L1 Gudin 72
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seminário de Física, não entenderia o que dissessem os físicos atualizado:; na ..
matéria. O quadro da Medicina e da Cirurgia dos primeiros anos do século,
com uma farmacopéia tão extensa quanto ridícula, uma cirurgia da mais
precária assepsia, sem laboratórios de análises nem radiografia, nem sulhs e ....
antibióticos, comparado com o estado atual da ciência, tornaria aquela fase
irreconhecível.
Assim também na Economia, se bem que em menor grau, pode-se dizer
que até os anos 30, da Grande Depressão e das idéias de Keynes, a Macro-
economia limitava-se ao estudo dos fenômenos monetários. Os problemas
do desenvolvimento econômico, do produto nacional bruto, do emprego ...
constituem uma nova linguagem que só começou a ser falada de 1940 em
diante.
1:: dentro desse quadro que se deve apreciar a história econômica e
financeira do Brasil, desde o princípio da República, e mesmo durant, o
Império, até os dias que correm.
O Império tomava a Inglaterra como modelo, não só no setor polít !co,
de regime parlamentar e de bipartidarismo, dentro da moral vitoriana, como
no setor econômico ao tempo em que o regime do padrão-ouro, (que hé_via
sido criado pela Lei Peel em 1844), limitava-se à Inglaterra.
Tentamos copiar o sistema inglês sem bem atentar para o fato de que
a conversibilidade inglesa só funcionava quando não era necessária, istC' é,
quando não havia pressão para troca de notas por ouro.
No regime inglês, qualquer emissão de notas deveria ser garantida
com 100% de ouro depositado no Departamento de Emissão, obrigandc-se
o banco a converter suas notas em ouro e à vista. A reserva do Departa-
mento Bancário do Banco da Inglaterra era constituída pelas notas emitidas
por aquele Departamento. Mas, a lei não previa a formidável expansão que '"
iam tomar o comércio e a indústria nem, portanto, a enormidade do lastro-
-ouro necessário para as notas a emitir a fim de atender ao volume das
transações.
Encontrou-se porém um meio simples de contornar a lei graça~ à
instituição do cheque. que já anteriormente vinha-se desenvolvendo. Os
pagamentos passavam a ser feitos por simples ordens de pagamento escritas
e sacadas pelos clientes dos bancos contra seus depósitos. O Ato de 1844
não continha qualquer limitação relativa aos cheques, meio de pagamento
muito mais cômodo do que as notas, a não ser para despesas miúdas. A.s
notas passaram assim a representar um papel cada vez menor no sistema -
monetário do país.
Era o regime da "pirâmide invertida", com uma base mínima de Ol.ro
sustentando um tronco de pirâmide muito maior de notas e, por cima deste,
...
outro, ainda maior, de moeda bancária.
Por três vezes, nas crises de 1847, 1857 e 1866, recorreu-se à suspensão ..
da Lei Peel sendo o banco autorizado a exceder o limite da emissão fidu-
ciária. Assim também ao deflagrar a I Guerra Mundial, em 1914, foi sus-
pensa a conversibilidade e feitas emissões de notas fiduciárias de J2 1 e de
10 shillings.
O que é curioso. e característico dos países anglo-saxônicos, é que a
legislação não foi alterada para atender esses casos de emergência. O arti-
fício da suspensão da lei nessa ocasião foi considerado como solução natural.
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•
• Mas, no Brasil, quando copiávamos o sistema da moeda conversível em
ouro, esquecíamos de dois fatos capitais: a) de que no sistema inglês, o
instrumento monetário não eram as notas e muito menos o ouro (a não
# ser para pequenas transações) e sim o CHEQUE; b) de que em caso de
crise, a conversibilidade era suspensa.
No Império, como na chamada Primeira República, a origem de todos
os nossos males econômicos era atribuída ao papel-moeda e à sua inconver-
sibilidade. Em 1824, já o papel-moeda incomodava o Governo, tendo-se
contraído um empréstimo externo de quatro milhões de esterlinos para sua
... conversão. Em 1830, dizia o Ministro da Fazenda, Visconde de Barbacena:
"O fatal inimigo que devemos combater e que uma vez vencido todos 05
outros desaparecerão é o papel-moeda." Em 1832, Bernardo Pereira de
• Vasconcellos, Ministro da Fazenda, referindo-se à nossa circulação mone-
tária dizia: "Cada dia que retardarmos o remédio desse mal, aprofunda-se
o abismo que vai engolindo a fortuna pública e os meios de acudir aos
... seus problemas."
