Cortina de Estacas Justapostas
Cortina de Estacas Justapostas
Cortina de Estacas Justapostas
Figura 16.1..............
Primeiramente é feita a execução das estacas, que podem ser cravadas ou escavadas, na
sequencia procede-se a escavação em um dos lados até à cota de projeto. A estrutura
apresenta assim um trecho de contenção e um trecho de embutimento no solo denominado
de ficha.
Nos métodos estáticos, também ditos analíticos, apenas a condição de equilíbrio dos
diagramas de empuxos é utilizada para a determinação do comprimento necessário de ficha e
para a obtenção dos diagramas de esforços na estrutura. Supõe-se que a estaca desenvolve
um movimento de corpo rígido girando em torno de um ponto “pivot” no seu eixo.
Figura 16.21 – Modelos estático e elástico para análise de cortina de estacas justapostas.
Neste capítulo são apresentados os casos de cortina de estacas escavadas preenchidas com
concreto armado com o trecho de contenção em balanço ou com uma linha de apoio.
Posteriormente são feitas observações para ampliação da solução para os casos de solos
coesivos, solos estratificados e com a presença de nível de água.
16.7.2 Análise do Caso de Cortina em Balanço
Neste caso a cortina não possui nenhum apoio lateral no trecho da contenção. A estabilidade
é garantida pela mobilização do empuxo passivo no trecho da ficha.
Surgem então empuxos ativos e passivos que se alternam de lado conforme o deslocamento
da cortina, ver figura 16.22. O diagrama de ações apresentado abaixo é o da resultante dos
empuxos aplicados.
K = tg −
- Coeficiente de empuxo ativo.
4 2
K = tg +
- Coeficiente de empuxo passivo.
4 2
H m Altura de escavação.
p =q×K kN/m2 Empuxo ativo devido à sobrecarga.
= + kN/m2 Empuxo ativo no fundo da
escavação.
= + − kN/m2 Resultante de empuxo abaixo do
= − − fundo da escavação.
= − kN/m3 Parâmetro auxiliar.
= − =0→ = m Profundidade do ponto O de
empuxo resultante nulo.
Variáveis que definem a posição do
Yez m ponto F de inversão da resultante
do diagrama de empuxo
resultante. São as incógnitas do
problema.
D=Y+a m Comprimento da ficha teórica
= # kN/m2 Valor auxiliar.
$
= + − kN/m2 Valor auxiliar.
$$
= $
+ # kN/m2 Valor auxiliar.
E =p H
Formulário Unidade Descrição
kN/m Resultante de empuxo
ativo devido à
y = +
sobrecarga.
2
( = − ×
kN/m Resultante de empuxo
2 ativo permanente.
y = +
3
( =
2
kN/m Resultante de empuxo
*
2
no trecho
y =
*
3
H-O.
+ =( +( +( * kN Resultante do empuxo
até o ponto O.
( × +( × +( * × *
=
m Posição da resultante
,-.
+ em relação ao ponto O.
z Y
Equação de equilíbrio de forças
R + + ′′ − pp = 0
horizontais.
2 2 Resultante abaixo do ponto O: área
do triangulo EFG – área do
triângulo OIG
ppY − 2R
A variável z pode ser escrita em
z=
função de Y para atender ao
+ $$ m equilíbrio de forças horizontais
Formulário Descrição
Σ45 = 0
Equação de equilíbrio de momento
z z YY
no pé da cortina, ponto I.
R Y+ + p + p,, −p =0
,-.
3 2 23
ppY − 2R
z=
Problema de determinação de raiz de
polinômio de quarta ordem. + $$
#
7=
Coeficientes do polinômio:
′
=
=1
8+ 6+
* = 8 = 2 ,-. + $
6+ ,-.
$
+ 4+
: =
A raiz de interesse desta equação de 4ª ordem está, nos casos práticos, no intervalo
(0,50 < 7 < 3,0). A determinação pode ser feita numericamente por bissecação ou
diretamente usando ferramentas tipo “atingir meta” disponível em planilhas
eletrônicas.
e) Ficha e Valor de Momento Fletor Máximo
7 = @ íB C DEF çãI
Formulário Unidade Descrição
Ficha da cortina,
#=7
J = # + = KLMℎ ODó@LM .
comprimento de
embutimento no solo.
2+
Posição do ponto de
∗
=X m cortante nulo e de
momento fletor máximo.
Medido a partir do ponto
O.
∗ *
MZá\ = + + ∗
−
Valor do momento fletor
6 kNxm/m máximo.
