MATERIAL de APOIO - Geografia Geral - Ítalo Trigueiro

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
CARTOGRAFIA................................................................................................................................................ 2
ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................... 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


CARTOGRAFIA
ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
ORIENTAÇÃO, FORMAS E MOVIMENTOS DA TERRA
A Terra é o terceiro planeta em ordem de afastamento do Sol e o quinto em tamanho. É
um geoide 1, com raio de 6.370 km.
Provas da forma da Terra:
• Eclipses lunares;
• Aproximação de um navio ao porto;
• Viagens de circunavegação;
• Fotografias tiradas de satélites artificiais.
Dá-se o nome de órbita à trajetória de um astro ao redor de outro. Para Copérnico, os
planetas giravam em torno do Sol em órbitas circulares. No século XVII, Johann Kepler
demonstrou que esses círculos são "imperfeitos", isto é, têm a forma de elipse.
ELIPSE

“A Terra gira em volta do Sol – o Sol é uma estrela entre bilhões de outras da
galáxia – e existem bilhões, de galáxias como a nossa. O homem é um animal evoluído;
mas no Universo, por certo, existem outros, mais evoluídos; e de qualquer forma o
homem não é mais do que um pequenino habitante de um planeta (...). As coisas
voltaram a seu lugar (...) E ainda que isso fira a vaidade dos homens, devemos admitir
que somos minúsculos na imensidão (...) de nossa galáxia.
Nicolau Copérnico.

Chamamos de meios de orientação qualquer método (instrumental ou a partir de


observações) usado pelo homem para obter determinadas posições sobre a esfera terrestre.
Mas o que significa exatamente residir em um país tropical? O que é uma floresta Boreal ou
onde se localiza o planalto Meridional? Quando necessitamos orientar-nos, verdadeiramente o

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Geoide: Esfera levemente achatada nos polos.

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que queremos é saber onde estamos, para onde queremos ir e como fazê-lo. Podemos utilizar
várias direções ou rumos e utilizar vários processos.
PONTOS CARDEAIS
São as direções mais importantes e para determiná-los usamos a trajetória diária do sol
como referência. Onde ele nasce é o leste ou este (E ou L). Onde ele se põe denomina-se
oeste (W ou O). Se ficarmos com o leste à nossa direita, à nossa frente teremos o norte (N) e
à nossa retaguarda teremos o sul (S). Apresentam afastamento entre si de 90°. Os pontos
cardeais indicam 4 direções opostas que apresentam nomenclaturas bastante usadas na
atualidade, são eles:
• N – Setentrional, Boreal, Indicação Norte.
• S – Meridional, Austral, Indicação Sul.
• E – Oriental, Nascente, Indicação Leste(L).
• W – Ocidental, Poente, Indicação Oeste (O).

PONTOS COLATERAIS
São as direções intermediárias afastadas dos Cardeais por 45°. São eles:
• NE – Nordeste: entre o Leste e o Norte.
• SE – Sudeste: entre o Leste e o Sul.
• SW/ SO – Sudoeste: entre o Sul e o Oeste.
• NW/ NO – Noroeste: entre o Norte e o Oeste.

Entre um ponto cardeal e um ponto colateral tem um Ponto Subcolateral, num total de
oito. Possuem ângulos de 22° e 30’ com os cardeais e com os colaterais.
• Norte-Nordeste (NNE): Entre o norte e o nordeste.
• Norte-Noroeste (NNO): Entre o norte e o noroeste.
• Este-Nordeste (ENE): Entre o este e o nordeste.
• Este-Sudeste (ESE): Entre o este e o sudeste.
• Sul-Sudeste (SSE): Entre o sul e o sudeste.
• Sul-Sudoeste (SSO): Entre o sul e o sudoeste.

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• Oeste-Sudoeste (OSO): Entre o oeste e o sudoeste.


• Oeste-Noroeste (ONO): Entre o oeste e o noroeste.

Para representar todos os pontos temos uma figura chamada de Rosa dos Ventos ou Rosa
dos Rumos.

A Rosa dos Ventos ou Rosa dos Rumos compreende 32 rumos ou direções diferentes.
PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO
Podemos nos orientar pelos astros, por instrumentos e por meios de fortuna, ou seja,
algo criado pela natureza ou pelo homem para outros fins e que, com a nossa criatividade,
utilizamos como auxílio na corrupção.
ORIENTAÇÃO PELO SOL
Pelo movimento aparente, o sol nasce pela manhã, aproximadamente, no Este e, pela
tarde se põe, aproximadamente, no Oeste. Na realidade é a Terra que está girando em torno
de seu eixo imaginário, de Oeste para Este. É o meio de orientação mais simples. Devemos
considerar, também, que apenas em dois dias do ano (21 de março e 21 de setembro,
aproximadamente) o sol nasce exatamente no Este. Nos demais dias vai virando o local exato
do seu nascimento e de ocaso.

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ORIENTAÇÃO PELA LUA


Utilizamos o mesmo procedimento da orientação pelo sol. A lua segue, aparentemente a
mesma trajetória: nasce no Este e se põe no Oeste.
ORIENTAÇÃO NOTURNA PELAS ESTRELAS
No Hemisfério Sul utilizamos a constelação do Cruzeiro do Sul. Uma vez identificado,
prolonga-se quatro vezes e meia o braço maior da cruz e baixa-se uma perpendicular ao
horizonte, determinando o Polo Sul Geográfico. A margem de erro é de 5°.

No Hemisfério Norte, utilizamos a Estrela Polar que dista, aproximadamente, 1° do Polo


Norte Geográfico.

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ORIENTAÇÃO PELA BÚSSOLA

A bússola, cujo funcionamento baseia-se no magnetismo terrestre é um dos elementos


mais utilizados pelos seres humanos para sua orientação. A sua agulha imantada indica o Polo
Norte Magnético. Com ela podemos determinar um rumo ou direção, determinar o valor de
um ângulo (também denominado azimute) ou trabalhar em conjunto com uma carta ou um
mapa. Devemos nos lembrar que o Polo Magnético e o Polo Geográfico não coincidem estando
muito afastados entre si. Na atualidade o Polo Magnético situa-se nas proximidades da costa
oeste da Ilha Bathurst, nos Territórios do Noroeste do Canadá. O ângulo formado pelos dois
Nortes é denominado Declinação Magnética.
DICA – TEMAS IMPORTANTES
No Equador, o valor de 1° de longitude equivale a 111,32 km, que é o resultado obtido
dividindo-se a circunferência equatorial terrestre (40.075 km) por 360°.
• Quando dois pontos estão situados em paralelos e meridianos opostos, são
chamados de ANTÍPODAS. O paralelo oposto tem o mesmo valor que o anterior,
mudando o hemisfério. O meridiano oposto é igual ao suplemento do anterior,
mudando o hemisfério. Por exemplo, o ponto antípoda de 30°S e 120° E será
30°N e 60°O.
• ANTECO: diz-se de quem ou do que, em relação a outra pessoa ou local, vive ou
está no mesmo meridiano, mas em hemisférios diferentes e à mesma distância
do Equador.
• PERIECO: Designação que tomam os habitantes de um lugar da superfície
terrestre em relação aos de outro, quando estes lugares ficam na intersecção de
um mesmo meridiano com um mesmo paralelo, isto é, quando têm igual latitude
e as longitudes respectivas diferem de 180°.
O movimento de rotação é realizado pelo nosso planeta em torno de um eixo ideal
imaginário que passa pelos polos, à velocidade de 1666 km/h (Equador), no sentido Oeste-
Leste, dando-nos a impressão que a abóbada celeste está girando sobre nós de Leste para
Oeste. (movimento aparente).
A sua duração é de 23 horas 56 minutos e 04 segundos e é o responsável pela sucessão
de dias e noites.

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MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO

A Translação é realizada pela Terra ao redor do Sol, no tempo de 365 dias 5 horas 48
minutos e 46 segundos. O fato de a órbita ser elíptica e o Sol um dos focos faz com que nosso
planeta atinja, nos primeiros dias de julho, o seu maior afastamento (afélio), da ordem de
151.800.000km e, nos primeiros dias de janeiro, atinja a sua maior proximidade (periélio), da
ordem de 142.700.000Km. A distância média Sol – Terra é de 150.000.000km (Unidade
Astronômica) e a nossa velocidade ao longo da órbita é de 29,5 Km/h.

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EXERCÍCIOS
01.

http://atividadesnotuxpaint.files.wordpress.com/2011/05/coord- geograficas.png (adaptado). Acesso


em: 28/11/2013

1. Em geografia, chama-se hemisfério a uma metade da superfície da Terra limitada por


um círculo máximo. A divisão da Terra pelo Equador forma dois hemisférios, assim
como sua divisão pelo meridiano de Greenwich. O ponto A no mapa encontra-se no
hemisfério
a) Norte Oriental.
b) Boreal Austral.
c) Meridional Oriental.
d) Austral Leste.
e) Sul Ocidental.
2. Observe o mapa a seguir:

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A leitura e a interpretação do mapa, por meio da análise da rede geográfica e dos pontos
de referência, indicam que o município de Sabará localiza-se:

a) ao Norte de Belo Horizonte e ao Sul de Caeté.


b) a Oeste de Nova Lima e a Leste de Santa Luzia.
c) a Leste de Belo Horizonte e a Oeste de Caeté.
d) a Oeste de Raposos e a Leste de Santa Luzia.
e) ao Sul de Raposos e ao Sul de Taquaraçu de Minas.

GABARITO
1. E
2. C

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
CARTOGRAFIA................................................................................................................................................ 2
COORDENADAS GEOGRÁFICAS.................................................................................................................. 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


CARTOGRAFIA
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Chamamos de coordenadas geográficas o conjunto de linhas imaginárias (Paralelos e
Meridianos) cuja função é ajudar na sua localização de um ponto qualquer na superfície
terrestre. Se, matematicamente um ponto é determinado pelo cruzamento de duas linhas é
possível, então, determinamos qualquer posição da superfície terrestre a partir das
coordenadas.
CONTEXTO HISTÓRICO
ANAXIMANDRO E A CARTOGRAFIA HISTÓRICA
Desde a Antiguidade, tenta-se construir quadriculas ou sistemas universais de
referência. No século VI a.C., Anaximandro e Hecateu, ambos da Escola de Mileto,
na Grécia, propuseram transportar os lugares conhecidos para um retângulo, cujos
lados, divididos em estádios (antiga sistema de medida grego), constituíam um
esboço de coordenadas. Outras contribuições foram somadas a essa, como, pro
exemplo, a de Dicearco, no século IV a.C., que construiu um mapa apoiado em
apenas dois eixos, um dos quais se estendia de leste para oeste, passando por
Rodes e pelas Colunas de Hércules, atual Estreito de Gibraltar, e outro,
perpendicular a esse, passando também por Rodes. Eratóstenes, um dos primeiros
geógrafos, aperfeiçoou o sistema, acrescendo aos dois eixos de Dicearco outras
linhas, formando uma rede retangular. Mas foi Hiparco, astrônomo da Escola de
Rodes, no século II, quem, pela primeira vez, dividiu a circunferência do globo
terrestre em 360° e, depois, cobriu o globo com uma rede de paralelos e
meridianos equidistantes. Desde então, pode-se transportar para o papel
exatamente os lugares conhecidos e os lugares recém-descobertos.
Pedro Coimbra, Geografia: Uma Análise do Espaço Geográfico, 2004.
Complemento.

PARALELOS
Circunferência imaginária traçada sobre o globo, paralelamente à Linha do Equador. Os
paralelos são indicados por graus de circunferência. O paralelo 0° (Equador) é a linha
imaginária traçada na porção mais larga da Terra do Equador. O Equador terrestre é o círculo
máximo perpendicular ao eixo terrestre e divide a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul.

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MERIDIANOS
A palavra Meridiano deriva do Grego Meridiem, que significa “meio-dia”. Os meridianos
são linhas imaginárias que dão a volta na Terra passando pelos dois polos. São
perpendiculares à linha do Equador e possuem a mesma medida, daí precisar convencionar o
meridiano de Greenwich como base, ou seja, 0°, Greenwich divide os Hemisférios em
Ocidental e Oriental.

LATITUDE
Distância medida em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre até a Linha do
Equador, perfazendo um total de 180°, sendo 90°N e 90°S.

LONGITUDE
Distância medida em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre até o
Meridiano de Greenwich, perfazendo um total de 360°, sendo 180° L e 180° O.

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EXERCÍCIOS
1. Observe atentamente a figura a seguir.

As informações contidas na figura acima mostram:


a) o mecanismo de formação dos ventos alísios no Hemisfério Norte.
b) a profundidade das geoesferas.
c) o desvio de Coriolis.
d) o conceito de latitude
e) a formação das marés.
2. Observe atentamente o mapa a seguir e identifique os pontos A, B, C, D e E.

I. O ponto E é o que apresenta o menor valor de latitude.


II. Os pontos A e B estão situados praticamente à mesma distância longitudinal de
Greenwich.
III. O ponto C localiza-se numa faixa de latitudes médias e de baixas altitudes.
IV. O ponto D está situado numa faixa climática bastante diferente daquela onde se localiza
o ponto E.
V. O maior valor de latitude é encontrado no ponto D.

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Estão CORRETAS
a) 1, 2, 3, 4 e 5.
b) 1 e 2 apenas.
c) 1, 4 e 5 apenas.
d) 3, 4 e 5 apenas.
e) 1 e 4 apenas.

GABARITO
1. D
2. D

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
CARTOGRAFIA................................................................................................................................................ 2
FUSOS HORÁRIOS ...................................................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


CARTOGRAFIA
FUSOS HORÁRIOS
Na segunda metade do século XIX, praticamente o mundo inteiro já era conhecido. O
novo desafio dos seres humanos foi criar e aperfeiçoar meios de comunicação e de
transportes para facilitar o acesso e o contato entre diversos pontos do planeta. O movimento
de rotação dá origem à sucessão dos dias e noites e, consequentemente, às diferenças horárias
existentes entre os pontos do planeta. Com o raciocínio de que a Terra é uma esfera (360°) e
que o movimento de rotação completa-se em torno de 24 horas, concluímos que,
simultaneamente, devemos ter 24 horas diferentes. Dividimos, então, 360° por 24 e achamos
15° que é a amplitude de cada um dos 24 fusos. Portanto, a cada 15° temos um horário
diferente.
Em 1884, representantes de 25 países reunidos em Washington estabeleceram uma
divisão do mundo em 24 fusos de uma hora, tendo como referência as linhas imaginárias de
longitude e baseando-se no fato de que a Terra demora praticamente 24 horas para dar uma
volta completa em torno do seu eixo. Optou-se pelo meridiano de Greenwich para ser o
meridiano inicial, pois ele é o meridiano central de um fuso, cujos meridianos limites possuem
7°30’ para este e o mesmo valor para oeste. O seu antimeridiano, de 180°, também é um
meridiano central, assim como todos os meridianos com longitudes múltiplas de 15°,
compreendidas entre 0 e 180°.
MAPA DOS FUSOS HORÁRIOS NO MUNDO

A importância dos meridianos centrais é que são eles que determinam as horas legais do
planeta, ou seja, aquela que olhamos nos nossos relógios. Por exemplo, quando em São Paulo
for 15 horas, na realidade são 15 horas em Brasília (longitude 45°W) e não em São Paulo.
Como a Terra gira de oeste para este, os pontos situados a este de Greenwich recebem
antes a luz solar do que os pontos situados a oeste. Por isso cada fuso horário a este de
Londres, será acrescida 1 hora (será mais tarde) e, cada fuso localizado a oeste, será
diminuída 1 hora (será mais cedo). Portanto, quanto mais a leste estiver uma cidade mais
tarde será, e quanto mais a oeste estiver, será mais cedo. Como o Brasil, está localizado a oeste
de Londres, nossos relógios estão sempre atrasados. As horas oficiais utilizadas pelos países
não seguem com exatidão o horário astronômico, pois isso criaria inconvenientes práticos.

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Países que ocupam pequenas ilhas atravessadas pelo limite de um fuso teriam que conviver
com dois horários diferentes.
LINHA INTERNACIONAL DE MUDANÇA DE DATAS

Fonte: Elian Alabi.

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FUSOS HORÁRIOS BRASILEIROS


O sistema de hora legal no Brasil foi adotado após o Decreto 2.784, assinado em 18 de
junho de 1913, pelo então presidente Hermes da Fonseca, e passou a vigorar em 1º de janeiro
de 1914. Pelo fato de ter dimensões gigantescas no sentido leste-oeste, o território brasileiro
era abrangido por 4 fusos com 2, 3,4 e 5 horas atrasadas em relação a Greenwich. Para
satisfazer os interesses dos estados e, também, do país, os limites desses fusos não
correspondem aos meridianos, e sim as unidades administrativas. Se assim não fosse, muitos
estados teriam dois horários diferentes. No nosso país a hora oficial é a de Brasília (instituída
e, 1931, inicialmente era estabelecida no Rio de Janeiro).

Fuso Hora (Gr) Hora (Br) Área

1 - 2h + 1h Ilhas oceânicas.

2 - 3h Mesma NE, SE, S, AP, GO, TO, DF e PA.

3 - 4h - 1h RR, RO, MT, MS, AM e AC.

4 - 5h - 2h AC e oeste do AM.

O BRASIL MUDOU DE HORA?


Em abril de 2008, o Brasil alterou os fusos horários tradicionais: deixou de ter quatro
fusos e passou a ter três fusos, quando o governo editou uma lei que reduziu em uma hora a
diferença entre o Acre e parte do Amazonas, em relação ao horário de Brasília. Além disso, o
Pará, que antes apresentava dois horários, passou a ter um único horário, o mesmo da capital
federal.
Um setor que se beneficiou com essa alteração foi o das redes de televisão. Os
programas televisivos agora são adequados às crianças e aos adolescentes do Acre. Outros
setores também apoiaram a medida, pois o setor bancário passou a operar com uma diferença
horária muito pequena. Recentemente surgiram projetos para a unificação do horário em
todo o território brasileiro.

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Fuso Hora (Gr) Hora (Br) Área

1 - 2h + 1h Ilhas oceânicas.

NE, SE, S, AP, GO, TO, DF e


2 - 3h Mesma
PA.

3 - 4h - 1h RR, RO, MT, MS, AM e AC.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS SOBRE OS FUSOS BRASILEIROS


Após uma disputa ligeiramente apertada, com 56,8% da população do Acre e do oeste do
Amazonas, houve o retorno do fuso horário antigo, duas horas atrasado em relação a Brasília.
Por isso, o projeto de 2008 foi totalmente derrubado e retornou-se para as configurações de
1913, iguais às do primeiro mapa acima apresentado. Mas... esqueceram-se de um detalhe: o
oeste do Pará, também afetado com a mudança, não foi consultado em plebiscito! Ora, como
poderia a população do Acre e do oeste do Amazonas decidir pela população do Pará? Por
isso, a presidente Dilma Rousseff vetou a alteração. Só em 2013 o projeto foi novamente
enviado para a sua mesa, e apenas as áreas consultadas no plebiscito tiveram seus fusos
alterados, permanecendo o estado do Pará totalmente integrado em um horário só.

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
CARTOGRAFIA................................................................................................................................................ 2
CARTOGRAFIA E PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS ......................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


CARTOGRAFIA
CARTOGRAFIA E PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
CARTOGRAFIA
A Cartografia tem como finalidade a representação da Terra ou de parte dela, o que
significa fazer a transição gráfica dos fenômenos por meio da elaboração de mapas e cartas, a
fim de se obter um retrato – o mais preciso possível – da realidade. Mais que uma técnica, ela
é uma arte que envolve inúmeros aspectos da representação dos fenômenos geográficos.
Entre eles podemos destacar:
• a concepção dessa representação;
• o levantamento daquilo que será representado;
• a confecção propriamente dita;
• a divulgação dessa representação, sob a forma de cartas e mapas.
Semelhante a toda ciência, a Cartografia atravessou os séculos adquirindo
conhecimentos e aprimoramentos técnicos que a colocam nos dias atuais entre as mais
avançadas fontes de informações para um mundo no qual o planejamento e a execução de
mudanças necessitam de rapidez e precisão.

Mapa de Nicholas Daniels, 1566.

O que reproduz com maior fidelidade a Terra é o globo por mostrar sua forma, porém
apresenta grandes desvantagens em função da escala não possibilitar representar detalhes e
por observarmos sempre a metade do planeta que está voltada para nós. Por isso, criou-se
uma outra representação da superfície – o planisfério. 1 O planisfério também apresenta
desvantagens. A principal delas consiste em sugerir relações e distâncias falsas entre as áreas
da superfície.
É importante entender que não existe nenhum fenômeno, seja natural ou social, que não
possa ser cartografado.

Planisfério: Como o nome indica, é a esfera transposta para o plano.


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BREVE HISTÓRICO
Desde muito cedo, diferentes sociedades utilizaram esses registros para facilitar as
tarefas da vida cotidiana. Das cartas confeccionadas com conchas e fibras de palma na pré-
história pelos nativos da ilha de Marshall mapa antigo encontrado nas ruínas de Gasur, na
Babilônia, desenhando em uma pequena placa de barro, é possível avaliar a importância para
aqueles povos, da representação e localização do que para eles era mais significativo.
“Fazer mapas é uma aptidão inata da humanidade”.
Erwin Josephus Raisz
Para muitos pesquisadores, o mais antigo mapa do mundo que chegou até nós, foi
produzido na Babilônia. Trata-se na verdade, de uma tentativa de representação de todo o
Universo. Nesse mapa, a Terra aparece como um disco, ao redor do qual existe um
superoceano chamado de “rio amargo”.

Mapa-Múndi Babilônico elaborado cerca de 500ª.C., pertencente ao acervo do museu Babilônico.


A cultura grega produziu o que se pode considerar a base da Cartografia atual, pois
foram os primeiros que trabalharam com a teoria do arredondamento da Terra,
estabeleceram latitudes e longitudes e criaram as primeiras projeções. Embora na Grécia
arcaica não tivesse nenhuma palavra para Geografia, desde pelo menos o século III a.C., os
gregos antigos se referiam ao que chamaríamos de “mapa” com a palavra pinax. O outro termo

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utilizado com frequência era periodos gés, literalmente “circuito da Terra” (uma expressão que
formaria a base de muitos tratados posteriores sobre geografia).
A idade média produziu, através de cartógrafos eclesiásticos, os mapas de T no O (Orbis
Terrarum), de forma circular, nos quais a Ásia sempre estava localizada na metade superior
do O e, a metade inferior sendo dividida pela África e pela Europa, com a cidade de Jerusalém
no centro, o que satisfazia, amplamente o espírito de religiosidade da época.

Mapa de T - O (Orbis Terrarum, século XI).

Ainda na idade média, aparecem as Cartas Portulanas, amplamente utilizadas pelos


navegadores durante séculos. Durante o Renascimento a Cartografia muito evoluiu em função
da invenção da imprensa, na arte de gravar e dos grandes descobrimentos impulsionados pelo
uso da bússola e do aperfeiçoamento de embarcações como as caravelas portuguesas cujos
almirantes utilizavam mapas de qualidade conhecidos como Cartas de Marear. Muitas delas
eram mapas náuticos desenhados em pergaminho, numa tentativa de compensar as
imprecisões do sistema de nós.

http://www.nautica.com.br/wp-content/uploads/2015/04/Cartas-de-Marear_OK.jpg
No século XIX a Revolução Industrial exigiu avanços para viabilizar levantamentos
topográficos precisos da superfície terrestre e do fundo do mar, para a construção de
ferrovias e para a instalação dos cabos submarinos necessários à comunicação telegráfica. No
século XX tornou notável impulso com a utilização das fotografias aéreas, após a Segunda
Guerra Mundial, na confecção das cartas e mapas.
Atualmente, a cartografia não apresenta o esmero artístico na sua apresentação
característica dos mapas mais antigos, nem mesmo utilizamos as hachuras para
representação do relevo, tão utilizadas até o século XIX, a cartografia atual se baseia em

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apresentações bi e tridimensionais e em modelos que permitem movimentos tendo como


suporte estações de trabalho (computadores) cada vez mais potentes, assim como impressão
e plotagem de mapas nos mais variados materiais, inclusive em três dimensões, como é o
mapa plástico em alto relevo.
O mapeamento urbano tridimensional é atualmente a área de pesquisa de ponta nos
grandes centros da América do Norte e Europa. Muitas cidades já foram ou estão sendo
mapeadas tridimensionalmente.

Modelo parcial de Viena, Áustria. Fonte: http://mundogeo.com

PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
São processos de representação da esfera terrestre sobre um plano derivado de uma
superfície auxiliar. Por causa disso, estão sujeitas a deformações: algumas alteram as áreas e
conservam as formas (conformes); outras modificam as formas me mantêm as áreas
(equivalentes); outras ainda preservam algumas distâncias preferenciais (equidistantes). Em
relação às superfícies auxiliares, são três as projeções básicas:
PROJEÇÃO CILÍNDRICA
O globo é projetado sobre um cilindro tangente ao Equador.

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PROJEÇÃO CÔNICA
O globo é projetado sobre um cone tangente a um paralelo.

PROJEÇÃO AZIMUTAL OU PLANAL


O globo é projetado sobre um plano tangente ao polo, ao Equador ou a um paralelo.

Fonte: Atlas Escolar Geográfico. Ed. Saraiva (adaptado).

Uma projeção somente poderá satisfazer a uma dessas propriedades, pois elas são
incompatíveis. Não existe nenhuma projeção que seja precisa. Quando a projeção não
satisfazer a nenhuma dessas propriedades, apresentando, porém, alguma outra que justifique
a sua construção, é considerada Afilática.
Utilizamos as Anamorfoses quando alteramos a superfície dos países para ressaltar a
dimensão de um fenômeno numérico e/ou estatístico. Se quisermos representar a riqueza dos
países, o Japão seria representado com dimensões bem maiores que as do Brasil, por exemplo.

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POPULAÇÃO MUNDIAL – POPULAÇÃO ABSOLUTA (2017)

Fonte: www.worldmapper.org
MAPAS E VISÕES DE MUNDO
Os mapas e visões do mundo ao longo do tempo sempre expressaram ideias ou visões de
determinada sociedade ou período histórico. Um grande nome da cartografia é, sem dúvida, o
flamengo Gerhard Kramer (MERCATOR – 1512/1594). Na época em que desenvolveu seu
trabalho, a Europa havia conquistado os mares e dominado diversas regiões. Mercator foi o
primeiro a utilizar o termo ATLAS que adotou da mitologia grega para se referir a uma
coleção de mapas. Sua projeção é cilíndrica e conforme.
PLANISFÉRIO DE MERCATOR

Fonte: Atlas geográfico escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. P. 21 e 23.
No planisfério de Mercator, a forma dos continentes é representada com fidelidade, mas
sua área não. A Europa, com território de 9,7 milhões de Km², aparece com uma superfície
maior que a da América do Sul (que tem 17,8 milhões de Km²). Na projeção de Mercator os
meridianos estão traçados paralelamente de um polo a outro, e as distâncias entre os
paralelos aumentaram conforme se aproximam dos polos, as áreas mais distantes do Equador
aparecem exageradamente grandes. A Groenlândia, por exemplo, parece ter o mesmo
tamanho da América do Sul, uma área quatro vezes maior que a ilha.

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Fonte: OLIVEIRA, Cêurio. Curso de cartografia moderna. 2ed., Rio de Janeiro: FIBGE, 1993.P.64.
Após a Segunda Guerra Mundial e a independência de várias colônias europeias na
África e Ásia, ficaram ainda mais evidentes as enormes diferenças socioeconômicas entre os
países. O historiador e cartógrafo alemão Arno Peters (1916/2002) considerava que os mapas
eram uma das manifestações simbólicas da submissão do mundo subdesenvolvido que era
pregado na época inclusive nos mapas. Peters partia do princípio de que todos os países
devem ser retratados de forma fiel a sua área, o que colocaria em maior destaque no mapa-
múndi os países subdesenvolvidos.
PLANISFÉRIO DE PETERS

Fonte: Atlas geográfico escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. P. 21 e 23.
Em 1974, Peters apresentou sua projeção em que a superfície aparece com medidas
proporcionais, embora com formas distorcidas. Peters baseou-se em outra projeção, a de
James Gall de 1885.
SIGS (SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS)
O conjunto de tecnologias relacionadas a informações e ao monitoramento do espaço
terrestre recebe o nome de Sigs. Os Sistemas de Informações Geográficas são utilizados tanto
por pesquisadores como por organizações empresariais, ONGS, governos, serviços de
espionagem, instituições militares e policiais.
O SIG compõe um banco de dados com arquivos gráficos e dados alfanuméricos que
contém os atributos dos objetos espaciais que aparecem nos mapas.

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GPS (SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL)


O GPS (Global Positioning System) é um sistema norte-americano composto por 24
satélites que estão distribuídos por 6 rotas polares, a uma altitude de mais de 2000 km da
Terra, o sistema foi criado pelo projeto NAVSTAR durante o auge da Guerra Fria mas só no fim
do século XX ficou popularizado e que contemplam duas voltas ao redor do planeta por dia.
Acima do horizonte de forma constante sinais de pelo menos 6 satélites, informando sua
posição, com pequena margem de erro, independentemente do local em que seu portador
esteja localizado. Para se determinar a posição necessita-se de informações de pelo menos 3
satélites e, quando mais sinais forem recebidos maior será a precisão.

Existem outros sistemas alternativos de posicionamento global, o GLONASS (Global


Navigation Satélite System) russo é composto também por 24 satélites com funções idênticas
ao GPS, porém com algumas diferenças operacionais. Outra opção é o sistema GALILEO,
controlado pela União Europeia, composto por 30 Satélites de última geração, apresentando
margem de erro menor que a dos demais.
CHINA LANÇA SISTEMA RIVAL DO GPS

O governo da China lançou na região Ásia-Pacífico os serviços públicos e


comerciais de seu próprio sistema de navegação por satélite, projetado como um
concorrente do americano GPS (Sistema de Posicionamento Global). O sistema
BEIDOU ("Ursa Maior" em chinês), que utiliza atualmente uma rede de 16 satélites
de navegação e quatro experimentais, começou na quinta-feira a proporcionar
serviços a civis em toda a região e, de acordo com a imprensa estatal, deve
oferecer cobertura global até 2020.
Em uma entrevista ao jornal China Daily, Ran Chengqi, porta-voz do Escritório
Chinês de Navegação por Satélite, o desempenho do sistema é comparável ao do
GPS.
"Os sinais do Beidou já podem ser recebidos na Austrália", disse.
Esta é a mais recente conquista da China no setor de tecnologia espacial. O
país pretende construir uma estação espacial até o fim da década e,
eventualmente, enviar uma missão tripulada à Lua. Para ampliar a rede de satélites
chineses serão lançados mais 40 aparelhos ao espaço até 2024, segundo o porta-
voz, o que permitiria possuir uma cobertura mundial a partir de 2020.

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A China considera o programa bilionário um símbolo de sua crescente


estatura global, do conhecimento científico e do êxito do Partido Comunista. O
início do serviço comercial do sistema aconteceu um ano depois do BEIDOU
começar a enviar sinais de navegação limitados ao território chinês. O país
começou a construir a rede no ano 2000 para não depender do GPS.
Segundo o jornal chinês Global Times, "possuir um sistema de navegação por
satélite tem enorme significado estratégico". "A China tem um mercado enorme,
onde o BEIDOU pode beneficiar tanto civis quanto militares", enquanto desenvolve
um "sistema de navegação mundial que pode competir com o GPS", completa o
jornal, ligado ao Partido Comunista. No entanto, "podem surgir problemas no uso
porque o BEIDOU é um sistema novo. Os consumidores têm que ser tolerantes",
acrescenta o diário. Morris Jones, analista do setor que mora em Sydney, considera
pouco provável que o BEIDOU compita realmente com o GPS fora da China. "O GPS
está disponível gratuitamente, é de fácil acesso e muito conhecido, além de testado
no mundo inteiro", declarou à AFP. Para Jones, a principal razão da China para
desenvolver o BEIDOU é proteger a segurança nacional, pois os Estados Unidos,
que controlam o GPS, teriam a possibilidade de cortar o serviço. "A possibilidade de
recusa no acesso ao GPS leva outras nações a desenvolver o próprio sistema, livre
do controle dos Estados Unidos", explica. "Em tempos de guerra, ninguém quer ter
negado o acesso a um sistema deste tipo", conclui Jones.
Fonte: http://info.abril.com.br/noticias

SENSORIAMENTO REMOTO
Podemos definir sensoriamento remoto como a capacidade de obter informações de
fenômenos e objetos sem a necessidade de um contato físico com eles. Assim, no caso da
superfície terrestre, podemos obter imagens através da utilização de sensores instalados a
bordo de uma aeronave ou de um satélite artificial. Com isso, muito se beneficiou a
Cartografia que passou a confeccionar os seus mapas a partir dessas fotos e imagens. O
Sensoriamento Remoto consiste na utilização das imagens de satélites artificiais, captadas
pelo fluxo de ondas eletromagnéticas refletidas ou emitidas pelos elementos naturais e
artificiais existentes na superfície terrestre. A fotografia aérea foi a primeira dessas fontes de
informações. A câmara aérea é um exemplo de sensor passivo, pois registra a reflexão da luz
solar sobre a superfície num determinado momento.
Mais modernamente o Radar e o Satélite passaram a fornecer imagens de grande
utilidade para os trabalhos cartográficos. O Radar é um sensor ativo, pois envia um sinal
eletromagnético ponto a ponto, numa varredura desde a vertical da aeronave, e recebe uma
resposta imediata formando linhas que se estendem até os limites do horizonte, compondo
uma imagem que vai além do superficial.
Foi de grande utilidade para cartografar a Amazônia. Por ser um sensor ativo, pode
obter imagens à noite e por cima das nuvens, o que não é possível pela câmara aérea. A
imagem de satélite é obtida por radiação na faixa do infravermelho, pois todo corpo que
possui temperatura acima do O° absoluto (-273°K) emite radiação nessa faixa. Também
funciona como um sensor passivo apresentando limitações quando o tempo estiver encoberto
por nuvens.

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TIPOS DE RADARES
• SRTM: O sistema Missão Topográfica por Radar a bordo do Ônibus Espacial
usa antenas de radar que emitem e recebem impulsos de micro-ondas, de uma
faixa lateral da superfície terrestre. Os dados registrados constituem um MDT
(Modelo Digital de Terreno) que permite traçar mapas topográficos, compor
blocos diagramas e reproduzir imagens de relevo.

A imagem da ideia da rugosidade do terreno, pelo contraste das vertentes mais expostas,
que são as áreas mais claras, e as vertentes do lado oposto as mais escuras, como se
estivessem à sombra. (Katmandu, capital do Nepal).
• IKONOS: As imagens do Ikonos são produzidas em diversos canais. As imagens
podem ser combinadas em composições coloridas.

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• MODELO DIGITAL DE TERRENO (MDT):

O BRASIL NA ERA DOS SATÉLITES

O Brasil e a China desenvolveram o Programa CBERS (China-Brazil Earth


Resources Satellite ou Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Essa
parceria no setor técnico-científico espacial levou o Brasil a ingressar no seleto
grupo de países detentores da tecnologia de sensoriamento remoto, mercado até
então dominado pelos países desenvolvidos. A responsabilidade do programa ficou
a cargo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Academia Chinesa
de Tecnologia (CAST). Num primeiro momento foram desenvolvidos dois satélites:
CBER-1 (lançado em 1999) e CBER-2 (lançado em 2003). Como cada satélite tem
vida útil de dois a três anos, são periodicamente substituídos por novos satélites –
como o CBER -2B, lançado em 2007. O sucesso do lançamento e do perfeito
funcionamento dos satélites levou os dois países a expandirem o acordo, incluindo
o desenvolvimento de mais dois satélites: o CBER-3 e o CBER-4, com prazos de
lançamento até 2011. As principais aplicações dos CBERS estão nos setores
agrícolas e de levantamento de riquezas naturais.
Fonte: INPE

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GOOGLE MAPS E GOOGLE EARTH

Representação em 3D da cidade de Dresden , na Alemanha, apresentada no Google Earth. Fonte:


Revista Geografia. Escala Educacional.nº23.

O Google Maps faz com que os seus usuários encontrem as melhores rotas para seus
caminhos, com indicação de estradas, sentidos das avenidas e pontos de referência. Ele recebe
dois tipos de informações, a imagem de diversos satélites e o conteúdo de rotas e caminhos do
serviço que é prestado pela Maplink. O Google Earth traz o planeta em detalhes minuciosos da
superfície do planeta.
OPINIÃO: UBER NÃO AFETARÁ APENAS O TAXISTA
Professor, você sabia que a economia disruptiva, que hoje é representada
pelo Uber, mas que tem outros ícones, como Netflix, Spotify e Airbnb, logo chegará
à sala de aula? E o que você vai fazer? Reclamar, brigar e xingar? O mercado de
Educação sofrerá uma grande transformação nos próximos anos, e você tem que
estar preparado para ela.

O mais importante é compreender que a tecnologia disruptiva não é uma


inimiga, mas uma aliada. Vamos analisar o caso do Uber: quando foi lançado, em
São Francisco, o mercado de táxis era de US$ 200 milhões. Com a entrada do
Uber, o mercado de táxis caiu para US$ 100 milhões. No entanto, se somarmos
Uber e táxis, esse mercado atingiu US$ 1 bilhão. O mercado de transporte de
passageiros cresceu cinco vezes, o trânsito melhorou, pois a população deixou o
carro em casa, a poluição diminuiu e a cidade arrecadou mais impostos. Em vez de
lutar contra novas tecnologias, enxergue como você pode se adaptar e tirar
vantagens dessa evolução. O mais incrível é que o Uber não tem nenhum carro, o
Netflix não tem nenhum canal de televisão e o Airbnb não tem nenhum hotel e
todos já faturam mais do que seus maiores concorrentes tradicionais.
Professor, você ainda acha que a economia disruptiva não vai afetar o seu
trabalho? Nós estamos na Era da Informação, mas o homem já passou por duas
fases anteriormente: a fase da agricultura, em que o poder e o dinheiro estavam
com quem tinha terra, e a Revolução Industrial, na qual o poder e o dinheiro
estavam com quem tinha máquinas e produção em escala. Na fase da informação,
o poder e o dinheiro passaram de quem detinha informação (portais na internet),
para quem distribuía a informação (Google, Facebook) – e agora está com quem
usa a informação para transformar pessoas.
*Ronaldo Hofmeister é diretor do Núcleo de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Positivo.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
CARTOGRAFIA................................................................................................................................................ 2
ESCALA ....................................................................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


CARTOGRAFIA
ESCALA
É a relação entre a superfície do terreno e a sua representação no mapa. Existem duas
maneiras de indicar a proporção de áreas entre o mapa e a realidade: uma numérica e outra
gráfica.
Escala Numérica: representada em forma de fração ou razão, na qual o numerador
corresponde ao número de vezes que uma área foi reduzida.
Escala Gráfica: representa as distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada em
centímetros e vem impressa em todo e qualquer tipo de mapa.

FÓRMULA E EXERCÍCIOS DE ESCALA


FÓRMULA

EXERCÍCIO - CÁLCULO DE DISTÂNCIA REAL


Numa carta de escala 1: 50.000 a distância entre duas cidades é medida com 4 cm. Qual a
distância real?
Resolução:
D = Distância Real = ?
d = Distância Gráfica = 4 cm
E = Escala = 1: 50.000 cm
D= 50.000 x 4 cm
D= 200.000 ou 2 km
TAMANHO DA ESCALA
Categoria Escala Finalidade do Mapa

1:50 / 1: 100 Plantas Arquitetônicas e de Engenharia


Grande
1: 500 a 1: 25.000 Plantas Urbanas de Engenharia

Média 1: 25. 000 a 1: 250.000 Mapas Topográficos

Pequena Acima de 1: 250.000 Atlas geográficos e Globos

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AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DE ESCALA


Para entendermos o processo de ampliação e redução de escala devemos primeiramente
observar o denominador da escala, pois, o denominador indica o tamanho da Escala. As regras
para ampliação e redução de Escalas são simples:
• AMPLIAÇÃO DE ESCALA: Pega-se o denominador da Escala e multiplica-se pelo
n° de vezes que se deseja reduzir a escala. Ex.: Quero reduzir a escala de
1/25.000 cinco vezes.
Resolução: 1: 25.000 ÷ 5 = 1: 4.000

• REDUÇÃO DA ESCALA: Pega-se o denominador da Escala e multiplica-se pelo


n° de vezes que se deseja reduzir a escala. Ex.: Quero reduzir a escala de 1:
25.000 em cinco vezes.
Resolução: 1: 25.000 x 5 = 1: 125.000

O SISTEMA MÉTRICO

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Calculando a distância real

1. Observe o mapa a seguir:

Imagine que o espaço anterior foi cartografado na escala indicada e que a distância entre
os pontos A e B em linha reta é de 3 cm. Qual a distância real entre os dois pontos? (D = ?)

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Fórmula: D = d x E
Distância AB = d = 3 cm
E (denominador da escala) = 500 000
Aplicando a fórmula, teremos:
D = 3 cm x 500 000 = 1 500 000
Transformando em km: 1,5 km será a distância real entre os pontos A e B.
Calculando a distância gráfica:
2. Duas cidades distam entre si em linha reta aproximadamente 4,5 km. Em um mapa de
escala 1: 50 000, qual a distância entre elas: (d = ?)
Fórmula: d = D/E
E= 50 000
D = 4,5 km
Aplicando a fórmula, teremos:
4,5 km transformados em metros = 4 500 m
50 000 cm em metros = 500 m, logo 1 cm = 500 m
d = 4 500 m / 500 m = 9 cm, será a distância entre as duas cidades medidas no mapa.
Calculando a escala
3. Em um mapa de escala não referida, a menor distância entre duas cidades é
representada por 5 cm. Sabendo-se que a distância real entre essas cidades é de 250 km
em linha reta, em que escala o mapa foi desenhado?
Fórmula: E = D/d
d = 5 cm
D= 250 Km
Aplicando a fórmula, teremos:
E = 250 km/5 cm = 50 Km/cm, ou seja,
1 cm = 50 km, que, convertido para centímetros, é igual a
50 km = 5 000 000 cm, ou seja:
E= 1: 5 000 000

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
ESTRUTURA INTERNA DA TERRA ................................................................................................................... 2
ESTRUTURA E DINÂMICA INTERNA DA TERRA .......................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
ESTRUTURA E DINÂMICA INTERNA DA TERRA
Sempre constituiu um fascínio aos seres humanos o conhecimento da origem do Planeta,
onde habitamos e retiramos o alimento, a água e todos os recursos que utilizamos. De
Hesíodo, no mundo grego, passando pelos assírios, egípcios, hindus, maias e astecas, até a
teoria de Kant-Laplace, no século XVIII, nenhuma conseguiu ser aceita como um conhecimento
definitivo e verdadeiro.
Com a evolução do conhecimento científico, algumas questões foram desvendadas e
outras refutadas; mesmo assim, ainda há muito a esclarecer.
A teoria mais recente, denominada Teoria da Agregação, propõe que a Terra, assim
como os demais planetas do sistema solar, foi formada a partir de condensação de poeira
cósmica acumulada mediante atração gravitacional. A contração desse material provocou um
aumento de temperatura para o qual também muito contribuiu a radioatividade de alguns
elementos mais pesados. A influência do movimento de rotação e da gravidade foi
concentrando mais internamente o material de maior densidade, como níquel e ferro,
formando o núcleo onde as temperaturas e as pressões são elevadíssimas, enquanto o
material mais leve concentrava-se mais superficialmente formando a crosta, rígida, por meio
de uma diminuição da temperatura em nível de superfície.
Como a atividade vulcânica era intensa, grandes volumes de magma ascendiam à
superfície e ao resfriar-se e consolidar-se contribuía para o aumento da crosta terrestre e para
a transformação de uma camada gasosa acima dela, origem da nossa atmosfera primitiva. As
pesquisas realizadas pelo programa norte-americano Apolo parecem confirmar esta teoria
como a mais provável.

Fóssil encontrado em Santana do Cariri, Ceará.


Nosso planeta constitui-se num sistema de grande dinamismo que recebe a energia
necessária por meio do calor do sol e do interior da Terra. A distribuição e a intensidade dessa
energia, variável ao longo do tempo geológico, foi um dos condicionantes para a ocorrência de

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sucessivos eventos que agora reconstituímos cientificamente por intermédio de ciências como
a Geologia e a Estratigrafia. As divisões da escala de tempo se baseiam em achados de fósseis
que puderam ser datados por meio do uso do Carbono 14. Sabemos que as primeiras rochas
não nos deixaram mais informações, mas as dos últimos 600 milhões de anos proporcionaram
ricas contribuições.
FÓSSIL
Fóssil é todo o resto ou vestígio de seres orgânicos (vegetais ou animais) que
deixaram suas pegadas na rocha da crosta terrestre. Constituem a ampulheta geológica.
A idade das camadas não é uma idade absoluta em anos, o que seria impossível, mas
uma idade relativa, ou seja, o lugar ocupado pela camada em relação às outras. Nas
camadas mais recentes, as espécies fósseis são idênticas às espécies atuais, enquanto
nas camadas antigas são bem diferentes, a tal ponto que podemos dizer que são tão
mais diferentes quanto mais antigas for o fóssil. Graças aos fósseis, podemos
identificar, por exemplo, a idade de um terreno na América do Sul, na América do
Norte, na Europa, na Ásia, na Austrália etc., e dizer qual a sua posição na coluna
geológica.

GUERRA, Antonio J.T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand


Brasil,2008.p.286.
Sua datação é possível pelo método do Carbono 14 que consiste em determinar quanto
de carbono possui cada fóssil. Sabendo que a velocidade de decomposição do carbono é de
5730 anos, após esse tempo somente resta a metade, 1/2. Então, depois de 11.460 anos resta
1/4; depois de 17.190 anos, resta (1/8) e assim por diante.
FORMAÇÃO DO CARBONO 14

Fonte: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich; TAIOLI, Fábio.
Decifrando a Terra. Companhia Editora Nacional. São Paulo: 2008.
A Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos, porém, só temos evidências de
aproximadamente 3,8 bilhões de anos. A história da Terra é dividida em Éons, Eras, Períodos e
Épocas.

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Na época da formação da Terra, os elementos que viriam a constituir o planeta


encontravam-se sob temperaturas elevadíssimas. Esse tempo é considerado o Éon mais
antigo, chamado Hadeano. Nesse período, minerais densos como o ferro afundaram, formando
o núcleo do planeta. Na superfície, um oceano de magma (material pastoso em alta
temperatura), menos denso, resfriava-se lentamente, formando uma crosta fina que deu
origem às primeiras rochas. Meteoros e cometas bombardeavam constantemente o planeta.
No Éon Arqueano consolidou-se a crosta terrestre. O planeta cedeu calor e o vapor d’água
contido na atmosfera primitiva se precipitou, ocorrendo assim as primeiras chuvas. Com isso,
formou-se um oceano muito quente, onde surgiram as primeiras formas de vida: os
organismos unicelulares.
O Éon Proterozoico foi o mais longo de todos (2 bilhões de anos). Com o resfriamento do
magma, consolidaram-se rochas e blocos continentais. No final, do Proterozoico surgiram os
organismos multicelulares, ainda nos oceanos. Algas e bactérias, ao liberarem oxigênio,
mudaram a composição da atmosfera e possibilitaram o surgimento de novas formas de vida.
No início do Éon Fanerozoico, uma complexa teia de vida surgiu no planeta. Desenvolveram-
se peixes, corais, moluscos, plantas terrestres, insetos, anfíbios e répteis. Entretanto, as
frequentes mudanças climáticas provocaram extinções em massa de muitas espécies.
No Período Carbonífero os continentes formavam uma massa continental única e
gigantesca. Pântanos e florestas de samambaias e coníferas se formaram e foram recobertos
por sedimentos e glaciações, constituindo os grandes depósitos de carvão que exploramos
atualmente. No Mesozoico desenvolveram-se os grandes répteis, as aves e as primeiras
plantas com flores.
Na Era Cenozoica, os grandes continentes se fragmentaram, dando origem a grandes
cadeias montanhosas. As espécies, agora isoladas umas das outras, diversificaram-se,
ocorrendo o desenvolvimento dos mamíferos e dos seres humanos. O Holoceno, período no
qual vivemos, teve início a cerca de 18 mil anos. Entretanto, com tantas e tão profundas
alterações que o homem tem imposto às paisagens, principalmente desde a Revolução
Industrial, alguns geólogos afirmam que já é possível identificar um novo período geológico: o
Antropoceno.

Palm Jumeirah, em Dubaí, é uma das três maiores ilhas artificiais do mundo, chamado de relevo
tecnogênico.
COMPOSIÇÃO DA TERRA
O conhecimento da estrutura do planeta e dos seus movimentos é de responsabilidade
da Geofísica. A análise dos registros de ondas sísmicas na superfície nos permite extrair
conclusões a respeito da estrutura interna da Terra. Sabemos que o comportamento das
ondas varia conforme o meio atravessado por elas. Então, as bruscas mudanças de velocidade
e de percurso, por exemplo, nos levam a admitir que os 6378 km de raio do nosso planeta são

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subdivididos em 4 camadas de construção diferentes, partindo do centro para a periferia


temos um núcleo, um manto e uma crosta.
A imagem mostra a estrutura interna da Terra no modelo clássico de primeira ordem,
em camadas concêntricas, obtido a partir das velocidades das ondas sísmicas. Mantêm-se as
divisões na devida escala, exceto para as crostas e a zona de baixa velocidade.

