Casos Clínicos Sanar
Casos Clínicos Sanar
Casos Clínicos Sanar
Identificação do paciente
Paciente do sexo masculino A.R.D., 8 anos, caucasiano, nascido e residente na cidade de São
Paulo. Atualmente cursando o Ensino Fundamental I, na primeira série.
Queixa Principal
Sua mãe (M.L.D.) buscou atendimento em ambulatório de psiquiatria relatando brigas constantes
do filho com o pai, que, segundo ela, se irritava com o comportamento e com as notas escolares
(exceto matemática) do menino, relatou que também acha que o garoto tenha “manias estranhas”
e sente que ele é “antissocial”.
M.L.D. diz que o menino demorou para começar as tentativas de fala (começou a vocalizar aos 2
anos), mas não teve muito atraso para engatinhar ou andar. Ainda disse que o filho nunca
gostava de visitas, além de se irritar facilmente quando as visitas tentavam interagir com ele.
Quando o garoto completou 3 anos, seu marido começou a levar o menino para área de lazer do
prédio, mas disse que o menino era “tímido demais” e não parecia ter afinidade com as outras
crianças, além de não compartilhar seus brinquedos.
Os avós, cansados de ouvir as histórias relatadas pelos pais, levaram o menino em um pediatra.
O médico fez o exame físico do garoto e pediu exames neurológicos. No retorno, disse que o
menino possuía atraso mental e seria importante acompanhar o caso. Os pais, ao ouvir o relato,
não se satisfizeram com o diagnóstico e decidiram não deixar os avós levarem o neto em
nenhuma consulta.
O casal contou essa história para uma amiga, que falou que seu filho também não gostava de
outras crianças por perto e não era muito independente e que eles não deveriam se preocupar
com a situação, que se resolveria quando o menino fosse mais velho. Então o casal achou que
não havia necessidade de procurar outra ajuda, até porque o menino, apesar de apresentar
atrasos de desenvolvimento, tinha conseguido “se virar” até o momento.
A mãe de A.R.D é dona de casa, caucasiana, nascida e residente em São Paulo, relata não ter
tempo para acompanhamento médico ou exames, porque tem uma vida muito corrida. Diz estar
muito preocupada com o filho e com as brigas familiares ficando mais constantes e, por conta
disso, está vivendo um momento de angústia, mas tem medo de contar para os familiares e estes
pensarem coisas ruins sobre ela.
O esposo (P.C.D.) trabalhava como caminhoneiro, mas por conta da pandemia, ficou
desempregado e atua como entregador de aplicativos; não consegue ficar muito tempo em casa,
mas sempre cobra muito do filho nas questões de escola, pois sonha que o garoto tenha uma
“vida melhor”. Ele acredita que A.R.D seja desatento e preguiçoso, porque na família dele
ninguém teve problemas na escola.
Além disso, a mãe disse que a família é bem caseira, principalmente porque o filho não
demostrava gostar de sair de casa ou fazer atividades ao ar livre; sua maior companhia é uma
amiga que mora na mesma rua que o casal reside. Os avós do menino visitavam mensalmente a
família, mas agora estão afastados devido ao episódio da consulta com o pediatra.
Exame físico
A.R.D. se mostra muito reservado e mesmo quando seu nome é citado durante a consulta, não
tenta se impor na conversa. Ao ser questionado, responde com poucas palavras e sem fazer
contato visual. Não demonstra alteração de fisionomia quando questionado sobre as brigas
familiares ou quando recebeu um beijo de sua mãe. Grande parte do tempo ficou passando a
mão no brinquedo que carregava consigo (a mãe diz ser um comportamento constante) e não se
interessou pelos brinquedos que estavam no consultório.
Suspeitas diagnósticas
• Deficiência intelectual
• Esquizofrenia
Diagnóstico diferencial
No caso apresentado, o garoto apresenta déficit nas habilidades de comunicação, com limitações
nas interações e pouca/nenhuma abertura social, desviando o olhar nos diálogos direcionados a
ele. Apresenta bons resultados escolares na disciplina de matemática, não apresenta marcha
alterada, não possui falta de foco e sim desinteresse em atividades que não são de sua escolha
ou não fazem parte de sua rotina. Não existe relato de delírios ou alucinações.
