Ataaaf Ra2 - Cv5 s2
Ataaaf Ra2 - Cv5 s2
Ataaaf Ra2 - Cv5 s2
Análise de Crédito é o momento no qual o agente cedente irá avaliar o potencial de retorno do tomador do
crédito, bem como, os riscos inerentes à concessão. Tal procedimento é realizado, também, com o objectivo de
ser possível identificar os clientes que futuramente poderão não honrar com suas obrigações, acarretando uma
situação de risco de caixa à organização.
Através da Análise de Crédito é possível identificar se o cliente possui idoneidade e capacidade financeira
suficiente para amortizar a dívida que se pretende contrair.
A análise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira a possibilitar o levantamento
das questões certas acerca do tomador do crédito. "Este processo cobre uma estrutura mais ampla do que
simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão com propósitos
creditícios" (BLATT, 1999, p. 93).
Segundo Santos (2000), o processo de análise e concessão de crédito recorre ao uso de duas técnicas: a técnica
subjectiva e a técnica objectiva ou estatística. A primeira diz respeito à técnica baseada no julgamento humano
e a segunda é baseada em processos estatísticos.
Em relação à primeira técnica, Schrickel observa que: "a análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma
decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas".
(SCHRICKEL, 2000, p. 27). Ou seja, grande parte da análise de crédito é realizada através do julgamento do
agente de crédito, baseada principalmente na habilidade e experiência do mesmo.
Santos (2006), ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência adquirida, disponibilidade de
informações e sensibilidade de cada analista quanto a aprovação do crédito.
A análise subjectiva do tomador do crédito é importante, visto que através da experiência do agente de crédito
é possível identificar factores de carácter, capacidade, capital e condições de pagamento. Porém, essa análise
não pode ser realizada de maneira aleatória, é preciso estar baseada em conceitos técnicos que irão guiar a
tomada de decisão
A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um nível de risco aceitável, a partir de
documentação apresentada e análise da mesma, objectivando a maximização dos resultados da instituição,
segundo Schrickel (2000).
As instituições financeiras utilizam-se de bancos de dados, públicos e privados, para a avaliação do risco de
crédito, ou seja, da probabilidade de recebimento do montante emprestado ao cliente (consumidor de serviços
bancários). De acordo com a avaliação que é feita pelo banco, acedendo esses cadastros, estabelece-se a taxa
de juros a ser cobrada em um negócio bancário específico ou mesmo o banco pode deixar de conceder o
empréstimo.
As informações são obtidas junto a empresas e organizações que mantêm esses bancos de dados
informacionais. Em sua maioria, esses bancos de dados possuem apenas informações negativas, relativas à
inadimplência de dívidas.
Estas informações são obtidas na Central de Risco de Crédito nos Bancos Centrais que tem dupla finalidade:
a) Uma primeira e originariamente prioritária, de facilitar a supervisão bancária pelo Banco Central, ao
identificar com precisão as instituições financeiras com problemas em suas carteiras de crédito;
b) Uma segunda e não menos importante, que é a de registar informações para auxiliar as instituições
bancárias no processo de avaliação da concessão de crédito a seus clientes.
Relativamente as preocupações das instituições de crédito na concessão de crédito, Gitman (1997, p.696)
questiona: "A actividade de selecção de crédito de uma empresa busca determinar se deve ser concedido
crédito a um cliente e quais os limites quantitativos que devem ser impostos. Quais seriam as informações
necessárias e suas fontes para que se pudesse avaliar a capacidade creditícia de um cliente?”.
Assim, os cinco C's considerados serão descritos a seguir. O primeiro, o Carácter, segundo Berni (1999,
p.103), é a "Forma de agir e reagir da empresa diante de situações adversas; seriedade e esforços
empreendidos diante de crises”. Para Gitman (op.cit., p.696), é "O histórico do solicitante quanto ao
cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamento e
quaisquer causas judiciais pendentes, ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do seu
carácter."Dessa forma, de forma concisa, o aspecto carácter é determinado pela intenção da empresa em
cumprir seus compromissos e pode ser medido por sua análise histórica.
A capacidade é o segundo C dos cinco c's descritos. Berni (1999, p.103) coloca:
"Será fundamental um conhecimento do cronograma de recebimentos e pagamentos da empresa [...]; Para
avaliar a capacidade de uma empresa, devemos considerar os seguintes aspectos: Informações: dados obtidos a
respeito da empresa e seus administradores, origem, conhecimento, relacionamento e actuação no mercado.
Tradição: tempo de permanência no negócio, respeito e qualidade dos produtos. Modus operandi: forma como
a empresa opera com bancos, clientes, fornecedores e funcionários. Dados Técnicos: facturação, nível de
vendas”. Para Gitman (1997, p.696), a Capacidade é "o potencial do cliente para quitar o crédito solicitado.
Análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento, são
geralmente utilizadas para avaliar a capacidade do solicitante de crédito”.
Dentro dessa óptica, a capacidade, nesse caso, significa a possibilidade de geração de caixa da empresa,
levando em consideração o conhecimento do seu nível tecnológico, seu limite de produtividade e,
principalmente, a qualificação de seus administradores.
O terceiro, o Capital, sobre ele, alerta Berni (1999, p.104): Algumas empresas não podem ser medidas pela
facturação, mas o capital, o património e os recursos próprios podem ser um óptimo determinante para o
crédito.
A forma como a empresa reaproveita seus lucros, o consequente aumento de capital, a constituição de reservas
pode auxiliar na viabilização do crédito.
Segundo Gitman (1997, p.696), é o Capital, "a solidez financeira do solicitante, conforme indicada pelo
património líquido da empresa. O total de exigíveis em relação ao património líquido, bem como os índices de
lucratividade são, frequentemente, usados para avaliar o capital do demandante de crédito”.
Em outras palavras, no caso de pessoas jurídicas, através da análise dos balanços pode se ter a exacta
dimensão do comportamento do capital, por outro lado, no caso das pessoas físicas, a acumulação de capital
mostra sua competência e, geralmente, o património imobiliário é o melhor indicador de uma história de
sucesso.
O quarto, os Colaterais são todos os tipos de activos que podem ser dados como garantia adicional em uma
operação de crédito. Gitman (1997, p.696) define como: "O montante de activos colocados à disposição pelo
solicitante para garantir o crédito.