Fonte: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, M. Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich; TAIOLI,
Fábio. Decifrando a Terra. Companhia Editora Nacional. São Paulo: 2008.
O Núcleo Interno, com profundidade entre 5.100 a 6.378 Km, constitui a parte central e
mais densa. Está separado do núcleo externo pela Descontinuidade de Lehmann. Por ser
sólido, é chamado de “a semente da Terra”. É constituindo por níquel e ferro (NIFE) e sua
temperatura atinge até 6000°C.
O Núcleo Externo com profundidade de 2.900 a 5.100 Km atinge temperaturas de até
5.000°C e é composto por material pastoso com menores densidades que o material do manto.
Está separado do manto pela Descontinuidade de Gutenberg-Wiechert.
O Manto, com profundidade de 50 a 2.900Km atinge temperatura de até 3000°C e
representa 83% do volume total do globo. É composto por material pastoso e é separado da
crosta pela Descontinuidade de Mohorovicic (ou Moho). Sua parte superior, em contato com a
crosta rígida é denominado de Astenosfera. Nela ocorrem as correntes de convecção, que
correspondem ao movimento realizado pelo magma proveniente das camadas mais profundas
do planeta em direção à crosta. Esse movimento é determinante para a movimentação das
placas tectônicas, resultantes da fragmentação da crosta.
A Crosta, também denominada como Litosfera, é a parte mais externa e está em contato
com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera. Divide-se em:
CROSTA CONTINENTAL: com espessura variando de 30 – 80 km, composta por rochas
muito antigas e menos densas onde predominam o silício e o alumínio (SIAL) na parte
superior, com temperaturas variando conforme o grau geotérmico e, na parte inferior, o
predomínio dos silicatos de magnésio (SIMA), por serem de maior densidade, e com
temperaturas podendo chegar aos 600°C.

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CROSTA OCEÂNICA: com rochas densas e espessura inferior a 10 km, mais recentes e
principalmente basálticas. A atividade vulcânica é bem mais intensa que na crosta continental.
AS ÁREAS DE DESCONTINUIDADE
Entre as diversas camadas internas do planeta, existem áreas que apresentam
diferenças de densidade e de composição, dando origem às camadas de descontinuidade:
locais onde há mudanças rápidas na velocidade de propagação das ondas sísmicas que se
deslocam pelo interior da Terra. Foi por meio das descontinuidades que se provaram as
modificações na composição mineralógica do planeta.

As principais descontinuidades estabelecidas são as seguintes:


 Mohorovicic (entre a crosta e o manto): sua profundidade depende do local, pois a
espessura da crosta varia entre 5 e 10 km (para a crosta oceânica) e entre 35 e 70
km (para a crosta continental); separa materiais silicáticos com maior participação
do Al (a crosta) dos materiais também silicáticos com menor participação de Al e
maior de Fe e Mg (o manto).
 Gutenberg (entre o manto e o núcleo externo; 2900 km de profundidade): separa
materiais silicáticos do manto dos materiais metálicos (Fe e Ni) do núcleo.
 Lehman (entre o núcleo externo e o núcleo interno; 5100 km de profundidade):
marca a mudança de estado físico dentro do núcleo; a parte externa, líquida, é
composta por Fe e Ni, com participação de elementos químicos mais leves, como O,
Na, Mg e S; a parte interna, sólida, é constituída por Fe e Ni.
DERIVA CONTINENTAL E TECTÔNICA DE PLACAS
Em 1912, o geólogo alemão Alfred Wegener apresentou a teoria da Deriva Continental
na qual propunha que antes do início do Jurássico todas as terras continentais estavam
reunidas em um só continente por ele denominado Pangeia, circundado por um oceano
chamado Pantalassa que seria o antepassado do Pacífico.

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Ao final do Jurássico ocorreu, a divisão do continente formando Laurásia, ao norte e


Gondwana, ao sul, composto pela África, América do Sul, Austrália, Antártida e a índia. Entre a
África e a Europa, existia o mar de Tétis, que deu origem ao Mediterrâneo. Posteriormente,
fragmentou-se mais ainda e afastando-se uns dos outros, como uma dança, atingiram as
posições ocupadas pelos continentes, como as que conhecemos atualmente. A base de sua
sustentação não era apenas a similaridade dos contornos quase que perfeitamente
encaixantes entre o litoral ocidental da África e oriental da América do Sul, mas também as
evidências geológicas e a existência de fauna e flora que são encontrados em continentes mais
distantes entre si, sendo difícil imaginar que tenham atravessado os oceanos.

Atualmente, a crosta terrestre é constituída por cerca de treze placas tectônicas, que
ficam literalmente boiando em cima do magma pastoso. Há milhões de anos, quando se iniciou
sua movimentação, devia haver menos placas. Ao moverem-se em vários sentidos, pelo fato de
o planeta ser esférico, as placas acabaram se encontrando em determinados pontos da crosta
e dando origem aos dobramentos modernos, aos terremotos etc. A palavra tectônica deriva do
grego tektoniké, que significa “arte de construir”.
PLACAS TECTÔNICAS

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Assim, ao se movimentarem sobre o magma, desde o final da era Mesozoica, as placas


acabaram por se “chocar” em certos pontos, o que determinou, ao longo de milhares de anos,
alterações no relevo. Na faixa de contato entre as placas, seja na zona de formação, em geral
nas dorsais oceânicas, ou de destruição, em geral no contato do oceano com o continente, a
crosta é frágil, o que permite o escape de magma, originando os vulcões e, em função do atrito,
a ocorrência de abalos sísmicos.
As placas oceânicas (SIMA) são pesadas e densas e, portanto, tendem a mergulhar sob as
placas continentais (SIAL). Esse fenômeno, conhecido como subducção, dá origem às fossas
marinhas ou regiões abissais e ocorre onde há encontro das placas. Quando a placa oceânica
mergulha em direção ao manto, é destruída. Já a placa continental, com a pressão exercida
pela placa que mergulhou, soergue-se, dobra-se ou enruga-se. É justamente nessas porções
mais sensíveis da crosta onde ocorrem, desde pelo menos a era Mesozoica, os movimentos
orogenéticos. É onde surgiram as grandes cadeias montanhosas do planeta, formadas pelo
enrugamento, pelo soerguimento ou pelo dobramento de extensas porções da crosta.
As evidências concretas quanto à existência de uma força capaz de movimentar as placas
começaram a surgir como resultado da intensa exploração do fundo dos oceanos, após a
Segunda Guerra Mundial. A partir do mapeamento da dorsal mesoatlântica, foi possível a
descoberta de um profundo vale na forma de fenda, que se estendia ao longo do centro da
dorsal. Durante esse período, os geólogos descobriram que a maioria dos terremotos
ocorridos no Atlântico tinha como área geradora justamente as proximidades desse vale,
indicando que essas áreas eram tectonicamente ativas.
A Isostasia (do grego: isos, igual; stasis, equilíbrio) é o estado de equilíbrio dos blocos
continentais que flutuam sobre o manto (astenosfera). Os blocos mais espessos – e, portanto,
mais pesados – encontram-se profundamente mergulhados no substrato magmático. Já os
blocos mais finos e leves encontram-se pouco mergulhados no magma. Assim, quanto mais
alto for o bloco da crosta, mais profunda é a sua raiz subterrânea como na figura acima. O
melhor paralelo para se compreender o equilíbrio isostásico é o comportamento de pedras de
gelo boiando sobre a água: quanto mais espessas elas são, mais emergem e também mais
imergem na água.
MUDANÇAS NO PLANETA AO LONGO DAS ERAS

400 milhões de anos

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200 milhões de anos

65 milhões de anos

Hoje

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
GEOLOGIA ...................................................................................................................................................... 2
DINÂMICA DA CROSTA TERRESTRE ........................................................................................................... 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 9
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


GEOLOGIA
DINÂMICA DA CROSTA TERRESTRE
O conhecimento da estrutura geológica é fundamental para que compreendamos o
desenvolvimento do relevo, uma vez que as formas topográficas constituem manifestações
diretas da estrutura que, por sua vez, relaciona-se com a composição mineralógica das rochas
quanto à capacidade de oferecer uma maior ou menor resistência ao intemperismo.
Os escudos cristalinos, também denominados crátons, são formados pelas rochas
magmáticas intrusivas, mais antigas da Terra, consolidadas e metamorfoseadas durante o Pré-
Cambriano. Por isso foram muito desgastados pelo longo período submetido aos processos
erosivos. A elas associamos a presença dos minerais metálicos existentes no planeta.
Das bacias sedimentares, predominantes no planeta, as mais antigas são constituídas
por terrenos antigos rebaixados que sofreram intenso processo de sedimentação marinha e
continental a partir do Paleozoico, e que, posteriormente, foram levantados para níveis acima
do mar, e as mais recentes ainda estão sofrendo sedimentação litorânea e fluvial. Nelas
encontramos os recursos energéticos como o petróleo, carvão mineral e gás natural. As
Grandes Planícies Centrais (EUA), a bacia de Paris (França), a bacia Russo-Siberiana (Rússia) e
a bacia do Paraná (Paraná), constituem exemplos.
As cadeias dobradas (Dobramentos orogenéticos) constituem o sistema montanhoso
mais recente do planeta, a partir do Terciário, e o que apresenta as altitudes mais elevadas.
São resultantes do encontro de duas placas tectônicas e apresentam instabilidade geológica
com frequentes terremotos e intensa atividade vulcânica. A Cordilheira dos Andes e o
Himalaia são exemplos de dobramentos modernos.
PLANISFÉRIO FÍSICO

Fonte: Geographie 2ª. Paris, Hartier, 1987.

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AS FORÇAS ESTRUTURAIS INTERNAS


Os agentes internos que atuam no modelado da superfície terrestre são o tectonismo, os
abalos sísmicos e as atividades vulcânicas. Enquanto um terremoto e uma atividade vulcânica
têm curta duração e alta velocidade, as atividades tectônicas atuam por longos períodos e de
maneira mais lenta.
VULCANISMO
“O termo vulcanismo (derivado de Vulcano, deus do fogo, da mitologia greco-
romana) abrange todos os processos e eventos que permitem e provocam a ascensão
de material magmático juvenil, do interior da terra à superfície terrestre. Este material
juvenil pode ocorrer em estado gasoso, líquido e sólido. Para os antigos gregos o Etna
era o protótipo dos vulcões. PLATÃO (427-347 a.C.) suspeitava de uma corrente de fogo
do interior da Terra, como causa do vulcanismo. POSSIDÔNIO (2. Século a.C.) acreditava
que o ar comprimido em cavernas subterrâneas seria a causa do fenômeno, e, durante a
Idade Média, relacionava-se o fogo eterno do inferno com as profundezas da crosta
terrestre”.
LEINZ, Victor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia Geral. São Paulo: Editora
Nacional,1989p.251.
O Vulcanismo consiste na efusão de material fluido oriundo do magma na superfície,
podendo ocorrer por meio de fendas ou orifícios. Os assoalhos oceânicos especialmente as
áreas ocupadas pelas dorsais submarinas, concentram a maior parte dos vulcões do globo.
Milhares de ilhas oceânicas formaram-se a partir de atividade vulcânica. A região vulcânica da
Terra é o anel de dobramentos que cerca o Oceano Pacífico, o Círculo de Fogo do Pacífico.
Nesse anel, que inclui todo o ocidente da América, de um lado, e os limites da Ásia oriental
(especialmente o Japão) e da Oceania, de outro, encontram-se perto de três quartos dos
vulcões ativos do mundo. São características de áreas vulcânicas em atividade: a) áreas
orogenéticas modernas; b) áreas formadas em terrenos recentes; c) áreas fraturadas; d) áreas
sísmicas (limites de placas); e) ocorrem, geralmente, nas proximidades do litoral.
ABALOS SÍSMICOS
São gerados por violentos movimentos de massas em profundidades variáveis da crosta
inferior ou do manto, entre 50 e 900 quilômetros, e resultam em rápidas reacomodações de
camadas rochosas da crosta. A partir do foco do terremoto o hipocentro, no interior do
planeta, ondas sísmicas se propagam até a superfície. O ponto da superfície vertical ao foco é
chamado epicentro. As repercussões dos abalos sísmicos atingem áreas maiores ou menores
da superfície em função da profundidade do foco.
Abalos com foco pouco profundo atingem áreas pequenas da superfície. Abalos com foco
muito profundo propagam seus efeitos por vastas áreas, mas quanto maior é o afastamento do
epicentro, menor são as destruições geradas pelo sismo. A maioria dos abalos sísmicos tem o
seu foco em profundidades inferiores a 50 km e a sua magnitude é medida por um aparelho
chamado sismógrafo.
Quando ocorrem no fundo dos oceanos dão origem a maremotos ou tsunamis, ondas
gigantes que se atingirem as costas habitadas, ocasionam grandes prejuízos materiais com
enorme perda de vidas humanas, como ocorrido em 26 de dezembro de 2004, no Pacífico,
com mais de 200 mil mortos. No Brasil ocorrem alguns terremotos com intensidade muito
baixa, quando ocorrem alguns mais significativos, como em 2004, no Acre, com magnitude de
6,8 na Escala Richter, acontecem em áreas pouco habitadas.

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O Tectonismo ou Diastrofismo compreende o conjunto de forças que atuam na crosta


terrestre formando elevações. Essas forças, originadas por pressões internas, provocam
ascensão do magma e os deslocamentos das placas gerando movimentos que são classificados
em orogenéticos e epirogenéticos. Na orogênese ocorre a elevação de vasta porção da
superfície dando origem às grandes cadeias montanhosas do planeta, como os Andes
(América do Sul), Rochosa (América do Norte), Himalaia (Ásia), etc. Forças tangenciais,
geradas pelo deslocamento de duas placas tectônicas deformam a crosta arqueando o
material existente entre elas provocando a formação de dobramentos se as rochas forem mais
flexíveis e falhamentos se as rochas forem mais rígidas.
DOBRAMENTOS

FALHAS

Fonte: Font-Altaba, M e Arribas, A. San Miguel. Atlas de Geologia. Rio de Janeiro, Livro Ibero-
americano, 1980. p. 2-3.

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Os movimentos de longa duração geológica, como, por exemplo, os soerguimentos lentos


da península escandinava, são chamados de epirogênese. Outro exemplo clássico desse tipo de
movimento é o rebaixamento progressivo da fachada litorânea da Holanda, que motivou a
construção dos célebres pôlderes.

A epirogênese age sobre áreas estáveis da crosta, especialmente bacias sedimentares


encaixadas no interior de escudos cristalinos. Ela representa uma das causas de transgressões
e regressões marinhas. Esse avanço ou recuo do mar pode ocorrer, também, pela elevação do
nível do mar provocada por congelamento ou descongelamento de calotas polares em função
de variações de temperatura. Essa variação é denominada eustatismo.
INTEMPERISMO OU METEORIZAÇÃO
As rochas expostas à superfície são submetidas à ação de agentes atmosféricos que,
alterando as mesmas, produzem sedimentos que são transportados pelos agentes de erosão e
sedimentação em outras áreas, ou que originam os solos. A essa alteração das rochas
denominamos intemperismo ou meteorização e a ação que predominará vai depender das
características do clima. Em climas áridos ocorrerá a desagregação mecânica (intemperismo
físico) e em organismos com maior umidade predominará a decomposição química
(intemperismo químico) associada à desagregação. Os organismos vivos determinarão o
intemperismo biológico. A desagregação mecânica das rochas em fragmentos pode ser
realizada pela variação da temperatura, pela ação do gelo e pela ação biológica.
A decomposição química abrange vários processos cujos agentes são a água e alguns
gases como o oxigênio, ácido carbônico e ácido sulfúrico. A velocidade de decomposição será
mais acelerada se a rocha já estiver bem fragmentada mecanicamente. A dissolução, a
hidrólise, a hidratação, a oxidação, a carbonização e a decomposição pelo ácido carbônico são
os processos atuantes.
O intemperismo biológico além de ações mecânicas abrange também a decomposição
por ação de substâncias liberadas como o ácido nítrico, amoníaco e dióxido de carbono.
Algumas espécies vegetais, para a sua sobrevivência, retiram elementos como o potássio e
fósforo enfraquecendo a rocha e tornando-a suscetíveis à posterior desagregação.

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SOLOS
Denominamos solos ao agregado de minerais não consolidados e de partículas orgânicas
produzidas pela ação combinada de fatores físicos e biológicos, situados na camada mais
superficial da crosta terrestre. É um recurso natural importante para a humanidade por
tratar-se de suporte para a vegetação e agricultura, e por ser fonte de recursos minerais. Por
meio de seu estudo é possível determinar as condições climáticas que atuavam no início de
sua formação bem como a natureza da rocha que o originou. Sua composição e estruturas são
determinadas pela atuação e práticas humanas assim como os fatores naturais. Assim, a
retirada da cobertura vegetal para qualquer atividade econômica o deixa vulnerável em
relação à atuação das chuvas e dos ventos, ocasionando a remoção do material mais
superficial ou acelerar o processo de desertificação que pode acarretar na sua perda
definitiva. A Pedologia é a ciência que estuda os solos.
“O homem se tornou fator geológico, geomorfológico, climático e a grande mudança
vem do fato de que os cataclismos naturais são um incidente, um momento, enquanto
hoje a ação antrópica tem efeitos continuados, cumulativos, graças ao modelo de vida
que a Humanidade adotou. Daí advém os graves problemas de relacionamento entre a
atual civilização material e a natureza”.
SANTOS, 1996.

ELEMENTOS FORMADORES DE UM SOLO


 Minerais – São eles que determinam a textura de um solo e sua composição físico-
química que, por sua vez, irá determinar a fertilidade do solo.
 Matéria orgânica – Os materiais decompostos de origem animal e vegetal
constituem o húmus, essencial à liberação de nutrientes, como o nitrogênio e o
fósforo.

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 Ar – Pode ser encontrado nas partes de maior porosidade e que ainda não foram
atingidas pela água. É fundamental para o crescimento da vegetação, pois as raízes
das plantas precisam de oxigênio para realizar sua respiração.
 Água – É fundamental para o desenvolvimento dos vegetais devido ao gás
carbônico, ao oxigênio e aos sais minerais nela presentes. A maior ou menor
presença de água no solo dependerá das condições climáticas, da textura e da sua
porosidade.

EVOLUÇÃO DO SOLO

Fonte: FONT-ALTABA, M. e ARRIBAS, San Miguel. Atlas de Geologia. Rio de Janeiro: Livro Ibero-
americano, 1980.p.E-1; Guerra, Antônio Teixeira. Dicionário Geológico e geomorfológico. IBGE.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


Um solo é classificado como zonal quando o principal fator responsável pela sua
formação é o clima e apresentam-se bem desenvolvidos geralmente apresentando todos os
horizontes.

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Quando o solo é proveniente de condições locais particulares ligadas à topografia e/ou


natureza da rocha matriz é classificado como intrazonal, e quando não apresentar limites
claramente definidos e for pouco desenvolvido, não apresentando, Por exemplo, o horizonte, é
classificado como azonal. O solo pode ser eluvial ou residual, se sua evolução ocorrer sobre
a rocha que o origina ou, pode ser transportado (coluvial, aluvial, glaciários ou eólicos) se
sua formação ocorrer em local afastado da rocha que origina o material formador.
PERFIL (HORIZONTES)

Fonte: Adaptado da FARNDON, John. Dictionary of the Earth. London, Dorling Kindersley, 1994.

Ao fazermos um corte no solo para abrirmos uma estrada, por exemplo, percebemos que
o mesmo apresenta camadas sucessivas, denominadas horizontes, com colaboração e
composição diferenciadas. O horizonte O é o mais superficial, composto essencialmente por
matéria orgânica em decomposição e onde se localiza a camada de húmus. No horizonte A
encontramos matéria orgânica e inorgânica e é considerado zona de lixiviação por perder
material para o horizonte que é conhecido como a zona de acumulação do material
proveniente do horizonte A e é menos influenciado pelas ações antrópicas e pela erosão.
Embora apresente matéria orgânica é essencialmente composto por matéria inorgânica. O
horizonte C é formado pela rocha matriz parcialmente desintegrada e decomposta.

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EXERCÍCIOS
1. "Em 1540 a.C. o filósofo grego Xenófanes encontrou conchas marinhas nos cumes de
montanhas e pensou que elas poderiam ter estado no fundo do mar em algum
momento, sendo posteriormente soerguidas. Ele tinha razão: forças do interior da Terra
movimentam a crosta terrestre, criam novos relevos ou modificam sua estrutura e
fisionomia [...]. “
(Terra, Lygia; Araújo, Regina; Guimarães, Raul. Conexões: estudos de Geografia Geral e do Brasil, 2015,
p.313).
Essas novas formas de relevo criadas são constantemente modificadas sob a ação da
água e do ar, por exemplo. Assim, sobre a dinâmica do relevo terrestre e a atuação dos agentes
internos e externos do relevo, pode-se afirmar que:
I. a presença da Dorsal Mesoatlântica, grande cadeia de montanhas submersa no Oceano
Atlântico, ajuda a explicar a pouca probabilidade de ocorrerem tsunamis na costa
brasileira, uma vez que esta é fruto não da colisão, mas do afastamento entre placas
tectônicas.
II. no terremoto ocorrido no Japão, em 2011, a porção nordeste do País foi a mais
atingida, por ser a mais próxima ao epicentro do maremoto, isto é, por estar mais
próxima ao local da superfície onde se manifestou o maremoto.
III. os movimentos orogenéticos, ao atingirem as rochas com maior plasticidade, da crosta
terrestre, são os responsáveis, por exemplo, pela formação de grandes dobramentos
modernos, como os Alpes e os Andes.
IV. a formação de grandes deltas como o do rio Nilo e a formação de grandes planícies
aluviais, favoráveis à atividade agrícola, como a do rio Ganges, estão associadas,
principalmente, à erosão pluvial.
V. a presença de solos pedregosos nas regiões desérticas está relacionada,
principalmente, à ação predominante do intemperismo químico nas rochas dessa
região.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas.
a) I, II e III
b) I, III e IV
c) II, IV e V
d) I, II e IV
e) I, III e V
2. Em 27 de fevereiro de 2010, o Chile sofreu um terremoto de 8.8 graus na Escala Richter.
Esse país encontra-se em uma extensa faixa da Costa Oeste da América do Sul. A causa
desse e de outros terremotos deve-se ao fato do Chile estar situado
a) na porção central da Placa Tectônica Sul-Americana, zona de constantes acomodações
da litosfera.
b) na borda ocidental da Placa Tectônica Sul-Americana, junto à Cordilheira dos Andes,
dobramento moderno formado por movimentos orogenéticos.
c) no limite ocidental da Placa Tectônica do Pacífico, zona de grande intensidade de
movimentos orogenéticos.

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d) no limite oriental da Placa Tectônica Sul-Americana, que se afasta da Placa de Nazca,


formando grande falha geológica.
e) no limite ocidental da Placa Tectônica de Nazca, que se movimenta em sentido
contrário ao da Placa do Pacífico, provocando epirogênese.
3. O relevo terrestre não é estático, mas dinâmico. As constantes transformações que
ocorrem na crosta são provocadas por forças endógenas e exógenas que atuam sobre o
modelado terrestre. Sobre a ação dos agentes internos e externos do relevo podemos
afirmar que
a) as cadeias orogênicas resultam de movimentos tectônicos de curta duração geológica,
que, exercendo pressão em sentido horizontal na crosta, originam grandes
cordilheiras, como a dos Andes.
b) o intemperismo químico é um agente esculpidor do relevo muito característico das
regiões desérticas, em virtude da elevada amplitude térmica diária nessas áreas.
c) a Falha de San Andréas, provocada pelo rebaixamento da Placa de Nazca em relação à
Placa do Pacífico, é um exemplo de força endógena que atua na construção e
modelagem do relevo.
d) as planícies aluviais, detentoras de grande fertilidade, são exemplos de alteração no
modelado do relevo provocada principalmente pelo processo de sedimentação pluvial.
e) a Dorsal Mesoatlântica resulta da expansão do assoalho oceânico devido ao movimento
convergente entre as Placas Africana e Sul-Americana.

GABARITO
1. A
2. D
3. A

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
GEOLOGIA ...................................................................................................................................................... 2
FORMAS DE RELEVO E RECURSOS MINERAIS ............................................................................................ 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


GEOLOGIA
FORMAS DE RELEVO E RECURSOS MINERAIS
O relevo pode ser definido como o conjunto de acidentes irregulares – depressões e
elevações - que modelam a superfície terrestre. Ele é extremamente dinâmico sendo o
produto da interação de forças endógenas (internas) que são responsáveis pela sua
formação, e de forças exógenas (externas), verdadeiras escultoras da natureza, podendo
atuar sucessiva e simultaneamente. Todos os eventos externos têm no sol a sua fonte de
energia enquanto os internos são derivados da energia interna da Terra. O estudo do relevo é
da responsabilidade da Geomorfologia e as principais formas de relevo são as montanhas, os
planaltos, as planícies e as depressões.
As MONTANHAS grande elevação natural do terreno com altitude superior a 300
metros e constituída por um agrupamento de morros. A orogênese é o ramo da geologia que
estuda a origem e formação das montanhas.

Os PLANALTOS são extensões de terrenos mais ou menos planos, situados em altitudes


variáveis. Em geomorfologia usa-se, às vezes, este termo como sinônimo de superfície pouco
acidentada, para designar grandes massas de relevo arrasadas pela erosão, constituindo uma
superfície de erosão. Diz-se, então, que a superfície do planalto e muito regular.

As PLANÍCIES são extensões de terrenos mais ou menos planos onde os processos de


agradação superam os de degradação. É necessário salientar que existem planícies que

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podem estar a mais de 1.000m de altitude, que constituem as chamadas planícies de nível de
base local, ou planícies de montanha. As planícies podem ser classificadas, quanto à sua
situação, em marítimas, costeiras e continentais.

A DEPRESSÃO é uma área ou porção do relevo situado abaixo do nível do mar, ou


abaixo das regiões que lhe estão próximas. As depressões do primeiro tipo, isto é, abaixo do
nível do mar, são denominadas depressões absolutas (mar Morto, Israel-Jordânia, com 395m
abaixo do nível do mar), e as do segundo tipo, depressões relativas.

A CHAPADA é a denominação usada no Brasil para as grandes superfícies, por vezes


horizontais, e a mais de 600 metros de altitude que aparecem na região Centro-Oeste do
Brasil. Do ponto de vista geomorfológico a chapada é, na realidade, um planalto sedimentar
típico.

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A denominação SERRA é usada na descrição da paisagem física de terrenos acidentados


com fortes desníveis. No Brasil, elas designam, às vezes, acidentes variados, como escarpas de
planaltos. As serras são às vezes divididas quanto a sua extensão em serras curtas e serras
longas.
GUERRA, Antonio J.T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

FORMAS DO RELEVO

ROCHAS
São agregados de diversos minerais cujos processos de formação ocorrem naturalmente
na superfície terrestre. Existem algumas rochas que são formadas por um único mineral,
como é o caso do calcário. Quanto à gênese são classificadas em magmáticas / ígneas,
sedimentares e metamórficas.

Jazida de mármore em Carrara, na Itália.

MINERAL é uma massa inorgânica natural, de composição química definida, com


um ou vários tipos de cristalização. Os minerais compõem as rochas que constituem a

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litosfera. Pode-se, pois, definir rocha como um conjunto de minerais ou apenas como
um mineral consolidado.
GUERRA, Antonio J.T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2008.p.428.
ROCHAS MAGMÁTICAS
As rochas magmáticas podem se formar lentamente no interior da crosta pela
solidificação do magma, sendo chamadas, nesse caso de intrusivas (plutônicas ou abissais).
As rochas magmáticas chamadas de extrusivas (vulcânicas ou efusivas) se consolidam na
superfície por meio de vulcões ou de fendas na litosfera e, em contato com a atmosfera,
resfriam-se mais rapidamente.
ROCHAS SEDIMENTARES
Qualquer rocha exposta à ação do vento, da chuva, da temperatura passa a sofrer a ação
do intemperismo, ou seja, do conjunto de processos mecânicos, biológicos ou químicos que
provocam a desintegração das rochas. Quando as rochas perdem a coesão, seus sedimentos
passam a ser transportados por diferentes agentes, como vento, a chuva e a gravidade. Esse
processo é conhecido como erosão. A deposição desse material em outro ambiente é
denominada sedimentação.

Formadas pela desagregação e/ou decomposição de outras rochas, as rochas


sedimentares são subdivididas de acordo com a sua origem em:
 Detríticas: originadas pela desagregação, decomposição, transporte e deposição
de detritos de outras rochas. Ex.: arenito e argilito;
 Orgânicas: formadas pelo acúmulo de detritos orgânicos. Ex.: carvão mineral
(decomposição de matéria orgânica vegetal);
 Químicas: originadas pela decomposição de sedimentos por processos químicos.
Ex.: calcário (decomposição de corais).
ROCHAS METAMÓRFICAS
Todas as rochas podem ser levadas a condições geológicas diferentes daquelas nas quais
se formaram. O metamorfismo é o processo por meio do qual rochas ígneas, sedimentares ou
mesmo metamórficas sofrem transformação na composição mineralógica, na estrutura e
textura, no estado sólido, em resposta às novas condições físico-químicas que diferem das
que prevaleciam durante sua formação. As rochas que passam por este processo são
denominadas rochas metamórficas. Estas novas condições sempre provocam mudanças na
textura e podem ou não alterar a composição mineralógica. Pode ocorrer recristalização dos
minerais preexistentes ou formação de novos minerais e deformações. Graças às condições de
pressão dirigida num determinado sentido, a textura resultante mais comum é a orientada ou
xistosa, caracterizada pelo arranjo de todos ou de alguns dos minerais segundo planos
paralelos. As rochas que apresentam esta estrutura xistosa bem desenvolvida são
denominadas xistos.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
HIDROGRAFIA ................................................................................................................................................ 2
OCEANOS E MARES – HIDROGRAFIA I ....................................................................................................... 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


HIDROGRAFIA
OCEANOS E MARES – HIDROGRAFIA I
A hidrosfera é o conjunto de toda a água existente na Terra, distribuída em seus vários
reservatórios. Os principais são os oceanos, as águas continentais (águas superficiais e águas
subterrâneas), a atmosfera e a água presente nos seres vivos (biosfera). Considerando
somente a massa e o volume dos diferentes reservatórios em superfície, o volume total de
água no planeta é de aproximadamente 1,4 bilhão de km3, distribuídos conforme indicado na
tabela a seguir, que demonstra que a distribuição da água é bastante desigual no planeta.

RESERVATÓRIO VOLUME D’ÁGUA

(106km3) (%)

1340 97,1
Oceanos
24 1,7
Gelo
16 1,2
Águas subterrâneas
0.176 0,01
Águas superficiais
0,013 0,001
Atmosfera
0,00112 0,0001
Seres Vivos
Total hidrosfera(*) 1380
(*) desconsidera a quantidade de água presente nos diversos minerais que contêm em sua
estrutura, e que constituem as rochas, solos e sedimentos.
Cerca de 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. A maior parte desta
água, porém é salgada, aproximadamente 97,5% e, dos outros 2,5%, 68,9% das águas estão
congeladas, 29,9% compõem a água subterrânea, restando algo em torno de 1% à nossa
disposição para um consumo com taxas de crescimento crescentes, seja pelo aumento
populacional, seja pelo seu emprego em atividades econômicas que exigem um grande
consumo como a agricultura e a indústria.
CICLO HIDROLÓGICO

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É o percurso que a água perfaz na natureza, a sequência de fenômenos que fazem com
que a água passe ao estado gasoso e depois retorne para a superfície da terra ou no estado
líquido ou no estado sólido.
O dínamo gerador de toda a energia necessária para o funcionamento do sistema é o sol.
A passagem da água para o estado gasoso se dá por evaporação direta das massas líquidas,
pela transpiração das plantas e pela sublimação das superfícies congeladas. O vapor de água é
transportado para as zonas de maior altitude onde, em contato com temperaturas mais
baixas, condensa-se formando nuvens que, depois, precipitam-se sob a forma de chuva, neve
ou granizo.
Da água precipitada, uma parte retorna diretamente à atmosfera por evaporação não
chegando a atingir a penetra no solo até atingir os níveis freáticos ou tornar a evaporar. Tanto
o escoamento superficial como o subterrâneo alimentam os rios que se dirigem para os lagos
e oceanos.
ÁGUAS OCEÂNICAS
Mais da metade da população do planeta vive numa faixa litorânea de cerca de 100 km.
Grandes e pequenas cidades, aldeias de pescadores e pequenas vilas desenvolvem atividades
relacionadas ao mar. A biodiversidade dos ecossistemas marinhos, que fornece 90% do
pescado mundial, equivale à biodiversidade dos ecossistemas terrestres.

As águas oceânicas também constituem um meio fundamental para transporte,


atividades portuárias de importação e exportação (90% do comércio internacional),
navegação de cabotagem, aquicultura (criação de peixes, ostras, mariscos e crustáceos) e
extração de minerais (sal e petróleo), além das possibilidades de turismo e lazer.
Oceanografia é a ciência que estuda os diferentes aspectos físicos, químicos e biológicos
da água do mar. Além disso, trata da dinâmica geológica das estruturas da litosfera oceânica,
do relevo submarino, da exploração mineral, da ecologia marinha, entre outros.
A Organização Internacional de Hidrografia (IHO, na sigla em inglês) passou a
considerar, a partir do ano 2000, cinco oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e
Meridional (Antártico). Os oceanos consistem, na realidade, em uma única superfície de água
salgada, sendo suas divisões meramente didáticas.
 Oceano Pacífico: é o maior dos oceanos, banhando a Ásia, a Oceania e a América.
Possui intensa atividade tectônica, o que explica a presença de grande quantidade

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de ilhas de origem vulcânica. Por isso, é também o local em que se situa o Círculo
de Fogo do Pacífico. A profundidade média do Pacífico é de 4 280 metros, já a
profundidade máxima conhecida, na fossa das Marianas, é de 11 034 metros.
Na zona do Equador, é baixa a salinidade da água superficial, devido às chuvas
relativamente abundantes e à escassa evaporação, limitada pela ausência de ventos fortes e
pela nebulosidade. A temperatura das águas superficiais é, em geral, mais elevada no Pacífico
norte que no sul. Isso se deve à maior proporção de terras emersas no hemisfério norte e à
influência do continente gelado da Antártica no sul.
 Oceano Atlântico: localizado entre a América, a Europa e a África, é o segundo
oceano do mundo em extensão, o que corresponde à quinta parte da superfície da
Terra. Apresenta-se fechado ao norte e muito aberto ao sul. A maior profundidade
do oceano atlântico é a fossa de Milwauke, com aproximadamente 9 650 metros,
localizada na região das Antilhas. Suas águas apresentam salinidade média
superior à dos demais oceanos.
 Oceano Índico: é o terceiro dos oceanos terrestres em extensão, com cerca de 73
440 000 km2. Sua profundidade, em média de 3 890 metros, alcança o máximo na
fossa de Java, com 7 450 metros. O Índico estende-se entre três continentes: a
África a oeste, a Ásia ao norte e a Oceania a leste. A bacia do Oceano Índico formou-
se durante a Era mesozoica, quando o antigo continente de Gondwana se
fragmentou, dando origem à América (sul), à África, à Austrália, à Antártica e à
Índia. Esse oceano tem grande influência nos climas do sul asiático. A salinidade
das águas superficiais é menor a nordeste e maior a noroeste, sobretudo no mar
Vermelho e no golfo Pérsico. São abundantes os recursos minerais, principalmente
nas plataformas continentais do golfo Pérsico, no mar Vermelho e no oeste da
Austrália, onde se encontram importantes instalações petrolíferas. O fundo do mar
Vermelho contém depósitos de ferro e de cobre, e, no leito oceânico, acumulam-se
grandes quantidades de manganês e de cromo.
MARES
Porções de água salgada que circundam os continentes, os mares apresentam aspectos
físicos, químicos e biológicos peculiares e dimensões mais restritas do que os oceanos. Em
alguns casos, aparecem no interior dos continentes grandes corpos d’água que, em função de
sua extensão, recebem a denominação de mar (Ex.: Mar de Aral, Mar Morto, etc.), quando, na
verdade, trata-se de grandes lagos. De acordo com sua disposição no espaço e suas
características geográficas, os mares podem ser classificados em abertos, interiores e
fechados.
 Abertos ou costeiros: são encontrados ao longo das regiões costeiras e
apresentam ampla comunicação com os oceanos. São mares abertos: Mar das
Antilhas, Mar do Norte, Mar Arábico, Mar da China e Mar do Japão.
 Interiores ou continentais: encontram-se no interior dos continentes, mantendo,
porém, comunicação com os oceanos por meio de pequenas aberturas
denominadas estreitos ou canais. São mares interiores: Mar Mediterrâneo, Mar
Vermelho e Mar Negro.
 Fechados ou isolados: são aqueles que não mantêm nenhuma comunicação com
os oceanos ou com os outros mares. Por estarem completamente isolados dos
oceanos, esses mares são bastante influenciados pelas características das áreas
continentais em que se encontram. São mares fechados: Mar Cáspio, Mar de Aral e
Mar Morto.

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POLUIÇÃO MARINHA
A poluição marinha é em grande parte, consequência da poluição da água dos rios, que
correm para o mar. Indústrias e residências despejam toneladas de detritos nas águas dos
rios; cidades utilizam a água do mar como esgoto, lavouras empregam fertilizantes e
agrotóxicos, cujo excesso é transportado para o mar nas águas dos rios; e áreas de criação
descartam em rios excrementos de animais. Calcula-se que os dejetos urbanos residenciais e
industriais sejam responsáveis por 80% da poluição das águas do mar.
Substâncias tóxicas utilizadas nas atividades mineradoras, rejeitos das áreas de extração
de minérios ou resultantes de processos industriais da produção de pasta de celulose, tintas e
solventes acumulam metais pesados como mercúrio, chumbo e cádmio. Esses metais, quando
não tratados, são lançados nos rios, podendo atingir o mar e contaminar a fauna e flora
marinhas e o ser humano. Entre os efeitos danosos da exposição do ser humano aos metais
pesados estão o câncer, as doenças que atingem o sistema nervoso central e, em casos
extremos de contaminação a morte.
O CASO DE MINAMATA
Em maio de 1956, na cidade piscatória de Minamata, no Japão, várias pessoas
surgiram com sintomas que incluíam convulsões severas, surtos de psicose, perda de
consciência e coma, tendo acabado por morrer. Não se sabia a causa da doença que
afetou muitas pessoas da cidade, mas foi notado que alguns pássaros e gatos
apresentavam sintomas idênticos. Por exemplo, no caso dos gatos, começavam a pular
e contorcer-se, corriam em círculos e lançavam-se à água, afogando-se. Todos os
afetados pela doença tinham uma coisa em comum, alimentavam-se com quantidades
consideráveis de peixe da Baía de Minamata. Estabelecido este elo, tentou determinar-
se a causa e acabou por se concluir que uma fábrica em Minamata utilizava compostos
com mercúrio como catalisadores no processo de produção de PVC. Os efluentes da
fábrica, com resíduos que continham mercúrio, foram durante muitos anos deitados na
baía. Aí, este (na forma de metilmercúrio – extremamente tóxico) foi-se concentrando
no organismo dos peixes da baía. Como o peixe era o principal componente da dieta
local, milhares de moradores da região foram contaminados.

Vítima de Minamata pelo consumo de peixe contaminado.


O combate à poluição marinha inclui um conjunto de normas e procedimentos que
depende de fiscalização em terra firme, como o controle de escoamento dos fertilizantes e
outros produtos nocivos à água: a proibição da descarga de efluentes industriais nos rios; e a
universalização dos processos de tratamento de esgoto.

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Outra parcela da poluição dos mares e zonas costeiras resulta de acidentes no


transporte marítimo de mercadorias. A principal causa dessa poluição são os acidentes
envolvendo grandes petroleiros, que respondem por 10% da poluição dos oceanos.
A poluição das águas oceânicas vem trazendo consequências para outros ecossistemas
marinhos como os recifes e os complexos manguezais.
ÁGUAS CONTINENTAIS
As águas continentais são representadas pelos lagos, rios, águas subterrâneas e geleiras.

LAGOS
Lago pode ser definido como uma depressão do relevo coberta de água, geralmente
alimentada por cursos d’água e mananciais que variam em número, extensão e profundidade.
Os lagos encontrados nas bordas litorâneas e que possuem ligações com o mar são
denominados lagunas. No Brasil, podemos citar a Lagoa Mirim, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a
Lagoa dos Patos, entre outras. Normalmente, os lagos são alimentados por um ou mais rios
afluentes.
Geralmente são alimentados por um ou mais rios, como também originam outros rios. É
o caso do Lago Vitória, onde nasce o rio Nilo.

Classificação dos lagos quanto à sua origem


 Lago tectônico: É aquele que se forma entre as falhas geológicas. São exemplos os
lagos Tanganica, Alberto e Niassa, localizados na África.
 Lago vulcânico: É formado por acúmulo de águas pluviais em crateras de vulcões.
 Lago de barragem: É formado pela acumulação de materiais detríticos pelo mar,
pelas restingas e pelas geleiras.

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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
As águas que se infiltraram no solo e que penetraram, devido à ação da gravidade, em
camadas profundas do subsolo atingindo o nível da zona de saturação (lençol freático) são
denominadas subterrâneas.
O solo e a estrutura geológica participam do ciclo hidrológico como grandes
reservatórios de água, os chamados aquíferos, que abastecem a vazão dos rios e são
susceptíveis de extração e utilização. Os aquíferos são depósitos de água constituídos por
rochas e solos que, em razão de particularidades (boa porosidade e permeabilidade) da
estrutura geológica, permitem a circulação e o armazenamento de água no subsolo. Os lençóis
freáticos são superfícies que delimitam a zona de preenchimento dos espaços porosos e
permeáveis entre partículas do solo e das rochas, determinando a zona de saturação, a partir
da qual a água não mais infiltra no perfil do solo. Esses lençóis afloram, nas superfícies em que
há desníveis do terreno, sob forma de nascentes.
AQUÍFEROS LIVRES E SUSPENSOS

Fonte: TEIXEIRA, Wilson; TOLEDO, Cristina; FAIRCHILD, Thomas; TAIOLI, Fábio. Decifrando a Terra.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.p.126.
A água subterrânea apresenta algumas propriedades que tornam o seu uso mais
vantajoso em relação às águas dos rios: são filtradas e purificadas naturalmente por meio da
percolação, determinando, em alguns casos, excelente qualidade, e podendo, às vezes, até
dispensar tratamentos prévios; não ocupa espaço em superfície e sofre menor influência
direta das variações climáticas.

EXERCÍCIOS
1. Sobre as reservas e a utilização dos recursos hídricos no Brasil e no Mundo,
podemos afirmar que:
I. a água doce dos rios e dos lagos de todo o planeta é responsável pela maior parte da
água doce da Terra;
II. no mundo inteiro, mais de 1,5 bilhão de pessoas dependem principalmente da água de
reservas subterrâneas para suprir suas necessidades básicas;
III. apesar de grande parte do Estado de São Paulo situar-se sobre o Aquífero Guarani, o
sistema de abastecimento do Estado não utiliza fontes subterrâneas;
IV. as calotas polares e as geleiras são as mais importantes, em termos quantitativos,
reservas de água doce de nosso planeta.

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Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas:


a) I e II
b) I, II e III
c) I, III e IV
d) II e IV
e) III e IV

GABARITO
1. D

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA ................................................................................................................. 2
HIDROGRAFIA ................................................................................................................................................ 2
OCEANOS E MARES – HIDROGRAFIA II ...................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CARTOGRAFIA


HIDROGRAFIA
OCEANOS E MARES – HIDROGRAFIA II
O AGENTE EXTERNO RIO (MORFOLOGIA E DINÂMICA)
Rios são todas as correntes naturais e contínuas que deságuam no mar, em um lago ou
em outro curso d’água, originado por uma fonte ou manancial, pelo derretimento da neve e do
gelo ou pela precipitação pluviométrica.

Os rios representam a hidrografia em caráter dinâmico, conduzindo água pelo


continente ao passo que, formam bacias, alimentam lagoas e lagos e contribuem para o ciclo
hidrológico.
TIPOS DE RIOS
 Perenes: rios que possuem água todos os anos (nunca secam). Ex.: São Francisco,
Amazonas.

Cânions do rio São Francisco

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 Intermitentes: Só possuem água em determinados períodos do ano. Ex.: Rios do


Sertão nordestino.

 Efêmeros: rios que possuem água imediatamente ou durante as precipitações. Ex.:


rios de áreas desérticas ou semidesérticas.
FOZ OU DESEMBOCADURA
O local onde nasce é denominado nascente ou cabeceira e o local onde deságua
denomina-se foz ou desembocadura. Quando na foz é depositada grande quantidade de
sedimentos cuja acumulação determina a existência de vários canais para escoamento de água
doce para o mar, temos um delta. Alguns deltas são importantes pela sua magnitude como os
do rio Nilo, Mississipi e Parnaíba (Brasil).
Quando o processo de acumulação de materiais é superado pela ação das marés e o rio
deságua em apenas um canal, temos um estuário. A maioria absoluta dos rios brasileiros têm
foz deste tipo.

Na foz encontra-se o nível de base do rio, que é sua parte mais baixa. Quando um rio
deságua em outro, o encontro denomina-se confluência e aí se localiza o nível de base.

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Confluência dos rios Drava e Danúbio perto de Osijek, Croácia.


CURSO
O curso de um rio é dividido em três partes: no alto curso ou superior, por ter menos
declividade, predomina o maior trabalho erosivo, produzindo vales encaixados em forma de v
originando desfiladeiros ou gargantas, como o Grand Canyon (EUA), formado pelo rio
Colorado; no médio curso, a velocidade da água diminui causada pela menor declividade,
produzindo menor erosão, transportando o material previamente erodido, já apresentando
alguma sedimentação e apresentando um vale já mais aberto; no baixo curso ou inferior, a
capacidade de erosão é mínima e ocorre o absoluto predomínio da sedimentação do material
transportado formando cursos sinuosos e divagantes caracterizados pelos meandros (curvas)
e apresentando os vales bem abertos, através dos quais os rios apresentam amplas
possibilidades de navegação até a foz.
PERFIL LONGITUDINAL

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PERFIL LATITUDINAL OU TRANSVERSAL

BACIA E REDE HIDROGRÁFICA


A rede hidrográfica é constituída pelo rio principal e todos os seus afluentes e
subafluentes, e a bacia hidrográfica é a superfície total drenada pela rede.

A rede pode apresentar maior ou menor densidade de rios conforme as características


geológicas da área da bacia. Uma estrutura sedimentar propicia maior infiltração e resultam
na existência de um número menos de rios do que em áreas de relevo cristalino. Uma bacia
hidrográfica pode ser muito extensa, como a do Amazonas que drena maiôs da metade do
território nacional ou pode ter dimensões de escala local. Estão separadas umas das outras
por divisores de água ou interflúvios, situados em zonas mais elevadas.
REGIME
Basicamente o regime de um rio pode ser nival ou glacial, causado pelo derretimento
das neves ou degelo, e pluvial, quando consequência das precipitações. Os regimes pluviais
vão corresponder às características climáticas, ou seja, as cheias ocorrerão durante as chuvas
e a vazante corresponderá à estação seca. Um regime nival apresenta seu caudal máximo
durante a primavera e princípios do verão por serem os meses em que ocorre a fusão do gelo
e da neve, enquanto a vazante ocorre no inverno, a exemplo do rio Mackenzie, no Canadá. Há
ainda rios que tem regimes perigalciais que são abastecidos pelo derretimento parcial das
calotas polares das terras frias.

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GEOPOLÍTICA DA ÁGUA
A atual situação dos recursos hídricos é um dos principais fatores que vem causando
preocupações quanto a conflitos entre países devido à maneira como estão sendo gerenciados
esses recursos. Como a distribuição natural da água pela superfície não corresponde à
distribuição política, alguns países possuem mais volume de água doce do que outros,
contribuindo assim para diversos tipos de conflitos.
Essa crise tem provocado algumas mudanças nas economias, pois a água é fonte de
riqueza em setores como o da agricultura, da indústria, da geração de energia, além de ser
essencial para a sobrevivência humana. Recuperar a sua qualidade, volume e sua distribuição
são desafios que os governantes terão nos próximos anos para que ela não se torne um
produto de mercantilização e motivos de conflitos.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO),
órgão da ONU, estima-se que 1,1 bilhão de pessoas no mundo carecem de acesso à água
potável e 2,5 bilhões de pessoas de serviços de saneamento, além de 1,3 bilhão não terem
acesso à eletricidade, e esses números só tendem a aumentar. Dos quinze países mais carentes
desse recurso, doze deles estão no norte da África e no Oriente Médio, regiões potencialmente
explosivas por conta de conflitos internos, como os de tribos que vivem sob a mesma bandeira
e têm diferentes origens étnicas e crenças religiosas. Essa crescente demanda por água doce
pode reavivar confrontos entre esses países que já disputam espaço político e influência.
Outros estudos realizados pela ONU apontam que cinquenta anos é o tempo estimado para
que metade da população mundial conviva com a escassez crônica da água.
Assim como as riquezas são distribuídas de forma irregular entre as nações, por
questões políticas a distribuição da água deve ser analisada nessa mesma perspectiva, pois
não se pode considerar que a sua distribuição natural desigual e as mudanças climáticas
sejam apontadas como únicas causas da atual crise hídrica global.
O domínio por territórios de grandes quantidades de água é um fator fundamental para
que qualquer sociedade possa garantir a sua sobrevivência e desenvolvimento. Existem
territórios e regiões que possuem grandes quantidades deste recurso, enquanto em outros
pontos do planeta não apenas é um bem escasso como também é responsável pela miséria e
conflitos inter e extraterritoriais.
Entre todas as previsões sobre o assunto, algumas apontam que poderá haver mais
guerra no futuro pela água. Mas a escassez de água também poderá diminuir a produção de
alimentos e ampliar a disseminação de doenças, aumentar a pobreza e a violência devido às
migrações, e até alterar quadros civilizacionais, como entre Bangladesh e Índia, que devido à
escassez de água gera migrações de um país para outro, alterando o quadro étnico de ambos.
Os conflitos serão inevitáveis e continuarão crescendo se não acontecer uma mudança
radical em nossa sociedade e no estilo de vida. Muito se fala no conceito de Desenvolvimento
Sustentável, mas ele tem um alto custo, e como vai beneficiar as gerações futuras que ainda
não votam nem pagam impostos, faz com que entendemos porque a ele ainda não foi dada a
devida importância. A esperança recai sobre o conceito de Sociedade Sustentável, que ao
contrário da primeira que apenas modificaria o modo de produção, esta sim, levaria uma
nação a um consumo consciente e com possibilidade de compartilhar os recursos nela
existentes.