Deseja-se executar uma contenção com estacas justapostas para uma escavação de 3,50m
para um subsolo de uma edificação. A cortina não se apoia lateralmente na estrutura da
edificação. Considerar uma sobrecarga no terrapleno de 5,0 kN/m2. Utilizar estacas escavadas
com diâmetro de 30cm.
a) Parâmetros do Solo
b) Cálculo da Ficha
q= 5,00 kN/m2
H= 3,50 m
p1= 1,67 kN/m2
p2= 22,67 kN/m2
C= 48,00 kN/m3
a= 0,47 m
Ea1= 5,83 kN/m ya1= 2,22 m
Ea2= 36,75 kN/m ya2= 1,64 m
Ea3= 5,35 kN/m ya3= 0,31 m
Ra= 47,94 kN/m ya,cg= 1,56 m
p'p= 211,67 kN/m2
C1 1,00
C2 4,41
C3 7,99
C4 45,14
C5 45,26
Inspeção da Raiz
a Y(m) Polinômio
0,75 2,63 -91,57
0,80 2,80 -76,03
0,85 2,98 -55,82
0,90 3,15 -30,45
0,95 3,33 0,64
1,00 3,50 38,00
1,05 3,68 82,21
1,10 3,85 133,88
a Y(m) Polinômio
0,9491 3,32 0,00
D 3,79 m teórica
D* 4,55 m segurança
Resultados Complementares
c) Momento Máximo
d= 0,30 m
Md,est= 50,42 kNxm
d) Diagramas de Esforços
e) Armadura da Estaca
A armadura da estaca foi calculada para uma solicitação de flexão simples (Md) em
seção circular com armadura uniformemente distribuída.
Para escavações com profundidades entre quatro e sete metros é conveniente criar pelo
menos uma linha de apoio horizontal para a contenção evitando assim grandes comprimentos
de ficha e momentos fletores muitos elevados que surgem na solução em balanço nestes
casos.
Estes apoios horizontais são criados normalmente pela instalação de tirantes protendidos
ancorados no terrapleno com a injeção de calda de cimento, ver figura abaixo.
Figura 16.27 – Cortinas com uma linha de apoio horizontal tipo tirante protendido.
Na execução deste tipo de contenção são previstas duas fases. Uma fase de escavação até à
cota de instalação do apoio horizontal, em que se tem uma situação de contenção em balanço,
e uma segunda fase em que a escavação prossegue até sua cota final de projeto já com a linha
de apoio horizontal ativada.
A profundidade da linha de apoio horizontal deve ser fixada de maneira que a situação
transitória de escavação da primeira fase de contenção em balanço não produza esforços
maiores que a situação estática final.
O método estático adotado para a solução considera que a contenção tem deslocamentos de
corpo rígido com rotação em torno do ponto da linha de apoio horizontal que funciona como
“pivot”.
Tem-se a atuação de empuxo ativo até à linha final da escavação e empuxos ativos e passivos
na região da ficha.
Figura 16.28 – Diagrama resultante de empuxo em contenção com uma linha de apoio horizontal.
H m Altura de escavação.
p =q×K kN/m2 Empuxo ativo devido à sobrecarga.
= + kN/m2 Empuxo ativo no fundo da
escavação.
= + − kN/m2 Resultante de empuxo abaixo do
= − − fundo da escavação.
= − kN/m3 Parâmetro auxiliar.
= − =0→ = m Profundidade do ponto O de
empuxo resultante nulo.
g m Valor incógnito que define o
comprimento da ficha teórica.
J =g+ m Ficha teórica.
* = g kN/m2 Valor do empuxo na extremidade
da ficha.
6+
2g * + 3g −ℎ+ − =0
M g * + M g + M* = 0 Equação do terceiro
grau em X.
M =2
M =3 −ℎ+
6+
M* = −
Cálculo da Ficha
Equação do segundo
B + jB + M = 0 grau em z.
= ;j= ; M = −h; ∆= mj − 4 M
2
Posição do ponto de
−j + ∆ m cortante nulo e
B∗ =
2 momento máximo.
Deseja-se executar uma contenção com estacas justapostas para uma escavação de 7,00m
para um subsolo duplo de uma edificação. Considerar uma sobrecarga no terrapleno de 5,0
kN/m2. Utilizar estacas escavadas com diâmetro de 30cm com uma linha de apoio horizontal a
3m de profundidade.
b) Cálculo da Ficha
q= 5,00 kN/m2
H= 7,00 m
h= 3,00 m
p1= 1,67 kN/m2
p2= 43,67 kN/m2
C= 48,00 kN/m3
a= 0,91 m
M g * + M g + M* = 0
c1= 2,00
c2= 14,73
c3= 42,04
Inspeção da Raiz
h = + −+
g
+ = ; * = g
2
B + jB + M = 0
a= 3,00
b= 1,67
c= -121,86
z*= 6,10 m
4aáb = − B∗ *
− B∗ + h B∗ − ℎ
6 2
No final da 1ª fase de escavação do exercício atual tem-se uma ficha dada por
Os momentos de cálculo da estaca para fase transitória e fase final estão com valores muitos
próximos de maneira que o dimensionamento e detalhamento da estaca já apresentado no
exercício anterior podem ser também utilizados para este caso.
f) Diagramas de Esforços
16.7.6 Outros Casos de Cortina de Contenção
O solo abaixo do nível da água deve ter seu peso específico reduzido para o seu valor
submerso.
= − á
á = 10 → = 10 × ℎ.
Solo argiloso pode sofrer retração e se afastar da cortina gerando também aumento
de pressão lateral.
A aplicação de métodos estáticos não é mais tão simples quando o solo na região da
ficha apresenta um ângulo de atrito interno F e uma coesão c.
Bowles (1988) apresenta solução com método estático para contenção em solos
coesivos considerando uma situação conservadora de ângulo de atrito nulo. Também é
feito um ajuste no diagrama de empuxo ativo eliminando a parte negativa superior.