Teoria Do Crime - Aspectos Intermediários

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DIREITO PENAL

Teoria do Crime – Aspectos


Intermediários

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PENAL
Teoria do Crime – Aspectos Intermediários

Sumário
Douglas de Araujo Vargas

Introdução......................................................................................................................................... 4
1. Teorias da Ação............................................................................................................................. 4
1.1. Teoria Finalista........................................................................................................................... 5
1.2. Teoria Causal-naturalista....................................................................................................... 7
1.3. Teoria Causal-valorativa......................................................................................................... 7
1.4. Teoria Social da Ação.. .............................................................................................................. 7
2. Teoria da Imputação Objetiva................................................................................................... 7
3. Consumação e Tentativa............................................................................................................ 8
4. Fases de Realização do Delito.................................................................................................. 8
4.1. Cogitação.................................................................................................................................... 9
4.2. Preparação.. ............................................................................................................................... 9
4.3. Execução................................................................................................................................... 11
4.4. Consumação............................................................................................................................. 11
4.5. Exaurimento............................................................................................................................. 11
5. Crime Consumado. . .....................................................................................................................12
6. Crime Tentado. . ............................................................................................................................13
6.1. Elementos da Tentativa......................................................................................................... 14
6.2. Pena da Tentativa....................................................................................................................16
6.3. Teoria Aplicável à Tentativa..................................................................................................16
6.4. Fixação da Pena. . .....................................................................................................................16
6.5. Classificações da Tentativa. . .................................................................................................16
6.6. Admissibilidade da Tentativa. . ..............................................................................................19
6.7. Descriminantes Putativas. . ....................................................................................................21
6.8. Crimes Preterdolosos. . .......................................................................................................... 22
6.9. Contravenções Penais. . ......................................................................................................... 22
6.10. Crimes Unissubsistentes.................................................................................................... 23
6.11. Crimes de Atentado. . ............................................................................................................. 23

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6.12. Crimes Habituais................................................................................................................... 23


6.13. Crimes cuja Punição só Existe se Ocorrer o Resultado................................................ 23
6.14. Crimes Omissivos Próprios. . ............................................................................................... 23
7. Desistência Voluntária. . ............................................................................................................ 24
8. Arrependimento Eficaz. . ........................................................................................................... 25
9. Arrependimento Posterior....................................................................................................... 28
10. Crime Impossível. . .................................................................................................................... 29
10.1. Ineficácia Absoluta do Meio. . .............................................................................................. 30
10.2. Absoluta Impropriedade do Objeto.. ..................................................................................31
11. Jurisprudência........................................................................................................................... 32
Resumo............................................................................................................................................. 34
Questões Comentadas em Aula.................................................................................................. 41
Questões de Concurso..................................................................................................................42
Gabarito............................................................................................................................................ 65

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Introdução
Olá, querido(a) aluno(a)!
Seja muito bem-vindo(a) ao estudo do tema teoria do crime e seus aspectos intermediários.
Hoje vamos tratar de alguns tópicos um pouco mais avançados na disciplina de Direito
Penal, diretamente relacionados ao estudo da teoria do crime.
Não se preocupe, pois não iremos abordar nada tão complicado, mesmo porque você já
tem a base necessária para ingressar nesses temas tão importantes.
Nesse diapasão, hoje iremos estudar os seguintes temas:
• teorias da ação;
• teoria da imputação objetiva;
• consumação e tentativa;
• desistência voluntária;
• arrependimento eficaz;
• arrependimento posterior;
• crime impossível.

Como de praxe, ao final faremos aquela lista de exercícios totalmente voltada para os
conteúdos abordados, com a adição de exercícios de diversas examinadoras e certames, bus-
cando sempre maximizar a nossa prática.
Vamos nessa!

1. Teorias da Ação
No Direito penal, existem diversas teorias relacionadas à ação e aos crimes, cada uma
adotando maneiras diferentes de abordar a teoria do delito e a análise da conduta do indivíduo.
Entre as diversas teorias que tratam da conduta, destacam-se as seguintes teorias:

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Cada uma dessas teorias tem uma abordagem quando se trata de analisar a conduta
do agente que pratica uma infração penal. Nosso foco estará na chamada TEORIA FINA-
LISTA, elaborada por Hans Welzel, a qual é majoritariamente aceita pelos doutrinadores de
nosso país.

1.1. Teoria Finalista


A teoria finalista, também chamada de concepção finalista ou de teoria ôntico-fenome-
nológica (fique tranquilo: até hoje não vi esse termo ser cobrado em prova) parte do princípio
que TODA CONSCIÊNCIA É INTENCIONAL.
A premissa adotada pelo autor é a de que o legislador precisa compreender a natureza das
coisas para que possa se orientar de maneira correta e elaborar leis adequadas.
Em razão do contexto, é claro que não estamos tratando da natureza de qualquer coisa,
e sim da análise da conduta humana. E, sob esse ponto de vista, a premissa é de que a ação
humana não pode ser dividida, de modo que toda ação voluntária é finalista, ou seja, está
acompanhada de uma vontade interna do agente.
Em outras palavras: A ação típica (a prática de um fato típico) deve ser visualizada como
uma vontade com conteúdo. E é por esse motivo que o DOLO e a CULPA são retirados da CUL-
PABILIDADE e passam a integrar o fato típico, no âmbito da conduta.
Assim sendo, temos a seguinte estrutura do crime do ponto de vista da teoria finalista:

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Em algumas outras teorias, o dolo (querer o resultado ou assumir o risco de produzi-lo)


integra a consciência da ilicitude. Não é o que acontece na teoria finalista, em que o dolo in-
tegra a conduta típica, que passa a ser dolosa ou culposa.
Com tal mudança, o dolo, do ponto de vista finalista, se torna constituído pelos seguintes
elementos:

A principal consequência da aplicação da teoria finalista em relação às demais, portanto,


é a avaliação do dolo e da culpa logo na análise do primeiro elemento do crime (o fato típico).
Em outras teorias, o dolo e a culpa só são valorados na esfera da culpabilidade, enquanto na
teoria finalista, tais elementos já são objeto de análise do próprio fato típico.
Vamos ver como os examinadores cobram esse conteúdo:

001. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS-


LATIVO ÁREA VI/2014) De acordo com a teoria finalista de Hans Welzel, o dolo, por ser ele-
mento vinculado à conduta, deve ser deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.

Exatamente o que estudamos. O importante é que você saiba que tipicidade foi utilizada como
sinônimo de Fato típico pelo examinador.
Certo.

Apesar de não adotadas, vamos a uma breve explanação sobre as demais teorias da ação.

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1.2. Teoria Causal-naturalista


Para a Teoria Naturalista ou Causal, também chamada de Teoria Clássica, o fato típico
origina-se de uma simples comparação entre a conduta objetivamente realizada e a descri-
ção legal do crime, de forma que os elementos de ordem interna (subjetiva) não são sequer
analisados. Para os adeptos da base causal-natural, o dolo e a culpa não pertencem ao tipo e
sim a culpabilidade. Baseada em diversas críticas, como não levar em conta a consciência da
ação e sua voluntariedade, a teoria naturalista encontra-se superada.

1.3. Teoria Causal-valorativa


Para a teoria causal-valorativa, também conhecida como neokantista, a tipicidade deve
ser analisada do ponto de vista formal e material, o que implica, em muitos casos, a análise de
elementos subjetivos. Já a culpabilidade passa a ser descrita como algo que se encontra fora
do agente, isto é, como um juízo de valoração a respeito do agente. Portanto, o dolo e a culpa
continuam na culpabilidade, como seus elementos, mas de forma não exclusiva e suficiente
para caracterizá-la.

1.4. Teoria Social da Ação


Essa teoria agregou mais um elemento ao conceito de ação: a própria relevância social.
Nesse sentido, a ação é a causa de um resultado típico socialmente relevante. Por prestar
conceitos vagos e imprecisos, essa concepção também não avançou:

(...)a teoria social da ação faz com que condutas socialmente aceitas constituam irrelevantes pe-
nais, o que, em última análise, significa a revogação de uma lei penal por um costume social. (An-
dré Estefam)

2. Teoria da Imputação Objetiva


Cabe fazer uma breve observação sobre a chamada teoria da imputação objetiva antes
que possamos adentrar o próximo tópico da aula de hoje.
Tal teoria originou-se na Alemanha, em por volta de 1930, mas acabou se tornando notó-
ria após a abordagem de Claus Roxin, já na década de 70.
A finalidade da teoria da imputação objetiva é a de limitar o alcance da chamada teoria
da equivalência dos antecedentes causais, limitando a responsabilidade penal ao sugerir que
a atribuição de um resultado a um determinado indivíduo não depende apenas da relação de
causalidade, mas da realização de um risco proibido pela norma.
No Brasil, o posicionamento da doutrina costuma ser bastante crítico à aplicação da teo-
ria da imputação objetiva, haja vista que, segundo parcela significativa dos doutrinadores, as
soluções oferecidas por tal teoria já são alcançáveis pelas demais teorias já existentes.

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Nesse sentido, é interessante citar Cezar Bittencourt:

Sintetizando, seus reflexos devem ser muito mais modestos do que o furor de perplexidade que
está causando no continente latino-americano. Porque a única certeza, até agora, apresentada
pela teoria da imputação objetiva, é a incerteza de seus enunciados, a imprecisão dos seus con-
ceitos e a insegurança de seus resultados a que pode levar. Aliás, o próprio Claus Roxin, maior
expoente da teoria em exame, afirma que ‘o conceito de risco permitido é utilizado em múltiplos
contextos, mas sobre o seu significado e posição sistemática reina a mais absoluta falta de cla-
reza’. (...) A relação de causalidade não é suficiente nos crimes de ação, nem sempre é necessária
nos crimes de omissão e é absolutamente irrelevante nos crimes de mera atividade; portanto, a
teoria da imputação objetiva tem um espaço e importância reduzidos.
Cezar Roberto Bittencourt

Por esse motivo, é importante que você conheça o conceito e a premissa da teoria da im-
putação objetiva – mas que não use essa teoria para sua prova na hora de resolver situações
hipotéticas.
Mais uma questão para analisarmos:

002. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – PROVIMEN-


TO/2019/ADAPTADA) A teoria causalista do delito propõe que o dolo e a culpa, por estarem
situados na conduta, tornam o injusto penal a parte subjetiva do conceito de crime.

Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na culpabilidade.


Errado.

3. Consumação e Tentativa
Finalmente um tópico mais prático e divertido de ser tratado. Já era tempo, certo?
Antes que possamos falar de consumação e tentativa, no entanto, precisamos estudar
rapidamente um outro conceito: O de iter criminis (o chamado “caminho do crime”), que trata
das chamadas fases de realização do delito.

4. Fases de Realização do Delito


Em primeiro lugar, vejamos o que diz a doutrina de Zaffaroni e Pierangeli:

Desde que o desígnio criminoso aparece no foro íntimo da pessoa, como um produto da imagina-
ção, até que se opere a consumação do delito, existe um processo, parte do qual não se exterioriza,
necessariamente, de maneira a ser observado por algum espectador, excluído o próprio autor.