Em 1846, alterou-se o padrão monetário baixando o câmbio-par a
27 dinheiros, em vez de 43 dinheiros, por mil-réis. Em 1857, Rodrigues
Torres, propunha ao Parlamento "o resgate gradual de papel-moeda".
Em 1889, ao proclamar-se a República o câmbio estava acima do par
e existia um banco (Banco Nacional do Brasil, presidido pelo Conde de
Figueiredo), solidamente constituído de lastro metálico, emitindo notas con-
versíveis à vista e ao portador. Não podia portanto ser mais lisonjóra a
situação financeira do país ao se inaugurar o regime republicano.
Com a República, assumiu o Ministério da Fazenda o Conselheiro Rui
Barbosa, tendo-se a 17 de janeiro de 1890, "data fatídica·'. baixado o
.. Decreto nl? 164 determinando a criação de bancos regionais com emissões
baseadas sobre apólices, calculadas em 450 mil contos de réis, os quais.
adicionados aos 192 mil contos, então em circulação, perfaziam 642 mil
contos de réis. O papel-moeda em circulação passou a expandir-se da seguin-
te forma:
1889 - novembro 15 - 192 mil contos
1890 297 "
1891 513
1892 561
1893 631
4·
1894 712
1895 678
1896 711
1897 720
1898 785 "
.. No período Rui Barbosa, 1889/91, o papel-moeda em circulação
muito mais do que duplicou.
Em discurso pronunciado em 25 de outubro de 1892 dizia o Senador
Leopoldo de Bulhões, um dos mais esclarecidos financistas brasileiros e
grande amigo pessoal de Rui Barbosa:
.. "Os bancos. fazendo emissões desordenadas. à sombra dos decretos
que lhes garantiam o curso forçado, fomentavam o jogo na praça, de modo
•
assustador sem exemplo na nossa História. Fizeram cair o câmbio, depre- ..
ciaram o meio circulante, perturbaram todas as relações, levaram o desas-
sossego e o sobressalto a todas as classes pelo encarecimento da vida, fize-
ram, enfim, com que a inundação fosse geral, abalasse tudo ameaçando....
hoje atingir os terrenos dos edifícios sociais. Estas emissões. Sr. Presidente,
tresloucadas e até criminosas, perturbam profundamente a circulação do
país ...
No interior já começam a sofrer desconto os bilhetes de bancos em
rdação ao papel do Estado. .. as moedas subsidiárias níquel e prata desa-
pareceram e o vácuo por elas deixado na circulação vai sendo preenchido-.
pelos vales estampados das casas de negócios."
Joaquim Murtinho na introdução ao seu relatório relativo ao ano de __
1901 escrevia:
"A taxa cambial havia descido a 5,5/8, os títulos de 1889 cota-
vam-se a 42,5, os descontos quase foram suspensos, as falências se mul- -#
tiplicavam . .. "
Foi a época chamada do Encilhamento em que a enorme pletora de
dinheiro novo canalizava-se para a Bolsa a comprar ações de um sem-nú-
mero de empresas sem qualquer base econômica, as quais subiam conside-
ravelmente da noite para o dia até ... a derrocada.
Seja dito que nem todas as emissões no período 1889/1893 foram do
~inistro Rui Barbosa. Serzedelo Correia e Felisberto Freire. que sucederam
a Rui, prosseguiram no regime fatídico do Decreto de 17 de janeiro de
1890. Diga-se também, em defesa parcial de Rui Barbosa, que em algumas
frases de seus escritos da época vislumbrava-se vagamente a noção de que
o objetivo da moeda não devia consistir na troca pelo metal e sim na ne-
cessidade das transações econômicas do país ... Apenas Rui superestimou 4.
desastradamente essas necessidades. Donde a desastrosa inflação.
