Controle de Constitucionalidade
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- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE -
1. SUPREMACIA CONSTITUCIONAL
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incluindo os tratados internacionais de direitos humanos, desde que aprovados por 3/5 e em
dois turnos de votação (art. 5º, §3º, CF)1.
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O único tratado internacional de direitos humanos aprovado nos termos do art. 5º, §3º, da CF, atualmente, é o
Decreto 6.949/09 (Convenção sobre pessoas portadoras de deficiência).
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3. FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE
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PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A progressão no regime de cumprimento da
pena, nas espécies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia
ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO
- ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita
com a garantia da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição,
mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da
individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da
Lei nº 8.072/90. (HC 82959 / SP - SÃO PAULO - HABEAS CORPUS - Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO - Julgamento:
23/02/2006 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
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lei não foi criada. Ainda, na ADIn 1.484/DF, o STF concluiu que o Poder Público,
quando se omite no cumprimento de um dever constitucional, estimula o
preocupante fenômeno da “erosão da consciência constitucional” 4, consistente no
perigoso processo de desvalorização funcional da Constituição escrita (Celso de
Mello). Ainda, temos que, além do Mandado de Injunção, em caso de omissão
inconstitucional, podemos utilizar também a ADIn por Omissão (ADO).
público não se manifesta tensão entre trabalho e capital, tal como se realiza no campo da exploração da atividade
econômica pelos particulares. Neste, o exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses egoísticos
do sujeito detentor de capital --- indivíduo ou empresa --- que, em face dela, suporta, em tese, potencial ou
efetivamente redução de sua capacidade de acumulação de capital. Verifica-se, então, oposição direta entre os
interesses dos trabalhadores e os interesses dos capitalistas. Como a greve pode conduzir à diminuição de ganhos
do titular de capital, os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva ou potencialmente, algumas vantagens
mercê do seu exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária, no âmbito da qual, em tese, aos interesses dos
trabalhadores não correspondem, antagonicamente, interesses individuais, senão o interesse social. A greve no
serviço público não compromete, diretamente, interesses egoísticos do detentor de capital, mas sim os interesses
dos cidadãos que necessitam da prestação do serviço público. 9. A norma veiculada pelo artigo 37, VII, da
Constituição do Brasil reclama regulamentação, a fim de que seja adequadamente assegurada a coesão social.
10. A regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos há de ser peculiar, mesmo
porque "serviços ou atividades essenciais" e "necessidades inadiáveis da coletividade" não se superpõem a
"serviços públicos"; e vice-versa. 11. Daí porque não deve ser aplicado ao exercício do direito de greve no
âmbito da Administração tão-somente o disposto na Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os parâmetros
atinentes a esse exercício. 12. O que deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a coerência entre o exercício do
direito de greve pelo servidor público e as condições necessárias à coesão e interdependência social, que a
prestação continuada dos serviços públicos assegura. 13. O argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o
que se afiguraria inconcebível, por ferir a independência e harmonia entre os poderes [art. 2o da Constituição
do Brasil] e a separação dos poderes [art. 60, § 4o, III] --- é insubsistente. 14. O Poder Judiciário está vinculado
pelo dever-poder de, no mandado de injunção, formular supletivamente a norma regulamentadora de que
carece o ordenamento jurídico. 15. No mandado de injunção o Poder Judiciário não define norma de decisão, mas
enuncia o texto normativo que faltava para, no caso, tornar viável o exercício do direito de greve dos servidores
públicos. 16. Mandado de injunção julgado procedente, para remover o obstáculo decorrente da omissão
legislativa e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no artigo 37, VII, da Constituição do
Brasil. (MI 712 / PA – PARÁ - MANDADO DE INJUNÇÃO - Relator(a): Min. EROS GRAU - Julgamento: 25/10/2007 -
Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
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Expressão criada por Karl Lowenstein, ao defender que, se a Constituição manda o Poder Público agir, mas ele se
omite, o comando constitucional perde a credibilidade, pois as pessoas passam a não acreditar mais no que a
Constituição diz.
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O processo de criação de normas jurídicas é dinâmico.
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EMENTA: Ação Direta de Inconstitucionalidade. 1. Servidor público. Jornada de trabalho. Redução da carga
horária semanal. 2. Princípio da separação de poderes. 3. Vício de iniciativa. Competência privativa do Chefe do
Poder Executivo 4. Precedentes. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI 3739 / PR -
PARANÁ - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. GILMAR MENDES - Julgamento:
17/05/2007 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
INFORMATIVO 467: Na linha da orientação fixada no julgamento acima relatado, o Tribunal julgou procedente
pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Paraná para declarar a
inconstitucionalidade da Lei estadual 15.000/2006, de iniciativa parlamentar, que assegura, à servidora pública
que seja mãe, esposa ou companheira, tutora, curadora ou que detenha a guarda e responsabilidade de pessoas
portadora de deficiência, a dispensa de parte do trabalho, respeitada a execução de metade da carga horária
semanal, sem prejuízo de remuneração. ADI 3739/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.5.2007.
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Súmula nº. 05 (STF): A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo.
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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ARTS. 10, § 2º,
ITEM 1; 48; 49, CAPUT, §§ 1º, 2º E 3º, ITEM 2; E 50. CRIME DE RESPONSABILIDADE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO. 1.
Pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto à prejudicialidade da ação direta de
inconstitucionalidade, por perda superveniente de objeto e de interesse de agir do Autor, quando sobrevém a
revogação da norma questionada em sua constitucionalidade. Ação julgada prejudicada quanto ao art. 10, § 2º,
item 1, da Constituição do Estado de São Paulo. 2. A definição das condutas típicas configuradoras do crime de
responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e julgamento das agentes políticos
federais, estaduais ou municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União e devem ser
tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da República). Precedentes. Ação julgada procedente
quanto às normas do art. 48; da expressão “ou nos crimes de responsabilidade, perante Tribunal Especial” do
caput do art. 49; dos §§ 1º, 2º e 3º, item 2, do art. 49 e do art. 50, todos da Constituição do Estado de São Paulo. 3.
Ação julgada parcialmente prejudicada e na parte remanescente julgada procedente. (ADI 2220 / SP - SÃO PAULO -
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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA - Julgamento: 16/11/2011 - Órgão
Julgador: Tribunal Pleno)
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Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
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O STF, em julgamento realizado no dia 16/02/2012, decidiu pela constitucionalidade da Lei Complementar
135/2010, a chamada Lei da Ficha Limpa; por maioria de votos, prevaleceu o entendimento em favor da
constitucionalidade da lei, que poderá ser aplicada nas eleições de 2012, alcançando atos e fatos ocorridos antes
de sua vigência. – Informativo 655.
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Material
O STF pode declarar inconstitucional uma palavra dentro de um artigo, inciso, parágrafo
ou alínea?
Resp.: muitas pessoas confundem essa questão com o veto parcial, no qual o Presidente
não pode vetar uma palavra do dispositivo (art. 66, §2º, CF 11). O veto parcial e a
declaração de inconstitucionalidade não se confundem, uma vez que nesta última pode
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§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
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EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade da parte final do art. 170 da L. est. 1284-TO, de 17/12/01 - Lei
Orgânica do Tribunal de Contas do Estado: inadmissibilidade, dado que, em tese, a inconstitucionalidade parcial
argüida imporia a declaração de invalidade da lei em extensão maior do que a pedida. II. Ação direta de
inconstitucionalidade parcial: incindibilidade do contexto do diploma legal: impossibilidade jurídica. 1. Da
declaração de inconstitucionalidade adstrita à regra de aproveitamento automático decorreria, com a subsistência
da parte inicial do art. 170, a inversão do sentido inequívoco do pertinente conjunto normativo da L. 1284/01: a
disponibilidade dos ocupantes dos cargos extintos - que a lei quis beneficiar com o aproveitamento automático - e,
com essa disponibilidade, a drástica conseqüência - não pretendida pela lei benéfica - de reduzir-lhes a
remuneração na razão do tempo de serviço público, imposta por força do novo teor ditado pela EC 19/98 ao art.
41, § 3º, da Constituição da República. 2. Essa inversão do sentido inequívoco da lei - de modo a fazê-la
prejudicial àqueles que só pretendeu beneficiar -, subverte a função que o poder concentrado de controle
abstrato de constitucionalidade de normas outorga ao Supremo Tribunal. (ADI 2645 MC / TO – TOCANTINS -
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE -
Julgamento: 11/11/2004 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
INFORMATIVO 369: O Tribunal, por maioria, não conheceu de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
Partido Popular Socialista contra a parte final do art. 170 da Lei 1.284/2001 - Lei Orgânica do Tribunal de Contas do
Estado do Tocantins ("Art. 170. Ficam extintos os cargos de Auditor Adjunto e de Procurador Adjunto, seus atuais
ocupantes colocados em disponibilidade remunerada e, automaticamente, aproveitados nos correspondentes
cargos de Auditor e de Procurador de Contas, respectivamente, quando houver vaga.") - v. Informativo 273.
