2004 - Prova N4

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

SOCIEDADE ASTRONÔMICA BRASILEIRA – SAB

VII Olimpíada Brasileira de Astronomia – VII OBA - 2004


Prova do nível 4 (para alunos do ensino médio)
(Veja o gabarito em nossa home
page http://www.oba.org.br ou
aguarde o professor mostrar).

Nota Final Obtida: ________


Visto do(a) Prof(a).:_______
Dados do(a) aluno(a) (use letras de fôrma):
Nome completo:............................................................................................................... .............
Endereço: ................................................................................................................... .nº..............
Bairro:............................ CEP: _ _ _ _ _ - _ _ _ Cidade: ..................................... Estado: _ _
Tel (_ _ ) _ _ _ _ - _ _ _ _ E-mail: ............................................ Data de Nascimento _ _/_ _/_ _
Dados da escola onde o(a) aluno(a) estuda:
Nome da escola............................................................................................................................
Endereço: ................................................................................................................... .nº..............
Bairro:............................ CEP: _ _ _ _ _ - _ _ _ Cidade: .....................................Estado: _ _
Tel (_ _ ) _ _ _ _ - _ _ _ _ Fax (_ _ ) _ _ _ _ - _ _ _ _ E-mail: .....................................................
Nome do(a) professor(a) representante da Escola junto à OBA:
Nome: ..........................................................................................................................................
Início da prova: 14 horas. Final da prova: 17 horas (Horário de Brasília).
Data da realização desta prova para ter efeito oficial: 15 de MAIO de 2004.

Caro participante olímpico,

Em nome da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) damos os nossos parabéns para você.
Certamente você já está ganhando ao participar desta Olimpíada, pois para tanto você se preparou, ou seja,
você observou o céu mais atentamente, leu e estudou, e quem estuda está sempre ganhando. Gostaríamos que
você prestasse muita atenção nos enunciados das questões, pois eles geralmente possuem informações que
ajudam você a responder à própria questão ou então, outras questões da prova. Porém, mais importante do
que ajudar você a responder as questões da OBA, os enunciados possuem informações e novidades as quais
gostaríamos que você conhecesse. Por isso leia e releia atentamente e sem pressa os enunciados. Algumas
questões têm uma pequena “introdução teórica” que chamamos de “comentários”, dentro dos quais estão
quase todas as informações necessárias para responder às questões, as quais, em geral são simples, apesar dos
enunciados parecerem longos.
Boa Olimpíada!
Questão 1) (1 ponto) Esta é para “esquentar os motores” Mas tome cuidado....
Pergunta 1a ) (0,5 ponto): Qual das duas figuras abaixo melhor ilustra o movimento da Terra (translação) ao
redor do Sol? A da esquerda ou a da direita? Leia o item b desta questão primeiro!!
Resposta 1a): 1a) – Nota obtida: _____

VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 1 de 10
Sol Terra Sol
Terra

1b) (0,5 ponto Escreva CERTO ou ERRADO na frente de cada afirmação abaixo. (Cada item correto vale
0,1 ponto). 1b) – Nota obtida: _____
Se a Terra passasse bem perto do Sol e depois bem longe dele conforme mostra a figura da
direita, então teríamos que ver o tamanho do Sol ora bem GRANDE e ora bem pequeno.
Se a Terra passasse bem perto do Sol conforme mostra a figura da direita do item a, então
haveria um verão muito quente em toda a Terra na mesma época.
Se a Terra passasse bem pertinho do Sol conforme mostra a figura da direita da do item a, então
haveria uma ENORME maré devido ao Sol uma vez por ano.
Se a Terra passasse bem longe do Sol conforme mostra a figura da direita do item a, então
haveria um intenso inverno em TODO o planeta Terra.
Como a Terra gira ao redor do Sol conforme a figura da esquerda, então sempre vemos o Sol do
mesmo tamanho e nunca há uma maré gigantesca devido ao Sol.

