Missoes Transculturais
Missoes Transculturais
Missoes Transculturais
Transculturais
2011
1
Sumário
3- A história de missões
4- O plano de missões
5- A igreja enviadora
6- O missionário
7- O campo missionário
Você é salvo e está na igreja hoje por causa de algum missionário que veio ao Brasil. A
história da evangelização do Brasil está intimamente ligada à chegada de missionários
estrangeiros no país. Estes lançaram as bases da Igreja Evangélica e iniciaram um
movimento de conversões; multiplicaram o número de pessoas salvas de algumas centenas
para milhares, centenas de milhares e, finalmente, a milhões de brasileiros. Cada um de nós
deve a nossa evangelização a pessoas que vieram de outras culturas, principalmente norte-
americana e europeia. Somos frutos de projetos missionários que se iniciaram há mais de
cem anos ou há apenas alguns anos atrás.
Regiões inteiras têm se aberto ao Evangelho nas últimas décadas. Há algumas décadas atrás,
grandes blocos de países estavam praticamente isolados dos esforços evangelísticos. Países
dos blocos comunista (União Soviética, China, Europa do leste, Cuba e muitos outros
lugares) e muçulmano (Oriente Médio, África do Norte e outros locais) formavam regiões
onde a proclamação do Evangelho era proibida e rara. Hoje, em muitos destes países,
principalmente nos do antigo bloco soviético, o Evangelho tem uma penetração
relativamente mais fácil. Mesmo nos países onde ainda existe proibição têm-se
desenvolvido estratégias para a sua propagação.
Há mais cristãos indo a um número maior de lugares, aprendendo mais línguas, traduzindo a
Bíblia para um maior número de línguas e implantando mais igrejas nestas últimas décadas
do que em qualquer outro período da história humana.
Por que as missões transculturais são necessárias? Será que é mesmo necessário nos
preocuparmos com a evangelização de outros povos?
• Oração
– Somente a intervenção sobrenatural do Espírito Santo pode realizar a tarefa.
O ser humano não tem capacidade de convencer povos de diferentes culturas
e nem poder para transformar vidas.
– Intercessão por mais obreiros – Mt 9:38. Jesus ordenou que orássemos para
que Deus mande mais obreiros. Ele ligou a oração à quantidade suficiente de
obreiros para realizar a tarefa. A oração de alguma forma impulsiona Deus a
agir.
– Oração eficaz necessita de informações atualizadas sobre as necessidades
existentes. Precisamos nos informar sobre o que está acontecendo no campo
onde já existem missionários trabalhando. Precisamos pesquisar povos ainda
não alcançados pelo Evangelho e conhecer suas necessidades. Quanto mais
informações tivermos, mais eficazes serão as nossas orações.
ANTIGO TESTAMENTO
• Deus chamou Abraão e lhe fez promessas (Gn 12:1-3). Entre estas promessas estava
a de abençoar todas as famílias (nações) da terra através de Abraão (Gn 18:18;
22:17-18). Esta promessa foi repetida aos seus descendentes imediatos: Isaque (Gn
26:4) e Jacó (Gn 28:14).
• Deus escolheu a nação de Israel (Êx 6:7; Dt 7:6-8) e alguns indivíduos (Moisés, Josué,
Davi, os profetas etc) para trabalhar através deles.
• A nação de Israel deveria ser um reino de sacerdotes (Êx 19:6) e uma nação santa
(ou separada). A função do sacerdote era interceder pelo povo e apresentá-lo a
Deus. Os israelitas, como nação, deveriam exercer esta função de intermediários
junto a Deus e ser o exemplo de como Ele desejava que seu povo vivesse (1Rs 8:41-
43). Infelizmente o povo de Israel não cumpriu totalmente esse propósito.
• Deus mostrou Seu poder através dos israelitas (Js 4:23-24), apesar de ser uma nação
pequena. O êxodo do povo de Israel do Egito estabeleceu a reputação de Deus entre
todos os povos da região (Js 2:8-9). A sua ajuda e proteção aos hebreus era um sinal
da grandeza e majestade do Senhor. Os povos viam isso e tremiam.
• O Templo foi construído também para que os estrangeiros o usassem como asa de
o ação – Is 56:6-7; 1Rs 8:43.
• Profecia de Isaías sobre o Servo do Senhor (Jesus) – Is 42:6-7 (será luz para os
gentios); 43:9-12 (todas as nações e povos se congregam); 45:22-23 (a salvação é
para todos da terra e Ele será glorificado em toda a terra); 49:6 (será luz para os
gentios e trará salvação até as extremidades da terra); 60:3 (as nações se
encaminham para a luz) e 66:18-19 (Deus ajuntará as nações e as línguas para
• O testemunho de Nabucodonosor, rei pagão, quanto ao Senhor Deus (Dn 2:47; 4:1-3
e 34-35).
NOVO TESTAMENTO
Ministério de Jesus
• João 10:14-17 – Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me
conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a
minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me
convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um
pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. . As
ovelhas ue ão são deste ap is o os judeus são os ge tios, isto é, todos ue ão
são judeus. Jesus pretendia fazer de todas as Suas ovelhas (judeus e gentios) um só
rebanho e Ele seria o Supremo Pastor sobre todas as ovelhas.
• Durante seu ministério terreno, Jesus cuidou de muitos que não eram judeus. Apesar
de Seu enfoque principal ter sido o povo judeu, Ele ministrou a pessoas de outras
etnias também: à mulher samaritana (Jo 4), à mulher siro-fenícia (cananeia –Mc
7:26-30), a um surdo e gago do território de Decápolis (Mc 7:31-36) e a um gadareno
(geraseno) endemoninhado (Lc 8:26-36).
A Grande Comissão
Muito mais poderia ser dito a respeito do ministério de Jesus e de como estendeu a mão aos
gentios, no entanto, as referências mais marcantes de Jesus a respeito da missão do cristão
para alcançar as nações se encontram no que é conhecido como A G a de Co issão .
Temos cinco versões, uma em cada Evangelho e mais uma no livro de Atos:
• Mateus 28:18-20 – A Grande Comissão tem o respaldo da autoridade de Jesus.
Missão não é realizada devido à nossa presunção ou iniciativa, mas sob a autoridade
e ordem de Jesus. A única ordem dada aqui (no grego é fazei discípulos . Os
discípulos são formados ao ir a todas as nações e estas devem ser ensinadas. A
atividade missionária será realizada com a presença e ajuda de Cristo até ao fim
desta era.
