Princípios Básicos Da Análise Do Comportamento II - A Tríplice Contingência e Os Conceitos de Reforço, Punição e Extinção e Análise Funcional
Princípios Básicos Da Análise Do Comportamento II - A Tríplice Contingência e Os Conceitos de Reforço, Punição e Extinção e Análise Funcional
Princípios Básicos Da Análise Do Comportamento II - A Tríplice Contingência e Os Conceitos de Reforço, Punição e Extinção e Análise Funcional
Análise do
Comportamento II - A
Tríplice Contingência e os
conceitos de Reforço,
Punição e Extinção e
Análise Funcional
Prof. Me. Ana Carolina Macalli
Prof. Me. Ana Carolina Macalli
Radical, considera que a raiz de todas as coisas é o Existem dois grandes tipos de comportamento: respondente e operante.
comportamento. Nessa ciência comportamento é Comportamento respondente é instalado naturalmente em nossa biologia,
tudo o que o homem faz. É toda ação do homem, nascemos com esse comportamento pré-instalado. Possui apenas duas
todo conjunto de coisas que ele é capaz de fazer. contingências e funciona por um esquema chamado S-R (estímulo - resposta),
sendo esse estímulo-resposta uma relação de eliciação. Uma relação em que o
Dirigir um carro, pregar um prego, falar, fazer contas, são exemplos de comportamentos operantes.
Comportamentos operantes constituem a maior parte das atitudes visíveis dos seres humanos, mas
até mesmo aquela atividade frequentemente invisível que nós denominamos pensamento envolve
comportamentos operantes, reduzidos em sua magnitude ao ponto de tornarem-se invisíveis para os
demais, como quando uma pessoa “fala para si própria” (ROSE, 2001, p. 1-2).
São comportamentos aprendidos aquele que têm seleção pelas consequências. É a consequência que altera a probabilidade
da resposta, de ocorrer no futuro, de voltar a ocorrer ou de não ocorrer no futuro. Ele opera uma alteração no ambiente e essa
alteração o altera também, tornando o organismo diferente, transformando-o na medida em que vai interagindo com o ambiente.
O comportamento operante é evocado (chamado) pelo antecedente/ambiente. Pode ocorrer ou não ocorrer, pode ser emitido
ou não emitido, diferentemente do respondente. Esse diferencial é muito importante, porque o que controla o comportamento é a
consequência, se ela é ou não reforçadora.
A consequência tem um papel: em alguns casos de aumentar a probabilidade de emitir a mesma resposta, sendo assim uma
consequência reforçadora; mas se ela diminui a probabilidade de uma resposta ser emitida, essa consequência ao invés de reforçar
a resposta, a puniu. Portanto é a consequência que determina, pois, apesar da consequência acontecer depois do comportamento,
ela altera a probabilidade de a resposta acontecer no futuro e não no passado.
No comportamento operante uma resposta pode ou não ter maior probabilidade de ser emitida diante uma consequência
reforçadora. Na Análise do Comportamento não se pode afirmar que todas as vezes o sujeito irá se comportar de determinada
forma, apenas inferir que se estiver em uma mesma situação, provavelmente, irá se comportar igual/ emitir a mesma resposta.
O comportamento de qualquer organismo é contínuo, um fluxo de atividade que nunca cessa. Nesse
“comportamento”, tomado em sentido genérico, distinguimos “comportamentos” específicos, isto é,
procuramos encontrar unidades que se repetem. Assim, falamos dos comportamentos de acender a
luz, contar uma piada, dirigir um carro, etc. Mas, como dissemos anteriormente, a atividade de um
indivíduo é contínua e somos nós que arbitrariamente a dividimos em unidades. Estamos supondo
que esses “comportamentos” específicos podem ocorrer repetidas vezes ao longo da vida de um
indivíduo. Mas, se fizermos uma observação rigorosa, veremos que não há nada na atividade de um
organismo que se repita de modo rigorosamente igual (ROSE, 2001, p. 2).