O caso de Rui faz lembrar o de John Law. impressionado que foi
pela prosperidade holandesa com seu grande comércio e sua abundância
de numerário. Law dizia:
"O que constitui a pujança e a riqueza de uma nação é uma popu-
lação numerosa, armazéns de mercadorias estrangeiras e nacionais. Os ob-
jetos dependem do comércio e o comércio depende do numerário. Assim
para sermos ricos relativamente às outras nações, deveremos dispor de
numerário na mesma proporção, pois sem numerário, as melhores leis não
"ariam empregos aos indivíduos etc." (!!)
No quatriênio Prudente de Moraes, avassalado pelos problemas po-
líticos e pelas conseqüências da Guerra Civil de 1893/94, pouco se pôde
fazer para melhoria da situação. Contudo o alto critério de Ministros da
.
Fazenda como Rodrigues Alves e Bernardino de Campos, permitiu que,
apesar de todas as dificuldades, a situação não piorasse. •
Coube a Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda do Governo Campos
Salles, em 1898, a obra hercúlea da restauração das finanças nacionais.
Murtinho tratou de cortar as despesas e de obter o equilíbrio orçamentário,
reduzindo durante a sua gestão a circulação fiduciária da importância de
I 15 mil contos, que foram gradativamente incinerados nas fornalhas da
alfândega. Foi suspenso o serviço da dívida externa cujo pagamento passou •
a ser feito em títulos chamados de funding [oan.
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•
• Na filosofia de Murtinho a expressão da prosperidade nacional era a
elevação da taxa cambial. O mal em sua opinião estava no "empobrecimento
da circulação monetária". A valorização da moeda importava no aumento
.. da riqueza nacional. Em seu relatório referente ao ano de 1901, escrevia o
grande Ministro:
"Assim em 1898 para pagarmos os juros de nossa dívida externa no
valor de J.: 1.549.249, precisávamos, com o câmbio a 6. de 61.969.960
mil réis; em 1901 para os juros da dívida de J.: 1.903.316, mesmo com o
câmbio a 10, só precisamos de 45.680.304 mil réis, o que dá uma diferença
.
da Revue de Paris de 1926, em que um destacado representante do Banco •
de França ironizava o renlenmark perguntando qual o lastro em que ele se
baseava. Ao que os alemães respondiam, com a mesma inconseqüência, que
o lastro consistia na indústria e na lavoura da Alemanha. _,
Nesse mesmo ano de 1923, no Governo Arthur Bernardes-Sampaio
Vidal, foi feita nova tentativa de lastrear a moeda nacional mediante con-
trato lavrado entre o Tcsouro Nacional e o Banco do Brasil, segundo o qual
este último obrigava-se a resgatar todo o papel-moeda em circulação na
importância de 1,856 mil contos, O banco deveria entregar à Caixa de
Amortização, para serem incineradas, as notas do Tesouro levadas à conta
do Fundo de Resgate. Quando o câmbio excedesse de 12 dinheiros por·
mil-réis, as quantias levadas ao Fundo de Resgate seriam aplicadas na
compra de ouro, o qual seria incorporado ao patrimônio do Banco para
servir de lastro de emissão das notas do Banco. •
As notas do Banco do Brasil seriam lastreadas pelo ouro à taxa de
12 dinheiros por mil-réis, na razão de 1/3, consistindo os outros 2/3 em •
títulos de créditos comerciais de primeira ordem.
As vicissitudes políticas do Governo Bernardes fizeram com que a
taxa cambial caísse bastante abaixo dos almejados 12 dinheiros por mil-réis
e assim acabou o esquema de resgate e emissão das moedas lastreadas.
A 18 de dezembro de 1926, baixou o Governo Washington Luiz um
decreto dcterminando que
"todo o papel-moeda atualmente em circulação na importância de
2.569 mil contos será convertido em ouro na base de 200 miligramas por
mil-réis. "
Isso correspondia a um câmbio de 6 dinheiros por mil-réis e O Governo
Washington Luiz foi fortemente combatido por ter estabilizado o câmbio
à taxa vil de 6 dinheiros.
O início da Grande Depressão. que começou em 1929 nos Estados
Unidos e se propagou ao mundo inteiro, varreu o mil-réis do Dr. Washington
Luiz, como varreu a libra esterlina em setembro de 1931 e o dólar em 1934.