Entendeu-se ser inviável a pleiteada declaração parcial de inconstitucionalidade do ato atacado, em face do
princípio segundo o qual a impugnação parcial de norma só é admissível no controle abstrato se se pode
presumir que o restante do dispositivo, não impugnado, seria editado independentemente da parte
supostamente inconstitucional, o que, na espécie, não teria ocorrido, já que a extinção dos cargos prevista no
mencionado art. 170 se dera apenas porque, no mesmo dispositivo, fora viabilizado o aproveitamento dos
servidores nos novos cargos. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Velloso que conheciam da ação.
(ADI 2645 MC/TO, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 11.11.2004).
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Direta ou Antecedente
INCONSTITUCIONALIDADE
QUANTO AO PRISMA DE
APURAÇÃO
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Indireta Consequente
Reflexa, mediata ou oblíqua
b) Controle POLÍTICO: aquele feito por um órgão que não tem natureza jurisdicional:
Poder Legislativo e Poder Executivo. Denominação dada por exclusão.
Sistema político: é aquele adotado nos países nos quais o controle é feito por
órgão não jurisdicional. Ex.: França (quem exerce o controle é o Conselho
Constitucional, tanto no âmbito jurisdicional quanto administrativo).
Sistema misto: é aquele adotado nos países em que algumas espécies de leis se
submetem ao controle jurisdicional e outras ao controle político. Ex.: Suíça (o
controle de constitucionalidade depende do tipo de lei; se a lei for nacional,
compete ao Poder Legislativo; se for uma lei local, compete ao Poder Judiciário).
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Ambas as formas de controle podem ser exercidas por todos os Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário). Não existe restrição quanto a essa possibilidade.
Poder Executivo: veto jurídico (art. 66, §1º, CF). O Presidente da República pode
vetar o projeto de lei em dois casos: se ele entender que é inconstitucional (veto
jurídico) ou que é contrário ao interesse público (veto político). O controle
preventivo é exercido no caso do veto jurídico, e não político.
Poder Legislativo: podem exercer o controle em três situações: 1) art. 49, V, CF; 2)
art. 62, CF; e 3) Súmula nº. 347 (STF).
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Já aconteceu de um Deputado Federal iniciar um projeto de lei com o objetivo de permitir a pena de morte para
determinados crimes que não apenas os crimes de guerra. Ocorre que, antes mesmo de o projeto começar a
tramitar, uma Deputada Federal impetrou Mandado de Segurança junto ao STF, sustentando que o projeto violava
o art. 66, §4º, da CF/88. Concedendo a ordem postulada pela parlamentar, exerceu o STF o controle preventivo de
constitucionalidade.
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1) Art. 49, V15 fiscalização de atos normativos do Poder Executivo. São duas as
possibilidades: 1) controle sobre decretos e regulamentos expedidos pelo Poder
Executivo (art. 84, IV,CF); 2) controle sobre as leis delegadas (art. 68, CF). Ex¹.:
vamos supor que o Poder Executivo exorbite os limites da regulamentação legal
(o decreto deveria regulamentar apenas a matéria constante da Lei X, mas ele
vai além, tratando de outras matérias); o Congresso Nacional, no exercício do
controle repressivo, pode suspender a parte do decreto que extrapolou os
limites do poder regulamentar, por meio de decreto legislativo. Ex².: o
Presidente da República, pretendendo tratar de determinada matéria X, solicita
ao Congresso Nacional a delegação para que ele próprio elabore a lei; se o
Congresso concordar, estabelecerá, por meio de uma resolução, os limites dessa
delegação; caso o Presidente trate de matéria não delegada, pode o Congresso
sustar a parte da lei delegada que extrapolou os limites indicados na resolução, o
que fará também por meio de decreto legislativo.
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Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
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2) Art. 62, CF16 esse dispositivo trata da medida provisória. O Poder Legislativo
pode exercer o controle sobre a medida provisória em dois aspectos: 1)
pressupostos objetivos (relevância e urgência); 2) conteúdo da MP. Assim,
além de analisar a existência da relevância e urgência da medida provisória
(aspecto formal), o Congresso Nacional pode analisar também se o seu
conteúdo está compatível com a Constituição Federal (aspecto material). Ex.: se
o Presidente da República edita uma medida provisória que trate de uma
matéria dispensada à lei complementar, o Congresso pode suspendê-la, pois a
Constituição proíbe expressamente que medida provisória aborde tema de lei
complementar (art. 62, §1º, III, CF). Trata-se de um controle repressivo, uma
vez que a MP produz efeitos desde a sua edição.
3) Súmula nº. 347 (STF) diz a súmula que “o Tribunal de Contas, no exercício de
suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do
Poder Público”. Ressalte-se que o Tribunal de Contas não pode declarar uma
lei inconstitucional, mas pode deixar de aplicá-la a um determinado concreto,
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Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o
previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
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Ressalte-se que, no MS 29.123 MC/DF, o Min. Gilmar Mendes defendeu a revisão da Súmula 347. Ocorre que
essa súmula ainda continua plenamente válida, pois não houve o seu afastamento pelo STF.
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Qual a relação entre a ampliação do rol de legitimados para propor ADIn e o controle
repressivo do Poder Executivo?
Resp.: parte da doutrina entende que, após a CF/88, em que se passou a consagrar a
legitimidade ativa do Presidente da República e Governadores para propor ADIn, não se
justifica mais a negativa de cumprimento. Quanto à jurisprudência, existem poucos
julgados após a CF/88 sobre o tema, mas há decisões do STJ e STF admitindo a negativa
de cumprimento (STJ - REsp 23.121/GO 18; STF – ADIn 221 MC/DF19). Há, ainda, quem
diga que, após a CF/88, o Chefe do Poder Executivo pode negar cumprimento, mas, por
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LEI INCONSTITUCIONAL - PODER EXECUTIVO - NEGATIVA DE EFICACIA. O PODER EXECUTIVO DEVE NEGAR
EXECUÇÃO A ATO NORMATIVO QUE LHE PAREÇA INCONSTITUCIONAL. (REsp 23121 / GO - RECURSO ESPECIAL -
1992/0013460-2 - Relator(a) Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS (1096) - Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA
TURMA - Data do Julgamento 06/10/1993 - Data da Publicação/Fonte DJ 08/11/1993)
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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA. REVOGAÇÃO. PEDIDO DE LIMINAR. - POR SER
A MEDIDA PROVISORIA ATO NORMATIVO COM FORÇA DE LEI, NÃO E ADMISSIVEL SEJA RETIRADA DO CONGRESSO
NACIONAL A QUE FOI REMETIDA PARA O EFEITO DE SER, OU NÃO, CONVERTIDA EM LEI. - EM NOSSO SISTEMA
JURÍDICO, NÃO SE ADMITE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU DE ATO NORMATIVO COM
FORÇA DE LEI POR LEI OU POR ATO NORMATIVO COM FORÇA DE LEI POSTERIORES. O CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI OU DOS ATOS NORMATIVOS E DA COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO PODER
JUDICIARIO. OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO MESMO TEM SIDO
QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMAÇÃO ATIVA NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
-, PODEM TÃO-SÓ DETERMINAR AOS SEUS ÓRGÃOS SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR
ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU ATOS COM FORÇA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. - A
MEDIDA PROVISORIA N. 175, POREM, PODE SER INTERPRETADA (INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO)
COMO AB-ROGATÓRIA DAS MEDIDAS PROVISORIAS N.S. 153 E 156. SISTEMA DE AB-ROGAÇÃO DAS MEDIDAS
PROVISORIAS DO DIREITO BRASILEIRO. - REJEIÇÃO, EM FACE DESSE SISTEMA DE AB-ROGAÇÃO, DA PRELIMINAR DE
QUE A PRESENTE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTA PREJUDICADA, POIS AS MEDIDAS PROVISORIAS
N.S. 153 E 156, NESTE MOMENTO, SÓ ESTAO SUSPENSAS PELA AB-ROGAÇÃO SOB CONDIÇÃO RESOLUTIVA, AB-
ROGAÇÃO QUE SÓ SE TORNARA DEFINITIVA SE A MEDIDA PROVISORIA N. 175 VIER A SER CONVERTIDA EM LEI. E
ESSA SUSPENSÃO, PORTANTO, NÃO IMPEDE QUE AS MEDIDAS PROVISORIAS SUSPENSAS SE REVIGOREM, NO CASO
DE NÃO CONVERSAO DA AB-ROGANTE. - O QUE ESTA PREJUDICADO, NESTE MOMENTO EM QUE A AB-ROGAÇÃO
ESTA EM VIGOR, E O PEDIDO DE CONCESSÃO DE LIMINAR, CERTO COMO E QUE ESSA CONCESSÃO SÓ TEM
EFICACIA DE SUSPENDER "EX NUNC" A LEI OU ATO NORMATIVO IMPUGNADO. E, EVIDENTEMENTE, NÃO HÁ QUE
SE EXAMINAR, NESTE INSTANTE, A SUSPENSÃO DO QUE JA ESTA SUSPENSO PELA AB-ROGAÇÃO DECORRENTE DE
OUTRA MEDIDA PROVISORIA EM VIGOR. PEDIDO DE LIMINAR JULGADO PREJUDICADO "SI ET IN QUANTUM". (ADI
221 MC / DF - DISTRITO FEDERAL - MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES - Julgamento: 29/03/1990 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
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O controle concreto ou incidental também costuma ser chamado de “controle por via de exceção” ou “controle
por via de defesa”, que são termos, segundo entende Novelino, equivocados (não é técnico), uma vez que a
alegação de inconstitucionalidade não se faz, necessariamente, em sede de defesa.
