dos conceitos econômicos abaixo e da teoria keynesiana, julgue os


itens subsecutivos.

01. (CESPE/Unb – Economista – Ministério da Justiça – 2013) - De acordo


com o modelo keynesiano simples, em uma economia fechada e sem
governo, a função consumo é linear, estabelecendo-se que a relação
entre consumo e renda seja dada pela propensão média a consumir mais
o consumo autônomo não negativo.

02. (CESPE/Unb – Auditor – Economia – TCE/RO – 2013) - No modelo


keynesiano simples, a situação em que ocorre excesso de demanda
agregada em relação à capacidade de produção implica no excesso de
fatores de produção e redução da inflação.

03. (CESPE/Unb – Especialista – ANP – 2013) - Para representar a função


consumo de Keynes, a propensão marginal a consumir deve ficar entre
zero e um e, consequentemente, a taxa de juros exercerá papel
fundamental para encontrar a propensão média a consumir.

Uma economia fechada é descrita pelas seguintes equações: C=C0+0,85


; I = 300; G = 500; T = 150, em que C é a função consumo; = 400
é o consumo autônomo; o coeficiente 0,85 representa a propensão
marginal ao consumo; é a renda disponível; I é o investimento
autônomo; G são os gastos autônomos do governo; e T é a tributação.
Com base nessas informações, julgue os itens 04 a 08.

04. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - O produto de equilíbrio


dessa economia é igual a 7.150 unidades monetárias.

05. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - Uma expansão dos


gastos do governo em uma unidade monetária trará como efeito a
expansão do produto em magnitude inferior a uma unidade monetária, o
que demonstra a ineficiência dos gastos do governo.

06. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - O multiplicador dos


gastos autônomos é igual ao multiplicador da tributação, de modo que, se
o governo efetuar uma política de expansão dos gastos financiados por
aumento na tributação, o efeito final sobre o produto de equilíbrio será
nulo.

07. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - Se o produto potencial


dessa economia for de 9 mil unidades monetárias, então a economia
estará operando acima do produto potencial.

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08. (CESPE/Unb – Economista – TJ/RO – 2012) - O multiplicador dos
gastos do governo é inferior a 1, sendo, portanto, inelástico em relação
ao produto.

09. (CESPE/Unb – Técnico Científico – BASA – 2012) - Considere que, em


determinada economia, o consumo autônomo seja da ordem de 100
milhões de reais; o investimento, da ordem de 40 milhões de reais; e a
propensão para consumir, de 0,6. Nessa situação, a produção de
equilíbrio dessa economia será inferior a 300 milhões de reais.

10. (CESPE/Unb – Auditor – TCDF – 2012) - Em uma economia hipotética,


cuja propensão marginal a consumir seja igual a 0,6, se o governo
ampliar o crédito de tal forma que o consumo aumente em R$ 1 bilhão, o
produto dessa economia aumentará em R$ 2,5 bilhões.

Crise faz PIB da Rússia diminuir quase 8% - A economia da Rússia,


duramente afetada pela crise mundial, sofreu em 2009 uma contração de
7,9%, depois de ter registrado um crescimento de 5,6% em 2008,
segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela agência russa
Rosstat. Internet: <www.r7.com> (com adaptações). Com referência ao
assunto abordado no texto acima, julgue os itens que se seguem.

11. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -


Considere que o estado do Acre tenha um nível de investimento de 10
bilhões de reais, de acordo com função poupança S = -10 + 0,2y, em que
y é a renda do estado, e que o Banco da Amazônia resolva emprestar 1
bilhão de reais para os empresários que desejarem investir naquele
estado. Nesse caso, a renda y desse estado aumentará em 5%.

12. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) -


Quanto maior for a propensão marginal a poupar maior será o
multiplicador keynesiano.

Julgue o item com relação à política fiscal, que constitui importante meio
de o governo atenuar as flutuações econômicas.

13. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008) - O fato


de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autônomas elevar o PIB
em R$ 1.000,00 é incompatível com uma propensão marginal a poupar
igual a 0,20.

Considerando uma economia fechada e sem governo, descrita pelas


seguintes relações: Y = C + I; C = 80 + 0,8Y; I = 120, em que Y é a
renda interna bruta, C representa o consumo das famílias e I corresponde
ao investimento autônomo, julgue os itens:

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14. (CESPE/Unb – Ciências Econômicas – UEPA – 2008) - A propensão
média a consumir é superior à propensão marginal, e o nível de consumo
é igual a 880.

15. (CESPE/Unb – Ciências Econômicas – UEPA – 2008) - Um aumento de


50% nos investimentos autônomos expande a renda de equilíbrio de 6%.