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NÍVEL DE ESTRESSE HÍDRICO (2009)

O estresse hídrico – também chamado de escassez hídrica física – é um termo utilizado


para designar uma situação em que a demanda por água é maior do que a sua disponibilidade
e capacidade de renovação em uma determinada localidade. Trata-se de uma expressão
elaborada para representar uma situação grave que pode ser ocasionada tanto por fatores
naturais quanto por fatores socioeconômicos.
Sabemos que os recursos hídricos encontram-se mal distribuídos entre os países e
também no interior do território destes. As populações também se encontram de igual modo
mal distribuídas no mundo, havendo, assim, regiões que abrigam um grande número de
pessoas e, ao mesmo tempo, não apresentam uma disponibilidade de água para suprir suas
necessidades.
Em muitos casos, o risco de estresse hídrico dificulta ou até impede o desenvolvimento
econômico e humano, pois não permite que práticas como a industrialização e a agricultura
desenvolvam-se, lembrando que essas são as áreas da economia que mais utilizam água. Com
isso, além da própria água, torna-se necessário importar uma grande quantidade de produtos,
o que faz com que se elevem as relações de dependência econômica, isso sem falar na baixa
geração de emprego e poucas expectativas de crescimento local.
Existem algumas situações em que o estresse hídrico é provocado não pela escassez
propriamente dita dos recursos hidrográficos regionais, mas sim pela poluição das águas, dos
mananciais e reservas. Assim, mesmo com certa quantidade de água disponível, ela torna-se
inutilizável, o que faz com que o estresse hídrico torne-se mais intenso ou aconteça em
regiões onde a sua manifestação, em tese, seria improvável.
Em outros casos, o estresse hídrico está relacionado com problemas de gestão pública, a
exemplo de um incorreto planejamento do manejo da água ou da não adequação dos sistemas
de reservatórios para a população. Em São Paulo, atualmente, vive-se uma problemática nesse
sentido, pois mesmo havendo, em volume total, uma quantidade de água adequada para a
população da região, há ocorrência de escassez física desse recurso, o que vem provocando
uma grande preocupação por parte da população local e também das autoridades.

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Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o estresse hídrico poderá afetar até
18 milhões de pessoas até 2020, mas existem outras previsões que falam em números
maiores. Nos países andinos, a situação parece se complicar, pois boa parte dos rios que
abastecem a região é proveniente do derretimento do gelo nas montanhas que compõem os
Andes. Com a elevação das temperaturas em razão do aquecimento global, a quantidade desse
gelo diminuirá e a vazão desses rios poderá ser menor.
Dessa forma, para que o mundo evite a ocorrência de um “estresse hídrico
generalizado”, que afete a maior parte da população mundial, é preciso conservar os cursos
d'água e os mananciais, bem como as reservas florestais que auxiliam na preservação das
nascentes em seus mais diversos tipos. É necessário que o mundo consiga desenvolver-se a
partir de uma perspectiva sustentável, ou seja, de conservação dos elementos naturais para as
gerações futuras.

RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS


A interdependência hidrológica, ou seja, o compartilhamento dos recursos hídricos entre
diversos tipos de usuários ou entre diversos países é uma realidade. Duas em cada cinco
pessoas no planeta vivem em bacias hidrográficas internacionais partilhadas por mais de um
país. As águas do rio Amazonas, por exemplo, são compartilhadas por nove países e as do Nilo,
por onze. A mesma interdependência se aplica aos aquíferos, mares lagos e oceanos.

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Se um país polui as águas de um rio a montante (na direção da nascente) ou desvia suas
águas, afeta inevitavelmente a quantidade, a regularidade e a qualidade de água para os países
que o utilizam a jusante (para onde correm as águas do rio, sua foz).
O Relatório do Desenvolvimento Humano de 2006 apresenta alguns conflitos internos
relacionados a questão da água, como na China, Índia, Tailândia e Paquistão.
Nos últimos 50 anos, 37 confrontos entre Estados envolvem o compartilhamento de
água além de diversos tratados nessa temática. No âmbito internacional, a falta de
cooperação e a má gestão das bacias hidrográficas internacionais ameaçam o meio ambiente,
deteriorando a qualidade da água, agravando o problema das secas e afetando a subsistência e
a pesca.
Além de rios e lagos, os aquíferos repositórios de mais de 90% da água doce do planeta,
também ultrapassam as fronteiras estabelecidas pela humanidade. É o caso do aquífero
Guarani, na América do Sul, partilhado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Somente na
Europa existem mais de 100 aquíferos transfronteiriços.
A cooperação e a gestão compartilhada das águas transfronteiriças, porém, podem
melhorar e até reverter situações de risco. Algumas dessas medidas já estão sendo adotadas
na União Europeia, como o Plano de Ação do Rio Reno, além dele o rio Danúbio também é alvo
de políticas ambientais. Na África, o Lesoto e a África do Sul colocaram em prática um
programa conjunto de infraestrutura que está produzindo água de boa qualidade e
rendimentos para a população.
O caso mais conhecido é o do Mar de Aral, tido como um dos piores desastres ecológicos
provocados pela ação humana.

O desaparecimento do Mar de Aral, na Ásia Central, é uma das maiores catástrofes


provocadas pelo homem do mundo. Para estimular o cultivo de algodão, políticas de irrigação
agressivas implementadas pelos soviéticos transformaram 90% do que costumava ser o
quarto maior lago do mundo em um deserto. Foram necessários apenas 40 anos para que o
Mar de Aral praticamente secasse. Agora, resta apenas 10% de sua área original.

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A “EVOLUÇÃO” DO MAR DE ARAL

Fonte: www.planetasolar.com.br

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
A DINÂMICA A ATMOSFERA .......................................................................................................................... 2
AS CAMADAS E SUAS CARACTERÍSTICAS ................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


A DINÂMICA A ATMOSFERA
AS CAMADAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
A origem da atmosfera está relacionada ao processo de formação do planeta, mas sua
composição atual foi determinada por processos associados aos seres vivos que nele
surgiram. Hoje ela é importante fonte de elementos essenciais à vida; e de fenômenos ópticos
associados à sua composição decorrem da sua cor azulada, as sombras e as penumbras.
Durante o processo de formação do planeta Terra, transformações físico-químicas
acabaram produzindo substâncias gasosas que se desprenderam da massa sólida por
permeação, por aberturas diversas, e passaram a compor uma atmosfera primitiva,
seguramente muito diferente da atual.
Substâncias simples tais como o Hidrogênio (H2) e o Hélio (He), teriam sido abundantes
nessa fase jovem da atmosfera.
No primeiro bilhão de anos, a temperatura da Terra deve ter sido bem mais elevada que
a atual. Consequentemente, a agitação térmica das moléculas dos gases atmosféricos
suplantava a força gravitacional, o que pode ter determinado o escape para o espaço de
grande parte do hidrogênio e do hélio. A ação da radiação ultravioleta do Sol, o resfriamento
progressivo do planeta, as descargas elétricas e outras transformações físico-químicas
determinaram a formação de novos compostos, a liberação do oxigênio, a condensação do
vapor d’água, a decomposição da amônia (com a liberação de seus componentes). Assim, esses
e muitos outros processos químicos complexos foram, lentamente, alterando a composição da
atmosfera, provocando chuvas e a gênese dos oceanos.
Aos poucos a Terra se resfriou, dando origem a uma atmosfera primaria, ao mesmo
tempo em que surgiam os primeiros organismos vivos. A respiração e a fotossíntese passaram
a desempenhar um papel fundamental na formação de uma atmosfera secundária, que
paulatinamente, atingiu a composição básica presente nos tempos atuais. Essa atmosfera pode
ser considerada extremamente frágil e ainda sujeita tanto à entrada de gases das mais
variadas origens quanto ao escape, para o espaço interplanetário, de moléculas das suas
regiões superiores.
A interação entre a atmosfera, a crosta sólida do planeta, a superfície dos oceanos e o
conjunto de seres vivos (a biota) é incessante e, certamente, determinará o futuro do nosso
planeta.
A atmosfera é a camada gasosa que envolve nosso planeta. Sua espessura pode atingir
além de 900 km e é responsável pelos raios solares não atingirem diretamente a superfície do
planeta, possibilitando que a vida se desenvolva normalmente.
O ar que respiramos é composto basicamente por 78,08% de hidrogênio e 20,94% de
oxigênio, ao nível do mar, além de outros gases conforme mostra a tabela a seguir:

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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ATMOSFERA


VOLUME (%)
GÁS
78,08
NITROGÊNIO (N2)
20,94
OXIGÊNIO (O2)
0,93
ARGÔNIO (Ar)
0,03
D. CARBONO (CO2)
0,0018
NEÔNIO (Ne)
0,0005
HÉLIO (He)
0,00006
OZÔNIO (O3)
0,00005
HIDROGÊNIO(H)
INDÍCIOS
XENÔNIO (Xe)
INDÍCIOS
METANO (Me)
Os limites inferiores da atmosfera encontram-se na superfície da crosta terrestre e na
dos oceanos. Se tais limites são bem definidos, o mesmo não acontece comas fronteiras
superiores. Há uma progressiva rarefação dos gases decorrente da diminuição do efeito da
força da gravidade terrestre, o que provoca um escape sistemático do efeito da força
gravitacional terrestre, o que provoca um escape sistemático das moléculas para o espaço.
Para sistematizar o estudo da atmosfera, os cientistas procuram classificar as regiões
pelas suas propriedades físico-químicas e delimitá-las por cota de altitude. Os critérios para as
denominações dessas regiões variam, mas o esquema geral permanece o mesmo.
 Troposfera ou baixa atmosfera é a mais próxima da superfície e onde ocorrem os
fenômenos meteorológicos. Sua espessura varia de 8 km nos polos aos 18 km no
Equador, com média na faixa dos 12 km, contendo cerca de 80% do total de gases e
todo o vapor d’água. Nela, a temperatura diminui 6° a cada quilômetro.
 Tropopausa delimita a parte superior da troposfera e nela a temperatura se
mantém constante antes de começar a aumentar acima de 22 km,
aproximadamente. Esta condição térmica não permite a convecção do ar e
determina a ocorrência dos climas à troposfera.
 Estratosfera é a camada acima da tropopausa e varia de 20 km a 50 km de
altitude. Nela encontra-se a camada de ozônio que é responsável pela filtragem da
quase totalidade de radiação ultravioleta permitindo o desenvolvimento da vida no
planeta. Essa absorção da radiação UV faz com que a temperatura vá aumentando
com a altitude, até atingir 0°. A sua parte superior constitui a estratopausa onde
ocorre outra inversão térmica com a diminuição dos valores de temperatura.
 Mesosfera localiza-se entre 50 km e 80 km e nela as temperaturas vão diminuindo
dos valores da temperatura.
 Ionosfera ou Termosfera é a camada considerada como alta atmosfera e varia
dos 80 km aos 600 km de altitude. Nela a temperatura volta a aumentar, chegando
a superar os 1000°C negativos e são abundantes, as partículas com carga elétrica.
As transmissões radiofônicas e televisivas fazem uso das propriedades dessa
camada.

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 Exosfera constituída apenas por moléculas de matéria não exercendo nenhuma


influência sobre as atividades meteorológicas. Os satélites artificiais utilizam essa
camada.
CAMADAS DA ATMOSFERA

Fonte: FARNDON, John. Dictionary of the Earth. London, Dorling Kindersley, 1994.
TEMPO = CLIMA?
Muito embora estejam relacionados, tempo e clima são conceitos diferentes. Ao falarmos
de tempo estamos nos referindo às condições atmosféricas de um determinado lugar num
determinado momento. Agora o tempo está ensolarado, mas daqui a algumas horas poderá
estar chuvoso. O clima corresponde ao conjunto de características médias da atmosfera, num
dado lugar, durante um longo período. Esse período deve ser suficientemente longo para que
uma anomalia climática anual não tenha influência na determinação do clima, já que se trata

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de uma média e as médias são fortemente influenciadas por dados extremos. Por isso o tempo
mínimo para determinações climáticas é de 30 - 35 anos.
PREVISÃO DO TEMPO

Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. INPE

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
A DINÂMICA A ATMOSFERA .......................................................................................................................... 2
EL NIÑO E LA NIÑA..................................................................................................................................... 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


A DINÂMICA A ATMOSFERA
EL NIÑO E LA NIÑA
O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e subsuperficiais do
Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se à presença
de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte do Peru na época de Natal.

Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de


Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Na atualidade, as anomalias
do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam
uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem
consequências no tempo e no clima em todo o planeta.
Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El
Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o
enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial.
Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser
observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando
mudanças nos padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das
chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo
também são observados aumento ou queda de temperatura.
A figura abaixo mostra a situação observada em dezembro de 1997, no pico do
fenômeno El Niño 1997/98.

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O termo La Niña ("a menina", em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por
ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo ("o velho",
em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño, porém como El Niño se
refere ao menino Jesus, anti-El Niño seria então o Diabo e, portanto, esse termo é pouco
utilizado. O termo mais utilizado hoje é: La Niña

Em geral, episódios La Niñas também têm frequência de 2 a 7 anos, todavia tem ocorrido
em menor quantidade que o El Niño durante as últimas décadas. Além do mais, os episódios
La Niña têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses, e somente alguns episódios
persistem por mais que 2 anos. Outro ponto interessante é que os valores das anomalias de
temperatura da superfície do mar (TSM) em anos de La Niña têm desvios menores que em

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anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4, 5ºC acima da média em
alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a
4°C abaixo da média. Episódios recentes do La Niña ocorreram nos anos de 1988/89 (que foi
um dos mais intensos), em 1995/96 e em 1998/99.

Anomalia de temperatura da superfície do mar em dezembro de 1988. Plotados somente as


anomalias negativas menores que -1ºC. Dados cedidos gentilmente pelo Dr. John Janowiak -
CPC/NCEP/NWS/NOAA-EUA.
CONSEQUÊNCIA DO EL NIÑO E LA NIÑA NO BRASIL

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EXERCÍCIOS
1. As consequências do fenômeno El Niño ocorrem de forma diferenciada sobre o espaço
brasileiro. Em algumas áreas, ocorrem chuvas acima da média histórica, enquanto em
outras a quantidade de chuvas diminui. Há outras áreas, entretanto, que não sofrem os
efeitos desse fenômeno, mantendo as mesmas médias históricas.
Sobre os efeitos do El Niño nas chuvas sobre o território brasileiro, podemos afirmar
que esse Fenômeno
a) intensifica as chuvas na Amazônia e provoca estiagem prolongada na Região Sul.
b) mantém as chuvas com as mesmas médias históricas nas Regiões Sul e Sudeste.
c) provoca precipitações acima da média na Região Sul, com enchentes e inundações
anormais durante o verão.
d) acarreta chuvas abaixo da média no Sertão nordestino e chuvas acima da média em
toda a Amazônia.
e) provoca grande estiagem na Região Sul e eleva as médias pluviométricas na Região
Nordeste.
2. Sobre os principais efeitos do fenômeno “El Niño” nas diferentes regiões do Brasil,
pode-se afirmar que
a) na Região Sul, o volume de chuva se reduz significativamente, sobretudo no fim do
outono e começo do inverno.
b) prejudica a pecuária e compromete o abastecimento de água no Sertão, podendo
atingir também o Agreste e a Zona da Mata Nordestina.
c) provoca grandes inundações na porção leste da Amazônia, prejudicando a atividade
agrícola na região.
d) traz mais benefícios do que prejuízos à agricultura no Sul do País, uma vez que
interrompe os longos períodos de estiagem característicos do clima subtropical
litorâneo.
e) ao contrário da “La Niña”, intensifica o volume de chuvas e aumenta a temperatura
média em todas as regiões do País.

GABARITO
1. C
2. A

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
A DINÂMICA A ATMOSFERA .......................................................................................................................... 2
BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO E AQUECIMENTO GLOBAL ................................................................. 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


A DINÂMICA A ATMOSFERA
BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO E AQUECIMENTO GLOBAL
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A poluição atmosférica é provocada por fontes estacionárias, como indústrias e usinas
termelétricas, e fontes móveis, como caminhões, ônibus e automóveis menores. É um dos
principais problemas de saúde pública, principalmente nas grandes aglomerações urbanas. Na
zona rural, a prática de queimadas em canaviais e os incêndios em florestas e outras
formações vegetais são os principais responsáveis pela poluição atmosférica. Com o
lançamento de gases e partículas sólidas na atmosfera, tanto pode ocorrer um desequilíbrio
nas proporções de gases que já a compõem (caso da elevação da concentração de dióxido de
carbono) quanto podem surgir gases estranhos a ela, como é o caso do dióxido de enxofre, dos
óxidos de nitrogênio e do monóxido de carbono. Ocorre também, o aumento de elementos ou
partículas que naturalmente não aparecem na composição atmosférica, caso do chumbo, das
potências industriais dos aerossóis, das fumaças negras, dos hidrocarbonetos, dos solventes,
etc.
CONCENTRAÇÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA (PARTÍCULAS POR MILHÃO – PPM)

LOVELOCK, James. Gaia: cura para um planeta doente. São Paulo: Cultrix, 2016.p.169.
CONCENTRAÇÃO DE CARBONO NA ATMOSFERA PODE PASSAR DOS 410 PPM
NESTE ANO
A concentração de carbono na atmosfera da Terra pode ultrapassar mais uma
barreira simbólica neste ano. Segundo o Met Office, instituto de meteorologia e clima
britânico, a concentração pode passar da casa dos 410 partes por milhão (ppm) no
meio de 2017. A ultrapassagem histórica poderá ocorrer em maio. Depois, a
concentração deve recuar para cerca de 403 ppm, mantendo a tendência de elevação
constante desde que a humanidade começou a entupir a atmosfera com os gases de
efeito estufa.
O salto na concentração de carbono de 2016 a 2017 será menor do que a variação
do período anterior (de 2015 a 2016). Afinal, o salto registrado no ano passado foi o
maior em 50 anos de série histórica no observatório de Mauna Loa, no Havaí. Mesmo
assim, o aumento na taxa de carbono deste ano deverá ser acima da média.
A taxa de carbono atingiu pela primeira vez a marca dos 400 ppm em 2012. O
dado foi confirmado pelo observatório de Mauna no ano seguinte. Em 2016, pela
primeira vez passamos um ano inteiro com uma concentração de CO2 na atmosfera

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acima de 400 partes por milhão. Antes da era industrial, essa concentração ficava
abaixo de
http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/03/concentracao-de-carbono-na-
atmosfera-pode-passar-dos-410-ppm-este-ano.html

AQUECIMENTO GLOBAL
Uma das consequências da ação humana sobre o meio ambiente é a elevação da
temperatura média global, provocada pela intensificação do efeito estufa. O efeito estufa é um
fenômeno conhecido desde o fim do século XIX. Porém, é somente no século XX que as
pesquisas tornaram-se mais confiáveis. Pesquisas apontam para um acréscimo de 3°C na
temperatura média até 2050, quando a concentração de dióxido de carbono na atmosfera
duplicará.
O ano de 2016 consta como o ano mais quente já registrado desde 1880, segundo a
agência norte-americana que monitora a atmosfera e os oceanos, a NOOAA. Foi também o
terceiro ano consecutivo que registrou um aumento recorde de temperatura média do planeta
(0,94ºC). No século XXI esse recorde já foi quebrado 5 vezes, em 2005, 2010, 2014, 2015 e
2016.
ANOMALIAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

EFEITO ESTUFA
O Efeito Estufa é um dos principais fatores para a manutenção da temperatura do
planeta. Mas sua intensificação se acelerou no século XX, o que está alterando ciclos
biológicos. Um exemplo perturbador é o do ozônio (O3), que existe em todas as camadas do ar.
O aumento da quantidade do gás em baixas altitudes agrava o efeito estufa, pois aumenta a
retenção de energia solar. Porém, a relação entre o aumento das emissões de CO2 e as
alterações climáticas não é consenso entre os pesquisadores.
MUDANÇAS NA TEMPERATURA DO PLANETA
Para os participantes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças
Climáticas), porém, o que está acontecendo agora é diferente. Os gases que se acumulam na
atmosfera como resultado da atividade do homem são transparentes à luz visível, como um
vidro de uma estufa, permitindo que os raios solares aqueçam a superfície terrestre. Quando a
Terra devolve o calor em excesso, não é mais sob forma de luz, mas de radiação
infravermelha. Como os gases poluentes absorvem essa radiação como calor, parte fica retida
na atmosfera, resultando num aumento da temperatura. Segundo dados do IPCC existem
mudanças consideráveis no mundo inteiro. Entre 1995 e 2016, estão 11 dos 12 anos mais
quentes já registrados desde 1880. O mar está subindo, e o ritmo dessa elevação está
aumentando, no decorrer do século XX, as águas subiram 17 cm.

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Existem ainda previsões de mudanças climáticas em todos os continentes:


 África: A falta de recursos e os problemas políticos fazem da África o continente
mais vulnerável às mudanças. A seca pode condenar 250 milhões de pessoas à sede
por volta de 2020 e agravar ainda mais a fome.
 Europa: No sul, centro e leste europeu, as altas temperaturas e as secas reduzirão
à disponibilidade de água e a produtividade agrícola, aumentando as ondas de
calor. No norte, o aquecimento pode provocar inundações e erosões.
 Ásia: O derretimento do gelo do Himalaia deve causar inundações e avalanches e
ameaçará os recursos hídricos principalmente nas regiões mais povoadas do sul,
leste e sudeste da Ásia, provocando doenças.
 América: Na América do Norte, a produção de culturas irrigadas pode aumentar
até 20%. Por outro lado, o derretimento das geleiras das montanhas a oeste
provocará inundações no verão e seca no inverno. O aquecimento poderá ainda
levar ao deslocamento de espécies tropicais em direção aos polos. Na América
Latina, parte da floresta Amazônica pode tornar-se uma extensão do Cerrado,
enquanto o núcleo da Caatinga poderá virar um deserto. A vazão do rio Amazonas
deve diminuir, ameaçando a biodiversidade. Mais chuva pode acabar com os grãos
do sul.
 Oceania: A situação é bem problemática para as ilhas da Oceania. Tesouros
ambientais como a Grande Barreira de Corais pode ser atingida e até desaparecer.
 Regiões Polares: A cobertura gelada na Groenlândia e o gelo do Ártico podem
desaparecer quase totalmente no verão, antes de o século XXI acabar, e podem
sumir ecossistemas.
HIPÓTESE GAIA
“Chama-se hipótese Gaia a moderna teoria científica que afirmar que a própria
vida controla as condições físicas e químicas da superfície, da atmosfera e dos oceanos
da Terra, para que se tornem adequadas à vida. Essa hipótese tem conduzido ao
desenvolvimento de uma nova ciência dos sistemas, que estuda todas as inter-relações
da biosfera. Desde que a vida apareceu na Terra, ocorreram muitas mudanças e o
sistema teve que se organizar inúmeras vezes. Houve períodos de evolução rápida e
outras extinções maciças. Constantemente acontecem pequenas ações equilibradoras.
Têm surgido e desaparecido muitas espécies: porém, em todo o momento a vida tem
protegido a si mesma, reorganizando-se para seguir adiante. Independentemente do
que falamos com o planeta, é improvável que desapareça toda a vida em si. Mas não
somos mais que uma espécie, e nossa própria sobrevivência não está segura. A extinção
da espécie humana seria inevitável, caso significasse uma ameaça a menos para a vida
na Terra, segundo a hipótese Gaia.” Lee Durrell. Gaia: o futuro da arca. Madri, Herman Blume,
1988.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
A DINÂMICA A ATMOSFERA .......................................................................................................................... 2
ELEMENTOS E FATORES DO CLIMA E OS TIPOS CLIMÁTICOS I .................................................................. 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 9
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


A DINÂMICA A ATMOSFERA
ELEMENTOS E FATORES DO CLIMA E OS TIPOS CLIMÁTICOS I
Os elementos climáticos (pressão atmosférica, temperatura, os ventos e umidade)
interferem no comportamento da atmosfera. As temperaturas sendo elevadas determinam
menores pressões e como os ventos circulam das altas para as baixas pressões, se estiverem
carregados de umidade poderão ocasionar chuvas. Os elementos considerados determinantes
nos climas são a temperatura e as precipitações. Normalmente nos referimos a um clima
quente e úmido ou um clima frio e seco.
Os fatores climáticos, por sua vez, influenciam a dinâmica desses elementos. São fatores
climáticos a latitude, a altitude, as correntes marinhas, a proximidade ou distância em relação
ao mar (maritimidade e continentalidade), a disposição do relevo, a vegetação. A dinâmica do
clima também pode ser influenciada por fatores relacionados às atividades humanas, como a
formação de grandes cidades e de extensas áreas conurbadas.
A TEMPERATURA DO AR ATMOSFÉRICO
O sol é o grande fornecedor de energia responsável pelo aquecimento da atmosfera e da
superfície terrestre. Porém nem toda a radiação solar (os raios solares) nos atinge. Boa parte
das radiações é refletida ou absorvida pela atmosfera na camada de ozônio e pelo vapor
d’água. Apenas 43% atingem à nossa superfície sob a denominação de insolação, sendo
absorvidas e irradiadas de volta para a atmosfera. Existindo nuvens a radiação terrestre, ou
seja, o calor proveniente da superfície, será absorvido e novamente irradiado para a superfície
no chamado efeito estufa.
Em função da esfericidade do nosso planeta o ângulo de incidência da radiação solar vai
variar com a nossa latitude, sendo máxima na zona intertropical, onde os raios solares podem
verticalidade, diminuindo em direção aos polos que só são atingidos por raios oblíquos. Isso
explica a grande variação térmica existente no nosso planeta. Das elevadas temperaturas das
regiões equatoriais às regiões com gelo perpétuo das zonas polares.
A diferença de albedo também influencia nessa variação. O albedo é a porcentagem de
energia solar refletida em relação ao total de energia recebida, e a natureza e a cor da
superfície determinarão desigualdades de temperatura.
BALANÇO ENERGÉTICO

Fonte: Physical Geography.

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FATORES CLIMÁTICOS E A TEMPERATURA


LATITUDE
Quanto maior for a latitude, ou seja, quanto mais nos afastamos do Equador, menores
são as médias térmicas anuais. Por ser “esférica”, a Terra é iluminada de forma desigual do
Equador para os polos. Quanto mais próximo do Equador, menor é a inclinação com que os
raios solares incidem na superfície terrestre. Em contrapartida, quanto maior a latitude, mais
acentuada é a inclinação com que os raios solares incidem na superfície da Terra. Quanto
maior a inclinação, maior é a área aquecida e, portanto, menor é a temperatura.

ALTITUDE
Quanto maior for a altitude, menor a temperatura. No alto de uma grande serra é mais
frio, no mesmo instante e na mesma latitude, que ao nível do mar. Esse fenômeno é facilmente
compreensível, já que a atmosfera se aquece apenas por irradiação; os raios solares aquecem
a superfície na qual incidem, seja continente ou oceano, que irradiará o calor absorvido para a
atmosfera. Quanto maior a altitude, menos intensa é a irradiação e menor a temperatura. Há
que se considerar, ainda, que o ar se torna mais rarefeito, ou seja, há uma menor concentração
de gases e de umidade à medida que aumenta a altitude, o que reduz a retenção de calor nas
camadas mais elevadas da atmosfera, reduzindo, assim, a temperatura.

Fonte: Nova Escola.

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CONTINENTALIDADE /MARITIMIDADE
A maior ou menor proximidade de grandes quantidades de água exerce forte influência
não só no comportamento da umidade relativa do ar, mas também da temperatura. O calor
específico (indicador da capacidade de retenção de calor) da água é maior que o da terra. Em
consequência, a água demora a se aquecer, enquanto os continentes aquecem-se rapidamente.
Por outro lado, a água retém calor por mais tempo que o continente. Portanto, em localidades
que sofrem influência da continentalidade, as amplitudes térmicas diária, sazonais são
maiores que nas localidades que sofrem influência da maritimidade. Por possuir uma
quantidade de terras emersas muito maior que o Hemisfério Sul, o Hemisfério Norte tem uma
amplitude térmica anual maior, com invernos mais rigorosos e verões mais quentes.
EFEITOS DA CONTINENTALIDADE E MARITIMIDADE

CORRENTES MARÍTIMAS
Porções de água que se movem por grandes extensões e são geradas pelo aquecimento
desigual das superfícies líquidas, provocados pela radiação solar e pelo sistema de ventos. As
diferentes temperaturas afetam a densidade das correntes e, por sua vez, a sua salinidade. As
massas de águas de densidade elevada afundam lentamente, provocando a circulação vertical
e em profundidade das águas, formando, corrente de retorno, já os ventos arrastam
horizontalmente as águas.

Assim como acontece com os ventos (Efeito Coriólis), a rotação da Terra desvia as
correntes marítimas. A topografia do assoalho marinho e as terras emersas também são
responsáveis pela alteração dos fluxos das correntes.

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EFEITO CORIÓLIS

https://i1.wp.com/scibreak.com.br/wp-content/uploads/2016/03/hurricanes-coriolis.jpg

VEGETAÇÃO
As plantas retiram umidade do solo pela raiz e a enviam à atmosfera pelas folhas
(evapotranspiração). Além disso, a vegetação impede que os raios solares incidam
diretamente sobre a superfície. Assim, com o desmatamento, há uma grande diminuição da
umidade e, portanto, das chuvas, além de um aumento significativo das temperaturas médias.
RELEVO
Além de estar associado à altitude, que é um fator climático, o relevo também influi na
temperatura e na umidade, ao facilitar ou dificultar a circulação das massas de ar. Por
exemplo, nos Estados Unidos, as cadeias montanhosas do oeste (Sierra Nevada, cadeias da
Costa) impedem a passagem das massas de ar vindas do oceano Pacífico, o que explica as
chuvas na vertente voltada para o mar e a aridez no lado oposto. No Brasil, a disposição
longitudinal das serras no Centro-Sul do país forma um “corredor” que facilita a circulação da
massa polar atlântica e dificulta a circulação da massa tropical atlântica.
UMIDADE DO AR
A umidade corresponde à quantidade de vapor de água encontrado na atmosfera em
determinado instante, podendo ser expressa em números absolutos (g/m³) e relativos (%).
A umidade absoluta é a quantidade total de vapor d’água que se encontra no ar num
determinado momento, medida em gramas por metro cúbico. O ponto de saturação é o
máximo de vapor d’água que a atmosfera pode ter. A umidade relativa é a relação medida em
porcentagem, entre a absoluta e o seu ponto de saturação. Se o vapor d’água existente no ar
alcançar o seu limite, atinge o ponto de saturação e ocorre a precipitação. A umidade varia
com a altitude e a latitude. Praticamente 80% encontram-se abaixo de 1600 m e as regiões
equatoriais, por serem mais quentes e ocasionarem maior evaporação, são mais úmidas do
que as regiões polares, onde ocorrem menores temperaturas. Portanto, quanto maiores a
altitude e a latitude, menor será a umidade do ar.
UMIDADE NO BRASIL EM PERÍODOS SECOS

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Fonte: www.novaimprensa.inf.br
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
A pressão atmosférica é a força que o ar exerce sobre uma superfície. Quanto maior a
altitude, menor a coluna e maior a rarefação do ar, o que diminui a pressão. Sabe-se, ainda,
que o ar quente é leve. Esse fenômeno é explicado pela expansão dos gases, ou seja, quanto
maior a temperatura, menor o número de moléculas e, portanto, menor o peso de cada metro
cúbico de ar. Em contrapartida, quanto menor a temperatura, maior o número de moléculas
por metro cúbico de ar; há, então, maiores peso e pressão.
VENTOS E CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA
Ventos são os deslocamentos do ar na atmosfera. Esse deslocamento é contínuo e ocorre
por diferença de pressão tanto horizontal como verticalmente. Quanto maior for a diferença
de pressão maior será a sua velocidade.

O aquecimento das superfícies origina centros de baixa pressão nos quais o ar


verticalmente ascende, sofre resfriamento em altitude, e retorna horizontalmente mais denso
e mais frio, descendendo em um centro de alta pressão. Essa circulação geral ocorre entre os
polos e os Círculos polares formando um círculo, nos dois hemisférios, denominado Célula
Polar, dando origem aos ventos polares de sudeste, no Hemisfério Sul e, os ventos polares de
nordeste, no Hemisfério Norte.

Nas zonas subtropicais, em latitudes próximas aos 30° nos dois hemisférios (alta
pressão) o ar atmosférico desloca-se para as zonas equatoriais (baixa pressão) onde é
aquecido, ascende, resfria com a altitude, precipita a umidade obtida durante a travessia dos

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oceanos, retorna em altitude e descende nas regiões subtropicais onde se originou, formando
a Célula de Hadley.
Na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), nas proximidades do Equador, ocorre o
encontro do ar proveniente dos dois hemisférios. Essa zona acompanha o deslocamento dos
raios solares na superfície do planeta, localizando-se ao norte do Equador nos meses de abril
a setembro, e ao sul do Equador nos meses de outubro a março. Nos equinócios localiza-se
sobre o Equador.
Temos, ainda, uma célula intermediária entre a Polar e a Hadley, que originam os ventos
de oeste, nos dois hemisférios. A circulação, pois é consequência da desigual distribuição da
energia solar. Na atmosfera circulações de diversas escalas. Podem-se constituir desde suaves
brisas até furacões.
COMO SE FORMA UM FURACÃO

www.folha.com.br
DEVASTADOR, FURACÃO IRMA DEIXOU RASTRO DE DESTRUIÇÃO E MORTES POR
ONDE PASSOU
O furacão Irma, que atingiu, neste domingo (10), os Estados Unidos, surgiu no final
de agosto na costa africana, mas começou a causar estragos na última quarta (6),
quando chegou à ilha de Barbuda, na região do Caribe.

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BARBUDA
Classificado como furacão de categoria 5, na ocasião, pelo NHC (sigla em inglês
para Centro Nacional de Furacões), o Irma atingiu a ilha de Barbuda na quarta-feira
com ventos que alcançaram os 295 km/h, deixando um morto.
REPÚBLICA DOMINICANA E HAITI
Na mesma região, o Irma chegou à República Dominicana e ao Haiti na quinta-
feira (7). Ao menos 19 mil dominicanos tiveram que deixar suas casas. Autoridades da
República Dominicana também cortaram o fornecimento de eletricidade em muitas
zonas de maneira preventiva. No país vizinho, Haiti, o Irma causou inundações e deixou
feridos na região nordeste. Como ele passou um pouco mais ao norte do que o previsto,
o impacto no Haiti foi menor que o esperado.
BAHAMAS E CUBA
Na sexta-feira (8), o furacão seguiu a noroeste, passando entre Cuba e Bahamas.
Os cubanos sentiram mais os efeitos do Irma no sábado (9), quando ele atingiu o
arquipélago de Camagüey, situado no norte da Ilha, com ventos de 260 km/h. Ondas de
até sete metros foram registradas e a região de Havana foi colocada em alerta. Mais de
1 milhão de pessoas deixaram suas casas em zonas vulneráveis do país.
ESTADOS UNIDOS
Neste domingo (10), o Irma, na categoria 4, chegou ao sul do estado americano da
Flórida com ventos de cerca de 215 km/h. No total, as autoridades americanas
ordenaram que 6,3 milhões de pessoas deixassem as suas casas na Flórida. Mais de um
milhão já haviam recebido uma ordem de evacuação obrigatória. Ao menos três
pessoas morreram na região até a manhã deste domingo. Na sequência, o Irma deve
atingir os Estados da Geórgia e da Carolina do Sul. Autoridades norte-americanas
estimam que o furacão tenha um impacto "devastador".
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/09/10/devastador-por-onde-
o-furacao-irma-passou-ate-agora.htm

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EXERCÍCIOS
1. Leia os trechos a seguir:
“17/07/2017- Canela, Gramado e Caxias do Sul, [...] registraram o fenômeno. Frio
chegou com intensidade ao estado e temperatura deve cair ainda mais ao longo do dia.“
(https://g1.globo.com)
“31/03/2016- Com chances de neve já no outono, o frio em Gramado promete chegar
com tudo [...]”
(https://www.dicasdegramado.com.br)
Nos últimos anos, temos observado na mídia uma série de notícias evidenciando o
rigor do inverno na região acima referida. Esta região tem atraído inúmeros turistas
que gostam de contemplar o frio, as comidas típicas locais e têm o anseio de conhecer,
ao vivo, a neve e o congelamento das águas em pleno Brasil. A associação de dois
importantes fatores climáticos justifica a ocorrência de tais fenômenos meteorológicos
nesta região. São eles:
a) latitude e altitude.
b) maritimidade e latitude.
c) continentalidade e maritimidade.
d) altitude e longitude.
e) correntes marítimas e massas de ar.

GABARITO
1. A

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
A DINÂMICA DA ATMOSFERA ........................................................................................................................ 2
ELEMENTOS E FATORES DO CLIMA E OS TIPOS CLIMÁTICOS II ................................................................. 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


A DINÂMICA DA ATMOSFERA
ELEMENTOS E FATORES DO CLIMA E OS TIPOS CLIMÁTICOS II

Fonte: adaptado de FERREIRA, Atlas geográfico espaço mundial, p.70; Nova enciclopédia ilustrada,
Folha, vol, 1.p.204.
CLIMA EQUATORIAL
Esse tipo de clima é caracterizado pelos mais elevados índices pluviométricos em
regiões continentais e por temperaturas quase sempre constantes que se situam acima dos
20°C.
As características mais marcantes de temperatura e umidade desse clima são
justificadas pela sua ocorrência ao longo da linha do Equador. Nessa faixa, o sol vai incidir
frontalmente durante todo o ano garantindo a manutenção da temperatura (elevadas médias
térmicas e reduzida amplitude térmica), cabe destacar também, que a presença da zona de
convergência intertropical (ZCIT), a ação dos alísios e das massas equatoriais, favorecem aos
elevados índices pluviométricos que ficam em torno de 2500 mm/ano.

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CLIMA TEMPERADO
O fato que mais caracteriza esse tipo climático do nosso planeta é, sem dúvida, a
ocorrência das quatro estações do ano em períodos bem definidos, daí as variações sazonais
de temperatura, verões quentes e invernos frios (elevada amplitude térmica anual). É um
clima que apresenta variações de amplitude térmica e de média térmica, devido à influência
regional da maritimidade ou da continentalidade.

CLIMA POLAR OU GLACIAL


Ocorre nas altas latitudes em torno dos círculos polares, Ártico e Antártico. A
insignificante incidência de raios solares no decorrer do ano estabelece temperaturas sempre
baixas (configuram-se em regiões de alta pressão e são dispersores de ventos, são nessas
regiões que se formam as massas de ar frias ou polares). Identifica-se esse tipo climático, uma
única estação, a fria polar.
CLIMA MEDITERRÂNEO
Caracterizam-se por apresentar duas estações, um verão quente e seco e um inverno
ameno e chuvoso. Embora apresentem uma certa semelhança com os climas tropicais, são das
variações do clima temperado que explicamos sua existência.
CLIMA DESÉRTICO
As principais características desse clima são os reduzidos índices pluviométricos, em
torno de 250 mm anuais e a grande amplitude térmica diária (50°C durante o dia e 0°C à
noite).

CLIMA SEMIÁRIDO
É um tipo climático de transição, com um índice de chuvas inferior a 700 mm/ano e sua
irregular distribuição. Sua ocorrência se dá tanto na faixa tropical como na temperada.

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CLIMA TROPICAL TÍPICO


Encontra-se na faixa de incidência permanente do sol com pequena variação na duração
dos dias e das noites, apresenta duas estações características, um verão chuvoso e um inverno
seco. Vale ressaltar a influência da maritimidade ou da continentalidade na amplitude térmica
diária e anual.

EXERCÍCIOS
1. Observe os climogramas a seguir:

Considerando as características climáticas evidenciadas em cada climograma, podemos


afirmar que
I. O climograma 1 refere-se a uma cidade situada no hemisfério Sul.
II. A amplitude térmica registrada no climograma 2 é maior que a registrada no
climograma 1.
III. O verão é mais chuvoso do que o inverno nos dois climogramas.
IV. O climograma 1 refere-se a uma cidade com características de clima tropical típico e o
climograma 2 a uma cidade de clima tropical litorâneo.

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Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas.


a) I e II
b) I e III
c) I e IV
d) II e III
e) II e IV
2. Assinale a alternativa que apresenta o clima que ocorre em latitudes de 45° a 55°,
aproximadamente, e que se caracteriza por apresentar elevadas amplitudes térmicas
anuais, invernos rigorosos e precipitações anuais que variam de 500 a 1.200
milímetros.
a) Temperado Continental
b) Temperado Marítimo/Oceânico
c) Subtropical Úmido
d) Temperado Mediterrâneo
e) Temperado Semiárido

GABARITO
1. A
2. A

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
OS GRANDES DOMÍNIOS NATURAIS .............................................................................................................. 2
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS AS GRANDES PAISAGENS NATURAIS I ....... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


OS GRANDES DOMÍNIOS NATURAIS
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS AS
GRANDES PAISAGENS NATURAIS I
PAISAGENS CLIMATOBOTÂNICAS
Espécies vegetais dos mais variados tamanhos e características, desde microscópicas,
como algas e musgos, até as imensas árvores, habitam os diversos ambientes terrestres. A
associação de plantas em um determinado ambiente, com o clima, o relevo e o solo, formam as
paisagens naturais. A biosfera é o objeto de investigação da Ecologia 1. O ecossistema é uma
porção da biosfera na qual se estabelecem relações entre organismos e o meio inorgânico. A
luz solar é a principal fonte de energia dos ecossistemas. A biosfera como um todo pode ser
definida como o ecossistema global.
A vegetação costuma ser utilizada como elemento principal para definir os grandes
ecossistemas terrestres. As quantidades de luz, calor e água disponíveis são os fatores mais
importantes na distribuição dos tipos de plantas das terras emersas.
FLUXOS EM ECOSSISTEMAS SIMPLES

Fonte: Nova Enciclopédia Ilustrada Folha, vol. 1, p.283.

1
Ecologia: palavra derivada do grego oikos, que significa “casa” ou “lar”. É a ciência que estuda as relações
entre os organismos e o seu meio ambiente.

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BIOSFERA, ECOSSISTEMAS E BIOMAS - CONTEXTO BIOLÓGICO-FILOSÓFICO


A importância da classificação biológica é devido a enorme variedade de organismos.
Muitas espécies de seres vivos já foram descobertas e acredita-se em um grande número
ainda não descobertas. Para se estudar e compreender tamanha variedade, foi preciso
classificá-los. As primeiras classificações biológicas não apresentavam informações a serem
utilizadas. A classificação atualizada acaba por revelar as semelhanças e abrangência do
estudo das espécies. A biologia tem um ramo especializado na classificação e nomenclatura
dos seres vivos que é a taxonomia (do grego taxon, categoria, e nomos, conhecimento). O
primeiro a classificar os animais foi Aristóteles (384 a.C. -322 d.C.) em terrestres, aquáticos e
aéreos.

Na maioria das espécies conhecidas, os indivíduos vivem associados a seus semelhantes,


formando populações 2.
Em cada ambiente do planeta as populações das várias espécies estabelecem relações
diversas constituindo as comunidades biológicas ou biocenoses 3.
Os seres vivos, em suas comunidades biológicas, dependem, para sua sobrevivência, de
fatores físicos e químicos do meio ambiente, tais como: temperatura, umidade, luminosidade,
disponibilidade de oxigênio, dentre outros.
Quando consideramos essa interação entre as comunidades biológicas e os fatores
abióticos4 do meio ambiente, estamos enfocando o ecossistema 5.
Nosso Planeta abriga inúmeros ecossistemas em florestas, campos, desertos, rios, mares,
etc. O conjunto de todos esses ecossistemas constitui a Biosfera 6. O Bioma é um grande
ecossistema regional ou subcontinental caracterizado por um tipo principal de vegetação ou
outro aspecto identificador da paisagem.

2
População: grupo de indivíduos de uma espécie que ocupa uma determinada área, mantendo intercâmbio
de informação genética. Atributos: taxa de natalidade e mortalidade; proporção de sexos; distribuição de
idades; imigração e emigração.
3
Biocenose: conjunto inter-relacionado da fauna e flora, vivendo em um determinado biótopo (área). Para
Odum é o mesmo que comunidade, mas outros autores diferenciam.
4
Fatores Abióticos: qualquer aspecto físico ou químico do ambiente, que afete o ecossistema (luminosidade,
umidade. pH, etc.)
5
Ecossistema: qualquer biossistema que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto
(comunidade biótica, ou grupo de comunidades) em uma certa área, interagindo com o ambiente físico de tal
forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas definidas e uma reciclagem de materiais entre as
partes vivas e não-vivas.
6
Biosfera: todos os organismos vivos da Terra que interagem com o ambiente físico como um todo, para
manter um sistema de estado contínuo, intermediário no fluxo de energia entre a entrada de energia de
origem solar e o dissipador térmico do espaço.

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Para melhor entendermos as classificações e as características é necessária uma


abordagem quanto à folhagem e à umidade das plantas:

• Aciculifoliadas: folhas em forma de agulha, como os pinheiros.


• Decíduas: espécies vegetais que perdem folhas para enfrentar uma estação seca
prolongada ou um inverno rigoroso. Também são conhecidas como caducifólias.
• Perenifólias: espécie vegetal que ao perde suas folhas, mantêm sua folhagem o
ano todo.
• Latifoliadas: folhas largas e grandes, típicas de áreas onde há umidade nos
solos.
• Estratificação: diversos andares encontrados em uma formação vegetal.
• Herbáceo: constituído por gramíneas.
• Arbustivo: constituído por árvores de pequeno porte.
• Arbóreo: constituído por árvores de grande porte.
• Hidrófitas: vegetação que vive na água. As principais espécies são as taboas,
lótus, vitórias-régias e aguapés.
• Higrófilas: espécies vegetais que se desenvolvem em ambiente onde existe
muita umidade durante todo o ano.
• Xerófitas: vegetais típicos de áreas onde a umidade é pequena durante o ano.
Aparecem principalmente nos climas desérticos e semiárido.
• Tropófitas: espécies que se adaptam à variação sazonal da umidade – uma seca
e outra úmida.
• Mesófitas: espécies que necessitam de água em quantidade média durante o
ano, como, por exemplo, as florestas tropicais.
• Halófitas: espécies vegetais que vivem em meio salino, típicas de áreas
litorâneas, como os manguezais.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
OS DOMÍNIOS NATURAIS .............................................................................................................................. 2
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS GRANDES PAISAGENS NATURAIS II .... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


OS DOMÍNIOS NATURAIS
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS
GRANDES PAISAGENS NATURAIS II
PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETACIONAIS DO PLANETA

A INDÚSTRIA DO PAPEL E DA CELULOSE


A história da evolução dos materiais que recebem qualquer tipo de impressão em letras,
números e desenhos teve início por volta de 3000 a.C., quando os povos da Mesopotâmia
começaram a usar pranchas construídas com argila. Ao mesmo tempo, no Egito começavam a
ser usadas folhas de papiro obtidas da substância extraída da haste dessa planta e quase
sempre preparadas na forma de rolos. Depois, percebeu-se que o pergaminho, uma folha
produzida com pele de animais, era muito superior em qualidade se comparado ao papiro,
possibilitando até que se escrevesse ou se desenhasse nos dois lados.
No início do século II da nossa era, os chineses inventaram o papel, obtido com a
secagem de uma substância líquida composta de fibras vegetais que, quando macerada,
transforma-se em uma polpa cujo componente fundamental é a celulose. A principal alteração
ocorreu a partir da introdução de produtos químicos para branqueamento da polpa em
substituição ao uso de uma gelatina de origem animal. No início do século XX, substâncias
alcalinas, principalmente o carbonato de cálcio, foram introduzidas na produção do papel a
fim de neutralizar a acidez do material e aumentar a sua resistência e durabilidade. ALMEIDA,
Maurício de. Geografia Global: Geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Escala Educacional,
2008.p.193.

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DOMÍNIO DAS FLORESTAS


Existe na Terra uma grande diversidade de florestas, que variam de aspecto segundo as
variações na umidade e na temperatura de cada região. Os principais tipos de florestas são:
Equatorial, Tropical, Temperada e Boreal.
FLORESTA DE CONÍFERAS OU BOREAIS

Coníferas no Canadá.
Trata-se de uma formação florestal típica da zona temperada. Ocorre em altas latitudes,
em climas temperados continentais. Abrange principalmente parte do território do Canadá,
Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. Neste último país, cobre mais da metade do território e é
conhecida como Taiga. Formação bastante homogênea, na qual predominam pinheiros, é
importante para a economia desses países como fonte de matéria-prima para a indústria
madeireira e de papel e celulose.
FLORESTA TEMPERADA E SUBTROPICAIS
Formação típica da zona climática temperada surge, diferentemente das coníferas, em
latitudes mais baixas e sob a maior influência da maritimidade. Dominava extensas porções da
Europa Centro-Ocidental, mas ainda ocorre na Ásia, na América do Norte e em pequenas
extensões da América do Sul e da Austrália. Na Europa, restam apenas pequenos bosques,
como a Floresta Negra (Alemanha) e a Floresta de Sherwood (Inglaterra). O que restou dessa
floresta caducifólia é uma formação secundária conhecida como Landres, na qual aparecem
espécies como abetos, faias, carvalho, etc.

