Resumo - 09-10 BIOQUIMICA

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CESPU

Resumo BioQuímica I
Exame BioQuímica – 13 de Janeiro

Patrícia Cardoso
02-12-2009

Resumo feito com base nos acetatos da Professora e Pesquisas na Internet.


Índice
Hemoglobina e Mioglobina..........................................................................................................4
Hemoglobina............................................................................................................................4
Mioglobina...............................................................................................................................4
Semelhanças entre a Mioglobina e Hemoglobina...............................................................4
Heme........................................................................................................................................5
Efeito de Bohr..........................................................................................................................5
Papel do 2,3 – Bifosfoglicerato (2,3 – BPG)..............................................................................5
Alterações funcionais da Hemoglobina....................................................................................5
Propriedades da Água..................................................................................................................6
Ácidos e Bases..........................................................................................................................7
Proteínas......................................................................................................................................8
Níveis de organização celular...................................................................................................9
Aminoácidos...............................................................................................................................10
Colagénio...................................................................................................................................10
Formação da Fibra de Colagénio............................................................................................10
Enzimas......................................................................................................................................10
Complexo enzima-substrato...................................................................................................11
A cinética enzimática..............................................................................................................12
Inibição Enzimática.................................................................................................................14
Enzimas Alostéricas............................................................................................................15
Regulação da Actividade Enzimática......................................................................................16
Lípidos........................................................................................................................................16
Polaridade (ligação polar e apolar).........................................................................................17
Ácidos Gordos........................................................................................................................17
Acilgliceróis (Glicéridos).........................................................................................................17
Hidrólise.............................................................................................................................17
Fosfolípidos............................................................................................................................18
Glicolípidos.............................................................................................................................19
Classificação e função dos lípidos:......................................................................................19
Membranas................................................................................................................................19
Transporte de Membrana......................................................................................................21

2
Mobilidade dos lípidos...........................................................................................................22
Membrana dos Eritrócitos......................................................................................................22
Glícidos.......................................................................................................................................22
Funções..................................................................................................................................22
Glicoproteínas....................................................................................................................24
Lipopolissacarídeos................................................................................................................24
Vitaminas...................................................................................................................................24
Vitaminas Hidrossolúveis.......................................................................................................25
Vitaminas hidrossolúveis geradoras de energia.................................................................25
Vitaminas Hidrossolúveis Hematopoiéticas........................................................................26
Outras vitaminas hidrossolúveis.........................................................................................27
Análise de Proteínas...................................................................................................................29
Cromatografia........................................................................................................................29
TLC..........................................................................................................................................31
Cromatografia em coluna...................................................................................................31
Cromatografia Troca Iónica................................................................................................31
Eletroforese em gel................................................................................................................32
Como Funciona...................................................................................................................32
Tipos de eletroforese.........................................................................................................32
Metabolismo Oxidativo – Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória.................................................33
Perguntas da Aulas.....................................................................................................................35

3
Hemoglobina e Mioglobina

A hemoglobina e a mioglobina são ambas proteínas transportadoras de Oxigénio e


ambas possuem porfirinas no seu grupo prostético. As suas diferenças caem sobre as suas
localizações:

Hemoglobina
Localiza-se nas hemácias(eritrócitos) e transporta oxigénio na corrente sanguínea, bem
como o CO2, H+ e NO. A hemoglobina é constituída por 4 cadeias polipeptídicas (2 e 2). O
oxigénio entra por difusão (+ para -). A hemoglobina F tem uma maior afinidade com o O 2 do
que a hemoglobina A por isso a hemoglobina F fica saturada mais rapidamente do que a
hemoglobina A. Comparativamente com a mioglobina, a hemoglobina tem mais facilidade em
libertar O2, para além disso a afinidade da hemoglobina com o O 2 diminui com a acidez
(aumento da [H+]) ou aumento da CO2.
A hemoglobina pode-se encontrar em duas estruturas quaternárias distintas:
Estrutura Quaternária Tensa (T) – quando existem ligações salinas entre as
subunidades que diminuem a afinidade de ligação ao oxigénio.
Estrutura Quaternária Relaxada (R) – diminuição de ligações salinas entre as
subunidades, o que aumenta a afinidade de ligação ao oxigénio.
A oxigenação da cadeia provoca a alteração da conformação T para R.

Mioglobina
A mioglobina encontra-se no núcleo das células do músculo e tem como função o
armazenamento de O2 e o seu transporte para a mitocôndria. A mioglobina é uma proteína
ligeiramente mais pequena que a hemoglobina e tem uma estrutura compacta com alto
conteúdo de  hélice é formada por uma cadeia polipeptídica única que adquire uma forma
compacta enrolada predominantemente em -hélice. A mioglobina tem uma afinidade muito
grande com o O2 e só o dispensa quando a pressão é muito baixa (por exemplo em situações
de exercício físico muito intenso).
A ligação do O2 à mioglobina não varia de acordo com a alteração do pH ou da
concentração de CO2.

Semelhanças entre a Mioglobina e Hemoglobina


o Possuem cor devido ao grupo heme
o No exterior possuem aminoácidos polares
o No interior possuem aminoácidos apolares (excepto histidinas distal e
proximal)

4
Heme
O grupo heme é constituído por uma parte orgânica e por um átomo de ferro. A parte
orgânica, protoporfirina, é constituída por 4 anéis pirrólicos. Os quatro pirróis estão ligados por
pontes de metano, para formar um anel tetrapirrólico.
O ferro pode ser:
Fe2+ (Ferro-Hemoglobina) – o O2 liga-se ao grupo heme
Fe3+ (Ferri-Hemoglobina) – o O2 não se consegue ligar ao grupo heme

Curva Sigmóide - mostra os graus de saturação de oxigénio quando mioglobina e


hemoglobina estão no sangue venoso e arterial.

Efeito de Bohr

A afinidade da hemoglobina pelo oxigénio depende de pH, a acidez estimula a


liberação de oxigénio assim diminuindo a afinidade. O aumento da concentração de dióxido de
carbono (CO2) também baixa a afinidade por oxigénio. A presença de níveis mais altos de CO2
e protões (H+) nos capilares de tecidos em metabolismo activo promove a liberação de O2 da
hemoglobina, o efeito recíproco ocorre nos capilares dos alvéolos do pulmão, alta
concentração de O2 libera CO2 e H+ da hemoglobina. Essas relações são conhecidas como efeito
de Bohr.

Papel do 2,3 – Bifosfoglicerato (2,3 – BPG)


O 2,3 – BPG é produzido nos eritrócitos e encontra-se nos glóbulos vermelhos a uma
concentração semelhante à da hemoglobina, a sua presença diminui a afinidade da
hemoglobina para o O2. A concentração de 2,3 – BPG aumenta com a adaptação a situações
de hipoxia (Exemplo: anemia, altas altitudes, disfunção pulmunar)

Alterações funcionais da Hemoglobina


O exterior é alterado e o centro é activo. Alterações:

Na anemia falciforme existe uma anormalidade a nível da hemoglobina: a hemoglobina


S (com duas cadeias  normais e duas  mutadas):

Hb A (hemoglobina normal) – 6ª posição da cadeia  tem ácido glutâmico

Hb S(hemoglobina S) – 6ª posição da cadeia  tem valina


A substituição ocorrida na hemoglobina S altera a solubilidade da hemoglobina
provocando o aparecimento de precipitados fibrosos resultantes da polimerização de
desoxihemoglobinas S que deformam a hemácia (forma de foice) e levam à sua destruição –
origem da anemia.