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A este processo dá-se o nome de iter criminis ou ‘caminho do crime’, que significa o conjunto de
etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito.

Segundo os autores, existe um processo a ser percorrido desde que o autor pensa em
cometer o crime, até que ele realmente seja praticado e gere seu resultado. A este processo
chamamos de iter criminis, ou seja, o caminho do crime.
De acordo com tal premissa, o crime se divide em quatro fases principais:

https://br.pinterest.com/gkd2129/prison-break-tv-series/

4.1. Cogitação
A cogitação é uma fase interna, na qual surge a intenção de praticar um determinado
crime. Como estudamos em nossa aula de princípios, por força do princípio da lesividade, a
cogitação não é uma fase punível, pois ela não causa ofensa alguma a nenhum bem jurídico.

4.2. Preparação
A preparação, por sua vez, não é uma mera fase interna. Aqui, o autor começa a trabalhar
para que possa iniciar a execução do delito. O autor busca encontrar meios e locais que pos-
sibilitem lograr êxito no delito que está buscando cometer.
Via de regra, a preparação também não é punível – a não ser que o ato preparatório seja
um crime por si só. Vejamos um exemplo:

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Autor pretende furtar um banco escavando até o cofre da instituição financeira. Compra, para isso,
pás e britadeiras para cavar o túnel que utilizará para praticar a conduta criminosa. Além disso, faz
todo o planejamento na parede de seu quarto.

Planejar e comprar pás e britadeiras não é uma conduta criminosa, de modo que caso o
agente desista de furtar o banco e pare nesse ponto da preparação, não poderá ser punido
pelos atos já praticados.
Entretanto, vejamos um segundo exemplo:

John Wick pretende matar alguns inimigos, e para isso compra uma arma de fogo de numeração
raspada no mercado negro.1

1
https://br.pinterest.com/markdance/john-wicks/

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Nesse caso, diferentemente da primeira hipótese, o mero fato de portar uma arma de fogo
com numeração raspada por si só um delito, e o autor poderá ser responsabilizado mesmo
que não venha a finalizar a conduta que desejava (no caso, os homicídios).

4.3. Execução
Aqui o agente inicia, de fato, a execução da conduta criminosa.
A fase de execução pode resultar na próxima fase (a consumação) caso o agente logre
êxito na prática da infração penal pretendida por ele, ou em uma tentativa (quando o agente
não logra êxito por circunstâncias alheias à sua vontade).
Fique tranquilo(a): A tentativa, bem como institutos como a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz serão abordados a seguir.

4.4. Consumação
Como dissemos anteriormente, a consumação é a fase em que o agente atinge o resulta-
do do crime, ou como define o código penal, o crime reuniu todos os elementos de sua defini-
ção legal (Art. 14, inciso I, CP).
A consumação tem uma influência direta na classificação das condutas criminosas, as
quais abordaremos em detalhes em nosso próximo assunto.

4.5. Exaurimento
Embora em regra não seja listado como uma das fases regulares do iter criminis, o exauri-
mento é uma fase específica de algumas infrações penais, que após sua consumação, ainda
não sofreram o completo esgotamento de seu potencial lesivo.
Vejamos um exemplo para esclarecer melhor:

Extorsão mediante sequestro


CP Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate: Vide Lei n. 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei n. 10.446, de 2002).
Pena – reclusão, de oito a quinze anos.

Ao estudar as classificações doutrinárias dos crimes, temos alguns delitos que são clas-
sificados como formais ou de consumação antecipada, para os quais a lei prevê um resultado,
mas este é desnecessário para a consumação do crime.
É o caso do art. 159 listado apresentado anteriormente: Para que o delito de extorsão me-
diante sequestro se consume, basta que a vítima seja sequestrada. Independentemente de o
sequestrador receber ou não a vantagem prevista na lei, o crime estará consumado.

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E com isso, se o sequestrador lograr êxito em receber a vantagem esperada (por exemplo,
a família da vítima efetivamente transferir uma quantia solicitada para a conta do sequestra-
dor), ocorrerá mero exaurimento, pois a consumação já havia ocorrido.
Pronto. Agora que já possuímos a base teórica necessária, podemos finalmente falar de
Consumação e Tentativa.

5. Crime Consumado
CP Art. 14. Diz-se o crime:
Crime consumado
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

O crime consumado, portanto, é aquele que reúne todos os elementos de sua definição
legal. Logo, o agente delitivo praticou um fato e conseguiu realizar tudo o que está previsto
no tipo penal.
De acordo com o que acabamos de estudar, note que o crime consumado, portanto, saiu
da fase de execução e chegou à fase de consumação.

Professor, o momento de consumação pode variar?

Uma questão relevante é a influência da natureza do crime quanto ao seu momento de


consumação. Nesse sentido, vejamos uma breve (porém muito relevante) lista sobre a con-
sumação do delito de acordo com sua natureza:

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Caro(a) aluno(a): tais definições são de ENORME importância. Tome nota e faça a releitura
desses momentos de consumação de vez em quando.

6. Crime Tentado
O crime consumado é relativamente simples. Já o crime tentado e o instituto da tentativa
dão um pouco mais de trabalho, embora nada fora do comum.
Primeiramente, vamos recorrer ao bom e velho Código Penal:
Tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Em primeiro lugar chamo sua atenção para a frase circunstâncias alheias à vontade do
agente. Não foi o agente que desistiu, não foi o agente que se arrependeu: Algo externo acon-
teceu e o agente não teve êxito na consumação do crime – mas se dependesse somente dele,
o delito teria se consumado.
Os casos em que o agente se arrepende ou desiste de consumar a conduta serão estuda-
dos mais à frente, ok?
Certo. Outro ponto importante é o seguinte: Se no crime consumado estão reunidos todos
os elementos da definição legal do delito, no crime tentado o fato praticado pelo agente não
corresponde à totalidade dos elementos do tipo penal.
Exemplos simples:

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Esses exemplos são muito básicos, mas tem uma utilidade enorme para que possamos
entender a seguinte premissa: tanto no crime tentado como no crime consumado, o DOLO é o
MESMO. Ambos os autores (Smith e Aquiles) tinham a mesma vontade (de praticar o art. 121
– Matar Alguém).
Apenas um deles, no entanto, conseguiu chegar à totalidade dos elementos objetivos do
tipo penal. Mesmo assim, os elementos subjetivos da conduta (tipo subjetivo) foram idênti-
cos para ambos.
Vamos ver como pode ser cobrado este tema:

003. (CESPE/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO/2020/ADAPTADA) Considera-se punível o crime


tentado no caso de, iniciada a execução, não se consumar por circunstâncias alheias à von-
tade do agente.

Questão fresquinha para reforçarmos. Cobrança da literalidade do art.14, II, do CP sobre a


tentativa.
Certo.

6.1. Elementos da Tentativa


Constituem a tentativa os seguintes elementos:

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É interessante notar, ainda, que não existe um crime autônomo para a tentativa. Temos o
que a doutrina chama de adequação típica por subordinação indireta ou mediata.
Em palavras mais simples, não temos em nosso Código Penal artigos específicos para os
delitos tentados (não existe o Art. 455 – “Tentar matar alguém”, por exemplo), e sim a combi-
nação do delito praticado (por exemplo, homicídio) com a previsão do art. 14, inciso II do CP.
Dessa forma, quando falamos em um crime tentado, a tipicidade será declarada da se-
guinte forma:

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6.2. Pena da Tentativa


A pena da tentativa, em regra, não é a mesma do delito consumado. Vejamos:

Pena – de tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984).


CP Art. 14. Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena corres-
pondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Temos, portanto, a aplicação de uma causa de diminuição de pena aos delitos tentados.

6.3. Teoria Aplicável à Tentativa


A regra em nosso Código Penal é a adoção da chamada teoria objetiva, para a qual a pu-
nição da tentativa se dá por conta do perigo de dano acarretado pela conduta do agente. Por
esse mesmo motivo, a pena deve ser reduzida, haja vista que o dano causado ao bem jurídico
é menor do que no crime consumado.

Excepcionalmente é aplicada a chama teoria subjetiva. Por esse motivo existe a expressão
“salvo disposição em contrário” quanto à pena da tentativa.

Na prática, essa exceção ocorre quando o legislador, ao editar o tipo penal, equipara
a forma tentada do delito à forma consumada, atribuindo a mesma pena aos dois casos.
Por exemplo:

Evasão mediante violência contra a pessoa


CP Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança
detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

6.4. Fixação da Pena


Quanto mais a conduta do agente se aproxima da consumação do delito, menor deve ser
a diminuição da pena aplicada à tentativa.
Assim, quanto mais próxima a consumação, menor a redução aplicável.

6.5. Classificações da Tentativa


Em primeiro lugar, temos a divisão da tentativa em perfeita e imperfeita:

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Vejamos um exemplo de tentativa imperfeita:

John, de posse de sua arma de fogo, realiza dois disparos contra Iosef. Antes que possa executar
um terceiro disparo, é impedido por um terceiro indivíduo.

No contexto mencionado, a fase de execução ainda estava em andamento (John ain-


da inda realizar mais disparos). Entretanto, tal fase foi interrompida antes que pudesse ser
finalizada.
Agora vamos imaginar a seguinte situação:

John, de posse de sua arma de fogo, realiza 15 disparos contra Iosef, e deixa o local, acreditando
que consumou o delito.
No entanto, Iosef não vem a falecer em razão dos disparos.

Nessa outra situação, a execução foi devidamente finalizada, no entanto, o resultado aca-
bou não ocorrendo. Temos uma tentativa perfeita ou acabada.
Observando os exemplos apresentados é possível perceber o seguinte: Para que um delito
possa ser TENTADO, sua FASE DE EXECUÇÃO deve admitir o fracionamento em vários atos.
É o que ocorre no homicídio, por exemplo (o agente pode dar várias facadas, vários tiros
etc.). São os chamados crimes plurissubsistentes.
Entretanto, quando o delito não admite o fracionamento da fase de execução (assim, sua
consumação ocorre com apenas um ato), temos os chamados crimes unissubsistentes, que
não admitem a tentativa, segundo entende a doutrina majoritária.

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Tome nota: Crimes unissubsistentes não admitem tentativa. Praticou a conduta prevista no
tipo penal, portanto, o delito estará consumado.

A próxima classificação importante da tentativa se divide em incruenta e cruenta:

Um comentário interessante do ponto de vista jurisprudencial é o seguinte:

Para o STJ, se houver tentativa BRANCA no homicídio, ou se as lesões não forem graves, deve ser
aplicada a redução máxima da pena (2/3), pois o iter criminis (caminho do crime) ficou em seu
estágio inicial.

Não confunda a tentativa incruenta com a tentativa inidônea, que trata do chamado crime im-
possível nem com a tentativa abandonada (que trata da desistência voluntária e do arrependi-
mento eficaz). Estudaremos tais institutos ainda nesta aula.

E se o autor desiste de prosseguir na execução, mas porque acredita que não mais tem
chances de consumar o delito?