• Marcos 16:15 – O ide , neste versículo, é u a o de . Deve os i por todo o
mundo p ega do o Evangelho a todos, sem distinção de etnia, condição
socioeconômica ou religião.
Atos e as Epístolas
• O livro de Atos (história dos primeiros 30-35 anos da Igreja) nos mostra a Grande
Comissão sendo cumprida pelos discípulos pelo poder do Espírito Santo.
• A partir do dia de Pentecostes, a igreja em Jerusalém começou a se multiplicar
rapidamente. Já no primeiro dia três mil pessoas se converteram e foram batizadas
(At 2:41). Logo o número subiu para cinco mil (At 4:4) e a cada dia mais pessoas
eram acrescentadas (At 5:14; 6:7; 9:31; 12:24).
• Com a perseguição, os cristãos se espalham principalmente para outros lugares da
Judeia e da Samaria (At 8:1). Por toda parte aonde iam, os cristãos pregavam a
Palavra (At 8:4). Filipe, Pedro e João evangelizaram a região da Samaria (At 8:5-25).
• Pedro é enviado a Cesareia para pregar o Evangelho aos gentios da casa do centurião
romano Cornélio. Nesta ocasião Pedro reconhece que Deus não faz acepção de
pessoas e que o Evangelho é para todas as nações (At 10:34-35).
• A evangelização não ficou somente no âmbito da Samaria, mas se expandiu até a
Fenícia, Chipre e Antioquia, na Síria. No início esta evangelização era feita somente
para outros judeus (At 11:19-20), mas em Antioquia começaram a evangelizar
também os gentios (gregos). Muitos se converteram em Antioquia e uma igreja
multiétnica se desenvolveu (At 11:21 e 24; 13:1). Esta igreja tornou-se missionária,
enviando seus líderes em viagens missionárias por outras nações (At 13:2-3).
• Estas viagens missionárias de Paulo e seus companheiros, com a pregação do
Evangelho, resultam em conversões e na implantação de igrejas por toda a Ásia
Menor (hoje Turquia), Europa (hoje Grécia) e ilhas do Mediterrâneo (Chipre e Creta).
• Finalmente os missionários chegam a Roma, capital do Império Romano, onde já
existe uma igreja.
• Igrejas em cidades como Filipos, Tessalônica e Éfeso passam a ser igrejas
missionárias.
3- A História de Missões
A história de missões é muito extensa e intrigante. É impossível contar todas as histórias de
todos os povos e movimentos missionários nestes últimos dois milênios. O que vamos
tentar fazer é um breve resumo destes acontecimentos, sendo necessário deixar de relatar
muitos detalhes.
1. Ida voluntária (pessoas que intencionalmente saem de sua cultura para levar a
Palavra de Deus a outra cultura).
2. Ida involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente e desta forma
levaram a Palavra de Deus consigo).
3. Vinda voluntária (pessoas de outras culturas que vieram para dentro da cultura do
povo de Deus e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra).
4. Vinda involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente para dentro da
cultura do povo de Deus e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra).
O quadro da página seguinte ilustra como em todas as épocas Deus tem Se utilizado destes
quatro mecanismos para Se fazer conhecer pelos povos da terra.
• José vendido como • A perseguição aos • Úlfila foi vendido • Soldados cristãos
escravo ao Egito cristãos os forçou a como escravo aos que lutaram ao redor
testemunha ao Faraó deixar a Palestina e godos do mundo voltaram
• Noemi testemunha foram dispersos por • o bispo Ário para começar 150
a Rute em Moabe por todo Império Romano quando exilado foi às novas agências
causa da fome e até mais adiante. regiões dos godos missionárias
• Jonas – o • Cristãos capturados • Cristãos
Ida missionário relutante a convertem os vikings ugandenses fugindo
Nínive das atrocidades em
involuntária • Soldados cristãos
seu país foram parar
Centrífuga • a menina hebraica foram enviados por
em outras partes da
levada à casa de Roma à Inglaterra,
(Expansiva) África
Naamã Espanha etc.
• Cristãos coreanos
• os exilados hebreus • Peregrinos e
fugiram para o sul,
testificam na Babilônia puritanos que foram
onde haviam poucos
(Daniel, Ester) forçados a ir para a
cristãos e mais tarde
• Jeremias como América do Norte
foram enviados para
profeta às nações evangelizaram os
trabalhar na Arábia
indígenas ali
Saudita, Irã e outros
países.
Constantino
reúne o
Bizantina
Concílio de
se torna Úlfilas
1a 2a 3a Niceia
Edito de Constanti- inicia
viagem viagem viagem Fim da Martírio devido ao Patrício Queda
Milão de nopla, sua
Ascensão de de de Era de ensino de chega à de
Constan- capital do missão
(30/33) Paulo Paulo Paulo Apostólica Policarpo Irlanda Roma
tino Ário que Império aos
(48- (50- (53- (100) (156) (432) (476)
(313) dizia Romano godos
49) 52) 57)
que Jesus Oriental (341)
(330)
não era
Deus (325)
Vimos que Jesus deixou uma missão aos Seus discípulos para que fossem testemunhas em
Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Os discípulos tinham uma missão
bastante abrangente. A Bíblia não nos informa sobre o ministério de todos os
discípulos/apóstolos após o dia de Pentecostes, mas a tradição nos informa que cada um
deles exerceu um ministério em regiões bem distantes da Palestina, onde pregaram o
Evangelho e estabeleceram igrejas.
O apóstolo Paulo se converteu e foi em especial comissionado por Deus para a pregação do
Evangelho entre os gentios, principalmente onde o Evangelho ainda não havia chegado (veja
At 22:12-15, 21; Rm 15:15-16, 21). A estratégia utilizada por Paulo foi a de formar uma
equipe com vários colaboradores. Ele fez várias viagens, passando tanto por locais
pioneiros, onde o Evangelho ainda não havia sido pregado, como também voltando às
cidades anteriormente evangelizadas para ensinar e encorajar os fiéis. Havendo uma
sinagoga nas cidades onde ainda não havia uma igreja, Paulo ali entrava para explicar as
Escrituras aos judeus que já possuíam certo conhecimento da Palavra de Deus.
Invariavelmente ele era expulso da sinagoga e voltava sua atenção para a pregação aos
gentios (os povos que não eram judeus). Com os convertidos da localidade,uma igreja local
era assim estabelecida e ele continuava sua viagem.