FLORESTA EQUATORIAL E TROPICAL


Formação vegetal hidrófila e latifoliada, extremamente heterogênea, típica de climas
quentes e úmidos. Surge, portanto, em baixas latitudes na América, na África e na Ásia, onde
predominam climas tropicais e equatoriais. É a formação mais rica em espécies do planeta,
possuindo um enorme e ainda em grande parte desconhecido banco genético ou
biodiversidade. Nela ocorrem árvores de grande e médio porte como o mogno, o jacarandá,
entre outras, além de palmáceas, arbustos, briófitas bromélias, etc.

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Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro.

DOMÍNIO DAS VEGETAÇÕES ARBUSTIVAS E HERBÁCEAS


Ocorrem em áreas com menor precipitação, em diversas latitudes do globo, onde
predominam os arbustos e a vegetação rasteira.
FORMAÇÕES DESÉRTICAS
Estão adaptadas à escassez de água, situação típica dos climas áridos e semiáridos, tanto
em regiões frias quanto em regiões quentes. Por isso, as espécies são xerófilas, destacando-se
entre elas as cactáceas. Aparecem nos desertos da América, África, Ásia e Oceania. Vê-se assim
que ocorre em todos os continentes com exceção do europeu.

Deserto do Saara, Argélia.

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TUNDRA
Vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se nas
regiões polares, desenvolve-se apenas durante aproximadamente três meses, quando ocorre o
degelo de verão. As espécies típicas são os musgos, nas baixadas úmidas, e os liquens, nas
porções mais altas do terreno, onde o solo é mais seco.

Tundra, na Sibéria, Federação Russa.

VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA
Desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresenta verões muito quentes e
secos e invernos amenos e chuvosos. Surge no sudoeste dos Estados Unidos, na região central
do Chile, no sudoeste da África do Sul e no sudoeste da Austrália. Mas as maiores
concentrações estão no sul da Europa e no norte da África. Trata-se de uma vegetação
esparsa, que possui três estratos: um arbóreo, um arbustivo e um herbáceo. Apresenta
características xerófilas.

Vegetação mediterrânea em Andaluzia, na Espanha.

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PRADARIA
Formação herbácea, composta basicamente de capim, que aparece em regiões de clima
temperado continental. Surge na Europa central e no oeste da Rússia, nas Grandes Planícies
americanas, nos Pampas argentinos e na Grande Bacia Australiana. Embora tenha sido muito
usada como paisagem, essa vegetação é muito importante pelo solo rico em matéria orgânica
que acondiciona. Um dos solos mais férteis do mundo, denominado tchernozion, surge sob as
pradarias da Rússia e da Ucrânia.

Pradarias, Rio Grande do Sul.

ESTEPE
É uma vegetação herbácea, como as pradarias, porém mais esparsa e ressecada. Surge
em climas semiáridos, portanto na faixa de transição de climas úmidos (temperados ou
tropicais).

Vegetação de Estepe na Patagônia.

SAVANA
Vegetação complexa que surge sob influência do clima tropical, alternadamente úmido e
seco. Na África, essa vegetação tem grande importância, por abrigar animais de grande porte,
como leões, elefantes, rinocerontes, zebras, grifas, etc. Apresenta estratos arbóreos,
arbustivos e herbáceos. Ocorre na África Centro-oriental, no Brasil central e, em menores
extensões, na Índia. Na África, essa vegetação tem grande importância, por abrigar animais de
grande porte, como leões, rinocerontes, etc.

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Animais em savanas africanas.

HOTSPOTS
O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para resolver
um dos maiores dilemas dos conservacionistas: quais as áreas mais importantes para
preservar a biodiversidade na Terra? Ao observar que a biodiversidade não está igualmente
distribuída no planeta, Myers procurou identificar quais as regiões que concentravam os mais
altos níveis de biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais urgentes. Ele
chamou essas regiões de Hotspots.
Hotspot é, portanto, toda área prioritária para conservação, isto é, de alta biodiversidade
e ameaçada no mais alto grau. É considerada Hotspot uma área com pelo menos 1.500
espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original.

Fonte: berkeley.edu

HISTÓRICO DOS HOTSPOTS


1988: Myers identificou 10 Hotspots mundiais.

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1996-1999: o primatólogo norte-americano Russell Mittermeier, presidente da CI,


ampliou o trabalho de Myers com uma pesquisa da qual participaram mais de 100
especialistas. Esse trabalho aumentou para 25 as áreas no planeta consideradas Hotspots.
Juntas, elas cobriam apenas 1,4% da superfície terrestre e abrigavam mais de 60% de toda a
diversidade animal e vegetal do planeta.
2005: A CI atualiza a análise dos Hotspots e identifica 34 regiões, hábitat de 75% dos
mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. Nove regiões foram incorporadas à
versão de 1999. Mesmo assim, somando a área de todos os Hotspots temos apenas 2,3% da
superfície terrestre, onde se encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.
No Brasil há dois hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado. Para estabelecer estratégias de
conservação dessas áreas, a Conservation International-Brasil colaborou com o Projeto de
Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade dos Biomas Brasileiros, do
Ministério do Meio Ambiente. Centenas de especialistas e representantes de várias
instituições trabalharam juntos para identificar áreas prioritárias para a conservação do
Cerrado (em 1998) e da Mata Atlântica (em 1999).
Fonte: ww.conservation.org.br

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
QUESTÕES AMBIENTAIS I .............................................................................................................................. 2
OS IMPACTOS AMBIENTAIS: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, EROSÃO, ASSOREAMENTO, POLUIÇÃO DOS
RECURSOS HÍDRICOS E A QUESTÃO DA BIODIVERSIDADE I ...................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


QUESTÕES AMBIENTAIS I
OS IMPACTOS AMBIENTAIS: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, EROSÃO,
ASSOREAMENTO, POLUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E A QUESTÃO
DA BIODIVERSIDADE I
As atividades humanas intensificaram a deterioração da natureza principalmente nos
últimos 270 anos, desde a Revolução Industrial, que alterou a produção e a fonte de energia
que passou a ser o carvão mineral e posteriormente o petróleo, mas, a problemática ambiental
tomou uma enorme relevância principalmente ao longo do século XX.
“O excessivo crescimento tecnológico criou um meio ambiente no qual a vida se
tornou física e mentalmente doentia. Ar poluído, ruídos irritantes, congestionamentos de
tráfego, poluentes químicos, riscos de radiação e muitas outras fontes de estresse físico e
psicológico passaram a fazer parte da vida cotidiana da maioria das pessoas. Esses
múltiplos riscos para a saúde não são apenas subprodutos casuais do progresso
tecnológico; são características integrantes de um sistema econômico obcecado com o
crescimento e a expansão, e que continua a intensificar sua alta tecnologia numa
tentativa de aumentar a produtividade. [...] A tecnologia humana está desintegrando e
perturbando seriamente os processos ecológicos que sustentam nosso meio ambiente
natural e que são a própria base de nossa existência.” Fritjof Capra. O ponto de mutação. São
Paulo, Cultrix, 2004.
A exploração desenfreada alcançou níveis alarmantes, ocasionando inúmeras e
profundas alterações nas paisagens terrestres. O modelo de desenvolvimento baseado em
inovações tecnológicas, na busca do lucro incessante e no aumento dos níveis de consumo,
precisa ser substituído por outro, que leve a uma harmoniosa convivência entre sociedade e
natureza.
Houve uma espécie de abandono da compreensão de que a natureza é uma totalidade, e
que as agressões ambientais afetam diretamente as sociedades. A biosfera está interligada
com as outras esferas e a interferência humana sobre uma delas afetará também as outras, e
consequentemente atingirá os seres vivos.

É na biosfera que a Ecologia 1, termo utilizado pela primeira vez pelo biólogo alemão
Ernst Haeckel em 1866, encontra seu objeto de estudo. O ecossistema é uma porção da
biosfera na qual se estabelecem as relações entre organismos e o meio inorgânico, que
deveriam ser harmoniosas.

1
Palavra ecologia reúne as noções de “casa” (em grego oikos) e de “estudo” (em grego, logos). É a ciência que
estuda as relações entre os organismos e o seu meio ambiente.

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A biosfera é na realidade o ecossistema global. Os ecossistemas podem ser classificados


em três grupos de acordo com os ambientes planetários: terrestres, de água doce e de água
salgada. Os ecossistemas terrestres, que ocupam vastas porções das terras emersas são
chamados de biomas.
“Na escala global, a maior como unidade terrestre ou unidade ecossistêmica é o
bioma. O conceito de bioma se baseia no desenvolvimento da comunidade. Os biomas são
identificados como a comunidade madura ou associação de espécies dominantes numa
determinada condição climática vigente. Os biomas mundiais são regiões homogêneas
onde interagem vários fatores, mas nos quais a relação entre vegetação, clima e solos
tem influência principal”. Geografia do Brasil, Jurandyr Ross.
PAÍSES COM MAIOR BIODIVERSIDADE

Fonte: FERREIRA, Graça. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2003.p.80.

ANTROPOCENO
O impacto das ações humanas sobre o planeta deixou marcas tão profundas que
poderíamos considerar que estamos vivendo uma nova época geológica, o Antropoceno. Essa
é a conclusão a que chegaram, após anos de debate, os pesquisadores que compõem o Grupo
de Trabalho do Antropoceno e que participaram do 35º Congresso Geológico Internacional, na
África do Sul, em setembro de 2016.

Entre os anos de 1970 e 2016 a biodiversidade do planeta foi reduzida em cerca de 34%.
As populações de espécies tropicais foram as mais atingidas, com perdas que se aproximam
de 55% nesse período. Originalmente, o bioma das florestas tropicais úmidas cobria vastas
extensões da América do Sul e Central, África e Ásia, além da Oceania, porém, a degradação em
demasia reduziu bastante essa área de atuação.

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Kaiteur Falls – Guiana.

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A poluição atmosférica é provocada por fontes estacionárias, como indústrias e usinas
termelétricas, e fontes móveis, como caminhões, ônibus e automóveis menores. É um dos
principais problemas de saúde pública, principalmente nas grandes aglomerações urbanas. Na
zona rural, a prática de queimadas em canaviais e os incêndios em florestas e outras
formações vegetais são os principais responsáveis pela poluição atmosférica. Com o
lançamento de gases e partículas sólidas na atmosfera, tanto pode ocorrer um desequilíbrio
nas proporções de gases que já a compõem (caso da elevação da concentração de dióxido de
carbono) quanto podem surgir gases estranhos a ela, como é o caso do dióxido de enxofre, dos
óxidos de nitrogênio e do monóxido de carbono. Ocorre também, o aumento de elementos ou
partículas que naturalmente não aparecem na composição atmosférica, caso do chumbo, das
potências industriais dos aerossóis, das fumaças negras, dos hidrocarbonetos, dos solventes,
etc.
CONCENTRAÇÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA (PARTÍCULAS POR MILHÃO – PPM)

LOVELOCK, James. Gaia: cura para um planeta doente. São Paulo: Cultrix, 2016.p.169.

CONCENTRAÇÃO DE CARBONO NA ATMOSFERA PODE PASSAR DOS 410 PPM


NESTE ANO
A concentração de carbono na atmosfera da Terra pode ultrapassar mais uma
barreira simbólica neste ano. Segundo o Met Office, instituto de meteorologia e clima
britânico, a concentração pode passar da casa dos 410 partes por milhão (ppm) no
meio de 2017. A ultrapassagem histórica poderá ocorrer em maio. Depois, a
concentração deve recuar para cerca de 403 ppm, mantendo a tendência de elevação

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constante desde que a humanidade começou a entupir a atmosfera com os gases de


efeito estufa.
O salto na concentração de carbono de 2016 a 2017 será menor do que a variação
do período anterior (de 2015 a 2016). Afinal, o salto registrado no ano passado foi o
maior em 50 anos de série histórica no observatório de Mauna Loa, no Havaí. Mesmo
assim, o aumento na taxa de carbono deste ano deverá ser acima da média. A taxa de
carbono atingiu pela primeira vez a marca dos 400 ppm em 2012. O dado foi
confirmado pelo observatório de Mauna no ano seguinte. Em 2016, pela primeira vez
passamos um ano inteiro com uma concentração de CO2 na atmosfera acima de 400
partes por milhão.

http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/03/concentracao-de-
carbono-na-atmosfera-pode-passar-dos-410-ppm-este-ano.html

AQUECIMENTO GLOBAL
Uma das consequências da ação humana sobre o meio ambiente é a elevação da
temperatura média global, provocada pela intensificação do efeito estufa. O efeito estufa é um
fenômeno conhecido desde o fim do século XIX. Porém, é somente no século XX que as
pesquisas tornaram-se mais confiáveis. Pesquisas apontam para um acréscimo de 3°C na
temperatura média até 2050, quando a concentração de dióxido de carbono na atmosfera
duplicará.
O ano de 2016 consta como o ano mais quente já registrado desde 1880, segundo a
agência norte-americana que monitora a atmosfera e os oceanos, a NOOAA. Foi também o
terceiro ano consecutivo que registrou um aumento recorde de temperatura média do planeta
(0,94ºC). No século XXI esse recorde já foi quebrado 5 vezes, em 2005, 2010, 2014, 2015 e
2016.
ANOMALIAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

EFEITO ESTUFA
O Efeito Estufa é um dos principais fatores para a manutenção da temperatura do
planeta. Mas sua intensificação se acelerou no século XX, o que está alterando ciclos
biológicos. Um exemplo perturbador é o do ozônio (O3), que existe em todas as camadas do
ar. O aumento da quantidade do gás em baixas altitudes agrava o efeito estufa, pois aumenta a
retenção de energia solar. Porém, a relação entre o aumento das emissões de CO2 e as
alterações climáticas não é consenso entre os pesquisadores.
MUDANÇAS NA TEMPERATURA DO PLANETA

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Para os participantes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Mudanças


Climáticas), porém, o que está acontecendo agora é diferente. Os gases que se acumulam na
atmosfera como resultado da atividade do homem são transparentes à luz visível, como um
vidro de uma estufa, permitindo que os raios solares aqueçam a superfície terrestre. Quando a
Terra devolve o calor em excesso, não é mais sob forma de luz, mas de radiação
infravermelha. Como os gases poluentes absorvem essa radiação como calor, parte fica retida
na atmosfera, resultando em um aumento da temperatura. Segundo dados do IPCC existem
mudanças consideráveis no mundo inteiro. Entre 1995 e 2016, estão 11 dos 12 anos mais
quentes já registrados desde 1880. O mar está subindo, e o ritmo dessa elevação está
aumentando, no decorrer do século XX, as águas subiram 17 cm.
Existem ainda previsões de mudanças climáticas em todos os continentes:
 África: A falta de recursos e os problemas políticos fazem da África o continente
mais vulnerável às mudanças. A seca pode condenar 250 milhões de pessoas à sede
por volta de 2020 e agravar ainda mais a fome.
 Europa: No sul, centro e leste europeu, as altas temperaturas e as secas reduzirão
à disponibilidade de água e a produtividade agrícola, aumentando as ondas de
calor. No norte, o aquecimento pode provocar inundações e erosões.
 Ásia: O derretimento do gelo do Himalaia deve causar inundações e avalanches e
ameaçará os recursos hídricos principalmente nas regiões mais povoadas do sul,
leste e sudeste da Ásia, provocando doenças.
 América: Na América do Norte, a produção de culturas irrigadas pode aumentar
até 20%. Por outro lado, o derretimento das geleiras das montanhas a oeste
provocará inundações no verão e seca no inverno. O aquecimento poderá ainda
levar ao deslocamento de espécies tropicais em direção aos polos. Na América
Latina, parte da floresta Amazônica pode tornar-se uma extensão do Cerrado,
enquanto o núcleo da Caatinga poderá virar um deserto. A vazão do rio Amazonas
deve diminuir, ameaçando a biodiversidade. Mais chuva pode acabar com os grãos
do sul.
 Oceania: A situação é bem problemática para as ilhas da Oceania. Tesouros
ambientais como a Grande Barreira de Corais pode ser atingida e até desaparecer.
 Regiões Polares: A cobertura gelada na Groenlândia e o gelo do Ártico podem
desaparecer quase totalmente no verão, antes de o século XXI acabar, e podem
sumir ecossistemas.
HIPÓTESE GAIA
“Chama-se hipótese Gaia a moderna teoria científica que afirmar que a própria
vida controla as condições físicas e químicas da superfície, da atmosfera e dos oceanos
da Terra, para que se tornem adequadas à vida. Essa hipótese tem conduzido ao
desenvolvimento de uma nova ciência dos sistemas, que estuda todas as inter-relações
da biosfera. Desde que a vida apareceu na Terra, ocorreram muitas mudanças e o
sistema teve que se organizar inúmeras vezes. Houve períodos de evolução rápida e
outras extinções maciças. Constantemente acontecem pequenas ações equilibradoras.
Têm surgido e desaparecido muitas espécies: porém, em todo o momento a vida tem
protegido a si mesma, reorganizando-se para seguir adiante. Independentemente do
que falamos com o planeta, é improvável que desapareça toda a vida em si. Mas não
somos mais que uma espécie, e nossa própria sobrevivência não está segura. A extinção
da espécie humana seria inevitável, caso significasse uma ameaça a menos para a vida
na Terra, segundo a hipótese Gaia.”
Lee Durrell. Gaia: o futuro da arca. Madri, Herman Blume, 1988.

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CONFERÊNCIAS E TRATADOS EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL / GEOPOLÍTICA AMBIENTAL
O ano de 1968 marca o surgimento de uma das primeiras tentativas de interpretar o
sistema global sob uma perspectiva ecológica, era o Clube de Roma2, que propôs mudanças de
rumo global destinada a produzir um equilíbrio entre economia e meio ambiente. Em 1971 o
Clube de Roma divulgou um relatório chamado os limites do crescimento, que se tornou um
marco na discussão ambiental. Em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente
Humano (em Estocolmo) foi reconhecido o relacionamento entre os conceitos de conservação
ambiental e desenvolvimento, nesse momento surgiram as ideias de poluição da pobreza e
ecodesenvolvimentismo.

ESTOCOLMO (1972) - Em 1972 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o
Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia). Nesse evento surgiram as primeiras
polêmicas sobre o antagonismo entre desenvolvimento e meio ambiente. Ainda nesse ano, em
Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, divulgou o resultado de um
estudo que ficou conhecido como Desenvolvimento Zero. Tal estudo alertava o mundo para os
problemas ambientais globais causados pela sociedade urbano-industrial e propunha o
congelamento do crescimento econômico como única solução para evitar que o aumento dos
impactos ambientais levasse a uma tragédia ecológica mundial. Dois grupos se formaram
nesse evento, os defensores do “desenvolvimento zero” e os defensores do “desenvolvimento
a qualquer custo”.
NORUEGA (1983) - A Assembleia Geral da ONU indicou a então primeira ministra da
Noruega, Gro Harlem Brundtland, para presidir uma comissão encarregada de estudar os
impactos ambientais mundiais. Em 1987 foi publicado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) da ONU um estudo denominado Nosso Futuro
Comum, mais conhecido como Relatório Brundtland. Esse estudo, que defendia o
desenvolvimento para todos, buscava um equilíbrio entre as posições antagônicas surgidas
em 1972.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA TODOS
“A satisfação das necessidades essenciais depende em grande parte de que se
consiga o crescimento potencial pleno, e o desenvolvimento sustentável exige
claramente que haja crescimento econômico em regiões onde tais necessidades não
estão sendo atendidas. Onde já são atendidas, ele [o desenvolvimento sustentável] é
compatível com o crescimento econômico desde que esse crescimento reflita os
princípios ambientais de sustentabilidade e da não-exploração dos outros. Mas o
simples crescimento econômico não basta. Uma grande atividade produtiva pode
coexistir com a pobreza disseminada, e isso constitui um risco para o meio ambiente.
Por isso o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam às
necessidades humanas, tanto aumentando o potencial de produção quanto
assegurando à todos as mesmas oportunidades”.
BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1991.p.47.

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O Clube de Roma congregou cientistas, economistas e altos funcionários governamentais, com a finalidade de interpretar aquilo que foi denominado “sistema global”. A perspectiva da ecologia parecia adequada
para a produção de um estudo sobre as tendências de longo prazo da sociedade industrial.

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RIO 92 (ECO 92) - A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, mais comumente chamada de “Fórum Global”, realizou-se no Rio de
Janeiro, de 3 a 14 de janeiro de 1992. O seu desafio principal, segundo o secretário geral
Maurice Strong, era o de “estabelecer a fundação de uma associação global entre os países em
vias de desenvolvimento e os países mais industrializados, tendo como base as suas
necessidades mútuas e os seus interesses comuns, com o intuito de assegurar o futuro do
planeta. Da Rio-92, ou Eco-92, resultaram metas e compromissos, como por exemplo, a
Agenda 21, a Convenção da Biodiversidade, a Convenção do Clima e a Declaração Sobre
Florestas.
JOHANNESBURGO 2002 (RIO+10) - A Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável (Cúpula da Terra), conhecida como Rio+10, foi realizada em Johannesburgo,
África do Sul, entre os dias 26 de agosto e 04 de setembro, reunindo 191 países. O principal
objetivo do encontro foi realizar um balanço dos resultados práticos obtidos depois da Rio-92.
RIO DE JANEIRO 2012 (RIO + 20) – Ao organizar a Rio + 20, a intenção das Nações
Unidas era debater também como a crise econômica mundial pode ser uma boa oportunidade
para rever o modelo econômico atual. As mudanças propostas deveriam se apoiar em três
pilares: economia, sociedade e meio ambiente. Assim, à lista de questões ambientais a ONU
adicionou a fome e a crise econômica mundial. Por isso o documento final da conferência ficou
conhecido como economia verde.

CONFERÊNCIAS DAS PARTES


COP 1 – Conferência das Partes realizada em Berlim no ano de 1995. São as reuniões
anuais da Convenção do Clima para concretizar o tratado. Ela inaugurou as discussões sobre a
redução das emissões de GEEs.
COP 3 – Realizada em 1997, em Kyoto, no Japão. Culminou com a adoção do Protocolo
de Kyoto, que estabelece metas de redução para as nações ricas, chamadas países do Anexo 1.
COP 6 – Em Haia, na Holanda, no ano 2000 foram suspensas as negociações pela falta de
acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos, em relação a forma de absorção do
carbono.
COP 6 ½ (BONN) e COP 7 (MARRAKESH) – As negociações são retomadas a partir de
2001, porém, os Estados Unidos saem das negociações sob a alegação de que os custos são
muito elevados.
COP 11 – Realizada em Montreal, no Canadá, coloca em vigor o Protocolo de Kyoto com
a adesão da Rússia. Os Estados Unidos não aceitam fixar metas para reduzir as emissões.
COP 13 – Realizada em Bali, na Indonésia, pela primeira vez as florestas entraram na
pauta de discussões. O Mapa do Caminho de Bali estipula como chegar a um novo acordo em
Copenhagen.

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COPENHAGEN 2009 (COP 15) – A 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas aconteceu entre os dias 07 e 18 de dezembro de 2009 na
Dinamarca. O evento foi considerado o mais importante da breve história dos acordos
multilaterais sobre questões ambientais. O principal ponto discutido foi o Tratado que
substituirá o de Kyoto, que tinha como prazo final o ano de 2012.

MÉXICO (COP 16) - Os líderes do BASIC (grupo formado por Brasil, África do Sul, Índia e
China) ressaltaram os pontos que consideram inegociáveis nas discussões: o
comprometimento com a prorrogação do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012; a
aceleração do desenvolvimento do fundo de curto prazo para países em desenvolvimento e a
transferência de tecnologia. Também foi aprovada a criação do mecanismo REDD, sigla em
inglês para Redução de Emissões e Degradação Florestal. Ainda em Cancún, foi criado o
Fundo Verde, no qual países ricos comprometeram-se a depositar 30 bilhões de dólares até o
fim 2012 para ajudar países pobres a adotarem medidas na área ambiental.

DURBAN (COP 17) – Na COP 17, África do Sul, ficou decidido que o protocolo de Kyoto
terá sua vigência prorrogada até 2017. É adotada a plataforma Durban, novo acordo em que
todos os países terão metas obrigatórias para a redução das emissões de carbono a partir de
2015.
DOHA (COP 18) – Na COP 18, Doha (Catar), representantes de 195 países discutiram e
negociaram vários impasses, a 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP-18) terminou com a renovação do Protocolo de Kyoto até 2020 - o tratado é o único que
compromete os países desenvolvidos com a redução dos gases de efeito estufa.

VARSÓVIA (COP 19) – Ocorrida em Varsóvia, Polônia, a COP 19, apresentou um avanço
notável para o enfrentamento das mudanças climáticas, o acordo em torno das regras para
pagamento por esforços de redução de emissão decorrentes de ações contra o desmatamento
e degradação florestal – o chamado REDD+. As negociações em torno desse tema se
arrastavam há sete anos, e a decisão aprovada na COP 19 pode ser considerada o seu principal
resultado político.
LIMA (COP 20) - Depois de duas semanas de negociações tensas na COP 20, em Lima, as
delegações de 196 países aprovaram o "rascunho zero" de um futuro acordo global do clima

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depois que as nações mais ricas fizeram concessões. O documento ressalta a culpa histórica de
emissões de gases-estufa, o que atribui aos países desenvolvidos mais responsabilidades em
comparação aos países em desenvolvimento. O acordo climático global deve contemplar
diversas ações para conter o aumento da temperatura do planeta e, com isso, frear os efeitos
da mudança climática.
PARIS (COP 21) – Em 2015, foi firmado o primeiro acordo a ter apoio de todos os 193
países-membros da ONU, que assinaram a convenção de 1992. Ele estabelece que todos os
países deverão se mobilizar para conter o avanço da temperatura média da Terra, ainda neste
século. Segundo o acordo, a partir de 2020, 100 bilhões de dólares serão investidos por ano
pelos países ricos aos países em desenvolvimento para combater a poluição. As ações dos
países são voluntárias.
MARRAKESH (COP 22) - A COP 22 representa um ponto de partida, como foco na
definição do chamado “livro de regras”, que estabelecerá como será a implementação das
obrigações assumidas em Paris, na COP-21. Nesse documento apontasse a necessidade de os
países desenvolvidos ampliarem seu nível de financiamento, definindo um “mapa do
caminho” que demonstre como se chegará como se chegará ao objetivo dos US$ 100 bilhões
anuais em 2020.

BONN (COP 23) – A 23ª Conferência das Partes (ou COP 23) da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (da sigla em inglês, UNFCC) terá lugar entre os dias
6 e 17 de novembro de 2017 na cidade de Bonn, na Alemanha. Várias decisões importantes
para questões ambientais a nível global resultaram de negociações realizadas em edições
anteriores da conferência, como o memorável Acordo de Paris, negociado na COP 21, em
2015.

TRUMP ABANDONA O ACORDO DE PARIS


A saída do pacto assinado por 195 países assinala uma linha divisória histórica. Com o
ato, o presidente da nação mais poderosa do mundo não apenas vira as costas à ciência,
aprofunda a fratura com a Europa e menospreza sua própria liderança como também, diante
de um dos desafios mais inquietantes da humanidade, abandona a luta. A era Trump, obscura
e vertiginosa, já começou.
O sinal é inequívoco. Depois de ter rejeitado o Aliança do Pacífico (TTP) e imposto uma
negociação rude com o México e o Canadá no Acordo de Livre Comércio, o presidente abriu a
porta que muitos temiam. De nada serviu a pressão das Nações Unidas, da União Europeia ou
de gigantes da energia como Exxon, General Electric e Chevron. Nem sequer o grito unânime
da comunidade científica foi ouvido. Trump colocou a lupa nos “interesses nacionais” e
consumou a virada isolacionista a um acordo referendado por todo o planeta, exceto por
Nicarágua e Síria.

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“Cumpri minhas promessas uma após a outra. A economia cresceu e isso está apenas
começando. Vamos crescer e não vamos perder empregos. Pela gente deste país saímos do
acordo. Estou disposto a renegociar outro favorável aos Estados Unidos, mas que seja justo para
os trabalhadores, contribuintes e empresas. É hora de colocar Youngstown, Detroit e Pittsburgh
à frente de Paris”, bradou Trump.
É a doutrina America First (América Primeiro). Essa mensagem, mistura de patriotismo
econômico e xenofobia, o levou à Casa Branca – contra todas as previsões. Trump apela para
esse amálgama sempre que vê sua estabilidade ameaçada. Como agora. Acusado pelo
escândalo da trama russa, submetido à pressão das pesquisas de opinião, fustigado pelos
grandes meios de comunicação progressistas, desferiu um direto no mundo com a esperança
de encontrar o aplauso de seus eleitores mais fiéis, essa massa branca e empobrecida que
culpa a globalização por todos os seus males. “Fui eleito para representar os cidadãos de
Pittsburgh, não de Paris. Não se podem colocar os trabalhadores em risco de perder seus empregos.
Não podemos estar em desvantagem permanente”, disse Trump.
A ruptura é decisiva, mas não é uma surpresa. Embora os EUA sejam o segundo emissor
global de gases de efeito estufa, Trump sempre mostrou resistência em relação ao Acordo de
Paris. Em diversas ocasiões negou que o aumento das temperaturas se deva à mão do homem.
Chegou mesmo a zombar disso. “Admito que a mudança climática esteja causando alguns
problemas: ela nos faz gastar bilhões de dólares no desenvolvimento de tecnologias que não
precisamos”, escreveu em América Debilitada, seu livro programático.
Mas mais do que a rejeição ao consenso científico, o que realmente motivou Trump foi o
cálculo econômico. Em seu discurso, o pacto tornou-se um mero acordo comercial. Injusto e
perigoso para os EUA. Uma barreira burocrática que, em sua opinião, impede a livre expansão
industrial e só oferece vantagens competitivas para a China e a Índia. “O acordo é um castigo
para os Estados Unidos. A China pode elevar suas emissões sem limite, frente às restrições que nos
impusemos. E a Índia pode dobrar sua produção de carvão. Esse pacto enfraquece a economia norte-
americana, redistribui nossa riqueza no exterior e não nos permite usar todos os nossos recursos
energéticos”, enfatizou.
Tomada a decisão, a saída é fácil, embora tecnicamente lenta. Ao contrário do Protocolo
de Quioto, que George W. Bush abandonou em 2001, o Acordo de Paris não é vinculante. Não
foi ratificado pelo Senado e não tem penalidades. Seu elemento aglutinador é o compromisso.
A saída do Acordo de Paris representa a vitória do Trump mais retrógrado e de seus
assessores mais radicais, que forjaram a doutrina do patriotismo econômico.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA ............................................................................................................... 2
QUESTÕES AMBIENTAIS II ............................................................................................................................. 2
OS IMPACTOS AMBIENTAIS: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, EROSÃO, ASSOREAMENTO, POLUIÇÃO DOS
RECURSOS HÍDRICOS E A QUESTÃO DA BIODIVERSIDADE II ..................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – CLIMATOLOGIA


QUESTÕES AMBIENTAIS II
OS IMPACTOS AMBIENTAIS: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, EROSÃO,
ASSOREAMENTO, POLUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E A QUESTÃO
DA BIODIVERSIDADE II
AMBIENTALISMO E LUCRO
Custa caro, tanto para empresas quanto para os governos, promover alterações
profundas no modo de fabricar, comercializar e consumir produtos. Segundo a Agência
Internacional de Energia (IEA), para reduzir pela metade as emissões de carbono até 2050,
com a tecnologia que possuímos hoje, o mundo teria de investir até lá, 316 trilhões de dólares.
Por outro lado pesquisas apontam que, a longo prazo, desenvolver novas tecnologias limpas
pode ser lucrativo para as empresas, tanto por tornar possível que a produção tenha gastos
menores, quanto por atender uma faixa crescente de consumidores que preferem produtos
de empresas socialmente responsáveis. É a economia verde.
Hoje, as ações do desenvolvimento sustentável encontram um mercado muito mais
amplo e um valor monetário definido. O ambientalismo passou a dar lucro. É o caso da
reciclagem. O Brasil é o campeão na reciclagem de latas de alumínio, reaproveita, por ano,
cerca de 15 bilhões de latas, que rendem 382 milhões de reais. Em garrafas PET, são 253 mil
toneladas por ano e um lucro de 310 milhões de reais.
PROTOCOLO DE KYOTO
O Protocolo de Kyoto, anexado à Convenção sobre Mudanças Climáticas Globais, em
1997, representou uma importante alteração nas políticas globais para o meio ambiente. O
protocolo de Kyoto previa que os países mais industrializados do planeta deveriam reduzir
suas emissões de CO2 até 2012 em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Além disso, o
protocolo criou ainda um sistema de comércio de emissões entre os países, porém, somente
entre os países desenvolvidos, que passaram a ter duas opções:
 Investir na redução das emissões.
 Comprar de outros países créditos de carbono.
OS CRÉDITOS DE CARBONO
Créditos de carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é
simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando
emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases
poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem no país, e são
estabelecidas metas para a redução de suas emissões. As empresas recebem bônus
negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares,
equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução
progressiva estabelecidas por lei tem que comprar certificados das empresas mais bem
sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça seu
próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Disponível em <www.ambientebrasil.com.br>.
Acesso em 4 de jul.2007.

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TRATADO DE KYOTO
O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, passando a ser um
tratado, com 141 assinaturas e o compromisso dos países signatários – dentre os quais o
Brasil – na redução da emissão de gases intensificadores do efeito estufa em 5,2%, em 2012,
quando venceu o Tratado de Kyoto e por isso teve que ser prorrogado.
As regras do Tratado de Kyoto estabeleciam cotas de redução de gases maiores para os
países industrializados do primeiro mundo e, cotas menores, para os países em
desenvolvimento. O Tratado de Kyoto também permitia – por meio dos MDLS (Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo) – que empresas do primeiro mundo invistam em países pobres,
financiando entidades ambientais, em projetos ecologicamente “limpos” nos campos de
geração de energia e de meio ambiente.
Esses investimentos possibilitam que essas empresas compensem a poluição que
produzem e ainda permitem, a essas mesmas empresas, aumentarem suas emissões de CO2
para cada 6 dólares investidos em projetos no terceiro mundo. Contudo, vale lembrar que só
serão aceitos projetos e investimentos aprovados pela ONU e outros órgãos de certificação.
Em março de 2001, George W. Bush contestou o acordo de Kyoto, alegando que as
determinações do acordo seriam prejudiciais à economia norte-americana principalmente,
pelo fato do país estar atravessando uma grave crise energética. Bush alegou ainda que o
acordo era pouco rigoroso com os países em desenvolvimento, portanto ele não ratificaria o
protocolo de Kyoto. A posição norte-americana reduziu substancialmente a chance de sucesso
do acordo.
A primeira etapa de Kyoto venceu em 2012 sem alcançar inúmeros de seus objetivos.
Apesar da discordância de alguns países desenvolvidos chegou-se a uma conclusão em
Durban, COP 17: o prazo de validade da primeira etapa do Protocolo de Kyoto foi 2017. Foi
assinada aí a Plataforma Durban, um documento que fixou uma agenda que culminou na
criação em 2015, de um novo acordo que obriga todas as nações – e não apenas aquelas
listadas em Kyoto – a cumprir metas de redução nas emissões a partir de 2020. Na prática a
Plataforma Durban é só uma promessa. Esse acordo é o chamado Acordo de Paris.
AGENDA 21
A Agenda 21 é o principal documento da Rio-92, este documento foi assinado por 170
países, incluindo o Brasil, e é a proposta mais consistente que existe sobre como alcançar o
desenvolvimento sustentável. A Agenda é uma espécie de roteiro de ações concretas, com
metas, recursos e responsabilidades definidas e serve de guia para as ações do governo e de
todas as comunidades que procuram o desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. A
Agenda 21 pode ser realizada em uma escala menor como cidades, bairros, clubes, escolas e
etc.
Entre os principais objetivos da Agenda 21, destacam-se:
 A universalização do saneamento básico e do ensino.
 A participação mais ativa das ONGs, dos sindicatos e dos trabalhadores na vida da
sociedade.
 O planejamento e o uso sustentado dos recursos do solo, das formações vegetais e
dos rios, lagos e oceanos.
 A conservação da biodiversidade.
 A redução da emissão de poluentes na atmosfera.
A CAMADA DE OZÔNIO
A camada de ozônio não existia na atmosfera primitiva da Terra, por conta da ausência
de oxigênios. O ozônio (O3) forma-se naturalmente na atmosfera pela ação dos raios solares,
que atingem o oxigênio (O2). Em condições naturais, há um equilíbrio entre a formação de

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ozônio e a sua destruição. As concentrações de ozônio da estratosfera apareceram junto com a


oxigenação da atmosfera terrestre e funcionaram como uma barreira que filtra os raios
ultravioletas.
Nos anos 1970, os cientistas Mario Molina e Sherwood Rowland levantaram a hipótese
de que o cloro proveniente de clorofluorcarbonetos poderia destruir o ozônio estratosférico.
Esses gases, conhecidos como Freons 1 ou pela sigla CFC são utilizados principalmente como
substâncias refrigerantes em geladeiras, condicionadores de ar e em aerossóis, como
propelentes. No fim dos anos 70, o governo norte-americano proibiu o uso de CFC como
propelente de aerossóis. Porém, a ação política internacional começou com eficácia em 1985,
com a assinatura do Protocolo de Viena para a proteção da camada de ozônio. Dois anos mais
tarde foi firmado o Protocolo de Montreal, que regula a produção de CFCs.
CHUVAS ÁCIDAS
Em áreas de atmosfera muito comprometida, é comum a formação de nevoeiro causado
pela poluição. Às vezes ocorrem as chamadas chuvas ácidas, que, além dos males à saúde,
provocam corrosões nos metais, nas pedras calcárias, das construções, etc.

As chuvas ácidas não são precipitações de água carregadas de ácido sulfúrico e/ou ácido
nítrico. Esses ácidos se formam na atmosfera por meio de reações químicas provocadas pela
presença de dois gases muito poluentes, respectivamente, o dióxido de enxofre, emitido por
usinas elétricas e por determinadas indústrias e óxidos de nitrogênio, emanados de motores a
combustão, fornos industriais, aviões, etc. Em contato com a água da atmosfera, o dióxido de
enxofre dá origem ao ácido sulfúrico e óxidos de nitrogênio reagem para formar o ácido
nítrico.

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Marca registrada da empresa norte-americana DuPont.

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INVERSÃO TÉRMICA
Como decorrência do aumento do acúmulo de poluentes na atmosfera, as grandes
cidades frequentemente parecem estar mergulhadas em densa névoa. Este fenômeno é
particularmente notável em dias em que ocorre alteração na circulação vertical do ar,
processo conhecido como inversão térmica.
As camadas inferiores do ar são normalmente mais quentes que as superiores devido à
irradiação do calor do solo. Como as camadas mais quentes são menos densas que as frias,
elas tendem a subir, enquanto as camadas frias tendem a descer. Assim, há uma circulação
vertical do ar em consequência dos poluentes.
A inversão térmica ocorre nos dias frios, quando as camadas inferiores de ar
permanecem frias e mais densas, não havendo circulação vertical do ar, se não houver ventos
fortes que desloquem essa camada horizontalmente, ocorrerá a formação de uma névoa com
altas taxas de poluentes, que só será dispersa por novas alterações meteorológicas.
Durante as inversões térmicas, observa-se uma série de alterações fisiológicas no
homem, como irritação dos olhos e das vias respiratórias, em consequência da ação
combinada de diversos poluentes, cujas taxas se tornam maiores.

CORRENTES AMBIENTALISTAS E MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS


O agravamento dos problemas ambientais tem despertado uma preocupação cada vez maior na
sociedade. Contudo, não há consenso entre os ambientalistas, que se dividem em três correntes
ambientalistas:
Conservacionistas: considerada a mais radical, essa corrente defende o controle do
crescimento populacional e a diminuição do ritmo da expansão econômica como forma de
conter os problemas ambientais. São essas ações que inspiram a ação dos movimentos
ambientalistas. 2

2
Os movimentos ambientalistas surgiram a partir do agravamento dos problemas ambientais planetários. A
partir dos anos 60 e 70, esses movimentos tiveram um enorme crescimento, atuando em diversas causas,
como a proteção da vida silvestre, no combate a poluição, e etc. Esses movimentos atuam geralmente por
meio de ONGs. Entre as mais conhecidas podemos destacar o Greenpeace e a WWF, no Brasil, a mais
reconhecida é a S.O.S. Mata Atlântica.

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Ecodesenvolvimentistas: esse grupo busca a transformação da sociedade por meio de


uma mudança nos padrões de comportamento. Os que defendem esse ponto de vista
acreditam que a principal causa da degradação ambiental reside nas próprias características
do capitalismo atual.
Ecocapitalistas: esse grupo acredita que o atual nível de degradação da natureza não
chega a ser tão alarmante a ponto de colocar em risco a vida humana no planeta. Por isso, eles
ainda consideram viável a contínua exploração dos recursos naturais.
BIODIVERSIDADE SOB AMEAÇA
Existem no planeta cerca de 2 milhões de espécies vivas já catalogadas, mas estima-se
que o número real seja bem maior – entre 5 milhões e 30 milhões. A cada ano são descobertas
novas espécies de animais e plantas em algum lugar do planeta.
Tão importante quanto animais, plantas e micro-organismos tomados isoladamente é a
maneira como eles interagem para formar a estrutura e o funcionamento de um ecossistema.
Assim, para proteger as espécies ameaçadas, é necessário preservar o seu ecossistema.
Além disso, evitar a extinção de espécies e garantir sua diversidade genética e biológica é
fundamental para as populações que dependem delas economicamente.
Um alerta mundial foi dado no ano de 2015 com a publicação do documento Avaliação
Ecossistêmica do Milênio, um diagnóstico solicitado pela Organização das Nações Unidas
sobre a saúde do planeta e sua relação com a manutenção da vida humana. Realizado por
1.360 cientistas de aproximadamente 100 países, o relatório conclui que a Terra está
passando por um novo período de extinções em massa. Os pesquisadores estimaram que
esteja desaparecendo por ano cerca de 27 mil espécies nem sequer catalogadas e descritas
pela ciência.
O relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), rede de
organizações de mais de 160 países, estima que mais de 17 mil espécies existentes estejam
ameaçadas de extinção. A contagem feita em 2019, referente só a pássaros, informa que estão
ameaçados 1.222 espécies, cerca de 20% do total conhecido.
MATAR A NATUREZA É MATAR O LUCRO
Até pouco tempo atrás, as empresas costumavam atrelar seu nome às causas
verdes, principalmente como estratégias de marketing. (...) demonstrar preocupação com
o planeta era um forma de ilustrar a imagem da companhia e atrair os consumidores
para as suas marcas. (...) Hoje, os custos de ações como essas vão para a lista de
investimentos, já que podem significar lucros e crescimento nos negócios. (...) O que
mudou? Para entender o fenômeno, tome-se como exemplo a Coca-Cola, uma das marcas
mais valiosas do mundo.
Há dez anos, quando anunciou uma série de investimentos inéditos em projetos
ambientais, a Coca-Cola não estava preocupada com o derretimento das geleiras do
Ártico nem queria salvar os ursos-polares ameaçados de extinção. Diante de estudos que
apontavam para a crescente escassez de água doce no planeta, a empresa se convenceu
de que ignorar o problema poderia ser perigoso para o futuro de seu negócio. A água é a
matéria-prima para a fabricação dos mais de 3.000 produtos da marca. A companhia
injetou bilhões de dólares na criação de métodos e programas de reutilização e
tratamento de água em suas fábricas, em mais de 200 países. (...)
“(...) a escassez de água, a extinção das espécies e o despejo de produtos tóxicos afetaram
profundamente o funcionamento da sociedade e também o das empresas, disse o
economista Andrew Winston (...). VEJA, 9/6/2010. Gabriela Carelli.
METRÓPOLES E A POLUIÇÃO

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A interferência humana no ambiente tem provocado alterações climáticas nos grandes


centros urbanos ou metrópoles, que resultaram na formação de um clima local. Nas regiões
urbanas centrais, as temperaturas tendem a aumentar por diversas razões: redução drástica
das áreas verdes; impermeabilização do solo devido à pavimentação de ruas e ao grande
número de edificações; verticalização da orla.
POR QUE OCORRE O EFEITO ILHA DE CALOR

Fonte: FAPESP
Esse problema ambiental é consequência de um planejamento urbano deficiente ou
inexistente. Temperaturas maiores são detectadas nos centros de várias metrópoles,
ocorrendo um decréscimo da temperatura em relação às periferias. Além dos problemas
atmosféricos os grandes centros urbanos apresentam outros problemas como o acúmulo de
lixo e esgotos, os frequentes congestionamentos, a poluição sonora e a poluição visual.

A Poluição Visual se caracteriza pelo excesso de elementos que compões uma paisagem urbana

FLORESTAS EM DECRÉSCIMO NO PLANETA

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Fonte: Relatório de desenvolvimento humano 2017/2018. Coimbra, Edições Almedina, AS, 2017.p.158.

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OS POVOS DA FLORESTA PODEM SER A SALVAÇÃO DA FLORESTA?