5
Propriedades da Água
Todos os organismos vivos na terra são totalmente dependentes da água, é o solvente
ubíquo nas células. A água:

É um excelente solvente de compostos polares e iónicos


Permite a ocorrência de reacções metabólicas
Participa em reacções ácido base
Está implicada nas funções das proteínas e dos Ácidos Nucleicos
É responsável pela estrutura das proteínas, ácidos nucleicos e membranas.

A água tem uma estrutura molecular simples em que o ângulo O-H tem
aproximadamente 104,5⁰. A distribuição electrónica é
desigual. A água permite a formação de ligações de
hidrogénio a partir de um H parcialmente positivo de uma
molécula mais o O parcialmente negativo de outra
molécula pois estas duas moléculas vão estabelecer entre
si uma interacção dipolo-dipolo (ligação de hidrogénio).

Estas ligações de hidrogénio são as principais


responsáveis pelas propriedades da água uma vez que a
simetria da molécula da água lhe permite a formação de 4
ligações de H (sendo que na fase líquida cada molécula
liga aproximadamente 3,4 moléculas), com a diminuição
da temperatura, diminui também a mobilidade das
moléculas e estas passam a constituir um cristal em que a sua densidade pode aumentar até
aos 4⁰ e abaixo dessa temperatura a densidade diminui.

O calor de vaporização e fusão da água são elevados – é necessário quebrar 3 ligações


de Hidrogénio para que uma molécula passe à fase
gasosa.
Como são
As ligações de hidrogénio são de grande necessárias Como grandessão
importância nos sistemas biológicos. necessáriasde calor para
quantidades grandes
a
quantidades de calor
modificação do estado físico para
da a
Devido à polaridade e capacidade de formar modificação
água, do estado
quando esta físico
faz parte deda
água, quando esta faz parte
essede
ligações de hidrogénio, a água interage com solutos algum composto,
algum ficacomposto,
composto menos sujeitoessea
polares, diminuindo as interacções de hidrogénio e composto fica menos sujeito a
flutuações térmicas.
electrostáticas entre moléculas e átomos do soluto. Por flutuações térmicas.
sua vez, os compostos iónicos são solúveis em água
porque a atracção dos iões positivos e negativos pela água é maior do que a atraccão entre si.

Moléculas não polares (como os hidrocarbonetos) são insolúveis em água porque a


atracção entre as moléculas de água é mais forte do que com o hidrocarboneto – moléculas
hidrofóbicas. Assim, as moléculas apolares permanecem juntas e circundam-nas – Efeito
hidrofóbico.

Todas as soluções aquosas – incluindo as intracelulares e aquelas que rodeiam as


células – contém H+ e iões OH- que são produtos da dissociação da água.
6
Na água pura [H+] = [OH-] = 10-7 M

A concentração de H+ na água é expressa como pH sendo que:

[H+] = [OH-], pH=7.0 → Sol. Neutra


[H+] > [OH-], pH<7.0 → Sol. Ácida
[H+] < [OH-], pH>7.0 → Sol. Básica

A maior parte das moléculas bioquímicas altera a sua estrutura quando o pH é alterado
(sendo que as células vivas estão limitadas a determinados limites de pH), sabemos que a
escala do pH é logaritmica e que as células necessitam de um pH estável – normalmente 7.4

Ácidos e Bases
Segundo a definição de Bronsted –Lowry:

Ácido – um dado de protões (H+)


Base – um aceitador de protões

Uma reacção ácido-base envolve sempre um par conjugado ácido-base.


Ácidos fortes dissociam-se completamente
Ácidos fracos dissociam-se parcialmente (em sol. Aquosa)
A dissociação da H2O, neste caso a água comporta-se como um aceitador de protões de H +,
é representada pela seguinte reacção:

A tendência de um ácido se dissociar é representada pela seguinte equação:

Os iões de hidrogénio são libertados pelos ácidos e captados pelas bases. Sendo que:

Quando um ácido é adicionado a uma solução, a [H+] aumenta e a


concentração de [OH-] diminui;
Quando uma base é adicionada a uma solução, [H+] diminui e a concentração
de [OH-] aumenta;
O grau de libertação de H+ pelo ácido ou a captação de H+ pela base depende
do pH.

A equação de Henderson-Hasselbalch relaciona o pH e o pKa de um sistema de ácido

base:

7
O pKa de um ácido é igual ao pH no qual metade das moléculas estão dissociadas e
metade não estão dissociadas. É possível calcular o grau de dissociação se forem conhecidos o
pH e o pKa. Assim, o pK é o valor de pH necessário para permitir 50%
de dissociação de uma subastância. (A redução de H + leva ao
aumento da dissociação das substâncias. As substâncias que têm pK
mais baixos dissociam-se primeiro).

→ Curvas de titulação de ácidos fracos

Soluções tampão – soluções que contém uma mistura de ácido e


base conjugada e que resistem a variações de pH após a adição de
pequenas quantidades de ácido ou base.

A capacidade tampão de uma solução é uma medida da capacidade


de resistir a variações do pH e é máxima quando a [HA] = [A -]
quando pH=pK. O efeito tampão faz-se sentir para valores de pH
compreendidos entre pKa + 1 e pKa -1.

As células possuem um reservatório de ácidos e bases fracas, sistemas tampão, os


quais asseguram que o pH das células se mantenha relativamente constante. O ponto
isoeléctrico (pI) corresponde ao valor de pH para o qual a carga efectiva da molécula é nula.

Algumas reacções são dependentes da concentração de H+ livres, é o caso de:

Actividade das enzimas


Permeabilidade da membrana plasmática
Transporte activo de substâncias concentradas selectivamente na célula

Proteínas
As proteínas são polímeros lineares construídos a partir de 20 aminoácidos
diferentes que são codificados pelo DNA do genoma humano. Existe uma grande diversidade
de tamanhos de proteínas. A massa das proteínas de cadeia única varia tipicamente entre os
10-50kdal, no entanto conhecem-se proteínas com 350 dal e outras com massa superior a
1000 kdal.

Principais funções das proteínas:

Catálise enzimática – a maioria das enzimas são proteínas

Transporte e armazenamento – de pequenas moléculas e iões

Elementos estruturais do citoesqueleto – ex.: actina e miosina

Elementos estruturais da pele e do osso – ex.: colagénio

Imunidade – o sistema imune de defesa é constituído por proteínas tais como os


anticorpos

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Regulação hormonal – algumas hormonas são proteínas; os receptores celulares que
reconhecem hormonas e neurotransmissores são proteínas.