1. O café
Até o advento da Grande Depressão e o fim da Primeira República, a
economia brasileira era uma economia de país pobre. Os principais fatores
dessa pobreza eram: a) um povo COm quase 50% de analfabetos, isto é,
um elemento humano, em média. de muito baixo teor~ b) na maior parte--
do país um clima tropical. pouco convidativo ao trabalho e infestado de
várias endemias, como a febre amarela (até 1904), a malária (hoje sob
controle em quase todas as regiões do País, exceto na Amazônia) e a esquis-
..
tossomose; c) grande área de regiões montanhosas pouco propícias à agri-
cultura. com uma cordilheira paralela ao litoral, em dois degraus, o da ...
serra do Mar e, sobre esta. o da serra da Mantiqueira e suas ramificações.
A linha Centro da Central do Brasil passa na cota de 1.100 metros de.
altitude na garganta de João Aires, antcs de atingir Belo Horizonte.
Estas circunstâncias, sobretudo a incapacidade do elemento humano,
afastavam a colaboração do capital estrangeiro, até o Governo Rodrigues
Alves (1902/1906), quando se conseguiu implantar a ordem financeira ,.
e extinguir a febre amarela.
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...
• o elemento positivo dessa economiá não foi o açúcar. nem a borracha,
nem o algodão, nem o ouro. Foi o café que já ao tempo do Império fez
a riqueza do Estado do Rio de Janeiro. Foi a fase da criação de lavouras
..com o braço escravo.
Desde o princípio da República porém. as grandes lavouras de café
passaram para São Paulo, depois de terem esgotado as terras do Estado
do Rio.
São Paulo é um estado privilegiado pela natureza. primeiro porque
ali acaba a serra da Mantiqueira; a partir do planalto da serra do Mar.
os rios (Bacia da Prata) correm para dentro facilitando a penetração do
""homem, em vez de dificultá-la, COmo no caso da serra da Mantiqueira;
•
consumo mundial de café. tem hoje seu suprimento reduzido a menos da •
metade dessa porcentagem.
A Grande Depressão, do fim dos anos 20 e começo dos 30, fez cair
as cotações do café (Santos tipo 4) das alturas de 23 cents a libra-peso em~
1928 para pouco mais de 7 cents em 1932.
Foi nessas circunstâncias que o Governo brasileiro (Getulio Vargas)
foi obrigado a recorrer a urna suspensão parcial do serviço da dívida externa
(esquema Oswaldo Aranha). O então Ministro da Fazenda, o saudoso e
íntegro Or. José Maria Whitaker, raspou os últimos recursos do Tesouro
para evitar essa quase-falência. Mas, a verdade é que os Estados Unidos
e a Europa não podiam logicamente esperar que o Brasil realizasse o mi- ~
lagre de lhes suprir café por 1/3 do preço que estavam habituados a pagar
e, ao meSmO tempo, obter as divisas necessárias para o serviço de sua
dívida externa.
.
Quase 10 anos depois do fim da II Guerra, passou novamente o café
por graves vicissitudes. A coincidência em 1953 de uma fone geada que·
causou grandes danos às lavouras de café. com a Guerra da Coréia c o
temor de uma terceira guerra mundial. levaram as cotações do café em Nova
Iorque a mais de 50 centavos por libra-peso. Especulações em torno dessa
alta. às quais não foi estranho o Governo do Brasil através do Instituto
do Café e do Banco do Brasil. chegaram a alçar o preço a 86 centavos,
o que teve efeitos catastróficos no mercado americano de café, não só pela
retração violenta do consumo, como pelos desastres financeiros a que deu
posteriormente lugar a necessidade imperativa de fazer baixar aquele preço,
primeiro de 86 para 72 centavos e depois (já na minha gestão no Mi-
nistério da Fazenda) de 72 para 58 e menos cents. No ano de 1954, em
que me coube a direção das finanças do Brasil. as exportações de café
para os Estados Unidos caíram da média de !O milhões de sacas para ,.
pouco mais de cinco milhões. Meses houve em que o Brasil não exportava
USS 35 milhões!
A partir de 1956, com o esgotamento dos estoques no exterior e os
preços mais acessíveis, a situação foi-se restabelecendo e a do café era até
poucos meses atrás bastante favorável sob o regime dos Acordos Interna-
cionais de café firmados em Londres, do qual participam produtores e con-
sumidores e em que são fixadas as cotas de exportação de cada país e os
preços médios.