Questão 2) (1 ponto) Você já deve ter observado que


o Cruzeiro do Sul e as estrelas que estão ali por perto
dele parecem girar no sentido horário (sentido dos
ponteiros dos relógios) em torno de um ponto do céu.
Este ponto é justamente o pólo celeste Sul o qual
está representado por um ponto preto abaixo do
Cruzeiro. Vamos supor que numa certa noite, em
algum lugar aqui do hemisfério Sul alguém veja o Pólo Celeste
Cruzeiro do Sul quando ele está passando pelo Sul
MERIDIANO DO LUGAR, ou seja, ele está
passando pelo ponto mais alto do céu, e neste caso o
Horizonte Leste Horizonte Oeste
Cruzeiro está bem de pé, como mostra a figura ao
lado. Além disso, vamos supor que de onde está esse Direção Cardeal
nosso observador hipotético, o pólo celeste Sul fique Sul
exatamente na metade da altura entre o horizonte Sul
do observador e a estrela do pé do Cruzeiro do Sul, conforme ilustra a figura ao lado.

Pergunta: Desenhe na figura ao lado da questão 2, o Cruzeiro do Sul onde ele vai estar 3 horas depois, 6 horas
depois e 9 horas depois da primeira observação retratada na figura ao lado. Não esqueça de escrever qual é a
figura correspondente a 3 horas depois, 6 horas depois e 9 horas depois da observação inicial que já está
retratada na figura acima.
(0,3 ponto para cada desenho correto. Acertando os 3 ganha 1,0) 2) - Nota obtida: _____

Questão 3) Comentário: Você com certeza acertou a primeira questão porque sabe que as estações do Ano são
devidas ao fato da Terra ter o seu eixo de rotação inclinado com relação à perpendicular ao plano de sua órbita
e, assim, à medida em que a Terra se movimenta ao redor do Sol ela vai sendo iluminada diferentemente a cada
dia. É por isto que a duração do tempo em que temos o Sol acima do horizonte varia de dia para dia. Por outro
lado, imagine agora que você finque um pilar em um lugar que receba diretamente a luz do Sol ao longo do dia.
O Sol nasce a leste. Logo, sua sombra estará apontando para o oeste. E ela será, naquele instante, a maior do
dia, somente igual à de quando o Sol está se pondo a oeste e, portanto, a sombra do pilar aponta para o leste.
Chamamos de hora solar verdadeira aquela que corresponde à exata posição do Sol. Meio dia solar verdadeiro,

VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 2 de 10
por exemplo, é quando o Sol está no ponto
mais alto de sua trajetória ao longo do dia e,
portanto, sobre o chamando meridiano do
lugar, plano vertical norte-sul. No mapa ao
lado temos o Brasil, algumas cidades, o
equador e o Trópico de Capricórnio .

Pergunta 3a) (0,2 ponto por item) Considere


que é meio-dia solar verdadeiro em Brasília no
primeiro dia de Inverno no Hemisfério Norte.
No diagrama abaixo está desenhada a sombra
do pilar em Brasília neste instante. Pelo que
explicamos, você deve imaginar que ela está
neste instante sobre a linha Norte-Sul.
Ajudado pelo mapa ao lado desenhe,
indicando claramente no diagrama abaixo
como deve ser a sombra de um mesmo pilar,
neste mesmo instante em Macapá (1), Maceió
(2), Porto Alegre (3), e em Rio Branco (4)
comparativamente à direção e tamanho da
sombra do pilar de Brasília já indicada. Fique
atento tanto ao tamanho quanto à direção e ao
sentido da sombra.
3a) Nota obtida: _____

Pergunta 3b) (0,2 ponto) Em que capital, neste dia, não há sombra do Sol
ao meio dia solar verdadeiro? Explique.