Se o autor desistir, não com o fito de ajudar a vítima ou por ter se arrependido da conduta
que está praticando (mas por acreditar que não mais vai conseguir consumar o delito), temos
o que a doutrina chama de tentativa fracassada.

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6.6. Admissibilidade da Tentativa


Você já sabe que os crimes unissubsistentes não admitem a tentativa (uma vez que não
é possível fracionar a sua execução). Acontece, no entanto, que existem outras categorias de
crimes que também não admitem tentativa. Você vai conhecê-las agora.

Crimes que admitem a tentativa é assunto recorrente em provas de concursos. Fique aten-
to(a) à relação que vamos estudar neste momento.

6.6.1. Crimes Culposos

Os crimes culposos são incompatíveis com a tentativa, afinal de contas, não se pode ten-
tar algo que não se quer, e na conduta culposa, o agente não quis o resultado, nem assumiu
o risco de produzi-lo.

A culpa imprópria, para boa parte da doutrina, admite a tentativa.

6.6.2. Culpa Imprópria

Tradicionalmente, estamos habituados a estudar o instituto da culpa em seu aspecto bá-


sico (próprio), no qual há negligência, imperícia e imprudência.
No entanto, há que se analisar o seguinte esquema:

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Para a doutrina, existe a possibilidade de existência da chamada culpa imprópria, a qual


ocorre quando o agente age amparado por uma descriminante putativa (Art. 20, § 1º, CP), acre-
ditando estar amparado por uma excludente de ilicitude, quando na verdade, não está.
Nesses casos, por razões de política criminal, o agente poderá ser responsabilizado penal-
mente na forma culposa (mesmo praticando o ato dolosamente ao acreditar estar amparado
pela excludente) se o delito admite tal forma.
Veja como o examinador pode cobrar este assunto:

004. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR-FISCAL DE CONTROLE EXTERNO – DIREITO/2016) A culpa


imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de
erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como
se tivesse praticado um delito culposo.
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Essa ficou fácil. Nós já estudamos que por razões de política criminal, o agente poderá ser
responsabilizado penalmente na forma culposa mesmo agindo dolosamente, diante da culpa
imprópria.
Certo.

6.7. Descriminantes Putativas


§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.

Para entender melhor, vamos imaginar a seguinte situação:

Hipoteticamente, nesse caso, John incorre em uma descriminante putativa (acredita estar
em legítima defesa, quando na verdade não está). Nesse caso o legislador admite sua res-

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ponsabilização, de forma excepcional, na forma culposa, por razões de política criminal. Eis a
culpa imprópria.
É por esse motivo que boa parte da doutrina admite a tentativa, de forma excepcional,
nos casos de culpa imprópria (haja vista que há, de fato, o tratamento do dolo como culpa, de
forma circunstancial).

A regra é que crimes culposos não admitem a tentativa. Não se pode tentar algo que não se
queria praticar.
Na culpa própria, não há possibilidade de tentativa.

Mas no caso de culpa imprópria, parte da doutrina admite a tentativa, pelas razões que
acabamos de estudar. Nesses casos, fique atento ao enunciado da questão.

6.8. Crimes Preterdolosos


Também chamados de crimes preterintencionais, não admitem a tentativa, haja vista que
o resultado agravador não era intencional. Por exemplo:

Wanderley Aldo entra em luta corporal com seu desafeto, Connor Jones. O objetivo de Wanderley é
apenas de lesionar Connor, no entanto, acaba exagerando na força e levando este a óbito.

Na situação apresentada, Wanderley praticou o delito de lesões corporais com resultado


morte, visto que não teve a intenção de matar seu desafeto.
Tendo em vista que o resultado morte não era perseguido, obviamente não se pode falar
em tentativa de lesões corporais com resultado morte. Ou o indivíduo quer matar, ou não quer.
Não há meio-termo.

6.9. Contravenções Penais


Não se pune a tentativa de contravenção penal, por expressa previsão legal:

Lei de Contravenções Penais


Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

Note que não se pune a tentativa de contravenção. Ela é materialmente POSSÍVEL, mas não é
PUNÍVEL. Cuidado com o enunciado de questões a respeito deste tema.

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6.10. Crimes Unissubsistentes


Esse você já conhece. Como sua fase de execução não admite fracionamento, também
não é possível a tentativa.

6.11. Crimes de Atentado


O crime de atentado é aquele em que o legislador equipara a tentativa à forma consumada
do delito, como no art. 352 do CP:

Evasão mediante violência contra a pessoa


CP Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança
detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

6.12. Crimes Habituais


O crime habitual é aquele que requer a reiteração dos atos para que a conduta típica seja
configurada. Não é suficiente praticar a conduta apenas uma vez. Caso o indivíduo não rei-
tere na prática delitiva, os atos praticados serão considerados como indiferentes penais – e
assim, não haverá tentativa.

6.13. Crimes cuja Punição só Existe se Ocorrer o Resultado


Para alguns doutrinadores, é o que ocorre no caso do delito do art. 164 do CP (Introdução
ou abandono de animais em propriedade alheia), que apenas se consuma quando ocorrer o
prejuízo efetivo, a partir da introdução dos animais na propriedade alheia, pois o delito é con-
dicionado (“desde que do fato resulte prejuízo”).

6.14. Crimes Omissivos Próprios


O crime omissivo próprio trata de uma não fazer. O agente delitivo DEIXA DE FAZER o que
deveria, de modo que, se ele não realizar a conduta que lhe é imposta por lei, o delito se con-
suma. Se realizar a conduta, não há crime. Não há meio-termo que permita a configuração da
tentativa.
Resumindo, temos a seguinte lista de delitos que não admite tentativa:

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7. Desistência Voluntária
Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)
CP Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Você já sabe que, na tentativa, por circunstâncias alheias a vontade do agente, o delito
não se consuma.

Mas o que acontece se o delito não se consuma... pela própria vontade do agente delitivo?

É perfeitamente possível que o indivíduo que inicia a prática de um crime se arrependa e


desista de alcançar o resultado que almejava inicialmente. Nessa situação, estamos diante de
um abandono voluntário da intenção que inicialmente existia.

A desistência voluntária é uma espécie de tentativa abandonada.

Por exemplo:

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Na situação apresentada, ninguém impediu Tyrion de continuar em seu intento delitivo. Ele
é que mudou de ideia e desistiu voluntariamente de prosseguir nos atos executórios. Como
Shae sobreviveu, Tyrion só responderá pelos atos já praticados, ou seja: Lesões corporais.

Note que Tyrion não responderá PELA TENTATIVA DE HOMICÍDIO, e sim pelas lesões corpo-
rais, haja vista que DESISTIU de causar a morte da vítima.

Observe também o seguinte: A desistência voluntária depende do fracionamento dos atos


executórios, para oferecer ao autor a oportunidade de desistir. Dessa forma, delitos unissub-
sistentes NÃO SÃO COMPATÍVEIS com o instituto da desistência voluntária.

Professor, e se o indivíduo desistir e mesmo assim o resultado acontecer?

Se o resultado originalmente almejado ainda assim vier a acontecer, o autor responderá


normalmente pelo delito que inicialmente almejava praticar.
No exemplo que utilizamos, mesmo com a desistência de Tyrion, se Shae viesse a morrer
apenas com a facada na perna, Tyrion responderia pelo homicídio consumado, normalmente.

8. Arrependimento Eficaz
Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resul-
tado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Algumas vezes, o indivíduo não apenas irá desistir da execução, mas também praticará
uma ação com o objetivo de impedir a produção do resultado.

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Nesse caso, temos o chamado arrependimento eficaz, arrependimento ativo ou resipis-


cência, instituto que privilegia a conduta daquele que se arrepende e faz de tudo para salvar a
vítima de sua conduta original. Trata-se de outra espécie de tentativa abandonada.

A desistência voluntária caracteriza uma interrupção dos atos executórios. Já o arrependi-


mento eficaz ocorre depois de finalizados os atos executórios e antes da consumação.

Veja que na desistência voluntária, o agente cessa sua conduta delitiva antes de ter per-
petrado os atos necessários para produzir o resultado. Já no arrependimento eficaz, o agente
já realizou todos os atos que precisava para levar obter o resultado que desejava, devendo
fazer alguma coisa para impedir o resultado.
Por exemplo:

Nessa situação, não bastava que Jaime desistisse voluntariamente de sua conduta – os
atos praticados já eram suficientes para chegar ao resultado morte – de modo que ele teve de
praticar uma ação para salvar a vítima. Eis o arrependimento eficaz.

O nome arrependimento eficaz não é por acaso. Se a consumação do delito ocorrer, o arre-
pendimento não será eficaz, e não terá o condão de beneficiar o autor.

Nesse sentido, se Jaime não tivesse êxito em salvar Olenna (se por exemplo, o antído-
to não surtisse efeito), responderia normalmente pelo homicídio consumado, independente-
mente de seu arrependimento, que não foi eficaz.
E veja uma questão muito interessante sobre a temática em estudo:

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005. (CESPE/TRF-1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/2017) De modo


geral, a doutrina indica a aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a
distinção entre desistência voluntária e tentativa.

Vamos tomar nota! A fórmula de Frank é utilizada pela doutrina para fazer essa diferenciação:
Desistência voluntária – Posso prosseguir, mas não quero. Tentativa – Quero prosseguir, mas
não posso.
Certo.

 Obs.: Crimes de mera conduta e crimes formais não são compatíveis com o arrependimento
eficaz, visto que quando finalizada a execução já ocorre sua consumação – indepen-
dentemente de qualquer resultado.

Do mesmo modo que ocorre com a desistência voluntária, o arrependimento eficaz tam-
bém não é compatível com delitos unissubsistentes.

E vamos reforçar com mais uma questão:

006. (CESPE/TCE-RO/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/2019/ADAPTA-


DA) Nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, o agente responderá ape-
nas pelos atos delitivos já praticados, mas não por delito tentado.

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Vamos fixar. É exatamente isso, conformamos estudamos (art.15 do CP).


Certo.

9. Arrependimento Posterior
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)
CP Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)

O arrependimento posterior é bastante diferente do arrependimento eficaz. Não se con-


funda nesse ponto.
Aqui estamos tratando de uma causa obrigatória de redução de pena, que constitui
verdadeiro direito do agente delitivo. Preenchidos os requisitos, o magistrado deve aplicar
tal redução.
Enquanto o arrependimento eficaz é aplicável, em regra, a qualquer delito (salvo as exce-
ções que citamos no quadro anterior), o arrependimento posterior é muito mais restrito. São
requisitos de tal instituto:

Em primeiro lugar, crimes com violência ou grave ameaça à pessoa estão FORA. Dessa
forma, não é possível que um determinado autor pratique um roubo (Art. 157), e depois queria
restituir os bens subtraídos para se beneficiar do arrependimento posterior.
O ato deve ser voluntário, o que não se confunde com espontâneo. Se o agente delitivo
recebeu a sugestão de reparar o dano e decidiu por fazê-lo, desde que não tenha sido coagido,
a aplicação do instituto será válida.
Ainda sobre a reparação do dano, preste bastante atenção no prazo limite: até o RECEBI-
MENTO da denúncia ou queixa. Grifei em vermelho não por acaso: Os examinadores adoram
substituir esse termo por OFERECIMENTO para enganar os candidatos. Fique atento!
Para facilitar, vejamos um exemplo de aplicação do arrependimento posterior:

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Na situação apresentada, repare que não houve violência ou grave ameaça, e que a coisa
subtraída foi restituída de forma voluntária, antes do recebimento da denúncia. Jessica, por-
tanto, fará jus à aplicação do arrependimento posterior, e à redução de 1/3 a 2/3 de sua pena.
E mais uma questão interessantíssima:

007. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO/2019/


ADAPTADA) A reparação do dano ou a restituição da coisa, por ato voluntário, até o recebi-
mento da denúncia ou da queixa configura o arrependimento eficaz e permite a redução da
pena de um a dois terços.