No momento, a invasão da "ferrugem" e o advento de geadas no Sul
do País fazem caminhar o mundo do café para uma situação de escassez-"
do produto.
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•
• Essas reservas esvaíram-se entretanto rapidamente: a) porque a Ingla-
terra não estava em condições de saldar sua dívida de USS 262 milhões; b)
porque os preços subiram nos Estados Unidos do índice 43 (1957/59 = 100)
• em 1940 para 81,2 em 1947, de modo a reduzir a cerca de metade o poder
aquisitivo das reservas acumuladas pelo Brasil durante a guerra.
Não obstante, a mais intensa fase de industrialização brasileira subs-
titutiva das importações situou-se entre 1950/1962.
Como? Com que recursos? é o caso de perguntar. Em menor parte e
a princípio (1950 a 1953), com um intenso racionamento cambial, res-
tringindo-se as importações às mercadorias de consumo essenciais, trigo,
.. petróleo e pouco mais e à maquinaria e equipamento, à taxa especialmente
. vantajosa de CrS 18,72. Subseqüentemente (1956/62) a um enorme endi-
vidamento no exterior, como se verá a seguir.
Enquanto que o índice do produto nacional bruto cresceu (em termos
reais) de 100 em 1949 para 211 em 1963. o de produção industrial subiu
.. de 100 para 318, ao passo que o da agricultura foi apenas de 100 a 178.'
O grau de substituição de mercadorias importadas pelas de produção
doméstica configura-se na tabela 1.
TABELA
(I9~8·1961)
Combus- :\lat~rib-
tívcis Jrinu.,.; e Bens
.. .\:\0 Duráveis
:\';10
durávei,.;
_ _ _ _ o
e
lubrifi-
cantes
p:-oduto,;
interme-
diiri'.lS
de
c<tp;ul
Total
EQUP,UIE:\TOS
T,/ui Construç5.o .,.
Produção
. _-------
Importação doméstica Total
.
19.ti
1948
1949
1950
100,0
100,0
100,0
100,0
46,1
42.3
40,6
38,1
24,0
22,3
20,4
18,2
29,9
35.-l
.19,0
-13,7
53,9
57, i
59,-1
61,9
..
1951 100,0 37,8 21,8 .,lOA 62,2
1952 100,0 38,8 21,3 39,9 61,1
1953 I OU,!") 42.8 13,5 43,7 57,2
195..t 100,0 35,8 17.9 46,3 tH,2
1955 10(1,0 37,2 15,0 -li.S 62,8
1956 100,0 33,1 13,8 53,1 66,9
1957 100,0 34,9 19,4 -15,7 65,1
1958 100,0 37,3 ti,3 -l5A 62,7
1959 100,0 37,6 15,6 46,8 62...1,
94 R,B,E, 372
»
enquanto a taxa do mercado livre, criada em janeiro de 1953, já era de
• CrS 43,32.
As importações em 1953 caíram de USS 1.073 e USS 1.702 milhões
em 1951 e 1952 para USS 1.116. O deficit do balanço óe pagamentos
.. também caiu de USS 468 e USS 707 milhões em 1951 e 1952 para USS 31
milhões.
Mas os a/rasados. e dívidas deixadas pelo Governo Vargas de 1951 e
1952, eram consideráveis. Um empréstimo de USS 300 milhões concedido
pelo EXIMBANK ao fim do Governo Vargas e outro de USS 200 milhões
dado sob garantia das reservas-ouro em 1954 não foram suficientes para
~liquidar os compromissos. Em 1954 e 1955. o Brasil achava-se nas maiores
aperturas cambiais ao mesmo tempo que a alta excessiva e especulativa do
preço do café fizera com que os Estados Unidos quase paralisassem suas
compras desse produto. De outro lado, o processo de industrialização pa-
decia então da hostilidade que se organizara contra os "investimentos es-
.. trangeiros diretos", isto é, independentes de câmbio. Uma licença para tal
investimento tinha de atravessar os obstáculos: a) de uma Comissão de
Desenvolvimento Industrial; b) de uma Comissão CIFER, que determinava
as taxas cambiais aplicáveis. e finalmento do Conselho da SUMOC, numa
via CTucis que poucas empresas conseguiram transpor.