16. (CESPE/Unb – Ciências Econômicas – UEPA – 2008) - A propensão


marginal a poupar dessa economia aumenta com o nível de renda.

17. (CESPE/Unb – Ciências Econômicas – UEPA – 2008) - A renda de


equilíbrio é igual a 1.000 e o multiplicador keynesiano do consumo eleva-
se a 1,25.

Considere que, em uma economia fechada, sem governo, os gastos


autônomos de consumo correspondam a R$ 150 bilhões, o investimento
planejado seja igual a R$ 50 bilhões e a propensão marginal a consumir
seja de 0,75. Com base nessas relações, julgue os itens a seguir

18. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) - O


multiplicador keynesiano do consumo é igual a 1,333 e o PIB de equilíbrio
dessa economia é igual R$ 800 bilhões.

19. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) - A


função de poupança (S) dessa economia é dada pela expressão S =-
150+0,25Y, em que Y é o PIB.

20. (CESPE/Unb – Técnico Científico – Economia – BASA – 2010) - Se o


consumo autônomo cair para R$ 100 bilhões, então a renda disponível
dessa economia será igual a R$ 600 bilhões.

A questão da escolha em situação de escassez, abordada pela


microeconomia, as interações entre governo e mercados privados e os
problemas macroeconômicos são temas relevantes para a ciência
econômica. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

21. (CESPE/Unb – Agente da Polícia Federal – 2004) - Quando ocorre,


simultaneamente, aumento dos impostos e das importações, o
multiplicador keynesiano se eleva, contribuindo, assim, para a expansão
do nível de equilíbrio do produto.

A análise de questões macroeconômicas básicas, tais como o


comportamento de seus principais agregados e a atuação do governo na
economia, mediante o uso de políticas fiscais e monetárias, é crucial para
se entender os fenômenos econômicos. Com relação a esse assunto,
julgue os itens subseqüentes.

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22. (CESPE/Unb – Economista – FUNCAP – 2004) - No modelo keynesiano
básico, no qual a demanda agregada é composta unicamente pelas
demandas de consumo e investimento, se a propensão marginal a
consumir for igual a 0,6, então o valor do multiplicador keynesiano será
igual a 2,5.

A análise das decisões de consumo, de poupança e de investimento é


importante na determinação da renda e do produto de equilíbrio.

23. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009) - A


volatilidade, que caracteriza o investimento tornando-o o componente
mais instável do PIB, explica-se, em parte, pela irregularidade da
inovação tecnológica e pela durabilidade dos bens de capital.

Em relação aos conceitos básicos de macroeconomia, julgue os itens a


seguir.

24. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) - Se o


grupo responsável pela reforma tributária que ainda se encontra em
discussão no Congresso Nacional optasse pelo aumento dos impostos
indiretos no Brasil, permanecendo constantes os demais impostos,
deveriam ser observadas alterações nas propensões médias a consumir
da população, embora a propensão marginal a consumir não fosse
afetada.

25. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) - A


relação entre o nível de taxa real de juros e a propensão a poupar das
famílias é sempre diretamente proporcional.

Julgue as opççoes com relação à política fiscal, que constitui importante


meio de o governo atenuar as flutuações econômicas.

26. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008) Do


ponto de vista do impacto sobre o PIB, um aumento de R$ 1.000.000,00
nos gastos públicos com investimentos em infra-estrutura é equivalente à
expansão, da mesma magnitude, dos gastos no âmbito do programa
Bolsa Família.

27. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2009) O fato


de um aumento de R$ 200,00 nas exportações autônomas elevar o PIB
em R$ 1.000,00 é incompatível com uma propensão marginal a poupar
igual a 0,20.

A respeito das políticas fiscais e monetárias, que influenciam,


significativamente, o desempenho da economia, julgue os itens
subseqüentes.

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Economia p/ ACE - TCDF
Teoria e exercícios comentados
Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 07
28. (CESPE/Unb – Analista de Meio Ambiente – Economia – SEAMA –
2007) - Estabilizadores automáticos, como o seguro-desemprego e o
imposto de renda progressivo, embora não eliminem as flutuações
econômicas, concorrem para atenuá-las, reduzindo, assim, a necessidade
de se recorrer a políticas fiscais discricionárias.

GABARITO
01 E 02 E 03 E 04 C 05 E 06 E 07 E
08 E 09 E 10 C 11 C 12 E 13 E 14 C
15 E 16 E 17 E 18 E 19 C 20 C 21 E
22 C 23 C 24 C 25 E 26 E 27 E 28 C

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