Em alguns locais Paulo passou mais tempo ensinando e preparando líderes para continuar a
tarefa de evangelização e pastoreio do rebanho local (Antioquia, Éfeso, Corinto etc). Fica
claro que sua estratégia era primeiramente alcançar as cidades mais importantes,
estabelecendo ali uma igreja forte, de onde o restante da região pudesse ser alcançado.
Úlfilas foi um dos maiores missionários da Igreja antiga. Seu ministério foi entre os godos,
u a et ia á a a , que vivia fora do Império Romano onde é hoje a Romênia. Ele nasceu
em 311 d.C. e foi criado na cultura pagã dos godos. Acredita-se que sua mãe fosse gótica e
seu pai, um cristão da Capadócia que fora levado cativo por uma invasão gótica. Quando
tinha pouco mais de vinte anos foi enviado a Constantinopla para trabalhar no serviço
diplomático. Durante os anos em que ali esteve, foi influenciado pelo Bispo Eusébio, um
ariano, passando, então, a divulgar a doutrina ariana.
Aos trinta anos, depois de passar quase dez anos em Constantinopla, Úlfilas foi consagrado
bispo aos godos que viviam ao norte do Rio Danúbio. Aparentemente já existiam alguns
cristãos, pois, do contrário, ele não teria sido nomeado bispo. Entretanto, o interesse maior
de Úlfilas era a evangelização e ele o fez durante 40 anos. Seu trabalho foi bem-sucedido,
mas marcado por muita perseguição. Sua maior obra foi a tradução da Bíblia para a língua
nativa dos godos. A língua era oral, portanto Úlfilas precisou primeiramente desenvolver um
alfabeto para, então, começar a tradução. Esta foi a primeira ou talvez a segunda vez de que
se tem notícias de um missionário cristão ter desenvolvido um alfabeto para poder traduzir
as Escrituras. Úlfilas morreu aos 70 anos de idade e seus sucessores continuaram a tarefa da
evangelização dos godos.
Patrício (São Patrício: 389-461 d.C.) não era nem católico romano e nem irlandês, no
entanto, seu nome está estreitamente ligado ao catolicismo irlandês. Foi canonizado pela
Igreja Católica Romana cerca de duzentos anos após sua morte para influenciar a Igreja
Celta a se unir à Igreja Romana. Patrício nasceu em família cristã na província romana da
Bretanha em 389 d.C. Seu pai era diácono e seu avô, sacerdote na Igreja Celta. Isto se deu
antes da dominação romana, quando a maioria do clero era casada. Quando ainda jovem,
sua cidade foi invadida por um grupo de irlandeses e a maior parte dos meninos foi
sequestrada e vendida como escravos, incluindo Patrício. Durante seis anos cuidou de uma
manada de porcos.
Apesar de nascido em família cristã, Patrício não tinha uma fé pessoal em Deus. Durante os
anos de escravidão, passou a refletir sobre sua condição espiritual e consequentemente sua
vida mudou. Conseguiu fugir de seu senhor e voltar à Bretanha. De lá Patrício foi para a Ilha
de São Honorato, na costa da Riviera francesa, onde ficou recluso em um monastério
durante algum tempo. De volta à Bretanha relata ter sido chamado por Deus para voltar à
Irlanda.
Quando chegou à Irlanda em 432 d.C., existiam alguns cristãos isolados, mas a grande
maioria deles era pagã: adoravam o sol, a lua, o vento, a água, o fogo e as rochas,
acreditando que toda sorte de bons e maus espíritos habitavam as árvores e os montes. A
magia e o sacrifício (incluindo o sacrifício humano) faziam parte dos ritos religiosos
praticados pelos druidas e sacerdotes pagãos. Eventualmente alguns druidas influentes se
converteram ao Cristianismo. Após estabelecer uma igreja, Patrício continuou viajando e
pregando o Evangelho. Em 15 anos, boa parte da Irlanda havia sido evangelizada.
Patrício morreu em 461, após 30 anos de evangelização, deixado 200 igrejas organizadas e
cerca de 100.000 batizados. A religião druida sofreu um sério revés e foi substituída pelo
Cristianismo.
Durante este período da história houve quatro movimentos missionários que são dignos de
nota.
1. A Igreja Celta1
O fato de os monges itinerantes celtas terem evangelizado boa parte da Bretanha e da
Europa Central e Ocidental é uma das grandes façanhas missionárias de todos os tempos. Os
irlandeses nunca foram conquistados pelos romanos, mas se tornaram os instrumentos
pelos quais muitos dos invasores do Império foram evangelizados. Um Cristianismo celta
vibrante surgiu na Irlanda e não era dependente do favor imperial para sua sobrevivência,
sendo independente do Papa em Roma, tanto em estrutura quanto em doutrina. A igreja
celta reteve algum fervor do Cristianismo apostólico em sua visão missionária, que foi
perdida pelos centros de poder do mundo cristão. Apesar de independente de Roma,
duzentos anos após o Concílio de Whitby em 664 d.C., a autoridade papal começou a se
impor adotando dois dos heróis do Cristianismo celta.
1
Fonte: Patrick Johnstone, The Church is Bigger than You Think. Christian Focus Publications, 2000, p.71-73.
recrutou monges entre o povo local. Seu sustento, em ofertas, vinha da Irlanda, para
onde também enviava relatórios.
2. A Igreja Nestoriana2
Poucos conhecem a história da expansão missionária desenvolvida por estes cristãos. No
ano 1.000, os nestorianos haviam se espalhado da Síria ao Irã e Iêmen, atravessando em
seguida a Ásia Central, a Mongólia, o Tibet, a China e partes da Índia, Tailândia e Burma.
Seus números chegavam a 12 milhões de membros associados a igrejas em 250 dioceses. No
século 13 havia 72 patriarcas metropolitanos e 200 bispos na China e regiões adjacentes.
Representavam 24% dos cristãos da época e formavam 6% da população da Ásia.
Nestório foi bispo de Constantinopla até ser excomungado por heresia em 430 d.C. em um
sínodo em Roma. As razões de sua excomunhão não foram somente teológicas, mas
também culturais e políticas. Este foi um período de disputa teológica intensa quanto à
relação do divino e do humano na pessoa do Senhor Jesus Cristo. O Credo Niceno definiu
Jesus como sendo tanto divino quanto humano. Os monofisitas (como os da Igreja Ortodoxa
Copta no Egito e na Etiópia) enfatizavam o aspecto divino de Cristo e os nestorianos, o Seu
aspecto humano. Os nestorianos efetivamente criam que Jesus era constituído de duas
pessoas e que Suas naturezas divina e humana nunca se uniram.
