Este documento resume um livro chamado "Gostaria Que Você Estivesse Aqui", de Fernando Scheller, ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1980. O livro acompanha cinco personagens durante uma década marcada por contradições políticas e sociais, como a epidemia de AIDS. Apesar de tratar de temas delicados, o resumo critica a falta de desenvolvimento dos personagens e enredo pouco aprofundado.
Este documento resume um livro chamado "Gostaria Que Você Estivesse Aqui", de Fernando Scheller, ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1980. O livro acompanha cinco personagens durante uma década marcada por contradições políticas e sociais, como a epidemia de AIDS. Apesar de tratar de temas delicados, o resumo critica a falta de desenvolvimento dos personagens e enredo pouco aprofundado.
Este documento resume um livro chamado "Gostaria Que Você Estivesse Aqui", de Fernando Scheller, ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1980. O livro acompanha cinco personagens durante uma década marcada por contradições políticas e sociais, como a epidemia de AIDS. Apesar de tratar de temas delicados, o resumo critica a falta de desenvolvimento dos personagens e enredo pouco aprofundado.
Este documento resume um livro chamado "Gostaria Que Você Estivesse Aqui", de Fernando Scheller, ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1980. O livro acompanha cinco personagens durante uma década marcada por contradições políticas e sociais, como a epidemia de AIDS. Apesar de tratar de temas delicados, o resumo critica a falta de desenvolvimento dos personagens e enredo pouco aprofundado.
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Resenha: Gostaria Que Você Estivesse Aqui, Fernando Scheller
SINOPSE: Quando a década de 1980 começa a dar as caras no Rio de Janeiro, o
tempo é de contradições. À efervescência musical e a uma febril vontade de viver, unem-se a instabilidade política, a aterrorizadora epidemia de aids e o aumento do tráfico nas favelas. E cinco personagens, de idades diferentes, aspirações diferentes, mundos diferentes, veem a vida mudar completamente. Inácio, apaixonado por Baby, larga a faculdade de engenharia quando conhece César, produtor musical gay que, como Baby, busca encontrar o próprio lugar no mundo. Selma, mãe de César, lida com o abandono do marido e o medo de perder o filho. Em seu prédio, trabalha Rosalvo, paraibano recém-chegado à Rocinha em busca do assassino de sua filha trans. Gostaria que você estivesse aqui é um romance sobre perder a inocência e entregar-se ao mundo por inteiro. * Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa. Quem nunca ficou tentado de conhecer esse lugar imortalizado em diversas obras? Quem nunca sonhou em ser uma Helena do Maneco pra poder andar por Copacabana despreocupada com a vida ao som de uma bossa nova? Se você nunca teve essa fantasia que atire a primeira pedra, porque foi com ela que Fernando Scheller me conquistou a ler seu segundo livro, Gostaria Que Você Estivesse Aqui. A primeira vez que vi esse título foi em um post de facebook sobre lançamentos editoriais. A capa me chamou a atenção, o nome do livro também, mas o que me conquistou de imediato foi aquela sinopse que prometia uma trama cheia de personagens se cruzando e temas delicados. Não vou mentir que me interessei. O tempo foi passando e eu não consegui comprar o livro. Pra minha sorte, Mariah, minha melhor amiga, comprou o livro e ao término da leitura revelou que “esperava mais”. Eu já fiquei com uma orelha em pé, não querendo começar a leitura com um pré-conceito, mas relaxei e esperei o momento certo pra pegar o livro emprestado. Feito isso li ele em cinco dias, mas poderia ter lido em menos. O primeiro ponto que eu observei é que a prosa de Fernando Scheller não é pra todo mundo. Ele é um bom escritor, a maneira como ele consegue conjugar cenários e sentimentos com o mínimo de palavras possíveis é de outro mundo, mas o mar que Scheller constrói com essa obra pode ser raso demais ou profundo demais dependendo de quem se aventura nele. Na minha opinião é um meio-termo. Gostaria Que Você Estivesse Aqui é um livro bem conceituado, daqueles em que você sente que tem histórias que poderiam ter sido contadas ou que uma sequência poderia ser facilmente escrita porque não faltaria material. O problema é como o escritor utilizou-se desse material base para construir a história desse livro. Temos 5 protagonistas. Começamos