Naturalmente, quanto maior, esse montante, maior será a possibilidade de se recuperar o valor creditado, no
caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de activos em conjunto com o
levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar os colaterais."
Berni (1999, p.104) reforça as ideias de Gitman e descreve que o colateral "vai informar-nos sobre as
garantias adicionais que poderão amparar uma linha de crédito”.
O último elemento dos cinco c's são as Condições. Gitman (op.cit., p.697) observa que: "As condições
económicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que possam afectar qualquer das
partes envolvidas na negociação.... fazem parte da avaliação das condições."
ATAAAF – RA2 2/24
ATAAAF – RA2
Berni (1999, p.104), discorda de Gitman e coloca que: "as condições da linha de crédito (modalidade, custo,
prazo e garantias) também são um parâmetro decisório do crédito”.
Contudo, a partir da colocação de Gitman as condições são, factores externos do mercado, ou circunstâncias
especiais, como sazonalidades, que podem alterar o desenvolvimento da operação.
"Os parâmetros básicos da concessão de crédito são avaliados mediante profunda análise da ficha cadastral do
cliente, a qual deverá contemplar um sistema de pontuação, visando a quantificar os parâmetros definidos e
atribuir pesos de acordo com a relevância de cada informação obtida. Conforme a pontuação obtida, a
concessão de crédito poderá ser automática, ou ser analisada de acordo com a política de crédito da empresa" (
NIKOLAY 2004, apud SECURATO 2002).
Dentro do que foi exposto, o sucesso financeiro de uma empresa depende directamente e intensamente das
práticas de concessão de crédito.
As Instituições Financeiras exercem função de grande importância, relacionada com o crescimento e com o
desenvolvimento económicos, em especial ao actuar na captação de recursos e na concessão de créditos, com
o respectivo spread bancário, além dos demais serviços prestados. Portanto, são os agentes económicos que
propiciam o fomento à produção de riquezas, ao financiar actividades produtivas.
Por tal motivo, é inimaginável concebermos uma economia de mercado, nos moldes actuais, sem a presença
de Instituições Financeiras fortalecidas.
O sistema financeiro caracteriza-se como ferramenta indispensável para o progresso de uma economia de
mercado, sendo certo que a existência de um sistema de crédito estruturado e eficiente é premissa
indispensável para o desenvolvimento económico e, por consequência, social.
O sistema bancário moçambicano está a registar assinaláveis transformações acompanhando os
desenvolvimentos internacionais do sector. Estas transformações consubstanciam-se no desenvolvimento de
novos produtos financeiros, investimento em infraestrutura tecnológica, modernização e expansão dos canais
de distribuição (ATMs, abertura de mais agências) com vista a responder à enorme e crescente procura pelos
serviços bancários.
Desse universo do sistema bancário, em termos de propriedade os capitais nacionais representavam 26,7 por
cento sendo o remanescente, capitais estrangeiros. Portugal e África do Sul representam em conjunto 44,4 por
cento dos capitais totais e 60,6 por cento dos capitais estrangeiros.
A presença de bancos de capitais estrangeiros tem trazido enormes vantagens para o sistema bancário em
termos de gestão, transferência de tecnologia, conhecimentos, bem como observância de padrões elevados de
actividade bancária definidos nos países de origem.
O quadro que se segue mostra a evolução das instituições financeiras nos últimos dois anos em Moçambique.
1. Bancos Comerciais
African Banking Corporation Mozambique, SA (BancABC)
Banco Comercial e de Investimentos, SA (BCI)
Banco Internacional de Moçambique, SA (Millennium BIM)
Banco Terra, SA
Barclays Bank Moçambique, SA
First National Bank Moçambique, SA (FNB)
ICB – International Bank Of Commerce
KfW IPEX-Bank GmbH
Mauritius Commercial Bank Moçambique, SA (MCB)
Moza Banco, SA
3. Bancos de Microfinanças
Banco Oportunidade de Moçambique, SA (BOM)
Banco ProCredit, SA
Banco Tchuma, SA
Socremo - Banco de Microfinanças, SA
4. Operadores de Microfinanças
AfricaWorks
Agência de Desenvolvimento Económico da Província de Manica (ADEM)
Os direitos reais de garantia ganham destaque, pois com a vinculação de um bem ao cumprimento de uma
obrigação, ocorre a elevação do nível de garantia. No entanto, deve-se levar em consideração as
formalidades envolvidas para a regular constituição do gravame, ou seja, o custo-benefício em relação ao
montante da operação objectivada.
As garantias reais são representadas pela obrigação acessória que uma pessoa assume perante o credor,
vinculando um bem ao cumprimento da obrigação principal, caso o devedor não pague ou não possa
cumprir com o pactuado.
As garantias reais são dotadas de “realidade”, conforme prelecciona Pontes de Miranda, pois conferem ao
seu titular, credor da obrigação, um poder particular e dependente, suficiente para apreender o bem
outorgado, “se estiver em poder de terceiro para fazer valer aquela razão creditória e aqueles direitos de
preferência a qualquer outro credor”.
A análise cadastral do cliente é importante para definir o êxito de uma operação, ou seja, de aumentar as
chances de recuperação de crédito. No entanto, é inquestionável que a aptidão dos instrumentos para
formalização da operação é factor relevante.
A análise do risco envolve vários aspectos. Inicialmente, o risco está relacionado à figura do tomador e à
possibilidade de concretizar a operação nos moldes pleiteados. Mas a análise também compreende a
avaliação dos juros e demais encargos a serem fixados, bem como a escolha do instrumento que será
adoptado para a formalização.
Outro elemento exigido no financiamento é o aval que é instituto de direito comercial e corresponde à
garantia que é dada por terceiro estranho ao título de crédito, pela qual se prende à obrigação cambial, isto
é, fica solidariamente vinculado ao título avalizado, pelo compromisso que assume de pagar a importância
que nele se contem, quando não a pague o devedor, que é por ele garantido.
O aval corresponde a uma garantia cambial, firmada por terceiro – o avalista – ao avalizado, garantindo o
pagamento do título. O avalista pode ser um terceiro estranho ao título ou alguém que já seja obrigado.
O avalista assume uma obrigação igual à de seu avalizado, tanto quanto aos efeitos, como no que tange às
consequências.