O examinador trocou os conceitos. A descrição caracteriza o arrependimento posterior e


não o eficaz.
Errado.

10. Crime Impossível


O último tópico da aula de hoje também é um campeão de questões. Trata-se do chamado
crime impossível:

Crime impossível (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)


CP Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impro-
priedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Em alguns casos, o indivíduo vai praticar uma conduta criminosa, mas em tais circunstân-
cias que seria impossível obter o resultado. Essas circunstâncias são a ineficácia absoluta do
meio e a absoluta impropriedade do objeto.

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Quando o indivíduo pratica um delito em qualquer das duas hipóteses anteriores, a maior
parte da doutrina entende que estamos diante de um caso de exclusão da tipicidade. Dessa
forma, não será configurado o fato típico, e consequentemente, não haverá crime.

O crime impossível possui inúmeros sinônimos, e é interessante conhecê-los para fins de prova.

Os examinadores gostam muito de trocar a nomenclatura do crime impossível para con-


fundir o aluno. Por isso, aí vai:

Todas as opções mencionadas são apenas outros nomes utilizados pela doutrina para
tratar do crime impossível. Fique atento(a)!
Por fim, é necessário discutir a diferença entre a ineficácia absoluta do meio de execução
e a absoluta impropriedade do objeto material.

10.1. Ineficácia Absoluta do Meio


Primeiramente, temos a chamada ineficácia absoluta do meio, que ocorre quando o
meio de execução do delito utilizado pelo agente é totalmente ineficaz para atingir o objetivo
pretendido.
Por exemplo:

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Veja que, na situação apresentada, Homer não irá responder nem mesmo pela tentativa,
pois ficou caracterizado o crime impossível. Não havia nenhuma chance de que Bart viesse a
sofrer alguma lesão com a conduta de seu pai.

Se o meio utilizado for relativamente ineficaz (possuir alguma potencialidade lesiva), ocorrerá
sim a tentativa, pois houve risco ao bem jurídico.

10.2. Absoluta Impropriedade do Objeto


Por fim temos a absoluta impropriedade do objeto. Nesse caso, o meio utilizado pelo
agente delitivo é idôneo (possui capacidade lesiva), entretanto, é o objeto material (coisa ou
pessoa contra a qual a conduta está voltada) que é absolutamente impróprio para a consu-
mação do delito.
Por exemplo:

Na situação apresentada, Cersei efetivamente tentou matar um cadáver. Nessa situação,


o objeto material era absolutamente impróprio, haja vista que o bem jurídico (vida) que é pro-
tegido pela norma já não mais existia. Dessa forma, não há tentativa, e sim crime impossível.

O legislador brasileiro adotou a teoria objetiva temperada para tratar do crime impossível,
segundo a qual a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser absolutas para o
reconhecimento do crime impossível.

E para finalizarmos, analisaremos mais uma questão:

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008. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – PROVIMEN-


TO/2019/ADAPTADA) O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva pura para a carac-
terização do crime impossível, em razão da inidoneidade do objeto ou do meio para a práti-
ca do crime.

Vamos aprofundar. Em relação ao crime impossível, adotou-se a teoria objetiva, mas de forma
temperada. E o que isso significa, professor? Somente a ineficácia e a impropriedade absolu-
tas do meio ou do objeto levam à atipicidade. Contudo, se relativas, deverá o autor responder
pela tentativa.
Errado.

11. Jurisprudência
Querido(a) aluno(a), após a apresentação de toda a base teórica, passamos agora a con-
solidar e a comentar as previsões jurisprudenciais mais importantes acerca dos assuntos
estudados na aula de hoje.
Em relação ao benefício do arrependimento posterior, por ato voluntário e até o recebi-
mento da denúncia ou da queixa: é necessária a reparação integral do dano?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a doutrina majoritária entendem que a reparação
precisa ser integral (total) para que o agente seja beneficiado pela causa de redução de pena.
*STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1399240/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, jul-
gado em 05/02/2019.
Contudo, há precedente da 1ª Turma do STF com posicionamento diverso: a incidência
do arrependimento posterior, contido no art. 16 do CP, prescinde da reparação total do dano.
Em outras palavras, entendeu-se que a reparação poderia ser parcial (HC 98658/PR, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 9/11/2010).
E vamos para outro julgado importantíssimo:
É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Có-
digo Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o ressarcimento da
dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do dano) antes do recebimento da
denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária durante
a tramitação da ação penal.

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STF: É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal do dano,
até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da resti-
tuição.
*STF. 1ª Turma. HC 165312, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/04/2020 (Info n. 973).

Súmula n. 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.

Logo, apesar dos mecanismos de vigilância empregados em estabelecimentos comerciais


tenham por objetivo evitar a prática de furtos e outros delitos, o STJ entende que sua utilização
apenas reduz as perdas dos comerciantes, visto que não impedem, de modo absoluto, a ocor-
rência de furtos nestes locais.

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RESUMO
Teorias da Ação

Destacam-se as seguintes teorias:

• A TEORIA FINALISTA, elaborada por Hans Welzel, é majoritariamente aceita pelos dou-
trinadores de nosso país.
• Segundo a teoria finalista, A ação típica (a prática de um fato típico) deve ser visualiza-
da como uma vontade com conteúdo.
• É por esse motivo que o DOLO e a CULPA são retirados da CULPABILIDADE e passam a
integrar o fato típico.

Estrutura do crime do ponto de vista finalista:

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Dolo na Teoria Finalista

Teoria da Imputação Objetiva


• Objetiva limitar o alcance da chamada teoria da equivalência dos antecedentes causais.
• Limita a responsabilidade penal ao sugerir que a atribuição de um resultado a um de-
terminado indivíduo não depende apenas da relação de causalidade, mas da realização
de um risco proibido pela norma.
• No Brasil, o posicionamento da doutrina costuma ser bastante crítico à aplicação da
teoria da imputação objetiva.

Fases de Realização do Delito

• A cogitação é uma fase interna, na qual surge a intenção de praticar um determinado


crime.

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• A preparação, por sua vez, não é uma mera fase interna. Aqui, o autor começa a trabalhar
para que possa iniciar a execução do delito.
• Na execução o agente inicia, de fato, a prática da conduta criminosa.
• A consumação é a fase em que o agente atinge o resultado do crime, ou como define o
código penal, o crime reuniu todos os elementos de sua definição legal
• O exaurimento é uma fase específica de algumas infrações penais, que após sua con-
sumação, ainda não sofreram o completo esgotamento de seu potencial lesivo.

Crime Consumado

Diz-se o crime:
Crime consumado
CP Art.14. I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

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Momentos da Consumação

Crime Tentado:

Tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)


CP Art.14. II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

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Elementos da Tentativa

Pena – da Tentativa:

Pena – de tentativa (Incluído pela Lei n. 7.209, de 11/7/1984)


CP Art. 14. Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena corres-
pondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Teoria Aplicável à Tentativa


• A regra em nosso Código Penal é a adoção da chamada teoria objetiva, para a qual a pu-
nição da tentativa se dá por conta do perigo de dano acarretado pela conduta do agente.

Classificações da Tentativa
• Tentativa Imperfeita.
• Também chamada de tentativa inacabada, é aquela em que a fase executória é INTER-
ROMPIDA antes de sua finalização.
• Tentativa Perfeita.
• Também chamada de tentativa acaba, delito frustrado ou crime falho, é aquela em que
a fase executória é TOTALMENTE REALIZADA mas não resulta na consumação do deli-
to por circunstâncias alheias à vontade do agente.
• Tentativa Cruenta.

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• Também chamada de tentativa vermelha, é aquela em que o objeto material SOFRE


DANO.
• Exemplo: Tentativa de homicídio com disparos, que chegam a atingir e lesionar a vítima.
• Tentativa Incruenta.
• Também chamada de tentativa branca, é aquela em que o objeto material NÃO SOFRE
DANO.
• Exemplo: Tentativa de homicídio com disparos que não atingem a vítima.

Não Admitem Tentativa os Crimes

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

CP Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o re-
sultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

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Comparação entre os Institutos

Arrependimento Posterior

CP Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

Requisitos do Arrependimento Posterior

Crime Impossível

CP Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impro-
priedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


001. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS-
LATIVO ÁREA VI/2014) De acordo com a teoria finalista de Hans Welzel, o dolo, por ser ele-
mento vinculado à conduta, deve ser deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.

002. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – PROVIMEN-


TO/2019/ADAPTADA) A teoria causalista do delito propõe que o dolo e a culpa, por estarem
situados na conduta, tornam o injusto penal a parte subjetiva do conceito de crime.

003. (CESPE/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO/2020/ADAPTADA) Considera-se punível o crime


tentado no caso de, iniciada a execução, não se consumar por circunstâncias alheias à von-
tade do agente.

004. (CESPE/TCE-SC/AUDITOR-FISCAL DE CONTROLE EXTERNO – DIREITO/2016) A culpa


imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de
erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como
se tivesse praticado um delito culposo.

005. (CESPE/TRF-1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/2017) De modo


geral, a doutrina indica a aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a
distinção entre desistência voluntária e tentativa.

006. (CESPE/TCE-RO/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/2019/ADAPTA-


DA) Nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, o agente responderá ape-
nas pelos atos delitivos já praticados, mas não por delito tentado.

007. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO/2019/


ADAPTADA) A reparação do dano ou a restituição da coisa, por ato voluntário, até o recebi-
mento da denúncia ou da queixa configura o arrependimento eficaz e permite a redução da
pena de um a dois terços.

008. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – PROVIMEN-


TO/2019/ADAPTADA) O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva pura para a carac-
terização do crime impossível, em razão da inidoneidade do objeto ou do meio para a práti-
ca do crime.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questões Cebraspe

009. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/2019/ADAPTA-


DA) Não se admite o arrependimento eficaz após a consumação do delito, de modo que o
agente não será beneficiado com a causa de exclusão de tipicidade.

Exatamente! Caso haja a consumação, não há de falar em arrependimento eficaz.


Certo.

010. (CESPE/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/2019/ADAPTADA)


10 Há desistência voluntária quando o agente promove uma nova atitude, diversa da que ori-
ginou o ato criminoso iniciado, para obstar a produção do resultado, de forma que só respon-
derá penalmente se o resultado se confirmar.