com Inácio, depois vamos pra Baby, depois conhecemos César, sua mãe Selma e por último Rosalvo. Tendo esse número de protagonistas, o mínimo que se espera é um bom desenvolvimento de cada, mas não é isso que recebemos. Claro, quem já leu o livro pode discordar de mim, mas eu vou tentar explicitar o que me fez achar os protagonistas do livros subdesenvolvidos, e pra isso tenho que citar a linha do tempo em que a história se passa. O livro é divido em 3 partes, sendo que a primeira é ambientada entre 1980 e 1982, a segunda entre 1983 a 1986 e a terceira entre 1987 e 1989. Praticamente uma década. Uma década de vida de 5 personagens diferentes que acontece em mais ou menos 300 páginas. É óbvio que é pouco, mas na escrita não é necessário mostrar todos os momentos da vida de um personagem, é por isso que se utiliza as elipses temporais, focando em momentos chaves que realmente importam para a história em geral. O livro possui esse momentos, tanto que a importância de certos protagonistas vai alternando-se conforme os anos se passam. Alguns ganham mais capítulos e outros meio que desaparecem para dar lugar a histórias mais importantes. E eu estaria OK em relação a isso se fosse bem feito, mas em diversos momentos da leitura eu senti que personagem A ia de um ponto a outro sem um desenvolvimento apropriado. Diversos capítulos do livro me pareciam mais resumos do que realmente capítulos. O que disfarça essa impressão é a prosa elegante do autor, mas deixando ela de lado haviam capítulos em que muito se dizia, mas pouco acontecia e isso em um livro pequeno como esse é um pecado mortal. Gostaria Que Você Estivesse Aqui tem um material base incrível. O background carioca é muito bem escrito, além de que as tramas de cada protagonista poderiam alçar voos muito maiores do que os que o livro traça. É por isso que quando eu finalizei a leitura, entendi o que minha amiga quis dizer com o “esperava mais”. Definindo a obra em uma metáfora, eu poderia dizer que o livro é como um bolo muito bem confeitado, com uma receita incrível, mas que utiliza ingredientes de segunda mão. Dessa forma, é óbvio que o resultado não ia sair muito bom, mas mesmo assim... Ainda dá pra saboreá-lo. Então, se possível, leia Gostaria Que Você Estivesse Aqui. Essa não é uma obra que vai mudar o mundo, mas tem sensibilidade o suficiente para te fazer viajar por alguns horas para o Rio de Janeiro dos anos 80. Eu recomendo. Tanto é que a partir daqui quero falar do livro COM SPOILERS, por isso só fique se você já tiver lido ou não se importar com revelações sobre a história e seus significados. * O título de um livro é sempre algo que me deixa curioso. É sempre uma palavra ou uma frase que carrega todo o significado daquela história. Tem livros que eu só li porque gostei do título (essa é pra você Querida Konbini), mas como dito anteriormente, o que me fez ler Gostaria Que Você Estivesse Aqui foi a sinopse. Porém, só quando eu terminei a leitura que eu entendi o significado do título. Toda a obra é sobre ausência. É sobre estar sentindo falta de algo, e todos os protagonistas sentem falta de algo ou alguém durante a história. Esse é o segredo deles, e eu achei foda como em nenhum momento o Fernando Scheller verbaliza isso, mas esse é fio condutor das cinco tramas. Tudo ali, bonitinho e implícito. Comecemos com a história dos dois protagonistas “maiores”, entre aspas porque um deles mal aparece durante o miolo do livro, mas se torna importantíssimo no começo e no final. Inácio é o hetero top que conquista corações com sua beleza e ingenuidade, enquanto Baby é um protótipo de Femme Fatale que ainda não se garante o suficiente para brincar com o coração alheio. O primeiro capítulo narra como eles se beijaram em uma festa, selando aquele que seria o romance da vida de ambos. Inácio começou sua vida amorosa com Baby, enquanto Baby já tinha diversos dilemas antes mesmo de se apaixonar pelo rapaz. É na história dos dois que eu senti o primeiro pecado do livro sendo cometido. Baby não é uma Mary Sue, mas Inácio é um Gary Stu. Aquele tropo de personagem perfeitinho que serve como alicerce para todos as suas voltas. De tão perfeito, bonito e inteligente que Inácio é ele se torna chato. Mas, o autor foi esperto. Ele preenche os capítulos de Inácio com Baby, César e Selma, nunca deixando o personagem sozinho por muito tempo. Ele é um protagonista que demorar a engatar algum tipo de sentimento com quem está lendo-o. Inácio