Duas são as características principais do aval: de um lado, a autonomia; de outro, a equivalência. O avalista
assume, perante o credor do título, uma obrigação autónoma, mas equivalente à do avalizado. Ou, para
dizer o mesmo, por termos diversos, o aval é dotado de autonomia substancial e acessoriedade formal.
Outro elemento do financiamento é a hipoteca. A palavra hipoteca é derivada do grego hypothéke onde
teve origem este instituto jurídico, cujo significado é coisa entregue pelo devedor, por exigência do credor,
para garantia de uma obrigação.
Conforme Silvio Rodrigues, a hipoteca “é o direito real que recai sobre um imóvel, um navio ou um avião,
que, embora não entregues ao credor, o asseguram, preferentemente, do cumprimento da obrigação”.
Assim sendo, não paga a dívida, cabe ao credor o direito de executar o bem dado em garantia, para com o
produto apurado em praça satisfazer o cumprimento, preferentemente e com exclusão dos outros credores,
que só terão direito às sobras, se houver. É um contrato acessório, pressupondo a existência de um contrato
ou uma obrigação principal por ele garantido.
De se considerar ainda a definição do mestre Washington de Barros Monteiro, pela qual a hipoteca é
direito real, declarado por lei de modo expresso. Como direito real, vincula o bem gravado, acompanha-o
sempre onde quer que se encontre, aderindo à coisa.
As principais características da hipoteca são:
a) objecto gravado deve ser de propriedade do devedor ou de terceiro;
b) devedor ou terceiro continua na posse do imóvel hipotecado;
c) É indivisível, pois a hipoteca grava o bem na sua totalidade, não acarretando exoneração
correspondente da garantia o pagamento parcial da dívida;
d) Tem carácter acessório (garante uma dívida principal; não existe garantia sem uma obrigação
principal);
e) A modalidade convencional, é negócio solene;
f) Confere ao seu titular direito de preferência e de sequela;
g) Assenta-se em dois princípios: o da especialização e o da publicidade.
São diversas as instituições financeiras que podem atender as micro e pequenas empresas, formais. Tanto
os bancos públicos quanto os privados possuem alternativas de serviços e produtos financeiros adequados
ao segmento. Além disso, as Cooperativas de Crédito e as Instituições de Microcrédito têm
sistematicamente aumentado o número de operações com empreendimentos de pequeno porte.
Nestas instituições financeiras existem inúmeras soluções (linhas) de crédito para empréstimos de capital
de giro e para financiar projectos de investimento, com ou sem capital de giro associado.
Para saber qual a linha de crédito é mais adequada, deve-se buscar estas alternativas perante os agentes
financeiros, identificando suas características e condições. A primeira pesquisa deve ser realizada na
instituição de relacionamento do cliente e, se estender para outros agentes financeiros.
É função das instituições financeiras decidirem sobre a aprovação ou não da solicitação de empréstimo,
bem como liberar os recursos financeiros para as microempresas e empresas de pequeno, médio e grande
porte.
Para essa decisão, os bancos executam, pelo menos, as seguintes tarefas:
a) Análise do cadastro da empresa, dos sócios e dos avalistas;
b) Enquadramento da operação de acordo com suas soluções / linhas de crédito;
c) Definição das garantias sobre o financiamento e negociação com o interessado;
d) Análise de crédito de acordo com o projecto de viabilidade económica e financeira;
e) Aprovar ou recusar o pleito do financiamento.
Análise cadastral
A análise cadastral refere-se ao processo de análise dos dados de identificação dos clientes. Conforme Blatt
(1999) evidencia, o sucesso da concessão do crédito depende de informações confiáveis a respeito do
cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:
"O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos fundamentais para a
determinação do valor do crédito, prazo de amortização, taxas de juros e, se necessário reforço ou
vinculação de novas garantias." (SANTOS, 2006, p. 47).
Os bancos só devem conceder empréstimos (crédito) a tomadores se possuírem adequadas e não restritivas
informações cadastrais. Schrickel (2000) reafirma todos estes factos, dizendo que as instituições de crédito
devem munir-se de elementos informativos essenciais e indispensáveis sobre o potencial tomador do
crédito, antes de manter qualquer tipo de relacionamento concreto ou formalizar alguma operação de
crédito.
Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das informações colectadas pelos
agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as informações e documentação pessoal devem ser
mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal atenção é necessária para que ocorra sigilo das
informações e para que melhor lhe permita o controle, manuseio e actualização dos dados.
Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo Santos (2006), deverão ser os seguintes:
• Escolaridade;
• Estado Civil;
• Idade;
• Idoneidade;
• Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);
• Número de dependentes;
• Renda (principal e complementar);
• Situação legal dos documentos; e
• Tempo no actual emprego ou actividade exercida.
Para a empresa são exigíveis as demonstrações financeiras do último exercício (balanço, demonstrações de
resultados, fluxo de caixa). Os estatutos da empresa e os corpos sociais, moradia, NUIT são outros dados
cadastrais exigidos. Normalmente os bancos solicitam o balancete do último período e outra que é verificar
na Central de Risco do Crédito para ver o cadastro da empresa.
As demonstrações financeiras são sínteses elaboradas, segundo normas específicas, dos valores e
informações contidos em registos contábeis da empresa com os seguintes demonstrativos:
• Balanço Patrimonial (BP), que retrata a posição patrimonial da empresa em determinado momento;
• Demonstração de Resultados do Exercício (D.R. E), que mostra como se formou o lucro ou o
prejuízo em determinado período;
• Demonstração das Mutações do Património Líquido, que apresenta as variações de todas as contas
do Património Líquido ocorridas entre dois períodos;
• Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que evidencia a variação ocorrida
no Capital Circulante Líquido (activo circulante – passivo circulante), de um período para outro.
A análise por meio de índices é usada para comparar o desempenho e a situação de uma empresa com
outras empresas, ou consigo mesma ao longo do tempo, envolve os métodos de cálculo e a interpretação
dos índices financeiros, para avaliar o desempenho e a situação da empresa, a análise por meio de índices
não envolve meramente a aplicação de uma fórmula a dados financeiros, para se obter um determinado
índice. O mais importante é a interpretação do valor do índice.”(GITMAN, 1997, p. 102, 103)”.
Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se considerar todas as informações
relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise conjunta dos dados irá fornecer
informações mais precisas para a tomada de decisão. Para Schrickel (2000), o agente de crédito deve
atentar para a seguinte documentação legal:
• Certidão de Casamento, se casado (a);
• Bilhete de Identidade (BI);
• Número Único de Identificação Tributária (NUIT);
• Cópia da Declaração de Imposto de Rendimento
• Declaração de Bens
• Comprovante de rendimentos;
• Comprovante de residência;
• Procurações (se aplicável)
• Ficha Cadastral preenchida e assinada.
Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por meio da qual o
credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele ainda define como “[...]
um conjunto de informações financeiras e não financeiras que subsidiam o processo decisório de crédito,
auxiliando na avaliação [...] do cliente. (BLATT, 1999, p. 78).
Análise de idoneidade
Análise financeira
Em relação à análise financeira, Blatt (1999) explica que a mesma é primordial para a determinação das
forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informações das demonstrações financeiras do
mesmo. A análise da renda total do cliente e posterior análise de compatibilidade com os créditos
pretendidos é uma fase de vital importância no processo de análise dos riscos de crédito.
Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atenção especial à análise da renda, pois
consideram existir relação directa entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. Santos (2006)
ainda diz que é de suma importância determinar o valor exacto da renda e a sua regularidade, bem como a
probabilidade de continuar sendo recebida. Desta maneira é possível identificar factores que poderão vir a
prejudicar o futuro pagamento da dívida contraída.
Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) definem os Demonstrativos de Pagamento,
Declaração de Imposto de Renda e Extractos Bancários como as melhores fontes de informações sobre a
renda do cliente.
Os Demonstrativos de Pagamento, fornecidos pelos empregadores dos solicitantes de crédito, constituem-
se na fonte mais utilizada pelas instituições de concessão de crédito. A Declaração do Imposto de Renda é
uma fonte alternativa de dados que possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do
solicitante, segundo Santos (2006).
No caso de pessoas físicas autónomas ou profissionais que trabalhem em actividades sazonais, o agente de
crédito deve tomar especial cuidado com discrepâncias na renda média mensal do cliente. Para Santos
(2006), nessa situação, a comprovação da renda é de extrema dificuldade e por isso o agente de crédito
deve se basear em cálculos aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais como extratos de contas
bancárias.
É sugerido, por Santos (2006), a construção de um Balanço Patrimonial adaptado do solicitante do crédito,
por parte do agente de crédito. Tal instrumento visa a uma melhor visualização dos activos e passivos a fim
de determinar a situação financeira e capacidade de pagamento do cliente.
Os activos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos clientes. São colocados em
ordem de liquidez, iniciando pelos activos que melhor possam ser convertidos em receita imediata,
representados por valores em conta corrente, salário e outros, até os activos menos líquidos, como por
exemplo, veículos e imóveis. Os passivos representam todos os compromissos que o cliente assumiu com o
mercado de crédito ou para a compra de bens e serviços. São organizados de maneira a iniciar pelos de
maior solvência (imediata) até os de maior prazo de pagamento.
Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do activo total em relação ao passivo total, maior será a
capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o património líquido, calculado pela
diferença entre o total dos activos e o total dos passivos, será um excelente indicador da riqueza do cliente
e, por conseguinte, da capacidade de pagamento do mesmo.
Para as empresas, o mérito económico-financeiro do projecto (estudo de viabilidade) com a análise dos
indicadores de viabilidade mais importantes (Taxa Interna de Retorno e o Valor Actual ou Presente
Líquido assim como Tempo de Recuperação do Capital Descontado).
Adicionalmente, a empresa apresenta as demonstrações financeiras para se calcular os rácios financeiros de
solvência, endividamento, liquidez para se apurar o mérito financeiro e capacidade para amortização da
dívida.
Análise de relacionamento
importante no processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em contratos
de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.
Análise patrimonial
A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os clientes podem
oferecer para vincularem ao contrato de concessão, segundo Santos (2006). O autor define garantia como a
vinculação de um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre suas dívidas.
Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do crédito não pode estar atrelada ao bem disposto como
garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não é de interesse.
Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que factores imprevisíveis
impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo solicitante. O Banco Central estabelece que as
instituições financeiras que trabalham com a concessão de crédito devem exigir dos solicitantes garantias
suficientes para garantir o retorno do capital utilizado na operação.
Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais garantias serão aceitas, bem como a
real necessidade das mesmas para a realização da operação de crédito. Além disso, Santos (2006) diz que
as garantias reais (bens) devem ser correctamente analisadas para se verificar a possibilidade de solvência
das mesmas, assim como seu valor de mercado real e a existência de acções legais que impeçam que sejam
utilizadas.
Análise de sensibilidade
Um rácio financeiro é uma razão valores escolhidos do relatório e contas de uma empresa, com o objectivo
de determinar alguma característica financeira dessa empresa, seja a sua solvabilidade, risco, nível de
valorização ou qualidade como investimento.
Existem muitos rácios já utilizados de forma sistemática para determinar a condição financeira de uma
empresa. Esses rácios possuem utilidade tanto para pessoas internas à empresa (gestão da empresa) como
para entidades exteriores (investidores, analistas, financiadores, fornecedores e clientes).
Os valores utilizados para calcular os rácios são provenientes maioritariamente de documentos produzidos
pela empresa:
• O balanço;
• A demonstração de resultados e;
• O mapa de cash flow.
Podem ainda ser necessários valores oriundos de entidades externas como:
• Valores produzidos em mercados (cotações, taxas de juro, etc);
• Dados macroeconómicos;
Os rácios podem ser classificados pela área que analisam, por exemplo:
• Rácios de bolsa - medem o nível de avaliação da empresa atribuído pelo mercado de capitais;
• Rácios de rendibilidade - medem a capacidade da empresa gerar lucros e remunerar o accionista;
• Rácios de endividamento - medem o nível de endividamento da empresa, e respectiva capacidade
de lhe fazer face;
• Rácios de liquidez - medem a liquidez da firma e respectiva capacidade de fazer face aos
compromissos;
• Rácios de actividade - medem a eficiência da empresa no seu ciclo produtivo.
