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Gêneros musicais

Funk
A discriminação do funk em escala mundial é um fenômeno complexo e multifacetado. O
funk é um gênero musical originado no Brasil, especialmente nas comunidades
periféricas, e tem uma forte influência da cultura afro-brasileira. No entanto,
apesar de sua popularidade e impacto cultural, o funk enfrenta estigmatização e
discriminação em muitos lugares ao redor do mundo. Uma das principais razões para a
discriminação do funk é a associação negativa com a violência, sexualidade
explícita e letras consideradas ofensivas. Essa percepção negativa é reforçada pela
mídia e por estereótipos sociais, que muitas vezes retratam o funk como um gênero
vulgar e de baixo valor artístico. Essa visão estigmatizada do funk contribui para
a marginalização e exclusão do gênero em diversos contextos, estando relacionado a
questões de classe social e desigualdade.
O funk é frequentemente associado às comunidades periféricas e de baixa renda, o
que leva a uma marginalização ainda maior do gênero, podendo também ser entendida
como uma discriminação em razão do racismo estrutural. O funk tem suas raízes na
cultura afro-brasileira e é uma expressão artística que reflete as experiências e
lutas das comunidades negras. A marginalização do funk pode ser vista como parte de
um sistema mais amplo de opressão e desvalorização da cultura negra.
Apesar dos desafios enfrentados, o funk também tem conquistado espaço e
reconhecimento em alguns lugares ao redor do mundo. Artistas e movimentos culturais
têm trabalhado para combater a discriminação e promover a valorização do funk como
uma forma de expressão artística legítima e importante. Um exemplo é a Anita e a
popularidade em escala global que ela atingiu ao longo de sua carreira.
Sertanejo
O sertanejo é um gênero musical popular no Brasil, que tem suas raízes na música
caipira e na cultura rural do país. Ele se desenvolveu ao longo do século XX,
passando por diversas transformações e se tornando um dos estilos mais populares e
lucrativos da indústria musical brasileira.
O sertanejo tradicional, também conhecido como música caipira, surgiu no interior
do Brasil, especialmente nas regiões rurais de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Ele
era caracterizado por letras que retratavam a vida no campo, o amor, a saudade e as
tradições culturais do interior. Os instrumentos típicos do sertanejo tradicional
incluem a viola caipira, a sanfona e a viola de cocho. Ao longo das décadas, o
sertanejo passou por diversas transformações e influências, incorporando elementos
do pop, rock e música eletrônica. O sertanejo universitário, surgido nos anos 2000,
foi um marco importante nessa evolução. Ele trouxe uma sonoridade mais moderna e
jovem, com letras que abordavam temas como festas, relacionamentos e a vida
universitária.
O sucesso do sertanejo no Brasil é evidente pelo grande número de artistas e duplas
sertanejas que alcançaram fama e sucesso comercial. Nomes como Chitãozinho &
Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano, Jorge & Mateus, Marília Mendonça e Gusttavo Lima
são apenas alguns exemplos de artistas que se destacaram no cenário sertanejo. O
sertanejo também se tornou um fenômeno de público, com shows lotados e festivais
dedicados exclusivamente ao gênero.
Além disso, a indústria do sertanejo movimenta uma grande quantidade de dinheiro,
com contratos publicitários, vendas de discos, streaming e shows ao vivo. No
entanto, o sertanejo também enfrenta críticas e controvérsias. Alguns argumentam
que o gênero se tornou comercial demais, perdendo sua autenticidade e valor
artístico. Além disso, há debates sobre a representação de certos estereótipos de
gênero e a falta de diversidade dentro do gênero.
Samba
O samba é um gênero musical brasileiro que surgiu no final do século XIX,
especialmente na região do Rio de Janeiro. Ele tem suas raízes na cultura afro-
brasileira, sendo influenciado por ritmos africanos, como o batuque, e pela música
europeia, como a polca e a modinha.
O samba se tornou extremamente popular no Brasil ao longo do século XX, sendo
reconhecido como um dos gêneros musicais mais representativos do país. Ele é
conhecido por sua batida contagiante, letras poéticas e danças animadas. O samba é
frequentemente associado ao carnaval, sendo uma parte essencial das festividades e
desfiles. A popularidade do samba se deve, em grande parte, à sua capacidade de
expressar as experiências e emoções do povo brasileiro. Suas letras abordam temas
como amor, saudade, alegria, tristeza e críticas sociais, refletindo as vivências e
lutas das comunidades negras e periféricas.
O samba é uma forma de resistência cultural e uma expressão de identidade. No
entanto, apesar de sua popularidade, o samba também enfrentou e ainda enfrenta
marginalização e discriminação. Durante muitos anos, o samba foi considerado um
gênero musical marginalizado, associado à pobreza, criminalidade e estigmatizado
como música de "malandro". Essa visão estigmatizada do samba reflete o racismo
estrutural e a desvalorização da cultura negra no Brasil. A marginalização do samba
também pode ser observada na falta de reconhecimento e apoio institucional. Durante
muito tempo, o samba foi excluído dos espaços culturais e das mídias mainstream,
sendo relegado a guetos e comunidades periféricas. A falta de investimento e apoio
governamental também dificultou o desenvolvimento e a preservação do samba como
patrimônio cultural.
No entanto, ao longo dos anos, o samba tem conquistado cada vez mais espaço e
reconhecimento. Artistas e movimentos culturais têm trabalhado para combater a
marginalização do samba, promovendo sua valorização e preservação. O samba tem sido
reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil e tem ganhado visibilidade
em festivais, shows e na mídia.