Foi quando o Governo Café Filho expediu a Instrução nQ 113 que,
sem conceder favor ou vantagem de qualquer espécie aos investimentos
diretos, removia os obstáculos burocráticos com que eles se defrontavam.
Vários investimentos diretos processaram-se então, notadamente os da Mer-
cedes-Benz, Volkswagen, Dunlop e outros.
A Instrução nQ 113 foi consolidada, com algumas modificações, pelo
Decreto nQ 42.820, já no Governo Kubitschek.
Os investimentos diretos realizados no regime da Instrução nQ 113
• foram os seguintes: (ver tabela 3).
TABELA 3
Investimentos financeiros feitos na base da Instrução n." 113
•
1951/1953. Por meio da concessão de câmbio de custo para a importação
de máquinas e equipamentos e garantia de suprimentos de câmbio para os
.
suppliers credits, com pagamentos parcelados, entre três e sete anos. Esse
"câmbio de custo" era o da taxa paga aos exportadores de café. Entre 1955 ~
e 1960, o volume desse financiamento a câmbio de custo foi:
TABELA 4
Financiamento a câmbio de custo
1955-1960)
(em milhares de dólare,,)
~~
195:; 73.5.,1
,. - 3 - 55 33.82 39,71
1956 75.67
-"
33.82 41.85 •
1957
1958
1959
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131).110
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-~~
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51.82
70.0U
86.18
78.18
61J.OU
196U 19:),~6 31 - 12 - 6U lOU,UJ 99.2.6
•
Para ter o valor do benefício em dólares basta dividir os algarismos da
tabela 6 pelas taxas de câmbio do mercado livre.
TABELA 7
Subvenção à indústria
(em bilhões de cruzeiros. e milhões de dólares à taxa do mercado)
T .... BELA 10
Saldos ou deficits do balanço de pagamentos em conta-corrente
(milhões de CS$)
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caso, seria o valor maior da mão-de-obra industrial em comparação com o
da produção agrícola que se teria realizado; quanto aos juros do capital,
eles seriam adicionados ao produto se esse capital tivesse sido pago, pois,
.. de outra forma, ele teria sido remetido, em prestações, para o estrangeiro .
Mais, importa, de outro lado, subtrair do valor adicional assim calcula-
do dos itens Trabalho e Capital (se houver) a perda de poder de compra
real sofrida pelos consumidores do produto, em virtude dos preços mais
altos que têm de pagar. E se essa diferença for substancial, pode perfeita-
mente acontecer que o resultado seja negativo, em vez de positivo, para o
produto.
Se um produtor de café passa a pagar 100 sacas de café tipo X por
um trator que antes, importado, custava-lhe 50 sacas, isto representa uma
piora e não uma melhoria de seu padrão de vida. Se um agrícultor de arroz
paga mil saCas por um equipamento de arado e grades mecãnicas que antes
lhe custava 500 sacas, ele não está, de certo, melhorando sua situação
econômica. Se o homem da rua tem de pagar por um Volkswagen 2.500
• dólares quando antes o importava por 1.200, essa diferença tem de ser
subtraída do produto nacional do País em que se incluiu o valor desse au-
tomóvel por seu preço de venda.
Que progresso e que melhoria do padrão de vida é esse em que o
consumidor ou o agricultor tem de pagar (em moeda de valor constante)
duas vezes mais do que pagava por um trator, um automóvel ou uma ge-
ladeira?
Isto tudo deve avivar a memória dos industriais e do Governo da
Nação para o fato inelutável de que a proteção aduaneira, que serve de
base à indústria substitutiva de importações, só é aceitável e recomendável
quando temporária.
, Não estamos aqui apurando as responsabilidades pelos preços tão ele-
vados dos produtos da indústria nacional, nem se é o industrial que peca
por improdutividade ou incapacidade ou se é o Governo, pelos juros ex-
cessivos, ou pela precariedade ou carestia dos transportes.
Adiante trataremos da chamada Redenção da Indústria Nacional e das
exportações industriais.
3. Inflação de pós-gDerra
Durante os primeiros anos da Grande Depressão (1930/36), malgrado subs-
tancial aumento dos meios de pagamento, os preços não subiram aprecia-
velmente por motivo da depressão em que se encontrava o País. De 1936
a 1941 a elevação dos preços foi moderada. Pode-se dizer que a inflação
brasileira de pós-guerra data de 1941; o custo de vida subiu do índice 107
em 1940 (1938 = 1(0) para 190 em 1945, numa razão de 10% a 20%
ao ano.
