Texto 10 - Contabilidade - Publica - 15 - A - Edi - Heilio - Ko
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P rimeiramente, devemos dizer que no exercício de sua função fundamental de promover o bem-comum, o Estado é a
organização política do poder. P ode-se definir, portanto, o Estado como a Nação politicamente organizada.10
Cabe neste ponto uma explicação mais detalhada sobre o Estado e aqui, especificamente, o Estado brasileiro.
2
O limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o poder de império sobre as pessoas e bens é o
conceito de território.11 Território pode também ser considerado como o âmbito de validez da ordenação jurídica chamada
Estado.12
A forma com a qual se exerce o poder político em função do território pode ser de Unidade, em que se configuraria o Estado
Unitário, ou, como no caso em que se divide por organizações governamentais regionais, em que estaríamos diante do Estado
Federal.
Administração Pública
O Brasil, consoante dispositivo inserido no primeiro artigo da Constituição, define-se como Estado Federal, através do
seguinte texto: “ A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a
dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político.”
Verifica-se pela expressão textual do artigo constitucional que a União constitui-se em pessoa de direito público interno,
autônoma em relação aos Estados, tendo por missão o exercício das prerrogativas da soberania do Estado brasileiro, pois
1 Conceito configura-se como entidade federal resultante da reunião dos Estados-membros, Municípios e do Distrito Federal.
Consequentemente, os Estados-membros são entidades federativas que compõem a União, dotados de autonomia e também
Administração P ública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação
se constituem em pessoas de direito público interno.
das necessidades coletivas.1
Em seguida, surgem dois tipos de pessoas de direito público, identificadas no Estado
Administrar é gerir os serviços públicos; significa não só prestar serviço, executá--lo, como também, dirigir, governar,
exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil.2 Federativo Brasileiro, que são o Distrito Federal e os Territórios.
Verifica-se a existência de uma íntima sintonia entre a Administração P ública e o Serviço P úblico, fazendo pressupor, clara O Distrito Federal é o local onde se acha instalada a Capital da República, que desde 21 de abril de 1960, em face da
e nitidamente, que a execução deste seja feita privativamente por aquela, quer diretamente, quer por delegação. Aliás, Jezé diz: reestruturação administrativa federal, está instalada na cidade de Brasília. Há algumas curiosidades sobre esta forma de entidade
“ O fim do Estado é organizar e fazer funcionar os serviços públicos”.3 Outrossim, supõe, igualmente, que a Administração de direito público, até certo ponto excepcional, por ser diferente em sua organização e funcionamento.
P ública executa o Serviço P úblico, porque considera indispensável à sociedade a sua existência e, consequentemente, o seu O Distrito Federal é administrado por um governador, eleito, portanto, em tese com organização de Estado; em sua
funcionamento.4 estruturação, é vedada a sua divisão em municípios, mas a sua parte legislativa é composta por atribuições reservadas aos
Depreende-se, por dedução, o princípio da obrigatoriedade do desempenho da atividade pública, em que a Administração Estados e Municípios, exercidas em câmaras legislativas, por deputados distritais.13
P ública sujeita-se ao dever de continuidade da prestação dos serviços públicos. Neste particular, mencionamos Celso Antonio
Os Territórios são limites espaciais, ou seja, divisões territoriais do território nacional, adstritos e subordinados à
Bandeira de Mello, quando descreve: “ O interesse público que à Administração incumbe zelar, encontra-se acima de quaisquer
administração da União. São administrados por um governador, nomeado pelo P residente da República.
outros e, para ela, tem o sentido de dever, de obrigação. É obrigada a desenvolver atividade contínua, compelida a perseguir
suas finalidades públicas.”5 “ Não dispondo os Territórios Federais de P oder ou Órgão Legislativo, nem desfrutando de autonomia político-
P elo exposto, fica claramente delineada e caracterizada a grande distinção existente entre a Administração P ública e a administrativa, portanto os seus governadores são agentes executivos da União, apresentam-se como verdadeiras
particular, que consiste, segundo o ilustre professor Hely Lopes Meirelles, no seguinte: “ Na Administração P ública não há autarquias territoriais, bem diferenciadas dos municípios e do Distrito Federal, que são entidades político-
liberdade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração P ública só administrativas com autonomia governamental e poder normativo próprio.”14
é permitido fazer o que a lei autoriza.”6
Verifica-se, pois, que é através do conjunto de órgãos, convencionalmente chamados Administração, que o Estado pratica a Os Territórios podem, ainda, ser divididos em Municípios, ficando a cargo do governador do Território a nomeação dos
gestão de atividades que lhe são próprias, por corresponderem a interesse público. seus prefeitos.
P or ser o Estado perpétuo, por natureza, todos os compromissos assumidos ou tratados assinados em seu nome perduram, Aparece ainda como peculiaridade nacional brasileira a figura dos municípios, que é uma entidade integrante da especial
mesmo que se altere sua forma de governo. Sobre a perpetuidade do Estado, P aul Leroy Beaulieu diz: “ O Estado é o forma de federação. Os Municípios (que são pessoas de direito público interno e administradas por prefeitos) são componentes
representante da perpetuidade social: ele deve velar para que as condições gerais da existência da nação não se deteriorem da União, mas, por se encontrarem dentro dos Estados, integram de forma singular o sistema federativo brasileiro, possuem
autonomia político-administrativa, fato que os distingue das demais federações, onde são divisões territoriais, meramente
jamais.”7
administrativas.15
P ode-se dizer, portanto, que o Estado não é o fim dos homens, mas um meio para proporcionar-lhes a satisfação de bem-
estar, mediante uma organização, propícia ao regime de liberdade, prosperidade e justiça, o que equivale dizer que “ o Estado é Resumindo, pode-se afirmar que a Organização P olítico-administrativa Brasileira é a de um Estado Federal e caracteriza-se
pela união indissolúvel dos Estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal, destacando-se, ainda, no sistema
uma sociedade (nação), politicamente organizada em um território e no uso de sua soberania”.8
brasileiro, a existência dos Territórios, não caracteristicamente entidades federativas, mas unidades político-
Concluindo, vamos apresentar a definição de Duez que, de uma forma objetiva, delineia-se como um resumo de tudo quanto
já foi exposto e se consubstancia no seguinte: “ Administração é a atividade funcional concreta do Estado que satisfaz as -administrativas, que integram a União, reconhecidas pela Constituição.
necessidades coletivas em forma direta, contínua e permanente, e com sujeição ao ordenamento jurídico vigente.”9
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1984.
2 MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1979.
3 JEZÉ, Gaston. Les príncipes generaux du droit administratif. Paris, 1926 “le but de l’État est d’organiser et de faire fonctionner dês services
publics”.
4 LIMA, Ruy Cirne. Organização administrativa e serviço público no direito administrativo brasileiro. Pareceres RDP.
5 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1981.
7 BEAULIEU, Paul Leroy. L’État moderne et ses fonctions. Paris, 1900: “L’État est le representant de la perpetuité sociale; il doit viller a ce que le
conditions générales d’existence de la nation ne se deteriorent pas.”
8 MATTOS FILHO, José Dalmo Belfort de. Apostila de Ciência da Administração, Faculdade Estudos Econômicos Liceu Coração Jesus – PUC,
1954.