Antes de partir para a análise dos rácios financeiros propriamente dita convém decompor os diferentes
tipos de capitais alheios em função do seu custo (se tem ou não de suportar juros) e da sua permanência na
empresa. Desde logo, é importante fazer esta análise por três razões principais:
✓ Em primeiro lugar, porque os passivos que suportam juro expõem a empresa ao risco de variação
de taxas de juro, sendo sem dúvida interessante analisar o impacto que uma variação significativa
nas taxas de juro terá nos custos da empresa;
✓ Em segundo, porque quanto maior for a proporção dos custos de financiamento que suportam juro
no total do activo da empresa, maior vai ser o seu custo de financiamento, pelo que haverá que
avaliar até que ponto a empresa tem capacidade de cumprir com as suas obrigações perante bancos
e outras instituições de crédito;
✓ Em terceiro, porque, como já mencionamos, convém haver um certo equilíbrio entre passivos e
activos de longo prazo na empresa, sendo de evitar o financiamento de activos de longo prazo
recorrendo a empréstimos de curto prazo.
Então, em termos visuais teríamos:
No passivo de longo prazo encontramos normalmente empréstimos bancários cujo vencimento é superior a
um ano e empréstimos que os sócios fazem à sociedade (os chamados suprimentos). Estes empréstimos
servem para financiar os activos de longo prazo, tais como terrenos, máquinas e outros bens duradouros.
Na maior parte dos casos, estes empréstimos estão sujeitos a juros.
No passivo de curto prazo temos os empréstimos bancários necessários para fazer face a necessidades de
tesouraria e a investimento em fundo de maneio, tais como mercadorias e matérias-primas. Além destes
empréstimos de curto prazo, as empresas recorrem também a créditos cedidos pelos fornecedores sob a
forma de prazos de pagamento alargado, tal como vimos no artigo anterior. As facilidades de pagamento
cedidas por fornecedores não costumam estar sujeitas a juros, sendo uma das formas preferidas de
financiamento de empresa.
E quanto ao financiamento por capitais próprios, qual será o seu custo? Embora os sócios da empresa não
possam exigir o pagamento de juros pelo investimento que realizam na empresa, será legítimo assumir que
esperem obter lucros. Seja sob a forma de dividendos seja pela valorização do património da empresa, os
sócios esperam sempre um retorno do seu investimento.
E porque os sócios se expõem a um risco maior do que os credores da empresa (em caso de falência ou
dissolução da empresa, os sócios são os últimos a serem ressarcidos do investimento que realizaram,
depois de cumpridas as obrigações com todos os credores e na maioria dos casos a falência conduz a uma
situação em que nada sobra após liquidadas as dívidas perante terceiros), vão certamente exigir uma taxa
de retorno superior à taxa de financiamento por capitais alheios. Não poderia ser de outra forma, pois em
função de maior risco, os investidores esperam retornos superiores, caso contrário não teriam incentivo
para se exporem, preferindo activos de nível de risco inferior com o mesmo retorno.
É então legítimo assumir que o financiamento por capitais próprios é mais oneroso do que o financiamento
por capitais alheios. E sendo assim, seria fácil de concluir que o custo médio ponderado do capital (a média
ponderada entre custo de capitais próprios e alheios) é menor quanto maior for a proporção de capitais
alheios na empresa. Acontece, no entanto, que a partir de um certo grau de endividamento, alguns
problemas vão sendo criados, levando os credores a exigir um juro maior pelos empréstimos que concedem
à empresa.
Esses problemas são normalmente associados à perda de controlo de gestão da empresa, que é posta em
causa quando o grau de endividamento é muito elevado, ou seja, quando a empresa se endivida em excesso
começa a ser difícil de manter o controlo sobre ela, pois os credores vão ganhando influência na gestão.
Por outro lado, os credores apercebendo-se do maior nível de risco a que se expõem quando financiam a
empresa, vão exigir taxas de juro maiores e levantando mais obstáculos à concessão de crédito.
Então, como podemos ver no gráfico seguinte, é verdade que o custo médio ponderado do capital (k)
diminui à medida que a proporção de capitais alheios aumenta (D/E), até um certo limite. A partir desse
limite, o custo médio ponderado do capital volta a aumentar, pelas razões expostas.
Solvabilidade total - expressa a capacidade da empresa para satisfazer os compromissos com terceiros, à
medida que se vão vencendo.
• Um valor superior a 1, significa que o valor do património é suficiente para cobrir todas as dívidas
da empresa.
• Um valor inferior a 1, significa que a empresa está impossibilitada de satisfazer todos os seus
compromissos com meios próprios.
Liquidez geral - expressa a capacidade da empresa satisfazer as suas obrigações a curto prazo com os
activos circulantes.
• Um valor superior a 1, significa que a empresa pode utilizar activos líquidos para pagar as dívidas
a curto prazo.
• Um valor inferior a 1, significa que a empresa tem dificuldades de tesouraria.
Liquidez reduzida - expressa a capacidade da empresa satisfazer as suas dívidas a curto prazo com os
activos circulantes, sem contar com as existências.
Liquidez imediata - expressa a capacidade da empresa satisfazer as suas dívidas a curto prazo, apenas com
as disponibilidades.
• Um valor superior a 0,9 poderá ser demasiado elevado e significar uma má aplicação dos fundos
de tesouraria.
Antes de lançar qualquer projecto, seja ele desenvolvido através de uma nova empresa ou através de uma
empresa já existente, é útil sistematizar, planear e reflectir sobre tudo aquilo em que tem vindo a pensar.
Um plano de negócios assume-se como um instrumento que permite analisar a viabilidade de um
determinado projecto empresarial. Elaborar um plano de negócios é, portanto, fazer uma reflexão sobre os
custos, a rentabilidade e a exequibilidade do referido projecto.
Com efeito, ainda que não esteja no imediato à procura de financiamento externo, a elaboração de um
Plano de Negócios é útil, na medida em que constitui uma grelha de acção e orientação para o
empreendedor e para o seu staff. Além disso, quanto mais cedo estiver concluído, mais cedo estará apto a
apresentar a sua proposta a potenciais investidores. Um Plano de Negócios é uma parte de um processo
mais vasto - a implementação da sua ideia! O ideal é ver um plano como uma parte essencial de todo um
processo de criação de valor, porque mesmo o melhor dos planos é desperdiçado se ninguém o seguir e
implementar.
Existem algumas qualidades num plano que fazem com que seja mais provável que este possa trazer
resultados:
SIMPLES
OBJECTIVO
PLANO ACÇÕES RESULTADOS
REALISTA
COMPLETO
AFINAÇÃO
Um dos primeiros erros a evitar é fazer um Plano só para apresentação de uma proposta ou candidatura.
O Plano deve ser pensado, desde o início, como o documento que traduz a estratégia que queremos
implementar e que será a base da vida da Empresa nos primeiros tempos da sua existência.