Discussão
Quando se fala em tratamento, deve-se pensar em diferentes esferas de atuação, visto que não
existe tratamento medicamentoso específico (caso haja de uso de fármacos são para tratar
sintomas associados ao transtorno – agressividade, insônia, sintomas obsessivos etc.). O quadro
do Transtorno do Espectro Autista deve integrar práticas que eduquem o paciente em vários
aspectos: social, alimentar, motor, fonético; ou seja, multidisciplinar. Sendo assim, é necessário a
integração de um psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.
Além disso, existem propostas como: aloterapia, musicoterapia, ludoterapia, oficinas terapêuticas,
equoterapia; que apresentam relevância em grande parte dos tratamentos, variando sua
efetividade conforme grau de autismo ou vivência do paciente.
O crescimento da produção científica brasileira dirigida à saúde mental corrobora para formulação
adequada de políticas públicas. Com isso, é interessante ressaltar que em 2007, o Ministério da
Saúde estabeleceu um grupo de trabalho para atenção aos autistas na rede do Sistema Único de
Saúde, mostrando a importância do tema.
Conclusão
Autores e revisores
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Referências
KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v.
28, supl. 1, p. s3-s11, maio 2006. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462006000500002&lng=pt&nrm=iso. acessos em 01 abr. 2021.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462006000500002
Ministério da Saúde. Autismo: orientação para os pais – Casa do Autista – Brasília, 2000.
FAVERO, Maria Ângela Bravo; SANTOS, Manoel Antônio dos. Autismo infantil e estresse familiar:
uma revisão sistemática da literatura. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 358-369,
Dec. 2005 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722005000300010&lng=en&nrm=iso. access on 01 Apr. 2021. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
79722005000300010.
COSTA, MARIA IONE FERREIRA DA; NUNESMAIA, HENRIQUE GIL DA SILVA. Diagnóstico
genético e clínico do autismo infantil. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 56, n. 1, p. 24-31, Mar.
1998 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
282X1998000100004&lng=en&nrm=iso. access on 01 Apr. 2021. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-
282X1998000100004.
TEIXEIRA, Maria Cristina Triguero Veloz et al . Literatura científica brasileira sobre transtornos do
espectro autista. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 5, p. 607-614, 2010 . Available
from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302010000500026&lng=en&nrm=iso. access on 01 Apr. 2021. DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302010000500026.
Caso Clínico: Transtornos alimentares | Ligas
Identificação do paciente
A.C.M., 17 anos, brasileira, estudante do ensino médio, branca, heterossexual, sem religião,
solteira.
Queixa principal
A paciente reclama que não consegue controlar a sua fome e acaba comendo mais do que o
normal, o que a faz se sentir mal depois.
A paciente apresenta início dos sintomas aos 15 anos de idade, evoluindo com sentimento de
impotência, e alega: “não consigo controlar minha vontade de comer/fome”; “como até sentir
preencher um vazio dentro de mim”. Relata que esse comportamento estaria levando a um
aumento de peso, se tornando um motivo de piada entre amigos e familiares, o que acaba
aumentando seus episódios de compulsão.
Não faz uso recorrente de nenhum medicamento. Alega ter sido orientada por seu psicólogo a
procurar ajuda médica, e que dietas com nutricionistas não foram eficazes.
Além do alegado, a respeito da zombaria de amigos e familiares, relata ter uma família “de bom
coração, que só quer seu bem”, por isso acentuam pontos relacionados à alimentação e ganho de
peso. Não possui doenças prévias, e no histórico familiar, não consta ninguém aparentado com
quadros compulsivos, ou doenças relevantes.
Nega uso de álcool, cigarros ou drogas de uso recreativo. Ao exame psicológico, apresenta
quadros de ansiedade. Antecedentes fisiológicos e patológicos sem alterações em saúde física.
Exame físico
Suspeitas diagnósticas
● Anorexia Nervosa
● Bulimia Nervosa
Diagnóstico
Tendo em vista que, apesar do desejo de atender a família, e controlar o peso, não existe uma
busca direta pela magreza, e, não existindo uso de métodos compensatórios para o aumento da
ingesta de alimentos e calorias, como dietas restritivas, jejum prolongado, uso de laxantes ou
vômito induzido, os diagnósticos de anorexia e bulimia são descaracterizados.