Controlo da expressão génica

A uma determinada função biológica corresponde uma determinada forma estrutural


de uma proteína específica. Nos humanos os estados de doença estão muitas vezes
relacionados com a alteração da função de uma proteína devido a anomalias da estrutura das
proteínas (ex.: anemia falciforme)

Níveis de organização celular

Estrutura Primária – Sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica

Estrutura Secundária – Disposição de cadeias polipeptídicas num plano. Normalmente


consistem numa -hélice que tem as seguintes características:
o Espiralamento da cadeia polipeptídica ao longo de um eixo
o 3.6 resíduos de aminoácidos por volta
o Os grupos R orientam-se perpendicularmente ao eixo da hélice
o Permite a formação de maior número de pontes de hidrogénio intracatenares.
Ou então numa estrutura  (ou folha ou pregueada)
o Cadeias polipeptídicas distendidas (zig-zag)
o Formação de pontes de hidrogénio entre cadeias polipeptídicas colocadas lado
a lado
o Os grupos R situam-se acima e abaixo dos planos em zig-zag

Estrutura Terciária – Estrutura tridimensional da proteína

Estrutura Quaternária – associação de cadeias polipeptídicas que formam proteínas

Existem diversas doenças neurológicas que resultam de uma conformação alterada,


por exemplo, os prions (estruturas proteicas infecciosas que se propagam através da
conversão de proteínas normais do hospedeiro do msmo tipo) são responsáveis pelas doenças
designadas encefalopatias espongiformes transmissíveis. Também a doença de Alzeimer
ocorre através da alteração da conformação da proteína endógena, -amiloide, formam-se
feixes neurofibrilares contendo a proteína -amilóide.

A desnaturação de proteínas leva ao desaparecimento da estrutura nativa e a perda de


actividade biológica.

Aminoácidos
São parte integrante das proteínas, participam na transmissão nervosa, na síntese de
porfirinas e pirimidinas. Os -aminoácidos ou aminoácidos comuns diferem na propriedade
do grupo R:

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o Tamanho
o Carga
o Reactividade química
o Possibilidade de formação de ligações de Hidrogénio

Colagénio
O colágénio é uma proteína fibrosa presente em todos os organismos multicelulares,
forma fibras insolúveis (com grande força tensil) incrustadas na substância basal. O colagénio
é a proteína mais abundante do organismo humano (pele; ossos; tendões; cartilagens; vasos
sanguíneos e dentes) e é formado nos fibroblastos (tec. Conjuntivo e tendões), nos
osteoblastos (osso), nos condroblastos (cartilagíneo) e odontoblastos (dente).

A unidade estrutural do colagénio é o tropocolagénio:


o 285 KDa
o 3 cadeias polipeptídicas de tamanho semelhante

O aquecimento provoca a perda de forma (diminui a viscosidade) e a destruição da


hélice.
Para que seja possível a estabilidade do glicogénio, existe a glicina. O interior da
cadeia de tripla hélice do colagénio é um local exíguo, no qual apenas a glicina consegue
permanecer.

Formação da Fibra de Colagénio


1. Síntese de procolagénio (dentro da célula – no ribossoma)
2. Hidroxilização
3. Associação das 3 cadeias através das pontes de dissulfureto
4. A molécula de procolagénio é incorporada numa vesícula
5. Secreção
6. Procolagénio é libertado para fora da célula
7. Propéptidos (colagénio) são removidos através dos péptidos

Enzimas
Na sua maioria são proteínas estabilizadas na catálise de reacções biológicas.
Possuem o centro funcional – local activo – onde os substratos são transformados em
produtos. As enzimas são dotadas de:

Grande poder catalítico - As enzimas podem acelerar reacções por um factor de pelo
menos 1 milhão de vezes, a maioria das reacções nos sistemas biológicos não ocorre na
ausência de enzimas

Especificidade – as enzimas são muito específicas, tanto na reacção que catalizam


como no substrato que escolhem. Uma enzima estabiliza normalmente um único tipo de

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reacção química ou uma série de reacções relacionadas. A especificidade para o substrato
pode ser absoluta.

Capacidade de regulação – a actividade das enzimas pode ser regulada.

Para que uma reacção enzimática ocorra é necessário que:

o Os substratos colidam
o A colisão ocorra na orientação correcta
o Os reagentes possuam energia suficiente (energia de activação)

As enzimas aumentam a probabilidade de


uma orientação correcta dos reagentes e baixam a
energia de activação das reacções. A diferença de A energia de activação é assim a
energia entre reagentes e produtos não é, contudo, diferença entre as energias do
alterada, essa diferença de energia determina no
estado fundamental dos reagentes
e do estado de transição.
entanto o ponto de equilíbrio da reacção. As enzimas
são catalisadoras pelo que não alteram as constantes
de equilíbrio das reacções!

As enzimas aceleram as reacções reduzindo a energia do estado de transição, a


formação do complexo enzima-substrato diminui assim, a energia de activação de uma
reacção – ao diminuir a energia de activação aumenta a velocidade da reacção.

Complexo enzima-substrato
A ligação do substrato à enzima ocorre num local específico – local activo, que contém
resíduos que participam directamente no processo catalítico. Os substratos ligam-se às
enzimas por meio de múltiplas interacções fracas do tipo não covalente:

o Ligações de Hidrogénio
o Forças de Van der Waals
o Interacções hidrofóbicas
o Ligações electroestáticas

A ligação do substrato é muito selectiva e é daí que vem a especificidade catalítica de


muitas enzimas, a actividade de algumas enzimas é também regulada neste passo. Para uma
dada enzima, a taxa de reacção aumenta com o aumento de substrato até atingir a velocidade
máxima por ocupação dos centros activos da enzima. Os locais activos são encaixes que
excluem a ligação de moléculas de água e tem carácter essencialmente polar. Existem dois
modelos de interacção que definem a ligação do substrato à enzima:

o Mecanismo “chave-fechadura”

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o Mecanismo de “encaixe induzido” (induced fit)

A cinética enzimática
É o estudo da velocidade das reacções catalisadas por enzimas, entre os factores que
podem afectar a velocidade de uma reacção catalisada por uma enzima são:

o Temperatura
o pH
o Concentração de Substrato
o Concentração de Enzima
o Presença de Activadores/Inibidores

Uma reacção enzimática pode ser esquematizada por:


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A cinética de Michaelis-menten:

A velocidade dessa reacção é


Quanto menor o Km maior a
expressa pela seguinte
afinidade da enzima para o
equação: substrato, já que é menor a
concentração de substrato para
atingir a velocidade máxima

As parâmetros Km e Vmax caracterizam uma reacção enzimática:

Km – Traduz a afinidade da enzima com o substrato

Vmax – traduz a eficiência catalítica da enzima

O pH afecta as taxas das reacções enzimáticas, este efeito resulta de tanto os


substratos como as enzimas possuírem grupos funcionais ácidos ou básicos, cujo estado de
ionização depende do pH. Este efeito é dependente da enzima.

13
A taxa de uma reacção enzimática aumenta com a temperatura, reacções muito
rápidas são independentes da temperatura e reacções lentas são dependentes da
temperatura. Os valores de Km e Vmax são obtidos a partir de representações gráficas lineares
da equação de Michaelis-Menten.