3b) Nota obtida: _____

Questão 4) (1 ponto) Comentário– Você com certeza já ouviu falar nas


três leis elaboradas por Johannes Kepler (1571-1630) a partir do conjunto
de observações mais vasto já reunidas até a sua época sobre as posições
dos planetas no céu. Tais observações foram coletadas por Tycho Brahe (1543-1601) no que foi auxiliado no
final da vida pelo próprio Kepler, antes da utilização astronômica do telescópio feita primeiramente por Galileu
Galilei (1564-1642) já depois da morte de Tycho. A Primeira Lei de Kepler estabelece que as órbitas dos
planetas são elipses e, assim, a distância do planeta ao Sol varia ao longo de sua órbita. A Segunda Lei enuncia
que a linha imaginária que vai de cada planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais e, assim, estabelece
que a velocidade com a qual o planeta se desloca em torno do Sol não é uniforme, variando de forma regular.
Assim, de acordo com a Segunda Lei de Kepler, quanto mais distante o planeta está do Sol, mais devagar ele se
move, mesmo dentro de uma mesma órbita. É uma conseqüência também do fato das órbitas serem elípticas. Já
a Terceira Lei, enuncia que o quadrado do período de qualquer planeta é proporcional ao cubo da sua distância
média ao Sol. Deste modo, a razão entre o quadrado do período de qualquer planeta e o cubo da sua distância
média ao Sol fornecem uma constante, conhecida como constante kepleriana. Isto significa que quanto maior
for a órbita do planeta, ainda mais lentamente ele se moverá em torno do Sol implicando que a força entre o
Sol e o planeta decresce com a distância do planeta ao Sol. Dito de outra forma, os planetas não se movem ao
redor do Sol como se estivessem grudados sobre um disco. Uma coisa que os livros didáticos normalmente não
informam é o fato de que as leis de Kepler não se aplicam apenas ao Sol e seus planetas. Elas podem ser
utilizadas para o estudo de qualquer sistema em que um corpo tenha outros em órbita de si. Assim, cada
sistema tem a sua constante kepleriana. As leis de Kepler podem, assim, serem empregadas, por exemplo, para
VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 3 de 10
o estudo dos satélites de Júpiter. Outro exemplo mais próximo de nós é o seu uso para a colocação de satélites
artificiais ao redor da Terra.
Dados: Você sabe que o período orbital da Lua ao redor da Terra é de cerca de 28 dias (na verdade, o período
sideral da Lua, ou mês sideral que é o tempo necessário para a Lua completar uma volta em torno da Terra, em
relação a uma estrela, tem duração de 27d 7h 43m 11s) e que a distância média entre ambas é da ordem de
384.403 km.
Pergunta 4a) (0,5 ponto) Queremos que você faça uma estimativa da constante kepleriana da Terra. Para
tanto, trabalhe com um período de 30 dias para a Lua e uma distância Terra-Lua de 4 x 105 km. Não esqueça
de colocar unidades na sua reposta. Para facilitar, trabalhe com dois algarismos significativos.
Resposta 4a):

4a) – Nota obtida: _____

Pergunta 4b)(0,5 ponto) Um satélite geoestacionário é aquele que está numa órbita a uma distância tal que seu
período é da mesma duração do dia terrestre. Se você acertou o item acima, você encontraria um valor de
aproximadamente 42.000 km para esta distância. Esta é a altura correta de um satélite geoestacionário medida
a partir da superfície terrestre? Por quê? Em caso negativo, como você obteria a resposta correta?
Resposta 4b):

4b) – Nota obtida: _____

Questão 5) Comentário Uma das maiores lendas da História da Ciência é a da maçã que teria caído sobre a
cabeça de Sir Isaac Newton (1643-1727) e com isto ele teria tido a brilhante idéia de que a mesma força que
age fazendo com que qualquer objeto com massa caia em direção ao solo na Terra é aquela que mantém a Lua
em órbita da Terra, ou, ainda, a Terra e os planetas ao redor do Sol. Newton estabeleceu isto na lei que ficou
conhecida como Lei da Gravitação Universal. Segundo esta lei, a força da gravidade (que podemos representar
por FG) entre dois corpos (cujas massas podemos representar por M e m) é proporcional por uma constante (que
aqui iremos representar por G) à razão entre o produto das duas massas envolvidas e o quadrado da distância
entre os dois corpos. Assim, podemos escrever

FG = G Mm / R2.