Devido a esta posição teológica foram considerados hereges e banidos do Império Romano,
fugindo para o Iraque e o Irã. Nem todos os cristãos destes países mantinham esta crença,
mas o restante dos cristãos os ignorou, considerando-os hereges. A partir de 640 d.C. e
durante 600 anos pouco se soube no Ocidente o que ocorria no Oriente por causa da
barreira muçulmana.
Apesar das dificuldades que enfrentava, a Igreja Nestoriana se dispôs a atravessar cadeias
montanhosas (as mais altas do mundo) em longas e extenuantes viagens para pregar o
Evangelho. Levou consigo muito conhecimento bíblico e teológico, estabeleceu monastérios
missionários semelhantes aos da Igreja Celta e aprenderam várias línguas novas, para as
quais traduziram as Escrituras.
Este movimento entrou em declínio e, em 1500 d.C., quase não existia mais. O que
aconteceu? Internamente a Igreja sofreu com o formalismo (ritualismo), o sincretismo
(mistura com outras religiões) e o conformismo com o mundo. Externamente o movimento
sofreu muita pressão política e religiosa dos imperadores taoístas da China, dos
muçulmanos e dos mongóis que sistematicamente exterminavam os cristãos. Hoje
permanece apenas um remanescente apático e passivo deste cristãos, com menos de 200
mil membros nos países do Oriente.
3. A Igreja Ortodoxa3
É a igreja associada à capital oriental do Império Romano (Constantinopla), que oficialmente
separou-se da igreja ocidental (Roma) em 1054 d.C. Os missionários ortodoxos mais
famosos foram dois irmãos: Constantino (conhecido mais tarde como Cirilo, 825-869 d.C.) e
Metódius (c. 815-885 d.C.).
2
Fonte: The Church Is Bigger Than You Think, pp. 73-75.
3
Fonte: Stephen Neill A History of Christian Missions. Londres (Inglaterra): Penguin Books, 1964 (1a.edição).
Esta foi uma época em que religião e política se misturavam muito e houve intensa disputa
entre as igrejas Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla). O rei da Bulgária pediu
missionários a Roma e o rei da Morávia (Eslováquia) pediu missionários à Igreja Oriental. Léo
III enviou os irmãos Constantino e Metódius. Antes mesmo de partirem de Constantinopla,
haviam tomado a decisão de que a evangelização seria feita na língua eslava e assim
desenvolveram um alfabeto para a língua que serve de base para as línguas eslavas até os
dias de hoje.
Roma insistia no uso do latim como a única língua a ser usada na liturgia. A vantagem foi a
unidade que trouxe à igreja. A desvantagem é que o povo quase nada compreendia nos
cultos. Já a atitude da Igreja Oriental foi totalmente diferente, encorajando os povos a
usarem a língua materna e a construírem uma igreja dentro de sua própria cultura e língua.
A influência da língua grega sempre foi profunda, mas a liberdade dada às igrejas regionais
contribuiu para manter a unidade da Igreja Ortodoxa.
O Islã foi um desafio ao Cristianismo. Seu fundador, Maomé, nasceu em Meca em 570 d.C.
Os árabes adoravam centenas de deuses. Maomé teve uma experiência religiosa da qual
disse ter recebido uma visão do anjo Gabriel, que o comissionou a pregar contra a idolatria.
Em três anos conseguiu poucos adeptos e teve que fugir em 622 d.C. para Medina devido a
fúria da população com a sua pregação. Esta data marca o início do Islamismo. Maomé
roubava caravanas rica e, com isso, formou um exército; voltou à sua cidade natal e a
conquistou. Destruiu todos os ídolos da Kaaba, menos uma pedra preta.
Maomé continuou pregando e, com sua vitória em Meca, seus ensinamentos se espalharam
rapidamente. Quando morreu, em 632 d.C., toda a Arábia havia aceitado seus ensinos. O
Islamismo se alastrou rapidamente, em especial através da conquista militar. Antes do ano
700 os muçulmanos já haviam conquistado a Palestina, tornando Jerusalém uma das três
cidades sagradas do Islamismo, juntamente com Meca e Medina, na Arábia. A conquista
continuou por todo o norte da África, avançando em seguida pela Espanha e Portugal
(mouros). O avanço foi contido no sul da França na Batalha de Tours em 732 (foram
expulsos somente em 1492). Um novo avanço foi realizado pelo Oriente através da
conquista de Constantinopla (nome foi mudado para Istambul). A conquista da Europa foi
contida nas portas de Viena em 1529. A conquista da Ásia foi contida em 1564 d.C.
Esforços missionários neste período incluíram Francisco de Assis (1181-1226), que, antes do
final das cruzadas, foi em amor pregar ao sultão muçulmano. Raymond Lull (1232-1315) foi
um monge franciscano que dedicou toda sua vida à evangelização dos muçulmanos.
Um religioso francês do final do século XII, Peter Waldo, pregava uma mensagem de
arrependimento e vida simples. Criticava a elite da Igreja Católica por considerá-la corrupta
e discordava de muitas de suas práticas. Traduziu sem autorização a Bíblia para a língua da
povo, pois somente o latim era autorizado. Sua mensagem foi bem aceita pelo povo da
França, Espanha, Itália e Alemanha. A Igreja Católica excomungou os waldenses, como eram
chamados os seguidores de Peter Waldo, e os perseguiu, massacrando a maioria. Somente
conseguiram sobreviver alguns poucos nos Alpes Italianos.
Outro precursor da Reforma Protestante foi John Wycliffe na Inglaterra, que também fez
uma tradução não autorizada da Bíblia para o inglês para distribuição na Inglaterra. Além de
tornar a Bíblia acessível ao povo, ele o ga izou os Lola dos , g upo de eva gelistas ue
visitou o país todo pregando um Evangelho simples.
Na Boêmia, John Huss foi influenciado pelos escritos de John Wycliffe e veio a enxergar as
inconsistências entre a doutrina católica e a Bíblia, passando a criticar a Igreja Católica.
Escreveu muitos artigos e pregou incansavelmente contra os abusos da Igreja. Em 1415, ele
foi sentenciado pela Igreja Católica e condenado a morrer na fogueira.
1. A expansão católica
Vários fatores contribuíram para a expansão católica. As ordens monásticas, principalmente
os franciscanos, dominicanos e jesuítas, supriram um exército de missionários e uma
estrutura eficiente para o envio e controle deste contingente. A descoberta das Américas e
da rota ao sul da África dando acesso à Ásia, juntamente com o domínio marítimo da
Espanha e de Portugal, possibilitaram a evangelização mundial. O terceiro fator foi o choque
sofrido na Europa pela Reforma Protestante, que impulsionou os países católicos a
conquistarem outros territórios.