Nesse comportamento não existe um estímulo que produz a resposta, mas uma interação. Conforme estabelece relações de
reforçamento ou punição com os vários estímulos do ambiente, o organismo vai se transformando e tornando-se diferente toda vez
que interage com o ambiente.
Ao emitir um determinado comportamento, ele pode ou não ser reforçado. Ao receber reforçamento, o comportamento continua
a existir, mas se não for reforçado passa a não existir mais, porque não tem função.
Por isso, o comportamento operante tem que ser reforçado para aparecer e para continuar em nosso repertório, pois não está
em sua biologia e sim em uma interação/relação entre organismo e ambiente. Comportamento operante tem que ser aprendido.
TRÍPLICE CONTINGÊNCIA
Contingência é a unidade mínima de Análise do Comportamento. De acordo com Souza (2001, p. 1) “em sentido geral,
contingência pode significar qualquer relação de dependência entre eventos ambientais ou entre eventos comportamentais e
ambientais”. Na Análise do Comportamento o sentido de contingência é de necessidade entre os três elementos, uma relação
necessária entre um ambiente, um certo contexto, uma resposta e uma consequência. Denomina-se contingência o conjunto pelo
qual opera o comportamento operante, sendo nesse caso uma contingência de três termos S-R-C.
Identificar as contingências é a base do trabalho de um analista de comportamento, pois é a partir dessa identificação que o
profissional planeja sua intervenção com o objetivo de rearranjar contingências para o sujeito modificar o seu comportamento. De
acordo com Souza (2001, p. 4)
Um analista do comportamento tem como tarefas identificar contingências que estão
operando (ou inferir quais as que podem ou devem ter operado), quando se depara com
determinados comportamentos ou processos comportamentais em andamento, bem como
propor, criar ou estabelecer relações de contingência para o desenvolvimento de certos
processos comportamentais. É através da manipulação de contingências que se pode
estabelecer ou instalar comportamentos, alterar padrões (como taxa, ritmo, sequência,
espaçamento), assim como reduzir, enfraquecer ou eliminar comportamentos dos repertórios
dos organismos.
Mudar comportamento é ensinar a mudança de comportamento. Nessa ciência, o conceito de ensino possui caráter
diferenciado. É preciso reorganizar e/ou modificar o ambiente, os antecedentes e as consequências até o sujeito aprender. Só pode
ser considerado ensino quando o profissional muda seu comportamento para o sujeito aprender, e ele aprende. Se não aprendeu, o
profissional não ensinou.
ANÁLISE FUNCIONAL
A Análise do Comportamento tem como foco identificar a função do comportamento e não sua topografia. É imprescindível
compreender qual é a função e qual é o reforçador de determinado comportamento, pois todo comportamento operante possui
função e reforçador. Se não tiver reforçador, não existe. “Fazer uma análise funcional é identificar o valor de sobrevivência de
determinado comportamento” (MATOS, 1999, p. 11). Para identificar qual a função do comportamento utiliza-se um instrumento de
investigação e de avaliação muito importante denominado Análise Funcional. Esse procedimento pode ser realizado por meio:
Avaliação Indireta: entrevistar pais, responsáveis, familiares, professores, amigos, ou deixar com eles listas de verificação
(“checklists”), questionários ou escalas de classificação para identificar o que eles já possuem de conhecimento e auxiliar na
elaboração de hipóteses.
Observação Direta: observar e registrar o comportamento identificado e como ele ocorre. Fica a critério do profissional decidir
se observa o dia todo e registra cada vez que o comportamento ocorrer ou um período de tempo para coletar dados sobre o
comportamento alvo. Os registros são feitos no esquema ABC. Nessas observações registra-se tudo o que aconteceu antes, o
comportamento e o que aconteceu depois, para tentar discriminar quais são essas variáveis.
Análise Funcional Experimental: – criar condições para testar o comportamento. É um procedimento mais complexo, que testa
todas as hipóteses, deixado para os psicólogos para ser feito em um contexto clínico.