1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas) de uma
quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no
mesmo período sob circunstâncias semelhantes.
2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não
conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo).
B. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes
aspectos:
D. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por semana
durante três meses.
Especificar se:
Nesse sentido, pode-se afirmar que a paciente possui um Transtorno de Compulsão Alimentar,
pelo caso atender aos critérios descritos no DSM-V
Discussão do Caso
1. Pica: ingestão de substâncias não nutritivas ou não alimentares por determinado tempo;
2. Transtorno de ruminação: regurgitação repetida do alimento durante determinado tempo;
3. Transtorno alimentar restritivo / evitativo: restrição alimentar que não satisfaz as
necessidades energéticas;
4. Anorexia nervosa: persistente restrição calórica, medo de engordar e perturbação na
percepção do próprio peso;
5. Bulimia nervosa: compulsão alimentar, comportamentos que tentam impedir o ganho de
peso e autoavaliação influenciada pela forma e peso corporal.
6. Transtorno de compulsão alimentar: compulsão alimentar por pelo menos uma vez por
semana durante no mínimo três meses.
Conclusão
Autores e revisores:
Autor(a) : Iandy Tarecone de Souza Mateus @sagi.tari e Yanne Fernanda de Barros Rola
@yannefernanda
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Referências
Estudo de caso clínico: suspeita de Transtorno de Personalidade Borderline com queixa principal
de “tentativa de autoextermínio após abandono da irmã”.
Identificação do paciente
A paciente acompanhada da mãe refere tentativa de suicídio após decisão da irmã de se mudar
de casa, segundo a paciente a mudança se deve à relação entre as duas, e a irmã estaria a
abandonando. Afirmou ficar deprimida com frequência e não ser sua primeira tentativa ou ameaça
de suicídio. A mãe relata que a filha já tem episódios recorrentes de exagero na alimentação e
nas compras, gasta muito dinheiro com presentes para as pessoas próximas como forma de
compensar as brigas e ataques de raiva frequentes. A paciente relata ouvir vozes às vezes,
principalmente nos momentos que está brigando ou irritada, mas que segundo ela, depois não
escuta mais. A mãe afirma que a filha tem muita dificuldade em ter novas relações sociais.
Antecedentes Pessoais: Internada duas vezes por tentativa de suicídio. Nega alergias e cirurgias.
Antecedentes Familiares: Irmãos hígidos, avó tem transtorno depressivo, mãe é diabética e pai
hipertenso.
Histórico de Vida: fuma socialmente 1-2 maços por semana, afirma consumir álcool diariamente,
principalmente nos finais de semana.
Condição Socioeconômica e Cultural: vive com o pai, a mãe, o irmão mais novo e a irmã mais
velha em um apartamento de 4 quartos na cidade, onde possui acesso a saneamento básico e
rede de luz. Possui um relacionamento difícil com a família e amigos, briga constantemente com
os irmãos e amigos próximos.
Exame psíquico
Suspeitas diagnósticas
Farmacoterapia
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Referências
KAPLAN, HI. & SADOCK, B. Compêndio de Psiquiatria. 11ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas,
2017
Casos clínicos em psiquiatria / Toy, Klamen – 4. ed.. – Porto Alegre : AMGH, 2014
Caso Clínico: Transtorno de Personalidade Paranoide | Ligas
Uma mulher de 27 anos procura o psiquiatra devido a intensos e constantes conflitos com
familiares, amigos e colegas de trabalho. Ela alega que todos ao seu redor estão sempre
tentando enganá-la e prejudicá-la. Apresenta forte desconfiança sobre todos que a cercam e até
mesmo pelo próprio psiquiatra. Relata ser perseguida no trabalho e na sua própria casa por seus
pais e irmã.
Identificação
J. C. S., 26 anos, natural de São Paulo – SP , analista de sistema do banco do brasil, branca,
solteira, formada em ciência da computação.