é o típico playboy, e se não houver nada interessante sobre ele, por qual razão eu vou querer acompanhá-lo? É aí que entrar a amizade dele com César. César é o protagonista moral do livro. Ele é o que melhor tem um arco definido com começo, meio e fim, mesmo tendo alguns atropelos ali pelo meio. O livro começa com ele lidando e assumindo sua sexualidade enquanto frequenta uma sauna gay. São nos capítulos com Henrique, seu primeiro amante, que o livro tinha cem por cento da minha atenção. Mas não era pelo erotismo, já que Fernando Scheller nunca cai no vulgar, mas na forma como ele escrevia César de uma maneira que espelha a experiência de diversos membros da comunidade LGBTQIA+. Claro que César ainda é muito privilegiado, não só financeiramente, mas por ter uma mãe que sempre esteve ali por ele. Mesmo com essas questões, César ainda é um pouco inseguro, carente e curioso. Três características que o livro explora de uma maneira até que boa, visto que ele não se preocupa muito em desenvolver os seus personagens. Ele até expõe o que cada um sente, mas não direciona esses sentimentos em prol de um arco de evolução. César é o único que chega perto a ter esse arco. Ele se apaixona por Inácio que não retribui, mas diferente dos outros homens heteros que sentem medo de tudo o que é diferente, Inácio ama César. A amizade dos dois sempre caminha naquele sentido de amor impossível que nunca vai se concretizar, mas pelo menos o autor não aposta em um queerbait barato, sempre deixando claro que Inácio gosta mesmo é de mulheres e que César teve seus amantes e suas paixões. O que me deixa um pouco zangado na história de César é a trama dele com HIV. Ficou mais do que óbvio que o autor do livro se inspirou na história de Cazuza, que é citado no livro, e sua mãe (Aliás, se quiserem eu posso roubar o Só as mães são felizes de uma amiga minha pra resenhar aqui. É a biografia do Cazuza escrita pela mãe dele, muito boa, aliás!), mas esse é um detalhe que só quem conhece a história dos dois a fundo vai perceber. Meu ponto é que Fernando Scheller retratou a doença e a comunidade gay (que foram os mais afetados na época) de uma maneira bastante negativa. Isso vai desde a morte de personagens gays que acontecem a rodo na história até a representação de Valongo e o relacionamento de César e Henrique. Tudo bem que não há esperança naquele momento, porque tudo era novo e assustador, mas o vírus HIV não é mais uma sentença de morte. Nós como sociedade já evoluímos muito para saber que essa é sim uma doença feia, mas ela não é o fim do mundo. Pose, a série do FX, soube muito bem retratar a morte, mas também trazer a esperança de viver. E não que eu quisesse que o César terminasse vivo, mas faltou esse detalhe. Ter utilizado uma doença que já causou tanto medo em uma trama batida me pareceu um artifício bobo e previsível que eu veria em alguma novela dos anos 2000. Da forma como é escrito, Gostaria Que Você Estivesse Aqui celebra apenas os casais heterossexuais, já que os mesmos terminam juntos e felizes, enquanto os gays e as transexuais terminam doentes e mortas. Ainda marginalizadas. Novamente, tudo bem retratar dessa forma SE houvesse uma intenção de criticar o panorama e o pensamento da época, mas não é como se o livro incitasse uma reflexão mais profunda no leitor. E esse é um problema grave que pra mim respinga mais ainda nas histórias dos outros dois protagonistas. Selma é a quarta protagonista do livro e a que eu defino como sendo a mais 8 ou 80. Minha amiga não curtiu muito os capítulos dela, mas eu senti muito mais empatia pela personagem do que pelos protagonistas mais jovens. Selma é a que melhor encapsula o significado da ausência da história quando a mesma é abandonada pelo marido, que foge de casa para viver outra vida com medo da sexualidade do filho. Assim, Selma vive em função de César, numa relação que espelha muito o que Lucinha Araújo sentia pelo seu filho Cazuza. Meu problema com Selma é que ela é como Inácio, muito menos um personagem por si só e mais um alicerce para os outros. Tanto é que meus momentos favoritos dela vieram de capítulos introspectivos, quando ela refletia sobre sua solidão e covardia em enfrentar a realidade ao seu redor. Eram em momentos como esse que eu sentia a força da personagem transbordar, diferente de quando ela se tornava uma coadjuvante da vida de César ou uma admiradora de Inácio. Essa parte pra mim ficou muito esquisita porque eu jurei