Esquema ABC´s do Behaviorismo: A (antecedente)
OBSERVANDO E MEDINDO COMPORTAMENTOS
aquilo que acontece antes do comportamento; B
(comportamento) resposta ao antecedente; C
Alguns comportamentos são observáveis e mensuráveis.
(consequência) ocorre logo depois do comportamento.
Comportamento é geralmente medido com base em sua:
1. Acesso à atenção: emissão de um comportamento buscando ter atenção de uma outra pessoa. Após a emissão
do comportamento, tem acesso a interações com outras pessoas. Geralmente se engajam em comportamentos
inadequados para chamar a atenção dos outros.
2. Acesso a tangíveis: emissão de um comportamento para acessar itens e/ou atividades de preferência. Após a
emissão do comportamento, tem acesso a itens de preferência, como por exemplo um brinquedo, um chocolate, um livro
etc.
A B C Possível Função O que pode ser feito: O que deve ser evitado:
Terapeuta
Segura ou esconde o item.
Entregar o item
Em sessão entrega Dar um modelo de como
Acesso ao Ficar perguntando o que
de Gritar brinquedo e pedir o item de forma
brinquedo quer
terapia criança adequada. Dar broncas
para de gritar
3. Fuga/esquiva de uma situação: fugir ou se esquivar de atividades de baixa preferência. Após a emissão do
comportamento, atividades não preferidas são retiradas ou finalizadas. Podem se engajar em comportamentos inadequados para
escapar de situações, tarefas ou pessoas.
REFORÇO
Reforço é a relação entre uma resposta e uma consequência. Essa consequência entregue logo após uma resposta aumenta a
probabilidade de ela ocorrer no futuro na mesma situação. Essa é a chave para compreender o conceito de reforço: só é
reforçador se aumentou a probabilidade de a resposta ocorrer no futuro. Se a resposta não voltar a ser emitida outras vezes
não foi reforçadora, apenas uma recompensa. Portanto, o conceito de reforço é uma relação matemática, de aumento de uma
determinada resposta.
Importante destacar que o reforço é do comportamento e nunca da pessoa. O que existe é um comportamento que foi
reforçado por alguma consequência.
Existem dois tipos de reforçamento: reforço positivo e reforço negativo. Quando o reforço é colocado logo depois de uma
resposta, essa resposta aumenta a probabilidade de acontecer no futuro. Não importa se é positivo ou se é negativo. Na ciência da
Análise do comportamento não se compreendem os conceitos de positivo e negativo como sinônimos de atribuição de
valores, da determinação do valor, mas sim do ponto de vista matemático.
REFORÇO POSITIVO
O senso comum ao utilizar a palavra positivo, geralmente
atribui-se ao sentido de coisas boas, favoráveis, agradáveis. Em
Análise do Comportamento, ao trabalhar com o aspecto
matemático da palavra positivo o conceito é de soma ou adição.
Portanto, reforço positivo é quando uma consequência
segue uma resposta e, essa resposta, aumenta de probabilidade
e a consequência é o adicionamento de um estímulo no
ambiente.
Dessa forma, é reforço porque aumenta a probabilidade Dito de outro modo: são “dois procedimentos” de reforço distintos
(apresentação e remoção de estímulos), mas “um único
dessa resposta de fuga de uma situação aversiva acontecer no processo” de reforço resultante, o aumento na probabilidade das
respostas consequenciadas, de uma ou de outra forma, com os
futuro e é negativo porque a resposta não adicionou nenhum estímulos reforçadores (GONGORA; MAYER; MOTA, 2009, p.
214).
estímulo no ambiente, e sim eliminou o estímulo do ambiente.
PUNIÇÃO
Alguns comportamentos podem gerar consequências que são aversivas. Se a consequência diminui a probabilidade de uma
resposta ocorrer, foi uma consequência punitiva. Punição é um processo básico que acontece nas espécies e também um
procedimento do ponto de vista comportamental. Nessa perspectiva, o comportamento que é punido e nunca a pessoa.