Equação e Gráfico de Linweaver-Burk

Inibição Enzimática
É um importante mecanismo de controlo em sistemas biológicos, pode ser:

Reversível – quando o inibidor se dissocia rapidamente do complexo Enzima-Inibidor

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Competitiva – os inibidores competitivos competem com o substrato para a
ligação ao lugar activo. Muitos inibidores assemelham-se ao substrato, por isso
a inibição pode ser invertida por aumento da [Substrato].

Não competitiva – Os inibidores não competitivos ligam à enzima num local


diferente do local activo. A enzima liga simultaneamente o substrato ao
inibidor. A inibição não pode ser revertida por aumento da [substrato].

Acompetitiva ou Mista – Os inibidores acompetitivos ligam apenas aos


complexos enzima-substrato, formando o complexo inactivo ESI.

Irreversível – quando o inibidor se dissocia lentamente do complexo Enzima-Inibidor.

Enzimas Alostéricas
São formadas por várias subunidades, a activação da enzima é possível por interacção
alostérica através da ligação cooperativa de moléculas reguladoras ou centros efectores – que
ligam a locais diferentes dos centros catalíticos. A ligação do substrato a um centro activo
afecta as propriedades de outros centros activos na mesma enzima – ligação cooperativa. As
enzimas alostéricas não obedecem a cinética de
Michaelis-Menten, no entanto a sua actividade
enzimática é alterada após a ligação à enzima de
um activador ou de um inibidor.

15
A adição de um activador baixa o Km aumentando a actividade a uma determinada [S].

A adição de um inibidor aumenta o Km, diminuindo a actividade a uma dada [S].

Regulação da Actividade Enzimática


Na regulação alostérica a enzima que cataliza o 1º passo de uma via biossintética é
normalmente inibida pelo último produto dessa via. É uma regulação reversível que ocorre por
ligação do produto (inibidor alostérico) a um local regulador diferente do local activo. A
regulação pode ainda ser exercida por proteínas reguladoras.

Na modificação covalente reversível é também um mecanismo de regulação


enzimática:

o A fosforilação de resíduos específicos regula a actividade enzimática


o É efectuada por enzimas específicas
o É revertida por hidrólise

Na clivagem proteolítica algumas enzimas são sintetizadas na forma de precursores


inactivos, proenzimas ou zimogénios, que são posteriormente activados no local e altura
apropriados (ex.: enzimas digestivas)

16
Lípidos
Os lípidos são um grupo heterogéneo de substâncias insolúveis em água e solúveis em
solventes orgânicos. Tem como funções a reserva energética, são componentes estruturais das
membranas, protecção e regulação hormonal.

Polaridade (ligação polar e apolar)


Ex.: C-H (lig. Covalente apolar)

C-OH (lig. Covalente polar)

Moléculas Anfipáticas – São moléculas que não podem estar em contacto com a água.

Ácidos Gordos
São normalmente ácidos monocarbozílicos e contêm um número par de átomos de
carbono. Podem ser saturados ou conter uma ou mais ligações duplas (insaturadas), sendo que
a presença de dupla ligação possibilita uma configuração cis/trans. A configuração cis é a mais
comum, esta configuração induz uma curvatura na cadeia hidrocarbonada.

Os ácidos gordos insaturados possuem por isso pontos de fusão mais baixos do que os
saturados com um número idêntico de átomos de carbono.

Acilgliceróis (Glicéridos)

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Os triglicéridos são a forma de armazenamento de gordura no tecido adiposo. A
oxidação completa da gordura produz cerca de 38,9 Kj/g, enquanto que os carbohidratos
produzem cerca de 17,2 Kj/g.

Hidrólise
Enzimática – Esterases e Lipases

Química – Saponificação – reacção básica de saponificação com aquecimento que


pode ser representada pela seguinte equação:

Se for utilizada uma base composta por sódio (Na) o sabão formado será chamado de
sabão duro. Se no lugar de Sódio tiver Potássio (K) o sabão passará a ser chamado de sabão
mole.

Fosfolípidos

São moléculas anfipáticas, fazem parte do grupo fosfatidil (grupo que se liga ao substituinte
variável:

Fosfatidilcolina (Lecitinas) Os glicerofosfolípidos mais abundantes nas


membranas celulares das células
Fosfatidiletanolamina (Cefalinas)

Os fosfolípidos são constituintes das membranas e as associações lípido-


proteína são de grande importância para o funcionamento da proteína:

Na+/K+ ATPase – grande especificidade em relação aos grupos polares dos fosfolípidos.
Os acídicos (PI, PS e PG) são mais eficazes na sua actividade.

Lipofilina da mielina – liga-se preferencialmente aos fosfolípidos acídicos

Receptor de acetilcolina – PE, PS e colesterol

18
Solubilização do colesterol (bílis)
Outras:
o A função normal dos pulmões depende do fosfolípido

Glicolípidos
Possuem um ou mais resíduos de açúcar ligados ao grupo hidroxilo da esfingosina.
Estão relacionados com a especificidade do grupo sanguíneo e com a imunidade tecidual e
locais de reconhecimento célula com célula. Estão presentes em locais receptores da
acetilcolina e outros neurotransmissores.

Classificação e função dos lípidos:


 Ácidos gordos – fonte de energia, precursores de biossintese;
 Glicéridos (acligliceróis) – armazenamento, transporte e intermediários metabólicos;
 Fosfolípidos – componentes das membranas;
 Glicolípidos – componentes das membranas;
 Colesterol – componentes das membranas;
 Elcosanóides – moduladores da actividade fisiológica;
 Hormonas esteróides – moduladores da actividade fisiológica;

Membranas
São constituídas por lípidos, proteínas, fosfolípidos (glicerofosfolípidos e
esfingofosfolípidos), glicolípidos e colesterol.

Em cada tipo de célula a membrana tem uma composição específica com percentagens
variáveis de lípidos, proteínas e carbohidratos.

19
As membranas têm uma permeabilidade selectiva:

A natureza hidrofóbica da membrana torna-a impermeável ao transporte de


substâncias iónicas e polares. As proteínas da membrana regulam a passagem de substâncias
iónicas polares ligando os compostos polares ou formando um canal.
Devido à natureza anfipática dos fosfolípidos, estas moléculas associam-se espontaneamente
para formar bicamadas:
A disposição das proteínas na bicamada lipídica depende das relações de polaridade:
Proteínas Extrínsecas (ou periféricas) – ligam-se à superfície da membrana

Proteínas Intrínsecas
(ou integrais) – são
proteínas anfipáticas
que atravessam
a membrana

Tanto os lípidos como as proteínas distribuem-se de forma assimétrica na membrana


(os dois folhetos possuem diferentes componentes e diferentes actividades enzimáticas).

As membranas estão envolvidas:

Nos processos de transporte de moléculas de iões para dentro e fora


das células e organelos.