Sobre a superfície da Terra, a força gravitacional varia muito pouco porque as pequenas diferenças de diâmetro
da Terra (por exemplo, entre os pólos e o equador) e as proporcionadas pelo relevo (entre o nível do mar e o
topo de uma montanha, por exemplo) e ainda aquelas produzidas pelo próprio movimento de rotação da Terra
são muito pequenas quando comparadas à distância entre estes diferentes ponto e o centro da Terra (a partir de

VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 4 de 10
onde é medida a força gravitacional). Assim, a grosso modo, escrevemos que, na proximidade da superfície da
Terra, a força da gravidade imprime uma aceleração (g) a um corpo de massa (m) dada por

g = G MT/ (R T ) 2

onde por MT representamos a massa da Terra e por R T a distância média de seu centro até a sua superfície.
Quando falamos do peso de alguma coisa, falamos de quanto um corpo é atraído na superfície de um outro. A
Lua por ter menor massa que a Terra e apesar de ser menor que a Terra, a atração gravitacional em sua
superfície é menor do que sobre a superfície da Terra e por isso, os astronautas, quando estiveram lá andavam o
faziam aos pulinhos. Mais comumente “sentimos” o peso de alguma coisa quando tentamos levantar esta coisa,
por exemplo. Isto porque estamos tentando, com nosso esforço, nos opormos à atração que a Terra exerce.
Depois de termos explicado isto tudo, vamos fazer uma pergunta bem fácil e outra nem tanto. A bola ao lado
representa o planeta Terra. Sobre ela estão representadas quatro pessoas. Uma está no pólo norte (ponto A),
outra no pólo Sul (ponto C), uma no Brasil (ponto B) e outra na Nova Guiné (ponto D). Cada pessoa segura
uma pedra na mão e todas vão soltá-las no mesmo instante.

Pergunta 5a) (0,4 ponto): Desenhe, na figura ao lado o


caminho seguido pelas quatro pedras. (0,1 ponto para A
cada caminho (trajetória) desenhado corretamente). Os
bonecos estão fora de escala em relação ao planeta Terra,
claro!
B
5a) – Nota obtida: _____

Pergunta 5b) (0,6 ponto): Você deve ter achado a D


questão acima muito fácil, não? Agora vamos propor uma
mais complicada. Mas basta você pensar um pouco
também. Comparando a Terceira Lei de Kepler com a
Gravitação de Newton, explique qual é a diferença
fundamental entre as duas constantes. Sabendo esta C
diferença fundamental você entenderá porque a
Gravitação de Newton é Universal.
Resposta 5b):

5b) Nota obtida: _____

Questão 6) Comentário: As estrelas se formam a partir da fragmentação, seguida da condensação, de nuvens