que os dois iam ter algo a mais, mas graças ao bom pai não houve. Selma até tem uma história de romance sendo desenvolvida e eu acho fofa, porque minha mãe passou pelo mesmo após a morte do meu pai, se envolvendo e casando com um cara mais novo. E não sei se é por já ter esse contexto que eu esperava algo diferente para Selma. Talvez seja a própria criação dela que a condicionou a querer viver uma história de amor, como o próprio livro menciona. O que eu sei é que eu esperava que ela fosse amadurecer sozinha e se fortalecer antes de se dedicar a amar alguém. Pra uma trama que critica tanto o machismo e a sociedade patriarcal, não parece que o autor inovou muito no andamento de Selma, que termina em um novo relacionamento, se dedicando mais uma vez a um homem que define sua vida, causando mudanças que ela enxerga como benéficas. Nesse ponto eu até digo que pode ser um exagero meu. Selma é uma personagem feminina escrita por um homem, e a minha visão também é masculina. Aí mora minha curiosidade em ver o que uma autora faria com a história dela. Manteria a mesma? Modificaria? Acho que o que faltou nela foi verossimilhança. Selma não parecia uma mulher de verdade, mas uma colagem de uma mulher. Assim como César não parece um homem gay de verdade, mas o estereótipo de gay dos anos 80 que transou a torto e a direito até pegar HIV e morrer. São tramas batidas, dignas de uma novela de Maneco e não de um livro lançado em 2021. Mas se tem uma trama que Maneco não escreveria, essa é a de Rosalvo. Vocês podem achar que eu estou citando muitos defeitos do livro, mas se tem algo que me faz querer recomendá-lo, esse algo é a história de Rosalvo. Ele é um senhor de idade que chega ao Rio de Janeiro com a missão de vingar sua filha Eloá, uma travesti que foi assassinada na rocinha. Mesmo eu tendo criticado a representação na parte do César, o autor me ganhou pela sensibilidade que ele teve ao retratar a comunidade trans nessa trama aqui. Ouso até a supor que ele deve ter conversando com mulheres trans, já que o livro possui uma personagem chamada Margot que é a peça-chave para Rosalvo entender que sua filha sempre foi uma mulher, e é a partir de uma conversa entre os dois que o homem enterra de vez o nome morto da filha e se refere a ela apenas no feminino. Um toque muito bonito que pode parecer meio desconfortável para quem é trans, mas que se revela como necessário ao longo da história. Rosalvo por si só conseguia segurar o livro. É através dele que conhecemos Margot e sua esposa Elza, que se transforma em uma cristã fervorosa na metade do livro. É nessa parte que Rosalvo descobre que o pastor da sua igreja tem uma raiva pulsante contra mulheres trans e travestis. Uma raiva que não combina com um homem de fé. Isso faz com que Rosalvo pegue o pastor no flagra fazendo sexo com uma travesti e ligando um ponto ao outro, descobre que o mesmo foi o responsável pela morte da sua filha. Isso não chega a ser explicitamente dito, mas há indícios claros, e Rosalvo não teme em eliminar um transfóbico da face da terra, sendo um aliado da comunidade, ele mete a faca no homem e escapa do crime, o que me deixou feliz... Até que veio o fechamento da história dele. Rosalvo comete suicídio e toda a história dele me pareceu vazia nesse ponto. Parece que o autor estava com medo em dar um final feliz ao personagem, julgando que seria mais realista que ele se suicidasse após cumprir sua missão. Rosalvo, porém, tinha construído uma nova vida no Rio de Janeiro e parece que nada disso importou no momento em que o livro decide matá-lo. O que me fez ir do amor ao ódio rapidamente, deixando um gosto amargo no finzinho da refeição. Um gosto que apesar de ruim, não elimina o sabor do livro como um todo. Como eu disse, ele é muito bem escrito e mesmo tendo seus defeitos, é um livro que eu recomendaria. Afinal, todo mundo um dia vai sentir a ausência de um amor como Inácio, Baby e César, ou a ausência de um propósito como Selma ou até mesmo a ausência de alguém que já se foi, assim como Rosalvo sentiu. Todos eles gostariam que alguém estivesse ali por eles, e em alguns casos foram felizes, em outros não. A vida é assim. Cheia de momentos felizes e tristes, mas uma rotina no fim das contas E por capturar tão bem esse sentimento que Gostaria Que Você Estivesse Aqui é um livro que merece ser lido. Porque a arte pode ser certa ou errada, mas não pode ser chata. E esse livro aqui é tudo, menos chato. ESTRELAS: 3,5 / 5