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a) Controle difuso ou aberto: é aquele que pode ser exercido por qualquer juiz ou
tribunal. Não existe reserva para o exercício desse controle. Qualquer órgão do
Poder Judiciário pode exercê-lo. O controle difuso também é conhecido como
sistema norte-americano21
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IMPORTANTE! Vale lembrar que o controle de constitucionalidade difuso nasceu nos EUA. A doutrina aponta
que o seu surgimento ocorreu em 1803, quando o Juiz Marshal julgou o caso MARBURY X MADISON; este é o caso
mais famoso, indicado como o marco do surgimento do controle de constitucionalidade no mundo. Ocorre que
essa não foi a primeira vez que o Judiciário norte-americano discutiu a constitucionalidade de uma lei. Em
verdade, foi a primeira vez que a Suprema Corte declarou inconstitucional uma lei. Assim, vale dizer, antes de
1803, existiram dois casos importantes em que foi discutida a constitucionalidade de uma lei, senão vejamos: 1)
HAYBURN’S CASE (1792) – não foi uma decisão proferida pela Suprema Corte, mas pelas “Cortes do Circuito”, que
declaram inconstitucional uma lei de pensão para inválidos. 2) HYLTON X UNITED STATES (1796) – foi julgado pela
Suprema Corte, que declarou um ato do Congresso americano constitucional. A primeira vez que a Suprema Corte
declarou uma lei inconstitucional foi no caso Marbury x Madison, em 1803, e foi neste case no qual foram
estabelecidas as bases teóricas do controle de constitucionalidade. No BRASIL, o controle difuso surgiu com a
Constituição de 1891.
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O controle concentrado surgiu na Áustria (Constituição de 1920), criado por Hans Kelsen, exercido pelo Tribunal
Constitucional. No BRASIL, o controle concentrado foi introduzido pela EC 16/1965 (emenda feita na Constituição
de 1946).
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5. CONTROLE DIFUSO
b) Legitimidade: qualquer pessoa que tenha um direito subjetivo violado por um ato
do Poder Público incompatível com a Constituição.
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Regra: “controle difuso concreto” e “controle concentrado abstrato”. Exceções: 1) ADI interventiva; 2) ADPF
incidental (“controle concentrado concreto”).
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Aspecto subjetivo: efeito “inter partes” (não atinge terceiros, mas apenas
aqueles que fazem parte do processo). Ex.: RCL 10.403/RJ.
13, § 4º; art. 17 e art. 33, IV, da Lei 8.112, de 1990, dispositivos esses que foram declarados inconstitucionais em
27.8.1998: ADI 837/DF, Relator o Ministro Moreira Alves, "DJ" de 25.6.1999. II. - Os princípios da boa-fé e da
segurança jurídica autorizam a adoção do efeito ex nunc para a decisão que decreta a inconstitucionalidade.
Ademais, os prejuízos que adviriam para a Administração seriam maiores que eventuais vantagens do
desfazimento dos atos administrativos. III. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal. IV. - RE conhecido, mas
não provido. (RE 442683 / RS - RIO GRANDE DO SUL - RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Relator(a): Min. CARLOS
VELLOSO - Julgamento: 13/12/2005 - Órgão Julgador: Segunda Turma)
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MUNICÍPIOS. CÂMARA DE VEREADORES. COMPOSIÇÃO. AUTONOMIA MUNICIPAL.
LIMITES CONSTITUCIONAIS. NÚMERO DE VEREADORES PROPORCIONAL À POPULAÇÃO. CF, ARTIGO 29, IV.
APLICAÇÃO DE CRITÉRIO ARITMÉTICO RÍGIDO. INVOCAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA RAZOABILIDADE.
INCOMPATIBILIDADE ENTRE A POPULAÇÃO E O NÚMERO DE VEREADORES. INCONSTITUCIONALIDADE,
INCIDENTER TANTUM, DA NORMA MUNICIPAL. EFEITOS PARA O FUTURO. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. 1. O artigo
29, inciso IV da Constituição Federal, exige que o número de Vereadores seja proporcional à população dos
Municípios, observados os limites mínimos e máximos fixados pelas alíneas a, b e c. 2. Deixar a critério do
legislador municipal o estabelecimento da composição das Câmaras Municipais, com observância apenas dos
limites máximos e mínimos do preceito (CF, artigo 29) é tornar sem sentido a previsão constitucional expressa
da proporcionalidade. 3. Situação real e contemporânea em que Municípios menos populosos têm mais
Vereadores do que outros com um número de habitantes várias vezes maior. Casos em que a falta de um
parâmetro matemático rígido que delimite a ação dos legislativos Municipais implica evidente afronta ao
postulado da isonomia. 4. Princípio da razoabilidade. Restrição legislativa. A aprovação de norma municipal que
estabelece a composição da Câmara de Vereadores sem observância da relação cogente de proporção com a
respectiva população configura excesso do poder de legislar, não encontrando eco no sistema constitucional
vigente. 5. Parâmetro aritmético que atende ao comando expresso na Constituição Federal, sem que a
proporcionalidade reclamada traduza qualquer afronta aos demais princípios constitucionais e nem resulte formas
estranhas e distantes da realidade dos Municípios brasileiros. Atendimento aos postulados da moralidade,
impessoalidade e economicidade dos atos administrativos (CF, artigo 37). 6. Fronteiras da autonomia municipal
impostas pela própria Carta da República, que admite a proporcionalidade da representação política em face do
número de habitantes. Orientação que se confirma e se reitera segundo o modelo de composição da Câmara dos
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Deputados e das Assembléias Legislativas (CF, artigos 27 e 45, § 1º). 7. Inconstitucionalidade, incidenter tantun,
da lei local que fixou em 11 (onze) o número de Vereadores, dado que sua população de pouco mais de 2600
habitantes somente comporta 09 representantes. 8. Efeitos. Princípio da segurança jurídica. Situação
excepcional em que a declaração de nulidade, com seus normais efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo
o sistema legislativo vigente. Prevalência do interesse público para assegurar, em caráter de exceção, efeitos pro
futuro à declaração incidental de inconstitucionalidade. Recurso extraordinário conhecido e em parte provido.
(RE 197917 / SP - SÃO PAULO - RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA - Julgamento:
06/06/2002 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
27
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
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fundamento ou uma questão incidental (STJ – REsp 557.646 28; REsp 294.02229; STF – RE
227.15930).
Portanto, não há dúvidas de que a ação civil pública pode ser utilizada como
instrumento para o controle incidental de constitucionalidade. Ocorre que ela não pode ser
utilizada para este fim específico, caso contrário estaria fazendo as vezes da ação direta de
inconstitucionalidade, de competência exclusiva do STF.