de gás (principalmente Hidrogênio) e poeira muito pouco densas presentes nas galáxias. E isto acontece
exatamente porque esta matéria, mesmo muito difusa, se atrai segundo a Lei da Gravitação Universal. À
medida que a assim chamada nuvem proto-estelar (pois ainda não é uma estrela) se contrai, sob a influência de
sua própria gravitação, a sua temperatura aumenta devido à energia liberada pela contração. É como se a
nuvem caindo sobre ela mesma liberasse a energia da queda Neste estágio a proto-estrela emite radiação no
infra-vermelho. Isto é, ainda não podemos ver a estrela, pois ela está emitindo energia em um comprimento de
onda menor do que o comprimento da cor vermelha. Quando a temperatura central da nuvem atinge cerca de
dez milhões de graus os núcleos de Hidrogênio (H) começam a sofrer fusão se transformando em núcleos de
VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 5 de 10
Hélio (He) na proporção de 4 H para 1 He. A energia obtida com a conversão de H em Hélio (He) é suficiente
para suprir as necessidades da estrela. A contração cessa, pois agora existe uma fonte de energia térmica que se
contrapõe ao colapso gravitacional, e a estrela atinge uma situação de equilíbrio. Assim, os núcleos das estrelas
como o Sol, que queimam Hidrogênio são imensos reatores termo-nucleares, isto é, produzem energia na forma
de calor a partir de fusão nuclear. A estrela se mantém estável até que o H do seu núcleo seja consumido, mas
isso leva muito tempo - representa aproximadamente 90% da vida da estrela. É nesta fase de equilíbrio,
conhecida também como seqüência principal, que o nosso Sol se encontra. A “queima” de Hidrogênio em
Hélio produz energia em virtude da conversão de uma pequena quantidade de massa dos átomos de Hidrogênio
em energia segundo a famosa fórmula de Albert Einstein de que uma dada quantidade de massa pode ser
convertida inteiramente em energia tendo como constante de proporcionalidade o quadrado da velocidade da
luz, E = m c2. Esta constante de proporcionalidade confere uma altíssima produção de energia mesmo para
quantidades muito pequenas de massa, pois a velocidade da luz é da ordem dos 300.000 km/s. Assim, o átomo
de He tem uma massa apenas um pouco menor do que a de 4 H. É assim que o Sol vem produzindo energia já
há 4,5 bilhões de anos.
Dados
Um grama de matéria totalmente convertida em energia produz 90 trilhões de Joules (9 x 10 13 kg m2/s2).
Sabemos com certeza que o Sol converte aproximadamente 600 milhões de toneladas (6 x 10 11 kg) de
Hidrogênio em Hélio por segundo e que apenas 1% da massa do Hidrogênio é de fato “queimada” na produção
de He. Um grama de Hidrogênio contém 6,02 x 1023 átomos.

Pergunta 6a) (0,5 ponto): Calcule a quantidade total de energia produzida pelo Sol a cada segundo.
Resposta 6a):

6a) Nota obtida: _____

Pergunta 6b) (0,5 ponto): Calcule quantos átomos de Hélio são produzidos pelo Sol a cada segundo.
Resposta 6b):

6b) Nota obtida: _____

Questão 7) Comentário: Agora que você já sabe a razão das estrelas terem brilho próprio e dos planetas não,
vamos falar do brilho das estrelas. Para isto temos de falar ainda de uma das maiores harmonias já vistas entre
matemática e natureza: é a escala logarítmica. Um exemplo desta harmonia é exatamente como foi constituída
a escala de magnitudes das estrelas, isto é, a diferença de brilho que nós percebemos entre as estrelas é
exatamente logarítmica. Ela foi constituída primeiramente por Hiparco (190 a.C. - 120 a.C.) que criou seis
classes de brilho das estrelas que ele podia ver então, a olho nu. Historicamente, os logaritmos foram muito
utilizados antes da invenção das calculadoras. Eles facilitavam enormemente os cálculos, pois como a soma do
logaritmo de dois números resulta no logaritmo do produto destes dois números (e, é claro, a diferença do
logaritmo de quaisquer dois números resulta no logaritmo da divisão entre eles), bastava ter uma tabela de
logaritmos para tornar imensas e complicadas contas de multiplicação e divisão em fáceis contas de soma e
VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 6 de 10
subtração. Os avanços das grandes navegações muito devem aos logaritmos, pois facilitaram imensamente os
trabalhos dos navegadores no cálculo de suas rotas, baseados também na posição das estrelas no céu. A escala
de Hiparco foi adotada e só muito tempo depois é que perceberam sua propriedade logarítmica, que estava na
verdade baseada na resposta logarítmica do olho humano ao brilho dos objetos. Com o passar do tempo, os
astrônomos foram percebendo que o brilho de uma estrela poderia ser maior do que o de outra estrela pela
combinação de brilho intrínseco e distância. Logo ocorreu a idéia de que se poderia construir uma escala
absoluta de luminosidade. Assim se definiu a magnitude absoluta. A magnitude absoluta M de uma estrela é
definida como sendo a magnitude aparente que essa estrela teria se estivesse colocada a uma distância padrão.
Essa distância foi escolhida como sendo de 10 parsec (parsec é a unidade de distância astronômica
correspondente ao arco de 1 segundo de paralaxe à distância de 1 unidade astronômica, equivalente a 3,085678
x 1013 km ou 206264,806 vezes a distância média da Terra ao Sol.) A magnitude absoluta do Sol é 4,84,
motivo pelo qual costuma-se dizer que o Sol é uma estrela de 5ª grandeza. Assim, você já percebeu que a
escala de magnitudes é construída de forma tal que quanto menor a magnitude mais brilhante é a estrela.