Do final dos anos 80 do século XX até hoje, é notável a mudança em curso na cultura
política para incorporar a chamada ‘questão ambiental’ que, especialmente no Brasil,
transformou-se numa ‘questão socioambiental’. O próprio significado da Floresta
Amazônica, para as populações que vivem na região, ganhou em conhecimento e
consciência. Nos últimos anos é fácil observar que a conservação ambiental passa a fazer
parte da forma de pensar e do desejo de agir das pessoas [...]
Desde o primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros, em 1985, são inúmeros os
projetos produtivos de comunidades locais, cooperativas, sindicatos, ONGs e associações
de produtores que consideram a geração de renda e emprego na mesma medida que a
sustentabilidade ambiental. O incentivo governamental a essas iniciativas vem sendo
incrementado em razão da institucionalização dessas conquistas, não apenas do
movimento dos seringueiros do Acre, mas também do sindicalismo rural da região de
Santarém no Pará, da luta dos extrativistas e pescadores do Amapá e em outras
localidades. Nas primeiras luzes desse novo milênio, entretanto, esse quadro de
transformações ainda encontra fortíssima resistências numa oligarquia que se tornou
cada vez mais forte, econômica e politicamente, graças a um projeto de desenvolvimento
que não considerava a conservação dos ecossistemas e tampouco a inclusão social como
objetivos prioritários [...]
Seja no âmbito de políticas de financiamento desse desenvolvimento ou nos
programas de investimento em infraestrutura [...], está claro que ainda temos um longo
caminho a percorrer na construção de um modelo de desenvolvimento que seja
socialmente justo, ecologicamente sustentável, economicamente viável e política e
culturalmente democrático [...] SILVA, Marina; VIANA, Gilney A.; DINIZ, Nilo. O desafio da
sustentabilidade: um debate socioambiental no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2001.
As consequências socioambientais dessa interferência humana são muitas:
 Aumento da erosão, que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da
retirada de sua camada superficial.
 Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que
provoca desequilíbrio nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e,
com frequência, trazer dificuldade para a navegação.
 Rebaixamento do aquífero resultante da menor infiltração da água das chuvas no
subsolo.
 Diminuição dos índices pluviométricos, em consequência do fim da
evapotranspiração; estima-se que metade das chuvas que caem sobre as florestas
tropicais é resultante da evapotranspiração.
 Elevação das temperaturas locais e regionais.
 Agravamento dos processos de desertificação.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – ATIVIDADE INDUSTRIAL .................................................................................................. 2
INDÚSTRIA I ................................................................................................................................................... 2
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS..... 2

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GEOGRAFIA GERAL – ATIVIDADE INDUSTRIAL


INDÚSTRIA I
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: PRIMEIRA, SEGUNDA E
TERCEIRA REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS.
O espaço geográfico contemporâneo é resultante, em boa medida, das transformações
promovidas pelas Revoluções Industriais. As atividades industriais que ocorrem no interior
das fábricas desdobram-se posteriormente em outras atividades.
O SISTEMA TÉCNICO ATUAL
As épocas se distinguem pelas formas de fazer, isto é, pelas técnicas. Os
sistemas técnicos envolvem formas de produzir energia, bens e serviços, formas de
relacionar os homens entre eles, formas de informação, formas de discurso e
interlocução. O casamento da técnica e da ciência, longamente preparado desde o
século XVIII, veio reforçar a relação que desde então se esboçava entre ciência e
produção. Em sua versão atual como tecnociência, está situada a base material e
ideológica em que se fundam o discurso e a prática da globalização.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção.
São Paulo: EDUSP 2008.p.171

Não podemos compreender o mundo em que vivemos, assim como a sua geografia
(organização do espaço) sem estudarmos a chamada Revolução Industrial. A fabricação de
bens necessários à vida em sociedade teve início desde que o ser humano começou a
transformar qualquer um dos elementos que a natureza lhe oferece em produtos úteis aos
diferentes modos de consumo, por exemplo, quando o homem retirou madeira de florestas,
usou a argila ou começou a utilizar os minerais (cobre, ferro etc.) para confeccionar objetos,
tudo isso já representava de certo modo uma atividade industrial embrionária.
As diferentes transformações da natureza em bens econômicos conheceram diferentes
momentos ao longo da história. Na atualidade que domina a sociedade de consumo, é a
indústria um dos ramos mais dinâmicos e um dos setores mais importantes da economia; ela
provoca o desenvolvimento de atividades que lhe são complementares, como fornecimento de
matérias-primas, energia e oferta de mão de obra. Forçando inclusive a sua especialização e a
qualificação produz capitais e estimula o desenvolvimento do comércio dos transportes e dos
serviços.
Sua importância é tal que os países e as regiões industrializadas assumem posições de
destaque em termos de desenvolvimento, fazendo com que aqueles países e regiões que não
se industrializam fiquem na dependência dos industrializados.
O conceito clássico de Indústria seria uma forma de transformação da matéria-prima
(mineral, agrária ou florestal, além de lâminas de ferro ou componentes eletrônicos) em
manufaturadas. Portanto, a indústria é uma atividade econômica do setor secundário que
transforma qualquer matéria-prima em bens ou mercadorias.
ESTÁGIOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL (ARTESANATO – MANUFATURA –
MAQUINOFATURA)
Para se falar de indústria é necessário contextualizar, historicamente o seu surgimento a
partir de um processo evolutivo e acumulativo, que teve origem na Europa e se propagou para
o mundo. Em uma visão simplificada, podemos afirmar que tudo começou com um sistema de

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produção muito antigo denominado de artesanato, evoluindo para uma manufatura que
surgiu por volta do século XIV, em algumas cidades da Inglaterra, Itália e Bélgica, sendo
posteriormente implantada em outros lugares.
Por volta de meados do século XVIII com o advento da máquina, a manufatura foi pouco
a pouco substituída pela produção industrial mecanizada originando a maquinofatura. E
esta, na segunda metade do século XX, vem em parte sendo substituída pela utilização de
robôs na linha de produção industrial, em consequência do grande desenvolvimento
eletrônico.
MANUFATURA
Cada manufatura era de propriedade de um capitalista, que fornecia a oficina, as
ferramentas e a matéria-prima e pagava um salário aos artesãos, ficando com o produto do
trabalho. Temos aí o embrião do sistema capitalista de produção, em que o trabalhador já
não é dono dos meios de produção e, para sobreviver, precisa vender sua força de trabalho a
um capitalista, que controla os meios de produção.
Foi nas manufaturas que as ferramentas manuais começaram a ser substituídas por
máquinas, que facilitavam todo o processo, melhorando a qualidade e aumentando a
quantidade de produtos.
A partir da segunda metade do século XVIII, a aplicação de novos conhecimentos
permitiu uma série de aperfeiçoamentos nas poucas máquinas existentes e levou à invenção
de inúmeras outras. A utilização de máquinas, juntamente com a descoberta de novas fontes
de energia (carvão e água), possibilitou a substituição do trabalho manual pelo trabalho
mecânico em inúmeras atividades. Este conjunto de grandes mudanças devidas à
industrialização constituiu a Revolução Industrial.
No mundo atual em que as relações homem-meio alteram-se principalmente em função
das necessidades de uma sociedade mais globalizada e economicamente mais forte, o espaço
mundial fragmenta-se em espaços muito diferenciados, quanto às formas de ocupações e de
interações entre seus membros. Diante deste quadro evolutivo e da necessidade de se
produzir cada vez mais é que a indústria atual está calçada na seguinte tríplice econômica:
tecnologia, globalização e integração.
A tecnologia, nesse caso quer dizer pesquisas, aplicações de conhecimentos científicos,
elaborações de novos produtos (máquinas modernas, informáticas, imagens, robóticas,
biotecnologias etc.). Globalização, quer dizer que para a indústria o importante hoje é estar
num mercado mundializado onde as relações capitalistas se tornam mais fortes e lucrativas.
Integração significa uma interdependência entre as empresas e os processos de
produções complementares a uma economia global. Dentro de uma visão mais técnica,
podemos afirmar que a industrialização atual está baseada em uma produção de vanguarda,
com tecnologias denominadas de ponta.
REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga,
muito antiga. Mas com a associação da máquina à força do vapor ocorreu uma
modificação importante no método de produção. O aparecimento da máquina movida a
vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala. Era possível ter fábricas sem
máquinas, mas não era possível ter máquinas a vapor sem fábricas. HUBERMAN, Leo.
História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: LCT, 2008.
A Revolução Industrial foi uma decorrência da evolução do sistema capitalista, que
instaurou a Divisão Internacional do Trabalho (DIT), papel que cada lugar do espaço
desempenha no capitalismo mundial. Entre os fatores que tornaram possível o advento da
indústria europeia destacam-se:

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 os capitais acumulados durante o período mercantil;


 as gigantescas jazidas de ferro e carvão inglesas;
 a população europeia, que se constituía em um mesmo momento em mão de obra e
mercado consumidor.
A Primeira Revolução Industrial provocou intensas transformações no espaço geográfico
e na divisão do trabalho1. A organização do espaço, as relações sociais e territoriais, a difusão
de culturas e técnicas e o aprofundamento da competição entre os países estão entre essas
mudanças. Além delas podemos destacar ainda a concentração populacional em determinados
espaços, o que transformou essas áreas em importantes regiões industriais. O crescimento da
produção industrial na Inglaterra e a necessidade de ampliar o mercado para além das
próprias fronteiras deram origem ao liberalismo econômico2, uma nova forma de pensar a
economia.
O liberalismo considerava nociva a intervenção estatal na distribuição das riquezas e
defendia a livre concorrência entre as empresas e os países. Naquele momento, as ideias
liberais interessavam principalmente a Inglaterra, que não encontrava concorrentes a sua
altura.
SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (A ERA DO CAPITAL)
Na década de 1860, uma nova palavra entrou no vocabulário econômico e político do
mundo: “capitalismo3”. Portanto, parece apropriado chamar o presente volume de A Era do

1
O conceito [de divisão do trabalho] é usado, sobretudo, no estudo da produção econômica. Na sociedade de
caçadores-coletores, por exemplo, as divisões do trabalho são relativamente simples, uma vez que não é
muito grande o número de tarefas a serem feitas. Em comparação, sociedades industriais as têm
extremamente complexas, principalmente porque a capacidade de produzir um vasto excedente de alimentos
permite que a maioria das pessoas se entregue a uma grande variedade de tarefas que pouco tem a ver com as
necessidades de sobrevivência. Da forma exposta pela primeira vez por Émile Durkheim, as diferenças na
divisão do trabalho afetam de forma profunda aquilo que mantém coesas as sociedades. Com divisões do
trabalho simples, a coesão social baseia-se principalmente nas semelhanças das pessoas entre si e no fato de
terem um estilo de vida comum. Com as divisões do trabalho complexas, porém, ela tem por fundamento a
interdependência que resulta da especialização. Num sentido irônico, as diferenças o que nos mantêm
unidos.
A divisão do trabalho figura também com destaque no estudo sobre as desigualdades sociais. Do ponto de
vista marxista, o capitalismo utiliza uma divisão do trabalho complexa para controlar melhor os
trabalhadores. O trabalho é dividido em grande número de tarefas minunciosamente especializadas que
requerem apenas o mínimo de treinamento e qualificação. Esse fato permite aos empregadores monitorar e
controlar o processo de produção e substituir sem dificuldades os trabalhadores, o que os priva de poder em
suas relações com os patrões. JOHNSON, Alan. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1997.
2
Doutrina que serviu de substrato ideológico às revoluções antiabsolutistas que ocorreram na Europa
[Inglaterra e França, basicamente] ao longo dos séculos XVII e XVIII, e à luta pela independência dos
Estados Unidos. O pensamento econômico liberal constitui-se, a partir do século XVIII, no processo de
Revolução Industrial, com autores como Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, etc. Os princípios
do Laissez-faire aplicados ao comércio internacional levaram à política do livre-cambismo, que condenava as
práticas mercantilistas, as barreiras alfandegárias e protecionistas. SANDRONI, Paulo. Novíssimo
dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
3
Sua origem talvez preceda 1848, mas uma pesquisa mais detalhada sugere que raramente tenha ocorrido
antes de 1849 e dificilmente tenha ganhado amplo uso antes da década de 1860.

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Capital, um titulo que também faz lembrar a todos nós que a mais importante obra do mais
importante crítico do capitalismo, O Capital, de Karl Marx (1867), foi publicada nessa época. O
triunfo global do capitalismo é o tema mais importante da História nas décadas que se
sucederam a 1848. Foi o triunfo de uma sociedade que acreditou que o crescimento econômico
repousava na competição da livre iniciativa privada, no sucesso de comprar tudo no mercado
mais barato (inclusive trabalho) e vender no mais caro. Uma economia assim fundamentada e,
portanto, repousando naturalmente nas sólidas fundações de uma burguesia composta daqueles
cuja energia, mérito e inteligência os elevou a tal posição, deveria – assim se acreditava – não
somente criar um mundo de plena distribuição material mas também de crescente
esclarecimento, razão e oportunidade humana, de avanço das ciências e das artes, em suma, um
mundo de contínuo progresso material e moral. HOBSBAWN, Eric J. A Era Do Capital, 1848-1875. São
Paulo: Paz e Terra, 2009.p.22
A partir de 1850, novas mudanças no modo de produzir estenderam-se a diversos
países, como Estados Unidos, Japão, França e Alemanha, iniciando a Segunda Revolução
Industrial, que se estendeu até o início do século XX.
A Segunda Revolução Industrial caracterizou-se por transformações quantitativas e
qualitativas. A eletricidade e o petróleo ampliaram a capacidade de produção e energia e
acrescentaram novas possibilidades à tecnologia de produção, criando condições para o
desenvolvimento de produtos e invenções, como motor a combustão. Surgiram as grandes
siderúrgicas e metalúrgicas e indústria química e automobilística. A marinha mercante
multiplicou sua frota em diversos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As
ferrovias se expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e atividade empresarial.
A indústria inglesa mantinha, em grande parte, os equipamentos e maquinários
tradicionais. Já os novos países que se industrializavam na Europa (como a Alemanha) e em
outras regiões do mundo (como nos Estados Unidos e Japão) incorporavam as tecnologias que
surgiam e instalavam suas indústrias em consonância com as novas infraestruturas de
transporte e energia, tornando-se, nesse sentido, mais competitivos que a antiga potência.
A utilização da eletricidade e do petróleo como combustível trouxe novos progressos. No
ciclo do petróleo, na primeira metade do século XX, a indústria automobilística tomou
impulso. Carros, trens elétricos e aviões possibilitaram transportes mais rápidos e eficientes.
O empresário Henry Ford propôs diversas inovações no processo produtivo, com o
objetivo de produzir mais em menos tempo. A sistematização desse processo foi feita por
Frederick Taylor, que procurou intensificar ainda mais o ritmo de trabalho nas fábricas.
Propôs a execução de tarefas em tempo cronometrado e a fixação do trabalhador no seu ponto
de serviço, com as peças movidas a esteira. Com essa medida reduziu-se o tempo de
deslocamento dos operários para troca de atividade ou de ferramentas.

A expansão da industrialização para diversos países e a aplicação de novas tecnologias à


produção e ao transporte modificaram profundamente a orientação liberal, característica da
Primeira Revolução Industrial.
Os novos setores industriais que dominavam o cenário econômico dependiam de
investimentos maiores que os realizados até aquele momento, o que tornou necessária a
união de vários empreendedores. À época, boa parte das industriais passou a contar com a
participação do capital bancário e financeiro.

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No final do século XIX, a fusão entre o cap4ital industrial e o capital financeiro e a união de
indústrias levou ao aparecimento de gigantescas empresas de alta tecnologia para o período;
originando os oligopólios e os monopólios. As pequenas empresas, que não acompanharam a nova
tendência do desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram absorvidas pelas grandes.

O caráter desumano do trabalho no modelo de produção fordista/taylorista foi denunciado por Charles
Chaplin, na sua obra Tempos Modernos, 1936.

TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O TOYOTISMO


A Terceira Revolução Industrial, ou Revolução Técnico-Científica, começou a tomar
forma no final da Segunda Guerra Mundial, mas os seus efeitos se manifestaram em todo o
mundo, de forma mais intensa, nas últimas décadas do século XX e início do século XXI.
Seus efeitos particulares na atividade industrial estão relacionados ao:
 avanço nos sistemas de telecomunicações e transportes;
 desenvolvimento e utilização da informática, tanto nos equipamentos (hardwares)
quanto nos programas e sistemas operacionais (softwares);
 desenvolvimento da microeletrônica e da robótica.
Ao mesmo tempo em que gera riquezas e amplia as taxas de lucro, a Revolução Técnico-
Científica responde também pelo desemprego de milhões de pessoas em todo o planeta, pois
permite a produção de mais produtos e serviços com menor número de trabalhadores.
No Japão, ocorreu a transformação do processo de produção de mercadorias na era
informacional. Por ser um país com território pequeno, dependente de matérias-primas e com
pouco espaço para estocagem de produtos, o país alterou a produção. Essa nova organização
ficou conhecida como Just-in-time e foi implementada pela primeira vez nos anos 50 na
fábrica da Toyota.
Nessa nova forma de produzir, as diferentes etapas de produção, desde a entrada das
matérias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada entre
fornecedores, produtores e compradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde
exatamente à quantidade de mercadorias que será produzida e são elaboradas dentro de um
prazo estipulado de acordo com os pedidos dos compradores.
A difusão do modelo toyotista ampliou os fluxos de mercadorias, acelerando seu ritmo e
fazendo novas exigências ao setor de transportes. Além disso, provocou aumento no fluxo de
informações, por exemplo, entre as empresas fabricantes do produto final, como as
montadoras de automóveis e os fornecedores de peças automotivas.

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Com a eficiência das novas tecnologias de informação e comunicação foi possível


acelerar a distribuição de grande quantidade de informações por diversos países, criando uma
interconexão dos lugares em tempo real.
Essas tecnologias trouxeram a possibilidade de uma flexibilização da economia, ou seja,
mais chances de adaptação às finalidades propostas. Por esse motivo, o capitalismo financeiro
passou a ser sinônimo de capitalismo flexível. Essa flexibilidade se manifestou na expansão
geográfica das empresas transnacionais, nos processos produtivos, na organização do
trabalho e na expansão do capital financeiro.
TECNOLOGIAS DE PROCESSO DE PRODUÇÃO
A Primeira Revolução Industrial marcou o surgimento da fábrica, que reuniu todos os
trabalhadores, antes dispersos, dentro de uma única unidade de produção controlada pelo
empresário industrial. As máquinas tornaram-se elementos fundamentais do sistema
produtivo, e o trabalho foi dividido em etapas, feito por trabalhadores contratados por um
salário previamente estabelecido.
A elevação da produtividade, porém, não depende apenas das máquinas, mas também
das tecnologias de processo. Foi o que demonstraram os Estados Unidos, no início do século
XX, em plena Segunda Revolução Industrial, com a introdução de novas formas de organização
do trabalho e técnicas de produção industrial, que possibilitaram a racionalidade extrema do
processo de trabalho no interior da fábrica: o taylorismo e o Fordismo.
TAYLORISMO E FORDISMO
O taylorismo, idealizado pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor
(1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril era um conjunto de tarefas
totalmente independentes umas das outras e que não exigia conhecimentos técnicos do
trabalhador. Para Taylor, o conhecimento de todo o processo produtivo era uma atribuição
exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada etapa da tarefa a ser feita no
menor intervalo de tempo e sem perda de qualidade. O objetivo principal era o aumento da
produtividade. Para isso, era necessário controlar todo o processo produtivo, dos movimentos
dos operários e das máquinas e a correta utilização das ferramentas até o fluxo das matérias-
primas, peças e produtos acabados.

Frederick Winslow Taylor

O Fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863-1947) no processo de


produção de automóveis, no início do século XX. O modelo de produção fordista associava a
linha de montagem às técnicas de organização do taylorismo. No processo de produção
fordista, a mercadoria, em processo de montagem, deslocava-se no interior da fábrica para a
realização de cada etapa de produção. O trabalhador, especializado em sua tarefa, cumpria-a
num tempo predeterminado; o produto continuava a se deslocar até a instalação da última
peça.

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Linha de Montagem do Ford-T, conhecido no Brasil como Ford Bigode.

TOYOTISMO
No Japão, o país com um território restrito, dependente da importação de matérias-
primas e com pouco espaço para estocagem de produtos, foi estruturado um novo processo de
produção. Esse sistema ficou conhecido como just-in-time (tempo exato) e foi implementado
pela primeira vez na metade do século XX, na fábrica da Toyota.
No interior da fábrica as diferentes etapas da produção, desde a entrada das matérias-
primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada entre fornecedores,
produtores e compradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exatamente à
quantidade de mercadoria que será produzida, o que é feito dentro de um prazo estipulado e
de acordo com o pedido dos compradores. Além da eficiência, com controle de qualidade total
dos produtos, o sistema just-in-time permite diminuir custos de estocar e garantir o lucro dos
empresários.
O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do sistema fordista foi
substituído por um sistema flexível, em que o trabalhador pode ser deslocado para realizar
diferentes funções, de acordo com as necessidades da produção de cada momento.
No novo sistema, a modificação e a atualização dos modelos de mercadorias podem ser
feitas a partir de pequenas mudanças nos equipamentos da fábrica, utilizando-se os mesmos
maquinários. Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, intensivamente
utilizados nesse sistema, viabilizam as frequentes mudanças. A flexibilidade de informações,
por exemplo, entre as empresas fabricantes do produto final (as montadoras de automóveis) e
os fornecedores de peças (os fabricantes de peças automotivas).
Com o Toyotismo, o processo de formação de rede de empresas intensificou-se. O
agrupamento de fornecedores que subcontratam outras empresas agiliza a produção, reduz
os custos e aumenta a produtividade. Contudo, pode levar à precarização do trabalho nas
empresas subcontratadas.
LOCALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA: FATORES DETERMINANTES
Por muito tempo a localização das indústrias esteve ligada à proximidade das jazidas de
matérias-primas, do mercado consumidor ou do litoral. Esse padrão de localização
caracterizou a Primeira e Segunda Revolução Industrial.
A partir do término da Segunda Guerra Mundial, ocorreu uma descentralização da
produção industrial no mundo e também no interior de cada país: as transnacionais se
espalharam pelo mundo, sendo as principais responsáveis pela globalização econômica e pela
Revolução Técnico-Científica.
TRANSNACIONAIS
As corporações transnacionais são os principais atores da economia mundial. Cerca de
70% do comércio internacional é realizado pelas empresas transnacionais. Os conglomerados

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transnacionais não são, verdadeiramente, empresas de muitos países. Eles têm um centro de
decisões globais localizado no país-sede. A alta direção do conglomerado geralmente ocupa
postos de importância nas esferas econômica e política desse país, para o qual é repatriada
uma parte dos lucros obtidos no mundo inteiro. A empresa transnacional tem pátria. Os
Estados Unidos, os países europeus, o Japão, a Coreia do Sul e a China são as pátrias da maior
parte delas.
Estes conglomerados desenvolveram-se num primeiro momento nos Estados Unidos,
onde o amplo mercado interno e a vasta disponibilidade de recursos naturais contribuíram
para a centralização de capitais. Assim, empresas mais poderosas adquiriram empresas
menores, chegando a formar monopólios ou oligopólios nacionais.
O crescimento de uma empresa global envolve um longo trajeto de centralização de
capitais. O conglomerado alimentar suíço Nestlé exemplifica esse processo, que se desenvolve
por meio da compra de empresas menores e conquista de novos mercados.

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Fonte: HARRISON, Pierre.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – ATIVIDADE INDUSTRIAL .................................................................................................. 2
INDÚSTRIA II .................................................................................................................................................. 2
TIPOS DE INDÚSTRIAS: CONCENTRAÇÃO E DISPERSÃO INDUSTRIAL, OS CONGLOMERADOS
TRASNACIONAIS E OS NOVOS FATORES DE LOCALIZAÇÃO ....................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – ATIVIDADE INDUSTRIAL


INDÚSTRIA II
TIPOS DE INDÚSTRIAS: CONCENTRAÇÃO E DISPERSÃO INDUSTRIAL, OS
CONGLOMERADOS TRASNACIONAIS E OS NOVOS FATORES DE
LOCALIZAÇÃO
CENÁRIOS REGIONAIS NO PLANETA
Atualmente, há indústrias de diferentes tipos espalhadas pelo planeta. No entanto,
alguns países e regiões (como Estados Unidos, União Europeia e Japão) se destacam por terem
sido quem primeiro se desenvolveu industrialmente e hoje abrigam os maiores grupos
industriais do mundo. Os países emergentes como os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), que também vêm se firmando como grandes exportadores de produtos
industrializados, integram-se ao mercado mundial a partir de trajetórias muito diferentes.

ESTADOS UNIDOS: A REORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DA INDÚSTRIA


A industrialização estadunidense começou na porção Nordeste do país, onde se
desenvolveram as indústrias de consumo da Nova Inglaterra, impulsionadas pelos centros
comerciais e bancários do Atlântico, como Nova Iorque e Boston. Mas, desde o final da Guerra
Civil (1861-1865), o eixo industrial passou a se deslocar para o interior, na direção das bacias
carboníferas dos Montes Apalaches e das cidades da região dos Grandes Lagos.
Nas últimas décadas do século XIX emergiu uma estrutura espacial centralizada por um
vasto e nítido polo industrial: o Manufacturing Belt, ou Cinturão Fabril, no nordeste e nos
Grandes Lagos. Nessas áreas desenvolveram-se as indústrias de bens de produção, baseadas
no carvão e minério de ferro, e nasceu a indústria automobilística. A navegação através do Rio
São Lourenço foi interligada por grandes obras de engenharia ao sistema lacustre, abrindo
toda a região às embarcações que cruzavam o Oceano Atlântico. Os centros siderúrgicos de
Chicago e Pittsburgh se interligaram à indústria mecânica, concentrada em Detroit. Logo, essa
área passou a representar cerca de três quartos da produção industrial nacional.

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ESPAÇO INDUSTRIAL ESTADUNIDENSE

Fonte: CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas stratégique geopolitique. Paris: Complexe,
1997.p.90

Após a Segunda Guerra Mundial, um conjunto de fatores contribuiu para abalar a


supremacia industrial do Manufacturing Belt. Um Volume crescente de investimentos
industriais passou a se dirigir para o sul e para o oeste; a política de construção de estradas de
rodagem e os programas de desenvolvimento das bacias dos rios Tennessee e Colúmbia
dinamizaram novas áreas; os campos petrolíferos do Golfo do México e da Califórnia, com
produção crescente, atraíram mais investimentos e a reconstrução econômica do Japão, por
seu turno; despertou o interesse comercial pela Bacia do Pacífico e, portanto, pela costa oeste.
Essas transformações originaram o chamado San Belt, o Cinturão do Sol, que abrange as
variadas novas áreas, emergentes do sul e do oeste. O dinamismo econômico dessas áreas
contrasta com a estagnação ou mesmo regressão do Manufacturing Belt.
A metalurgia de não ferrosos beneficiou-se das vastas reservas de cobre, chumbo, níquel
e outros minerais da área das Montanhas Rochosas, na região de Salt Lake City. As indústrias
siderúrgicas implantadas no pós-guerra foram atraídas pelas reservas de ferro e carvão de
Birmingham, no estado do Alabama, ou para a região de Los Angeles, na costa do Pacífico,
onde a sucata é utilizada como matéria-prima. A eletrônica e a informática oferecem um bom
exemplo dessas novas localizações. Na Califórnia, formou-se o célebre Vale do Silício.
A concentração industrial estrutura-se em torno da Baía de São Francisco, em um
conjunto de pequenas localidades onde estão centenas de empresas que produzem
computadores (Apple e HP – Hewlett Packard) e softwares para a internet.
A Universidade de Stanford forma grande parte dos quadros científicos e técnicos que
atuam nessas empresas. No Texas, as cidades de Dallas, Houston e Austin tornaram-se centros
de emergentes de produção industrial e tecnológica.
UNIÃO EUROPEIA
Os países da UE apresentam diferenças significativas do ponto de vista industrial.
Alemanha, França, Itália e Reino Unido, por exemplo, têm participação industrial absoluta
elevada, enquanto Estônia, Letônia, Lituânia, Bulgária, Romênia e Eslováquia apresentam
desenvolvimento industrial abaixo da média.
A entrada de países de menor desenvolvimento na EU exige investimentos do conjunto
de países do bloco, principalmente em infraestrutura. Foi o que aconteceu com Portugal e

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Espanha, na década de 1990. A EU tem várias regiões industriais tradicionais muitas delas
surgidas ainda nos séculos XVIII e XIX. É o caso de Manchester, Birmingham, Cardiff e várias
cidades ao longo do rio Tâmisa, no Reino Unido; dos vales do Reno e Ruhr, onde estão as
cidades de Duisburgo, Dusseldorf, Essen e Colônia, na Alemanha; da região de Paris, Lyon e da
Alsácia-Lorena (Metz e Estrasburgo), na França; das cidades de Milão, Turim E Gênova, no
norte da Itália.
JAPÃO
No Japão, os principais parques industriais situam-se junto ao litoral do Pacífico, na
costa leste. O intenso comércio externo japonês, que inclui volumosas exportações industriais
(automóveis, eletroeletrônicos, equipamentos de telecomunicação) e importação de matérias-
primas (minério de ferro, petróleo, carvão mineral), determinou a concentração litorânea de
sua indústria. O maior centro industrial fica na megalópole por Yokohama, Nagoya e Kyoto.
POLOS INDUSTRIAIS JAPONESES

A industrialização japonesa ocorreu a partir de 1868, início da Era Meiji, que


corresponde ao reinado do Imperador Mutsuhito (1868-1912). O período marcou o fim do
xogunato 1 e o surgimento das empresas familiares denominadas zaiabatsus. As zaiabatsus
foram proibidas durante a ocupação norte-americana, após a Segunda Guerra Mundial, mas
ressurgiram durante o processo de recuperação econômica japonesa. É o caso, por exemplo,
das empresas Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo.
Nos últimos cinquenta anos, o Japão não só acompanhou o ritmo de desenvolvimento
tecnológico mundial como chegou a lidera-lo em alguns setores. Criou seus próprios
tecnopolos e é o país que mais investiu no processo de robotização industrial no planeta. No
mercado externo, o Japão passou a sofrer com a competitividade industrial de seus vizinhos

1
Xogunato: sistema de organização social e econômica do Japão que antecedeu a Era Meiji e dominou a história medieval japonesa.
O xogum era um chefe militar que governava de fato o Japão. As terras pertenciam aos daimyos que se beneficiavam com a cobrança
de impostos dos camponeses.

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mais próximos, como a Coreia do Sul, Taiwan, China e outros. Ao mesmo tempo, encontrou
limitações para a ampliação de seu mercado interno.
CHINA: UMA NOVA POTÊNCIA INDUSTRIAL
A partir da década de 1960, uma profunda crise abalou praticamente todos os países
socialistas, inclusive a China. A produtividade agrícola e os bens de consumo eram
insuficientes para atender a população, mas nenhuma medida eficaz foi tomada para resolver
os problemas econômicos. Em 1976, logo após a morte de Mao Tse-tung, a China foi o
primeiro país socialista a realizar transformações econômicas e a dinamizar a economia.
Em 1978, sob a liderança de Deng Xiaoping, o Partido Comunista Chinês reintroduziu a
economia no mercado em quatro regiões da China, denominadas Zonas Econômicas Especiais
(ZEEs), e em quatorze cidade litorâneas, que se transformaram em Zonas De Comércio Aberto
(ZCAs).
As ZEEs foram idealizadas por Deng Xiaoping e implantadas a partir do início dos anos
1980. Nelas é permitido o funcionamento de uma economia nos moldes capitalistas.
Constituíram o modelo chinês para suplantar a estagnação econômica que, naquele momento,
atingia o conjunto dos países socialistas e os afastava cada vez mais do nível de
desenvolvimento do mundo capitalista.
As ZCAs são regiões abertas ao comércio exterior e também à entrada de multinacionais,
desde que respeitadas as restrições e que se associem ao governo ou a empresários chineses
por meio de joint ventures.
As cidades escolhidas para a criação dessas zonas de economia de mercado abriram-se
para os investimentos estrangeiros e nelas se estabeleceram medidas semelhantes às
adotadas nos Tigres Asiáticos: baixos impostos, isenção para a importação de máquinas e
equipamentos industriais e facilidades para a remessa de lucros ao exterior. Além disso, as
empresas que se instalaram nessas regiões contam com mão de obra industrial muito barata,
o que torna o preço dos produtos de baixo porte tecnológico imbatíveis no mercado
internacional. Em um segundo momento, instalaram-se montadoras de automóveis como a
Volkswagen e General Motors, e as de equipamentos eletroeletrônicos.
Às multinacionais que se estabeleceram na China interessava, antes de tudo, entrar em
um país que abriga a quinta parte da população mundial e que pode se transformar em pouco
tempo em um dos maiores mercados consumidores do mundo.

Porto de Xangai, o maior do planeta.

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COMO SE DÁ A INFLUÊNCIA DA CHINA SOBRE OS PÁISES EM


DESENVOLVIMENTO
Depois de fazer sua economia crescer a taxas próximas de 10% ao ano ao
longo da primeira década do século 21, a China vem mudando de estratégia. Desde
2010, os índices de expansão do PIB caíram de 10,6% para 6,7% — índice
registrado em 2016. Se antes o país focava em produção industrial a preços mais
baixos para exportação, agora passa a desenvolver o mercado interno, com salários
mais altos para seus trabalhadores.
Ao mesmo tempo, a China também se coloca como um ator cada vez mais
poderoso no cenário internacional, a ponto de fazer os americanos temerem a
perda da hegemonia global que detêm desde o fim da Guerra Fria, no início da
década de 1990. A eleição de Donald Trump e seu discurso isolacionista contribui
para o sentimento de que os EUA perdem espaço para os chineses. Um dos maiores
exemplos dessa movimentação é a manifesta intenção da China em liderar as
tentativas de frear o aquecimento global com o Acordo de Paris — do qual Trump
retirou os EUA.
Se a China expande sua influência em todo o mundo, os países em
desenvolvimento — sobretudo na América Latina e na África subsaariana — já
convivem com o poder da segunda maior economia global há algum tempo. E, por
isso, essas regiões se transformam em objetos únicos de estudo para entender
quais as características da estratégia chinesa de influência internacional.
A professora Benedicte Bull, cientista política na Universidade de Oslo, da
Noruega, veio ao Brasil neste mês de novembro para falar sobre sua pesquisa que,
em tradução livre do inglês, tem o seguinte nome: “O crescimento da China e o
desenvolvimento da capacidade estatal na África e na América Latina”.
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/11/29/Como-se-d%C3%A1-a-
influ%C3%AAncia-da-China-sobre-os-pa%C3%ADses-em-desenvolvimento

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA .......................................................................................................................... 2
AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS AMBIENTAIS I .......................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA


AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS
AMBIENTAIS I
Entre as condições gerais que ampliam a capacidade social de gerar riquezas, uma das que
mais se destacam é a energia. A história da humanidade pode ser narrada através do consumo
de energia. Dos tempos pré-históricos até as sociedades tecnológicas atuais, o consumo médio
aumentou em cerca de 90 vezes.
PADRÕES DE CONSUMO DIÁRIO DE ENERGIA PER CAPITA

Fonte: Mérenne-Schoumaker, Géographie de l’énergie, p.4.

A disponibilidade de energia, principalmente mecânica e elétrica, constitui hoje o


principal fator de desenvolvimento. Na realização das atividades industriais e comerciais ou do
ambiente doméstico, tornou-se inconcebível, para os seres humanos, a realização de suas
atividades sem auxílio da eletricidade e do transporte mecanizado. As fontes de energia
primárias podem ser classificadas em renováveis e não renováveis:

Renováveis: são as fontes que têm a possibilidade de se renovar, como a energia solar, a
hidráulica, a eólica, a das marés, a da biomassa etc. Inúmeras destas renovam-se naturalmente
e, se administradas com o devido cuidado, podem durar indefinidamente.

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Não Renováveis: são fontes que se esgotam com o uso. Para que acontecesse sua formação,
foram necessários milhões de anos e condições geológicas específicas. Compreende os
combustíveis fósseis e os minerais energéticos e radioativos (urânio e tório).
O CONCEITO DE ENERGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Energia 1 significa a capacidade de se realizar trabalho. O desenvolvimento industrial, em


particular, e o econômico, em geral, estão intimamente ligados ao desenvolvimento das fontes
de energia. Pode-se dizer que há uma interdependência: os progressos industrial e econômico
resultam da ativação de novas fontes de energia, que, por sua vez, ocorrem em consequência
das necessidades econômicas e sociais.
Os países mais ricos são os grandes consumidores de energias devido ao dinamismo da
sua economia e ao elevado padrão de consumo de sua população e indústria. Os EUA são os
maiores produtores de energia do mundo, entretanto, como o consumo de energia é elevado, o
país tem que importar energia e junto com o Japão são os maiores importadores de energia do
mundo.
PETRÓLEO
O petróleo é um hidrocarboneto que se apresenta sob a forma fluida, formado por restos
vegetais e animais em ambiente marinho. As principais reservas mundiais de petróleo estão
concentradas em algumas poucas regiões: o Oriente Médio (cerca de 65%), Golfo do México (sul
dos Estados Unidos), Lago de Maracaibo (Venezuela), Sibéria (Rússia) e Golfo de Bo Hai (China).
A Rússia, maior produtora, responde por 12,9% do total mundial. Os Estados Unidos figuram
como principal importador, apesar de produzirem cerca de 8% do total mundial.
Em algumas regiões, como no Oriente Médio, a maior parte do petróleo encontra-se perto
da superfície. Mas a maior parte das reservas mundiais está alojada do fundo dos oceanos.
Desde a década de 1950, a tecnologia de extração de petróleo no subsolo oceânico (offshore)
vem evoluindo continuamente. Hoje, as plataformas marinhas representam pouco mais de 25%
da produção no mundo e 68% a produção do Brasil. Arábia Saudita e Rússia figuram entre os
maiores produtores mundiais de petróleo, seguidas pelos Estados Unidos, Irã e China.
GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO – SETE IRMÃS OU QUATRO IRMÃS?
A importância estratégica alcançada pelo petróleo ao longo do século XX provocou
inúmeras crises de proporções mundiais. Eclodiram muitos litígios envolvendo empresas e
países, nos quais sempre estiveram em jogo a posse, o refino e a comercialização do petróleo.
A exploração de petróleo no Golfo Pérsico começou em 1908, quando foram descobertos
importantes lençóis desse hidrocarboneto no Irã. Nessa época, foram negociadas concessões a
grandes companhias estrangerias, sobretudo por chefes tribais árabes.
Até 1960, sete grandes empresas petrolíferas (cinco norte-americanas, Standart Oil of
New Jersey, hoje conhecido como Exxon; Standart Oil of Califórnia, hoje Chevron; Gulf, que hoje
é parte da Chevron; Mobil, que é parte da Exxon e Texaco, também incorporada pela Chevron;
uma anglo-holandesa, Royal Dutch/Shell; e uma britânica, British Petrolium, hoje Beyong
Petrolium) controlavam grande parte da exploração e comercialização do petróleo,
determinando aumento ou redução de preços de acordo com suas conveniências. Eram
chamadas de “sete irmãs”, em virtude dos acordos que faziam para a divisão do mercado
mundial e das estratégias conjuntas que adotavam.

1
Conceito conforme o Comitê Nacional Brasileiro da Conferência Mundial de Energia – 2004.

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NOVAS IRMÃS DO PETRÓLEO


Há 40 anos, a economia de petróleo mundial era dominada pelas empresas conhecidas
como as sete irmãs - Shell, Texaco, Exxon, Standard Oil, BP, Chevron, Gulf Oil - que detinham
74% da produção mundial e possuíam 48% das reservas descobertas. Hoje, o cenário não é o
mais mesmo. Em consequência das fusões, recurso utilizado para não quebrarem, as empresas
petrolíferas não são mais conhecidas como as sete irmãs, pois se fundiram em quatro, passaram
a dominar apenas 26% da produção mundial e não possuem mais do que 4% das reservas
mundiais.
Atualmente, as verdadeiras sete irmãs classificadas em ordem de importância são: a
saudita Aramco, a russa Gazprom, a chinesa CNPC, a iraniana NIOC, a venezuelana PDVSA e a
malasiana Petronas, todas estatais com controle de mais de 90% das reservas mundiais de
petróleo.

OPEP

Os principais países exportadores, que pouco se beneficiavam com a exploração do


produto, resolveram mudar esse quadro e, em 1960, por meio do Acordo de Bagdá, criaram a
O.P.E.P (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), formada atualmente por 12 países:
Arábia Saudita, Irã, Venezuela, Emirados Árabes, Nigéria, Iraque, Indonésia, Líbia, Kuwait,
Argélia, Qatar, Gabão e o Equador, que na década de 90 deixou a organização, mas retornou em
2007. A O.P.E.P é na realidade um cartel de países exportadores de petróleo. Essa organização
determina cotas de produção para cada país e elimina a concorrência estabelecendo um preço
comum.
A Guerra de Yom Kippur, em outubro de 1973, entre árabes e israelenses, na qual os EUA
e as potências capitalistas apoiaram Israel, foi um bom pretexto para esse aumento desse preço.
A O.P.E.P, usando o petróleo como uma arma política, reduziu o fornecimento e aumentou o
preço de 2,9 para 11,65 dólares o barril, um aumento de 301% em menos de três meses.
Esse episódio ficou conhecido como o primeiro choque do petróleo. Em 1979, quando
iniciou-se a revolução islâmica no Irã, e em 1980, quando eclodiu a guerra entre Irã e Iraque,
ocorreu um novo choque do petróleo, em que o barril sai de 13 para 34 dólares, ou seja, um
incremento de 161% em relação ao preço de 1973. A Guerra do Golfo (1990) fez com que o
preço ultrapassasse os 40 dólares, porém com o fim do conflito o preço voltou a estabilizar-se
e fechou o momento em 20 dólares.
O desenvolvimento das economias emergentes, particularmente China e índia, pressionou
a demanda mundial e colocou o preço do petróleo no patamar de US$147 o barril em 2008. A
crise econômica, iniciada em 2007/2008, acarretou uma queda no preço do produto. No início
de 2010, o preço do barril era de aproximadamente US$ 80 e fechou o ano de 2012 em uma
cotação de US$ 110.

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OS EUA PODERÃO PRODUZIR MAIS PETRÓLEO QUE OS SAUDITAS E QUE OS


RUSSOS!

A expansão do óleo de xisto nos EUA deverá levar o país a se tornar o maior produtor
mundial de petróleo até 2020, à frente da Rússia e da Arábia Saudita, uma mudança
radical que pode transformar não apenas o abastecimento global de energia, mas
também a geopolítica, disse hoje a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu
relatório anual sobre a perspectiva para o setor de energia.

Por volta de 2020, os EUA deverão se tornar o maior produtor mundial de petróleo
e superar Rússia e Arábia Saudita por algum tempo, disse a AIE. O resultado é uma
queda contínua nas importações de petróleo dos EUA (atualmente em 20% de sua
necessidade) a um ponto que a América do Norte se torne um exportador líquido de
petróleo em torno de 2030.

Dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) dos EUA


mostram que a produção local de petróleo cresceu 7%, para 10,76 milhões de barris
de petróleo por dia, desde o último relatório da AIE, divulgado há cerca de um ano.
Fonte: Agência Estado.

MAIORES PRODUTORES DO MUNDO – 2017

A Rússia ultrapassou a Arábia Saudita como maior produtor de petróleo no mundo. O


novo líder tem um volume de extração diária de 10,49 milhões de barris, enquanto seu sucessor
produz 10,465 milhões de unidades por dia. Ainda assim, a estatal saudita Saudi Aramco
permanece no topo do ranking quando o parâmetro são as principais empresas do setor, com
um bombeamento de 12 milhões de barris por dia (bpd). Em seguida, vem a russa Gazprom,
que extrai um volume 8,3 milhões de bpd, segundo dados de 2015 consultoria WoodMackenzie.
CARVÃO MINERAL
O carvão mineral é utilizado há mais de 2000 anos, desde a época da ocupação romana da
Inglaterra, quando era usado para aquecer as residências dos romanos.
O carvão é formado pelos restos soterrados de plantas que sofreram um lento processo
de solidificação em um ambiente anaeróbico. Levando em consideração o poder calorífico,
diretamente relacionado à quantidade de carbono, o carvão apresenta-se sob quatro formas:

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 Antrácito: possui de 90 % a 96% de carbono, apresentando, portanto, maior poder


calorífero. É o melhor e também o mais raro, pois corresponde a apenas 5% do
consumo mundial.
 Hulha: tipo mais abundante e mais consumido (80% do total), apresenta teor de
carbono de 75% a 90% Bastante usado para a produção de coque (carvão
siderúrgico).
 Linhito: possui teor de carbono e 65% a 75% (baixo poder calorífero). É o segundo
estágio de desenvolvimento do carvão.
 Turfa: possui o menor teor de carbono (cerca de 55%) e, portanto, o menor poder
calorífero. É o primeiro estágio de desenvolvimento do carvão.
LOCALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS JAZIDAS DE CARVÃO DO MUNDO

Fonte: Mérenne-Schoumaker, Géographie de l’énergie, p.211

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA .......................................................................................................................... 2
AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS AMBIENTAIS II ......................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA


AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS
AMBIENTAIS II
HIDRELETRICIDADE
Nas usinas hidrelétricas, a eletricidade é obtida por meio do aproveitamento das águas
dos rios. A força hidráulica movimenta uma turbina, que aciona o gerador responsável pela
transformação de energia hidráulica em elétrica. O potencial hidrelétrico de um país ou de uma
região está diretamente condicionado pela morfologia do relevo e pelo regime de chuvas.

A energia gerada nas usinas não depende de combustíveis fósseis. Porém, as grandes
usinas provocam impactos ambientais e sociais profundos, resultantes do alargamento de
vastas áreas e da necessidade de remoção das pessoas que vivem nelas. A usina de Três
Gargantas, na China, é um bom exemplo disso. Mais de um milhão de pessoas tiveram de ser
removidos em razão da construção da barragem, cuja represa forma um lago artificial de 632
quilômetros quadrados que inundou 160 cidades e povoados, além de destruir uma importante
reserva arqueológica chinesa.

Instalada em uma área montanhosa, a usina tem sido apontada como a responsável pela
intensificação dos processos erosivos e dos deslizamentos de terra nas colinas ao redor da
represa.

Países que dispõem de uma densa rede fluvial em condições de aproveitamento


energético como os Estados Unidos e o Brasil muitas vezes são capazes de suprir uma parcela
significativa da demanda interna.

ENERGIA NUCLEAR

A energia nuclear produzida pelas usinas atuais baseia-se na fissão do núcleo do Urânio
(235U)por bombeamento de nêutrons, que libera três nêutrons de calor.

O Urânio é o único elemento fissionável que ocorre naturalmente, no entanto, para ser
utilizado como fonte geradora de energia deve ser concentrado até atingir um conteúdo de
urânio de 3%, na forma de UO2 gerando o que chamamos de urânio enriquecido. O 238U também
pode ser fissionável, para isso, é necessário um bombardeamento de nêutrons para que se
transforme em 239Pu (Plutônio).

Os sistemas de geração de energia por fissão nuclear são chamados reatores e fazem parte
das usinas geradoras de eletricidade, eles são de dois tipos:

BWR (Boiling Water Reactor): Reator de água fervente.


PWR (Pressurized Water Reactor): Reator de água pressurizada.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA .......................................................................................................................... 2
AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS AMBIENTAIS III ........................................ 2

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GEOGRAFIA GERAL – ENERGIA


AS FONTES DE ENERGIA E A QUESTÃO ENERGÉTICA, IMPACTOS
AMBIENTAIS III
ENERGIAS MODERNAS DE UM MUNDO MODERNO
BIOLÓGICAS: são consideradas as possíveis fontes do século XXI, em substituição às fontes
mais utilizadas nos dias atuais. Calcula-se que 30% do total da energia consumida no planeta
será oriunda da biomassa 1.
BIOGÁS: é o gás liberado pela decomposição de certas bactérias do esterco, da palha, do lixo
etc. O equipamento utilizado para produzi-lo é chamado de biodigestor. São apropriados para
a utilização em pequenas unidades. China e Índia são grandes exemplos de países que adotam
os biodigestores nas zonas rurais e urbanas.
SOLAR: é aquela aproveitada da incidência de raios solares na superfície terrestre. Pode ser
utilizada de forma passiva simplesmente para o aquecimento de água ou mesmo de ambientes,
sendo que, nos últimos anos, cada vez mais unidades coletoras de calor podem ser vistas sobre
os telhados nas cidades. A energia fototérmica está relacionada ao aquecimento de líquidos ou
gases pela absorção dos raios solares ocasionando seu aquecimento. Geralmente empregada
para o aquecimento de água para uso em chuveiros, ou gases para secagem de grãos ou uso em
turbinas, esta técnica utiliza um coletor solar que irá captar a energia e um reservatório isolado
termicamente em que o líquido ou gás será acondicionado. A energia solar pode também ser
aproveitada por meio das células fotovoltaicas, que geram uma corrente elétrica capaz de
carregar baterias. Ela apresenta pontos positivos e negativos, entre eles podemos destacar:
instalação relativamente simples e com pequena manutenção. Não há resíduos e nem impactos
ambientais, Não há consumo de combustível, Não há gastos suplementares, após a instalação,
como positivos e custo inicial elevado, baixo rendimento na obtenção de energia elétrica,
necessidade de insolação adequada, como negativos.
EÓLICA: é produzida pela movimentação das hélices pela ação dos ventos. Pode ser utilizada,
ainda, para bombear água ou mover moinhos. Sua utilização vem crescendo bastante, e
acredita-se que, em 2020, cerca de 10% da energia das áreas mais desenvolvidas do planeta
seja oriunda da força dos ventos. A Europa responde por aproximadamente 60% da geração
atual, com destaque para a Alemanha e Dinamarca. Entre os pontos positivos, podemos citar o
fato de ser uma promissora fonte de geração de energia elétrica, ter apresentado uma redução
significativa do custo do equipamento, nas duas últimas décadas, não contribuir para os
problemas ligados ao efeito estufa e não existir consumo de combustível. Entre os negativos
destacamos os altos investimentos para a transmissão da energia elétrica gerada, os impactos
sonoros (ruído dos rotores) e visuais, além da interferência nos sistemas de comunicação (rádio
e TV).
MARÉMOTRIZ: em determinadas áreas, as marés conseguem produzir enormes variações do
nível das águas. Desde a Idade Média, este tipo de geração de energia é utilizada, um exemplo
disso são as instalações no Rio Tejo, em Portugal.

1
Biomassa: é o conjunto de organismos que podem ser aproveitados como fonte de energia – plantas das
quais se extrai álcool, como a cana-de-açúcar; lenha e carvão; alguns óleos vegetais, como a soja, a mamona
e o dendê; plâncton.

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GEOTÉRMICA: existem regiões onde a água aflora a superfície da Terra em temperaturas


elevadas na forma de jatos (os gêiseres) ou na forma de lagos. A energia responsável pelo
aquecimento da água tem origem vulcânica e é denominada energia geotérmica, sendo utilizada
para aquecimento domiciliar e para obter energia elétrica. Em El Salvador, esta fonte de energia
supre 30% do consumo do país.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – AGROPECUÁRIA .............................................................................................................. 2
AGROPECUÁRIA: SISTEMAS AGRÍCOLAS, ESTRUTURA AGRÁRIA, USO DA TERRA, AGRICULTURA E MEIO
AMBIENTE ...................................................................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – AGROPECUÁRIA


AGROPECUÁRIA: SISTEMAS AGRÍCOLAS, ESTRUTURA AGRÁRIA,
USO DA TERRA, AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
A agropecuária é o conjunto de técnicas de domínio e controle do desenvolvimento das
plantas e dos animais para o uso humano, sendo uma das atividades básicas da humanidade,
que provavelmente foi a responsável pela primeira grande transformação no espaço geográfico.

Surgiu há cerca de 12 mil anos, no Neolítico 1, quando as comunidades primitivas


passaram de um modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos, para um modo
de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plantas e pela domesticação de animais.

Pintura retratando o surgimento da agricultura no Neolítico.

Inicialmente, foi praticada às margens dos grandes rios, como o Tigre e o Eufrates, Nilo, o
Yang-Tsé-Kiang e o Ganges. Foi justamente nessas áreas que se desenvolveram as primeiras
grandes civilizações. Com a evolução da agricultura, começou a haver excedente de produção,
o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, inicialmente baseado na troca de produtos.
As técnicas agrícolas revelam como as sociedades interferem nos processos naturais, “criando”
solos férteis. A prática ensinou muitas coisas, antes de a ciência explicá-las. Mas só no século
XIX iniciaram-se as experiências com fertilizantes químicos, cuja produção se tornaria um
negócio industrial no século XX.

Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas agrícolas, o que possibilitou o


aumento da produtividade, sem ser necessário ampliar a área de cultivo. Esse desenvolvimento
tecnológico aplicado à agricultura ficou conhecido como Revolução Agrícola, que visava ao
aumento da produção de alimentos.

Esse aumento de produtividade foi necessário em decorrência do aumento da população


em geral, da elevação percentual da população urbana (cujas atividades de subsistência eram
limitadas a alguns gêneros apenas) e da proporcional diminuição da população rural,
responsável pela produção de alimentos. As bases técnicas da Revolução Agrícola foram

1 O neolítico é o período de pré-história que ocorreu entre 12000 a.C, e 6000 a.C. Foi nesse

período que o ser humano inventou e desenvolveu a agricultura, iniciou a domesticação de


animais, tornou-se sedentário e aperfeiçoou técnicas de produção de utensílios. A esse conjunto
de inovações dá-se o nome de Revolução do Neolítico.

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propiciadas sobretudo pelas indústrias fornecedoras de insumos para a agricultura (máquinas,


fertilizantes etc.).

COMO NASCEU A AGROQUÍMICA

“Até o final dos anos 40, a pesquisa em agricultura visava a soluções biológicas. A
perspectiva era ecológica, embora mal se falasse em ecologia. Se esta tendência tivesse podido
continuar, teríamos hoje muitas formas de agricultura sustentável, localmente adaptadas e
altamente produtivas.

Começando os anos 50, a indústria conseguiu fixar um novo paradigma, nas escolas, na
extensão e na pesquisa agrícola. Vamos chamá-lo paradigma NPK + V, NPK que corresponde a
nitrogênio, fósforo, potássio, o V significando veneno. Os fertilizantes comerciais tornaram-se
um grande negócio depois da Primeira Guerra Mundial. Logo no começo da guerra o bloqueio
Aliado cortou o acesso dos alemães ao salitre chileno, essencial para a produção de explosivos.