28
PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE -
POSSIBILIDADE - EFEITOS. 1. É possível a declaração incidental de inconstitucionalidade, na ação civil pública, de
quaisquer leis ou atos normativos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não figure como
pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à resolução do
litígio principal, em torno da tutela do interesse público. 2. A declaração incidental de inconstitucionalidade na
ação civil pública não faz coisa julgada material, pois se trata de controle difuso de constitucionalidade, sujeito
ao crivo do Supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário, sendo insubsistente, portando, a tese de que
tal sistemática teria os mesmos efeitos da ação declaratória de inconstitucionalidade. 3. O efeito erga omnes da
coisa julgada material na ação civil pública será de âmbito nacional, regional ou local conforme a extensão e a
indivisibilidade do dano ou ameaça de dano, atuando no plano dos fatos e litígios concretos, por meio,
principalmente, das tutelas condenatória, executiva e mandamental, que lhe asseguram eficácia prática,
diferentemente da ação declaratória de inconstitucionalidade, que faz coisa julgada material erga omnes no
âmbito da vigência espacial da lei ou ato normativo impugnado. 4. Recurso especial provido. (Processo REsp
557646 / DF - RECURSO ESPECIAL - 2003/0094181-7 - Relator(a) Ministra ELIANA CALMON (1114) - Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento 13/04/2004 - Data da Publicação/Fonte DJ 30/06/2004 p. 314)
29
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE. EFICÁCIA ERGA
OMNES. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRECEDENTES. 1. O STJ vem perfilhando o entendimento de
que é possível a declaração incidental de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos em sede de ação civil
pública, nos casos em que a controvérsia constitucional consista no fundamento do pedido ou na questão
prejudicial que leve à solução do bem jurídico perseguido na ação. 2. Tratando-se de controle difuso, portanto
exercitável incidentalmente no caso concreto, apenas a esse estará afeto, não obrigando pessoas que não
concorreram para o evento danoso apontado na ação coletiva; ou seja, a decisão acerca da
in/constitucionalidade não contará com o efeito erga omnes, de forma que não se verifica a hipótese de ludibrio
do sistema de controle constitucional. 3. Recurso especial provido. (Processo REsp 294022 / DF - RECURSO
ESPECIAL - 2000/0135875-8 - Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123) - Órgão Julgador T2 -
SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento 02/08/2005 - Data da Publicação/Fonte DJ 19/09/2005 p. 243)
30
EMENTA: - Recurso extraordinário. Ação Civil Pública. Ministério Público. Legitimidade. 2. Acórdão que deu como
inadequada a ação civil pública para declarar a inconstitucionalidade de ato normativo municipal. 3. Entendimento
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A ação civil pública, assim, funcionará igual às demais ações em que, incidentalmente, se
busca a declaração da inconstitucionalidade de uma norma (Mandado de Segurança, Habeas
Corpus etc.).
Caso a ação civil pública seja utilizada como uma espécie de ADI, usurpando a
competência do STF, admite-se a propositura de Reclamação junto a esta Corte.
Vamos estudar a ADI e ADC (reguladas pela Lei 9.868/99), além da ADPF (Lei 9.882/99).
6.1. INTRODUÇÃO
A ADI/ADC possuem um caráter dúplice ou ambivalente (art. 24, Lei 9.868/9931). Isso
significa dizer que a natureza dessas ações é a mesma. A diferença está no “sinal”: a ADI pede a
declaração de inconstitucionalidade; a ADC pede a declaração de constitucionalidade. Assim, se
o STF declarou a norma constitucional, uma ADC teria sido julgada procedente, e uma ADI
improcedente; caso contrário, ou seja, se o STF declarou a inconstitucionalidade de uma
norma, uma ADC teria sido julgada improcedente e uma ADI procedente.
Quando existe uma ADI e uma ADC sobre o mesmo tema tramitando junto ao STF, o
seu julgamento é conjunto. Foi o que aconteceu, por exemplo, recentemente, com a Lei Maria
da Penha.
Não obstante essas ações possuam a mesma natureza, existem algumas diferenças.
desta Corte no sentido de que "nas ações coletivas, não se nega, à evidência, também, a possibilidade de
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, de lei ou ato normativo federal ou local." 4.
Reconhecida a legitimidade do Ministério Público, em qualquer instância, de acordo com a respectiva jurisdição, a
propor ação civil pública(CF, arts. 127 e 129, III). 5. Recurso extraordinário conhecido e provido para que se
prossiga na ação civil pública movida pelo Ministério Público. (RE 227159 / GO – GOIÁS - RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA - Julgamento: 12/03/2002 - Órgão Julgador: Segunda
Turma)
31
Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação
declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente
eventual ação declaratória.
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A primeira delas diz respeito ao pressuposto de admissibilidade da ADC, que não existe
na ADI. Naquela, entretanto, é necessária a existência de “controvérsia judicial relevante” (art.
14, III, Lei 9.868/9932). Qual a razão dessa exigência? As leis são presumidamente
constitucionais; em razão dessa presunção de constitucionalidade é que se faz necessária a
existência de uma controvérsia judicial relevante, caso contrário não se justifica a propositura
de ADC.
Vale dizer que a ADPF também possui um requisito específico, que é o seu caráter
subsidiário, ou seja, só é cabível a ADPF quando não existir outro meio igualmente eficaz para
sanar a lesividade (art. 4º, §1º, Lei 9.882/9933). Para o STF, esse “meio igualmente eficaz” deve
ter a mesma efetividade, amplitude e imediaticidade da ADPF (geralmente, esse “meio” vai ser
uma ADI ou ADC34).
a) Não se admite desistência, assistência nem intervenção de terceiros 35: a Lei 9.868/99
prevê a possibilidade da intervenção do amicus curiae na ADI e ADC (art. 20, §1º36),
mas ressalte-se que existem alguns Ministros do STF que entendem que o amicus
curiae seria uma forma de intervenção de terceiros. Nenhuma das duas leis trata,
32
Art. 14. A petição inicial indicará:
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
33
Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de argüição de
descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta.
§ 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro
meio eficaz de sanar a lesividade.
34
O STF trouxe outro exemplo de “meio igualmente eficaz”, que não a ADI e ADC. Foi ajuizada uma ADPF tendo por
objeto uma súmula vinculante. O STF entendeu que, nesse caso, não seria cabível a ADPF, uma vez que a Lei
11.417/06 prevê outro mecanismo igualmente eficaz, qual seja, o Pedido de Revisão/Cancelamento de Súmula
Vinculante.
35
Ver amicus curiae.
36
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência
das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para, em audiência pública, ouvir
depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.
28
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A legitimidade ativa é a mesma para ADI, ADC e ADPF. Ela deve ter previsão legal e
constitucional, pois o controle abstrato não depende de um direito subjetivo. A finalidade
principal desse controle é assegurar a supremacia da Constituição, razão pela qual cabe à Carta
Magna (ou à lei) estabelecer quem são os legitimados para postulá-la.
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O rol de legitimados está no art. 103 da CF/8837 (também se aplica à ADPF, ainda que
não esteja mencionada; há previsão legal expressa nesse sentido – art. 2º, inciso I, Lei
9.882/9938). Ainda, destaque-se que esse rol de legitimados é exaustivo (numerus clausus).
Antes, somente o Procurador-Geral da República possuía essa legitimidade; o rol foi
substancialmente ampliado com a EC 45/2004.
A jurisprudência faz uma distinção dentro do rol de legitimados:
Legitimados ativos UNIVERSAIS: não precisam demonstrar a pertinência
temática. Relacionam-se à União. São eles: Presidente da República,
Procurador-Geral da República, Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa do
Senado Federal, partidos políticos com representação no Congresso Nacional e
Conselho Federal da OAB.
Legitimados ativos ESPECIAIS: precisam demonstrar a existência de pertinência
temática (= nexo de causalidade entre o interesse defendido pelo legitimado
37
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
38
Art. 2o Podem propor argüição de descumprimento de preceito fundamental:
I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade;
30
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ativo e o objeto impugnado) – ADI 305 39; ADI 1.507-MC-AgR40. Ex.: o Conselho
Federal de Medicina, ao ajuizar uma ADI, ADC ou ADPF, deve demonstrar que a
norma impugnada fere os interesses da categoria; Governador do Estado deve
demonstrar que a norma impugnada fere os interesses do Estado que ele
representa. Relacionam-se aos Estados. São eles: Governador (estados/DF),
Mesa da Assembleia Legislativa, Mesa da Câmara Legislativa (DF),
confederação sindical e entidades de classe de âmbito nacional.
representação
Deputados e no CN) e
(União) República do Senado República Conselho
Federal Federal da
OAB.
Mesas da Confederação
Assembleia Sindical e
ESPECIAIS Governador
- Legislativa - Entidades de
(Estados) (Estados/DF)
e da Câmara Classe (âmbito
Legislativa nacional)
Mesa do Congresso Nacional NÃO tem legitimidade ativa : mais uma vez,
destaque-se que o rol do art. 103 da CF/88 é taxativo.