Um Plano de Negócios será difícil de avaliar e/ou implementar a menos que seja Simples, Objectivo,
Realista e Completo. Mesmo que seja todas estas coisas, um bom plano precisará sempre de alguém que o
supervisione e/ou implemente.
O plano depende dos empreendedores e das suas equipas, particularmente durante o processo de
compromisso e lançamento, e durante a implementação que se irá seguir.
O sucesso da implementação começará, assim, com um bom plano.
Existem elementos que tornam mais provável que o plano seja bem sucedido. Algumas pistas
essenciais para a construção de um bom plano incluem:
1. O plano é simples? É de fácil entendimento e execução? Transmite os seus conteúdos de forma
fácil e prática?
2. O plano é objectivo? Os seus objectivos são concretos e mensuráveis? Inclui acções específicas e
actividades, cada uma delas com datas limite, pessoas responsáveis e orçamentos detalhados?
3. Inclui um modelo financeiro sólido e bem fundamentado?
4. O plano é realista? Inclui todos os elementos necessários?
Não existe propriamente um número de páginas ideal, dependendo isso do grau de complexidade do
produto ou do historial da empresa (partindo do princípio que o Plano só é apresentado a investidores
algum tempo depois do arranque do projecto). No entanto, lembre-se de dois aspectos essenciais.
• Os potenciais investidores têm muitos outros documentos para ler (inclusivamente outros Planos
de Negócio), por isso não exagere no conteúdo do seu.
• mais provável é que os potenciais investidores não sejam especialistas no negócio proposto. Assim
sendo, seja claro e conciso, procurando focar-se naquilo que realmente interessa ao investidor:
como é que o seu negócio vai crescer e geral cash.
A partir do momento que existe uma sistematização escrita de todo o modelo definido, o empreendedor
pode ter uma ideia muito clara sobre se todos os aspectos financeiros e não-financeiros considerados não
põem em causa a viabilidade do projecto.
Sumário Executivo
Este é o capítulo mais importante de um plano de negócios. Deve sumarizar em não mais de 500 palavras
toda a apresentação, que será mais detalhada nos capítulos seguintes. O sumário executivo é a primeira
coisa a ser lida pelos potenciais investidores. Se o sumário executivo não for claro, pode desencorajar os
analistas de rever o plano completo. A maioria dos financiadores recebe muito mais pedidos de
financiamento do que aqueles em que pode investir, e por isso, não se dispõe a correr riscos potenciando
situações duvidosas.
Existe um perigo real de que o sumário executivo venha a falhar a sua missão, dado que ele é,
invariavelmente, o último capítulo a ser elaborado. Pode parecer que é uma coisa simples de ser escrita em
uma ou duas páginas. É normal ser preparado depois de um lento e laborioso trabalho de elaboração do
restante relatório, pelo que é compreensível que exista a tendência de o acabar o mais rapidamente
possível. Quem o escreve está confiante de que contemplou todos os aspectos mais importantes do
trabalho, e que, mesmo que alguma coisa falhe no sumário executivo, a informação se encontrará em
alguma das restantes partes do plano. No entanto, não deverá assumir que os potenciais financiadores
estarão dispostos a percorrer todo o relatório em busca de informações que considerem vitais.
Acima de tudo, dever-se-á ter presente que, nas poucas páginas do sumário executivo, deverá estar contida
a mensagem mais poderosa e persuasiva de todo o documento.
Por isso, é crucial o esforço extra de verificar que este se encontra completo e claro.
Será de grande utilidade que ele seja revisto por alguém que seja neutro e que goze da confiança de quem o
elaborou.
Só os números mais importantes deverão ser usados para tornar a situação o mais forte que seja possível.
Deverá ainda ser dada cuidadosa atenção para evitar erros de gramática e dispensáveis erros de escrita, uma
vez que estes tendem a ter um efeito negativo desproporcionado.
A Missão
A missão é uma declaração global que define os objectivos gerais da companhia, expressando os
propósitos fundamentais da gestão no seu conjunto, fornecendo linhas gerais de desenvolvimento. É o
ponto de partida para a definição dos objectivos fundamentais da companhia.
O principal objectivo desta declaração é dar resposta à seguinte questão: “Porque é que a companhia
existe?”, assim como dar aos empregados e parceiros uma noção clara do que é a empresa, melhorando os
seus objectivos de longo prazo e explicitando como o seu desempenho deve ser dirigido por forma a
alcançar esses mesmos objectivos.
Para além do nome, formato legal, etc, uma companhia define-se essencialmente pela sua Missão de
Negócio.
O Mercado Subjacente
O mercado é a “arena” onde os planos da empresa irão ser levados a cabo. É muito importante definir o
mercado para o novo produto em termos de dimensão, estádio de desenvolvimento, tipos de clientes e de
competidores.
Quantos clientes existem e qual a sua influência no mercado?
O tamanho do mercado ou o consumo anual do produto será definido em termos do âmbito do projecto em
consideração. O tamanho do mercado pode ser avaliado pelo nível do consumo do produto numa dada
cidade, país, grupo de países ou no mundo inteiro ou, alternativamente, em segmentos bem definidos de
clientes com determinadas características.
A acrescentar ao tamanho global do mercado, é importante ter claro o estádio de desenvolvimento do
mesmo.
Existe um padrão natural de evolução para a maior parte dos mercados e o estádio do ciclo em que o
mercado se encontrar irá afectar significativamente a estratégia de negócio que deve ser adoptada.
As fases típicas podem ser sumarizadas como se segue:
• Embrionário
• Crescimento
• Maturidade
• Declínio
Para ter dados mais concretos, procure as associações empresariais e outras que analisam e acompanham os
mercados relevantes para a sua ideia/produto. Procure publicações especializadas. Peça às Entidades
Financeiras com que trabalha para lhe fornecerem informação pública sobre esse mercado e as Empresas
que nele se movimentam. Se a dimensão do projecto o justificar, envolva Empresas de Estudos e Análise
de Mercado e faça análises específicas para este caso.
Garanta que a fundamentação que apresenta é sustentada em factos e, sempre que possível, em dados de
mercado criados por entidades credíveis.
A análise do mercado subjacente é essencial para dois efeitos:
• Fundamentar a viabilidade base da ideia/produto em causa;
• Traduzir o conhecimento específico dos promotores sobre o mesmo, um dos factores mais
fundamentais para os potenciais investidores.