O processo Haber-Bosch para a fixação de nitrogênio a partir do ar era conhecido, mas


ainda não tinha sido explorado comercialmente. Os alemães montaram então uma enorme
capacidade de produção e conseguiram lutar por quatro anos. O que seria do mundo se esse
processo não tivesse sido conhecido? A Primeira Guerra Mundial não se teria realmente
desencadeado, não teria acontecido o Tratado de Versalhes e, portanto, não teria havido Hitler!
É incrível como a tecnologia pode mudar o curso da História!

Quando a guerra acabou, existiam enormes estoques e capacidade de produção, mas não
havia mais um enorme mercado de explosivos. A indústria, então, decidiu empurrar os
fertilizantes nitrogenados para a agricultura. [...] Então, eles se tornaram um grande negócio. A
indústria desenvolveu um espectro completo, incluindo fósforo, potássio, cálcio,
microelementos, mesmo sob a forma de sais complexos, aplicados na forma granulada algumas
vezes lançados de aviões.

A Segunda Guerra Mundial deu um grande empurrão para uma pequena e quase
insignificante indústria de pesticidas e, realmente, projetou-a para uma produção em grande
escala. Hoje, o equivalente a centenas de bilhões de dólares em venenos é espalhado nas terras
de todo o planeta.

Atualmente, o paradigma é aceito quase sem questionamento nas escolas agrícolas, na


pesquisa e na extensão. Os agricultores, em sua maioria, acreditam nele e, frequentemente,
quando marginalizados, culpam a si mesmos por sua incapacidade de competir [...]

A fantástica diversidade de cultivares que tínhamos, e ainda temos hoje, depois das
tremendas perdas causadas pela ‘Revolução Verde’ durante as últimas décadas, é o resultado
da seleção, consciente e inconsciente, por parte dos camponeses ao longo dos séculos”. [...]

LUTZENBERGER, José A. O absurdo da agricultura. Estudos Avançados. São Paulo, v.15,


n.43, dez, 2001.

Após a Segunda Guerra Mundial, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de


elevação da produção agrícola mundial, pois haviam “perdido” muitas de suas colônias com o
processo de descolonização nos anos 50. Essa estratégia, concebida pelos Estados Unidos,
objetivava o combate da fome e da miséria nos países subdesenvolvidos, por meio da
introdução de um pacote tecnológico contendo novas técnicas de cultivo, equipamentos para

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mecanização, fertilizantes, defensivos agrícolas e sementes selecionadas. Essa estratégia ficou


conhecida como Revolução Verde.

Nos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde aumentou a distância entre os grandes


agricultores, que tiveram acesso ao “pacote tecnológico”, e os pequenos agricultores, que não
tiveram condições de competir com os novos parâmetros de produtividade. O aumento da
produção baixou o preço dos produtos agrícolas a valores inviáveis para os pequenos
agricultores, fazendo com que muitos abandonassem suas propriedades ou vendessem-nas
para grandes latifundiários.
BIOTECNOLOGIA E A NOVA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
A biotecnologia é o conjunto de tecnologias aplicadas à Biologia, utilizadas para manipular
geneticamente plantas, animais e microrganismos por meio de seleção, cruzamentos naturais e
transformações no código genético. A própria Revolução Verde contribuiu para o
desenvolvimento da biotecnologia, como na criação de sementes híbridas 2.
Uma das aplicações modernas da biotecnologia consiste na alteração da composição
genética dos seres vivos, quando se inserem, por exemplo, genes de outros organismos vivos
do DNA (Ácido Desoxirribonucléico) dos vegetais. Por este processo, pode-se alterar o tamanho
das plantas, retardar a deterioração dos produtos agrícolas após a colheita ou torná-los mais
resistentes a pragas, herbicidas e pesticidas. Os vegetais derivados da alteração genética são
chamados transgênicos.

2 Sementes Híbridas resultam do cruzamento de uma mesma espécie vegetal, com o


objetivo de melhorar a qualidade a produtividade ou a aparência de um produto agrícola.
Normalmente, possibilitam a obtenção de safras maiores, mas a produção não pode ser
reservada para o replantio: algumas se tornam estéreis, e outras produzem descendentes que
perdem suas características originais. Com isso, os produtores são obrigados a comprar sempre
novas sementes da empresa que detém a patente.

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TRANSGÊNICOS
A biotecnologia bancada pelas gigantes transnacionais revolucionou a produção agrícola
com os produtos transgênicos. Plantas são modificadas geneticamente para otimizar a
produção agrícola, aumentando a produtividade, tornando as espécies modificadas mais
nutritivas e resistentes às pragas.

A questão dos alimentos transgênicos provoca grande polêmica no mundo todo. As


opiniões são muito contraditórias, e os questionamentos e defesas da questão não dão
segurança ao público consumidor para que ele possa se posicionar.

Dalcio Machado
A ampla aplicação de modificações genéticas tem suscitado diversas polêmicas entre
países, agricultores e consumidores. Segundo seus defensores, os OGMs 3 têm as seguintes
vantagens:

• Econômicas: transformações nos vegetais para torná-los mais rentáveis,


eliminando partes que não são economicamente aproveitáveis; criação de plantas
adaptadas a diversos ambientes (solo, clima, altitude, luminosidade); criação de
novas matérias-primas; redução do ciclo vegetativo das plantas e da área cultivada;
redução no uso de agrotóxicos e fertilizantes por meio da criação de plantas mais
resistentes;
• Científicas: manipulação dos organismos e criação de novos materiais, como o
bioplástico; aumento da produtividade e da produção acarretando menores riscos e
gastos; eliminação de trabalho mais pesados de cultivo e colheita; não utilização do
solo, ainda tão necessário à produção, já que muitas plantas poderão ser produzidas
em laboratório;
• Saúde: rnriquecimento nutritivo dos alimentos; aumento, em certas plantas, da
capacidade de combater doenças e estimular o crescimento humano; criação de
vacinas comestíveis.

Dentre os argumentos dos que são contra a modificação genética de animais e vegetais,
pode-se mencionar:

3
OGM’s (Organismos Geneticamente Modificados).

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• Saúde: como a alimentação é a base da vida saudável, os alimentos transgênicos


poderiam interferir na saúde das pessoas, aumentando os casos de doenças
degenerativas e alergias; os alimentos ficariam mais artificiais e, nesse sentido,
menos nutritivos; não se conhecem exatamente os efeitos adversos ou tóxicos das
plantas transgênicas sobre o organismo; algumas pesquisas apontam toxicidade,
aumento dos casos de câncer, transferência de genes para parentes silvestres
através de cruzamento, surgimento de novas viroses etc.;
• Meio ambiente: o cultivo de plantas geneticamente modificadas pode alterar a
evolução natural com a introdução de espécies que não existiam naturalmente e
provocar desequilíbrios no meio ambiente, como empobrecimento da
biodiversidade; eliminação de insetos benéficos; desenvolvimento de ervas
daninhas resistentes a agrotóxicos; poluição genética (contaminação por
organismos por meio da transferência do pólen de uma planta para outra); perda
da fertilidade do solo e até extinção de espécies;
• Econômicas: grandes interesses estão em jogo: o aumento das vendas e a
redução de gastos beneficiariam grupos empresariais transnacionais,
aumentando seus lucros; os pequenos proprietários só teriam a perder, pois não
têm acesso à tecnologia de ponta; muitas sementes transgênicas são estéreis, o
que impede a reutilização de seus frutos como sementes, obrigando os
agricultores a comprar novas sementes a cada safra, e tornando-os totalmente
dependentes das empresas fornecedoras; ao perigo inerente à manipulação da
herança genética, soma-se a questão de que oito grandes laboratórios detêm a
tecnologia necessária à criação de organismos transgênicos com segurança, daí
que apenas eles dominariam esse mercado, formando um oligopólio.
QUESTÕES POLÍTICAS E BIOSSEGURANÇA
O Protocolo de Cartagena firmado em 29 de janeiro de 2000, na Colômbia, entrou em vigor
em 2003 e prevê, entre outros pontos, os padrões mínimos de segurança no transporte de
transgênicos entre países; mecanismos que permitirão maior controle sobre o comércio de
transgênicos, como a rotulagem e a documentação detalhada; princípio de preocupação a fim
de proteger a diversidade biológica natural dos impactos decorrentes da criação de
transgênicos.

O mercado europeu tem recusado produtos transgênicos, por exemplo, a soja, o que levou
países como os Estados Unidos, o Canadá e a Argentina, em maio de 2003, a ajuizar uma ação
formal na OMC, protestando contra essa política europeia e alegando que ela representa uma
barreira injusta ao comércio e que impede a livre escolha do consumidor. O Parlamento
europeu, cedendo às pressões, aprovou uma lei em julho de 2003, que vincula a venda desse
tipo de produto a uma rotulagem clara.

Em 2008, 188 países haviam assinado o protocolo. Os Estados Unidos não o fizeram, pois
é o principal produtor de transgênicos do mundo, além de fazerem campanha pelam sua
aceitação.

FRANÇA PROÍBE DEFINITIVAMENTE USO DE MILHO TRANSGÊNICO DA MONSANTO

Políticos aprovaram uma lei que proíbe o MON810, um tipo de milho geneticamente
modificado, produzido pela empresa americana.

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A França proibiu definitivamente nesta segunda-feira o cultivo de um milho


geneticamente modificado, depois que sua mais alta corte e o Senado confirmaram um veto
existente.

Um arranjo de senadores de esquerda, que incluiu membros dos socialistas (governo),


verdes e comunistas aprovou uma lei que proíbe o MON810, um tipo de milho geneticamente
modificado, produzido pela empresa americana Monsanto, que já tinha passado pela Câmara
baixa do Parlamento, superando a oposição de membros da extrema direita.

Ao mesmo tempo, o Conselho de Estado rejeitou uma demanda de produtores de milho


para que a proibição ao MON810 fosse derrubada.

Segundo o Conselho, os demandantes da Associação Geral de Produtores de Milho (AGPM)


tinham fracassado em demonstrar que enfrentavam uma crise econômica urgente em virtude
da proibição, apontando para o fato de que apenas uma parte do milho francês é cultivado com
sementes OGM.
Depois de Paris declarar duas vezes proibições temporárias sobre cultivos OGM – em
2011 e 2013 – a AGPM informou que os vereditos desta segunda-feira “não surpreendem”.

O Ministério da Agricultura proibiu em março o MON810, o único milho geneticamente


modificado resistente a insetos que pode ser cultivado na União Europeia. Sua autorização está
atualmente sob revisão da UE como parte de uma análise mais ampla sobre o uso de cultivos
OGM, mas estados membros têm o direito de proibi-los, independentemente das determinações
de Bruxelas.

A França está pressionando para tirar Bruxelas totalmente do processo, enquanto as


futuras autorizações sobre OGM estão sendo concedidas apenas em nível nacional.

https://exame.abril.com.br/ciencia/franca-proibe-definitivamente-milho-transgenico-
da-monsanto/
AGRONEGÓCIO
O termo agronegócio foi proposto pelos pesquisadores Ray Goldberg e John Davis, da
Universidade de Harvard, a partir de análises feitas da intensa integração entre a agropecuária
e o setor industrial nos anos 1950.

O agronegócio representa um enorme complexo de atividades desenvolvidas a partir da


produção no campo. A agropecuária gera uma rede de estabelecimentos que utilizam matérias-
primas animais ou vegetais e transformam em produtos de alto valor agregado.

Alimentado por grandes complexos agroindustriais, o setor do agronegócio gerencia a


produção do suco de laranja, óleo de soja, lecitina de soja, açúcar, álcool, café solúvel, carnes em
conserva etc., assim como sua distribuição para outros setores da atividade industrial. Como
tais produtos agregam trabalho e tecnologia, a venda destes é mais lucrativa que a da matéria-
prima que os compõe.

Nunca se investiu tanto em pesquisa na área agropecuária quanto nas últimas décadas.
Técnicas cada vez mais modernas são empregadas com a finalidade de obter maior rendimento
e produtividade. Satélites, sensores e computadores passaram a fazer parte da realidade do
mundo rural moderno.

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Com o extraordinário aumento do agronegócio, surgiu a agricultura de precisão, que


permite o conhecimento detalhado (espacial e temporal) da lavoura, por meio da utilização de
um conjunto de equipamentos tecnológicos (GPS, drones, softwares, imagens de satélites etc.)
para a interpretação dos dados.

Desse modo, todo o processo é controlado: da aplicação de insumos à correção de fatores


limitantes da produção. O uso da tecnologia tem como objetivo aumentar a produtividade,
passando pela redução dos impactos ambientais.

CICLO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO

AGRICULTURA, ECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O uso de métodos ditos não sustentáveis de agricultura – como os que empregam
fertilizantes químicos, desmatamentos, irrigação excessiva ou imprópria, agrotóxicos – tem
provocado grandes agressões ao meio ambiente: erosão, infertilidade, desertificação,
mudanças climáticas, contaminação dos solos, aquíferos de rios e mares, e dos animais, entre
eles o homem.

Grande parte de terras e florestas do planeta já está degradada devido, em grande parte,
à agricultura. Em 2014, a agricultura mundial foi responsável por cerca de 70% do consumo de
água. O volume de água desviado tem sido superior ao trabalho natural de reposição,
permitindo projeções de escassez do produto para irrigação, até 2025.

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Existem muitas alternativas à agricultura que não agridem o meio ambiente e tampouco
a saúde das pessoas. Em diversos locais do mundo, agricultores conseguem cultivar suas terras
respeitando as particularidades regionais, ecológicas e culturais. A agricultura biológica ou
orgânica, diversificada e ecologicamente regeneradora, pode fornecer sustento sadio a milhões
de pessoas.

Desde meados da década de 1990, tem crescido também a procura por produtos
sustentáveis, ou seja, produzidos de modo a integrar aspectos éticos, ambientais e sociais –
dimensões que caracterizam a sustentabilidade. Além do cuidado com o meio ambiente, esse
tipo de produção deve garantir relações de trabalho socialmente justas, como remuneração
adequada e moradia digna. Com isso, os impactos ambientais diminuem consideravelmente; no
entanto, vale lembrar que toda atividade produtiva nunca é isenta de resíduos – sempre causa
algum tipo de agressão ao ambiente.

A necessidade crescente de alimentos e a expansão do mercado mundial de produtos


agrícolas impulsionaram a produção agropecuária com o uso intensivo de fertilizantes
químicos, pesticidas, tratores, colheitadeiras. Uma vez que a agricultura mecanizada consome
petróleo e seus derivados, acelera a erosão dos solos, os custos ambientais potencializam-se.

A agroecologia surge como uma alternativa as práticas mercadológicas da agricultura


mundial. Essa prática reúne um conjunto de práticas agrícolas com o objetivo de tirar proveito
de processos naturais de fertilidade dos solos e de controle biológico de pragas, buscando o
equilíbrio entre as condições ambientais e a intervenção humana, além de produção de
alimentos mais saudáveis.

O desenvolvimento da agroecologia tem valorizados os conhecimentos tradicionais da


agricultura camponesa. Afinal, são as famílias rurais das comunidades camponesas que
preservaram a memória da diversidade das plantas e de seus usos para a sobrevivência e
autossustento.
AGRICULTURA ARCAICA
É a agricultura praticada pelos povos primitivos e que evoluiu muito pouco através dos
tempos. Até o século XVII, foi praticada de modo rudimentar, sendo utilizadas ferramentas
antigas e manuais. A força de trabalho humano e a tração animal são predominantes, possui
baixas produção e produtividade e é considerada agricultura de subsistência, apoiando-se nos
alimentos básicos da população, como arroz, milho, feijão, mandioca, cará, inhame e na criação
de pequenos animais.

Ainda hoje, é encontrada em diversas partes do globo, principalmente nos países


subdesenvolvidos e em povos tribais da África, Ásia e Américas.

Características da agricultura de subsistência


• Uso da queimada.
• Agricultura nômade ou itinerante.
• Rendimento muito baixo.
• Produção voltada para o consumo do próprio agricultor.
• Uso de pequenas e médias propriedades.
• Mão de obra familiar.
• Uso de técnicas arcaicas.

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AGRICULTURA MODERNA
Surgiu com o desenvolvimento da Revolução Industrial na segunda metade do século
XVIII, na Inglaterra. É caracterizada pelo uso de instrumentos mais modernos, de máquinas no
campo (ainda que rudimentares), por um sistema mais racional de plantio, com rotação de
culturas e aplicação de corretivos químicos e adubação, o que faz com que a produção e a
produtividade aumentem.

Com o surgimento da agricultura moderna, a sociedade sofreu transformações,


principalmente no que dizia respeito aos camponeses. Como as máquinas ocuparam o lugar dos
seres humanos, ocorreu um grande desemprego no campo, fazendo com que os trabalhadores
rurais se dirigissem para as cidades em busca de trabalho nas indústrias. Nesse momento, as
cidades começaram a crescer desordenadamente e uma população periférica de baixa renda
começou a se formar nelas.

Novas atividades agrícolas foram criadas, estimulando o cultivo de determinados


produtos. Desenvolveram-se novos mercados e modificaram-se as relações de produção, em
função, inclusive, do sistema alimentar. Foram introduzidos, no campo, formas e mecanismos
de financiamentos típicos da economia capitalista. O sistema de transportes e o processo de
comercialização foram ampliados, com a abertura de novas regiões produtoras.

A exploração agrícola, na medida em que a penetração capitalista se acentua, torna-se,


cada vez mais, um comércio como outro qualquer.
AGRICULTURA CONTEMPORÂNEA
Corresponde à fase mais evoluída da agricultura, quando são criadas as grandes máquinas
agrícolas, como as aradeiras, semeadeiras, colheitadeiras etc. Para o aumento de produção e de
produtividade, faz-se necessário o uso de produtos químicos como os inseticidas, pesticidas,
fungicidas, além dos adubos químicos. Os grandes investimentos de capitais, a aplicação de
conhecimentos científicos, o uso da biologia e da química, o uso da mão de obra especializada
dos agrônomos, entre outros, fazem a integração indústria-agricultura.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – AGROPECUÁRIA .............................................................................................................. 2
PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, COMÉRCIO MUNDIAL DE ALIMENTOS E A QUESTÃO DA FOME ................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – AGROPECUÁRIA


PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, COMÉRCIO MUNDIAL DE
ALIMENTOS E A QUESTÃO DA FOME
PRODUÇÃO AGRÍCOLA E FOME
A finalidade primordial da agricultura é a produção de alimentos e matérias-primas.
Entretanto, apesar de todos os esforços e progressos realizados pelos seres humanos, o número
de famintos no mundo, atualmente, continua elevado.
A fome não pode ser entendida somente como a falta de alimentos que satisfaçam o
apetite, a fome é além disso, a falta de elementos específicos como proteínas, vitaminas,
carboidratos e sais minerais, que são indispensáveis ao funcionamento do organismo e à
própria sobrevivência humana.
Atualmente, a produção de alimentos de origem agropecuária é capaz de suprir a
necessidade mundial. Apesar da participação menor de produtos alimentícios no comércio
mundial, o cultivo de alimentos aumentou no século XX e início do século XXI em ritmo superior
ao aumento da população.
Ainda assim, em 2014, cerca de 800 milhões de pessoas, de acordo com a FAO, não tiveram
acesso a alimentação adequada, e milhares de crianças ainda morrem diariamente em
consequência direta e indireta da fome.
“Não é, somente, agindo sobre o corpo dos flagelados, roendo-lhes as vísceras e abrindo
chagas e buracos na sua pele, que a fome aniquila a vida do sertanejo, mas, também, atuando
sobre o seu espírito, sobre a sua estrutura mental, sobre sua conduta social. (...) Nenhuma
calamidade é capaz de desagregar tão profundamente e num sentido tão nocivo a personalidade
humana como a fome quando alcançada os limites da verdadeira inanição.”

Josué de Castro. Geografia da Fome.

Não existe uma causa única para a fome mundial. Ela pode ter origem em um conjunto de
fatores de ordem natural, como secas e inundações; pode ser induzida por questões econômicas
e sociais, como o endividamento externo, a falta de incentivo aos pequenos agricultores e ao
mercado interno, a estrutura fundiária etc., causas políticas, como conflitos armados e guerras
civis.

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A composição do prato de comida é relevadora das diferenças sociais entre os países.


Enquanto quase 20% da população mundial passa fome, some excessivamente açúcares,
gorduras e proteínas de origem animal.

A acentuada diferença entre os perfis dietéticos não é somente entre países, mas também
é uma diferença de condição de vida ao longo da pirâmide social. Em países como o Brasil e o
México, enquanto ainda existem pessoas que passam fome, no topo da pirâmide social vive uma
elite com um padrão de consumo semelhante ao padrão estadunidense ou europeu.

O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI 2014, na sigla em inglês) confirmou


uma tendência positiva que tem sido o decréscimo global do número de pessoas com fome em
mais de 100 milhões na última década e em mais de 200 milhões desde 1990-1992. O relatório
é publicado anualmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de
Alimentos (PAM).

O SOFI 2014 sublinha como o acesso aos alimentos melhorou rápida e significativamente
em países onde ocorreu um progresso económico geral, nomeadamente no Leste e Sudeste da
Ásia. O acesso aos alimentos melhorou também no sul da Ásia e na América Latina, mas,
principalmente, em países com redes de segurança adequadas e outras formas de proteção
social, designadamente para os pobres rurais.

Apesar dos progressos significativos em geral, várias regiões e sub-regiões continuam a


ficar para trás. Na África Subsaariana, mais de uma em cada quatro pessoas permanecem
cronicamente desnutrida, enquanto na Ásia, a região mais populosa do mundo, é onde vivem a
maioria dos desnutridos: 526 milhões de pessoas.

A região da América Latina e Caribe tem sido palco dos maiores avanços globais no
aumento da segurança alimentar. Enquanto isso, a Oceania observou apenas uma modesta
melhoria (uma queda de 1,7 por cento) na prevalência de má nutrição, que se situava nos 14
por cento em 2012-14, e na realidade viu o número de pessoas com fome a aumentar desde o
período de 1990-92.

A insegurança alimentar e a má nutrição são problemas complexos que não podem ser
resolvidos por um só setor ou parte interessada, devem ser enfrentados de forma coordenada.

O relatório inclui sete estudos de caso - Bolívia, Brasil, Haiti, Indonésia, Madagáscar,
Malawi e Iémen – que destacam algumas das formas que os países utilizam para combater a
fome e como os eventos externos podem influenciar a sua capacidade de atingir objetivos de
segurança alimentar e nutrição. Estes países foram escolhidos devido à sua diversidade a nível
político, económico, particularmente no sector agrícola, e às suas diferenças culturais.

A Bolívia, por exemplo, criou instituições que permitiram o envolvimento de uma série
partes de interessadas, nomeadamente os povos indígenas outrora marginalizados.

O Programa Fome Zero do Brasil, que colocou a conquista da segurança alimentar no


centro da agenda do governo, foi a base do progresso, pelo menos de maneira temporária, que
levou o país a alcançar tanto os ODM, como as metas da CMA. Os programas destinados a
erradicar a pobreza extrema no Brasil basearam-se na abordagem de articulação entre as
políticas para a agricultura familiar com a proteção social de forma inclusiva.

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O Haiti, onde mais de metade da população sofre de desnutrição crónica, ainda luta para
recuperar dos efeitos do devastador terremoto de 2010. O relatório analisa como o país adotou
um programa nacional que permitiu fortalecer os meios de subsistência e melhorar a
produtividade agrícola, favorecendo o acesso dos pequenos agricultores familiares a fatores de
produção e serviços.
A Indonésia adotou estruturas legais e estabeleceu instituições para melhorar a segurança
alimentar e nutricional. O seu mecanismo de coordenação de políticas envolve os ministérios,
ONGs e líderes comunitários. Estas medidas abordam uma ampla variedade de desafios, desde
o crescimento da produtividade agrícola, às dietas nutritivas e seguras.
O Madagáscar está a emergir de uma crise política e a retomar o relacionamento com os
parceiros de desenvolvimento internacionais destinados a combater a pobreza e a má nutrição.
Estabeleceu também parcerias para promover a resiliência a choques e riscos climatéricos,
incluindo ciclones, secas ou pragas de gafanhotos, que muitas vezes afligem a nação insular.
O Malawi atingiu a meta dos ODM sobre a fome, graças a um compromisso sólido e
persistente para aumentar a produção de milho. No entanto, a má nutrição continua a ser um
desafio: 50 por cento das crianças menores de cinco anos sofre de atrasos no crescimento e 12,8
por cento estão abaixo do peso. Para fazer frente a este problema, o governo está a promover
intervenções nutricionais de base comunitária para diversificar a produção de modo a incluir
legumes, leite, a pesca e a aquicultura, para promover dietas mais saudáveis e para melhorar os
rendimentos das famílias.

BENGALESES COMEM RATOS QUE DEVASTARAM LAVOURAS


“Moradores da região de Chittagong, em Bangladesh, na fronteira com a índia e Mianmar,
estão sendo obrigados a comer ratos depois que eles invadiram a área e devastaram plantações
inteiras [...] Os campos que cercam o local foram varridos por um exército de roedores que
teriam entrado em Bangladesh vindos da índia [...] No centro da comunidade, que conta apenas
com duas igrejas e uma escola comunitária, os moradores se reúnem para mostrar enormes
cestos com rabos de rato secos. Eles os guardaram como prova da crise enfrentada pelo vilarejo.
‘Estamos vivendo um grande problema e queremos que as pessoas saibam disso’, disse o
padre Lal Jinja. ‘Esperamos que ao verem esses rabos de ratos as pessoas entendam nosso
sofrimento’.
O governo e agências humanitárias estão finalmente começando a se dar conta do
problema, que já ultrapassa os limites de Theihkyong. De acordo com uma agência da ONU que
atua no país, cerca de 125 mil pessoas já foram afetadas pela falta de comida e pela infestação
dos ratos.
Alguns já começaram a receber ajuda, mas a menos que uma operação humanitária seja
colocada em prática, os bengaleses da região correm risco de perder o contato com o mundo e
ficar sem comida durante meses.

A invasão dos ratos acontece normalmente a cada 50 anos, quando florescem as florestas
de bambu que cobrem a região. As sementes de bambu são ricas em proteínas e quando
ingeridas pelos ratos fazem com que eles se reproduzam quatro vezes mais do que o normal.

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DUMMETT, Mark. Correspondente BBC. Estadão, 2009.

Em declínio constante por mais de uma década, a fome no mundo voltou a crescer e afetou
815 milhões de pessoas em 2016, o que representa 11% da população mundial. Os dados são
da nova edição do relatório anual da ONU sobre a segurança alimentar e nutricional.
Conforme o estudo, cerca de 155 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem com
o atraso no crescimento (estatura baixa para a idade), enquanto 52 milhões estão com o peso
abaixo do ideal para a estatura. Estima-se, ainda, que 41 milhões de crianças estejam com
sobrepeso. A anemia entre as mulheres e a obesidade adulta também são motivos de
preocupação.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 2
GLOBALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO: OS FLUXOS FINANCEIROS, TRANSPORTES, OS FLUXOS DE INFORMAÇÃO,
O MEIO TÉCNICO- CIENTÍFICO-INFORMACIONAL ......................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO


GLOBALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO: OS FLUXOS FINANCEIROS,
TRANSPORTES, OS FLUXOS DE INFORMAÇÃO, O MEIO TÉCNICO-
CIENTÍFICO-INFORMACIONAL
Quando pensamos em globalização, rapidamente imaginamos fluxos crescentes de bens,
serviços e capitais permeando através das fronteiras nacionais. A globalização, porém, é um
fenômeno bem mais complexo e multifacetado, que envolve aspectos sociais, econômicos,
políticos, culturais, institucionais e tecnológicos, todos eles inter-relacionados.
No âmbito econômico, o comércio foi o responsável pelo contato de regiões relativamente
autossuficientes. O intercâmbio mercantil caminhou ao lado da ampliação das possibilidades
de circulação no globo terrestre e, de certa forma, fomentou o processo hoje conhecido como
globalização.
De fato, a dimensão econômica da globalização é a mais visível de suas manifestações. No
entanto, existem outras dimensões desse fenômeno que surgem na esteira da ampliação dos
fluxos globais de informações. As reivindicações por democracia e respeito aos direitos
humanos, por exemplo, fazem-se hoje presentes em diferentes lugares do mundo.
A questão ecológica também é um fenômeno mundializado. Dessa forma, ocorrem em
escala global, tanto a atuação de movimentos em defesa do meio ambiente quanto as ações
governamentais visando soluções para o equilíbrio ambiental.

A origem do que se poderia denominar globalização é objeto de estudo e crítica por


especialistas de diversas áreas. O estudo da globalização é marcado por algumas discussões
terminológicas. Alguns autores defendem, por exemplo, uma distinção entre o termo
mundialização e o termo globalização, em que o termo globalização seria usado
preferencialmente por aqueles que querem enfatizar o caráter inédito desse processo. Outros
muitos autores defendem que não há nada de novo na globalização, que ela seria apenas uma
fase da internacionalização da economia.

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Percebe-se de fato que as abordagens acerca do tema são muitas vezes divergentes.
CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO
O capitalismo, desde sua origem, buscou integrar as diversas regiões e economias do
mundo. O desenvolvimento técnico que contribuiu para as grandes navegações dos séculos XV
e XVI tornou possível a interligação entre as regiões do planeta e criou condições para vivermos
um mundo “unificado”. As relações entre os diversos pontos da Terra ampliaram-se cada vez
mais, ao longo dos séculos seguintes, com o desenvolvimento dos meios de transportes e do
sistema de comunicações, como nos apresenta Harvey:

David Harvey. A Condição Pós-Moderna. Ed Loyola, 1989.p.220.

Desta forma a globalização pode ser encarada como a atual fase do sistema capitalista,
caracterizado por várias dimensões de atuação – economia, política, cultural, social etc. – e
todas estão formando relações dentro do espaço geográfico mundial.
O percurso dos intercâmbios e contatos realizados pela humanidade nos permite
delimitar algumas características do fenômeno da globalização.
A primeira característica é o fato de que ele está associado a certas evoluções técnicas e
tecnológicas. O incremento da navegação, as tecnologias de comunicação, entre outras,
criaram condições propícias para o desenvolvimento de novas formas de apropriação do
espaço pelo ser humano.

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A segunda característica é a ligação entre a globalização e a constituição de redes


geográficas. As rotas de transportes naval e as redes de cabos submarinos permitiram o
crescimento do fluxo de mercadorias, de pessoas e de informações ao redor do planeta,
interligando os pontos mais remotos do globo.
A organização do espaço geográfico por meio de redes eliminou a necessidade de fixar as
atividades econômicas num determinado lugar. Isso vale para grande número de serviços, que
podem ser prestados a partir de qualquer lugar no mundo para qualquer outro, bastando que
esses locais estejam conectados.
Em relação ao setor industrial, a produção pode estar dividida em várias etapas, cada uma
delas localizada em um lugar. Um ou mais países fabricam partes do produto, outros fazem a
montagem, e a multinacional, a partir de sua sede, promove a distribuição no mercado mundial,
faz a publicidade e difunde a sua marca. Nesse contexto, em que a produção e a distribuição de
mercadorias se estruturam em redes, é possível, por exemplo, comprar uma bola de futebol
com a marca de uma empresa alemã, produzida numa fábrica do Paquistão e exportada para o
Brasil por uma empresa norte-americana.

TRANSNACIONAIS, MULTINACIONAIS OU EMPRESAS GLOBAIS.

A avareza é um tema antigo, imortalizado com a figura ambígua de Harpagon, na comédia


de Molière, mas é uma paixão sempre atual.
Avaro e avareza são expressões que, na língua portuguesa, comportam inúmeros
sinônimos. O avaro também se chama cauíla, sovina, unha-de-fome, mão de vaca, mão-fechada,
somítico, pão-duro. A avareza tem outros nomes: somiticaria, sovinaria, avidez, mesquinharia,
esganação. A avareza caracteriza-se por um excessivo e sólido apego ao dinheiro, pelo modo de
gastar, pela falta de generosidade, mesquinhez, sofreguidão. Os que a praticam sofrem de uma
vontade de ter sempre mais; de nada oferecer; de nada perder (...) No espírito do avaro as mãos
cheias são sempre vistas como se estivessem vazias. Daí as unhas longas, um apetite infinito,
uma vontade de subjugar coisas e pessoas, gerando relações assimétricas que se recriam e
ampliam; uma vontade de poder insaciável. Vivemos em um mundo datado. A globalização é
essa data. São as suas definições e contornos que constituem e limitam tudo o mais. (...)
O grande paradigma da avareza é, hoje, a usura das multinacionais, cada vez menos
numerosas e mais poderosas, cujo patrimônio constrói-se a partir de individualismos cada vez
mais globais. As fusões são o instrumento dessa vontade insaciável de sempre ser maior, mais
forte e irresistível, de modo a lucrar sempre mais e conquistar mais espaço... Por que essa fome
de ter, sem outra finalidade senão ter ainda mais?

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Levantam-se novos monopólios e oligopólios. Um país controla o dinheiro e a vida dos


outros. Poucas corporações, cada vez em menor número, comandam a produção e as finanças
do mundo. É assim que a globalização leva do relativismo do lucro ao absolutismo da usura; da
competição à competitividade; da multipolarização à potência universal.
Realiza-se um sonho que o avaro pré-capitalista de Molière certamente não terá tido: a
possibilidade da avareza estrutural à escala do globo. A avareza agora se realiza plenamente,
sem contrapartida moral. Empresas (e governos e instituições supranacionais ao seu serviço)
ditam ao mundo regras e comportamentos, comandam os gostos, regulam o trabalho e as
paixões, deformando, ao preço do absurdo, o corpo e a alma das pessoas e das nações.
O antigo usuário assumia uma espécie qualquer de relação pessoal com o cliente que até
poderia incluir a compaixão. O banco atual é impessoal, calculista e medido, frio por definição,
e a usura que pratica atinge a todos – pessoas físicas ou jurídicas – cujas atividades controla, já
que realiza, hoje, todos os tipos de dinheiro... Ninguém, rico ou pobre, escapa à tirania do
banqueiro. Tudo é cupidez e cálculo financeiro. Daí om convite silencioso e incessante para que
ninguém – pessoa jurídica ou física – compartilhe seja o que for: é a era do egoísmo superlativo.
Desse modo, a avareza torna-se, em todas as dimensões e escalas, uma regra de vida, outra
moralidade.
Lembremos, outra vez, de que o mundo é datado. Por isso, as ações eficazes são as
condizentes com o espírito da época. Como, pois, tratar a que tão da consciência, no fim do
século XX e início do século XXI? Devemos, talvez, partir da ideia de mundo e de tempo.
Lembrando-nos, porém, de que o mundo não é somente constituído das coisas já feitas, mas de
tudo o que é ainda possível realizar. A História não é apenas o que existe, mas também a soma
dos possíveis.

A brutalidade com que agem os atores hegemônicos acaba por deixar à mostra a
perversidade de suas ações. É o feitiço voltado contra o feiticeiro, o ensinamento às massas de
que o caminho apontado não é bom. É dessa realidade, cada vez mais sensível, que se nutrem
as esperanças de edificação de um novo mundo, quando o tempo chegar.

SANTOS, Milton. Avareza, ano 2000. Em: SADER, Emir. 7 pecados do capital. Rio de
Janeiro: Record, 1999.p.25-29.

O pilar principal do capitalismo atual, de um mundo marcado pela facilidade de


comunicação e transporte de ideias e materiais, sem dúvida são as empresas multinacionais.

Elas têm seu surgimento marcado no final do século XIX, sendo que os grupos vigentes
hoje tiveram seu surgimento no início do século XX. Porém, foi só depois da 2ª Guerra Mundial
que estas empresas “supranacionais” tomaram sua posição de hegemonia na economia
mundial, sendo que a renda anual das maiores multinacionais supera o PIB de muitos países.

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Essas empresas possuem atualmente um grau de liberdade inédito, que se manifesta na


mobilidade do capital industrial, nos deslocamentos, na terceirização e nas operações de
aquisições e fusões. A globalização remove as barreiras à livre circulação do capital, que hoje se
encontra em condições de definir estratégias para a sua acumulação.

Essas estratégias são na verdade cada vez mais excludentes. O raio de ação das
transnacionais se concentra na órbita dos países desenvolvidos e alguns poucos países
subdesenvolvidos que alcançaram certo estágio de desenvolvimento. No entanto, o caráter
setorial e diferenciado dessa inserção tem implicado, por um lado, na constituição de ilhas de
excelência conectadas às empresas transnacionais e, por outro lado, na desindustrialização e o
sucateamento de grande parte do parque industrial constituído no período anterior por meio
da substituição de importações.

A ampliação do fluxo de informações foi considerável, principalmente, a partir dos anos


1980, devido ao avanço das telecomunicações – produção e utilização de satélites artificiais,
centrais telefônicas, cabos de fibra óptica, telefones celulares etc. A Internet e o acesso a dados
por meio de terminais de computadores, como os que existem em caixas eletrônicos de bancos,
são exemplos do avanço da telemática (conjunto se serviços informáticos que possibilitam o
fluxo de dados, textos, imagens e sons, através de uma rede de telecomunicações), que
possibilita maior volume e maior rapidez na transmissão de dados, voz, textos e imagens em
escala planetária. Conectar-se à rede mundial é privilégio de poucos. Isso vale para o Brasil e
para todo o mundo. Menos de 1% dos usuários da rede está na África: todo o continente africano
possui menos linhas telefônicas do que a cidade de Tóquio, no Japão. Justamente desse quadro
decorre o termo exclusão digital: são consideradas excluídas do processo digital as pessoas
que não têm acesso aos meios físicos necessários para a informatização.

A circulação de capitais entre os países decorre, principalmente, de investimentos


estrangeiros, remessas de lucros, de empresas multinacionais, pagamentos de juros de dívidas
externas, empréstimos e envio de rendimentos de trabalhadores que estão fora do país.

Os investimentos estrangeiros são formados por investimentos financeiros (aplicados na


compra de títulos públicos, de ações de empresas ou de moedas) e compõem-se de capitais
especulativos. Os meios eletrônicos tornaram mais rápida a velocidade das transações,
possibilitando aos investidores manipular instantaneamente as suas aplicações financeiras.

REDES DE CABOS DE FIBRA ÓTICA SUBMARINOS

A terceira caraterística é a desigualdade das relações que se estabelecem entre os


diversos povos conectados globalmente.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 2
GLOBALIZAÇÃO: COMÉRCIO MUNDIAL ......................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO


GLOBALIZAÇÃO: COMÉRCIO MUNDIAL
COMÉRCIO GLOBAL E ORGANISMOS MUNDIAIS
Na segunda metade do século XX, o comércio internacional apresentou um crescimento
significativo. Nesse período, instituições de âmbito global surgiram na Conferência de Bretton
Woods, nos Estados Unidos, como Banco Mundial, FMI e GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio) atuaram no sentido de estimular e regular as relações financeiras e comerciais entre
os países do planeta.

A partir desse momento, a capacidade de produção continuou a ser ampliada de forma


expressiva nos EUA, Japão, Europa Ocidental e naqueles que passaram a apresentar um
processo de industrialização mais intenso a partir dos anos 1930/1940 (Brasil, México e
Argentina), dos anos 1960/1970 (Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong) e dos anos
1980/1990 (China).

A combinação desses fatores levou a atividade comercial em âmbito mundial a crescer em


ritmo maior do que a própria produção.

A partir dos anos 1980/1990, no contexto de intensificação do processo de globalização


houve uma difusão de ideias neoliberais, que, em termos de relações entre países, enfatizavam
a necessidade de uma maior abertura econômica, o resultado disso foi um crescimento de
aproximadamente 8% do PIB nas trocas comerciais entre os países.
RODADA DO URUGUAI E A OMC
Foi nesse contexto de globalização que o GATT acabou sendo substituído pela OMC, em
1995, após a Rodada Uruguaia, que se iniciou em 1986, na cidade de Montevidéu, e só foi
concluída em 1994, na cidade de Marrakesh (Marrocos).

Com a Rodada Uruguaia, houve uma redução tarifária significativa em diversos países do
globo. Com a Rodada Uruguaia e a criação da OMC, ficou definido também o retorno das
discussões sobre o comércio agrícola, sobretudo por causa da pressão de países que são
grandes exportadores de gêneros agrícolas, como Brasil, Argentina e Austrália, os quais, como
veremos a seguir, pressionam os países europeus, o Japão e também os Estados Unidos a abrir
seus mercados aos produtos estrangeiros e a reduzir os subsídios que concedem a seus
agricultores.

Com a conclusão da Rodada Uruguaia e a criação da OMC, ficou definido também que essa
organização, na qual cada um dos 148 membros tem um voto, seria responsável pela resolução
de conflitos e disputas comerciais entre os países-membros. Para a resolução de disputas, há
um conjunto de princípios, normas e procedimentos que envolvem os chamados Painéis, dos
quais participam especialistas sobre o tema de que trata o conflito ou a controvérsia. Além
disso, a OMC pode oferecer assistência jurídica nos processos de conflitos.

Com a criação da OMC, passou a existir, de certa forma, um processo permanente de


negociações, nas quais os representantes dos países têm discutido a redução das barreiras
tarifárias, a eliminação do protecionismo e as questões que envolvem as patentes e as barreiras

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não tarifárias. A OMC tem a função de analisar e julgar as eventuais divergências comerciais
existentes entre os países. Um exemplo dessa atuação é o caso das patentes dos medicamentos.
A CONFERÊNCIA DE CANCUN
Na Conferência Ministerial da OMC em Cancun, México, em setembro de 2003, a
divergência de opiniões em relação a uma série de temas, com serviços, patentes e compras
governamentais, pendentes da Rodada de Doha (incluindo a questão agrícola), opuseram, de
modo geral, os países subdesenvolvidos (sobretudo Brasil, Argentina, África do Sul, Índia e
China). Parte dos países subdesenvolvidos chegou a formar um grupo, o G-20, cujos principais
representantes são: o Brasil, China, Índia, Argentina, África do Sul e México.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 2
GLOBALIZAÇÃO: BLOCOS ECONÔMICOS I ..................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO


GLOBALIZAÇÃO: BLOCOS ECONÔMICOS I
BLOCOS ECONÔMICOS
Paralelamente às negociações multilaterais para a liberalização comercial no âmbito da
OMC, são conduzidas diversas negociações de caráter regional, entre dois ou mais países
(negociações bilaterais), para formação de blocos econômicos ou para a intensificação dos
acordos nos blocos já constituídos. Podem-se definir cinco modelos de integração econômica
vigentes:

• Área de Livre-comércio: pressupõe acordos comerciais que visam exclusivamente


à redução ou eliminação de tarifas aduaneiras entre os países-membros do bloco.
No intercâmbio de produtos, entre os países participantes, ficam abolidas as tarifas
alfandegárias, porém cada país mantém suas próprias tarifas em relação aos não
membros. Ex.: Ex-NAFTA, atual USMCA.
• União Aduaneira: além da isenção de tarifas alfandegárias, na circulação de
mercadorias dentro da União, é estabelecida uma barreira alfandegária comum
contra os países não participantes, uma tarifa externa comum (TEC). É uma abertura
de fronteiras para mercadorias, capitais e serviços, mas não permite a livre
circulação de trabalhadores. Ex.: MERCOSUL (União Aduaneira Incompleta).
• Mercado Comum: visa à livre circulação de pessoas, mercadorias, capitais e
serviços. O único exemplo é a União Europeia, que, além de eliminar as tarifas
aduaneiras internas e adotar tarifas comuns para o mercado fora do bloco, permite
a livre circulação de pessoas, mão de obra, investimentos e todo tipo de serviços
entre os países-membros. Ex.: UNIÃO EUROPEIA.
• União Econômica e Monetária: é o caso, novamente, dos países da União Europeia,
que, na fase atual, adotaram o euro como moeda única, administrada pelo Banco
Central Europeu. Nessa forma de integração, é necessário que os países estipulem
limites de inflação e déficit público.

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DO BENELUX AO BREXIT

O BENELUX foi o grande precursor das diversas alianças formadas posteriormente.


Criado em 1944, integrou a economia da Bélgica, da Holanda e de Luxemburgo num único
mercado.
Em 1952, a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), formada por seus países –
Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Itália –, estabeleceu um mercado
siderúrgico comum, promovendo a livre circulação de matérias-primas e mercadorias ligadas
à indústria siderúrgica, com o objetivo de reestruturar e acelerar o desenvolvimento da
indústria de base. Os países-membros da CECA ampliaram os objetivos dessa organização e
criaram o mais eficiente bloco econômico entre países: a CEE (Comunidade Econômica
Europeia), em 1957, por meio do Tratado de Roma.

A CEE, desde a sua criação, tinha um grande objetivo econômico a ser colocado em prática
em médio prazo, baseado em quatro princípios fundamentais: a livre circulação de
mercadorias, de serviços, de capitais e de pessoas, entre todos os países-membros da
organização.

Entretanto a efetivação de tais princípios só veio a acontecer mais recentemente. O


aprofundamento da competitividade no mercado internacional nas últimas décadas do século
XX, o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e a entrada de novos competidores
(países do sudeste e leste da Ásia – Cingapura, Taiwan, Coréia do Sul e China), disputando fatias
cada vez mais expressivas do mercado, sinalizaram à CEE a necessidade da concretização de
seus objetivos originais. Isso acontece em 1° de janeiro de 1993, quando entraram em
funcionamento de fato as quatro liberdades fundamentais proposta na década de 1950, sendo
a CEE sendo substituída pela União Europeia. Ao entrar em vigor, em 1° de novembro de 1993,
o Tratado da União Europeia, assinado em 7 de fevereiro de 1992, em Maastricht confere uma
dimensão diferenciada à integração europeia.

Contudo, o que os cidadãos recordarão do Tratado de Maastricht será provavelmente a


decisão que trouxe maior impacto prático à sua vida cotidiana: a realização da União Econômica
e Monetária. Desde 1° de janeiro de 1999, a UEM reúne todos os países que cumpriram um
determinado número de critérios econômicos destinados a garantir a sua boa gestão financeira
e a assegurar a estabilidade futura da moeda única: o euro.

Assinatura do Tratado de Maastricht

Última etapa lógica da realização do mercado interno, a introdução da moeda única, pelas
repercussões pessoais que traz para cada cidadão e pelas consequências econômicas e sociais
de que se reveste, tem um alcance eminentemente político. Pode-se mesmo considerar que o

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euro será futuramente o símbolo mais concreto da União Europeia junto com o cidadão
europeu.

Apesar de a consolidação desse novo eixo econômico ter propiciado efeitos positivos
sobre as economias nacionais europeias, ainda há muitos obstáculos para a unificação efetiva
da Europa. Diferenças econômicas, oposição de alguns setores em diversos países, divergências,
Estados divididos por guerras e conflitos seculares impedem a formação de um verdadeiro
Estado supranacional.

A UNIÃO EUROPEIA DOS 28?

Fonte: Parlamento Europeu e El Mundo.

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BREXIT - O FIM DO CASAMENTO ENTRE REINO UNIDO E UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia é uma união econômica e política de 28 países. Suas origens remontam
à Comunidade Econômica Europeia (CEE), criada em 1957 por seis países que assinaram o
Tratado de Roma. O Reino Unido aderiu à CEE em 1973 e, dois anos depois, após renegociar
suas condições, realizou um referendo sobre a sua permanência. A integração foi aprovada por
67% dos eleitores. Numa época em que o Reino Unido sofria com o declínio industrial, inflação
e distúrbios decorrentes de greves trabalhistas, o então premiê Harold Wilson conseguiu
vender o projeto europeu como benéfico para a economia do país.

No início de 1960, no entanto, a situação mudou: o crescimento econômico britânico


estava abaixo do registrado por seus vizinhos franceses e alemães e o mercado comum se
tornou mais atrativo.

Mas a adesão do Reino Unido não foi fácil. Sua primeira candidatura, em 1961, se deparou
com o veto do presidente francês Charles de Gaulle, que via nos britânicos um Cavalo de Troia
americano e questionava seu espírito europeu.

Depois de outro veto de De Gaulle, em 1967, o Reino Unido finalmente entrou na


Comunidade Econômica Europeia em 1973. No entanto, a entrada coincidiu com o impacto da
primeira crise do petróleo, e o impulso econômico esperado não ocorreu.

Em 1975, apenas dois anos depois de sua entrada, os britânicos celebraram o primeiro
referendo sobre a Comunidade Econômica Europeia, no qual a permanência se impôs com
apoio de 67%. Este resultado não acabou com as reticências. A primeira crise não demorou a
aparecer. Em 1979, Londres se negou a participar do sistema monetário europeu em nome da
soberania nacional e monetária. E também se opôs a qualquer iniciativa para fortalecer a
integração política, reforçando a impressão de que o Reino Unido tinha um pé dentro e um pé
fora do bloco. Em 1985, também se negou a participar de Schengen - que definia o
desaparecimento dos controles fronteiriços - e, em 1993, não quis entrar na zona do euro.

Apesar de integrar desde 1993 o mercado único e a livre circulação de bens e pessoas, o
Reino Unido optou por não adotar o euro, mantendo sua própria moeda, a libra esterlina. Há
anos, o país mantém com a UE uma relação complexa, permeada por temas como centralização
versus controle nacional. O tema econômico também sempre foi central nessa relação. Um dos
argumentos pela separação, aliás, é o de que a economia britânica de hoje é muito mais criativa
e dinâmica que a dos anos 1970 e que estas duas características são prejudicadas pela
burocracia de Bruxelas.

UMA RELAÇÃO TURBULENTA ENTRE REINO UNIDO E UNIÃO EUROPEIA

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No início de 2016, o ex-premiê David Cameron renegociou "condições especiais" para o


Reino Unido dentro da união. Entre outros privilégios, o país recebeu garantias de que não será
discriminado por não integrar a zona do euro, obteve proteções para a City londrina - o mercado
financeiro mais importante da Europa - frente a regulações financeiras do bloco, e ganhou o
direito de limitar os benefícios que imigrantes europeus podem pedir no país. David Cameron
sustentava que as novas condições permitirão ao Reino Unido ficar na União Europeia dentro
dos seus próprios termos. Mas os críticos afirmam que as condições ficaram aquém das
expectativas, e que só a saída total da União Europeia permitirá aos britânicos ditar suas
próprias regras.