Queixa Principal
Paciente relata que há 2 anos começou a ter dificuldades em suas relações pessoais que foram
se intensificando com o tempo. Afirma ter notado piora nos últimos 6 meses e que por isso
resolveu procurar o médico. Relata uma forte desconfiança por todos ao seu redor e afirma ser
perseguida no trabalho e em casa. Afirma ter se afastado da maioria de seus amigos pois os
mesmo não queriam ver o seu sucesso profissional e nem alavancar sua autoestima. Relata que
é perseguida no trabalho e que as pessoas ao seu redor fazem tudo para prejudica-la, atrasando
prazos de entrega e sendo pouco colaborativos nas tarefas coletivas. Em casa ela diz que é
sobrecarregada para ajudar em muitas tarefas sendo que é sempre criticada por seus pais e irmã.
Relata já ter sido encaminhada a outros psiquiatras por seu programa de assistência ao
empregado devido a constantes conflitos no trabalho e por pedido de sua família e amigos mas
que acredita que todos fazem isso por ter inveja de seu trabalho. Além disso, alega não confiar
nesses profissionais e achar que estão todos querendo chamá-la de “louca”.
Antecedentes pessoais, familiares e patológicos
Antecedentes fisiológicos
Nascida de parto natural, sem nenhuma intercorrência durante a sua gestação. Afirma ter feito
pré-natal e nega o uso de álcool ou substâncias ilícitas durante a sua gravidez, sendo que juliana
foi a primeira filha do casal de uma gravidez planejada e muito aguardada. Nascida a termo em
parto realizado no hospital. Começou a andar por volta de um ano e a falar por volta de um ano e
6 meses. Teve um bom desenvolvimento escolar e sempre obteve bons resultados em todas as
disciplinas. Menarca com com 12 anos e teve sua primeira relação sexual aos 16 anos. Relata ter
o ciclo menstrual regular e nega qualquer gestação até o momento.
Antecedentes patológicos
Relata ter tido catapora, caxumba e sarampo durante a infância. Faz uso de anticoncepcional.
Nega internações anteriores, cirurgias ou possíveis traumas ósseos. Nega alergias, transfusões
sanguíneas. Nega internações psiquiátricas pregressas. Nega tabagismo e uso de drogas e
afirma beber pouco em ocasiões especiais.
Antecedentes familiares
Nega doenças genéticas hereditárias, casos de câncer, infarto, hipertensão, diabetes, epilepsia,
anemias e tuberculose na família. Possui mãe, pai e irmã vivos.
Personalidade pré mórbida : Relata que até os 25 anos apresentava uma boa rede de amigos e
namorado. Sem oscilações de humor, sempre bem disposta e alegre.
Antecedentes sociais
No bairro em que mora há rede de esgoto, água encanada, energia, internet e uma boa rede de
apoio. Mora com seus pais e irmã em um apartamento de 4 quartos. Possui uma boa condição
financeira. Afirma ter uma ótima condição socioeconômica. Relata uma convivência difícil com
seus pais e irmãs pois os mesmo são muito críticos e constantemente a perseguem e fazem
acusações injustas. Não apresenta bom grau de sociabilidade, negando ter muitas atividades de
lazer ou atividades sociais. Possui Segundo grau completo e pós graduação em análise de
sistema. Trabalha como analista de sistema no Banco do Brasil.
Exame físico
Aparência: Apresenta modo de andar alerta, está com vestimenta formal com acessórios e
maquiagem. Boa higiene pessoal, cabelos arrumados.
Suspeita diagnóstica
Diagnóstico
Discussão do caso
O que é isso?
Qual o tratamento?
Conclusão
O diagnóstico diferencial deve ser feito com Esquizofrenia e Transtorno Delirante sendo que a
principal diferentes entre eles é o transtorno de personalidade paranoide é a presença de
ideações paranoides e delírios paranoides nos dois primeiros.
Autores e revisores
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Referências
Identificação do paciente
Queixa principal
Paciente apresentou início dos sintomas aos 13 anos, relatou crise nervosa, dispneia e sensação
constante de medo na realização das atividades normais, evoluindo com piora clínica aos 19 anos
ao apresentar fobia social e apatia. Atualmente refere intensificação dos sintomas, além de
irritabilidade, dificuldade de concentração, com impacto nas atividades laborais e uma sensação
eminente de morte (com duração média de 10 à 15 minutos) ao realizar atividades cotidianas,
como sair de casa.