20
Na ligação de hormonas e outras biomoléculas.

Transporte de Membrana

Transporte Passivo – não necessita de energia

Difusão simples – As moléculas movem-se através da membrana a favor do gradiente


de concentração

Difusão facilitada – As moléculas movem-se através de proteínas que formam canais


da membrana.

Transporte Activo – necessita de energia

Primário – energia proveniente do ATP (Ex.: Bomba sódio potássio)

Secundário – moléculas movem-se através das membranas utilizando a energia de


gradientes de concentração gerados pelo transporte activo primário

Mobilidade dos lípidos


Existem dois tipos de movimento dos fosfolípidos, lateral (Rápido) e o movimento
transversal (Flip-Flop) que consiste no movimento de uma monocamada para outra (Lento). O
aumento da percentagem de ácidos insaturados leva ao aumento da fluidez.

21
Membrana dos Eritrócitos
As duas proteínas integrais maioritárias dos eritrócitos são a glicoforina e a proteína do
canal aniónico. A glicoforina contém 131 AA e cerca de 60% de carbohidratos. Alguns
aligosacarídeos constituem os antigénios ABO do sangue e ajudam a classificar o sangue para
transfusões.

A proteína do canal aniónico possui duas subunidades idênticas de 929 aminoácidos e


desempenha um papel importante no transporte do CO 2 (HCO3-), este difunde através do canal
iónico trocando com o cloreto mantendo assim o potencial eléctrico.

As proteínas periféricas (espectrina, anquirina e banda 4) ajudam a preservar a forma


bicôncava destas células. Nenhuma molécula de hemoglobina se encontra a mais de 1um da
superfície da célula. Isto facilita a difusão do oxigénio.

Glícidos
São compostos do tipo aldeído ou acetona com vários grupos hidroxilo, constituem a
maioria da matéria orgânica terrestre.

Funções
Constituem a reserva energética, combustíveis e intermediários metabólicos.
Constituem o esqueleto estrutural do DNA e RNA
Constituem como polissacarídeos elementos estruturais da parede celular de
plantas e bactérias do exoesqueleto de artrópodes
Estão ligados a proteínas e lípidos, participam por exemplo no reconhecimento
celular.

Designados também por hidratos de carbono ou açúcares, os glícidos são compostos


orgânicos ternários, constituídos por carbono (C), oxigénio (O) e hidrogénio (H), de fórmula
geral Cn(H2O)n, onde n representa um número inteiro. São biomoléculas importantes, quer a
nível energético quer a nível estrutural, constituindo, juntamente com as gorduras (lípidos) e
as proteínas (prótidos), as substâncias essenciais para os organismos animais, incluindo o
homem.
Os glícidos são produzidos pelas plantas verdes a partir do dióxido de carbono e da água, à
custa da energia solar captada pela clorofila. Enquanto as plantas constroem os glícidos, os
animais, pelo contrário, efectuam a sua degradação para obter energia.

De acordo com a sua complexidade, os glícidos podem ser agrupados em três tipos principais:
os monossacarídeos, os oligossacarídeos e os polissacarídeos:

Os glícidos mais simples são os monossacarídeos (oses) [1 unidade polihidroxialdeído ou


polihidroxiacetona], a D- Glicose é o monossacarídeo mais abundante. É o principal
combustível para a maior parte dos organismos. Contêm uma função aldeído ou cetona e

22
vários grupos hidroxilo. Consoante o numero de carbonos designa-se por trioses (3 carbonos),
tetroses (4 carbonos) etc.

Dissacarídeo – 2 unidade monossacarídica;

Oligossacarídeo – 2-20 unidades monossacarídica

Polissacarídeos – mais de 20 unidades monossacarídicas


Homopolissacarídeos – constituídos por um único tipo de monossacarídeo ou
derivado
Estruturais: paredes celulares, espaços intercelulares e tecido
conjuntivo. (Celulose; Quitina)
De reserva: Glicogénio e derivados de amido.
Heteropolissacarídeos – constituído por mais do que um tipo de
monossacarídeo ou derivado

Se o monossacarídeo contém 1 carbono assimétrico, assume duas configurações


possíveis: isómero D e isómero L (isómeros ópticos). Para açúcares com mais do que um
carbono assimétrico, as simbologias D e L referem-se ao carbono assimétrico mais afastado da
função redutora. As oses mais comuns são as da série D.
Os derivados importantes dos monossacarídeos são:

Osaminas – um ou mais grupos –OH são substituídos por grupos amina, muitas vezes
acetilados.

Desoxioses – um grupo –OH substituídos por H

Ácidos Urónicos – oxidação de um grupo álcool primário; glicurono-conjugados que são


importantes na excreção de produtor de degradação de hormonas esteróides e de
bilirrubina.

Polialcoois – redução da função aldeído ou cetona a ácool.

Os oligossacarídeos são glícidos hidrolisáveis que resultam da ligação glicosídica de dois, os


dissacarídeos (ex.: sacarose, maltose e lactose), a dez monossacarídeos.
A sacarose é um açúcar constituído por uma molécula de frutose e uma de glicose, presente
em muitas plantas, especialmente na cana-de-açúcar e na beterraba, sendo utilizada no nosso
dia-a-dia como vulgar açúcar; a maltose é constituída por duas moléculas de glicose e pode
obter-se pela hidrólise do amido; e a lactose, ou o açúcar do leite, é composta por uma
molécula de glicose e uma molécula de galactose.

Os polissacarídeos são glícidos constituídos por mais de dez monossacarídeos (ex.: amido,
glicogénio e celulose). O amido é um pó branco, insolúvel em água fria, que tem uma função
de reserva vegetal e que se encontra presente nas batatas e nos cereais. O glicogénio, tal
como o amido, tem funções de reserva e é armazenado no fígado.

23
Glicoproteínas
São proteínas que possuem glícidos associados covalentemente localizam-se das
membranas celulares, proteínas plasmáticas e nas secreções mucosas.

As glicoproteínas lubrificam e protegem mucosas, tem função de hormonas e


participam também como factores de coagulação. Além disso também aparcem em:

Centros de reconhecimento antigénio nas imunoglobulinas


Determinam o sistema antigénio (ABO) dos grupos sanguíneos
Centros receptores de hormonas à superfície das células
Inibem por contacto o crescimento celular
Glicoproteínas anticongelantes (peixes antárticos)

Lipopolissacarídeos
 Componentes principais da membrana externa das bactérias gram-negativas;
 São os objectivos principais dos anticorpos contra estas bactérias.
Exemplo: lipopolissocarídeo da membrana externa de Salmonella typhimurium

Vitaminas
São compostos orgânicos que não podem ser sintetizados pelos tecidos humanos
(excepto algumas que podem ser sintetizadas pelos microorganismos intestinais) mas que são
necessários ao normal crescimento e desenvolvimento devendo ser incluídos na dieta. Podem
ser classificadas da seguinte forma:

Hidrossolúveis – Vitaminas B, ácido fólico, niacina, ácido pantoténico, biotina e


vitamina C

Lipossolúveis – Vitaminas A, D, E e K

Podem ocorrer as seguintes deficiências na utilização de vitaminas:

Dieta com conteúdo vitamínico inadequado

Absorção deficiente
Obstrução biliar
Deficiência de Factor Intrínseco
Outras
Uso Inadequado
Falta de uma proteína transportadora
Deficiência na síntese do metabolismo activo
Necessidades aumentadas
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Crescimento
Gravidez
Lactação
Cicatrização de feridas e convalescença
Excreção aumentada
Mau funcionamento renal
Deficiência Induzida por Drogas
Terapia com antibióticos (perda de síntese microbiana)
Outros

Vitaminas Hidrossolúveis

Coenzimas – são vitaminas hidrossolúveis e seus derivados que funcionam como


factores de enzimas.

