Ação Declaratória Com Repetição de Indébito

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AO JUÍZO FEDERAL DA ...

VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


ESTADO ...

Vinicius________, menor impúbere, nascido em________, neste ato representado


por sua genitora Marina___________ (nacionalidade), (estado civil), (profissão),
portador da cédula de identidade n. ... e CPF n. ..., e-mail ..., ambos residentes e
domiciliados ..., vem, por meio de seu advogado, infra-assinado, cuja procuração
segue em anexo, para os fins do art. 104 do CPC/2015, com fundamento nos arts.
19, 319 e 320 do CPC/2015 e no art. 165 do CTN, propor

Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica Tributária c/c Repetição do


Indébito

em face da União/Estado/Município pessoa jurídica de direito público, inscrita no


CNPJ no ..., com sede na Rua ..., no.., Bairro, Cidade, CEP, endereço eletrônico ...,
pelos motivos de fato e de direito abaixo aduzidos:

DOS FATOS

Em agosto de 2019, Marina e André se divorciaram de forma amigável. Ambos têm


um filho, Vinicius, de 8 anos de idade. No acordo, ficou previsto que André pagaria
uma pensão alimentícia mensal no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos
reais). A primeira parcela depositada em agosto de 2019 diretamente na conta de
Marina, responsável pela administração dos recursos para as necessidades de
Vinicius.

Acontece que, de acordo com as orientações de seu contador, Marina declarou o


valor da pensão alimentícia como “rendimento tributável” em sua Declaração de
Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Essa quantia foi somada a outros
rendimentos provenientes do trabalho de Marina, formando a base de cálculo para o
cálculo do IRPF. Marina pagou impostos sobre a pensão alimentícia nos anos de
2019, 2020, 2021 e 2022.

Recentemente, em agosto de 2023, a Autora tomou ciência da não incidência de


Imposto de Renda sobre valores percebidos a título de alimentos ou de pensões
alimentícias oriundos de direito de família. Motivo este pelo qual busca reaver
judicialmente os valores pagos indevidamente.

DO CABIMENTO
Nos termos do art. 19, inciso I, do CPC, é a ação declaratória cabível contra
qualquer exigência indevida antes do lançamento. No presente caso, a responsável
não declarou o IR de 2023 e busca o reconhecimento da isenção deste e dos
exercícios seguintes.

Nos termos do art. 165, I do CTN o sujeito passivo, poderá requerer a restituição
dos valores pagos indevidamente. No presente caso, a responsável pagou
indevidamente o tributo em 2019, 2020, 2021 e 2022 e busca a restituição.

Assim sendo, a presente medida é cabível, para declarar a isenção decorrente de


inexistência de relação jurídica tributária com rendimentos a título de pensão
alimentícia, e reaver os valores pagos indevidamente dos anos de 2019 a 2022.

DA TEMPESTIVIDADE

Têm-se por tempestiva a presente Ação Declaratória, dado o objetivo de alcançar a


não incidência do IRPF para o exercício de 2023 e seguintes, bem como para a
Repetição de Indébitos pois o sujeito passivo possui cinco anos contados do
pagamento indevido que ocorreu de 2019 a 2022, para pleitear a restituição,
conforme o art. 168, inciso I, do CTN.

DO DIREITO

DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

A Autora busca obter o reconhecimento do direito de isenção da relação jurídica


tributária de IRPF com valores advindos de pensão alimentícia pagos em favor do
filho menor de idade, a fim de se eximir do recolhimento correspondente a 2023 e
até enquanto perdurar essa relação familiar. Assim como, reaver os valores pagos
indevidamente.

Sabe-se que, o Fato Gerador do Imposto de Renda é auferir renda ou proventos de


qualquer natureza que represente um acréscimo patrimonial, conforme art. 43, I e II
do CTN.

Verifica-se que, para ser considerado fato gerador do IR é necessário que os


valores recebidos gerem acréscimo patrimonial, caso contrário não poderá incidir
IRPF sobre essa renda. Sendo assim, os valores a título de pensão alimentícia, não
podem ser tributados pois não geram acréscimo patrimonial, pois possuem natureza
alimentar.

Em recente posicionamento, o STF reconheceu o afastamento da incidência


do IR sobre valores recebidos a título de alimentos, por não constituir acréscimo
patrimonial e consistir em bitributação. (STF, ADI 5422. Plenário, Sessão Virtual de
27.05.2022 a 3.6.2022.).

Dessa forma, é inconstitucional a cobrança de imposto sobre valores recebidos a


título de pensão alimentícia,uma vez que não configura acréscimo patrimonial e sim
bitributação.

Ante ao exposto, resta estampada a inexistência da relação jurídica tributária diante


dos fatos narrados.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITOS

A Autora é sujeito passivo, na qualidade de Responsável Tributário de Terceiro.


Nessa condição realizou pagamento indevido de Imposto de Renda, que é um
tributo direto, ou seja, incide sobre a renda da pessoa, estes referente aos anos de
2019, 2020, 2021 e 2022, cujo comprovantes seguem em anexo.

No entanto, estabelece o Art. 165, inc.I, do CTN, que o sujeito passivo tem
direito à restituição total ou parcial do tributo quando houver cobrança de tributo
indevido ou a maior.

Nesse caso, a Autora é sujeito passivo, de acordo com o art. 121, inc.II, do CTN,
não como contribuinte, mas sim, no sentido de responsável, visto que a pensão
alimentícia é em favor de seu filho de apenas 8 anos de idade, conferindo-lhe
portanto legitimidade para propor a presente Ação de Restituição de Débitos.

Portanto, a Autora faz jus à repetição de indébitos uma vez que realizou pagamento
indevido e tem legitimidade ativa para propor Ação de Repetição de Indébito, visto
que os valores declarados foram pagos a título de alimentos oriundos de uma
relação familiar, inexistindo acréscimo patrimonial.

DA CORREÇÃO DOS JUROS

À luz do artigo 39, § 4°, da Lei n° 9.250/95 aplica-se a taxa SELIC (Sistema Especial
de Liquidação e de Custódia) para títulos federias desde o pagamento indevido do
tributo.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, o autor requer:


a) que seja julgado procedente a ação, a fim de declarar a não incidência de
IRPF sobre verbas a título de pensão alimentícia;

b) que seja julgado procedente a ação, a fim de condenar a Ré à restituição


total em espécie do valor atualizado declarado indevidamente,
reconhecendo-se a não incidência do imposto sobre os valores a título de
pensão alimentícia.

c) a citação da Ré, por meio de seu representante legal, para oferecer


contestação, sob pena de revelia, tendo em vista a impossibilidade de se
admitir a autocomposição na audiência de conciliação ou mediação, na forma
do art. 319, VII c/c art. 334, § 4º, II, do CPC/2015;

d) a procedência do pedido, para que seja calculada a restituição, juntamente


com juros e correção monetária, corrigido pela taxa Selic, conforme o artigo
39, § 4º, da Lei no 9.250/95;

e) a condenação da Fazenda Pública no pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios, na forma do art. 85, § 3º, do CPC/2015;

f) a produção de todas as provas em direito admitidas nos termos do art. 319,


VI do CPC, em especial a prova documental, conforme a juntada das guias
de recolhimento dos tributos pagos indevidamente.

g) que sejam feitas intimações no endereço XXXXXXXX.

Dá-se à causa o valor de ...

Nesses termos, pede deferimento.

Local ..., data ...

Advogada ..., OAB ...

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