Queixa-se de dores crônicas na cabeça, nos músculos intercostais, nos seios nasais e nas órbitas
oculares. Apresenta também um cansaço constante associado a falta de ar, tremor e sudorese
excessiva nos membros.
Já fez uso de fluoxetina, clomipramina e cloridrato de trazodona, sem eficácia clínica. Além disso,
já fizera tratamento com psicanalista clínico, durante o período de 15 meses, sem relato de
melhora. A família o descreve como impulsivo, com dificuldade de se relacionar e instável.
Sem relato de drogas ilícitas, cessou tabagismo aos 26 anos, carga tabágica de 8 maços-ano,
não faz uso de álcool e oscila entre dias de desânimo e quadros de compulsão por atividades
físicas e baixo consumo nutricional.
Exame físico
Suspeitas diagnósticas
• Depressão
• Transtorno de Ansiedade
• Transtorno de Pânico
Diagnóstico
Apesar de preencher critérios clínicos tanto para depressão maior como para transtorno de
ansiedade, é possível inferir que a sensação constante de medo, os relatos dores crônicas, a falta
de ar e a agorafobia estão associados a Síndrome do Pânico.
Para o diagnóstico o(s) ataque(s) deve ter sido seguido das seguintes características:
Além dessas características a perturbação não deve ser consequência dos efeitos de uma
substância (drogas de abuso e medicamentos) ou de outra condição médica (hipertireoidismo,
doenças cardiopulmonares).
Transtorno de Pânico.
De acordo com o DSM-V o Transtorno de Pânico está associado ao relato de 4 ou mais sintomas
dos 13 característicos, além de sintomas específicos de cada paciente, tais eventos devem estar
em conjunto com uma mudança comportamental em virtude do medo dos quadros de pânico e
não associados a outras patologias clínicas que causem a sintomatologia. Além disso, o TP pode
acontecer em conjunto com a agorafobia.
Apesar de serem transtorno de ocorrência crônica com oscilações, como relatado pelo paciente, o
tratamento continuado com a psicoterapia e o uso correto dos fármacos tende a uma melhora
significativa da qualidade de vida.
Conclusão
• O Transtorno de Pânico causa grande sofrimento devido ao contínuo convívio com o medo
levando o paciente a um distanciamento social exagerado.
• O tratamento multidisciplinar é indispensável para a tranquilização do paciente e para a
educação em saúde no que tange ao convívio com a ansiedade.
• Apesar da cronicidade, o tratamento para o Transtorno de Pânico ajuda a controlar os
sintomas e assim, melhora a qualidade de vida do paciente.
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Referências
AMADERA, G. D. Síndrome de Burnout foi reconhecida como uma doença pela OMS na CID-
11? KIAI.med.br, São Paulo, 15 jun. 2019. Disponível em: https://kiai.med.br/sindrome-de-
burnout-sintomas-tratamento-cid/#Origem-da-Sindrome-de-Burn-out%20. Acesso em 3 abr. 2021.
BARNHILL, J. W. Ataque e Transtorno de Pânico. Manual MSD, Nova Jérsei, jul 2018. Disponível
em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiquiátricos/ansiedade-e-
transtornos-relacionados-a-estressores/ataques-e-transtorno-de-pânico#v1025504_pt. Acesso
em: 03 abr. 2021.
MANFRO, G. G. Transtorno do Pânico. Rev. Psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p.
86-94, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082009000200002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 3 abr. 2021.
Caso clínico ambulatório de psiquiatria: Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) | Colunistas
Sua queixa principal é tremedeira na boca e nas extremidades além de insônia, há alguns
meses(paciente não lembra com clareza).