Quando o agente promove uma nova atitude a fim de evitar o resultado, estamos diante do
arrependimento eficaz e não da desistência voluntária.
Errado.

011. (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM – 3 – PRIMEIRA FASE/2008) 11 Alonso, com evidente


intenção homicida, praticou conduta compatível com a vontade de matar Betina.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Caso Alonso interrompesse voluntariamente os atos de execução, caracterizar-se-ia de-
sistência voluntária, e ele só responderia pelos atos já praticados.
b) Caso Alonso utilizasse os meios que tinha ao seu alcance para atingir a vítima, mas não
conseguisse fazê-lo, ele só responderia por expor a vida de terceiro a perigo.
c) Caso Alonso fosse interrompido, durante os atos de execução, por circunstâncias alheias à
sua vontade, não chegando a fazer tudo que pretendia para consumar o crime, não se carac-
terizaria a tentativa de homicídio, mas lesão corporal.
d) Caso Alonso não fosse interrompido e, após praticar tudo o que estava ao seu alcance para
consumar o crime, resolvesse impedir o resultado, obtendo êxito neste ato, caracterizar-se-ia
o arrependimento posterior, mas ficaria afastado o arrependimento eficaz.

Excelente questão:

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a) Certa. Conforme estudamos, a interrupção voluntária dos atos executórios caracteriza a
chamada desistência voluntária, fazendo com que o agente responda apenas pelos atos já
praticados.
b) Errada. Na verdade, responderia pela tentativa.
c) Errada. Pelo contrário. Caracterizar-se-ia a tentativa, regularmente.
d) Errada. O examinador inverteu os conceitos. Seria caso de arrependimento eficaz, e não
posterior.
Letra a.

012. (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM – 2 – PRIMEIRA FASE/2007) É cabível o arrependi-


mento posterior no crime de
a) lesão corporal dolosa.
b) homicídio.
c) roubo.
d) furto.

O arrependimento posterior só é aplicável aos crimes sem violência ou grave ameaça. Nesse
sentido, podemos descartar a lesão corporal dolosa, o homicídio e o roubo. Portanto, o único
dos crimes arrolados na questão que atende ao requisito do instituto mencionado é o deli-
to de furto.
Letra d.

013. (CESPE/TRE-RS/ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA/2015) Um agente al-


vejou vítima com disparo e, embora tenha iniciado a execução do ilícito, não exauriu toda a
sua potencialidade lesiva ante a falha da arma de fogo empregada, fugindo do local do crime
em seguida.
Nessa situação hipotética, a atitude do agente configura:
a) tentativa perfeita ou crime falho, pois a execução foi concluída, mas o crime não se consumou.
b) arrependimento eficaz, uma vez que ele, após ter esgotado todos os meios de que dispu-
nha, evitou que o resultado acontecesse.
c) crime impossível por absoluta ineficácia do meio empregado para a realização do
crime visado.
d) tentativa imperfeita, pois ele não conseguiu praticar todos os atos executórios necessários
à consumação, por interferência externa.
e) a desistência voluntária, pois ele, voluntariamente, desistiu de prosseguir na execução.

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Vamos analisar as alternativas:


a) Errada. O agente não concluiu todos os atos executórios, apenas deu início a eles.
b) Errada. A conduta do agente não possui nenhuma relação com arrependimento, visto que o
crime não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade.
c) Errada. A situação narrada deixa clara a potencialidade lesiva da arma e que a vítima foi
atingida.
d) Certa. Logo, o agente foi impedido de continuar na execução do delito por circunstâncias
alheias à sua vontade (a falha na arma de fogo). Dessa forma, ocorreu tentativa imperfeita.
e) Errada. Não houve desistência por parte do autor.
Letra d.

014. (CESPE/TRE-MT/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA/2015) Com relação aos institu-


tos da desistência voluntária, do arrependimento posterior e do arrependimento eficaz, ao cri-
me impossível e às infrações qualificadas pelo resultado e descriminantes putativas, assinale
a opção correta.
a) Crime qualificado pelo resultado é o mesmo que crime preterdoloso.
b) Conforme a teoria limitada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma
causa de justificação é erro de proibição.
c) De acordo com a doutrina majoritária, a espontaneidade não é requisito para o reconheci-
mento da desistência voluntária e do arrependimento eficaz.
d) O instituto do arrependimento posterior não se aplica ao autor de um crime de lesão cor-
poral culposa.
e) Com relação ao crime impossível, o legislador penal brasileiro adotou a teoria subjetiva.

a) Errada. O crime preterdoloso é apenas uma espécie de crime qualificado pelo resultado.
b) Errada. Para a teoria mencionada, temos o erro de tipo, o qual recai sobre uma situação
de fato e temos o erro de proibição, que incide sobre a existência ou limites de uma causa de
justificação.
c  ) Certa. Conforme estudamos, não há a necessidade de espontaneidade como requisito para o
reconhecimento da desistência voluntária e do arrependimento eficaz. Basta a voluntariedade.
d) Errada. O instituto é cabível nos crimes culposos.
e) Errada. Adotou-se a teoria objetiva temperada.
Letra c.

015. (CESPE/TCE-PB/PROCURADOR/2014) Com relação a aspectos diversos pertinentes ao


crime, assinale a opção correta de acordo com o CP.

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a) Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem, pelo menos, parte dos elementos de
sua definição legal.
b) A tentativa, salvo disposição legal em contrário, é punida com a pena correspondente à
prevista para o crime na modalidade continuada, diminuída de um terço até a metade.
c) O agente que, embora tenha iniciado a execução do crime, voluntariamente impeça o resul-
tado danoso responderá somente pelos atos por ele já praticados.
d) Pune-se a tentativa ainda que, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, o resultado ilícito almejado nunca possa ser alcançado.
e) Quando se trata de omissão penalmente relevante, o dever de agir incumbe somente a
quem, com o seu comportamento anterior, tiver dado causa ao resultado delituoso.

Fácil demais essa questão. Vamos reforçar:


a) Errada. Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua defi-
nição legal.
b) Errada. A tentativa, salvo disposição legal em contrário, é punida com a pena corresponden-
te à prevista para o crime na modalidade consumada, diminuída de um terço até dois terços.
c) Certa. Você já está cansado de saber que o agente que, embora tenha iniciado a execução
do crime, voluntariamente impeça o resultado danoso responderá somente pelos atos por ele
já praticados. O examinador simplesmente reorganizou os termos do art. 15 do CP, sem mudar
o seu sentido. Isso é o que importa.
d) Errada. Trata-se de crime impossível e não de tentativa.
e) Errada. O somente deixou o item errado. De acordo com o art. 13 do CP:

§ 2º O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de
outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado e aquele que com seu comporta-
mento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Letra c.

Questões FCC

016. (FCC/TCE-CE/CONSELHEIRO SUBSTITUTO AUDITOR/2015) São elementos da


tentativa:
a) início de execução do tipo penal; falta de consumação por circunstâncias alheias à vontade
do agente; dolo e culpa.
b) início de execução do tipo penal; falta de consumação por circunstâncias alheias à vontade
do agente; dolo.
c) início de execução do tipo penal; falta de consumação por circunstâncias alheias à vontade
do agente; culpa consciente.

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d) atos preparatórios; Início de execução do tipo penal; falta de consumação por circunstân-
cias alheias à vontade do agente; dolo e culpa.
e) atos preparatórios; Início de execução do tipo penal; falta de consumação por circunstân-
cias alheias à vontade do agente; dolo.

Questão bacana. Em primeiro lugar, crimes culposos não admitem tentativa (não se pode ten-
tar algo que não se quer fazer, certo?). Portanto, já excluímos as alternativas a, c e d.
Lembrando disso, fica fácil: para haver tentativa, é necessário o início da execução do tipo pe-
nal, a falta de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente, e o DOLO, somente.
Portanto, a correta é a letra b.
Letra b.

017. (FCC/TCM-GO/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/2015) A consuma-


ção se dá nos crimes:
a) de mera conduta, com a ocorrência do resultado naturalístico.
b) omissivos impróprios com a prática de conduta capaz de produzir o resultado naturalístico.
c) permanentes, no momento em que cessa a permanência.
d) omissivos próprios, com a simples omissão.
e) culposos, com a prática da conduta imprudente, imperita ou negligente.

Outra questão tranquila – basta você se lembrar do momento de consumação de cada espé-
cie de crime que estudamos:
a) Errada. O crime de mera conduta sequer prevê um resultado (apenas uma conduta, que con-
suma o delito ao ser praticada).
b) Errada. A consumação ocorrerá com a produção do resultado naturalístico.
c) Errada. Nesse caso, a consumação se protrai no tempo.
d) Certa. Conforme estudamos, nos crimes omissivos próprios, ocorre a consumação com a
simples omissão por parte do agente, que deixa de fazer o que deveria ter feito.
e) Errada. Nos crimes culposos, a consumação ocorre com a produção do resultado provenien-
te de uma conduta imprudente, imperita ou negligente.
Letra d.

018. (FCC/TJ-AP/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – EXECUÇÃO DE MANDA-


DOS/2014) É correto afirmar que:
a) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou resti-
tuída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

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b) O agente que, involuntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resul-


tado se produza, não responde pelos atos já praticados.
c) Diz-se o crime tentado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver cau-
sado, exceto culposamente.
e) Não se pune a tentativa quando, por absoluta impropriedade do meio ou por ineficácia ab-
soluta do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Mais uma questão em que o examinador inverteu alguns conceitos para confundir o candi-
dato. Vamos lá:
a) Certa. Trata-se da literalidade do art. 16 do CP.
b) Errada. VOLUNTARIAMENTE, e não INVOLUNTARIAMENTE. Além disso, SÓ responde pelos
atos já praticados.
c) Errada. Diz-se o crime CONSUMADO, nesse caso.
d) Errada.

Art. 19 CP Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente.

e) Errada. O examinador inverteu absoluta impropriedade do OBJETO e ineficácia absoluta do


MEIO.
Letra a.

019. (FCC/DPE-PB/DEFENSOR PÚBLICO/2014) Decididamente disposto a matar Tício, por


erro de pontaria o astuto Caio acerta-lhe de leve raspão um disparo no braço. Porém, assus-
tado com o estrondo do estampido, e temendo acordar a vizinhança que o poderia prender,
ao invés de descarregar a munição restante, Caio estrategicamente decide socorrer o cândido
Tício que, levado ao hospital pelo próprio algoz, acaba logo liberado com curativo mínimo.
Caio primeiramente diz, em sua autodefesa, que o tiro ocorrera por acidente, chegando ardilo-
samente a indenizar de pronto todos os prejuízos materiais e morais de Tício com o fato, mas
sua trama acaba definitivamente desvendada pela límpida investigação policial que se segue.
Com esses dados já indiscutíveis, mais precisamente pode-se classificar os fatos como
a) tentativa de homicídio.
b) desistência voluntária.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) aberratio ictus.