Embora Skinner (1953/2003) comumente se refira “à punição” no singular, ele afirma tratar-se de
dois procedimentos popularmente utilizados para reduzir ou enfraquecer comportamentos:
“Resolvendo o problema da punição simplesmente inquirimos: Qual é o efeito da retirada de um
reforçador positivo ou da apresentação de um negativo? ” (p. 202). Pode-se verificar, então, que
Skinner (1953/2003) define punição como uma técnica de controle comportamental, popularmente
utilizada para eliminar comportamentos, por meio de dois procedimentos distintos (GONGORA;
MAYER; MOTA, 2009, p. 214).
Skinner, após alguns estudos, deixou explícita sua crítica em relação ao uso de procedimentos de punição. A utilização dessa
técnica de controle comportamental produz vários efeitos colaterais, por isso, em Análise do Comportamento, deve-se evitar ao
máximo o uso desse procedimento no ensino de mudança de comportamento.
Gongora, Mayer, Mota (2009, p. 215) apontam que Skinner descreve que punição “não é efetiva nem na supressão, nem na
redução da probabilidade de ocorrência das respostas punidas, uma vez que seus efeitos enfraquecedores tendem a ser
temporários”.
Os efeitos colaterais dos procedimentos de punição são:
Produção de comportamento agressivo: “não” para uma pessoa pode ser punitivo e o sujeito passa a agir agressivamente. E o
comportamento de agressividade é um dos mais inadequados.
Provoca comportamentos emocionais: o conjunto de comportamentos respondentes pode desencadear quadros de depressão e
ansiedade e torna o sujeito improdutivo durante um certo tempo.
Produção de comportamento de fuga e esquiva: quando um evento aversivo acontece e o sujeito sai, temos o conceito de fuga.
Quando ocorre alguma sinalização que o evento aversivo irá acontecer e o sujeito, antes dele acontecer, vai para outro lugar ou faz outra
coisa para ele não acontecer, isso chama esquiva.
Punição funciona e ao funcionar o comportamento de punir é reforçado e, consequentemente, seu comportamento de punir vai
aumentar de probabilidade, utilizando-se de mais punição.
Punição é inadequada: torna punidora a própria presença do agente punidor, mesmo que não esteja mais punindo pela transferência
de estímulo.
Portanto, punição é uma consequência, independente da forma dessa consequência. É uma consequência que
diminui a probabilidade de uma resposta ser emitida.
Punição Positiva adiciona alguma coisa no ambiente e na Punição Negativa uma coisa reforçadora é retirada em
consequência de um comportamento.
Catania passou a usar também tais adjetivos para distinguir os dois tipos de
punição. Com isso, a “punição positiva” foi assim qualificada por definir-se pela
introdução de estímulos (estímulos punidores, na terminologia de Catania)
contingentes à emissão da resposta; enquanto a “punição negativa” recebeu esse
adjetivo por ser definida como o procedimento de consequenciar a emissão da
resposta com a remoção de estímulos disponíveis (neste caso, reforçadores
positivos) (GONGORA; MAYER; MOTA, 2009, p. 214-215).
EXTINÇÃO
Extinção, assim como a punição, também é um processo natural que acontece com as pessoas, quando certas
respostas não dão mais acesso aos reforçadores. Nesse conceito é possível fazer a quebra da contingência (S-R-C), pois
quando a consequência reforçadora não está mais disponível a resposta diminui a probabilidade de ser emitida.
Na análise do comportamento aplicada é possível planejar essa quebra da contingência, mas é preciso ter clareza e
cuidado ao estabelecer um procedimento de extinção, pois antes do comportamento alvo ser extinto, ele aumenta em
frequência, variabilidade e intensidade.
Ou seja, ao exibir um determinado comportamento, se emitem respostas para alcançar certas consequências. No
processo de extinção, ao retirar essa consequência, para que ela não esteja mais disponível, antes do comportamento
simplesmente acabar, provavelmente ele vai aumentar de intensidade, de frequência e de variabilidade, denominado de
explosão da extinção. O comportamento vai subir e depois vai diminuir até zero.