• A inflação prosseguiu mais ou menos neste compasso até 1959, quando
as extravagãncias e desperdícios da administração Kubitschek elevaram o
ritmo inflacionário a 30% e 40% ao ano. No Governo João Goulart subiu
a 50% em 1962, a mais de 60% em 1963 e a um ritmo de 140% no
primeiro trimestre de 1964, quando teve lugar a Revolução.
Tomando 1953 = 100, o comportamento do custo de vida e a evolução
dos meios de pagamento foram os constantes das tabelas 11 e 12.
A:\O
lndice
Dezembro
Aumento anual
porcentagem A:\O Indice
Dezembro
I Aumento anual
porcentagem ~
A'\O Empréstimos
nominais
Preços Pi
atacado
I Em préstimos
reais
I Preços p'
atacado·
1
i
Empréstimos
reais
, Fonte: C""j,IJ.I",a
.. Exclusi\'e café.
~1C4. n: 7. 1969. Retrospecto.
•
Quanto aos aumentos de salários, eles processaram-se paralelamente
aos aumentos do custo de vida resultantes das emissões para atender aos
deficits do Governo federal (com exceção do aumento promovido em 1954
pela demagogia de João Goulart, em que o salário-mínimo foi aumentado,
de uma só vez, em 100%).
Na realidade a influência demagógica de João Goulart fez-se sentir bem
antes de ele atingir a Presidência. Tanto na Administração Vargas como
na Kubitschek, Goulart prosseguiu em sua política pessoal de procurar obter
o apoio dos setores trabalhistas com o qual contava para o domínio político.
Goulart dava especial preferência aos setores capazes de controlar a ativi-
dade econômica do País como um todo: petróleo (Petrobrás), transporte
ferroviário, portuário e marítimo, o que lhe permitiria paralisar os trans-
portes e o suprimento de combustiveis líquidos, inclusive às Forças Armadas.
Nesses setores, Goulart aumentou os salários para o dobro; ou mais, dos
que vigoravam em atividades similares de outros setores.
Até que o primeiro governo da Revolução de 1964 conseguisse fazer •
baixar a taxa de inflação a cerca de 25 %, e ao mesmo tempo introduzisse
a correção monetária para uma série de itens essenciais do sistema eco-
nômico, os prejuízos e distorções causados à economia brasileira foram
muito sérios. Os lucros em cruzeiros depreciados eram comparados cOm o
capital expresso em cruzeiros de valor histórico, de sorte que o imposto
de renda incidia sobre "lucros extraordinários" inteiramente ilusórios; a
depreciação do capital calculada sobre os valores históricos era outra fonte
de distorção. A restauração econômica das empresas, mesmo depois da
introdução das correções monetárias, só agora se está completando.
Contudo não se pode deixar de assinalar o sucesso que tiveram as
medidas de correção inflacionária, espécie de institucionalização parcial da
inflação, que fizeram com que o Brasil fosse talvez o primeiro exemplo de
desenvolvimento econômico satisfatório dentro de uma economia atingida
pela inflação.
O primeiro governo da Revolução procurou corrigir as múltiplas e
fortes distorções causadas à economia do País pelo regime da demagogia
inflacionária. Especialmente a desorganização e ineficiência nos setores de
energia elétrica, das estradas de ferro, da navegação, dos telefones e de
outros serviços de utilidade pública, que haviam sofrido da falta de reajus-
tamento tarifário durante cerca de 10 anos de regime inflacionário. •
O combate à inflação no primeiro governo da Revolução conseguiu
reduzir sua taxa a cerca de 25 %. O segundo e terceiro governos da Revo-
lução deram prioridade às medidas do desenvolvimento econômico sobre
os de combate à inflação. Mantiveram entretanto a inflação sob controle
e reduziram seu ritmo a 20% em 1971 e, provavelmente, a 15% em 1972. .
4. Nacionalização
O espírito de hostilidade ao capital estrangeiro invertido em algumas impor-
tantes empresas de serviços públicos, conjugado COm a falta de reajusta-
men to tarifário nesses setores, resultou na encampação e nacionalização de
vários desses serviços.