41
Decisão: O Tribunal, por maioria, deu provimento ao agravo, no sentido de reconhecer que a perda
superveniente de representação parlamentar não desqualifica o partido político como legitimado ativo para a
propositura da ação direta de inconstitucionalidade, vencidos os Senhores Ministros Carlos Velloso, Relator, e
Celso de Mello. Votou o Presidente, o Senhor Ministro Nelson Jobim. Redigirá o acórdão o Senhor Ministro Gilmar
Mendes. Ausente, justificadamente, a Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 12.08.2004.
32
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42
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Central Única dos Trabalhadores (CUT). Falta de legitimação
ativa. - Sendo que a autora constituída por pessoas jurídicas de natureza vária, e que representam categorias
profissionais diversas, não se enquadra ela na expressão - entidade de classe de âmbito nacional-, a que alude o
artigo 103 da Constituição, contrapondo-se às confederações sindicais, porquanto não é uma entidade que
congregue os integrantes de uma determinada atividade ou categoria profissional ou econômica, e que,
portanto, represente, em âmbito nacional, uma classe. - Por outro lado, não é a autora - e nem ela própria se
enquadra nesta qualificação - uma confederação sindical, tipo de associação sindical de grau superior
devidamente previsto em lei (C.L.T. artigos 533 e 535), o qual ocupa o cimo da hierarquia de nossa estrutura
sindical e ao qual inequivocamente alude a primeira parte do inciso IX do artigo 103 da Constituição. Ação direta
de inconstitucionalidade que não se conhece por falta de legitimação da autora. (ADI 271 MC / DF - DISTRITO
FEDERAL - MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. MOREIRA ALVES -
Julgamento: 24/09/1992 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
43
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA DE CENTRAL
SINDICAL (CUT) - IMPUGNAÇÃO A MEDIDA PROVISÓRIA QUE FIXA O NOVO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO -
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM FACE DA INSUFICIÊNCIA DESSE VALOR SALARIAL - REALIZAÇÃO
INCOMPLETA DA DETERMINAÇÃO CONSTANTE DO ART. 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - HIPÓTESE DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PARCIAL - IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA ADIN EM AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - AÇÃO DIRETA DE QUE NÃO SE CONHECE, NO PONTO - MEDIDA
PROVISÓRIA QUE SE CONVERTEU EM LEI - LEI DE CONVERSÃO POSTERIORMENTE REVOGADA POR OUTRO
DIPLOMA LEGISLATIVO - PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO DIRETA. FALTA DE LEGITIMIDADE ATIVA DAS CENTRAIS
SINDICAIS PARA O AJUIZAMENTO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. - No plano da organização
sindical brasileira, somente as confederações sindicais dispõem de legitimidade ativa "ad causam" para o
ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103, IX), falecendo às centrais sindicais, em
conseqüência, o poder para fazer instaurar, perante o Supremo Tribunal Federal, o concernente processo de
fiscalização normativa abstrata. (...) (Precedentes. ADI 1442 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CELSO DE MELLO - Julgamento: 03/11/2004 - Órgão Julgador:
Tribunal Pleno).
33
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Dentre os legitimados do art. 103 da CF/88, os únicos que NÃO têm capacidade
postulatória são os partidos políticos, as confederações sindicais e as entidades
de classe de âmbito nacional.
6.4. PARÂMETRO
a) ADI e ADC
O objeto da ADI e ADC difere do objeto da ADPF. No caso da ADI e ADC, a Constituição
exige que o objeto seja uma lei ou ato normativo. Previsão no art. 102, inciso I, “a”, da CF/88:
45
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
46
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
35
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Essa lei ou ato normativo deve violar diretamente a Constituição. A violação tem que
ser direta ou antecedente. Ainda, quando se fala em “lei”, pode ser qualquer lei, inclusive as
de efeitos concretos (leis de efeitos concretos são aquelas que possuem destinatário certo ou
objeto determinado). O STF, até alguns anos atrás, adotava o posicionamento segundo o qual
leis de efeitos concretos não poderiam ser objetos de ADI ou ADC; na ADI 4.048-MC 47,
entretanto, o STF mudou o entendimento, passando a admitir essa possibilidade.
Atos tipicamente regulamentares: são aqueles que regulamentam uma lei (ex.:
decreto regulamentar), logo, não violam diretamente a Constituição. Ressalte-se
47
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N° 405, DE
18.12.2007. ABERTURA DE CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO. LIMITES CONSTITUCIONAIS À ATIVIDADE LEGISLATIVA
EXCEPCIONAL DO PODER EXECUTIVO NA EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS. I. MEDIDA PROVISÓRIA E SUA
CONVERSÃO EM LEI. Conversão da medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial.
Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao prosseguimento do julgamento. A lei de
conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. Precedentes. II. CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS ORÇAMENTÁRIAS. REVISÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal
Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos
quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter
geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de submissão das normas orçamentárias ao
controle abstrato de constitucionalidade. (...) IV. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. Suspensão da vigência da Lei n°
11.658/2008, desde a sua publicação, ocorrida em 22 de abril de 2008. (ADI 4048 MC / DF - DISTRITO FEDERAL -
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. GILMAR MENDES -
Julgamento: 14/05/2008 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
36
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que é possível que um decreto seja objeto de controle, desde que seja um
decreto autônomo (aquele que regula diretamente a Constituição) – ADI 3.66448.
Leis ou normas de efeitos concretos já exaur idos: se a norma não produz mais
efeitos, não há mais razão para impugnar a sua constitucionalidade – ADI
2.980/DF50.
48
EMENTAS: 1. INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Objeto. Admissibilidade. Impugnação de decreto
autônomo, que institui benefícios fiscais. Caráter não meramente regulamentar. Introdução de novidade
normativa. Preliminar repelida. Precedentes. Decreto que, não se limitando a regulamentar lei, institua benefício
fiscal ou introduza outra novidade normativa, reputa-se autônomo e, como tal, é suscetível de controle
concentrado de constitucionalidade. 2. INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Decreto nº 27.427/00, do Estado
do Rio de Janeiro. Tributo. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Benefícios fiscais. Redução
de alíquota e concessão de crédito presumido, por Estado-membro, mediante decreto. Inexistência de suporte em
convênio celebrado no âmbito do CONFAZ, nos termos da LC 24/75. Expressão da chamada “guerra fiscal”.
Inadmissibilidade. Ofensa aos arts. 150, § 6º, 152 e 155, § 2º, inc. XII, letra “g”, da CF. Ação julgada procedente.
Precedentes. Não pode o Estado-membro conceder isenção, incentivo ou benefício fiscal, relativos ao Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, de modo unilateral, mediante decreto ou outro ato normativo,
sem prévia celebração de convênio intergovernamental no âmbito do CONFAZ. (ADI 3664 / RJ - RIO DE JANEIRO -
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CEZAR PELUSO - Julgamento: 01/06/2011 - Órgão
Julgador: Tribunal Pleno)
49
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ADI. Inadmissibilidade. Art. 14, § 4º, da CF. Norma
constitucional originária. Objeto nomológico insuscetível de controle de constitucionalidade. Princípio da
unidade hierárquico-normativa e caráter rígido da Constituição brasileira. Doutrina. Precedentes. Carência da
ação. Inépcia reconhecida. Indeferimento da petição inicial. Agravo improvido. Não se admite controle
concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder constituinte originário. (ADI
4097 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL - AG.REG.NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min.