ORTODOXOS
1529
Avanço de
Suleiman o
Magnífico
contido em
MUÇULMANOS Viena
Mais uma vez vemos que a estrutura monástica iniciou e sustentou o esforço missionário,
principalmente as ordens que deliberadamente se estruturaram para serem móveis e para
treinarem monges para pregar e converter os pagãos (e hereges)4.
Razões:
Teológica: os líderes acreditavam que a Grande Comissão fosse somente para os
apóstolos.
Eclesiástica: as igrejas eram pequenas e tinham muito conflito interno.
Geográfica: o isolamento da Europa protestante dos campos missionários. A
evangelização ficou mais por conta dos países católicos da Espanha e Portugal.
6 Fonte: Ruth A.Tucker From Jerusalem to Irian Jaya. Grand Rapids, Michigan (EUA): Zondervan, 1983, p.
68.
7
Kane, Concise History of the Christian Mission, p. 79.
8
Fonte: Tucker, From Jerusalem to Irian Jaya, pp. 70-71.
campo para cada morávio que ficara em Herrenhut. Em 20 anos enviaram mais
missionários do que os protestantes haviam enviado nos 200 anos anteriores.
Desde os anos de universidade, John Wesley, dedicou-se a uma vida piedosa rigorosa
de oração e estudo bíblico juntamente com um pequeno grupo de colegas. Estas
p áti as leva a o g upo a se ha ado de os etódi os que mais tarde inspirou o
nome da Igreja Metodista, fundada por Wesley. Apesar de sua dedicação e esforço,
Wesley só veio a entender o Evangelho da graça através de um contato com
missionários morávios a bordo de um navio que fazia a travessia do Oceano Atlântico
da Inglaterra para a América do Norte.
Wesley viajava milhares de quilômetros por ano a cavalo e pregava 3-4 vezes por dia,
isto durante 40 anos. Ele reunia os convertidos na estrutura de acolhimento e obras
sociais que a Igreja Metodista havia criado. Neste período esta igreja foi uma das
mais dinâmicas na expansão do Reino de Deus para o mundo inteiro. O Grande
Avivamento despertou milhares de pessoas para as necessidades do mundo e muitos
dos influenciados formaram a base para o movimento moderno de missões.
Este período pode ser analisado por muitos ângulos. Usaremos a abordagem feita por Ralph
Winter, que divide estes mais de 200 anos em três eras.
Primeira Era (1792-1910) Segunda Era (1865-1980) Terceira Era (1934 até o
presente)
Movimentos estudantis Society of the Brethren Student Volunteer Movement SFMF (1936);
(Haystack Prayer meeting) Urbana (1946)
Novas agências missionárias ABCFM, LMS, BMS SIM, AIM, CIM Wycliffe, Pioneers, Frontiers
longas viagens por mar e terra para campos missionários distantes. As comunicações eram
difíceis. Missionários na China tinham que esperar em média um ano para receber resposta
de uma carta enviada à Europa. Não é de se admirar que as ilhas e as regiões costeiras
foram muitas vezes o alvo maior da evangelização neste período9.
William Carey (1761-1834) se converteu aos 20 anos de idade e logo foi consagrado pastor
de uma igreja rural na Inglaterra. Ganhava a vida como sapateiro e lia todos os livros que
conseguia, principalmente os que continham descrições de outros países e povos. Pelas suas
leituras ele foi construindo um mapa em um mural e anotando todas as informações que
conseguia. Como autodidata aprendeu latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês10.
Em 1792 escreveu um livreto de 87 páginas: Uma enquete da obrigação do cristão em usar
todos os meios possíveis para a conversão dos pagãos (título abreviado).
No mesmo ano da publicação deste livro foi formada a Sociedade Missionária Batista e
Carey foi voluntário para ir a campo como o primeiro missionário. Ele encontrou muitas
dificuldades para partir, incluindo a recusa inicial de sua esposa em acompanhá-lo. Carey
finalmente partiu em junho de 1793 para a Índia, onde suas atividades foram inúmeras.
Trabalhou como gerente de uma fábrica enquanto evangelizava11. Foram muitos anos
aprendendo a língua e estudando o pensamento do povo e vários outros anos de pregação,
quando finalmente conseguiu alguns convertidos e formou a primeira igreja. Em 1819
fundou o Seminário de Serampore para o treinamento de evangelistas e plantadores de
igrejas. Foi também professor de línguas orientais na Faculdade Fort William em Calcutá12.
Em 40 anos de trabalho na Índia, traduziu a Bíblia para 35 línguas e dialetos da Índia e do
sudeste da Ásia13. Seu exemplo inspirou muitos outros a dedicarem a vida ao trabalho
missionário.
Na América do Norte não existia um interesse por missões e muito menos uma agência
missionária. Este interesse nasceu de um movimento estudantil que começou com um
pequeno grupo de oração que se reunia duas vezes por semana, conhecido como Hay Stack
Prayer Meeting (reunião de oração do monte de feno). O líder deste grupo, Samuel Mills
(1783-1818), havia se convertido aos 17 anos de idade durante o Grande Avivamento que
varreu a América. Em 1806 este grupo de estudantes começou a orar por missões e se
comprometeu a se entregar à causa de missões. Em 1808 organizou a Society of the
Brethren (Sociedade dos Irmãos) com a finalidade de levar o Evangelho ao mundo. Em 1810
os seminaristas convenceram a Igreja Congregacional a formar a primeira agência
missionária americana, The American Board of Commissioners for Foreign Missions (Junta
Americana de Comissários para Missões Estrangeiras). Em 1812, Mills, Adoniram Judson,
Samuel Newell, Samuel Nott, Gordon Hall e Luther Rice partiram para a Índia para trabalhar
com William Carrey.
9
Johnstone, The Church is Bigger than You Think, pp. 97, 98.
10
Kane, Concise History of Christian Mission, p. 84.
11
Tucker, p. 117.
12
Tucker, pp. 118, 119.
13
Kane, p. 98.