A toxicidade destas vitaminas é muito rara uma vez que são facilmente excretadas pela
urina. Estas vitaminas desempenham um papel central no metabolismo energético e os
sintomas típicos da carência destas vitaminas incluem:
Anemia
Problemas dermatológicos
Disfunções neurológicas

Vitaminas hidrossolúveis geradoras de energia


Tiamina (B1) – é a vitamina precursora da tiamina pirofosfato (TPP), formada no fígado
às custas de ATP. Em menor extensão, também é produzina no músculo, cérebro, coração e
reticulócitos. A sua deficiência leva a patologias como o BériBéri e síndrome de wernicke-
Korskoff.

Riboflavina (B2) – é convertida em FMN nas células da mucosa intestinal e depois em


FAD no fígado. É o precursor das coenzimas FAD e FMN requeridas por diversas enzimas
oxidativas e é necessária na manutenção das mucosas, tecido epitelial e ocular.

Ácido Nicotínico (B3) – a nicotinamida-adenina dinucleótido (NAD+) e o seu fosfato


(NADP+) são sintetizados a partir de ácido nicotínico, nicotinamida ou triptofano. A Niacina é
um factor essencial na biossíntese das coenzimas NAD+/NADP+ envolvidas em reacções de
oxidação-redução biológicas. A sua defeciência pode causar pelagra.

Piridoxina (B6) – as suas formas não fosforiladas são convertidas em ésteres de fosfato
no cérebro, fígado e rins às custas de ATP. A vitamina é armazenada no cérebro, fígado e
músculo. Cerca de metade da vitamina encontra-se ligada à fosforilase do glicogénio do
músculo. Serve como cofactor para muitas enzimas que usam aminoácidos como substrato
nomeadamente as transaminases. O PLP encontra-se na fosforlase do glicogénio onde parece
actuar como catalisador ácido-base geral na conversão de glicogénio a glicose 1-P.

Biotina – é sintetizada por microorganismos intestinais e actua como coenzima em


reacções de carboxilação, nas quais transporta o dióxido de carbono. A sua deficiência leva a
sintomas como a dermatite seborreic, anorexia, náuseas e dores musculares. Pode ser causada
pelo tratamento com antibióticos que inibem o crescimento de bactérias intestinais. A avidina,
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proteína presente na clara de ovo, impede a absorção, podendo causar deficiência da vitamina
em caso de ingestão de quantidades anormalmente grandes (20 claras de ovo por dia)

Ácido Pantoténico (B5) – é precursos na síntese de Coenzima A (CoA) e da proteína


transportadora de acilo (ACP). É necessário para o metabolismo de todas as gorduras,
proteínas e glícidos via ciclo de Krebs.

Vitaminas Hidrossolúveis Hematopoiéticas


Ácido Fólico – o folano nos alimentos encontra-se principalmente na forma de
poliglutamato. Os resíduos de glutamato são cortados por uma enzima da célula da mucosa
intestinal. O ácido fólico livre reduz-se então tetrahidrofolato. A deficiência de ácido fólico leva
a inibição da síntese de DNA o pode originar ou retardamento da maturação dos eritrócitos
originando eritrócitos “macrocíticos” anormalmente grandes e com membranas (Anemia
Hemolítica) ou a detenção das células em fase S e alteração “megaloblástica” característica no
tamanho e forma dos núcleos das células em divisão rápida (Megaloblastose da medula óssea).
A sua deficiência leva a:

Necessidades aumentadas durante a gravidez


À medida que aumenta o número de células em divisão rápida aumenta
também a necessidade de ácido fólico
Existem diversos fármacos que interferem directamente com o metabolismo
do folato (p.ex os anticonvulsivos e os contraceptivos orais

Cobalamina (B12) – é absorvida na forma de complexo com o factor intrínseco, uma


glicoproteína formada na mucosa gástrica. É convertida para uma forma metabolicamente
activa no fígado, células da medula ósse e reticulócitos. O derivado metilo da B12 é necessário
para a conversão de homocisteína em metionina e o derivado 5-desoxiladenosil da B12 é
necessário para a reacção da metilmalonilCoA redutase-reacção chave no catabolismo de
aminoácidos ramificados. O papel da B12 na hematopoiese está relacionado com o
metabolismo do folato. A falta de metilcobalamina leva a uma deficiência no pool de
coenzimas de folato. A B12 também está envolvida na manutenção das bainhas de mielina e
células epiteliais. A sua deficiência pode levar a problemas hematopoiéticos e neurológicos,
anemia perniciosa. Nota: a longo termo, dietas vegetarianas restritas podem levar à
defeciência de B12.

Outras vitaminas hidrossolúveis

Ácido Ascórbico (Vitamina C) – necessária para:

Hidroxilação de resíduos de prolina e lisina durante a biossíntese do colegénio


Síntese de adrenalina e noradrenalina.
Agente protector das células contra lesões provocadas pelos radicais livres,
funcionamento como antioxidante.
Ajuda na absorção de Ferro

A sua deficiência pode levar ao aparecimento de doenças como o escorbuto, facilidade de


feridas e petéquias devido à fragilidade capilar; diminuição da capacidade de curar feridas,

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osteoporose, hemorragias e anemia; diversos fármacos interferem com a vitamina C assim
como situações de stress podem levar a uma diminuição rápida dos níveis séricos de vitamina
C.

Vitamina A

As formas activas da vitamina A são o retinol, retinaldeído e ácido retinoico, estas


substâncias são sintetizadas pelas plantas na forma de carotenóides que são clivados pela
maioria dos animais originando retinol que é armazenado no fígado na forma de palmitato de
retinol. A vitamina relaciona-se com os seguintes compostos:

 O beta-caroteno funciona como antioxidante


 O retinil fosfato parece ser essencial para a síntese de certas glicoproteínas necessárias
para a regulação do crescimento normal e para a serceção mucosa
 Tanto o retinol como o ácido retinóico ligam-se a receptores citosólicos específicos e
ao nível do núcleo estes complexos afectam a expressão de proteínas relacionadas
com o crescimento e diferenciação celular. Actuam como hormonas esteróides.
 O retinal associa-se aos pigmentos visuais e participa na visão da seguinte forma:

 Na forma retinal a vitamina A forma complexos com a proteína opsina.