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O examinador deu várias voltas para confundir o candidato – mas a questão é simples.
A banca tentou te induzir a marcar arrependimento eficaz, haja vista que Caio praticou uma
ação para prestar socorro à Tício, levando-o ao hospital. Porem note dois detalhes:
A execução não foi realizada até o fim (foi interrompida, voluntariamente, por Caio).
Além disso, os atos executados não tinham capacidade suficiente de levar Tício a óbito (hou-
ve apenas um disparo de raspão, no braço).
Dessa forma, não houve arrependimento eficaz, e sim desistência voluntária.
Letra b.

020. (FCC/CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO-SP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2014)


Na tentativa punível, o correspondente abatimento na pena intensifica-se segundo:
a) a aptidão para consumar.
b) a periculosidade demonstrada.
c) a lesividade já efetivada.
d) o itinerário já percorrido.
e) o exaurimento já alcançado

Questão excelente. Conforme estudamos, quanto mais perto a tentativa se aproxima da con-
sumação, menor será o abatimento na pena aplicável ao caso concreto.
Dessa forma, podemos dizer que o correspondente abatimento será regulado pelo itinerário já
percorrido dentro do iter criminis (quão mais próximo da consumação, maior deve ser a pena).
Letra d.

021. (FCC/TRF-3ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA E TRANSPORTE/2014)


Paulo, sabendo que seu desafeto Pedro não sabia nadar e desejando matá-lo, jogou-o nas
águas, durante a travessia de um braço de mar. Todavia, ficou com pena da vítima, mergulhou
e a retirou, antes que se afogasse. Nesse caso, ocorreu
a) crime putativo.
b) crime impossível.
c) desistência voluntária.
d) arrependimento eficaz.
e) crime tentado.

Oras, Paulo finalizou a execução do delito (afinal de contas, já havia arremessado a vítima na
água). Sua conduta já possuía a capacidade lesiva de alcançar o resultado morte (afinal de
contas, Pedro não sabia nadar).

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Dessa forma, ao agir e salvar a vítima, evitando o resultado, Paulo praticou de forma legítima
o arrependimento eficaz.
Letra d.

022. (FCC/MPE-SE/TÉCNICO ADMINISTRATIVO/2013) Na estrutura do Direito Penal, a ten-


tativa é instituto que diz respeito mais diretamente à ideia de
a) tipicidade.
b) antijuridicidade.
c) culpabilidade formal.
d) culpabilidade material.
e) imputabilidade.

Por estar ligada à conduta do agente (que é um dos elementos do fato típico), a tentativa está
muito mais ligada à ideia de tipicidade do que aos outros elementos que integram a teoria
do delito.
Letra a.

Questões de Outras Bancas Organizadoras

023. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO-XIX/PRIMEIRA FASE/2016)23 Durante uma


discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu
rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em
seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar
golpeando Valentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo.
Neste caso, Theodoro:
a) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento.
b) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária.
c) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz.
d) responderá por tentativa de homicídio.

Nesse caso, vamos analisar as alternativas:


a) Errada. Não é porque Theodoro optou por não prosseguir com seus atos que ele não será
responsabilizado por aqueles já praticados.
b) Certa. Estamos diante de uma desistência voluntária (o autor do delito não procede nos atos
executórios por livre e espontânea vontade). Assim sendo, será responsabilizado apenas pelos
atos já praticados (crime de lesão corporal).
c) Errada. Como já vimos, não se trata de arrependimento eficaz, que ocorre quando o agente
finaliza a execução e pratica novo ato para evitar a consumação do delito.
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d) Errada. Na situação narrada, o agente responderá apenas pelos atos já praticados, confor-
me determina expressamente o art. 15 do CP.
Letra b.

024. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) Mário subtraiu uma TV do seu local de


trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la,
o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já havia sido registrado na
delegacia.
O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, configura:
a) desistência voluntária, não podendo responder por furto.
b) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto.
c) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena.
d) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convencimento da esposa.

a) Errada. No instituto da desistência voluntária, o agente interrompe a execução do delito.


b) Errada. Não há de se falar em arrependimento eficaz, o qual ocorre quando o agente encerra
a execução do delito, mas impede seu resultado.
c) Certa. O que aconteceu foi um arrependimento posterior, instituto previsto no art. 16 do
Código Penal, o qual não remove a culpabilidade, mas tão somente reduz a pena beneficiando
o agente delitivo. Outro aspecto importante a ser mencionado, é que o registro do fato na dele-
gacia caracteriza a chamada notícia de um crime, a qual não se confunde com o recebimento
da denúncia ou da queixa (peças acusatórias que darão início a ação penal).
d) Errada. Basta estarmos diante de uma voluntariedade do ato de arrependimento, não neces-
sitando de espontaneidade, conforme estudamos.
Letra c.

025. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) Cristiane, revoltada com a traição de


seu marido, Pedro, decide matá-lo. Para tanto, resolve esperar que ele adormeça para, duran-
te a madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, Pedro deita para ver futebol na sala
da residência do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro estava deitado sem
se mexer no sofá. Acreditando estar dormindo, desfere 10 facadas em seu peito. Nervosa e
arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos, é informada que o marido
faleceu. O laudo de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia falecido momentos
antes das facadas em razão de um infarto fulminante. Cristiane, então, foi denunciada por
tentativa de homicídio.
Você, advogado(a) de Cristiane, deverá alegar em seu favor a ocorrência de:
a) crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
b) desistência voluntária.

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c) arrependimento eficaz.
d) crime impossível por ineficácia do meio.

a) Certa. Nesse caso, estamos diante da ausência do bem jurídico tutelado pela norma (Pedro
não estava mais vivo). Assim sendo, é caso de absoluta impropriedade do objeto, o qual se
traduz na configuração de crime impossível.
b
 ) Errada. Por tratar-se de uma ação impossível de se realizar, não há de se falar em desistência.
c) Errada. Por tratar-se de uma ação impossível de se realizar, não há de se falar em arrepen-
dimento.
d) Errada. Por fim, o meio utilizado por Cristiane (arma branca) é um instrumento idôneo (efi-
caz) para ferir alguém.
Letra a.

026. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) Marcus, visando roubar Maria, a agride,


causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qualquer pertence,
Marcus decide abandonar a empreitada criminosa, pedindo desculpas à vítima e se evadindo do
local. Maria, então, comparece à delegacia mais próxima e narra os fatos à autoridade policial.
No caso acima, o delegado de polícia:
a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de roubo tentado, uma vez que o re-
sultado pretendido por Marcus não se concretizou.
b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência voluntária por parte de Marcus.
c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões corporais de natureza leve.
d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento posterior por parte de Marcus.

a) Errada. Sabemos que Marcos não responderá pelo crime de roubo tentado, tão somente
pelos atos já praticados por previsão expressa do art. 15 do CP.
b) Errada. Apesar de Marcos ter desistido de prosseguir na sua empreitada criminosa, ele de-
verá ser responsabilizado pelas lesões corporais causadas.
c) Certa. Note que Marcus desistiu voluntariamente de realizar o roubo. Assim sendo, não mais
responderá pelo delito de que intentava originalmente, mas tão somente pelas lesões corpo-
rais leves já praticadas.
d) Errada. A situação narrada não diz respeito ao arrependimento posterior, em que o indivíduo
após a realização do delito (cometido sem violência ou grave ameaça) repara o dano ou restitui
a coisa.
Letra c.

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027. (VUNESP/OAB-SP/EXAME DE ORDEM – 1 – PRIMEIRA FASE/2007) Pretendendo matá-


-lo, Fulano coloca veneno no café de Sicrano. Sem saber do envenenamento, Sicrano ingere o
café. Logo em seguida, Fulano, arrependido, prescreve o antídoto a Sicrano, que sobrevive, sem
qualquer sequela. Diante disso, é correto afirmar que se trata de hipótese de
a) crime impossível, pois o meio empregado por Fulano era absolutamente ineficaz para ob-
tenção do resultado pretendido.
b) tentativa, pois o resultado não se consumou por circunstâncias alheias à vontade de Fulano.
c) arrependimento posterior, pois o dano foi reparado por Fulano até o recebimento da denúncia.
d) arrependimento eficaz, pois Fulano impediu voluntariamente que o resultado se produzisse.

Questão simples:
a) Errada. Não há de se falar em crime impossível por ineficácia absoluta do meio, uma vez que
o veneno empregado era hábil de levar Sicrano à morte.
b) Errada. O resultado morte não se consumou de forma alheia à vontade do agente e sim por
uma atitude eficaz dele.
c) Errada. A situação narrada não se coaduna com o instituto do arrependimento posterior
(para crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa).
d) Certa. Lembre-se de que a diferença primordial entre a desistência voluntária e o arrependi-
mento eficaz está no fato de que, no segundo caso, há uma participação ativa do agente para
evitar que o resultado aconteça. Assim sendo, o comportamento de Fulano (de forma ativa) foi
essencial para evitar a morte de Sicrano, configurando a existência do arrependimento eficaz.
Letra d.

028. (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) José, pretendendo praticar crime de pe-


culato, ingressa em repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo, na parte
da noite, com o objetivo de subtrair um computador da repartição. Quando estava no interior
do local, todavia, pensa sobre as consequências da sua conduta e que sua família dependia
financeiramente dele, razão pela qual deixa o local sem nada subtrair. O segurança do local,
todavia, informado por notícia anônima sobre a intenção de José, o aborda na saída da repar-
tição e realiza sua prisão em flagrante.
Considerando as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de José:
a) não configura conduta típica em razão do arrependimento eficaz;
b) não configura conduta típica em razão da desistência voluntária;
c) não configura crime em razão do arrependimento posterior;
d) configura tentativa de peculato em razão do arrependimento eficaz;
e) configura tentativa de peculato em razão da desistência voluntária.

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Questão muito bem elaborada, porque pode causar confusão. Veja: José pretendia praticar
o delito de peculato, sem a participação de um terceiro. Nesse sentido, pode-se deduzir que
José é servidor público (haja vista tratar-se de crime próprio):
a) Errada. José não chegou a executar o delito e nem evitar de forma ativa a produção de um
resultado.
b) Certa. Como José ingressou com o intuito de praticar peculato-furto, mas desistiu e decidiu
não mais subtrair nada, ele deve responder apenas pelos atos já praticados. E os atos já prati-
cados... Não configuram crime algum.
c) Errada. Veja que José possui prerrogativa de acesso à repartição pública (do contrário, esta-
ria praticando um furto comum, e não peculato-furto), de modo que nesse caso a desistência
voluntária resultará na atipicidade da conduta.
d) Errada. Como já mencionado, não houve crime e tampouco, arrependimento eficaz.
e) Errada. Houve a desistência voluntária e como os atos já praticados por José são atípicos,
não há de se falar em tentativa de peculato.
Letra b.