O Reino Unido ativou o Artigo 50 no dia 29 de março de 2017, oficializando sua intenção
de deixar o bloco econômico, concluída em 2020.

Boris Jonhson, premier britânico, pró-Brexit.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 2
Globalização: BLOCOS ECONÔMICOS II......................................................................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO


GLOBALIZAÇÃO: BLOCOS ECONÔMICOS II
BLOCOS ECONÔMICOS
EX-NAFTA (USMCA)

Fonte: http://europa.eu.

“O primeiro passo em direção ao regionalismo norte-americano fora o Acordo de Livre


Comércio (Free Trade Agreement, ou FTA) entre os Estados Unidos e o Canadá, em 1988.
No período pós-guerra, poderosas forças de mercado haviam transformado as
economias americana e canadense, intensificando seus vínculos recíprocos. O comércio
e os investimentos transfronteiriços intensificados tornaram-se particularmente
importantes para a economia canadense. O FTA surgiu da resultante reorientação da
tendência histórica da política econômica canadense e de sua posição política em relação
ao grande vizinho do sul. A partir do século XIX, o Canadá adotara uma “Política
Nacional” cuja finalidade explícita era construir uma base industrial e uma economia
nacional independentes por trás de altas barreiras tarifárias, política que não levou aos
resultados esperados. Pelo contrário, as tarifas canadenses estimularam as empresas
americanas a investir pesadamente no Canadá e a criar toda uma economia de
implantação local de fábricas para atender ao pequeno mercado canadense; com efeito,
mais de 80% do IDE no Canadá tem sido americano. O exemplo mais destacado é o setor
automobilístico, que se tornou estreitamente integrado nas duas economias após o Pacto
Automobilístico Americano-Canadense de 1965.”

GILPIN, Robert. O desafio do capitalismo global: a economia mundial no século XXI. Rio de
Janeiro-São Paulo,2004. Ed. Record.p.320. p.267-268.

Em 1994, EUA, Canadá e México deram os primeiros passos rumo à formação de uma
economia supranacional, com a criação do Nafta. Juntos, formam um mercado de
aproximadamente 424 milhões de habitantes e respondem por um PIB de aproximadamente
13,4 trilhões de US$, em 2004. O acordo previa a criação de uma zona de livre comércio, na qual

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a abolição total das tarifas aduaneiras (de importação) seria colocada em prática em 2015.
Apesar de uma grande quantidade de produtos já circula livremente entre os três países, sem
nenhuma taxação, a Zona de Livre-Comércio ainda não foi criada.

Como não existe a perspectiva de formação de um mercado único nos moldes da União
Europeia, a grande diferença socioeconômica entre o México e os outros dois países do Nafta
trouxe vários problemas para a sociedade e a economia mexicanas, e também para
trabalhadores norte-americanos e canadenses.

A questão da disparidade em termos socioeconômicos na UE foi resolvida


gradativamente, à medida que foram direcionados investimentos das economias mais
vigorosas da UE (Alemanha, França e Reino Unido) para os países menos desenvolvidos do
bloco. Isso não ocorreu com o Nafta em relação ao México. No Nafta, vigora apenas o objetivo
da livre circulação de mercadorias, e desde a sua implantação, muitas empresas dos EUA
instalaram-se no México, atraídas pela mão de obra bem mais barata e pela legislação
trabalhista mais flexível. Em razão disso, no setor industrial norte-americano, milhares de
postos de trabalho foram fechados.

Apesar de ter ocorrido uma ampliação das exportações mexicanas, a dependência da


economia mexicana em relação à dos Estados Unidos é muito grande – cerca de 85% das
exportações do México vão para os Estados Unidos e 68% das importações são provenientes
desse país.

O USMCA corresponde a um tratado de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e


México que moderniza o antigo acordo, chamado Nafta, que vigorava desde 1994. A renovação
do acordo foi oficializada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; o
presidente do México, Enrique Peña Nieto; e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau,
durante a Cúpula do G20, em Buenos Aires, na Argentina.

O acordo foi fechado primeiramente de forma bilateral entre Estados Unidos e México.
Após longas negociações, o Canadá, por meio de seu primeiro-ministro, mostrou satisfação com
as mudanças propostas e decidiu participar do acordo.

A renovação do acordo comercial entre as três nações foi um pedido de Donald


Trump, que alegava enxergar prejuízos para os setores econômicos dos Estados Unidos. Esses
prejuízos teriam sido gerados por déficits no comércio entre os Estados Unidos e o México e
isso provocou a perda de milhões de empregos no território estadunidense.

Acreditando que o Nafta fez com que o comércio dos Estados Unidos se tornasse menos
competitivo, fazendo com que o país perdesse indústrias para os demais, Trump, ao propor a
renovação, pretendia proteger o mercado estadunidense e liberalizar os demais. Assim, o
principal objetivo da substituição do acordo pauta-se no protecionismo dos Estados Unidos,
propondo um mercado “mais livre”, um comércio mais seguro que favoreça o crescimento
econômico.

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APEC

Em 1989, foi fundada a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico – APEC. Com sede em


Cingapura, o bloco é composto por 20 membros banhados pelo Pacífico e por Hong Kong (região
administrada pela China). Com o tempo, a associação pretende instalar uma zona de livre
comércio entre seus membros. Foi estabelecido o ano de 2010 para o início da livre circulação
de mercadorias e de capitais entre os países desenvolvidos do bloco e o ano de 2020 para sua
liberalização entre as nações em desenvolvimento.

Fonte: http://europa.eu.

Apesar da crescente interdependência econômica dos países do Pacífico Asiático sob a


hegemonia das grandes corporações japonesas, é muito difícil estabelecer uma integração
semelhante à da União Europeia, ou mesmo à do Nafta, por causa das disputas comerciais entre
as três principais lideranças do bloco – Estados Unidos, Japão e China.

MERCOSUL E AGITAÇÕES POLÍTICAS NO PARAGUAI E NA VENEZUELA

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O Mercado Comum do Sul surgiu da conjunção de circunstâncias políticas e econômicas


do contexto interno e externo que conduziram à aproximação de Brasil e Argentina e
redirecionou as relações entre esses países, até então caracterizadas pela tradição de
rivalidade. O Mercado Comum do Sul começou a se formar em 1985, nos governos de Raul
Alfonsín (Argentina) e José Sarney (Brasil), quando os dois se encontram e assinam a ATA DE
IGUAÇU. Em março de 1991, foi assinado o Tratado de Assunção, que ampliou para quatro o
número de países participantes, incluindo o Paraguai e Uruguai.

Esse tratado estabeleceu duas metas bases no processo de consolidação eliminando as


barreiras alfandegárias para a circulação de mercadorias no interior do bloco. A segunda foi a
formação de uma união alfandegária entre os membros com a adoção de uma tarifa externa
comum. Essa tarifa externa comum é usada pelos países-membros sobre o produto importados
de países fora do Mercosul ou de outros blocos econômicos.

Em 1996, o Mercosul deu o seu primeiro passo para uma possível ampliação na integração
dos países do Cone Sul; foi o acordo com o Chile e a Bolívia formando parcerias comerciais. Este
foi um importante passo no alargamento das relações comerciais do bloco. A entrada da
Venezuela como país-membro, fortaleceu o bloco, pois ela representa, em primeiro lugar, uma
potência energética, possuindo a maior reserva de petróleo e gás natural da América do Sul e
segundo a Venezuela está estrategicamente próxima dos países da América Central, México e
EUA.

Em 1999, passando apenas quatro anos da entrada em funcionamento do bloco,


começaram a surgir graves divergências entre Brasil e Argentina, os mais importantes
membros do Mercosul. A crise econômica, sobretudo na Argentina, levou algumas tarifas
externas comuns a serem suspensas pelos argentinos, e o comércio dentro do bloco apresentou
uma queda sensível. No entanto, com a retomada do crescimento econômico nesses países, o
comércio intrabloco voltou a crescer, a partir de 2003.

Apesar de para uma enorme quantidade de produtos ainda não vigorar a TEC (Tarifa
Externa Comum), que caracteriza de fato uma união aduaneira, o bloco tem tomado iniciativas
importantes nas negociações comerciais no âmbito da OMC e com outros blocos, como a UE,
que atendam aos interesses comuns dos países do Mercosul, além de alianças com outros países
sul-americanos. Um exemplo foi o acordo assinado em 2007 com Israel para a formação de uma
zona de livre comércio. O acordo prevê para 2017 que 95% das exportações Mercosul para
Israel e 87% das importações tenham imposto zero.

AGITAÇÃO POLÍTICA NA AMÉRICA LATINA

O presidente paraguaio Fernando Lugo, sofreu um impeachment “relâmpago” em junho


de 2012, após quatro anos de mandato. Eleito como um mandatário de esquerda, sua deposição
foi considerada um golpe por lideranças de diversos países e provocou a suspensão da
participação do Paraguai no Mercosul, pelos governos de Brasil, Argentina e Uruguai. Lugo é
um sociólogo e ex-bispo católico, ligado à Teologia da Libertação, vertente que vinculava o
trabalho religioso à ação de movimentos sindicais e sociais – como as de defesa da reforma
agrária. Ele governava, desde 2008, em uma coligação de partidos com diferentes visões
políticas.

Lugo foi o primeiro presidente de esquerda do Paraguai e interrompeu uma hegemonia


de 61 anos no poder do conservador Partido Colorado. Despertou expectativa dos movimentos

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sociais, mas atuou como governante moderado. No fim, não conseguiu conciliar a ampla gama
de interesses de seus apoiadores e governava sem maioria na Câmara e no Senado.

Sua expulsão da Presidência se deu, formalmente, em apenas um dia. Ele só teve 16 horas
para se defender das acusações genéricas feitas pela oposição. O motivo apresentado para o
impeachment foi a morte de 17 pessoas, entre sem-terra e policiais, na reintegração de posse
de uma fazenda. Mas o fator decisivo para sua destituição foi a perda de do Partido Liberal
Radical Autêntico, de seu vice-presidente, Frederico Franco, que assumiu o poder no país.

Fonte: Revista Atualidades, 2012 – 2º Semestre p.60.

CRISE NO PARAGUAI – 2017

A aprovação no Senado de uma emenda que permite a reeleição do presidente Horácio


Cartes em 2018 impulsionou uma intensa crise política no país em abril de 2017. Para os
opositores do governo conservador, a reeleição fragilizaria as instituições democráticas.

Cerca de mil paraguaios se revoltaram com a aprovação da mudança na constituição, feita


a portas fechadas em uma votação surpresa, e chegaram a invadir o Congresso, no centro
histórico de Assunção, aos gritos de "ditadura nunca mais".

A Constituinte paraguaia de 1992 proíbe a reeleição do presidente e de seus familiares


até o quarto grau de parentesco e segundo de afinidade. A Carta anterior, vigente durante a
ditadura de Alfredo Stroessner, admitia a reeleição indefinida.

Para dispersar os manifestantes, as forças de segurança utilizaram balas de borracha,


canhões de água e bombas de gás lacrimogênio. Um grupo colocou fogo no salão principal do
Congresso enquanto outro se dispersou pelo centro da cidade e montou barricadas. Houve
confronto com a polícia em vários pontos.

Horácio Cartes, ex-presidente do Paraguai.

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Para muitos pesquisadores, essa “manobra” inesperada acaba provocando a desconfiança


de uma tentativa de se manter no poder. Uma emenda constitucional permitindo a reeleição de
um chefe do Executivo, normalmente, tem que ser muito debatida e não pode ser feita
“correndo”. Uma proposta de emenda à Constituição, como ela configura a lei máxima do
Estado, como ela é o ápice do Estado, ela só pode ser alterada por processos muito solenes, com
quóruns normalmente muito qualificados.

Como uma democracia recente, o Paraguai vem enfrentando uma série de mudanças. Em
2012, o então presidente Fernando Lugo, do Frente Gasú, sofreu também um rápido processo
de impeachment, que o tirou do poder em poucos dias. Para seu lugar, foi eleito o atual
mandatário da nação, o conservador Horacio Cartes.

No entanto, agora, os dois partidos apoiam a medida de mudança de lei – que acabaria
beneficiando tanto Cartes como Lugo nas eleições do ano que vem. E essa união poderá fazer
com que a polêmica medida seja aprovada na Câmara dos Deputados, na próxima etapa da
votação, em que Cartes conta com a maioria mais o apoio do Frente Gasú. A partir daí, o
presidente poderá convocar um referendo sobre o tema.

Atualmente, a inesperada crise no Paraguai se uniu a outra mais longa, a da crise na


Venezuela durante o governo de Nicolás Maduro. As constantes tensões entre o bloco e os
venezuelanos surgiram, principalmente, desde o ano passado, quando os governos de
Argentina, Brasil e Uruguai ficaram mais à direita.

CRISE NA VENEZUELA

Fazer compras em um supermercado na Venezuela atualmente representa um duplo


desafio. Primeiro, porque é bastante raro encontrar itens básicos como pasta de dente ou
farinha. Por sua vez, quando as prateleiras são abastecidas, a hiperinflação é tão feroz que
corrói o valor dos bolívares, a moeda local, impossibilitando a compra de alimentos como carne
ou frango. Também não é fácil encontrar remédios, especialmente para doenças como
hipertensão ou diabetes. Estas são apenas algumas das consequências mais visíveis da pior
crise econômica já enfrentada pelo país.

Em meio a esse caos econômico, a política venezuelana não traz qualquer sinal de que a
situação possa ser revertida no curto prazo. O governo do presidente Nicolás Maduro, de quem
deveria partir as iniciativas de estímulo econômico, encontra-se praticamente paralisado. Em
um quadro de extrema polarização política, situação e oposição estão literalmente em pé de
guerra. Protestos e confrontos envolvendo partidários dos dois campos são frequentes. A
disputa se radicalizou ainda mais a partir da iniciativa da oposição de convocar um referendo

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revogatório – a Constituição venezuelana dispõe de um mecanismo de consulta popular para


decidir se o presidente deve completar ou não o seu mandato.

O cenário é desolador em um país que, na década passada, durante o auge do governo de


Hugo Chávez, obteve importantes avanços sociais e conseguiu reduzir significativamente a
desigualdade. Agora, o governo assiste passivamente ao retrocesso nessas importantes
conquistas e à acentuada queda no padrão de vida da população. Dona das maiores reservas
mundiais de petróleo, a Venezuela foi controlada durante a maior parte do século XX por grupos
oligárquicos que se apoderaram do Estado e dos recursos provenientes da exportação do
produto, o que gerou uma enorme concentração de renda. Em 1992, em meio a um cenário de
convulsão social, uma tentativa fracassada de golpe de Estado levou diversos militares para a
cadeia. Entre eles estava o coronel Hugo Chávez, que despontou como uma importante
liderança na defesa de um projeto de soberania nacional. Esse prestígio foi fundamental para a
eleição de Chávez como presidente em 1998. No poder, Chávez colocou em prática o que
chamou de “Revolução Bolivariana”, em referência a Simón Bolívar (1783-1830), herói da
independência na América do Sul. Entre as medidas de maior impacto de sua gestão, destacam-
se a regulamentação da reforma agrária, o fortalecimento da empresa estatal de petróleo, a
PDVSA, restringindo a participação de multinacionais na exploração, e a estatização de setores
considerados estratégicos na economia, como energia elétrica e telecomunicações.

Na área social, ampliou o acesso à saúde, à educação e à habitação para as camadas mais
pobres. Essas ações, somadas a uma ampla rede de proteção, que garantiu comida,
medicamentos e itens básicos por meio de subsídios e controle de preços, promoveu enormes
avanços sociais, reduzindo a pobreza de 49% para 27% da população, entre 1999 e 2012. Nesse
período, a renda per capita saltou de 4.105 dólares para 10.810 dólares por ano. A Venezuela
tornou-se o país menos desigual da América Latina. Boa parte desses avanços foi financiada
com a bonança do petróleo, cujo valor atingira preços recordes no período. As receitas com as
exportações do produto também foram fundamentais para que a Venezuela projetasse sua
influência internacionalmente, liderando um conjunto de países na América Latina que
compartilhava valores em comum, como a proposta estatizante da economia e a oposição à
ingerência dos Estados Unidos (EUA) na região. Bolívia, Equador, Nicarágua e Cuba gravitaram
durante muitos anos sob a órbita venezuelana, no chamado “bloco bolivariano”.

Mas as conquistas sociais da Era Chávez foram ofuscadas por uma condução política
autoritária, marcada por uma série de medidas de concentração de poder. Respaldado por uma
bancada favorável no Congresso, Chávez conseguiu aprovar leis que fortaleceram o Poder
Executivo e permitiram a reeleição por tempo indeterminado. Além disso, foi acusado de
cooptar o Judiciário para ratificar suas medidas e perseguir a oposição. Embora não seja
caracterizada como uma ditadura, já que havia eleições livres e justas, a Venezuela tampouco
poderia ser considerada uma democracia plena.

A morte de Chávez em março de 2013, vítima de um câncer na região pélvica, comoveu a


população, que parecia antever as nuvens mais carregadas que se aproximavam. É verdade que,
nos últimos anos do governo Chávez, a economia do país já dava sinais de declínio, mas o
contexto econômico e político que se seguiu à sua morte agravaram o quadro.

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No mês seguinte à morte de Chávez, seu vice, Nicolás Maduro, foi eleito para um mandato
presidencial de seis anos, derrotando Henrique Capriles, o principal nome da oposição. O
primeiro ano de seu mandato foi tenso. Foi nesse período que a inflação disparou e o
desabastecimento tornou-se mais frequente. Em fevereiro de 2014, os protestos contra o
governo se espalharam em diversas cidades, ocasionando 42 mortes. Acusados de incitar um
golpe, diversos políticos da oposição foram presos. Consolidava-se, assim, o quadro de
polarização política que atualmente paralisa o país.

Mas como a Venezuela pôde regredir tanto em questão de poucos anos? A resposta não é
simples, mas é possível apontar alguns dos aspectos mais decisivos na falha da condução
econômica. A razão mais evidente é que a Venezuela é extremamente dependente do
petróleo, responsável por 96% de suas receitas com exportação. Se em 2008, durante o auge
do chavismo, o barril chegou a superar os 120 dólares, desde então seu valor vem caindo,
mantendo-se, desde 2014, abaixo dos 50 dólares. Sem essa fonte de recursos, o governo perdeu
a capacidade de importar muitos itens de necessidade básica e reduziu os investimentos sociais.
Em uma economia mais diversificada, o país não ficaria tão vulnerável à flutuação do preço do
petróleo. Uma outra ação tomada desde o período do governo Chávez impediu o
desenvolvimento de um setor empresarial mais dinâmico: o controle de preços.

Adotado inicialmente como medida paliativa para conter a inflação e garantir que a
população mais pobre tivesse acesso a produtos essenciais, o congelamento se prolongou por
muitos anos sem resolver o problema. Pior: a medida acabou desestimulando os investimentos
da iniciativa privada, uma vez que, em muitas situações, os itens acabavam sendo vendidos a
preços inferiores ao custo de produção. Consequentemente, os produtos sumiram das
prateleiras, gerando a atual crise de abastecimento. O controle do Estado sobre o câmbio,
adotado desde 2003 com o objetivo inicial de impedir a fuga de dólares do país e controlar a
inflação, também desestruturou a economia. Esse complexo sistema funciona assim: o governo
mantém duas taxas de câmbio, uma delas com a cotação do dólar mais barata para ser utilizada
apenas na importação de insumos de primeira necessidade. O problema é que boa parte desses
dólares é desviada ilegalmente por militares e membros do governo, que os revendem no
mercado paralelo, cuja cotação chega a ser 100 vezes maior que o câmbio oficial.

Essa medida não apenas alimenta a corrupção, como provoca uma escassez de moeda
estrangeira que deveria ser utilizada para as importações e para os investimentos do setor
produtivo, agravando o problema de abastecimento. Para Maduro, boa parte da
responsabilidade pela crise é da oposição, acusada de desestabilizar o país e cooptar
empresários para reter seus produtos. O presidente também culpa os EUA, cujo governo
declarou, em 2015, que a Venezuela representa uma “ameaça à segurança nacional e à política
externa” do país. No entender de Maduro, essa é uma forma de os EUA pressionar investidores

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estrangeiros a desistir da Venezuela e impedir que bancos internacionais concedam


empréstimos ao país.

EVOLUÇÃO DA INFLAÇÃO E DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) NA VENEZUELA


(2000-2015)

Fonte: Banco Mundial.

VENEZUELA ANUNCIA SAÍDA DA OEA

Delcy Rodríguez, chanceler venezuelana

Encurralada e incapaz de defender a crise que atravessa ante o organismo regional mais
importante, Caracas cumpriu suas advertências. A chanceler Delcy Rodríguez anunciou, no
palácio presidencial de Miraflores, que a Venezuela iniciará o processo de saída da Organização
dos Estados Americanos (OEA). Era uma decisão já prevista, depois que o Conselho Permanente
do organismo convocou uma reunião de ministros das Relações Exteriores para tratar da crise
do país sul-americano sem a aprovação do Governo de Nicolás Maduro.

Rodríguez mencionou a intromissão em seus assuntos internos para justificar a decisão,


apontando o México como o aríete de um processo que busca “tutelar” seu país. “Felizmente
isso nunca acontecerá, pois assim está marcado em nossa história, nosso presente e nosso
futuro”, afirmou. A chanceler se pronunciou em Caracas poucos minutos após a entidade
convocar, por votação de 19 dos seus 34 membros, uma reunião para tratar da crise
venezuelana. Embora ainda se desconheça o lugar e a data do encontro, a decisão, adotada
durante reunião extraordinária, significa a elevação do tom da organização frente ao país
bolivariano, que nas últimas semanas viveu uma série de protestos marcados pela violência.

A Venezuela denunciará a Carta da OEA nesta quinta e dará início ao processo de saída,
que vai durar cerca de dois anos. Para atingir esse objetivo, deverá pagar quase 9 milhões de
dólares (cerca de 28 milhões de reais), informou à agência Efe o secretário de assuntos jurídicos
da OEA, Jean Michel Arrighi. Enquanto isso, o país continua sendo um membro pleno, com todos

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os direitos e organizações inerentes. Se mantiver a decisão, será o primeiro país na história da


OEA a se afastar por vontade própria do bloco regional.

Fiel ao seu estilo, o chavismo quis transformar uma derrota diplomática (provavelmente
serão alcançados os 23 votos necessários na posterior aplicação da Carta Democrática
Interamericana) em uma vitória moral. “A Venezuela não participará de nenhuma atividade que
pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência desse grupo de países, que só procuram
perturbar a estabilidade de nosso país. São ações dirigidas por um grupo de países mercenários
da política para cercear o direito do povo venezuelano ao futuro”, declarou Rodríguez.

A ministra não perdeu a oportunidade para comparar a reunião de chanceleres, aprovada


sem o consentimento da Venezuela, com a expulsão de Cuba da OEA em 1962. “Décadas mais
tarde, ali está o povo de Cuba, digno e de pé, ratificando a escolha histórica, moral e ética de um
povo que está defendendo a soberania e a independência. Hoje, a Venezuela empreende uma
batalha similar por sua soberania, sua paz e sua independência”, prosseguiu Rodríguez.

Samuel Moncada, representante da Venezuela na OEA, afirmou na sessão prévia à votação


que o organismo é a causa dos distúrbios no país. “Aqui alentam os extremistas”, disse Moncada
ante os países membros. Também afirmou que a instituição perdeu sua imparcialidade e tenta
impor uma tutela ao país bolivariano sobre como resolver seus assuntos internos. Com um
discurso derrotista e sem ninguém para atacar – apenas dois de seus “inimigos” fizeram uso da
palavra –, Moncada tentou evitar a reunião dos chanceleres.

A resolução foi aprovada por 19 países, entre eles cinco membros da Petrocaribe
(Honduras, Bahamas, Dominica, Guiana e Jamaica), a aliança por meio da qual Caracas
estabeleceu acordos de assistência petroleira com as nações da região a preços preferenciais
em troca de apoio político. A venda de petróleo com preços vantajosos tem sido usada desde
2005, ano de criação da Petrocaribe, como uma arma para a promoção dos interesses chavistas
na região. O apoio político dos países caribenhos impediu que prosperassem, na própria OEA,
as denúncias sobre a natureza autoritária do regime de Hugo Chávez. Mas o autogolpe realizado
por Maduro ao promover a anulação do Parlamento, com a colaboração de seus aliados da Corte
Suprema de Justiça, provocou uma mudança no cenário geopolítico.

Tanto a decisão da Venezuela como a da maioria de países membros evidenciam o


isolamento político do regime de Maduro. Durante as últimas semanas, além das repetidas
sessões na OEA, uma enxurrada de denúncias atingiu o Governo de Caracas, vindas de
organizações internacionais e Governos específicos. A Colômbia e o Peru, entre outros,
retiraram seus embaixadores há pouco menos de um mês.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 2
GLOBALIZAÇÃO: CONFLITOS ÉTNICOS E MIGRAÇOES INTERNACIONAIS ...................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GLOBALIZAÇÃO


GLOBALIZAÇÃO: CONFLITOS ÉTNICOS E MIGRAÇOES
INTERNACIONAIS
Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, ao mesmo tempo em que se
intensificava o processo de globalização ampliavam-se os conflitos étnicos-nacionalistas,
muitos deles relacionados a movimentos separatistas.
De acordo com o Relatório do Desenvolvimento publicado pela ONU anualmente, o século
XX foi o mais violento da história da humanidade: o número de mortos em conflitos armados e
guerras durante ele foi mais do que três vezes maior do que nos quatro séculos anteriores.
O século XX foi marcado pelas duas grandes guerras mundiais e pela Guerra Fria, durante
a qual revoluções e movimentos de libertação nacional foram manipulados pelas
superpotências, que ajudaram a disseminar a violência na África, América e Ásia. Além disso,
muitos conflitos internos foram incentivados pelas potências da Europa ou pelas
superpotências Estados Unidos e União Soviética.
Na última década do século XX, o encerramento da Guerra Fria resultou na diminuição dos
conflitos entre Estados (que caíram de 51, em 1991, para 29, em 2003). Essa tendência de
declínio das guerras tradicionais, ou seja, do enfrentamento armado entre Estados soberanos,
prossegue na primeira década do século XXI.
Na primeira década do século XXI, mais de 90% dos mortos e feridos nos conflitos eram
civis, enquanto 95% dos mortos e feridos nas duas guerras mundiais eram militares,
participando dos exércitos regulares. Em geral, as guerras civis surgem da fragilidade dos
Estados, incapazes de resolver e conter tensões entre os grupos.
Entre as razões motivadoras desses conflitos, destacam-se:

• Disputa pelo poder: estruturas políticas não democráticas, crise externas e


mudanças sociais podem acirrar rivalidades políticas, a ponto de transformá-las em
enfrentamentos violentos.
• Reivindicações ou disputa por territórios: diversas guerras têm ocorrido no
mundo por invasão, ocupação de territórios e delimitação de fronteiras. Isso
ocorreu, por exemplo, quando da desintegração da Iugoslávia.
• Insegurança econômica e pobreza: as crises econômicas e a pobreza podem levar
a tensões e conflitos. Em 2005, 46 Estados apresentavam um terço de pessoas
vivendo com menos de um dólar por dia, e seus governos não conseguem exercer
controle territorial, oferecer segurança ou administrar recursos e serviços públicos.
Entre esses Estados, 35 registraram conflitos civis na década de 1990.
• Desigualdades sociais: apesar de não resultarem necessariamente em guerras
civis, representam um fator de acirramento de tensões. As desigualdades verticais,
que se baseiam em diferenças de rendimentos entre os indivíduos de uma
sociedade, geralmente ocasionam problemas sociais. As desigualdades
horizontais, entre regiões ou grupos com diferenças étnicas, religiosas e culturais,
são mais comumente associadas a conflitos.

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Marcas da Guerra Civil em Ruanda entre Hutus e Tutsis nos anos 1990.

FOCOS DE CONFLITOS NA ÁSIA

O continente asiático abriga cerca de 60% da população mundial e milhares de etnias. Nas
duas últimas décadas do século XX, alguns conflitos étnico-nacionalistas destacaram-se pelo
grande número de pessoas envolvidas e a violência empregada.

ORIENTE MÉIDO E A QUESTÃO PALESTINA

Também conhecido como Ásia ocidental, o Oriente Médio é uma porção do continente
asiático que ocupa uma área de 7,2 milhões de km2. Foi justamente nesse subcontinente que
emergiram as civilizações precursoras da humanidade, mais precisamente no território onde
hoje está o Iraque, antes chamado de Mesopotâmia. Lá, nasceram as primeiras cidades de que
se tem registro – há cerca de cinco mil anos. No Oriente Médio, estão: Afeganistão, Arábia
Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait,
Líbano, Omã, Síria, Turquia e Egito. Somadas as populações desses países citados, são 260
milhões de habitantes.

Essa porção da Ásia é o berço das três maiores religiões monoteístas do mundo: o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo – que predomina na maioria dos países do Oriente
Médio.

O Oriente Médio atrai os olhos do mundo por dois motivos: trata-se de uma área bastante
instável politicamente e de um subsolo com a maior reserva mundial de petróleo, que aguça o

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interesse das grandes nações europeias, dos Estados Unidos e do Japão. Frequentemente, essas
nações interferem no cenário geopolítico do Oriente Médio.

A luta pelo petróleo, e pela água em alguns casos, provoca uma série de divergências
políticas entre os países do Oriente Médio, o que torna essa área foco de conflitos armados.

O Oriente Médio delimita-se geograficamente com os mares Negro e Cáspio, ao norte, mar
Arábico, ao sul, e mares Vermelho e Mediterrâneo, a oeste. O litoral é constituído pela península
Arábica e península da Ásia Menor.

A parte que compreende a península Arábica é limitada geograficamente pelo golfo


Pérsico, a leste, e pelo mar Vermelho, a oeste. Não é fácil definir com precisão os países que
pertencem integralmente ao Oriente Médio, uma vez que muitos territórios compreendem dois
continentes simultaneamente. É o caso da Turquia, que está na Europa e na Ásia.

O DESERTO E A QUESTÃO DA ÁGUA


ORIENTE MÉDIO (ASPECTOS FÍSICOS)

Como uma porção territorial do continente asiático, o relevo dessa região é constituído
basicamente por planaltos: da Anatólia, o Iraniano e da Arábia. Há também formações
montanhosas provenientes de dobramentos modernos: montes Zagros, Elburz e Iêmen.
Somem-se a essas unidades de relevo as planícies que compreendem a planície da Mesopotâmia
(expressão grega é que significa "entre rios"), cuja maior extensão fica no Iraque, entre dois
importantes rios: o Eufrates e o Tigre. Na foz do rio Jordão, na fronteira entre Israel e Jordânia,
encontra-se a depressão do mar Morto, uma fossa tectônica que fica a 394 metros abaixo do
nível do mar. O mar Morto tem a maior salinidade do mundo e está fadado a desaparecer em
alguns milhares de anos, em função da intensa evaporação que supera a drenagem. Esse
fenômeno é agravado ainda mais por conta dos diversos projetos de irrigação realizados em
Israel para abastecer a agricultura no deserto de Negrev.

Os climas da região são predominantemente árido e semiárido, com temperatura elevada


e pouquíssima incidência de precipitações. Há uma significativa variação de temperatura
(amplitude térmica) entre o período diurno (com até 50 °C) e noturno (abaixo de 0 °C). As
regiões mais úmidas do Oriente Médio restringem-se às áreas litorâneas com climas
mediterrâneos de verões quentes e secos e invernos frios e chuvosos.

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A planície da Mesopotâmia é uma das raras áreas úmidas do Oriente Médio, em função do
derretimento de neve no alto curso dos rios Tigre e Eufrates, que acaba provocando inundações
no baixo curso, tornando-o pantanoso.

Em razão da adversidade climática, o subcontinente do Oriente Médio é pobre em


vegetação; no entanto, é possível encontrar, em lugares mais secos, plantas do tipo xerófilas e
estepes em áreas de clima árido. Graças ao clima temperado de regiões mais úmidas e
mediterrâneas, há vegetação arbustiva, campos e pradarias.

Paralelamente às maiores reservas de petróleo do mundo (cerca de 60%), no Oriente


Médio há a menor quantidade de água potável disponível para consumo doméstico, atividades
industriais e agrárias. Em razão disso, esse imprescindível recurso natural foi, é e será um dos
principais fatores de disputas geopolíticas na região.

Os analistas políticos afirmam que essa falta de água será a principal causa dos conflitos
no século XXI, a começar pelo Oriente Médio. A região conta com 5% da população mundial,
mas apenas 1% das reservas de água do Planeta. A cota atual de consumo de água pelos
habitantes é de aproximadamente 1,5 mil m³. Estimativas do Banco Mundial dão conta de que,
em 2025, essa taxa caia para 700 m³.

Deserto de Wadi Rum, Jordânia.

A falta de água e o acesso aos recursos hídricos há muito é um fator geopolítico de conflito
na região do Oriente Médio entre judeus e árabes. Somem-se a eles, a posse por território e
conflitos entre diferentes troncos étnico-religiosos. Foi nesse contexto que esteve em disputa o
acesso e o controle do curso do rio Jordão, dos lençóis freáticos da Cisjordânia e do mar da
Galileia.

Outro foco de tensão faz Turquia, Síria e Iraque enfrentaram-se pelo uso dos rios Tigre e
Eufrates, que nascem em Anatólia – território turco – e deságuam no golfo Pérsico. São rios
extremamente importantes para o abastecimento desses países. No entanto, apenas a Turquia
dispõe do uso e do controle do montante dos rios, o que afeta as outras duas nações.

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Na década de 1990, quando a Turquia represou parte do leito dos dois rios para construir
a Usina de Ataturk, enfrentou muitos protestos e até ameaças de invasão por parte da Síria e do
Iraque. Ainda hoje, essa questão é muito polêmica e pode ser causa de sérios problemas no
futuro.

Recentemente, Israel desenvolveu usinas de dessalinização de água. Ela consiste


basicamente em retirar a água do mar e transformá-la em água potável, própria para consumo.
Detentor dessa tecnologia (altamente poluente), bem como líder mundial em aproveitamento
da água, apenas Israel dispõe dos recursos necessários para tanto. Dificilmente, os demais
países da região – subdesenvolvidos e economicamente dependentes – adotariam tais recursos
em futuro próximo.

O caráter geopolítico da água naquela região vai muito além de um simples recurso
natural para tornar-se alvo de um dos mais cobiçados elementos territoriais em todo o mundo.

QUESTÃO ÁRABE – ISRAELENSE

A região da Palestina foi ocupada e conquistada por muitos povos, entre eles os judeus e
os árabes. No século VI a.C., o povo judeu iniciou sua diáspora, devido à repressão imposta pelo
Império Romano, mas continuou a considerar a região como sua terra de origem. Os palestinos

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são formados por uma mistura de povos, como filisteus 1 (que ocupavam a Faixa de Gaza),
cananeus 2 (que habitavam a Cisjordânia) e os árabes, os quais impuseram sua cultura, tradição
e a religião islâmica. Os palestinos habitaram a região por um período de cerca de 2.000 anos.

A partir do final do século XIX, com a criação da Organização Sionista Mundial (1897), cuja
sede fica na Suíça, o movimento sionista começou a organizar a migração de judeus à
Palestina, visando a formação de uma pátria judaica. Na primeira metade do século XX, o
aumento da população judaica na região, estimulado pela compra de terra e pelo
estabelecimento de diversas colônias, foi contínuo e relativamente pacífico.

No entanto, depois da Primeira Guerra Mundial, quando os britânicos, que passaram a


controlar a região, cogitaram a criação de um Estado judaico (Declaração de Balfour), essa
migração tornou-se bastante conflituosa. O secretário de relações exteriores britânico, Arthur
Balfour, encorajava a colonização da Palestina por judeus e apoiava o estabelecimento de um
“lar nacional judaico na Palestina”, o qual teria proteção britânica.

Arthur Balfour e a Declaração Balfour.

A perseguição e o massacre imposto aos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra


Mundial, foram fundamentais para o apoio internacional à formação do Estado de Israel, em
1948. A divisão do território da Palestina entre judeus e palestinos fazia parte de acordos
firmados entre Estados Unidos, Reino Unido e URSS. Em 1947, a ONU aprovou o plano de
partilha da região da Palestina e a criação do Estado de Israel, que ocupava 57% daquele
território.

1
A origem dos filisteus (do hebraico plishtim) ainda hoje é motivo de controvérsias. Há
polêmica até mesmo sobre o fato se se tratava de um único povo ou de uma confederação de
povos que migraram do Mar Egeu para o leste do Mar Mediterrâneo no século XIII a.C.
2
O nome cananeu deriva de Canaã, um dos filhos de Cam, filho de Noé. Esta descendência
lhes foi atribuída por sua grande dependência política em relação aos egípcios camitas. No
entanto, sabe-se que a maioria dos habitantes de Canaã – Palestina e Fenícia – era formada por
semitas imigrados em diversos períodos, provavelmente entre o 4º e 2º milênios anteriores ao
nascimento de Cristo.

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A formação de um Estado judaico no Oriente Médio provocou a reação contrária dos


países árabes. Ainda em 1948, Egito, Jordânia, Líbano e Síria invadiram Israel, dando início à
Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949).

Em 1949, foi estabelecido um armistício, que retirou totalmente dos palestinos as


decisões sobre os seus tradicionais territórios, inclusive dos que tinham sido delimitados pela
ONU, em 1947.

O acordo de paz estabeleceu que o Estado Árabe da Palestina seria dividido entre Israel
(que conquistara a Galileia e o deserto de Neguev); Transjordânia, que incorporaria a
Cisjordânia (a oeste do rio Jordão); e Egito, que ocuparia a faixa de Gaza. Após o armistício, os
conflitos não cessaram. Diversas questões opuseram árabes e israelenses. Os palestinos
reagiram à ocupação de suas terras organizando atos terroristas contra os judeus.

Em 1956 o Egito nacionalizou o Canal de Suez e proibiu a passagem de navios israelenses


na região, dando origem a Segunda Guerra Árabe-Israelense. Israel, apoiado por França e
Reino Unido, ocupou toda a região do Sinai. A pressão de EUA e URSS fez com que Israel
recuasse e abandonassem o Sinai, assim como os egípcios retroagissem em sua decisão.

Em 1967, a Síria tentou desviar o fluxo de água do rio Jordão mediante a construção de
uma grande represa, nas colinas de Golã. Com o apoio da Jordânia e do Egito, a Síria bloqueou
o golfo de Ácaba – utilizado pelos navios israelenses para chegar ao Mar Vermelho. O
crescimento das tensões colocou em alerta as tropas de todos os países envolvidos.

Entre 5 e 10 de junho de 1967, os israelenses iniciaram fulminante ataque ao Egito, à


Jordânia e à Síria, que imobilizaram totalmente as tropas árabes numa das guerras mais curtas
da história, denominada Guerra dos Seis Dias ou Terceira Guerra Árabe-Israelense. Nesse
terceiro conflito, os israelenses anexaram a península do Sinai e a faixa de Gaza, pertencentes
aos egípcios; as colinas de Golã, que pertenciam a Síria; e a Cisjordânia, que fazia parte da
Jordânia.

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Em 1973, na tentativa de reaver os territórios ocupados, Egito e Síria atacaram Israel de


surpresa, dando início à Quarta Guerra Árabe-Israelense, conhecida pelos judeus como Guerra
de Yom Kippur e pelos palestinos como Guerra de Novembro.

A princípio, conquistaram algumas posições, mas foram obrigados a recuar com a forte
reação do exército israelense, que conseguiu mobilizar e organizar as suas tropas rapidamente.

A guerra durou três semanas, e Israel manteve sob seu domínio as conquistas da Guerra
dos Seis Dias. Em 1979, Israel concordou em devolver ao Egito a península do Sinai, mediante
acordo de Camp David, intermediado pelos Estados Unidos.
As guerras envolvendo árabes e israelenses expulsaram milhares de palestinos de suas
terras, que se refugiaram em acampamentos no Líbano, na Síria, no Egito e na Jordânia.
Desorganizados, espalhados por diversos países e enfraquecidos militarmente, os palestinos
criaram várias organizações terroristas para lutar contra o Estado de Israel, entre ela a Al Fatah,
em 1959, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964. No final da década de
1960, a OLP foi reconhecida pela ONU como única e legítima organização representante do
interesse do povo palestino.

Em 1969, Yasser Arafat, palestino nascido no Egito, assumiu a presidência da organização.


Até 1987, Arafat utilizava métodos extremistas – atos de terrorismo – para alcançar seus
objetivos. Em 14 de dezembro de 1988, o líder da OLP apresentou um plano de paz na
Assembleia Geral da ONU, no qual reconhecia o Estado de Israel.

Esse acontecimento marcou uma nova fase para a OLP, que conquistou mais espaço no
campo diplomático, passando a negociar com os Estados Unidos e, posteriormente, com Israel.
No dia 13 de setembro de 1993, após seis meses de negociações secretas mediadas pelo
governo da Noruega, Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzak Rabin, assinaram uma
acordo de paz na Casa Branca, Estados Unidos, que ficou conhecido como Acordo de Oslo.

Por esse acordo, a faixa de Gaza e a parte da Cisjordânia - incorporadas a Israel, em 1967,
na Guerra dos Seis Dias – foram devolvidas aos palestinos e se tornaram regiões autônomas.
Foi criada, também, a Autoridade Nacional Palestina (ANP), entidade liderada por Arafat com
sede em Ramallah, na Cisjordânia.

A ANP passou a ser a representação legal dos palestinos e responsável pela administração
dos seus territórios. Em setembro de 1995, um novo acordo estendeu a autonomia a outras 456
cidades na Cisjordânia.

No final da década de 1990, as negociações entre Israel e ANP tornaram-se extremamente


difíceis. Em 2000 Ariel Sharon, que no ano seguinte seria escolhido primeiro-ministro de Israel,

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visitou a Esplanada das Mesquitas (local mais sagrado para os muçulmanos em Jerusalém),
provocando a Segunda Intifada.

Ariel Sharon na Esplanada das Mesquitas.

A partir desse acontecimento, instaurou-se uma espiral de violência: de um lado,


atentados suicidas fomentados por grupos radicais palestinos contra israelenses; de outro,
retaliações a essas agressões, com ações militares promovidas pelo exército de Israel, que
colocou o exército dentro do território da ANP e passou a retaliar todos os suspeitos de integrar
grupos terroristas, promovendo ao mesmo tempo, ataques à população civil palestina.

Com a morte de Arafat em 2004, a ANP passou a ser presidida por Mahmoud Abbas, eleito
num processo livre e democrático, no início de 2005. As ações de Abbas foram pautadas pelas
negociações com o governo de Israel e com os grupos radicais palestinos com o objetivo de
retomar a avançar as questões traçadas pelo Mapa do Caminho. Essas negociações levaram, à
retirada dos assentamentos judaicos da faixa de Gaza e de uma pequena parte da Cisjordânia.

Apesar disso, o governo de Israel insistiu em dar continuidade à construção de um muro


que separa Israel da parte da Cisjordânia, controlada pelos palestinos. Iniciada em 2002, a
imensa muralha tem postos de vigilância de entrada e saída. Uma extensa região controlada
pelo exército israelense, chamada de zona tampão, isola a comunidade palestina em seu próprio
território. Além disso, o muro incorpora terras palestinas ao território israelense.

Israel declara a cidade de Jerusalém como capital indivisível do país; já os palestinos não
abrem mão de incorporá-la a um futuro Estado da Palestina. O extremismo de grupos judeus e
palestinos, contrários a qualquer processo de negociação, constitui outro obstáculo à paz na
região. Em 2006, o Hamas conquistou legitimamente o poder e manteve a posição de não
reconhecimento do Estado de Israel e a oposição a qualquer negociação de paz.

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Em 2009, o governo de Binyamin Netanyahu entravou as negociações com a ANP ao


permitir a ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o que inviabilizaria a
formação de um território palestino contínuo. Israel passou a admitir a existência de um Estado
Palestino desmilitarizado, sem a possibilidade de controle de suas fronteiras, de seu espaço
aéreo e sem capacidade de defesa.

PALESTINA RECONHECIDA COMO ESTADO OBSERVADOR DA ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas aceitou a entrada da Palestina como Estado
Observador, ao aprovar uma resolução por 138 votos a favor, nove contra e 41 abstenções. O
status permite que os palestinos opinem, mas sem direito a voto, e, segundo especialistas, abre
espaço para as discussões sobre a criação de um Estado independente.

Por 138 votos a nove, a Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quinta-feira uma
ascensão do status dos palestinos nas Nações Unidas, de “entidade observadora” a “Estado
observador não-membro”.

O Brasil está entre os países que votaram a favor da medida, que precisava apenas de
maioria simples para ser aprovada. A maior oposição veio de EUA e Israel, que estão entre os
nove membros que votaram contra. Os países que se abstiveram somam 41.

O pleito se segue a uma fracassada tentativa dos palestinos de integrar a ONU como
membros permanentes, em 2011, quando não obtiveram apoio do Conselho de Segurança da
ONU. O presidente palestino Mahmoud Abbas disse mais cedo que essa seria a “última chance”
de uma solução para o conflito com Israel. Ele havia solicitado que a comunidade internacional
desse uma “certidão de nascimento” para a Palestina.

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O novo status é principalmente simbólico, mas a liderança palestina argumenta que ele
ajudará a delimitar o território que quer para seu Estado próprio – gradativamente tomado
pelo avanço dos assentamentos israelenses. Também pode ajudar que essa delimitação de
território ganhe reconhecimento formal. O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, havia
dito que a aprovação é “um passo muito importante para salvar a solução de dois Estados”. A
mudança também significa que palestinos poderão participar dos debates da Assembleia Geral
da ONU, aumentando suas chances de integrar agências e entidades ligadas à ONU. Talvez o
maior temor de Israel seja o de que palestinos usem seu novo status para entrar no Tribunal
Penal Internacional e tentar acionar Israel judicialmente por supostos crimes de guerra
cometidos em territórios ocupados, como na Cisjordânia. Israel classifica a iniciativa palestina
de uma violação dos Acordos de Oslo (1993), que traçam caminhos para a negociação bilateral
(atualmente interrompida) de paz.

Palestinos haviam tentado status maior na ONU no ano passado. A aprovação do novo
status na ONU é uma vitória diplomática de Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestina e
principal força política na Cisjordânia. Os palestinos tentam há tempos estabelecer um Estado
soberano na Cisjordânia, que inclua Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, seguindo o traçado de
antes da Guerra dos Seis Dias (em 1967, quando Israel ocupou territórios reivindicados pelos
palestinos). Os Acordos de Oslo, entre a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e Israel,
levaram ao reconhecimento mútuo. No entanto, duas décadas de conflitos intermitentes desde
então e a ausência de consenso em temas-chave impediram um acordo permanente. A última
rodada de negociações terminou em 2010.
Fonte: BBC.

Em 2014, novas ofensivas aconteceram. Depois que três jovens judeus foram
assassinados em um ato atribuído ao Hamas, cuja autoria foi negada, seguiu-se o assassinato de
um jovem palestino por um extremista judeu. Houve ataques dos dois lados, com ampla
vantagem de Israel, mais bem defendido e mais bem armado. Enquanto cerca de 65 soldados
israelenses foram mortos, mais de dois mil palestinos, entre militares e civis, sucumbiram no
conflito. Em razão de mais esse massacre, países ocidentais, dentre eles o Brasil, passaram a
questionar a atuação de Israel na região.

Pelo visto, infelizmente, esse conflito está longe de acabar. Pesem os acordos
momentâneos de paz, basta uma pequena faísca para reacender novamente as batalhas.
Embora internacionalmente reconhecido como legítimo, também pelo Brasil, difícil mesmo
ainda é a criação do Estado palestino, em razão das muitas disputas territoriais.

TRUMP REOCNHECE JERUSALÉM COMO CAPITASL E ORDENA MUDANÇA DE


EMBAIXADA PARA A CIDADE

Ignorando alertas de líderes internacionais, o presidente dos EUA, Donald Trump,


anunciou nesta quarta-feira (6) o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel e
ordenou a transferência da embaixada americana para Jerusalém. A medida rompe com a
convenção internacional e coloca em risco o processo de paz no Oriente Médio e a estabilidade
da região.

Jerusalém não é somente o coração de três grandes religiões, mas é também o coração de
uma das mais bem-sucedidas democracias do mundo", disse Trump durante o discurso na Casa
Branca. "Israel é uma nação soberana e tem o direito, como qualquer outra nação soberana, de
determinar a sua própria capital", disse.

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"Finalmente reconhecemos o óbvio: Jerusalém é a capital de Israel. É um reconhecimento


da realidade. É o certo a se fazer e precisa ser feito."

Trump ainda ordenou que o Departamento de Estado comece a transferência da missão


diplomática americana para Jerusalém. A embaixada americana hoje fica em Tel Aviv --onde
ficam as embaixadas de todos os outros países.
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/12/06/trump-
transfere-a-embaixada-dos-eua-para-jerusalem.htm
MOBILIDADE DEMOGRÁFICA
“Os movimentos de população revelam as feições das sociedades contemporâneas. É a sua
‘função de espelho’ que se situa em todos os níveis de análise. Como tudo que desempenha uma
função de revelação, a migração internacional é uma questão que incomoda. Ela incomoda as
sociedades onde ocorrem as saídas, pelo julgamento que traz, o “referendo pelos pés”, que
sanciona a ditadura ou a incapacidade de um regime. Também incomoda países de imigração.
O que fazer com refugiados albaneses que ocupam o porto de Brindisi, na Itália, ou com
vietnamitas encerrados em campos de refugiados em Hong Kong? Como agir diante do risco do
gueto? Depois de termos apoiado o direito de emigração dos europeus do Leste sob o regime
comunista, temos o direito de impedir aos europeus ocidentais de morar e trabalhar nessa
parte da Europa?”
Simon, 1991.