Antecedentes:
A paciente refere ter diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar, sente rotineiramente falta de
ânimo para realizar atividades diárias e atividades instrumentais, diz que esse quadro ocorre
desde sua infância e na época utilizava fenobarbital(Gardenal), o quadro só piorou na
adolescência, na qual ela teve diversas crises, precisando ser internada 10 vezes em hospitais
psiquiátricos, nessas crises ela costumava deixar de comer, deixar de tomar banho e deixar de ir
para escola, além de ficar agitada, nervosa, com insônia, logorreia (de acordo com a paciente
falando muito, além disso, costumava se despir durante as crises, e foi justamente devido a essas
crises que ela não conseguiu trabalhar mais, seu marido divorciou dela e seu filho não mora mais
na mesma casa.
Paciente refere já ter pensado, planejado e realizado uma tentativa de suicídio (essa tentativa
ocorreu durante a gravidez), refere que, na infância sofreu abandono materno, sendo criada por
familiares, e na adolescência/idade adulta viveu em situação de rua, onde foi abusada
sexualmente, refere também ter histórico positivo de transtorno afetivo bipolar na família,
atualmente usa os seguintes medicamentos:
Por fim, refere ser ex-tabagista e ter comorbidade prévia de hipertensão arterial sistêmica e
diabetes mellitus tipo 2.
Hipótese Diagnóstica:
Conduta:
A conduta tomada para essa paciente foi potencializar o estabilizador de humor, aumentando a
dose do ácido valpróico e diminuir a dose dos demais medicamentos, devido à polifarmácia, em
especial a remoção do haloperidol, antipsicótico, essa redução deve ser feita escalonadamente e
não de forma brusca, dessa forma as medicações em uso ficaram:
As receitas dos medicamentos foram renovadas e por fim exames foram solicitados, dentre eles:
Hemograma, VDRL, anti-HIV, TGO, TGP, Bilirrubina total e frações, uréia e creatinina,
sódio(Na+), potássio(K+), cálcio (Ca²+), Colesterol total e frações, triglicerídeos, e o retorno
agendado para 1 mês.
Atualmente estima-se que 2% da população mundial possui essa doença e a faixa etária de
prevalência é entre 10 e 40 anos, além disso, não existe nenhum estudo populacional robusto
que indique um maior acometimento em homens ou mulheres, a doença costuma se dividir
igualmente em ambos os sexos.
Ademais, o TAB tem forte fator genético, estima-se que pacientes com familiares de 1º grau
diagnosticados têm 10 vezes mais chances de também desenvolver a doença, outrossim,
pacientes que apresentam sintomatologia desde cedo (infância ou adolescência), pacientes com
histórico de uso de substâncias e pacientes com comorbidades psiquiátricas ou tendências
suicidas têm um prognóstico piorado.
O tipo I, caracterizado por episódio de mania grave seguido ou não por episódios depressivos
(podendo ocorrer o quadro recorrente, no caso episódios de mania distintos um do outro,
diferença de no mínimo 2 meses de um para o outro), nesses pacientes torna-se impossível o
diagnóstico da doença no período depressivo, pois o quadro clínico é mimético ao da depressão
maior.
O tipo II, se caracteriza pela presença, principalmente de episódios depressivos, podendo ocorrer
também episódios de hipomania, episódios maníacos são muito raros.
A ciclotimia, por sua vez, é o quadro bipolar por mais de 2 anos, aqui os sintomas alternam entre
depressão e hipomania (semelhante ao transtorno bipolar do tipo II).
Por sua vez, o episódio maníaco é o completo oposto, muitas vezes as pessoas em volta acham
até benéfico aquele estado, pois o paciente se torna ativo, eufórico, expansivo, tem aceleração de
pensamento, mania de grandiosidade, e algumas vezes são até disfóricos, são incansáveis,
gostam de atividades de alto risco (esportes radicais, jogos de azar) e podem até em quadros
mais graves apresentar alucinação ou delírio normalmente de natureza de grandiosidade, poder
ou religião.
É válido ressaltar também a hipomania, um quadro mais brando da mania (em temporalidade e
intensidade dos sintomas), normalmente não cursa com sintomas psicóticos como os quadros
maníacos, mas pode cursar com excesso de energia, insônia e comportamento
hiperssexualizado.
Diagnóstico
Tratamento
O tratamento de primeira linha é feito com o Lítio ou ácido valpróico, outras medicações usadas,
mas não tão recomendadas são, carbamazepina, topiramato e antipsicóticos, contudo essas
apresentam diversos outros efeitos colaterais e não trazem uma resposta tão gratificante (mesmo
que, no Brasil ainda os consideram primeira linha de tratamento).