029. (FGV/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2018) Em dificuldades financeiras, Ana ingressa,


com autorização da proprietária do imóvel, na residência vizinha àquela em que trabalhava
com o objetivo de subtrair uma quantia de dinheiro em espécie, simulando para tanto que
precisava de uma quantidade de açúcar que estaria em falta. Após ingressar no imóvel e
mexer na gaveta do quarto, vê pela janela aquela que é sua chefe e pensa na decepção que
lhe causaria, razão pela qual decide deixar o local sem nada subtrair. Ocorre que as câmeras
de segurança flagraram o comportamento de Ana, sendo as imagens encaminhadas para a
Delegacia de Polícia.
Nesse caso, a conduta de Ana:
a) configura crime de tentativa de furto em razão do arrependimento posterior;
b) configura crime de tentativa de furto em razão do arrependimento eficaz;
c) configura crime de tentativa de furto em razão da desistência voluntária;
d) não configura crime em razão da desistência voluntária;
e) não configura crime em razão do arrependimento eficaz.

Outra questão exatamente nos mesmos moldes da anterior. Só que dessa vez, Ana tinha acesso
às dependências do imóvel por autorização da proprietária. Assim sendo, assim como ocorreu
com José na questão anterior, ao desistir de praticar o furto, Ana ainda não havia praticado ne-
nhum fato típico, resultando na caracterização da atipicidade em razão da desistência voluntária.
Letra d.

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030. (FGV/TJ-RO/OFICIAL DE JUSTIÇA/2015) No dia 03.02.2015, Daniel ingressou na resi-


dência da família Silva com a intenção de praticar um crime de roubo com emprego de arma
branca. Já no interior da residência, com uma faca na mão, mas antes de subtrair qualquer
bem, encontra uma foto de todos os membros da família abraçados. Comovido com aquela
imagem, decide deixar a residência antes mesmo de ser visto por qualquer pessoa, não levan-
do qualquer bem. Considerando a situação hipotética narrada, é correto afirmar que Daniel
responderá pelo(s):
a) crime de roubo majorado pelo emprego de arma, cabendo redução da pena em 1/3 a 1/2
em razão da tentativa;
b) atos já praticados, mas não pelo crime de roubo, já que houve desistência voluntária;
c) crime de roubo majorado pelo emprego de arma, cabendo redução da pena em 1/3 a 2/3
em razão da tentativa;
d) atos já praticados, mas não pelo crime de roubo, já que houve arrependimento eficaz;
e) atos já praticados, mas não pelo crime de roubo, já que houve arrependimento posterior.

Vamos analisar as alternativas:


a) Errada. Diante da desistência de Daniel, não há de se falar em consumação do delito de
roubo por ele pretendido.
b) Certa. Nesse caso, conforme estudamos, a desistência voluntária fará com que o autor res-
ponda apenas pelos atos já praticados. E assim sendo, não responderá pelo crime de roubo (o
qual era seu objetivo inicial, mas que não se concretizou em razão de sua própria mudança de
ideia).
c) Errada. Diante da desistência de Daniel, não há de se falar em consumação do delito de
roubo por ele pretendido.
d) Errada. Daniel desistiu voluntariamente de realizar o delito de roubo, razão pela qual respon-
derá apenas pela invasão de domicílio (Art. 150 do CP).
e) Errada. Daniel não se arrependeu após a consumação do delito e sim antes de realizá-lo. No
entanto, como sabemos, não caberia arrependimento posterior para o delito de roubo.
Letra b.

031. (MPE-GO/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2016) Sobre a etapas de re-


alização da infração penal, marque a alternativa correta:
a) Em determinadas infrações penais o exaurimento constitui etapa do iter criminis.
b) Os atos executórios precisam ser idôneos e inequívocos, não se exigindo, porém, sua si-
multaneidade.
c) A resolução do agente, no que diz respeito ao dolo, não são coincidentes na tentativa e na
consumação.
d) O arrependimento eficaz é incompatível com crimes formais ou de mera conduta.

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Vamos lá:
a) Errada. Conforme estudamos, o exaurimento, para a maior parcela da doutrina, não integra
as fases regulares do iter criminis.
b) Errada. Os atos executórios precisam ser idôneos e inequívocos simultaneamente. Não
basta apenas uma dessas características.
c) Errada. O dolo, tanto na tentativa quanto na consumação, é o mesmo.
d) Certa. Exatamente como estudamos, em crimes formais ou de mera conduta, a consuma-
ção ocorre com a execução do delito, de modo que não é possível falar em arrependimento
eficaz para tais modalidades de delitos.
Letra d.

032. (CAIP-IMES/CÂMARA MUNICIPAL DE ATIBAIA-SP/ADVOGADO/2016) Complete correta-


mente as frases abaixo assinalando a alternativa correta.
I – Configura-se o crime _____________, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal.
II – Configura-se o crime _____________, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco
de produzi-lo.
III – Configura o crime _____________, quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, a finalização e consumação do ato típico, antijurídico e culpável
é afetada.
IV – Configura – se o crime _____________, quando o agente deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia.
a) I. doloso; II. culposo. III. impossível; IV. consumado
b) I. consumado; II. doloso; III. impossível; IV. culposo
c) I. impossível; II. consumado; III. culposo; IV. doloso
d) I. culposo, II. impossível, III. doloso; IV.

Vejamos:
Quanto todos os elementos da definição legal do crime estão reunidos, segundo o art. 14 do
CP, estamos diante do crime consumado.
Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, estamos diante de um
crime doloso (Art. 18, CP).
Crime impossível (Art. 17 CP).
Crime Culposo (Art. 18, II, CP).
Letra b.

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033. (FUNIVERSA/SECRETARIA DA CRIANÇA-DF/ESPECIALISTA SOCIOEDUCATIVO – DI-


REITO E LEGISLAÇÃO/2015) O Código Penal (CP) estabelece que o crime é tentado quando,
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A partir
dessa definição, é correto afirmar que é admitida a tentativa na infração penal:
a) habitual, como, por exemplo, no crime de submeter criança ou adolescente à prostituição.
b) culposa própria, como, por exemplo, no crime de homicídio culposo.
c) omissiva própria, como, por exemplo, no crime de deixar a autoridade competente, sem
justa causa, de ordenar a imediata liberação de adolescente ao tomar conhecimento da ilega-
lidade da apreensão.
d) preterdolosa, como, por exemplo, no crime de lesão corporal seguida de morte.
e) instantânea, como, por exemplo, no crime de desobediência cometido na forma comissiva.

Excelente questão. Basta se lembrar da nossa lista com as hipóteses de crimes que não ad-
mitem a tentativa. Vamos lá:
a) Errada. Crimes habituais não admitem tentativa, conforme estudamos.
b) Errada. Crimes culposos também não admitem tentativa.
c) Errada. Crimes omissivos próprios também não.
d) Errada. Há culpa no resultado consequente, motivo pelo qual este delito também não admite
tentativa.
e) Certa. Exatamente. A tentativa é perfeitamente possível em crimes instantâneos.
Letra e.

034. (VUNESP/TJ-SP/JUIZ SUBSTITUTO/2015) No arrependimento posterior, o agente bus-


ca atenuar os efeitos da sua conduta, sendo, portanto, causa geral de diminuição de pena.
Sobre esse instituto, assinale a alternativa correta.
a) A grave ameaça não o tipifica.
b) Pode ocorrer em crime cometido com violência, desde que o agente se retrate até a sentença.
c) O dano não precisa ser reparado quando o crime foi sem violência.
d) Deve operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa.

Fácil demais essa questão:


a) Errada. Você sabe que no arrependimento posterior, não se admite a aplicação em delitos
com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) Errada. O arrependimento posterior é inaplicável aos crimes praticados com violência dolo-
sa à pessoa.
c) Errada. O dano precisa sim ser reparado ou restituído.
d) Certa. A reparação do dano deve operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa.
Letra d.

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035. (DPE-PE/DPE-PE/ESTAGIÁRIO DE DIREITO/2015) “O agente que, voluntariamente, de-


siste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados”. Tal hipótese refere-se:
a) ao crime preterdoloso.
b) ao crime consumado.
c) à tentativa branca.
d) ao crime impossível
e) a desistência voluntária e arrependimento eficaz.

Questão básica. Não pode errar uma dessas de jeito nenhum. Estamos diante do art. 15 do CP,
que trata da desistência voluntária e do arrependimento eficaz.
Letra e.

036. (VUNESP/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE/2015) Com relação à con-


sumação e tentativa do crime, nos termos previstos no Código Penal, é correto afirmar que:
a) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem a maioria dos elementos de sua defi-
nição legal.
b) diz-se o crime tentado quando não se exaure por circunstâncias alheias à vontade do agente.
c) diz-se o crime tentado quando, iniciada a cogitação, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente
d) salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.
e) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem dois terços dos elementos de sua de-
finição legal.

Vamos lá:
a) Errada. Quando se reúnem TODOS os elementos de sua definição legal.
b) Errada. Quando não se CONSUMA por circunstâncias alheias à vontade do agente. Cuidado
com essas pegadinhas – não pode perder pontos dessa forma.
c) Errada. Quando iniciada a EXECUÇÃO.
d) Certa. Art. 13 CP.
e) Errada. Novamente, quando nele se reúnem TODOS os elementos da sua definição legal.
Questão fácil, que possui uma média de 28% de erros em bancos de dados de questões on-
-line. Veja quantas colocações você ganha em uma prova como essa, ao prestar atenção
aos detalhes.
Letra d.

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037. (CS-UFG/CELG/D-GO/ANALISTA DE GESTÃO – ADVOGADO/2014) Nos crimes come-


tidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
a) um a dois terços
b) um sexto a um terço.
c) um terço à metade.
d) metade a dois terços.
e) um sexto à metade.

Infelizmente, ainda nos deparamos com questões assim – que abordam unicamente a me-
morização de prazos e valores de redução de pena.
Como você já sabe, no caso de arrependimento posterior, tal redução é de um a dois terços.
Letra a.

038. (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL/2014) Dispõe o parágrafo úni-


co do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena:
a) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um a dois terços.
b) igual à do crime consumado.
c) correspondente à metade da prevista para o crime consumado.
d) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior a correspon-
dente à prevista para o crime consumado.
e) correspondente à prevista para o crime consumado, diminuída de um ano.

Outra questão que trata puramente de decorar a letra da lei. Faz parte.
O crime tentado é punido com a pena correspondente à prevista para o crime consumado,
diminuída de um a dois terços.
Letra a.

039. (VUNESP/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL/2014) Referente ao crime tentado,


pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado:
a) diminuída de um terço.
b) de forma idêntica.
c) de forma proporcional.
d) diminuída de um a dois terços.
e) diminuída de dois terços.

De novo, professor? Exatamente.

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Veja como as bancas gostam de repetir questões e cobrar simplesmente o mesmo assunto, o
mesmo artigo, inclusive da mesma forma.
E você acha que é a última vez que uma questão vai ser reciclada? Com certeza não. Por isso,
é tão importante exercitar e revisar.
Letra d.