A ênfase deverá ser dada ao produto/serviço, incluindo temas como patentes e/ou licenças, bem como a
uma descrição exacta do processo produtivo.
Todas as actividades necessárias ao lançamento do produto devem estar descritas e, por cada actividade,
todas as acções necessárias. Este último item é de crucial importância, uma vez que esta é uma das áreas
onde os intervenientes tendem a ser demasiado optimistas, levando a que se subestimem os custos
envolvidos e/ou o tempo de desenvolvimento.
É essencial ser realista e ter em conta todas as possíveis dificuldades, para que estes factos possam ser
traduzidos nas projecções financeiras.
Como exercício de reflexão, e apesar de poder não ser explícito no plano de negócios, será aconselhável
para cada actividade ou acção estabelecer os intervenientes de quem estes dependem (no caso de recursos
externos), definir os possíveis constrangimentos, e como deverá cada um agir nesse contexto. Por outro
lado, deve ser considerado o tempo alocado a cada actividade, com e sem constrangimentos, e considerado
como tempo efectivo a soma dos dois.
Reserve sempre algum tempo e esforço adicional (20% do total) para problemas e desvios não previstos – a
chamada margem de risco de implementação.
Devem ser, depois, mencionados os aspectos críticos do desenvolvimento do projecto ou seja, os aspectos
que podem condicionar o desenvolvimento do mesmo.
A reflexão sobre os pontos críticos permitirá antecipar as acções necessárias e os recursos que deverão ser
mobilizados, reduzindo o risco associado ao projecto. Por exemplo, se o fornecedor de determinado
material é fundamental para a empresa garantir o prazo de entrega ao cliente, isso torna-o diferente dos
outros fornecedores. Deve-se tentar conseguir uma parceria com o fornecedor ou tentar encontrar uma lista
de fornecedores alternativa que possam garantir o cumprimento dos prazos.
Por outro lado, a análise dos pontos críticos deve permitir que os promotores se preparem, mesmo que não
seja por escrito, para planos de contingência (ou seja, como agir se surgirem situações inesperadas), de
forma a minimizar os riscos do projecto.
O Produto / Serviço
Esta é, provavelmente, a secção em que o promotor está mais à vontade e o leitor menos familiarizado.
Devem ser feitos todos os esforços para explicar a tecnologia envolvida em termos simples e para explicar
a Proposta Única de Valor da invenção ou ideia. Esta preocupação é transversal ao Plano de Início de
Actividade, Plano de expansão e de Mudança de Actividade.
Esta secção deve responder a questões relacionadas com “o que é o produto ou serviço”, e “porque é que
todos o vão comprar”.
A Produção
No caso de produtos que implicam a existência de um processo produtivo físico, com materiais, máquinas,
etc., este processo deve estar detalhado em todas as componentes essenciais para o arranque e/ou
lançamento do projecto.
A produção pode implicar compromissos significativos com investimento de capital para espaço e
equipamentos, o que pode obrigar a financiamentos elevados.
Para uma pequena empresa ou associação, isto pode implicar riscos demasiado elevados que podem tornar
o projecto não atractivo para os potenciais financiadores.
É possível reduzir o capital exigido através de sub-contratação de produção a outras empresas e através de
instrumentos financeiros de aquisição/aluguer de certos tipos de equipamento e maquinaria. No entanto,
estas estratégias devem ser ponderadas contra a necessidade de se conseguir um nível de produção
suficientemente elevado e de qualidade, por forma a satisfazer os clientes. Os potenciais investidores irão
querer comprovar que foi conseguido um bom compromisso entre a contenção do capital necessário e as
soluções escolhidas, e analisar se estas soluções poderão originar problemas na produção e no
fornecimento de matéria prima quando a empresa começar a operar.
O plano deve identificar que mecanismos de controlo de produção estão previstos em áreas fundamentais
como o nível de stocks, matéria-prima e produto acabado.
Todos os custos associados à produção têm de ser claramente reflectidos nas projecções do Plano de
Negócios, de forma a produzir projecções de cash-flow fiáveis que resultam num plano sólido e adequado.
Em anexo ao plano de negócios e relativamente a esta secção, devem ser incluídas descrições técnicas
relevantes e licenças/patentes, quando aplicável.
• Será você a produzir o produto ou irá subcontratar esse trabalho?
• Qual é exactamente a maquinaria necessária e qual é o seu custo?
• Temos uma definição clara do processo produtivo?
• Quais são os custos de produção?
• Qual a quantidade de matéria-prima que tem de ser adquirida, será ela armazenada ou comprada?
Quais são os seus fornecedores? Que relações tem previstas com eles?
• Qual é o tempo de entrega após a ordem de compra?
Estratégia Comercial
Após termos definido claramente nas secções anteriores a Proposta Única de Valor do projecto, dever-se-
á demonstrar como a empresa pensa apresentá-la ao mercado.
O primeiro passo essencial e óbvio é estabelecer um preço para o produto. Se este é completamente novo,
isto poderá causar algumas dificuldades. No entanto, é normalmente possível determinar um preço com
base no valor acrescentado que o produto irá oferecer ao seu consumidor.
Agregando todos os custos associados à produção, marketing e distribuição do produto numa base unitária
criamos o valor mínimo para o produto. Este é o valor a partir do qual devemos depois estabelecer o valor
final com base em margens típicas de mercado ou análises de valor acrescentado percebido pelo Cliente.
Após definida a estratégia de Marketing, deverão ser definidos e implementados os circuitos e canais de
vendas que são a base do processo de comunicação com o potencial comprador.
Os elementos essenciais deste tipo de estratégias incluem:
• A identificação de um leque suficientemente grande de potenciais clientes;
• A criação de segmentos de clientes alvo, de acordo com critérios de segmentação a definir caso a
caso;
• A escolha dos canais que deverão ser explorados: directos como Vendedores, Canal Telefónico ou
Lojas
• Próprias ou indirectos como alianças com parceiros de distribuição, etc;
Plano de Investimento
existências, ou seja, aos elementos patrimoniais directamente ligados ao ciclo de exploração da empresa e
que, por isso, circulam incessantemente no seu interior - é igual ao exigível a curto prazo.