CEZAR PELUSO - Julgamento: 08/10/2008 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
50
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Lei federal nº 9.688/98. Servidor público. Cargo de censor
federal. Extinção. Enquadramento dos ocupantes em cargos doutras carreiras. Norma de caráter ou efeito
concreto exaurido. Impossibilidade de controle abstrato de constitucionalidade. Pedido não conhecido. Votos
37
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Leis ou atos normativos com eficácia suspensa pelo Senado (art. 52, X, CF):
trata-se daquela hipótese em que o STF declara a inconstitucionalidade no
controle difuso e o Senado edita uma resolução suspendendo a execução da lei
(dando efeitos erga omnes) - ADI 15/DF51.
vencidos. Lei ou norma de caráter ou efeito concreto já exaurido não pode ser objeto de controle abstrato de
constitucionalidade, em ação direta de inconstitucionalidade. (ADI 2980 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO - Relator(a) p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO -
Julgamento: 05/02/2009 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
51
EMENTA: I. ADIn: legitimidade ativa: "entidade de classe de âmbito nacional" (art. 103, IX, CF): compreensão da
"associação de associações" de classe. Ao julgar, a ADIn 3153-AgR, 12.08.04, Pertence, Inf STF 356, o plenário do
Supremo Tribunal abandonou o entendimento que excluía as entidades de classe de segundo grau - as chamadas
"associações de associações" - do rol dos legitimados à ação direta. II. ADIn: pertinência temática. Presença da
relação de pertinência temática, pois o pagamento da contribuição criada pela norma impugnada incide sobre as
empresas cujos interesses, a teor do seu ato constitutivo, a requerente se destina a defender. III. ADIn: não
conhecimento quanto ao parâmetro do art. 150, § 1º, da Constituição, ante a alteração superveniente do
dispositivo ditada pela EC 42/03. IV. ADIn: L. 7.689/88, que instituiu contribuição social sobre o lucro das pessoas
jurídicas, resultante da transformação em lei da Medida Provisória 22, de 1988. 1. Não conhecimento, quanto ao
art. 8º, dada a invalidade do dispositivo, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal, em processo de
controle difuso (RE 146.733), e cujos efeitos foram suspensos pelo Senado Federal, por meio da Resolução
11/1995. 2. Procedência da arguição de inconstitucionalidade do artigo 9º, por incompatibilidade com os artigos
195 da Constituição e 56, do ADCT/88, que, não obstante já declarada pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do RE 150.764, 16.12.92, M. Aurélio (DJ 2.4.93), teve o processo de suspensão do dispositivo
arquivado, no Senado Federal, que, assim, se negou a emprestar efeitos erga omnes à decisão proferida na via
difusa do controle de normas. 3. Improcedência das alegações de inconstitucionalidade formal e material do
restante da mesma lei, que foram rebatidas, à exaustão, pelo Supremo Tribunal, nos julgamentos dos RREE
146.733 e 150.764, ambos recebidos pela alínea b do permissivo constitucional, que devolve ao STF o
conhecimento de toda a questão da constitucionalidade da lei. (ADI 15 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - Julgamento: 14/06/2007 - Órgão Julgador:
Tribunal Pleno)
38
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Leis revogadas: no controle difuso, não importa se a lei já foi revogada ou não,
ela pode ter violado direito subjetivo quando ainda vigente; portanto, ainda que
a lei já esteja revogada, a sua constitucionalidade pode ser questionada. No
controle concentrado, por outro lado, a finalidade principal é a proteção da
supremacia da Constituição, e não de um direito subjetivo. Assim, se uma lei foi
revogada, ela não oferece mais “perigo” à Constituição, logo não há razão para
ser objeto de controle difuso de constitucionalidade. Exceção: “fraude
processual” – ocorre quando as leis são sucessivamente revogadas com a
intenção de burlar a jurisdição constitucional (ADI 3.306/DF53).
52
EMENTA Agravo regimental. Ação direta de inconstitucionalidade manifestamente improcedente. Indeferimento
da petição inicial pelo Relator. Art. 4º da Lei nº 9.868/99. 1. É manifestamente improcedente a ação direta de
inconstitucionalidade que verse sobre norma (art. 56 da Lei nº 9.430/96) cuja constitucionalidade foi
expressamente declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, mesmo que em recurso extraordinário. 2.
Aplicação do art. 4º da Lei nº 9.868/99, segundo o qual "a petição inicial inepta, não fundamentada e a
manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator". 3. A alteração da jurisprudência
pressupõe a ocorrência de significativas modificações de ordem jurídica, social ou econômica, ou, quando muito,
a superveniência de argumentos nitidamente mais relevantes do que aqueles antes prevalecentes , o que não se
verifica no caso. 4. O amicus curiae somente pode demandar a sua intervenção até a data em que o Relator liberar
o processo para pauta. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (ADI 4071 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL -
AG.REG.NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. MENEZES DIREITO - Julgamento:
22/04/2009 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
53
EMENTA : AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÕES DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO
FEDERAL QUE DISPÕ EM SOBRE O REAJUSTE DA REMUNERAÇÃO DE SEUS SERVIDORES. RESERVA DE LEI. I.
PRELIMINAR. REVOGAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS IMPUGNADOS APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO DIRETA.
FRAUDE PROCESSUAL. CONTINUIDADE DO JULGAMENTO. Superveniência de Lei Distrital que convalidaria as
resoluções atacadas. Sucessivas leis distritais que tentaram revogar os atos normativos impugnados. Posterior
edição da Lei Distrital n° 4.342, de 22 de junho de 2009, a qual instituiu novo Plano de Cargos, Carreira e
Remuneração dos servidores e revogou tacitamente as Resoluções 197/03, 201/03, 202/03 e 204/03, por ter
regulado inteiramente a matéria por elas tratadas, e expressamente as Resoluções n°s 202/03 e 204/03. Fatos
que não caracterizaram o prejuízo da ação. Quadro fático que sugere a intenção de burlar a jurisdição
constitucional da Corte. Configurada a fraude processual com a revogação dos atos normativos impugnados na
ação direta, o curso procedimental e o julgamento final da ação não ficam prejudicados. (...) As resoluções da
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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LFG – Intensivo 2012
Câmara Distrital não constituem lei em sentido formal, de modo que vão de encontro ao disposto no texto
constitucional, padecendo, pois, de patente inconstitucionalidade, por violação aos artigos 37, X; 51, IV; e 52, XIII,
da Constituição Federal. III . AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE. (ADI 3306 / DF -
DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. GILMAR MENDES -
Julgamento: 17/03/2011 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
54
EMENTA Ação Direta de Inconstitucionalidade. AMB. Lei nº 14.506, de 16 de novembro de 2009, do Estado do
Ceará. Fixação de limites de despesa com a folha de pagamento dos servidores estaduais do Poder Executivo, do
Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público estadual. Conhecimento parcial.
Inconstitucionalidade. 1. Singularidades do caso afastam, excepcionalmente, a aplicação da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal sobre a prejudicialidade da ação, visto que houve impugnação em tempo adequado e
a sua inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia da lei temporária impugnada, existindo a
possibilidade de haver efeitos em curso (art. 7º da Lei 14.506/2009). 2. Conquanto a AMB tenha impugnado a
integralidade da lei estadual, o diploma limita a execução orçamentária não apenas em relação aos órgãos do
Poder Judiciário, mas também em relação aos Poderes Executivo e Legislativo e do Ministério Público, os quais são
alheios à sua atividade de representação. Todos os fundamentos apresentados pela requerente para demonstrar a
suposta inconstitucionalidade restringem-se ao Poder Judiciário, não alcançando os demais destinatários.
Conhecimento parcial da ação. 3. Conforme recente entendimento firmado por esta Corte, “[a] lei não precisa de
densidade normativa para se expor ao controle abstrato de constitucionalidade, devido a que se trata de ato de
aplicação primária da Constituição. Para esse tipo de controle, exige-se densidade normativa apenas para o ato de
natureza infralegal” (ADI 4.049/DF-MC, Relator o Ministro Ayres Britto, DJ de 8/5/09). Outros precedentes: ADI
4.048/DF-MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJ de 22/8/08; ADI 3.949/DF-MC, Relator Ministro Gilmar Mendes,
DJ de 7/8/09). Preliminar de não conhecimento rejeitada. (...) 8. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
parcialmente procedente para declarar, com efeitos ex tunc, a inconstitucionalidade da expressão “e Judiciário”
contida nos arts. 1º e 6º da lei impugnada e para declarar a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto dos
demais dispositivos da Lei nº 14.506/09 do Estado do Ceará, afastando do seu âmbito de incidência o Poder
Judiciário. (ADI 4426 / CE – CEARÁ - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI -
Julgamento: 09/02/2011 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
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LFG – Intensivo 2012
Obs. Existe uma proposta de revisão do posicionamento do STF, na ADI 1.244-QO55, levantada
pelo Min. Gilmar Mendes, para que a Corte passe a admitir o controle concentrado de
constitucionalidade das leis revogadas e temporárias, sob pena de violação à força normativa
da Constituição e ao princípio da máxima efetividade constitucional.