040. (VUNESP/CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/ANALISTA LEGIS-


LATIVO – ADVOGADO/2014) O crime, em conformidade com o art. 14 do CP, é tentado quan-
do, iniciada a execução,
a) o agente é preso em flagrante e, consumado, quando o resultado naturalístico previsto no
tipo penal se realiza.
b) o agente é preso em flagrante e, consumado, quando nele se reúnem todos os elementos
de sua definição legal.
c) não se consuma por vontade do agente e, consumado, quando o resultado naturalístico
previsto no tipo penal se realiza.
d) o agente desiste de prosseguir na execução e, consumado, quando o resultado naturalísti-
co previsto no tipo penal se realiza.
e) não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente e, consumado, quando
nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.

Oras – o crime é considerado tentado quando não se consuma por circunstâncias alheias
à vontade do agente, e consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua defi-
nição legal.
É o teor do art. 14, incisos II e I, respectivamente.
Letra e.

041. (UNEB/DPE-BA/ESTÁGIO JURÍDICO – DEFENSORIA PÚBLICA/2014) Segundo o Códi-


go Penal Brasileiro, o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impe-
de que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
De acordo com essa informação, essa hipótese trata de:
a) desistência voluntária e arrependimento eficaz.
b) crime consumado.
c) crime preterdoloso.
d) crime impossível.
e) tentativa branca.

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Mais uma vez o examinador batendo na tecla do conceito de desistência voluntária e arrepen-
dimento eficaz, se limitando a cobrar o teor do art. 15 do CP.
Letra a.

042. (IBFC/TRE-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2014) Assinale a


alternativa INCORRETA:
a) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou res-
tituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida até um terço.
b) O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa.
c) Diz-se o crime tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
d) Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta improprie-
dade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Perceba que o examinador pediu que você assinalasse a assertiva INCORRETA.


Nesse sentido, sabemos que no caso de arrependimento posterior (citado na assertiva a), a
pena será reduzida de um a dois terços, e não em apenas um terço, como afirma a questão.
Letra a.

043. (TJ-PR/TJ-PR/ASSESSOR JURÍDICO/2013) O arrependimento eficaz:


a) pode ocorrer durante a execução e após a consumação do crime.
b) somente se caracteriza depois da cogitação e antes da preparação do crime.
c) somente se caracteriza depois da preparação e antes da execução do crime.
d) se caracteriza depois do início da execução e antes da consumação do crime.

Nesse assunto você já está expert. O arrependimento eficaz se caracteriza após o início da
execução e antes da consumação do crime, afinal de contas, se o delito se consumar, o arre-
pendimento não terá sido eficaz.
Letra d.

044. (IBFC/MPE-SP/ANALISTA DE PROMOTORIA I/2013) Assinale a alternativa CORRETA:

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a) Nos crimes cometidos contra o patrimônio, indistintamente, reparado o dano ou restituída


a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
b) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou res-
tituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de metade.
c) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou res-
tituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.
d) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou res-
tituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.
e) Nos crimes e nas contravenções, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimen-
to da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
dois terços.

Fácil demais. Cuidado com a substituição de prazos e do termo recebimento da denúncia pelo
termo oferecimento da denúncia. Não podemos perder questões assim – de pura memoriza-
ção dos artigos do CP:
a) Errada. O examinador erra, ao usar a palavra indistintamente. Será cabível nos crimes patri-
moniais cometidos sem violência ou grave ameaça.
b) Errada. A pena será reduzida de um a dois terços.
c) Errada. É cabível até o recebimento da denúncia ou da queixa. A pena será reduzida de um
a dois terços.
d) Certa. Segundo o art. 16, que trata do arrependimento posterior:

Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será redu-
zida de um a dois terços.

e) Errada. Perceba que o examinador baseou-se tão somente no texto legal para elaborar a
assertiva. E seguindo a literalidade do art. 16, o arrependimento posterior é cabível apenas nos
crimes, posto que não há menção às contravenções penais.
Letra d.

045. (IBFC/MPE-SP/ANALISTA DE PROMOTORIA II/2013) Com relação à tentativa, assinale a


alternativa INCORRETA:
a) Tentativa branca é aquela em que o objeto material não é atingido pela conduta criminosa.
b) Tentativa vermelha é aquela em que o objeto material é atingido pela atuação criminosa.

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c) Tentativa perfeita é aquela em que o agente, mesmo esgotando os meios executórios dis-
poníveis, não consuma o crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.
d) Tentativa imperfeita é aquela em que o agente inicia a execução sem, contudo, utilizar dos
meios que tinha à sua disposição, não se consumando o crime, por circunstâncias alheias à
sua vontade.
e) Tentativa imperfeita é aquela em que o agente, mesmo esgotando os meios executórios
disponíveis, não consuma o crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.

Mais uma vez, atenção: Estamos buscando a assertiva incorreta.


Nesse sentido, não é a tentativa imperfeita em que o agente ESGOTA os meios executórios –
essa é a tentativa PERFEITA. Por esse motivo, a assertiva e é a incorreta.
Letra e.

046. (VUNESP/TJ-SP/JUIZ/2013) Conforme o disposto no artigo 14, parágrafo único, do Có-


digo Penal, “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
O critério de diminuição da pena levará em consideração:
a) a motivação do crime.
b) a intensidade do dolo.
c) o iter criminis percorrido pelo agente.
d) a periculosidade do agente.

Conforme já falamos algumas vezes, o critério para determinar a diminuição da pena leva em
consideração o iter criminis percorrido pelo agente. Quanto mais próximo da consumação do
delito, menor deverá ser a redução da pena.
Letra c.

047. (VUNESP/TJ-RJ/JUIZ/2013) Caio, decidido a matar Denise, para a casa dela se dirigiu
portando seu revólver devidamente municiado com seis projéteis. Chegando ao local, tocou
a campainha e, assim que Denise abriu a porta, contra ela disparou um tiro, que a atingiu no
ombro esquerdo. Ao ver Denise caída, Caio optou por não fazer mais disparos, guardou seu
revólver e se retirou do local. Denise foi socorrida por terceiros e sobreviveu, ficando, porém,
com pouca mobilidade em seu braço esquerdo. Diante do exposto, é correto afirmar que Caio
responderá criminalmente por:
a) lesão corporal de natureza grave (houve desistência voluntária).
b) tentativa de homicídio.
c) lesão corporal de natureza grave (houve arrependimento posterior).
d) lesão corporal de natureza gravíssima (houve arrependimento eficaz).

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Você não precisa nem dominar o delito de lesões corporais e suas variações para acertar
essas questões:
a) Certa. Caio cessou sua conduta delitiva antes de finalizar a execução (voluntariamente).
Não prestou socorro à vítima, mas seus atos não tinham o potencial lesivo para causar o resul-
tado que Caio inicialmente almejava (afinal de contas, o disparo foi no ombro). Dessa forma,
estamos diante da desistência voluntária de Caio.
b) Errada. Não responderá por tentativa de homicídio e sim pelos atos até então praticados, ou
seja, lesão corporal.
c) Errada. Não há de se falar em arrependimento posterior para crimes cometidos com violên-
cia ou grave ameaça à pessoa.
d) Errada. Não houve nenhuma atitude do agente que configurasse um arrependimento eficaz.
Letra a.

048. (MPE-PR/MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2013) Assinale a alternativa incorreta:


a) Diz-se “tentativa imperfeita” ou “propriamente dita”, quando o processo executório do cri-
me é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente;
b) No dito “crime falho” ou “tentativa perfeita”, apesar do agente realizar toda a fase de execu-
ção do crime, o resultado não ocorre por circunstâncias independentes de sua vontade;
c) Os crimes culposos, os omissivos próprios, omissivos impróprios, e os preterdolosos não
admitem tentativa;
d) O dolo no crime tentado é o mesmo do crime consumado;
e) A denominada “tentativa inidônea”, ocorre quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Oras, os crimes omissivos impróprios admitem sim a tentativa. Dentre os crimes omissivos,
apenas os próprios é que não admitem tal instituto. Por esse motivo, a assertiva c é a incorreta
dentre as apresentadas.
Letra c.

049. (MPE-PR/MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2013) Assinale a alternativa incorreta:


a) Segundo a sistemática do Código Penal, a desistência voluntária é compatível com a ten-
tativa perfeita ou crime falho;
b) O chamado arrependimento posterior, nos moldes previstos no Código Penal, é causa de
redução de pena;
c) Para que o agente somente responda pelos atos já praticados, o chamado arrependimento
eficaz deve ser suficiente para impedir a ocorrência resultado, pouco importando, a volun-

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tariedade do arrependimento do agente ou a reparação posterior do dano, caso o resultado


venha a ocorrer;
d) Segundo a doutrina, para a que ocorra a desistência voluntária ou o arrependimento eficaz,
basta voluntariedade por parte do agente, não sendo exigida espontaneidade em sua decisão
de abandonar a trajetória criminosa ou de impedir a ocorrência do resultado;
e) Pode-se afirmar que a desistência voluntária é incabível nos chamados crimes unis-
subsistentes.

Novamente, estamos procurando a assertiva incorreta.


Observe o seguinte: Na tentativa perfeita, o agente esgota todos os atos executórios, mas
mesmo assim, não se consuma o delito, por circunstâncias alheias à sua vontade.
Já na desistência voluntária, o indivíduo cessa a execução antes de finalizar os atos executó-
rios. Dessa forma, ao contrário do que afirma a assertiva a, a desistência voluntária é incom-
patível com o instituto da tentativa perfeita, afinal de contas, ou o indivíduo executa todos os
atos, ou não os executa por completo.
Letra a.

050. (FGV/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO/2013) Após descarregar toda a arma


contra a vítima, assim agindo com o escopo de matá-la, João resolve socorrê-la e a leva para
o hospital em seu próprio veículo. Realizado o atendimento médico adequado, a vítima é sal-
va, inobstante as lesões graves decorrentes daqueles disparos.
Diante deste quadro, assinale a afirmativa correta.
a) É hipótese de reconhecimento de desistência voluntária e João deve ser absolvido por po-
lítica do legislador.
b) É hipótese de arrependimento posterior e João deve ter a pena reduzida.
c) É hipótese de arrependimento eficaz e João deverá responder por lesão corporal grave.
d) É hipótese de arrependimento eficaz e João deverá responder por tentativa de homicídio.
e) É hipótese de desistência voluntária e João deverá responder por lesão corporal grave.

Para encerrar, uma questão tranquila, cobrando apenas o conceito de arrependimento eficaz.
João finalizou a execução do delito, mas mesmo após encerrar todos os atos executórios,
intercedeu para evitar o resultado, salvando a vida da vítima. Dessa forma, responde apenas
pelos atos já praticados, quais sejam as lesões corporais de natureza grave.
Letra c.

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GABARITO
1. C 18. a 35. e
2. E 19. b 36. d
3. C 20. d 37. a
4. C 21. d 38. a
5. C 22. a 39. d
6. C 23. b 40. e
7. E 24. c 41. a
8. E 25. a 42. a
9. C 26. c 43. d
10. E 27. d 44. d
11. a 28. b 45. e
12. d 29. d 46. c
13. d 30. b 47. a
14. c 31. d 48. c
15. c 32. b 49. a
16. b 33. e 50. c
17. d 34. d

Douglas de Araújo Vargas


Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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