 A absorção de luz é acompanhada por alterações conformacionais na opsina e uma
alteração do isómero 11-cis do retinal para isómero all trans fracamente ligado à
opsina
 De qualquer maneira, a altera conformacional da opsina leva à geração de um
potencial de acção (impulso nervoso)

A defeciência de Vitamina A pode levar a defeitos na visão que vão desde a cegueira
nocturna, xeroftalmia e cegueira total. Pode também levar a queratinização anormal das
células das mucosas e falta de secreção mucosa. A deficiência em vitamina A pode também

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levar a uma maior ocorrência de infecções devido a queratinização das células das mucosas do
tracto respiratório, gastrointestinal e genirtourinário, formação de fissuras está também mais
facilitada o que permite a entrada de microorganismos

Vitamina D

Estimula a absorção intestinal de cálcio, activa os osteoclastos e a mineralização. Ajuda


na regulação dos níveis plasmáticos de Ca e Fósforo a partir:

da Parathormona (PTH)

Aumenta os níveis plasmáticos de Ca2+ estimulando a proliferação de


osteoclastos e a reabsorção óssea.
A nível das células dos túbulos renais inibem a reabsorção de fosfato e activam
a reabsorção do cálcio
Requer vitamina D para acção osteoclástica
A secreção aumenta em situações de hipocalcemia

Da Calcitonina (CT)

Diminui níveis plasmáticos de Ca2+ inibindo a acção osteoclástica embora não


estimulando o depósito de cálcio
A secreção aumenta em situações de hipercalcemia

Vitamina E

É um antioxidante de origem natural, neutraliza os radicais livres e facilita a respiração


celular, acumula-se nas lipoproteínas circulantes, membranas e depósitos de gordura. A sua
deficiência pode levar a esterilidade e fragilidade das membranas – principalmente sistema
nervoso e eritrócitos.

Vitamina K

Desempenha um papel importante na coagulação. A activação de diversos factores


depende da vitamina K. Existem diversos factores enzimáticos envolvidos na coagulação que
necessitam ligar-se ao Ca2+ para se activarem. Estas proenzimas ligam o Ca 2+ através de
resíduos de glutamato carboxilados. A vitamina K funciona como cofactor nas reacções de
carboxilação destes resíduos de glutamato. A deficiência de Vitamina K pode levar a problemas
hemorrágicos.

Análise de Proteínas

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Cromatografia

É uma técnica para separar misturas nos seus componentes de forma a analisar,
identificar, purificar e/ou quantificar a mistura ou componentes.

Cromatografia de Partição

Fase móvel
Fase estacionária

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Cromatografia em papel

Comatografia em camada fina

Ou TLC, do inglês thin-layer chromatography. É uma técnica de absorção, utiliza um


líquido e um sólido. Ocorre a retenção das substâncias devido a absorção sofrida na superfície
da fase estacionária. Utiliza-se uma placa de vidro ou metal como suporte e geralmente sílica
gel, alumina, terra diatomácea ou celulose como fase estacionária.

Exemplificando: a mistura é aplicada na placa de vidro coberta com sílica (fase


estacionária), a placa de vidro é colocada em um cuba contendo a fase móvel. Esta fase móvel
(solvente) sobe por capilaridade e arrasta a substância menos absorvida separando-a das
substâncias mais absorvidas.

Como a maioria das substâncias separadas são incolores, utiliza-se um revelador. As


manchas podem ser reveladas por meio de luz UV, vapores de iodo, soluções de cloreto férrico
e tiocianoferrato de potássio, fluorescências, radioactividade, etc.

TLC

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Cromatografia em coluna
É a técnica de separação cuja
fase estacionária acontece dentro de um
tubo. Utiliza-se uma coluna de vidro
aberta na parte superior e munida de
uma torneira na extremidade inferior,
por onde sai o líquido (eluído). Dentro da
coluna encontra-se a fase estacionária
constituída por um enchimento sólido no
caso da cromatografia de absorção, ou
por uma fase líquida no caso da
cromatografia de partição. A fase móvel
é líquida em ambos os casos. A ordem
das substâncias dependerá da sua
polaridade.

Cromatografia Troca Iónica


Consiste na troca de catiões e aniões. A carga efectiva da proteína depende da sua
composição em aminoácidos e do pH do meio. Existe um valor de pH característico para o qual
a proteína não possui carga total efectiva:

Nº de cargas Negativas = Nº de cargas Positivas

Este valor é designado o Ponto Isoeléctrico (pI). A pH superior ao seu pI, a proteína
possui carga negativa e a pH inferior, carga negativa.

Ex.: A albumina é uma proteína sérica de peso molecular 66 241 Da, sendo o seu pI 4,7.
A hemoglobina é uma proteína de peso molecular 64 500 Da. Existem dois tipos de
hemoglobina (Hb):

A Hb A1 cujo pI é de 6.9, em percentagem muito menos (2,5%) a Hb A2


cujo pI é 7.42

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Eletroforese em gel

Eletroforese em gel é uma técnica de separação de moléculas que envolve a migração


de partículas em um determinado gel durante a aplicação de uma diferença de potencial. As
moléculas são separadas de acordo com o seu tamanho, pois as de menor massa irão migrar
mais rapidamente que as de maior massa. Em alguns casos, o formato da moléculas também
influi, pois algumas terão maior facilidade para migrar pelo gel.

A eletroforese normalmente é utilizada para separar proteínas e moléculas de DNA e RNA.

Como Funciona
Cada molécula de proteína se liga a um grande número de moléculas do detergente dodecil
sulfato de sódio (SDS) carregado negativamente, que supera a carga intrínseca da proteína e
faz com que ela migre em direção ao eletrodo positivo, quando uma voltagem é aplicada. As
proteínas do mesmo tamanho tendem a migrar através do gel com velocidades similares, pois
sua estrutura nativa será completamente desdobrada pelo SDS, de maneira que suas formas
são as mesmas, e elas se liguem a uma mesma quantidade de SDS tendo, portanto, a mesma
quantidade de cargas negativas. As proteínas maiores, com mais carga, são submetidas a
forças elétricas maiores e também a um retardamento maior. Livres e solução, os dois efeitos
seriam anulados, mas nas malhas do gel poliacrilamida, que age como uma peneira molecular,
as proteínas maiores são retardadas muito mais do que as menores. Como resultado, uma
mistura complexa de proteínas é fracionada em uma série de diferentes bandas de proteínas
arranjadas de acordo com sua massa molecular. As proteínas majoritárias são facilmente
detectadas corando-se as proteínas do gel com um corante como o azul Coomassie, e mesmo
as proteínas menos abundantes são visualizadas em géis tratados com coloração de prata ou
ouro (com o qual pequenas quantidades, como 10 ng de proteína, podem ser detectadas em
uma banda).

Tipos de electroforese

Electroforese em gel de agarose Nesse caso, a agarose é utilizada como gel para a eletroforese.
A agarose é um polissacarídeo, e forma uma rede que segura as moléculas durante a migração.
Dependendo da concentração de agarose, têm-se uma diferença no gradiente de separação.
Para preparar um gel de agarose, simplesmente faz-se a mistura entre o pó de agarose e
solução tampão (TBE). Após fundir, coloca-se brometo de etidio, que fará o DNA ou RNA
"brilhar" quando exposto ao UV. Quando a mistura esfriar o gel estará duro. Esse
endurecimento é feito em um local apropriado, o mesmo local onde será feita a corrida da
amostra. Um detalhe importante é a colocação do pente no gel durante o endurecimento. O
pente cria poços que serão utilizados para a colocação das amostras. Podemos ver este
processo como uma corrida. Cada um é colocado numa pista e na presença de uma corrente
electrica vai deixando o seu rasto. São estes rastos que vamos comparar.