Contudo, esta regra não contempla a eventual ocorrência de rupturas na rotação dos elementos integrantes
do capital circulante, que venham a comprometer a liquidação do exigível a curto prazo na data do
respectivo vencimento, como, por exemplo, o atraso no recebimento de um crédito, o desencadear de uma
greve, etc.
Desta maneira, e no sentido de evitar as consequências resultantes dos desequilíbrios provenientes de
eventuais rupturas na rotação do capital circulante, não acompanhadas da automática readaptação do grau
de exigibilidade do passivo de curto prazo, imperiosa se torna a existência de uma margem de segurança.
O Fundo de Maneio é, em suma, a parcela de capitais permanentes que financia capitais circulantes, ou
seja, a margem de segurança de tesouraria advém do facto de um determinado montante do capital
circulante, com um grau de liquidez geralmente de curto prazo, ser coberto financeiramente por capitais
permanentes, caracterizados por um prazo de exigibilidade superior.
Embora na prática seja vulgar identificar o Fundo de Maneio com a Reserva de Segurança de Tesouraria, o
empresário deve estar consciente de que não significam o mesmo, já que o Fundo de Maneio é constituído
pela Reserva de Segurança de Tesouraria, pelo crédito concedido a clientes e pelas existências ao que se
subtrai o crédito obtido de fornecedores.
O Fundo de Maneio corresponde ao montante necessário para assegurar a actividade normal da empresa e
calcula-se do seguinte modo:
Reserva de Segurança de Tesouraria + crédito concedido + existências – crédito obtido de fornecedores
A Reserva de Segurança de Tesouraria representa o volume mínimo de disponibilidades necessário para a
empresa enfrentar, sem dificuldades, eventuais atrasos na ocorrência dos seus recebimentos e/ou
antecipações forçadas dos seus pagamentos. O crédito concedido representa o volume de meios financeiros
imobilizados na empresa, como resultado de as suas vendas não se efectuarem a pronto pagamento. Trata-
se, portanto, de crédito concedido a Curto Prazo, insusceptível de titulação ou, quando titulado, de difícil
mobilização imediata junto da banca comercial ou de sociedades de factoring.
Tratando-se de uma empresa comercial a rubrica crédito concedido é normalmente diminuta. Contudo, tal
premissa nem sempre é verdadeira. Veja-se por exemplo o caso de uma empresa de comércio por grosso
que tenha como clientes exclusivamente outras empresas. As existências (mercadorias) representam
normalmente um valor muito elevado.
Imprevistos
Independentemente do rigor do cálculo das rubricas anteriores, situações não previstas inicialmente, podem
alterar o montante global das necessidades de investimento. Estas situações prendem-se com desvios
qualitativos decorrentes de deficiências registadas nos projectos de instalação, na implantação dos
equipamentos, nas previsões relativas ao fundo de maneio, etc.
Plano de Financiamento
Determinado o montante do investimento necessário, haverá que reunir os meios financeiros, designados
por capitais, indispensáveis à sua cobertura. Esta operação deve realizar-se através da elaboração de um
plano de financiamento, o que corresponde à elaboração de um mapa de origem e aplicação de fundos. A
boa ou má estrutura financeira de uma empresa é geralmente consequência do modo como os seus bens
activos são financiados.
Antes de efectuar uma escolha entre os diferentes meios de financiamento que se podem apresentar à
empresa, o empresário não se deve esquecer que uma boa gestão exige que se pratique o princípio da
racionalidade económica, isto é, que se minimizem os meios para atingir os mesmos objectivos. Ora, neste
caso, os meios postos à disposição da empresa são os capitais, logo a sua utilização deve ser racional pois,
quer eles pertençam aos sócios ou accionistas, quer sejam emprestados, há que pagar dividendos ou
encargos financeiros.
De um modo geral, são os capitais próprios que devem cobrir os riscos da empresa e não os capitais
alheios, mesmo a longo prazo. Os empréstimos a médio e longo prazo dependem do cash-flow futuro da
empresa e podem ser considerados como uma antecipação à actividade da empresa. É então necessário que,
aquando do recurso a este tipo de financiamento, nos asseguremos primeiro da rentabilidade da operação
em causa e da possibilidade de gerar fundos suficientes que assegurem os pagamentos dos encargos fixos e
do reembolso do capital emprestado, segundo os prazos fixados. Numa primeira fase, quando a empresa se
encontra em constituição e arranque, todos os capitais (à excepção do capital social) são alheios à empresa,
já que esta, de per si, ainda não teve actividade e, portanto, não gerou qualquer receita.
Numa segunda fase, os meios de financiamento podem ser:
• Próprios da empresa (auto-financiamento);
• Exteriores.
Como vimos, o auto-financiamento representa o financiamento da empresa por ela própria, isto é, pelos
recursos financeiros que são libertos durante o seu funcionamento, e constitui um complemento
indispensável aos pedidos de empréstimos, pois as entidades financiadoras não aceitam correr a totalidade
dos riscos. Contudo, não nos devemos esquecer que o auto-financiamento tende a reduzir os dividendos
distribuídos, diminuindo, por isso, a rentabilidade dos investimentos efectuados pelos sócios/accionistas.
Ele deve ser usado com parcimónia.
Os meios financeiros exteriores à empresa podem tomar diversas formas, como por exemplo: aumento do
capital social, empréstimos a médio e longo prazo, que podem revestir a forma de empréstimos bancários
ou obrigacionistas, empréstimos de sócios, leasing, créditos a curto prazo, etc.
Em termos contabilísticos, podemos encontrar o capital próprio subdividido em:
• Capital social;
• Prestações suplementares;
• Reservas (de reavaliação, obrigatórias, especiais e livres);
• Resultados transitados.
E as dívidas a terceiros constituídas por:
• Crédito de fornecedores;
• Empréstimos bancários e obrigacionistas;
• Empréstimos dos sócios.
Balanço
O balanço, que é um documento estático, constitui para os economistas o "retrato" da situação económica e
financeira da empresa num dado momento. Poder-se-á dizer, também, que o balanço mostra de onde vem o
dinheiro da empresa (origens de fundos) e para onde vai (aplicações de fundos). Num balanço inicial da
empresa os elementos são pouco numerosos correspondendo as aplicações de fundos – ou seja, o Activo -
às despesas de estabelecimento (imobilizações incorpóreas) e aos investimentos corpóreos necessários ao
arranque da empresa e as origens de fundos (Capital Próprio + Passivo) aos capitais próprios e créditos dos
fornecedores.