Pergunta 7a) (0,5 ponto): Pólux, um dos "gêmeos" da constelação do mesmo nome, tem magnitude aparente
1,6 e está a 12 parsec de distância. Betelgeuse, a estrela que fica no ombro direito de Órion, tem magnitude
aparente 0,41. As duas estrelas têm a mesma magnitude absoluta. A distância de Betelgeuse até nós é maior ou
menor do que a de Pólux ? Explique a sua resposta.
Resposta 7a):

7a) Nota obtida: _____

Pergunta 7b) (0,5 ponto): Duas estrelas possuem a mesma magnitude aparente. Uma é uma Anã Branca. A
outra uma estrela tipo solar. Qual a estrela mais próxima? Explique a sua resposta.
Resposta 7b):

7b) Nota obtida: _____

Questão 8) (1,0 ponto) Comentário: Uma revolução da Astronomia foi exatamente a possibilidade de análise
da luz recebida das estrelas e com isto podermos saber, por exemplo, quais elementos químicos estão presentes
em sua atmosfera. Chamamos de espectro de uma estrela à decomposição da luz de uma estrela ao fazer esta
luz passar por um prisma, por exemplo. Já há muito tempo a classificação espectral se baseia na variação da
temperatura superficial das estrelas. Ao se arranjar os grupos formados na classificação inicial segundo este
novo critério de temperatura, os tipos espectrais se distribuíram da seguinte maneira: O, B, A, F, G, K, M onde
o tipo O corresponde às estrelas mais quentes, e as do tipo M, às mais frias. Este sistema é comumente
chamado de sistema MKK (Morgan, Keenan e Kelman) de classificação espectral. As sete letras acima formam
o núcleo da classificação que é composta ao todo por treze letras. Cada tipo espectral é ainda subdividido em
dez partes e são denominados por números arábicos (e.g.: A3, K7, M1). O Diagrama de Hertzsprung Russell,
conhecido como diagrama HR, foi construído independentemente pelo dinamarquês Ejnar Hertzsprung (1873-
1967), em 1911, e pelo americano Henry Norris Russell (1877-1957), em 1913, como uma relação existente
VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 7 de 10
entre a luminosidade de uma estrela e sua temperatura superficial. Hertzsprung descobriu que estrelas da
mesma cor podiam ser divididas entre luminosas, que ele chamou de gigantes, e estrelas de baixa
luminosidade, que ele chamou de anãs. Desta forma, o Sol e a estrela Capela têm a mesma classe espectral, isto
é, a mesma cor, mas Capela, uma gigante, é cerca de 100 vezes mais luminosa que o Sol. Tanto a luminosidade
(ou magnitude absoluta) como a temperatura superficial de uma estrela, são características facilmente
determináveis para estrelas de distâncias conhecidas: a primeira pode ser encontrada a partir da magnitude
aparente, e a segunda a partir de sua cor ou tipo espectral. Nesses diagramas é adotada a convenção de que a
temperatura cresce para a esquerda, e a luminosidade para cima. A primeira coisa que se nota em um diagrama
HR, é que as estrelas não se distribuem igualmente nele, mas se concentram em algumas partes. A maior parte
das estrelas está na assim chamada seqüência principal. O fator que determina onde uma estrela se localiza na
seqüência principal é a sua massa: estrelas mais massivas são mais quentes e mais luminosas. As estrelas da
seqüência principal têm, por definição, classe de luminosidade V, e são chamadas de anãs. Um número
substancial de estrelas também se concentra acima da seqüência principal, na região superior direita (estrelas
frias e luminosas). Essas estrelas são chamadas gigantes, e pertencem à classe de luminosidade II ou III. Bem
no topo do diagrama existem algumas estrelas ainda mais luminosas: são chamadas supergigantes, com classe
de luminosidade I. Finalmente, algumas estrelas se concentram no canto inferior esquerdo (estrelas quentes e
pouco luminosas): são chamadas anãs brancas. Apesar do nome, essas estrelas na verdade cobrem um intervalo
de temperatura e cores que abrange desde as mais quentes, que são azuis ou brancas, e têm temperatura
superficiais de até 140 000 K, até as mais frias, que são vermelhas, e têm temperaturas superficiais de apenas
3500 K.