Eletrônica
A música eletrônica é um gênero musical que utiliza instrumentos eletrônicos, como
sintetizadores, samplers e computadores, para criar e manipular sons. Ela se
desenvolveu a partir do século XX, com o avanço da tecnologia e a introdução de
novos equipamentos musicais. Uma das principais características da música
eletrônica é o uso de batidas eletrônicas, que são criadas através de
sequenciadores e programas de produção musical.
Além das batidas eletrônicas, a música eletrônica também é conhecida por suas
texturas sonoras complexas e experimentais. Os artistas de música eletrônica têm a
liberdade de criar e manipular sons de maneiras inovadoras, utilizando efeitos de
áudio, filtros, modulações e outros recursos tecnológicos para criar paisagens
sonoras únicas.
Outra característica importante da música eletrônica é a sua capacidade de se
adaptar e incorporar elementos de outros gêneros musicais. Ela pode ser combinada
com estilos como o pop, rock, hip-hop, jazz e música clássica, resultando em uma
variedade de subgêneros e estilos dentro da música eletrônica, como techno, house,
trance, drum and bass, dubstep, entre outros. A música eletrônica também é
frequentemente associada a uma cultura de festas e clubes noturnos, onde os DJs e
produtores musicais têm um papel central.
Um exemplo de festival que engloba pessoas de diferentes culturas e nacionalidades
e o Tomorrow Land. Com ele, a gente percebe essa transcendência de barreiras que a
música faz e a conexão entre pessoas de diferentes partes do mundo que a música
proporciona.
Exemplo de Dj’s brasileiros reconhecidos internacionalmente: Alok, Vintage Culture
e KVSH
Rap
O rap é um gênero musical que surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e se
espalhou pelo mundo, incluindo o Brasil. No Brasil, o rap ganhou popularidade na
década de 1980 e se tornou uma forma de expressão artística e cultural para muitos
jovens, especialmente nas periferias das grandes cidades.
O rap brasileiro tem suas próprias características e particularidades, refletindo
as vivências e realidades do país. As letras do rap abordam temas como desigualdade
social, violência, racismo, discriminação, política e a vida nas periferias. O rap
é uma forma de dar voz às comunidades marginalizadas e de denunciar as injustiças
sociais. Além da música, o rap também é uma forma de cultura e movimento social. Os
artistas de rap muitas vezes se envolvem em atividades comunitárias, como projetos
sociais, debates políticos e ações de conscientização.
Por ser um gênero musical que aborda questões sociais e políticas, o rap muitas
vezes foi visto como uma forma de música marginalizada e perigosa. Os artistas de
rap foram estigmatizados como "vagabundos", "bandidos" e suas letras foram
censuradas e proibidas em alguns casos. No entanto, ao longo do tempo, o rap tem
conquistado cada vez mais espaço e reconhecimento na cultura brasileira. Os
artistas de rap têm ganhado visibilidade e sucesso comercial, e o gênero tem sido
reconhecido como uma forma de expressão artística legítima e importante. A
discriminalização do rap é uma luta constante, buscando garantir o direito à
liberdade de expressão e o reconhecimento do rap como uma forma de arte e cultura.
Ritmos nordestinos
Não há como pensar em música brasileira sem pensar nos ritmos nordestinos. Do samba
ao funk, do rock ao pop, todos os gêneros sofreram algum tipo de influência da
música nordestina.
Não só com a inclusão de sonoridades, tempos musicais ou batidas, instrumentos
característicos das canções feitas no Nordeste, como também transcenderam o espaço
geográfico e ajudaram a moldar outros estilos executados em nosso país. Um dos
exemplos mais clássicos é a chegada da sanfona a música sertaneja.
Ainda que o instrumento não tenha origem no Brasil (foi trazido para a América com
os colonizadores europeus), ele foi mais absorvido em gêneros tocados nos estados
nordestinos. A entrada pela região está intimamente ligada com os soldados que
participaram da Guerra do Paraguai.
Quando o assunto é a música do Nordeste, existem alguns ritmos que são mais
propagados nos estados da região. Podemos citar alguns deles a seguir.
• Baião: ritmo que utiliza viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce, acordeão
e rabeca.
• Forró: tocado em bandas com três integrantes, contendo uma sanfona, um zabumba e
um triângulo, mistura um pouco de xote, baião e outras variantes.
• Frevo: bem característico de Pernambuco, é uma fusão de quadrilha, maxixe e
galope, tocada por uma orquestra de fanfarra (com instrumentos de sopro, percussão,
trombone, tuba, trompete e saxofone), geralmente acompanhada de bloco de
dançarinos.
• Maracatu: originário de um ritual religioso africano, envolve tambores, alfaias,
taróis, ganzás, abês e agogô — todos instrumentos de origem africana.
• Xaxado: fruto do sertão nordestino, o ritmo diz mais respeito à dança do que o
uso de instrumentos, já que a sonoridade tem mais ligação com os sons feitos pelas
sandálias acompanhados de versos cantados, que geralmente proferem insultos aos
inimigos ou enaltecem façanhas.
A música nordestina tem nomes incontestes como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro,
Mestre Salustiano, Dominguinhos, Quinteto Armorial e Dona Militana. Mas como a
música é um elemento orgânico e mutável, outros tantos artistas com características
oriundas das regiões que nasceram influenciaram nossa música, como Elba Ramalho,
Belchior e Dorival Caymmi.

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