b) ADPF
Quanto à ADPF, ela pode ter como objeto lei, ato normativo ou qualquer ato do poder
público. Previsão no art. 1ª, Lei 9.882/99:
55
INFORMATIVO 305: ADI e Revogação Superveniente. Iniciado o julgamento de segunda questão de ordem,
suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, em que se discute a prejudicialidade das ações diretas de
inconstitucionalidade nas hipóteses de revogação do ato impugnado. Trata-se, na espécie, de ação direta
ajuizada pelo Procurador-Geral da República contra Decisão Administrativa do TRT da 15ª Região tomada em
7.12.94, que fora posteriormente revogada - a mencionada decisão determinara o pagamento, a partir de abril de
1994, do reajuste de 10,94%, correspondente à diferença entre o resultado da conversão da URV em reais, com
base no dia 20 de abril de 1994, e o obtido na operação de conversão com base no dia 30 do mesmo mês e ano,
aos magistrados da Justiça do Trabalho, inclusive juízes classistas, bem como aos servidores ativos e inativos do
Tribunal. O Min. Gilmar Mendes, relator, proferiu voto no sentido da revisão da jurisprudência do STF - segundo
a qual a ação direta perde seu objeto quando há a revogação superveniente da norma impugnada ou, em se
tratando de lei temporária, quando sua eficácia já teria se exaurido -, para o fim de admitir o prosseguimento do
controle abstrato nas hipóteses em que a norma atacada tenha perdido a vigência após o ajuizamento da ação,
seja pela revogação, seja em razão do seu caráter temporário, restringindo o alcance dessa revisão às ações
diretas pendentes de julgamento e às que vierem a ser ajuizadas. O Min. Gilmar Mendes, considerando que a
remessa de controvérsia constitucional já instaurada perante o STF para as vias ordinárias é incompatível com
os princípios da máxima efetividade e da força normativa da Constituição, salientou não estar demonstrada
nenhuma razão de base constitucional a evidenciar que somente no âmbito do controle difuso seria possível a
aferição da constitucionalidade dos efeitos concretos de uma lei. Após, o julgamento foi adiado em virtude do
pedido de vista da Ministra Ellen Gracie. ADI (QO-QO) 1.244-SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 23.4.2003.
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Perceba que o objeto da ADPF é bem mais amplo que o da ADI e ADC. Por exemplo, na
ADPF é possível discutir a constitucionalidade de decisões judiciais, o que não pode ser feito
mediante ADI e ADC. Ex.: ADPF 10156. A amplitude do objeto da ADPF pode ser extraída do
inciso, I, art. 1º, da Lei 9.882/99:
Apesar de “ato do Poder Público” ser uma expressão muito ampla, existem situações
que não são admitidas como objeto da APDF pelo STF, senão vejamos:
56
INFORMATIVO 552: ADPF e Importação de Pneus Usados – 7. O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente
procedente pedido formulado em argüição de descumprimento de preceito fundamental, ajuizada pelo Presidente
da República, e declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as interpretações, incluídas as judicialmente
acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de pneus usados de qualquer espécie, aí insertos os
remoldados. Ficaram ressalvados os provimentos judiciais transitados em julgado, com teor já executado e
objeto completamente exaurido — v. Informativo 538. Entendeu-se, em síntese, que, apesar da complexidade dos
interesses e dos direitos envolvidos, a ponderação dos princípios constitucionais revelaria que as decisões que
autorizaram a importação de pneus usados ou remoldados teriam afrontado os preceitos constitucionais da saúde
e do meio ambiente ecologicamente equilibrado e, especificamente, os princípios que se expressam nos artigos
170, I e VI, e seu parágrafo único, 196 e 225, todos da CF (“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. ... Art. 225. Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.”). Vencido o Min. Marco Aurélio que julgava o pleito improcedente.
ADPF 101/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 24.6.2009.
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a) ADI e ADC
Um ato somente pode ser impugnado via ADI e ADC se for elaborado posteriormente
ao parâmetro. Vale dizer, nenhum ato anterior à Constituição de 1988 pode ser impugnado
nessas ações. Exemplo: uma lei de 1990 é questionada em face de norma da Constituição de
1988, mas que havia sido modificada por Emenda, em 1991; perceba, assim, que o ato é
57
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
ENUNCIADOS DE SUMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REVISÃO. INADEQUAÇÃO DA VIA. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO DA ARGUIÇÃO. 1. O enunciado da Súmula desta Corte, indicado como ato lesivo aos preceitos
fundamentais, não consubstancia ato do Poder Público, porém tão somente a expressão de entendimentos
reiterados seus. À argüição foi negado seguimento. 2. Os enunciados são passíveis de revisão paulatina. A
argüição de descumprimento de preceito fundamental não é adequada a essa finalidade. 3. Agravo regimental
não provido. (ADPF 80 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL - AG.REG.NA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL - Relator(a): Min. EROS GRAU - Julgamento: 12/06/2006 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
43
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posterior à Constituição, mas anterior ao parâmetro invocado no caso, que foi a norma fruto da
Emenda de 1991; logo, essa lei de 1990 não pode ser objeto de ADI ou ADC.
Recentemente, o STF julgou um caso desse tipo, que dizia respeito à obrigatoriedade de
a Defensoria Pública do Estado de São Paulo firmar convênio com a OAB/BA. O parâmetro
invocado foi uma norma inserida na Constituição pela EC 45/04, mas o ato normativo
impugnado nasceu antes dela. Por essa razão, o STF considerou incabível a ADI proposta,
justamente porque o ato foi elaborado anteriormente ao parâmetro. O STF, assim, transformou
44
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a ADI em ADPF, dando prosseguimento ao feito (ADI 4.163/SP 58). Vale dizer que ADI, ADC e
ADPF são ações fungíveis entre si.
b) ADPF
A ADPF pode ter como objeto atos posteriores ou anteriores à Constituição de 1988.
58
Notícias do STF (29.02.2012): STF entende não ser obrigatório convênio entre OAB-SP e Defensoria Pública
paulista. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPE-SP) não está obrigada a celebrar convênio com a
seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) visando à prestação de assistência judiciária. Essa
foi a decisão majoritária do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) na análise de mérito da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4163, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República. A discussão levantada pela
ADI girou em torno de saber se a previsão de convênio exclusivo – previsto no artigo 109 da Constituição de São
Paulo e no artigo 234 da Lei Complementar 988/2006 – e imposto à Defensoria Pública do Estado de São Paulo
agrediria ou não a autonomia funcional, administrativa e financeira prevista para as Defensorias Estaduais pelo
artigo 134, parágrafo 2º, da Constituição Federal. Segundo a PGR, a Constituição do Estado de São Paulo autoriza,
no artigo 109, a designação de advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para suprir a falta de
defensores públicos, mediante a celebração de convênio entre o Estado e aquela instituição. Outra norma
contestada é o artigo 234 da Lei Complementar 988/2006, que diz que a OAB deve credenciar os advogados
participantes do convênio e manter rodízio desses advogados. Estabelece também que a remuneração de tais
profissionais será definida pela Defensoria Pública e pela OAB. Conversão em ADPF. O presidente da Corte,
ministro Cezar Peluso, relatou a ADI e teve o voto seguido pela maioria dos ministros. Inicialmente, ele
converteu a ADI em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) por entender que este é o
instrumento correto para o debate, tendo em vista que os dispositivos questionados são anteriores à Emenda
Constitucional (EC) 45. Essa emenda atribuiu autonomia para as Defensorias Públicas estaduais a fim de, sem
qualquer ingerência, exercerem plenamente a assistência jurídica gratuita àqueles que não dispõem de meios
econômicos para a contratação de advogados. (...) – o acórdão dessa ADI ainda não foi publicado até a presente
data (09.03.2012)
INFORMATIVO 656: Defensoria pública paulista e convênio obrigatório com a OAB-SP: inadmissibilidade – 2. De
início, rechaçou-se preliminar, suscitada pela OAB-SP e pelo Governador do Estado-membro, de inadequação dos
fundamentos do pedido. Asseverou-se que o objeto da ação — saber se a previsão de autêntico “convênio
compulsório” transgrediria o art. 134, § 2º, da CF, que estabeleceria a autonomia funcional, administrativa e
financeira das defensorias públicas estaduais — estaria claro e bem embasado, a afastar a alegada inépcia da
inicial e a eventual ofensa indireta. Em passo seguinte, examinou-se a questão da admissibilidade, em sede de
controle concentrado, de cognição de norma cuja pretensa afronta a texto da Constituição dar-se-ia em face de
emenda constitucional ulterior. No tópico, assinalou-se que se estaria diante de confronto entre a parte final do
45
DIREITO CONSTITUCIONAL
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Perceba que a Constituição não fala sobre lei ou ato normativo do Distrito Federal. Uma
lei do referido ente federativo pode ser objeto dessas ações?
o ADC: não pode, pois só permite lei ou ato normativo federal;
o ADPF: pode, pois a lei do DF pode abranger tanto competências estaduais
quanto municipais, e a ADPF comporta atos do Poder Público dessas duas
esferas.
o ADI: pode, desde que a lei do DF trate de competência estadual. É o que se
depreende da Súmula 642 do STF: “Não cabe ação direta de
art. 109 da Constituição estadual, datada de 1989, e o disposto no art. 134, § 2º, da CF, erigido a princípio
constitucional com a EC 45/2004. Consignou-se que, para situações como esta, a via adequada seria a ADPF.