O missionário pioneiro deste período foi Hudson Taylor. Mais tarde o Movimento Estudantil
Voluntário mobilizou muitas pessoas para se envolverem com missões. Hudson Taylor
(1832-1905) nasceu em uma família metodista na Inglaterra. Aos 16 anos se sentiu chamado
ao ministério e pouco depois teve convicção que Deus o queria na China. Em sua preparação
ele estudou medicina, distribuía folhetos evangelísticos, simplificou sua vida e passou a viver
somente com o necessário. Chegou à China em 1854, aos 22 anos de idade. Em 1860
precisou regressar à Inglaterra por problemas de saúde. Os anos passados na Inglaterra
serviram para amadurecer sua preparação espiritual e, em 1865, ele fundou uma missão
interdenominacional, a China Inland Mission (Missão ao Interior da China), que enviou 800
missionários à China e abriu 125 escolas, tornando-se a maior missão do mundo em 1914. A
missão se especializou na evangelização e inovou na adoção de usos e costumes adaptados
à cultura local. Muitas outras missões seguiram o mesmo modelo. Outros missionários de
destaque deste período foram: David Livingstone (na África), John Nevius (na Coreia) e
Samuel Zwemer (no Oriente Médio).
Outro fator importante deste período foi o Movimento Estudantil Voluntário. Em 1883-84,
um grupo de sete seminaristas de Cambridge (Inglaterra) respondeu ao chamado para
missões. Após terminar o seminário, visitou muitas igrejas na Inglaterra e incendiou o
coração dos fiéis para a obra missionária. Em 1885, o grupo partiu para a China. Muitos
outros estudantes se entregaram à obra missionária e foram ao campo nos anos seguintes.
Nos Estados Unidos um movimento semelhante se espalhou pelas universidades. Nos anos
de 1886-87 um total de 2.106 universitários se entregaram à obra missionária e até 1945 o
movimento havia enviado 20.500 universitários.
14
Johnstone, The Church is Bigger than You Think, pp. 98-100.
Outro líder nessa era foi Donald McGavran (1897-1990). McGavran enfatizou a necessidade
de se levar em conta não somente as barreiras linguísticas à pregação do Evangelho, mas
também as barreiras sociais. Como autor, inspirou os movimentos de crescimento de igreja
e levou o movimento missionário a alcançar novas fronteiras. É conhecido pela sua ênfase
na importância de missões urbanas e na necessidade de se fazer pesquisas na área de
missões.
Ralph Winter (1924-2009) foi o fundador do Centro Americano para Missões Mundiais,
tendo uma participação importante e inovadora com a criação do ensino teológico por
extensão. No Congresso de Evangelização Mundial, em 1974, Ralph observou que o esforço
missionário ocidental estava ignorando as necessidades dos diferentes grupos étnicos.
Revelou que, apesar de quase todos os países já haverem sido penetrados com a pregação
do Evangelho, quatro em cada cinco não-cristãos ainda estavam separados do Evangelho
por barreiras culturais, linguísticas e geográficas16. Conclamou a Igreja, então, a olhar para a
necessidade de cada grupo étnico de ouvir o Evangelho e não pensar meramente em
territórios onde o Evangelho já fora pregado. Em 1982 chegou-se a uma definição de povos
não alcançados: um grupo étnico entre o qual não há uma comunidade de cristãos
autóctones em número e recursos suficientes para evangelizar seu próprio povo sem a
necessidade de assistência externa (transcultural). Este conceito tem propulsionado o
movimento missionário das últimas décadas.
15
Tucker, From Jerusalem to Irian Jaya, p. 352-353
16
John Piper, Let the Nations Be Glad. Grand Rapids, Michigan (EUA): Baker Academic, 1993.
4- O Plano de Missões
O Alvo de Missões:
Evangelismo
Ensino
Obras sociais
Estabelecimento de igrejas locais
1. Evangelismo
Evangelismo no campo missionário é anunciar as boas novas de salvação àqueles de
outra cultura e língua.
Fases do evangelismo (nossa parte):
• O testemunho: a demonstração do Cristianismo em ação através de nossas vidas.
Existe uma fase de preparação do coração das pessoas. A maioria delas não dará
ouvidos imediatamente a algum estrangeiro que venha falando de uma religião
diferente. É necessário ganhar a confiança e a credibilidade das pessoas antes
que estejam prontas para ouvir o Evangelho. O testemunho de uma vida íntegra,
com as evidências do fruto do Espírito fala mais alto que as palavras do
missionário. A demonstração de amor pelo povo conquista o seu coração.
3. Obras sociais – a igreja deve estar envolvida com a sociedade ao seu redor (Tg 2:14-16).
• As obras sociais podem ser uma forma de evangelização. Estas obras podem
construir pontes que se tornarão plataformas para evangelização.
• Obras sociais podem ajudar a restabelecer a justiça social na comunidade e trazer
grandes benefícios a indivíduos e a comunidades inteiras, fazendo uma grande
diferença.
• Uma forma de demonstrarmos o amor de Cristo é através de obras sociais (Mt
25:35-46).
• Auto-sustentável
o A igreja local não depende das finanças da missão para a sua sobrevivência e
funcionamento.
o A igreja local pode entrar em parceria com igrejas ou organizações de outras
culturas com a finalidade de facilitar e acelerar projetos de evangelização.
• Multiplicadora
o Capaz de evangelizar e ganhar almas.
o Capaz de implantar novas igrejas.
o Capaz de fazer missões.
O modelo bíblico nos relacionamentos entre indivíduos e igrejas não é nem de dependência
cega e nem de independência, mas de interdependência, como nos ensina a analogia do
corpo humano. Cada membro possui dons e função dentro do Corpo de Cristo. Se
cooperarmos e trabalharmos em união, poderemos alcançar muito mais pelo Reino de
Deus.
1. Transcultural
A atividade missionária não se dá somente na mesma cultura do missionário, mas
principalmente ao se atravessar barreiras culturais e linguísticas. É entrar em uma
cultura diferente da sua, onde se fala uma língua diferente da sua. Não é simplesmente
atravessar as fronteiras de um país a outro. Por exemplo, sair do Brasil e ir para os
Estados Unidos evangelizar brasileiros e implantar uma igreja com cultos em português
não é fazer missões transculturais. Isto nada mais é que evangelismo para pessoas de
sua mesma cultura, apesar de se estar rodeado por outra cultura e língua.
2. Internacional
Missões transculturais não é dever somente de países ricos, mas o dever dos povos de
todos os países que já receberam o Evangelho. A Grande Comissão é um
empreendimento internacional. Nenhum país ou países têm o monopólio desta tarefa.
A terceira maior igreja evangélica no mundo é a brasileira (atrás somente dos Estados
Unidos e da China).