Eletroforese em gel de poliacrilamida A poliacrilamida também pode ser utilizada com gel para
a eletroforese. A poliacrilamida é uma mistura de dois polímeros, acrilamida e bisacrilamida. A

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acrilamida é uma molécula linear, enquanto que a bisacrilamida é em forma de "T".
Misturando essas duas moléculas, temos a formação de uma "rede". Diferentes relações entre
as concentrações dessa moléculas permitem a criação de diferentes gradientes de separação.
Para preparar um gel de poliacrilamida, deve-se misturar as duas substâncias formadoras nas
concentrações desejadas, coloca-las em um suporte de vidro, e adicionar Temed e S208, que
atuam como catalizadores da polimerização.

Eletroforese desnaturante Normalmente feita em gel de agarose, inclui um agente


desnaturante (normalmente uréia), o que ajuda a tornar a separação melhor entre moléculas
que apresentam diferenciação em suas estruturas secundárias.

Eletrofrese capilar Funciona como a eletroforese normal, porém o gel e a amostra estão
dentro de um capilar, e a amostra é detectada automaticamente por um detector. Isso
possibilita a automação do processo. Essa é a eletroforese atualmente utilizada em
sequenciadores de DNA

Metabolismo Oxidativo – Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória


Uma das fontes mais importantes de AcetilCoA é o piruvato:

Piruvato + NAD+ + CaA → AcetilCoA + CO2 + NADH + H+

Devido ao valor negativo da variação de energia livre, esta reacção é essencialmente


irrevessível, ou seja, o piruvato origina AcetilCoA mas a AcetilCoA não origina piruvato. Esta
operação ocorre porque, para entrar no ciclo de krebs, o piruvato tem de ser convertido em
AcetilCoA (descarboxilação oxidativa – catalisada pelo complexo enzimático piruvato
desidrogenase. O complexo piruvato desidrogenase é composto por três enzimas que
efectuam:

Descarboxilação de piruvato a acetaldeído (TPP, Mg2+)


Oxidação do acetaldeído (ácido lipóico)
Transferência do grupo acetilo para a CoA gerando AcetilCoA
Reoxidação do ácido lipóico pelo FAD e NAD+

A descarboxilação oxidativa do piruvato a AcetilCoA é a etapa central do metabolismo


de todos os organismos aeróbicos, já que é o elo de ligação glicólise-ciclo de Krebs e produz
AcetilCoA o composto de partida para a síntese de lípidos. Ocorre na matriz mitocondrial, o
que reforça a eficácia do acoplamento entre a oxidação da AcetilCoA e a produção de ATP.

A compartimentação dos processos metabólicos é uma das estratégias de regulação:

Mitocôndria – ciclo de Krebs, fosforilação oxidativa, oxidação dos ácidos gordos,


degradação de aminoácidos.

Citosol – Glicólise, via das pentoses fosfato, biossíntese de ácidos gordos, muitas
reacções de gluconeogénese.

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Retículo Endoplasmático Liso – biossíntese de lípidos e esteróides.

O ciclo de Krebs é uma via:

- anfibólica onde ocorre a


oxidação de AcetilCoA e o
catabolismo de Aminoácidos

- anabólica onde ocorre


formação de percursores para a
síntese de aminoácidos; o
oxaloacteato é utilizado para a
síntese de glicose; formação de
citrato para a síntese de ácidos
gordos; succinilCoA usada para a
síntese de porfirinas.

A regulação do ciclo de Krebs


ocorre ao nível das reacções
irriversíveis tais como a citrato
sintetase; isocitrato desidrogenase e
-cetoglutarato desidrigenase e
exteriormente ao ciclo ocorre ainda
a regulação ao nível da piruvato
desidrogenase.

O ciclo de Krebs permite a oxidação completa da glicose e constitui o cruzamento do


metabolismo dos glícidos, lípidos e proteínas. Permite a oxidação da glicose, dos ácidos gordos
– cuja oxidação gera AcetilCoA e aminoácidos cujo catabolismo se converse em Piruvato.

A respiração ocorre na membrana interna da mitocôndria que contem os


transportadores de electrões. É um processo gerador de ATP em que os electrões passam de
um dador para um aceitador de electrões com maior potencial de redução. A transferência de
electrões processa-se por etapas sucessivas através de uma série de transportadores de
electrões – NADH; FADH; FMN; Proteínas de Ferro e Enxofre; Ubiquinona; Citocromos.
Exceptuando a ubiquinona, os transportadores de electrões são grupos prostéticos de
proteínas e organizam-se na forma de complexos.

Complexo I – NADH desidrogenase (DNAH > Ubiquinona)

Complexo II – Succinato Desidrogenase ( Seccinato > Ubiquinona)

Complexo III – ubiquinona-citocromo c oxiredutase (Ubiquinona > citocromo C)

Complexo IV – Citocromo oxidase (redução de O2)

Os complexos I, II e IV bombeiam protões

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Os complexos II não bombeiam protões

Perguntas da Aulas

1- qual das seguintes condições causa um aumento da síntese da síntese de triglicéridos?


A- aumento da razão insulina/glucagon
B- diminuição da razão insulina/glucagon
C- jejum
D- nenhuma das anteriores

2- a principal reserva de energia metabólica disponível durante o jejum prolongadoé:


A- glicogénio do musculo
B- glicogénio do fígado
C- proteínas do musculo esquelético
D- trigliceridos do tecido adiposo

3 – as tecnologias de manipulação do DNA incluem as seguintes excepto:

A-PCR
B- sequenciaçao de DNA
C- western blotting
D- northen blotting

4- a tecnica do pcr permite:

A- detectar doenças virais


B- detectar doenças bacterianas
C- amplificar amostras de DNA
D tdas as anteriores

5- a electroforese das proteínas do plasma:

A- baseia-se apenas na carga das proteínas


B- permite separar e quantificar proteínas individuais
C- a banda corada mais intensa corresponde à albumina
D- tdas as anteriores

6- os erros envolvidos na obtenção da amostra para analise incluem:

A-colheita difícil
B- uso prolongado do garrote
C- tempo e armazenamento incorrecto

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D- tdas as anteriores

7- as reaçoes biológicas dos resultados incluem tdas as seguintes excepto:

A- idade
B- sexo
C- erros fortuuita
D- drogas

8- as seguintes doenças estão associadas a alterações do matabolismo do osso excepto:

A- osteomalacia
B- osteoporose
C- doença de paget
D- doença de Parkinson

9- qual o principal componente do osso:

A- fosfato e cálcio
B - colagenio
c- Hidroxiapatite
D- fluorapatico

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