TABELA 15
Receita tributária
% do PNB
•
AXO Impostos diretos Impostos indiretos Total dos impostos
- 1957
1958
1959
1960
6,4
6,4
6,4
6,2
13,0
15,5
16,5
16,7
19,4
21,9
22,9
22,9
•
As despesas do Governo no Brasil, tomando por base o ano de 1960,
em comparação com outros países, foram as seguintes:
TABELA 16
nespesas do governo
(Porcentagem do PXB)
Despesas g-O\-ernamentais
País porcentagem do p~ B
Holanda 36,1
Suécia 34,4
BRASIL 34,4
Grã-Bretanha 32.2
Canadá 30,1
Bélgica 27,6
ECA 26,-1 •
.\ustrá!ia 2-1,2
Japão 21,7
Equador 11.3
Costa Rica 18,4
TABELA 17
Formação de capital fixo
(Porcentagem do total da formação de capital)
r , ,°
"
~ 19iO 19i1 '0
PIB I PIB
TOTAL 3,84~~
106
..
industrializados para os bens mencionados na atinea supra; c) crédito ao
comprador de "equipamento nacional", do valor do imposto sobre produtos
industrializados; d) apoio financeiro preferencial '" e registro do finan-
.... ciamento ou do investimento estrangeiro; e) exame de alteração de atiquotas
aduaneiras '" etc.
Acreditamos, diante da declaração feita pelo Ministro Delfim no ban-
quete de São Paulo, que o Governo dará seu apoio à revogação da lei do
similar nacional, recomendada pelo presidente da Confederação Nacional
da Indústria. Sugere o ilustre Sr. Tomás Pompeu, um programa de quatro
pontos que merece o mais decidido apoio do Governo: a) eliminação das
incidências do IPI e do ICM sobre os bens de capital; b) revogação da lei
do similar nacional; c) uniformização das tarifas aduaneiras sobre importa-
ção de bens de capital em 15% no máximo; d) criação, com recursos do
PIS, de um fundo para financiamento a longo prazo de máquinas e equipa-
mentos de fabricação nacional, em condições e juros competitivos com os
, do mercado internacional.
Será uma importante etapa, um turning point na história do desenvol-
vimento econômico do Brasil.
A isenção de impostos indiretos sobre bens de capital de fabricação
nacional significa apenas conceder-lhes aquilo de que já gozam os bens de
capital estrangeiros em seus respectivos países, para a exportação.
A lei de similar nacional corresponde a uma tarifa aduaneira "ignal ao
infinito" para a importação de maquinaria e equipamento estrangeiro com
similar nacional. Na prática seu funcionamento é, sabidamente, precário.
A falta de financiamento a longo prazo para os compradores de equi-
pamentos de fabricação nacional constitui, como escreve o eminente Pro-
fessor Mario Henrique Simonsen, "uma das mais graves lacunas do mercado
• brasileiro de capitais". "Os recursos do Plano de Integração Social poderão
desenvolver no setor industrial, o que o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço propiciou ao setor habitacional", escreve o Professor Simonsen.
Estes recursos a prazo mais longo poderiam ser objeto de repasse aos
Bancos de Investimento, complementando o que Ora se faz com os do
FINAME.
O conjunto de medidas representará. a meu ver, uma verdadeira re-
volução industrial e figurará com grande destaque, no rol dos serviços pres-
tados à Nação pelo Governo do Presidente Médici.
•
NOTAS SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA 107
•
DEMOGRAFIA
YECONOMIA
Redactores
Raúl Benítez Zenteno, Gerardo M. Bueno, Gustavo Cabrera Ace-
-
vedo, Elisio Mendoza Berrueto, Leopoldo Solís M., Claudio Stern,
Tomás Carza, Luis Unikel S., Víctor L. Urquidi.
Srio. de Redacción: Raúl de la Pena
Vol. V Núm. 3 (15) 1971
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y el subempleo
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Previsión de necesidades de mano de obra de calificación alta.
Posibilidad de aplicación de las comparaciones internacionales
aI caso de México
INFORMES
Puntos de vista soviéticos sobre política demográfica.
RESENA DE LIBROS
NOTAS BIBLIOGRAFICAS
COMUNICACIONES