Observação: A luminosidade 1 é a luminosidade do Sol.


Pergunta 8a) (0,3 ponto) De acordo com a figura associe os nomes das áreas assinaladas como A, B e C aos
grupos de estrelas conhecidos como gigantes vermelhas, anãs brancas e seqüência principal
Resposta 8a):
8a) Nota obtida: _____

VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 8 de 10
Pergunta 8b) (0,2 ponto) Determine em qual faixa espectral se localiza uma estrela bem mais quente que o Sol
e quando ainda estão na fase de queima de Hidrogênio.
Resposta 8b): 8b) Nota obtida: _____

Pergunta 8c) (0,3 ponto) Explique porque a idéia de evolução estelar (isto é, a idéia de que as estrelas mudam
de aspecto ao longo de suas vidas) nasceu da montagem do Diagrama H-R.
Resposta 8c):

8c) Nota obtida: _____

Pergunta 8d) (0,2 ponto) Em sua evolução o Sol passará pelos três estágios definidos pelos grupos A, B e C.
Determine esta seqüência e diga em qual região do gráfico ele permanecerá por menos tempo.
Resposta 8d):
8d) Nota obtida: _____

Questão 9) (1 ponto) Comentário: Como você sabe, o Sol está numa galáxia que chamamos de Via Láctea,
exatamente porque, antes do uso astronômico do telescópio, não se sabia que ela era constituída de estrelas,
pois não era possível distingui-las. Aliás, o termo “galáxia” quer dizer o mesmo em grego que o termo latino
“via láctea”: “caminho de leite”. Hoje sabemos que existem vários tipos de galáxias e que aquela em que
vivemos pode ser considerada uma galáxia bem grande. Um dos maiores desafios da Astronomia é exatamente
saber a forma exata de nossa galáxia. Isto porque estamos imersos dentro dela, e não a podemos ver como um
todo. O que os astrônomos fazem é comparar os dados que observam com as demais galáxias para deduzir
como pode ser o formato da nossa. Hoje acreditamos que a nossa galáxia é formada por um bojo, de forma
razoavelmente esférica em sua parte mais central, um disco formado de braços espirais e este conjunto envolto
por uma esfera de raio muito maior e com uma densidade de estrelas bem menor chamada de halo. O que
vemos no céu como a “Via Láctea” é na verdade uma projeção apenas do disco da Via Láctea, afinal, todas as
estrelas que vemos no céu, individualmente, estão na nossa galáxia. As demais Galáxias estão tão distantes que
poucas distinguimos no céu a olho nu, como as Nuvens de Magalhães, que são satélites da nossa, e a Galáxia de
Andrômeda. Não vemos o núcleo de nossa galáxia que seria algo muito brilhante, pois existem nuvens muito
finas de matéria que absorvem sua luz. Ao redor da parte mais central orbitam cerca de uma centena de
aglomerados globulares, com cerca de centenas de milhares de estrelas. A Via Láctea como um todo deve ter
mais de 100 bilhões de estrelas! Você poderia imaginar que as estrela orbitam ao redor do núcleo como os
planetas ao redor do Sol, isto é, keplerianamente. Mas isto não acontece. Primeiro porque, pela própria