Assim, em nome da instrumentalidade, da economia e da celeridade processuais, além da certeza jurídica,
conheceu-se da presente demanda como ADPF. Salientou-se não haver óbice para a admissão da fungibilidade
entre ambas as ações e destacou-se que a ação direta atenderia aos requisitos exigidos para a propositura
daquela. Vencido, na conversão, o Min. Marco Aurélio ao fundamento de sua desnecessidade, uma vez que a
solução diria respeito ao condomínio que o aludido art. 109 instituiria na prestação de serviços aos necessitados,
tendo em conta o que previsto inicialmente na Constituição, em sua redação primitiva. ADI 4163/SP, rel. Min.
Cezar Peluso, 29.2.2012.
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Existe uma Proposta de Emenda Constitucional no sentido de ampliar o objeto da ADC para também abranger lei
ou ato normativo estadual como objeto, igualmente à ADI.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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7.1. QUÓRUM
Qual o quórum mínimo de presença dos Ministros para que haja a votação de ADI, ADC e
ADPF? O quórum mínimo de presentes é de 8 Ministros (2/3), nos termos do art. 22, da Lei
9.868/99, e do art. 5º, da Lei 9.882/99.
E para a declaração da constitucionalidade/inconstitucionalidade? Como regra geral,
exige-se a votação da maioria absoluta (6 Ministros), nos termos dos arts. 10 e 21, da Lei
9.868/99. No caso da ADPF, não há dispositivo prevendo esse quórum; por analogia, aplica-se a
mesma regra da ADI e ADC, ou seja, maioria absoluta.
Cumpre ressaltar que, no caso de liminar, excepcionalmente, o relator pode concedê-la
quando houver urgência ou perigo de grave lesão, cabendo tal função ao Presidente do STF,
se ocorrer no período de recesso.
Assim, a regra é que a liminar seja concedida mediante voto da maioria absoluta dos
membros; excepcionalmente, ela pode ser deferida pelo relator (em caso de urgência ou perigo
de lesão) ou pelo Presidente do STF (durante o recesso).
O STF entende que não há partes formais na ADI, ADC e ADC, razão pela qual não tem
lógica o efeito inter partes nesses casos. Portanto, toda decisão, seja liminar ou de mérito,
proferida em sede de ADI, ADC ou ADPF terá efeitos erga omnes e vinculantes. Esses são os
efeitos aplicáveis às três demandas.
No caso de LIMINAR, além dos efeitos supracitados, também existem os seguintes:
ADC: suspende o julgamento dos processos sobre a matéria por 180 dias (art.
21, Lei 9.868/99);
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ADI: apesar de não haver previsão legal expressa, o STF tem aplicado, por
analogia, o art. 21, da Lei 9.868/99, ou seja, suspende-se o julgamento dos
processos sobre a matéria pelo prazo de 180 dias;
ADPF: a liminar suspende a tramitação de processos, efeitos de decisões
judiciais ou medidas administrativas sobre a matéria, salvo se decorrentes de
coisa julgada (art. 5º, §3º, Lei 9.882/99).
60
Esse também é o entendimento majoritário quanto à ADPF.
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CF, art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Lei 9.882/99, art. 10, § 3o - A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante
relativamente aos demais órgãos do Poder Público.
Obs. Até 1993 (data em que foi introduzido o efeito vinculante na Constituição de 1988), a
decisão do STF que julgava uma ADI improcedente não vinculava os demais órgãos do Poder
Judiciário e nem o Chefe do Executivo. Por essa razão, foi incluído o efeito vinculante, para que,
na prática, a decisão do STF fosse obedecida.
Existe outra peculiaridade quanto ao aspecto objetivo dessa distinção. Perceba que tais
efeitos referem-se, especificamente, ao dispositivo da decisão do STF. Ocorre que, parte da
61
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a não vinculação do legislador tem por objetivo evitar o inconcebível
fenômeno da fossilização da Constituição.
62
Refere-se às partes da decisão que produzem os efeitos vinculantes e eficácia erga omnes.
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a) Decisão de mérito: regra geral, efeitos ex tunc (retroativo). Isso porque o Brasil
adota a chamada teoria da nulidade (a lei inconstitucional é um ato nulo, logo, ela
possui o vício desde a sua origem) – art. 27, Lei 9.868/99; art. 11, Lei 9.882/99.
Admite-se, todavia, a chamada modulação temporal dos efeitos da decisão:
enquanto a declaração da inconstitucionalidade com efeitos ex tunc depende da
votação da maioria absoluta (06 Ministros), a modulação temporal dos efeitos da
decisão depende da votação de 2/3 dos membros (08 Ministros), caso em que
poderá o STF dar efeitos ex nunc (não retroage) ou pro futuro (prospectivos). Não
63
EMENTA: I. Reclamação. Ausência de pertinência temática entre o caso e o objeto da decisão paradigma.
Seguimento negado. II. Agravo regimental. Desprovimento. Em recente julgamento, o Plenário do Supremo
Tribunal Federal rejeitou a tese da eficácia vinculante dos motivos determinantes das decisões de ações de
controle abstrato de constitucionalidade (RCL 2475-AgR, j. 2.8.07). (Rcl 2990 AgR / RN - RIO GRANDE DO NORTE -
AG.REG.NA RECLAMAÇÃO - Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - Julgamento: 16/08/2007 - Órgão Julgador:
Tribunal Pleno)
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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b) Decisão liminar: regra geral, efeitos ex nunc (não retroage), por se tratar de uma
decisão precária – art. 11, §1º, Lei 9.868/99. Admite-se, todavia, que o STF conceda
eficácia retroativa (ex tunc), desde que estabeleça isso expressamente na decisão.
a) Declaração de nulidade/inconstitucionalidade:
51
DIREITO CONSTITUCIONAL
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Estado de São Paulo e a seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB-SP ofende a autonomia funcional,
administrativa e financeira daquela. Essa a conclusão do Plenário ao, por maioria, conhecer, em parte, de ação
direta de inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF e julgar o
pleito parcialmente procedente, a fim de declarar a ilegitimidade ou não recepção do art. 234, e seus parágrafos,
da Lei Complementar paulista 988/2006, assim como assentar a constitucionalidade do art. 109 da Constituição
desse mesmo ente federativo, desde que interpretado conforme a Constituição Federal, no sentido de apenas
autorizar, sem obrigatoriedade nem exclusividade, a defensoria a celebrar convênio com a OAB-SP . Tratava-se,
na espécie, de ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República contra o art. 109 da referida Constituição
estadual e o art. 234 e parágrafos da LC paulista 988/2006, que tratam da instituição de convênio entre a
defensoria pública paulista e a OAB-SP, para a prestação de assistência judiciária a necessitados, a cargo da
primeira. ADI 4163/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 29.2.2012.
66
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCISOS II E III DO ART. 45 DA LEI
9.504/1997. (...) 8. Suspensão de eficácia do inciso II do art. 45 da Lei 9.504/1997 e, por arrastamento, dos §§ 4º
e 5º do mesmo artigo, incluídos pela Lei 12.034/2009. Os dispositivos legais não se voltam, propriamente, para
aquilo que o TSE vê como imperativo de imparcialidade das emissoras de rádio e televisão. Visa a coibir um estilo
peculiar de fazer imprensa: aquele que se utiliza da trucagem, da montagem ou de outros recursos de áudio e
vídeo como técnicas de expressão da crítica jornalística, em especial os programas humorísticos. 9. Suspensão de
eficácia da expressão “ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou
representantes”, contida no inciso III do art. 45 da Lei 9.504/1997. Apenas se estará diante de uma conduta
vedada quando a crítica ou matéria jornalísticas venham a descambar para a propaganda política, passando
nitidamente a favorecer uma das partes na disputa eleitoral. Hipótese a ser avaliada em cada caso concreto. 10.
Medida cautelar concedida para suspender a eficácia do inciso II e da parte final do inciso III, ambos do art. 45
da Lei 9.504/1997, bem como, por arrastamento, dos §§ 4º e 5º do mesmo artigo. (ADI 4451 MC-REF / DF -
DISTRITO FEDERAL - REFERENDO NA MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -
elator(a): Min. AYRES BRITTO - Julgamento: 02/09/2010 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
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