As migrações são diferentes tipos de movimentos de uma determinada espécie de um


espaço para outro. As pessoas que realizam esses movimentos são chamadas de migrantes e
esses deslocamentos podem ocorrer por diversos fatores sociais e naturais. Além desses fatores
o avanço nos meios de transportes também facilitou o deslocamento populacional para regiões
distantes de suas terras de origem. As migrações podem ser externas, ou seja, de país para país
(Internacional ou Intercontinental), ou internas, dentro do próprio país (Extrarregional, Intra-
Regional, Local etc.).

Segundo a ONU, em 2016, estimava-se que cerca de 244 milhões de habitantes haviam
deixado sua pátria e migrado para outras regiões, destes, 165 milhões somente nos últimos 45
anos. Desse volume total, aproximadamente 15% migra por perseguição política, seca ou outras
catástrofes ambientais, o restante, são migrantes por motivos econômicos.

O número de migrantes internacionais aumentou mais rápido do que o crescimento da


população, de acordo com as Nações Unidas. Com isso, a quantidade de migrantes totalizava
3,3% da população global em 2015, enquanto em 2000 somavam 2,8%.

Ainda segundo a ONU, Segundo a ONU, em 2015, dois em cada três migrantes
internacionais viviam na Europa ou na Ásia. Cerca de metade dos migrantes nasceram na Ásia.
Ainda, 16 milhões de pessoas nascidas na Índia moram em outros países, comparado a 12
milhões do México, os dois países com as maiores diásporas do mundo. Rússia, China,
Bangladesh, Paquistão e Ucrânia seguem em ordem na lista em número de cidadãos vivendo no
estrangeiro.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU destacam


que a vulnerabilidade dos migrantes, deslocados internos e refugiados, relacionada ao
deslocamento forçado e crises humanitárias, pode reverter os avanços das últimas décadas.

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Entre os compromissos da Agenda de 2030 está o de proteger os direitos dos migrantes e


implementar políticas de migração.

Família de refugiados sudaneses no campo de Goz Amer, no leste do Chade. Fonte: ACNUR
2004/H.Caux.

Há lugares em que a luta dos imigrantes para entrar nos países desenvolvidos é tão
acirrada que ganhou aparência de guerra, com cercas e muros. A intensificação das migrações
internacionais nas duas últimas décadas e neste século XXI veio acompanhada de inúmeras
restrições e até mesmo proibições.

OS REFUGIADOS, OS IDP’S E OS APÁTRIDAS

De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) de 2016, existem no mundo cerca de 65,6 milhões de refugiados que procuram por
abrigo em outras nações, devido a conflitos, guerras civis, perseguições políticas, religiosas ou
étnicas.

O conflito na Síria continua fazendo com que o país seja o local de origem da maior parte
dos refugiados (5,5 milhões). Entretanto, em 2016 um novo elemento de destaque foi o Sudão
do Sul, onde a desastrosa ruptura dos esforços de paz contribuiu para o êxodo de 739,9 mil
pessoas até o final do ano passado. No total, já são 1,4 milhão de refugiados originários do Sudão
do Sul e 1,87 milhão de deslocados internos (que permanecem dentro do país).

As crianças, que representam a metade dos refugiados de todo o mundo, continuam


carregando um fardo desproporcional de sofrimento, principalmente devido à sua elevada
vulnerabilidade. Tragicamente, 75 mil solicitações de refúgio foram feitas por crianças que
viajavam sozinhas ou separadas de seus pais. O relatório aponta que possivelmente este
número subestime a real situação.

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No Brasil, de acordo com os dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), do


Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 2016 houve aumento de 12% no número total de
refugiados reconhecidos no país.

Até o final de 2016, o Brasil reconheceu um total de 9.552 refugiados de 82


nacionalidades. Desses, 8.522 foram reconhecidos por vias tradicionais de elegibilidade, 713
chegaram ao Brasil por meio de reassentamento e a 317 foram estendidos os efeitos da
condição de refugiado de algum familiar.

Os países com maior número de refugiados reconhecidos no Brasil em 2016 foram Síria
(326), República Democrática do Congo (189), Paquistão (98), Palestina (57) e Angola (26). Os
países com maior número de solicitantes de refúgio no Brasil em 2016 foram Venezuela
(3.375), Cuba (1.370), Angola (1.353), Haiti (646) e Síria (391).

Apesar da diminuição no número de solicitações de refúgio no ano de 2016, houve um


aumento expressivo de solicitações de venezuelanos (307%) em relação a 2015. De acordo com
o relatório, apenas no ano passado, 3.375 venezuelanos solicitaram refúgio no Brasil, cerca de
33% das solicitações registradas no país naquele ano. Em 2015 foram contabilizados 829
pedidos de refúgio de nacionais venezuelanos.

Em 2017, o número de pedidos de refúgio aumento significativamente no Brasil. Entre


janeiro e julho de 2017, o Comitê Nacional de Refugiados (Conare) recebeu 15.547 pedidos de
refúgio de estrangeiros. O número já é 51% maior que o total de 10.308 solicitações recebidas
em todo o ano de 2016.

As nacionalidades dos solicitantes de refúgio também aumentaram, de 96 em 2016 para


116 até julho de 2017. O número indica a formação de novos movimentos migratórios em
direção ao Brasil.

A Venezuela está no topo do ranking, com 6.823 solicitações de refúgio nos primeiros sete
meses do ano – aumento de 102% se comparado aos 3.375 pedidos registrados em 2016. Em
seguida aparece Cuba, Angola e Senegal.

SOLICITAÇÕES DE REFÚGIO POR PAÍS DE ORIGEM (2016)

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A Síria teve uma redução significativa de solicitações e saiu da 5ª posição para a 7ª, com
391 registros. Já o Senegal subiu da 10ª para a 4ª posição, com 823 pedidos.
Considerando-se apenas os pedidos de refúgio de estrangeiros de nacionalidades
africanas, entre 2016 (ano inteiro) e de janeiro a julho de 2017, houve um aumento de 33% das
solicitações de permanência no Brasil – o número subiu de 3.184 para 4.281 pedidos.
Hoje, uma nova modalidade de refugiados começa a se delinear, os denominados
refugiados ambientais. Se o aquecimento global e os impactos ambientais que ele gera
continuarem na velocidade atual, as catástrofes naturais, a desertificação e o aumento do nível
do mar serão responsáveis por uma grande crise ambiental e climática, que tornará inevitável
o deslocamento de milhares de pessoas buscando a sobrevivência.
A Cruz Vermelha calcula que mais de 25 milhões de pessoas no mundo atual já se
deslocaram de lugares destruídos por problemas ambientais. Ao norte de Papua Nova Guiné,
no arquipélago de Carteret, os habitantes foram obrigados a deixar suas casas em razão da
elevação do nível do mar. O arquipélago do Pacífico Sul deverá desaparecer nos próximos anos.
Atualmente a situação mais urgente é a dos que vêm sendo expulsos pela elevação das marés.
A legislação internacional não contempla a nova classe de refugiados. Para a Convenção
de Genebra, refugiados são definidos como pessoas que temem “ser perseguidas por motivos
de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou associações políticas” e “se encontram fora do
país de sua nacionalidade”. Então, os refugiados ambientais, talvez, fossem aqueles expulsos
pela natureza, uma vez que esta vem sendo a causa das principais tragédias vividas pela
humanidade nos últimos anos, a exemplo dos tsunamis na Ásia, dos furacões nos Estados
Unidos e a desertificação em páreas da África Subsaariana.

Esta é uma situação que requer a situação das autoridades assim com ações urgentes. O
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ou mesmo o dos Direitos Humanos, deve
inserir nos novos acordos internacionais esta categoria de refugiados a fim de que sejam
minimizados os transtornos causados pelas alterações climáticas.

Fonte: http://agnaldobarros.blogspot.com.br

Vários governos possuem planos de emergência para o deslocamento de pessoas das


áreas comprometidas, entretanto, países como Austrália e Nova Zelândia já deixaram claro que
irão restringir o ingresso.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – DIT ................................................................................................................................... 2
DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO E AS TROCAS DESIGUAIS ............................................................. 2

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GEOGRAFIA GERAL – DIT


DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO E AS TROCAS
DESIGUAIS
O capitalismo, como sistema econômico e social, constituiu-se com o declínio do
feudalismo e passou a se expandir no mundo ocidental no século XVI. A transição do feudalismo
para o capitalismo, porém, ocorreu de forma bastante desigual no tempo e no espaço: mais
rápida na parte ocidental da Europa e muito mais lenta em suas porções central e oriental, para,
então, disseminar-se pelo mundo. O Reino Unido foi, por várias razões, o país no qual essa
transição foi mais acelerada. O sistema capitalista apresentou grande dinamismo ao longo de
sua história, durante a qual evoluiu gradativamente e foi se transformando à medida que os
desafios surgiam. Com o tempo, sobrepôs-se a outras formas de produção, até se tornar
hegemônico, o que ocorreu em sua fase industrial. Considerando seu processo de
desenvolvimento, costuma-se dividir o capitalismo em quatro fases, que podem ser vistas no
quadro da página seguinte.

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O CAPITALISMO COMERCIAL
A primeira etapa do capitalismo estendeu-se do fim do século XV até o século XVIII e foi
marcada pela expansão marítima das potências da Europa Ocidental na época (Portugal,
Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos), em busca de novas rotas de comércio, sobretudo
para as Índias. O objetivo dessas nações era acabar com a hegemonia das cidades italianas no
comércio com o Oriente pelo Mediterrâneo. Foi o período das Grandes Navegações e
descobrimentos, das conquistas territoriais e também da escravização e genocídio de milhões
de nativos da América e da África.
O acúmulo de capitais era resultado da troca de mercadorias, ou seja, do comércio, por
isso o termo capitalismo comercial para designar o período. A economia funcionava segundo a
doutrina mercantilista, que pregava a intervenção governamental nas relações comerciais, a
fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder dos Estados nacionais, que nessa
época estavam se constituindo como resultado da centralização do poder político nas mãos dos
monarcas. A riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos
(ouro e prata) que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo.
O mercantilismo foi importante para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu,
como resultado de um comércio altamente lucrativo, obtido pela exploração das colônias,
grande acúmulo de capitais nas mãos da burguesia europeia. Essa acumulação inicial de capitais
foi fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o início de uma nova fase
do capitalismo.

O CAPITALISMO INDUSTRIAL
A segunda fase do capitalismo foi marcada principalmente pelos fatos que, em conjunto,
ficaram conhecidos como Revolução Industrial. Um de seus aspectos mais importantes foi o
aumento da capacidade de transformação da natureza, por meio da utilização de máquinas
movidas pela queima de carvão mineral, o que tornou possível o aumento da produção de
diversos bens, multiplicando os lucros de muitos países. Houve também uma crescente
aceleração da circulação de pessoas, de fatores de produção e de mercadorias. Isso foi possível
com a expansão das redes de transporte terrestre - com o trem a vapor - e marítimo - com o
barco a vapor.
O comércio não era mais a essência do sistema. Nessa nova fase, o lucro provinha
basicamente da produção de mercadorias. Mas de que modo se lucrava com a produção em
série de tecidos, máquinas, ferramentas e armas? Ou com os rápidos avanços nos transportes,
graças ao surgimento dos trens e barcos a vapor?
Foi Karl Marx (1818-1883), um dos mais influentes pensadores do século XIX, quem
desvendou o mecanismo da exploração capitalista, definindo o conceito de mais-valia. A toda
jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do
trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor a mais do que recebe na forma de
salário, e a quantidade de trabalho não-pago permanece em poder dos proprietários das
fábricas, lojas, fazendas, minas e outros empreendimentos. Dessa forma, em todo produto ou
serviço vendido está embutido esse valor, que, entretanto, não é transferido a quem o produziu,
permitindo o acúmulo de lucro pelos capitalistas.
O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo. É
uma relação tipicamente capitalista, pois se disseminou à medida que o capital se acumulava
em grande escala, provocando uma crescente necessidade de expansão dos mercados
consumidores. O trabalhador assalariado, além de apresentar maior produtividade que o
escravo, tem renda disponível para o consumo. Por isso a escravidão, relação típica da fase
comerciai do capitalismo - o escravo, mais que produtor, era mercadoria -, entrou em
decadência, e o trabalho assalariado passou a predominar.

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Com o aumento da produção industrial, a partir de meados do século XIX, as fábricas


passaram a necessitar de matérias-primas, de energia, de mão-de-obra e de mercados para seus
produtos. A industrialização não mais se restringia ao Reino Unido, mas se expandira para
outros países europeus, como a Bélgica, a França, a Alemanha, a Itália, e até para fora da Europa,
alcançando os Estados Unidos e, de forma incipiente, o Japão e o Canadá.

Ao contrário do período mercantilista, nessa nova etapa do capitalismo, o Estado não mais
intervinha na economia, que passou a funcionar segundo a lógica do mercado, guiado pela livre
concorrência. Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Essa nova
visão foi sintetizada por dois economistas britânicos: Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo
(1772-1823). Adam Smith defendia o indivíduo contra o poder do Estado e acreditava que cada
um, ao buscar seu próprio interesse econômico, contribuiria para o interesse coletivo de modo
mais eficiente. Por isso era contrário à intervenção do Estado na economia e defendia a “mão
invisível” do mercado, ideia que foi expressa pelas palavras francesas laissez-faire, laissez-
passer (“deixai fazer, deixai passar” - ou seja, a eliminação das interferências do Estado em
assuntos econômicos).
Dentro das fábricas, mudanças importantes estavam acontecendo: a produtividade e a
capacidade de produção aumentavam rapidamente; aprofundava-se a divisão de trabalho e
crescia a fabricação em série. Nessa época, final do século XIX, estava ocorrendo o que se
convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial, quando o capitalismo entrou em sua
fase financeira e monopolista, marcada pela origem de muitas das atuais grandes corporações
e pela expansão imperialista.

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O CAPITALISMO FINANCEIRO
Uma das consequências mais importantes do crescimento acelerado da economia
capitalista no final do século XIX foi o marcante processo de concentração e centralização de
capitais. Empresas foram criadas e cresceram rapidamente: indústrias, bancos, corretoras de
valores, casas comerciais etc. A acirrada concorrência favoreceu as grandes empresas, levando
a fusões e incorporações que resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em muitos
setores da economia. É bom lembrar que, por ser intrínseco à economia capitalista, esse
processo continua acontecendo.
Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas
tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo. Pela primeira vez, tendo como
pioneiros os Estados Unidos e a Alemanha, a ciência era apropriada pelo capital, ou seja, estava
a serviço da produção, não mais como na Primeira Revolução Industrial, no século XVIII,
quando os avanços tecnológicos eram resultantes de pesquisas espontâneas e autônomas.
Passou a haver um esforço das grandes empresas, como as destacadas acima, e dos Estados
para a pesquisa científica visando desenvolver novas técnicas de produção. O resultado desse
esforço conjunto foram os primeiros laboratórios de pesquisa das atuais grandes corporações
multinacionais. (Empregaremos o termo multinacional, embora seja frequente encontrarmos a
expressão transnacional.)
A siderurgia avançou significativamente, assim como a indústria mecânica, graças ao
aperfeiçoamento da fabricação do aço. Na indústria química, com a descoberta de novos
elementos e materiais, ampliaram-se as possibilidades para novos setores, como o
petroquímico. A descoberta da eletricidade beneficiou as indústrias e a sociedade, pois
proporcionou melhora na qualidade de vida. O desenvolvimento do motor a combustão interna
e a consequente utilização de combustíveis derivados de petróleo abriu novos horizontes para
as indústrias automobilística e aeronáutica, possibilitando sua expansão e a dinamização dos
transportes.
O CAPITALISMO INFORMACIONAL
Com o advento da Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução
Técnico Científica ou, Revolução Informacional, o capitalismo atinge sua fase informacional-
global. Isso ocorre no pós-Segunda Guerra, sobretudo a partir dos anos 1970, quando,
gradativamente, disseminam-se empresas, instituições e diversas tecnologias responsáveis
pelo crescente aumento da produtividade econômica e pela aceleração dos fluxos de capitais,
de mercadorias, de informações - robôs, computadores, satélites, aviões a jato, cabos de fibras
óticas, telefones digitais, Internet, etc. - e de pessoas.
Nessa etapa de seu desenvolvimento, o capitalismo continua industrial e financeiro.
Industrial porque novas tecnologias empregadas no processo produtivo, a exemplo da robótica,
permitiram grande aumento de produtividade e diversificação dos produtos; e financeiro por
causa da desmaterialização do dinheiro, que, em vez de circular fisicamente, cada vez mais se
transforma em bits de computador, circulando rapidamente pelo sistema financeiro
globalizado. Mas a característica fundamental dessa etapa do desenvolvimento capitalista é a
crescente importância do conhecimento - que nada mais é do que a informação organizada e
sistematizada. Os produtos e serviços têm um conjunto cada vez maior de conhecimentos a eles
agregados. A fabricação de um colchão ou um automóvel, por exemplo, envolve uma série de
conhecimentos específicos, além dos materiais e da mão-de-obra (essa também cada vez mais
qualificada). Produtos e serviços têm, portanto, uma nova característica - seu crescente teor
informacional.
As revoluções industriais anteriores foram movidas a energia - a primeira a carvão e a
segunda, a petróleo e eletricidade, mas a revolução ora em curso é movida a conhecimento.
Durante o imperialismo era imprescindível o acesso a fontes de matérias-primas e de energia

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para a manutenção do processo produtivo. Hoje, na fase da globalização, é imprescindível o


acesso ao conhecimento. Não por acaso as primeiras indústrias, da era das chaminés,
desenvolveram-se em torno das bacias carboníferas e atualmente as instituições típicas da
revolução informacional, as chamadas indústrias limpas, estão próximas a universidades e
centros de pesquisas, onde se desenvolvem os tecnopolos. Nesses centros industriais, típicos
da Terceira Revolução Industrial, há grande concentração de indústrias de alta tecnologia:
informática, telecomunicações, robótica e biotecnologia, entre outras. O tecnopolo do Vale do
Silício, nos Estados Unidos, em torno da Universidade de Stanford, foi o primeiro a se formar;
com o tempo outros foram criados: em Cambridge, perto da universidade de mesmo nome, no
Reino Unido; na região metropolitana de Campinas, estado de São Paulo, próximo da
Universidade de Campinas (Unicamp); no Japão (tecnopolo Tsukuba); em Munique, na
Alemanha; em Paris (tecnopolo Paris Axe-Sud), na França, entre muitos outros.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GEOPOLÍTICA................................................................................................................... 2
NAÇÃO E TERRITÓRIO, OS ESTADOS TERRITORIAIS E OS ESTADOS NACIONAIS: A ORGANIZAÇÃO DO
ESTADO NACIONAL ........................................................................................................................................ 2

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GEOGRAFIA GERAL – GEOPOLÍTICA


NAÇÃO E TERRITÓRIO, OS ESTADOS TERRITORIAIS E OS
ESTADOS NACIONAIS: A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO NACIONAL
ESTADO-NAÇÃO E TERRITÓRIO
As fronteiras definem a extensão geográfica da soberania do Estado. No interior do espaço
que delimitam, ou seja, no território nacional, o poder do Estado é soberano. É ele que
estabelece as divisões internas, realiza os censos, organiza as informações sobre a população e
as atividades econômicas e formula estratégias de desenvolvimento ou de proteção desse
território.
A noção política de fronteira foi elaborada pelo Império Romano. O Limes – uma linha
demarcatória dos limites do Império – separava os romanos dos “bárbaros”. As célebres legiões
romanas protegiam o império, guarnecendo o limes. Estar no interior do espaço demarcado
pelo limes era fazer parte da civilização romana.
A noção contemporânea de fronteira política internacional separando Estados soberanos,
porém, surgiu no final da Idade Média, junto com os Estados territoriais.
Durante a Idade Média, o poder político não estava unificado geograficamente, mas
encontrava-se fragmentado em um mosaico de principados, condados, ducados e domínios
eclesiásticos, cada um com as suas leis e regras. Os reis não podiam aplicar impostos sem antes
obter a concordância das aristocracias regionais. Cada uma das grandes linhagens
aristocráticas possuía seu próprio exército. Alguns desses exércitos eram maiores que o do rei.
O poder político nessa época não era territorial, mas pessoal. No auge do feudalismo europeu,
as leis escritas foram substituídas pelas tradições locais, interpretadas pelo senhor de terras.
Casamentos entre aristocratas de linhagens diferentes unificavam domínios, reorganizando o
poder político segundo as ligações familiares.
O Estado territorial originou-se na Europa do Renascimento, quando o poder político foi
unificado pelas monarquias e ganhou uma base geográfica definida, passível de ser delimitada
por fronteiras lineares. Nessa época, foram criados exércitos regulares sob as ordens do rei e
corpos estáveis de funcionários burocráticos, que, entre outras coisas, organizavam a coleta dos
impostos. Algumas cidades tornaram-se capitais permanentes, residência fixa do monarca e
sede do aparelho administrativo.
O Estado territorial correspondeu à monarquia absolutista. Nele, o território era
patrimônio do monarca, fonte de toda a soberania. Os súditos, ou seja, todos aqueles que viviam
nos territórios unificados pela soberania do monarca, deviam-lhe obediência e lealdade.
A Revolução Francesa de 1789 assinalou um momento-chave da transformação do Estado
territorial absolutista em Estado Nacional. A revolta da burguesia contra o poder absolutista da
monarquia e contra os privilégios da nobreza explodiu em 20 de junho de 1789 quando seus
representantes exigiram que o rei convocasse uma Assembleia Constituinte. Depois da Queda
da Bastilha, a Assembleia Constituinte revogou os privilégios da nobreza e do clero: servidão,
dízimo, monopólios, isenções de impostos e tribunais especiais. No dia 26 de agosto daquele
ano, era divulgada a Declaração dos Direitos dos Homens.
Pouco depois, o novo Estado encontrou a sua moldura jurídica. A Constituição francesa de
1791 adotou a doutrina dos três poderes de Montesquieu, estabelecendo a separação entre os
poderes básicos do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário. Em 1792, a Revolução derrubou
a monarquia e proclamou a república. Definia-se, assim, o formato do Estado Nacional
contemporâneo.

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Barão de Montesquieu.

O ESPÍRITO DAS LEIS - CAPÍTULO I


(Das leis em sua relação com os diversos seres)
As leis, em seu significado mais extenso, são as relações necessárias que
derivam da natureza das coisas; e, neste sentido, todos os seres têm suas leis; a
Divindade possui suas leis, o mundo material possui suas leis, as inteligências
superiores ao homem possuem suas leis, os animais possuem suas leis, o homem
possui suas leis.
Aqueles que afirmaram que uma fatalidade cega produziu todos os efeitos que
observamos no mundo proferiram um grande absurdo: pois o que poderia ser mais
absurdo do que uma fatalidade cega que teria produzido seres inteligentes?
Existe, portanto, uma razão primitiva; e as leis são as relações que se
encontram entre ela e os diferentes seres, e as relações destes diferentes seres entre
si. Deus possui uma relação com o universo, como criador e como conservador: as
leis segundo as quais criou são aquelas segundo as quais conserva. Ele age segundo
estas regras porque as conhece; conhece-as porque as fez, e as fez porque elas
possuem uma relação com sua sabedoria e sua potência.
Como observamos que o mundo, formado pelo movimento da matéria e privado
de inteligência, ainda subsiste, é necessário que seus movimentos possuam leis
invariáveis; e se pudéssemos imaginar um mundo diferente desse ele possuiria
regras constantes ou seria destruído.
Assim, a criação, que parece ser um ato arbitrário, supõe regras tão invariáveis
quanto a fatalidade dos ateus. Seria absurdo dizer que o Criador poderia, sem estas
regras, governar o mundo, já que o mundo não subsistiria sem elas.
Essas regras consistem numa relação constantemente estabelecida. Entre um
corpo movido e outro corpo movido, é segundo as relações da massa e da velocidade
que todos os movimentos são recebidos, aumentados, diminuídos, perdidos; cada
diversidade é uniformidade, cada mudança é constância.
Os seres particulares inteligentes podem ter leis que eles próprios elaboraram;
mas possuem também leis que não elaboraram. Antes de existirem seres
inteligentes, eles eram possíveis; possuíam, portanto, relações possíveis e,
consequentemente, leis possíveis. Antes da existência das leis elaboradas, havia
relações de justiça possíveis. Dizer que não há nada de justo ou de injusto além
daquilo que as leis positivas ordenam ou proíbem é dizer que antes de se traçar o
círculo todos os raios não são iguais.
Montesquieu.

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A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO NACIONAL


A geografia política dedica-se ao estudo das relações entre o Estado e o espaço geográfico.
O poder do Estado é exercido por um conjunto de instituições governamentais, executivas,
legislativas ou judiciárias. Essas instituições regulamentam a vida política da sociedade situada
no interior do seu território. A Constituição é a norma jurídica que ordena as relações entre as
instituições do Estado e define os direitos e deveres dos cidadãos. A sede do poder político é a
capital, uma cidade que tem a função especial de abrigar os órgãos centrais do Estado.

A diversidade das formas de organização do Estado reflete diferentes opções de


distribuição do poder político. Do ponto de vista territorial, as formas mais difundidas de
organização são o Estado Unitário, a Federação e a Confederação.
O Estado Unitário não admite partilha da soberania. As unidades regionais não possuem
legislação própria e seus dirigentes limitam-se a exercer funções administrativas. A maior parte
das monarquias constitui Estados Unitários. A França e a Bolívia figuram entre os raros
exemplos de república unitária.
A organização federativa oferece um elevado grau de autonomia política para as
unidades regionais (chamadas estados, províncias, cantões ou repúblicas). Os governos das
unidades federadas decidem sobre assuntos de política econômica e social, com base em
legislação própria. Mas a legislação autônoma das unidades federadas subordina-se à
Constituição Federal, que reserva ao governo central o controle sobre as esferas mais
importantes do exercício do poder, tais como sobre as Forças Armadas, a emissão de moeda e
as relações internacionais. Ex.: Estados Unidos, Brasil, Alemanha, Argentina, etc.
A organização confederativa baseia-se no princípio da reunião de entidades políticas
soberanas. O Estado consiste em um contrato político que pode ser legalmente desfeito, com a
separação das partes constitutivas. Cada uma das repúblicas confederadas possui sua
Constituição e pode até mesmo emitir moeda e manter Forças Armadas próprias. O governo
confederado conserva apenas os poderes a ele atribuídos pelo contrato entre as repúblicas,
como o de representá-las nas instituições internacionais. A Suíça – cujo nome oficial é
Confederação Helvética – foi um exemplo clássico dessa forma de organização, mas tornou-se
uma federação no século XIX.
Do ponto de vista do ordenamento jurídico-político, as formas de organização do Estado
compreendem diversos tipos de repúblicas e monarquias. Nas repúblicas, o chefe de Estado é
escolhido pelos cidadãos ou, no caso das ditaduras, imposto pelas Forças Armadas (caso de
Mianmar), pela elite política dirigente (caso da China, Cuba ou Coreia do Norte) ou pela elite
religiosa (caso do Irã). Nas monarquias, o chefe de Estado pertence a uma linhagem dinástica.
As repúblicas são presidencialistas quando o presidente acumula as funções de chefe de
Estado e chefe de governo. É o que acontece, por exemplo, no Brasil. Nas repúblicas
parlamentaristas, o presidente é apenas chefe de Estado, pois a chefa do governo é exercida

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pelo primeiro-ministro, que representa a maioria parlamentar. Esse sistema é adotado na


Alemanha, na Itália e na Índia, entre outros países. Há ainda sistemas mistos, nos quais o
presidente divide as funções de chefe de governo com o primeiro-ministro, como na França.
As monarquias democráticas adotam regime de governo parlamentarista, como ocorre
no Reino Unido, na Espanha, na Suécia e no Japão. Nas monarquias autoritárias, o soberano
(rei, sultão, emir ou príncipe) exerce as funções de chefe de governo, seguindo regras
tradicionais ou legislações religiosas. Entre os exemplos desse tipo de regime encontra-se a
Arábia Saudita.
ESTADOS FORA-DA-LEI
Em um de seus últimos trabalhos, John Rawls, a mais importante figura da
filosofia política e moral norte-americana do fim do século XX, esboçou a sua ideia
de uma sociedade internacional moralmente aceitável. Ele propôs um “Direito dos
Povos” que considerava adequado à “sociedade dos povos liberal-democráticos” e à
“sociedade dos povos decentes”, esses últimos não democracias liberais, mais com
características que os tornam admissíveis numa comunidade internacional justa. Fora
da esfera desses “povos bem-estruturados”, segundo Rawls, estão os “Estados fora-
da-lei”, que se recusam a agir de acordo com o “Direito dos Povos”. O Direito dos
Povos inclui os compromissos de “observar tratados e obrigações”, de reconhecer
que todos são “iguais e partícipes dos acordos aos quais são vinculados”, de rejeitar
o uso da força “por razões outra que não a legítima defesa” e de “respeitar os direitos
embora não pelos Estados fora-da-lei e seus acólitos”.
A ideia de que todos os Estados são “igualmente responsáveis perante os
acordos aos quais estão vinculados” foi há muito codificada em normas internacionais
como as Convenções de Genebra – criadas em 1864 para proteger os feridos em
tempos de guerra e posteriormente ampliada por uma série de protocolos,
notadamente os de 1949 e 1977 – e os princípios do Tribunal de Nuremberg, criados
para punir os crimes de guerra nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e
adotados pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas em 1950. O
Artigo 3º dos Princípios de Nuremberg diz claramente: “O fato de um indivíduo que
cometeu ato que constitui crime perante a lei internacional ter agido como chefe de
Estado ou funcionário governamental não o exime de responsabilidade perante o
direito internacional”. Por exemplo, o ministro do Exterior alemão foi enforcado por
crimes como o papel que desempenhou no ataque preventivo à Noruega.
Além do mais violações graves à Convenção de Genebra são delitos universais
e passíveis de extradição dentro da jurisdição de quaisquer membros da Convenção,
e esses Estados são obrigados a “aprovar as leis que forem necessárias para aplicar
sanções penais efetivas contra pessoas que cometam, ou mandem cometer”,
quaisquer dessas violações. As responsabilidades derivadas da adesão ao império da
lei são bastante graves. Ou seriam, se alguém ousasse desafiar a “única e brutal
superpotência cujos líderes pretendem moldar a realidade segundo sua própria e
incontrastável visão de mundo”.
CHOMSKY, Noam. Estados Fracassados: o abuso do poder e o ataque à
democracia. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 49-50.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – GEOPOLÍTICA................................................................................................................... 2
PODER GLOBAL, NOVA ORDEM MUNDIAL E FRONTEIRAS ESTRATÉGICAS ................................................... 2

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GEOGRAFIA GERAL – GEOPOLÍTICA


PODER GLOBAL, NOVA ORDEM MUNDIAL E FRONTEIRAS
ESTRATÉGICAS
Ao final da 2ª Guerra Mundial, a derrota das forças do Eixo (Alemanha, Japão e Itália) e,
ao mesmo tempo, o enfraquecimento econômico, militar e político do Reino Unido e da França
levaram o mundo a um período de grandes transformações econômicas e geopolíticas
denominado Guerra Fria, que se estendeu até o final dos anos 1980. Consolidou-se a hegemonia
norte-americana no bloco capitalista. Paralelamente, a União Soviética, ou União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), que surgira em 1922 como resultado da Revolução Russa de
1917, não só expandiu o seu território, como também sua área de influência, que mais tarde
ficaria conhecida como bloco socialista. Isso ocorreu porque a participação tanto dos Estados
Unidos como da União Soviética foi decisiva na vitória contra o Eixo.
Apesar de não ser consenso, alguns historiadores consideram 1947, quando os Estados
Unidos lançaram as bases da Doutrina Truman e do Plano Marshall, o ano em que se iniciou a
Guerra Fria. Em 11 de março de 1947, o presidente norte-americano Harry Truman (1884-
1972) fez um discurso propondo a concessão de créditos para a Grécia e a Turquia, com o
objetivo de sustentar governos pró-ocidentais naqueles países. Ao proferir esse discurso,
lançava a doutrina que levaria seu nome.

O objetivo geopolítico fundamental da Doutrina Truman era a contenção do socialismo.


Desenvolvida pelo então conselheiro da embaixada norte-americana em Moscou, George F.
Kennan, a ideia era impedir o expansionismo da União Soviética, criando alianças militares,
como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para isolá-la (vamos estudar essas
alianças mais adiante). Complementando a Doutrina Truman, o secretário de Estado norte-

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americano, George C. Marshall, idealizou um plano de ajuda econômica para acelerar a


recuperação dos países da Europa Ocidental - o Piano Marshall. Esse plano, ao consolidar as
economias capitalistas da Europa Ocidental, além de frear a influência comunista, ainda tinha
como objetivo recuperar mercados para produtos e capitais norte-americanos.
Para administrar e distribuir os recursos do Plano Marshall entre os países europeus
ocidentais, em 1948 foi constituída a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE),
que em 1961 passou a se chamar Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), porque nações não-europeias - Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova
Zelândia - foram admitidas e novos objetivos foram traçados: incentivo ao crescimento
econômico, ao desenvolvimento em geral e ao comércio multilateral, geração de empregos,
expansão do comércio e estabilidade financeira dos países-membros.
Ela estendeu-se até o desaparecimento de seus principais símbolos: o Muro de Berlim, em
novembro de 1989; a reunificação da Alemanha, em outubro de 1990; o desmantelamento do
Pacto de Varsóvia, em abril de 1991; e a dissolução do Império soviético, em dezembro de 1991.
A partir de 1989, a humanidade assistiu, perplexa, a uma série de acontecimentos até
então impensáveis. A derrubada do Muro de Berlim era um fato inimaginável, pelo menos a
curto prazo, assim como a reunificação da Alemanha Ocidental (RFA) e da Oriental (RDA) em
1990, dadas as disparidades políticas, sociais e econômicas que as mantinham separadas.
O muro que dividia Berlim e a separação ‘das Alemanhas’ constituíam os principais
símbolos da Guerra Fria. De um lado havia uma democracia pluripartidária, a hegemonia da
propriedade privada e da livre iniciativa, a rica sociedade de consumo que apresentava altos
índices de produtividade e elevada competitividade. Do outro, uma ditadura de partido único,
a exclusividade da propriedade estatal e da planificação centralizada, o consumo limitado e
baixos índices de produtividade e de competitividade.
Em julho de 1991, outro símbolo da Guerra Fria desapareceu. Reunidos em Praga, na
então Tchecoslováquia, representantes dos países-membros do Pacto de Varsóvia
formalizaram a sua dissolução. Era o fim do conflito Leste x Oeste. Esses pontos cardeais
retomavam, assim, seu significado intrinsecamente geográfico.
Finalmente, em dezembro de 1991, foi selada a desagregação geopolítica e territorial da
União Soviética. Após declarar a independência da Rússia, o presidente Boris Yeltsin reuniu-se
com os chefes de Estado da Ucrânia e de Belarus em Minsk, capital deste último país. Nesse
encontro, foi firmado o Acordo de Minsk, que criou a Comunidade de Estados Independentes
(CEI) em substituição à extinta União Soviética. Composta por 12 ex-repúblicas soviéticas, a CEI
não é um Estado, mas uma aliança de Estados independentes. Era o fim do “império vermelho”
ou do “império do mal”, como o ex-presidente Ronald Reagan chamava a superpotência
socialista que aterrorizou os capitalistas do mundo inteiro.
No mundo bipolar da Guerra Fria, o poder se baseava sobretudo na capacidade militar das
duas superpotências. No mundo pós-Guerra Fria, o poder é medido mais pela capacidade
econômica: disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, qualificação da mão-de-obra, nível
de produtividade e índices de competitividade. Esses são os novos padrões de poder e
influência no mundo, que explicam a ascensão do Japão e da Alemanha (principalmente após
sua reunificação) à posição de grandes potências e, ao mesmo tempo, a decadência da Rússia,
que, embora seja a herdeira principal do poderoso arsenal nuclear soviético, tem um parque
industrial obsoleto e pouco produtivo. Além disso, o país mergulhou em profunda crise social,
política e econômica ao longo dos anos 1990, da qual só agora, início do século XXI, começa a se
recuperar.
Com a reconstrução do Japão - cuja economia foi a que mais cresceu no mundo até os anos
1980, quando o país se transformou no grande competidor dos Estados Unidos e passou a
influenciar o Leste Asiático - e a consolidação da União Europeia em relação às economias alemã
e francesa, muitos passaram a falar na emergência de um mundo multipolar.

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A China também emerge como uma nova potência, reforçando a tese da multipolaridade.
O país possui a maior população do planeta e, portanto, um gigantesco mercado consumidor
em potencial. Além da mão-de-obra barata, oferece facilidades para atrair capitais estrangeiros;
por isso é a economia que mais cresce no mundo há duas décadas. Além disso, seu poder militar
é crescente: possui armas nucleares e é membro permanente do Conselho de Segurança da
ONU.
Os países economicamente mais poderosos do mundo atualmente são os Estados Unidos,
o Japão, a Alemanha e a China, com destaque para o primeiro, que cresceu ininterruptamente
durante a década de 1990, reforçando sua hegemonia.

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SUMÁRIO
GEOGRAFIA GERAL – DEMOGRAFIA .................................................................................................... 2
TEORIAS DEMOGRÁFICAS................................................................................................................. 2

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GEOGRAFIA GERAL – DEMOGRAFIA


TEORIAS DEMOGRÁFICAS
TEORIA MALTHUSIANA (A MISÉRIA A LEI NATURAL)
“Então, adotando meus postulados como certos, afirmo que o poder de crescimento
da população é indefinidamente maior do que o poder que tem a terra de produzir
meios de subsistências para o homem [...]. Por todo o reino animal e vegetal a
natureza espalhou largamente as sementes da vida, com a mão a mais generosa e
pródiga. Ela foi relativamente parcimoniosa quanto ao espaço me à alimentação
necessários para criá-los. A miséria que despoticamente permeia toda a lei da
natureza limita estes mundos mediante determinadas restrições. Os reinos vegetal
e animal se reduzem sob esta grande lei limitadora. E a espécie humana não pode,
por simples esforços racionais, escapar dela”.

MALTHUS, Thomas R. Ensaio sobre a população. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 282.

Em 1798, o pastor da igreja anglicana inglesa, Thomas Robert Malthus (1766-1834)


escreveu sua mais famosa obra sobre questões demográficas – Essay on the Principle of
Population - Ensaio sobre o princípio da população. Obra esta que influenciou durante anos
outros pensadores, inclusive Charles Darwin, criador da mais conhecida teoria da evolução
biológica. Malthus acreditava que a população tinha potencial de crescimento ilimitado, e a
natureza, inversamente, recursos limitados para alimentá-la. Afirmava Malthus que a
população mundial crescia em progressão geométrica (2,4,8,16,32,64...), enquanto a
produção de alimentos crescia em progressão aritmética (2,4,6,8,10...). Baseada na lei dos
rendimentos decrescentes, segundo a qual o ingresso de trabalhadores no processo de
produção de alimentos nunca resulta num excedente de alimentos proporcional a esse
ingresso. Ele é sempre menor. Dessa maneira, os alimentos tendem a não acompanhar o
crescimento geométrico da população.

Para evitar problemas futuros, Malthus propôs algumas medidas para o controle da
natalidade, entre elas destacam-se: casamento tardio, limitar o número de filhos de acordo
com os salários, abstinência sexual, elevação dos preços das mercadorias, guerras, o que
ele chamou de controle moral. Apesar dos estudos da Teoria Malthusiana terem gerado
uma enorme repercussão, Malthus cometeu alguns equívocos, o Desenvolvimento
econômico (indústria, urbanização e modernização), a participação da mulher no mercado
de trabalho, o custo da formação do indivíduo etc., são fatores que favorecem a queda, do
crescimento demográfico. Parece lógico, porém, não podemos responsabilizar o estado de
pobreza mundial, apenas ao crescimento populacional, as verdadeiras causas na realidade
envolvem processos políticos.

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EM QUE MALTHUS ERROU?


Os ecologistas não fundamentam suas ações e propostas nas teses de Malthus
(inglês, ministro da igreja anglicana, que viveu entre 1766 e 1834). Malthus viu o
rápido crescimento da população e da pobreza no início da Revolução Industrial e
constatou a ineficiência da conhecida “Lei dos pobres”, que determinava um auxílio
aos indigentes. Propôs a limitação da natalidade dos indigentes, apresentando um
hipotético esquema segundo o qual a população aumentava em progressão
geométrica (1,2,4,8,16,32...) e a produção alimentar, no mesmo período, aumentava
em progressão aritmética (1,2,4,6,8, 10...).
A ecologia social, ao contrário do que se supõe, não trabalha com o conceito de
quem os recursos naturais são estatísticos e fisicamente delimitados. O conceito de
recursos é histórico e depende de tecnologias disponíveis e do seu emprego em
formações sociais e concretas.
A contradição entre populações recursos deve ser analisada em profundidade,
incorporando-se as dimensões histórica, social e tecnologia. A população não é um
somatório de pessoas, como se fossem objetos homogêneos com o mesmo poder
econômico e comportamento idêntico. As pessoas têm comportamento distintos
segundo o acesso das classes sociais aos recursos naturais e segundo o nível de
cultura e tecnológico de cada contingente populacional que determina suas taxas de
natalidade, seus padrões de consumo e de desperdício.
Os defensores da esterilização em massa das mulheres [por exemplo] em nome
do crescimento da renda per capita e da preservação dos recursos naturais cometem
um erro primário (...) a questão população versus recursos não é matemática, e sim
qualitativa. Ela é determinada mais por questões sociais e culturais do que por
variáveis geográficas ou demográficas.
MINC, Carlos. Ecologia e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p. 73-74.

Quando Malthus escreveu sua obra mais divulgada, no fim do século XVIII, a população
mundial aproximava-se de 950 milhões de habitantes. No século XVII, tinha aumentado 160
milhões. No século XX, o crescimento foi quase de 4,5 bilhões de habitantes.
POPULAÇÃO MUNDIAL (8000 a.C – 2050 d.C)

Fonte: OVERY, Richard (ed.). Hammond atlas of the 20th century. Londres: Times Books, 1996. p. 176
(Adaptação).
À primeira vista, a expansão demográfica mundial confirmou as hipóteses de Malthus sobre
o crescimento geométrico. De fato, quando se consideram os períodos de 50 anos, entre
1800 e 2000, a expansão demográfica registrada foi até superior à prevista pela hipótese

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do crescimento geométrico. Mas isso não significa que Malthus estava correto, pelo
contrário, se analisarmos os dois últimos séculos, eles representam a prova definitiva do
erro de Malthus.

O período que vai de 1950 a 1988 foi o que apresentou o mais rápido crescimento
populacional já registrado na história da humanidade. Da década de 1970 a 2008, o
crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,2% ao ano. Isso ocorreu devido ao
maior acesso aos métodos anticoncepcionais e à sua utilização por um número cada vez
maior de indivíduos, resultando em uma taxa de fecundidade (número de filhos por mulher
em idade fértil) em queda na maioria dos países do mundo.
TEORIA NEOLMALTHUSIANA
É uma teoria que começa a se desenvolver nas primeiras décadas do século XX, retomando
os fundamentos da teoria malthusiana, que para muitos era considerada superada e que
rapidamente consegue somar cada vez mais adeptos no correr do tempo, em especial nos
países desenvolvidos.

De modo concreto, o neomalthusianismo somente afirmou-se entre os estudiosos da


demografia nos pós-guerra, particularmente nos primeiros anos da década de 1950,
quando as melhorias ligadas ao desenvolvimento dos recursos da medicina foram
disseminadas pelos países subdesenvolvidos, acompanhando o processo de implantação
do grande capital transnacional. Isso fez diminuir a mortalidade nesses países sem, no
entanto, declinar a natalidade, gerando o fenômeno populacional conhecido como
“explosão demográfica”.

Os neomalthusianos veem esse processo de crescimento acelerado da população dos países


subdesenvolvidos sob o enfoque de uma análise alarmista me catastrófica – como ocorrera
com Malthus nos séculos XVIII e XIX -, e argumentam que, se esse crescimento não for
barrado, os recursos disponíveis do planeta estarão, dentro de algumas décadas, quase
totalmente esgotados.

Inúmeras campanhas foram realizadas por diversos governos pós-2ª Guerra Mundial. A
campanha denominada Planificação Familiar, por exemplo, foi mais rigorosa em alguns
países, menos em outros, mas atingiu concretamente quase todo o mundo
subdesenvolvido, porém, as teorias foram rejeitadas por alguns países, pela igreja católica,
pelos marxistas e outros, a política oficial de controle de natalidade, embora adotada em
alguns países como a índia, China e México resultaram em um grande fracasso.
REFORMISTAS OU MARXISTAS
Na mesma época em que foi criada a teoria neomalthusiana foi criada em oposição a ela a
teoria reformista, que chega a uma conclusão inversa as duas outras teorias. Uma
população jovem e com elevadas taxas da natalidade não é causa e sim consequência do
subdesenvolvimento. Embora o tamanho da população e a quantidade de alimentos
produzidos sejam fatores importantes quando estudamos o problema da fome, eles por si
só, são insuficientes para explicá-la. A proposta reformista era de executar reformas
econômicas e sociais para liberar forças produtivas inaproveitadas e melhorar a
distribuição dos alimentos e dos recursos gerais, além de combater os índices elevados de
natalidade com anticoncepcionais.

As ideias reformistas aproximam-se das defendidas pelos marxistas, que também veem o
crescimento acelerado da natalidade entre as populações pobres como um produto das

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relações de exploração, em que os mais pobres tenham necessidade de aumentar a sua


prole como única forma de elevar a renda familiar. Essa solução seria também conveniente
também para o sistema econômico, pois a acelerada natalidade, entre os pobres representa,
ao mesmo tempo, a reprodução dos trabalhadores, garantindo para as empresas a oferta
de mão-de-obra em abundância no futuro, formando o denominado “exército de reserva
industrial”.

A teoria reformista ou antimalthusiana relaciona ainda às questões do trabalho infantil, do


subemprego e até mesmo da mendicância com essa necessidade de as populações mais
pobres buscarem na prole um meio de aumentar a renda familiar.

Os antimalthusianos afirmam que, melhorando as condições de vida dos habitantes, um


país teria suas taxas de natalidade diminuídas sensivelmente.

Karl Marx

O QUE É O EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESRVA?


“No modo de produção capitalista, afirma Marx, a reprodução dos homens faz
parte do processo de reprodução do capital, em razão de que reprodução dos homens
significa, em verdade, reprodução da força de trabalho. A explicação está no fato de
que sob o capitalismo a população é população para o capital.
De onde o capital retira sua determinação sobre os homens e, por conseguinte,
sobre sua própria reprodução? Do fato de que o processo de produção capitalista se
apoia na separação entre os meios de produção e a força de trabalho.
Embora detenha os meios de produção, cedo percebe a classe dos capitalistas
que isso não lhe basta para a produção de mercadoria. Para produzir mercadorias, o
capitalista necessita da aquisição da força de trabalho, de propriedade do operário.
Para substituir, o operário necessita dos meios de subsistência que não pode produzir
sem o concurso dos meios de produção capitalista.
Sendo uma economia de mercado, o capitalismo exige ao capitalista e ao
operário que estabeleçam uma troca... O capitalista deve dar, em troca da
mercadoria força de trabalho, uma quantidade de moedas (o salário), que constitui
o preço dessa mercadoria fixado pelas leis de mercado, no jogo da oferta e da
procura”.
MOREIRA, Rui. O estudo da população.

TEORIA ECONEOMALTHUSIANA
Os adeptos dessa teoria alertam o mundo para a relação entre os homens e a natureza. Os
defensores dessa teoria alertam para os riscos ambientais decorrentes do crescimento
exagerado da população a qual exercerá cada vez mais pressão aos recursos naturais. Uma
das formas de controle seria colocar em prática o plano do desenvolvimento sustentável,
que visam atender melhor às necessidades dos seres humanos e mantendo um certo
equilíbrio ambiental. Os eco neomalthusianos exercem forte influência na opinião pública,
ancorados na força do movimento ambientalista mundial.

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QUEM É O BEBÊ 7 BILHÕES?

As Nações Unidas saúdam o nascimento da filipina Danica Camacho como a


chegada da marca histórica, mas outras regiões do planeta reivindicam o título.

A foto de Danica May Camacho, nascida com 2,5 quilos aos dois minutos desta
segunda-feira (horário local) em Manila, capital das Filipinas, está em todos os
principais meios de comunicação do mundo como a habitante de número 7 bilhões
da Terra. Funcionários do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
cumprimentaram os pais de Danica, Florente e Camilla, pela chegada simbólica dessa
marca histórica. Mas autoridades de outras regiões do mundo reivindicam o título do
sétimo bilionésimo humano.
A cidade russa de Kaliningrado afirma que o menino Piotr, nascido poucos
minutos após a zero hora local, é o bebê 7 bilhões. As autoridades da região de
Kamtchatka, no extremo oriente da Rússia, dizem o mesmo sobre uma criança
nascida às 0h19 na cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky. Recém-nascidos na
Turquia, na Índia e em outros países também são apontados pelas autoridades locais
como o símbolo dos 7 bilhões. O próprio escritório do UNFPA divulgou fotos dessas
crianças como "um dos" 7 bilhões.
Quando a população mundial atingiu a marca de 6 bilhões, em 1999, o UNFPA
decidiu escolher como rosto-símbolo o bebê Adnan Nevic, nascido em Sarajevo,
capital da Bósnia-Herzegovina. Na época, também houve contestação de outros
países em relação a quem seria a criança 6 bilhões. O dia 31 de outubro de 2011 foi
determinado pelo UNFPA como o da chegada aos 7 bilhões com base em projeções
dos censos de todos os países. Como esses levantamentos são imprecisos, é
impossível dizer ao certo se a humanidade já alcançou essa marca ou não.
Fonte: Revista Época.

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