gravitação newtoniana, quanto mais distante está uma estrela do núcleo da Via Láctea, mais estrelas participam
da massa a atrai-la e, assim, maior é a massa ao redor da qual ela orbita e, portanto, a massa a atrair a estrela
cresce à medida em que uma dada estrela está mais distante do centro da Via Láctea. Segundo, porque existe
um grande mistério na Astronomia, chamado de matéria escura, pois a soma das massas das estrelas observadas
não seria capaz de explicar o movimento das estrelas. E isto se dá a qualquer distância considerada. Assim,
como deveria existir mais massa que não é observada, recorre-se à hipótese de uma massa escura a contribuir
gravitacionalmente para explicar as trajetórias observadas. Claro que a massa estimada das nuvens que
impedem a chegada da luz do núcleo da Galáxia até nós é levada em conta quando se considera a discussão de
matéria escura.

Dados: O Sol está a uma distância de cerca de 27.700 anos luz do centro da Galáxia, o que equivale a 2,6 x
1017 km. Ele se move (e com ele todo o sistema solar) com uma velocidade de 250 km/s em uma órbita circular
em torno do centro da galáxia. Pela massa da matéria observada, esta velocidade deveria ser de 160 km/s (veja
o comentário sobre matéria escura acima). Em todo movimento circular podemos calcular o valor da
aceleração em direção ao centro do movimento como função da velocidade (v) e do raio (R) como sendo v 2 /
VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 9 de 10
R. Por outro lado, esta aceleração é devida à força de atração gravitacional exercida pela massa de estrelas
entre a estrela e o centro da Galáxia.

Pergunta 9a)(0,4 ponto). Quanto tempo (em anos terrestres) o Sol leva para completar uma órbita ao redor do
centro da Via Lactea?
Resposta 9a):

9a) Nota obtida: _____


Pergunta 9b) (0,3 ponto) Quantas voltas ao redor do centro da Galáxia o Sol já completou desde que foi
formado?
Resposta 9b):

9b)Nota obtida: _____


Pergunta 9c) (0,3 ponto) Estime a massa da matéria escura responsável pelo movimento real do Sol.
Dados: o valor da constante gravitacional é G = 6,67 x 10 -20 km3/ segundo2 / kg, e que a razão entre a distância
do Sol ao centro da Galáxia e esta constante é de aproximadamente 3,9 10 36 kg segundos2 /km2.
Resposta 9c):

9c) Nota obtida: _____


Questão 10) (1 ponto) Esta é quase uma tradição de nossa Olimpíada. Do jardim da nossa casa até os confins
do Universo, nos deparamos com as mais incríveis dimensões, tanto em tamanho quanto em massa, peso ou
velocidades. No quadro abaixo, enumere em ordem crescente de 1 a 10 o tamanho e a massa de cada objeto
(cada item vale 0,05, totalizando 1,0 ponto para a questão toda): 10) Nota obtida: _____
OBJETO TAMANHO MASSA
Galáxia de Andrômeda
Estrela de Nêutrons
Elétron
Mercúrio
Brasilsat B1 (satélite brasileiro)
Vênus
Plutão
Anã Vermelha
Sol
Próton

VII OBA - 15/5/2004 Prova do nível 4 (Qualquer série do Ensino Médio) Página 10 de 10

Você também pode gostar