Recomenda-se como tratamento de base a monoterapia com o lítio ou com o valproato, e com a
dose do remédio sendo otimizada, de forma individualizada, de acordo com a resposta
terapêutica de cada paciente.
Para episódios maníacos recomenda-se principalmente o lítio e para episódios depressivos e/ou
hipomaníacos o uso do ácido valpróico mostra melhor resultado.
Além disso, o paciente deve ser desencorajado a fazer uso de álcool, cigarro, cafeína e outras
drogas, licitas ou ilícitas e deve ser estimulado a praticar exercícios físicos regulares e ter
acompanhamento psicoterápico, de preferência, na modalidade TCC
Por fim, é possível notar as características da doença no caso clínico trazido acima, a paciente
tinha quadros depressivos e maníacos (nos quais, quando estava em crise precisava ser
internada). Atualmente, o TAB vem sendo tratado com estabilizadores de humor, no caso da
paciente o ácido valpróico, contudo é visível uma clara iatrogenia devido à quantidade de
medicações receitadas para ela, muitas dessas desnecessárias, inclusive sendo responsáveis
pela QPD da paciente.
Dessa forma, a necessidade de um ajuste terapêutico se mostrou necessário, esse deve ser feito
gradualmente com o desmame parcial das medicações para acabar com a polifarmácia.
Referências:
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
Caso Clínico: Balística Forense | Ligas
Identificação do paciente
Queixa principal
Corpo conduzido ao IML após ser encontrado em via pública ás 05:00 horas dessa manhã. Foi
encontrada lesão perfurocontusa em região frontal do crânio, apresentando forma circular com
bordas invertidas e com orla de escoriação, contusão e enxugo.
História Fisiológica e Social: usuário de drogas ilícitas, sem moradia fixa, com vasta ficha
policial.
Exame físico
• Cabeça: lesão perfurocontusa em região frontal do crânio, com forma circular, bordas
invertidas, orla de escoriação, contusão e enxugo. Não foi encontrado orifício de saída.
• Dorso e membros: apresenta tatuagem em dorso e panturrilha direita.
Fonte:
https://production.s3.amazonaws.com/slides/materiais_de_apoio/8852/f8c3d20628cb8e55c8dd8df
ec37d57620b329eb6.pdf
Suspeita diagnóstica
Lesão por PAF por disparo a curta distância, lesão por PAF por disparo a longa distância.
Exame complementar
Necropsia.
Diagnóstico
Devido as características da lesão, como ser perfurocontusa, com forma circular, bordas
invertidas, orla de escoriação e orla de enxugo (rotação do projétil e retirada de resíduos da
combustão), podemos ter certeza de que se trata de uma lesão por PAF (projétil de arma de fogo)
por disparo a distância.
Discussão do caso
Já que no caso supracitado foram reveladas as características de uma lesão por PAF por disparo
a distância, quais seriam as características do de curta distância?
As lesões por PAF no disparo de curta distância também vão apresentar os elementos já citados,
porém além deles irão também acarretar zona de chamuscamento (sinal deixado pela chama,
pele queimada), zona de esfumaçamento (sinal deixado pela pólvora que entrou em combustão –
falsa tatuagem) e/ou zona de tatuagem (sinal deixado pelo resíduo de pólvora).
Fonte: CROCE, Delton Junior. Manual de Medicina Legal. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.
345.
Conclusão
Com esse caso pode-se agregar o conhecimento básico sobre como diferenciar lesões por PAF
de curta e longa distância.
Revisores e orientadores
O texto acima é de total responsabilidade do(s) autor(es) e não representa a visão da sanar
sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de Ligas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo
produzido.
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Referências
CARDOSO, Leonardo Mendes. Noções de Balística, Lesões por PAF e Armas Brancas. In:
LEONARDO MENDES CARDOSO. Médico Legista – Preparatório para concurso. 2. ed.
Salvador: Sanar, 2020. Cap. 9. p. 365-375.
CROCE, Delton Junior. Manual de Medicina Legal. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 345.