3. Cooperativa
Fazer missões requerem pessoas com uma variedade de dons espirituais, profissões e
habilidades. O esforço missionário precisa ser um trabalho de equipe, trabalhando tanto
no campo quanto na base de apoio – na(s) igreja(s) que envia(m). É necessário contar
com pessoas com capacidade para pregar e ensinar, com habilidade linguística para
tradução da Bíblia, músicos, pessoas capacitadas em aconselhamento, técnicos em
informática, pessoas capazes de trabalhar com finanças, técnicos em mídia (fazer vídeos,
apresentações em PowerPoint etc), arrecadadores de fundos etc.
4. Integral
O trabalho missionário deve se preocupar com as necessidades existentes em todas as
áreas do ser humano: espirituais, físicas, psicológicas e sociais.
Espirituais: evangelismo, ensino bíblico, formação de líderes.
Físicas: questões de saúde (preventivas e curativas), econômicas, ajuda humanitária
em situações de catástrofe.
Psicológicas: educação, aconselhamento, recuperação de viciados etc.
Sociais: ajuda com projetos de desenvolvimento da comunidade, justiça social, ajuda
na resolução de problemas familiares etc.
5- A IGREJA ENVIADORA
Missões diz respeito à expansão global da Igreja. A responsabilidade pelo suprimento dos
recursos humanos e materiais para a expansão do Evangelho é principalmente da igreja
local. Todas as igrejas locais têm potencial para serem igrejas enviadoras.
3. Sustento em Oração
A oração é uma atividade missionária da igreja muito importante.
Motivos de oração:
• Pelo chamamento de obreiros;
• Pelas decisões que os missionários precisam tomar no campo;
• Pelas necessidades espirituais, emocionais e físicas dos missionários;
• Pela salvação de almas – para que o Espírito Santo prepare os corações;
• Pelos novos convertidos e pela igreja no campo;
Onde orar:
• Nos cultos principais da igreja (demonstrando prioridade);
• Reuniões de oração;
• Grupos pequenos;
• Em família;
• Individualmente.
4. Sustento financeiro
A noção de que as ofertas missionárias podem prejudicar a saúde financeira da igreja é
um mito. Na verdade, funciona de modo inverso. Quanto mais a igreja olha para fora de
si mesma e contribui para missões, maior é a bênção financeira da igreja. Quando a
igreja está motivada e envolvida em missões, a contribuição financeira não se torna
difícil (Mt 6:20-21). As diretrizes da igreja decidem de que forma o dinheiro arrecadado
será utilizado.
Diversos sistemas que podem ser adotados pela igreja local para financiar missões:
• Percentual pré-estabelecido com base nas entradas da igreja;
• Quantia fixa pré-estabelecida das entradas da igreja;
• Uma oferta missionária anual;
• Compromissos individuais (compromissos mensais de contribuição assumidos por
membros da igreja).
No campo:
• Envio de necessidades pessoais (dependendo do local em que o missionário for
viver, é provável que não tenha acesso a certos materiais);
• Envio de ajuda para os projetos sociais desenvolvidos pelo missionário;
• Encorajamento (correspondência, revistas, livros, CDs);
• Supervisão:
o Adaptação cultural do missionário;
o Progresso no aprendizado da língua;
o Desenvolvimento do projeto missionário anteriormente traçado;
o Uso dos recursos financeiros;
o Manutenção de sua vida espiritual;
o Relacionamento com a equipe missionária e com a liderança.
Durante divulgação:
• Alojamento;
• Tratamentos (médico, dentário);
• Integração com igreja;
• Ajuda com divulgação;
• Reciclagem (cursos, seminários, retiros etc.). Em campo, o missionário passa pela
experiência de sempre dar, dar, dar, sem ter muitas oportunidades de receber e
de recarregar suas baterias .
• Prestação de contas:
o Trabalho desenvolvido;
o Vida pessoal (integridade, problemas familiares, vida espiritual etc);
o Financeiro (uso dos recursos, orçamento etc);
6 – O MISSIONÁRIO
Definição
Todo cristão deve testemunhar de Cristo, mas nem todo cristão é missionário no sentido de
u a pessoa e viada . A palav a issio á io ão se e o t a a Bí lia, as a ideia de
selecionar e enviar pessoas está (Lc 6:13; At 13:2-3). A palavra apóstolo que provém do
g ego sig ifi a e viado e a palavra issio á io que provém do latim) também significa
e viado . Guiados pela seleção do Espírito Santo, a Igreja de Antioquia comissionou Paulo
e Barnabé e os enviou a campo como missionários. Podemos então dizer que um
missionário é alguém selecionado e enviado pela Igreja para evangelizar outros povos.
Chamado e seleção
O missionário deve ter uma convicção íntima de que foi chamado por Deus para uma obra
missionária. Esta convicção íntima deve ser suficiente para mantê-lo no campo mesmo nos
dias mais difíceis, em que enfrenta cansaço, desânimo, perseguição, choque cultural,
dificuldades de adaptação, solidão, saudades e tantos outros sentimentos e empecilhos. Só
a certeza de que se está no lugar certo, colocado ali por um Deus que sabe todas as coisas,
pode manter a fidelidade do missionário à tarefa para a qual Deus o chamou. O chamado
pode ser um pouco vago, mas é necessário confiar que, à medida que o tempo se aproxima,
Deus mostrará os detalhes da missão que lhe foi confiada.
O candidato já deve estar engajado no serviço em sua igreja local e ter paixão pelas almas
de sua própria comunidade. Quem não trabalha e não testemunha na sua comunidade não
o fará no campo missionário. Em seguida, o candidato deve começar a se informar sobre a
região para a qual ele sente ter um chamado e dar início à sua preparação. Esta preparação
inclui uma formação teológica, uma formação específica em missões e instrução e
experiência transcultural. A igreja local deve estar envolvida e acompanhando todo este
processo. Cabe à igreja a confirmação do chamado missionário. O pastor, os professores e
irmãos espiritualmente maduros que conhecem bem o candidato serão chaves no processo
de confirmação de seu chamado.
Preparação
• Orientação e informação
– Orientação dada pela agência missionária quanto aos procedimentos e
documentação necessários;
– Orientação no campo quanto ao trabalho já em fase de desenvolvimento;
estratégias de evangelização;
– Informações quanto ao país, povo e costumes, religião local, clima, etc;
– Providências quanto ao visto de viagem e vacinas.
• Divulgação
– Procurar igrejas parceiras;
– Buscar apoio em oração e financeiro;
Relacionamentos
Uma das principais causas de fracasso no trabalho missionário com abandono do campo
está ligada aos problemas de relacionamentos. O missionário precisa estar preparado para
isto e a igreja deve supervisionar esta área.
7 – O CAMPO MISSIONÁRIO
http://geovista.weebly.com/8-ano.html
Dados de 2010 reconhecem 340 etnias indígenas no Brasil, com uma população de 616 mil
pessoas. Destas, 228 são bem conhecidas, 27 estão isoladas e 10, parcialmente isoladas; 182
etnias têm uma presença missionária, 150 têm uma igreja local e somente 51 destas etnias
têm uma liderança indígena.
133
Trabalho
Trabalhoem
em
Situação Andamento
Andamento
Situação 13
Indeterminada
Indeterminada
Fonte: AMTB (Banco de Dados) Sepal (Tel: 11-5523-2544) Maio 2005 TR-503
52 Possuem
Possuem
Possivelmente Novo
NovoTestamento
Testamento
Possivelmente 36
Carentes
Carentesde
de
Nova
NovaVersão
Versão
em
emPortuguês
Português 15 Reconhecidamente
Reconhecidamente
48
Carentes
Carentesde
de
`` Tradução
Tradução
72 Provavelmente
30 Provavelmente
Provavelmente Carentes
Provavelmente Carentesde
de
Não
NãoCarentes
Carentes Tradução
Tradução
de
deTradução
Tradução
Fonte: AMTB (Banco de Dados) Sepal 2005 (Tel: 11 5523-2544) TR-501
Missões Urbanas
A estratégia missionária de Paulo incluiu os grandes centros urbanos de sua época:
Antioquia, Éfeso, Corinto, Filipos, Tessalônica, Atenas e Roma. Hoje, a população urbana dos
países em desenvolvimento dobra a cada 15 anos. Los Angeles, Londres e Paris não fazem
mais parte das dez maiores cidades do mundo. Foram substituídas por Xangai (China),
Bombaim (Índia) e Karachi (Paquistão).
Em 1900 existiam 20 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Em 2005 existiam 440.
Em 1975 existiam apenas cinco cidades com região metropolitana superior a 10 milhões de
habitantes. Hoje são mais de 20 (incluindo São Paulo e Rio de Janeiro). A China tem oito das
50 maiores cidades do mundo, inclusive Xangai, a maior, com quase 14 milhões. A Índia
também possui oito das 50 maiores cidades do mundo.
As grandes cidades são as formadoras de opinião de seus países. São elas que concentram
os maiores e mais importantes canais de mídia (jornais, rádio, televisão etc), os lançadores
de modas; abrigam as oportunidades educacionais e de emprego e são os centros de poder
político e econômico. As grandes cidades têm uma importância estratégica muito grande.
Há maior abertura ao Evangelho nos centros urbanos. Muitos são os que chegam aos
centros urbanos vindos do interior ou de outros estados. Tendo rompido um laço forte com
a família e com a sociedade rural deixada para trás, o recém-chegado se encontra em uma
situação mais vulnerável e mais favorável a mudanças em sua vida. Nos grandes centros,
muitos tiveram mais oportunidades para estudo e exposição às diferentes ideias e estilos de
vida. Estes fatores também favorecem uma maior abertura ao Evangelho.
Muitos dos que se convertem nas grandes cidades acabam levando o Evangelho para os
parentes no interior ou em outros estados. Isto também favorece a propagação do
Evangelho.
População mundial atual: 7 bilhões de pessoas (aumento de mais de 100 milhões por ano)
Cristãos evangélicos: 400 milhões;
Cristãos nominais: 1,5 bilhões;
Não-cristãos vivendo na mesma cultura com cristãos: 1,6 bilhões;
Não-cristãos culturalmente separados de um testemunho cristão: 3,5 bilhões.
Não-cristãos culturalmente
separados de um testemunho
cristão
3,5 bilhões
Não-cristãos vivendo na
mesma cultura com cristãos
1,6 bilhões
Cristãos
Nominais
1,5 bilhões
Cristãos
evangélicos
400 milhões
Este quadro deve nos despertar à grande necessidade que ainda existe no campo
missionário.
É necessário fazer-se uma contextualização do Evangelho para que ela seja compreensível e
relevante ao povo. A contextualização é a adaptação necessária para a compreensão,
expressão e aplicação da verdade bíblica dentro de uma determinada cultura. Não se trata
de fazer uma adaptação ou modificação do conteúdo do Evangelho, mas, sim, da sua
roupagem ou rótulo. Podemos fazer a comparação com um produto importado de outro
país para o Brasil. Para poder ser vendido no mercado interno, é necessário mudar o seu
rótulo para que o consumidor brasileiro possa entender os detalhes do produto. Com o
Evangelho também é assim: o rótulo às vezes precisa ser mudado para se adaptar à cultura,
sem se mexer em seu conteúdo essencial.
O perigo da contextualização mal feita é o sincretismo, isto é, uma mistura das verdades
bíblicas com crenças e práticas de outras religiões.
O desafio da perseguição
Missionários e cristãos nativos estão sofrendo perseguição e até morte em muitos países.
Calcula-se que 160 mil cristãos perderam sua vida por causa do Evangelho só no ano 2000.
São mais de 45 milhões desde 1900. O aumento do fundamentalismo muçulmano e de
outras religiões tem elevado o risco de perseguição. A pregação do Evangelho não é sem
risco.
O desafio do terrorismo
Quase todos os anos missionários são sequestrados por terroristas. Muitos destes
sequestros terminam mal. Missionários são alvos por causa da ajuda que dão ao povo e por
serem estrangeiros.
O desafio financeiro
O sustento de missões é sempre um empreendimento dispendioso. À medida em que mais
cristãos são chamados ao campo para completar a tarefa da evangelização, maior a
necessidade de financiamento para estes projetos. A Igreja brasileira também enfrenta
desafios financeiros em muitas outras áreas. Por isso, é necessário uma cooperação e o
desenvolvimento de estratégias para o financiamento de missões, tais como: parcerias entre
igrejas, desenvolvimento de modelos de negócios com renda revertida para missões e o
envio de fazedo es de te das . Estes últimos são missionários que têm outra profissão que
exercerão no campo para suprir parte ou toda a sua necessidade de sustento.
Sabemos que os desafios não podem deter o avanço do Reino de Deus, pois as portas do
inferno não prevalecerão contra a Igreja do Senhor Jesus Cristo. Ele está no controle de
todas as coisas. Mesmo que enfrentemos problemas de todos os lados, Deus procura
homens e mulheres que se coloquem à Sua disposição para serem utilizados de forma
poderosa ao redor do mundo.